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Universidade de Fortaleza – UNIFOR Centro de Ciências da Comunicação e Gestão – CCG Curso de Comércio Exterior/Economia Economia Internacional Teorias Modernas do Comércio Internacional Professor José Sydrião de Alencar Jr Fevereiro de 2021 Explicações alternativas para os fluxos de comércio • Explicação para o fluxo de comércio internacional de produtos manufaturados: • Disponibilidade; • Demanda interna; • Diferenças tecnológicas entre processos produtivos de países distintos; • Modelos que enfatizam a existência de ganhos de escala e diferenciação de produtos. Teoria do Comércio: “Disponibilidade de Produtos” • Kravis (1956) – comércio limitado aos produtos não disponíveis originalmente no país. • Disponibilidade – Física – Econômica (custos elevados). • Contexto – década de 1950 – presença forte de barreiras (especialmente tarifárias). Teoria do Comércio: Aspectos da Demanda Interna • Drèze (1960) • Análise do comércio entre Bélgica e parceiros na Comunidade Européia. • Países com grande mercado interno podem se especializar na produção e exportação de produtos – benefícios de rendimentos crescentes. • Países menores teriam mais chance no comércio de produtos padronizados. Teoria do Comércio: Aspectos da Demanda InternaDemanda Interna • Linder (1961) • Os produtos consumidos em um país são ligados à própria estrutura industrial e ao nível de renda per capita. • ↑ renda → maior variedade de produtos. • Padrões de demanda semelhantes em países com renda per capita semelhante. Teoria do Comércio: Aspectos da Demanda InternaDemanda Interna • Linder (1961) (Continuação) • Tese: a tendência do comércio internacional é que países desenvolvidos comercializem com desenvolvidos, e subdesenvolvidos com subdesenvolvidos, isto é, uma espécie de comércio Norte-Norte e SulSul. Tudo isso tendo em vista a demanda da população de cada país. • Um dos pontos chave dessa teoria é a renda da população. Por isso, segue a lógica de que países cuja população possui alta renda comercializam produtos de maior qualidade e de valor agregado. • Problema: Qual a fonte das vantagens comparativas? Teoria do Comércio: Diferenças Tecnológicas • Posner (1961) • Objeto de estudo: comércio de manufaturas entre países desenvolvidos. • O comércio internacional seria causado por mudanças técnicas que afetam apenas algumas indústrias. • Economias dinâmicas de escala – queda do custo unitário de produção em virtude do progresso técnico. • Hiato de resposta externa – período de tempo entre a utilização da inovação por uma empresa no exterior e o momento de uso no mercado doméstico. • Fonte da vantagem comparativa: DISTRIBUIÇÃO DO INVESTIMENTO E GAP TECNOLÓGICO. Teoria do Comércio: Teoria do Ciclo do Produto • Vernon (1966) – processo de transição de um produto diferenciado para um produto padronizado. • Artigo: “International investment and international trade in the product cycle”. • Tese: o processo produtivo, de um modo geral, ocorre em 3 fases: 1) introdução (inovação técnica); 2) massificação e 3) padronização Teoria do Comércio: Teoria do Ciclo do Produto ✓ 1)introdução (inovação técnica): costuma ocorrer em países avançados, com abundância de capital e de capacidade de P&D. Nessa fase, o detentor do produto tem um monopólio temporário. ✓ 2)massificação:procura-se exportar o produto, abri–lo para o mercado global. ✓ 3) padronização: após certo período, há uma padronização do produto, com algumas empresas estrangeiras com capacidade de produzi-lo também. Dessa forma, o monopólio anterior se desfaz. Quando se alcança esta fase, é mais rentável para a empresa originária do produto deslocar sua produção para países que possuem menor custo em fatores tradicionais de produção; Teoria do Comércio: Teoria do Ciclo do Produto O ciclo do produto • O produto industrializado é introduzido no mercado interno. • A indústria doméstica torna-se forte em exportação. • Inicia-se a produção no exterior. • A indústria doméstica perde vantagem competitiva. • Começa a concorrência das importações Teoria da Vantagem Competitiva das Nações e o Modelo Diamante, de Michael Porter. • 1990 –Michael Porter –“The competitive advantage of nations”. • Tese: a vantagem competitiva de um país depende das vantagens competitivas das empresas desse país. Esse canal é uma via de mão dupla entre Estado(nação) e indústrias (empresas). • Ponto-chave: tanto para o país quanto para as indústrias, é a inovação; Teoria da Vantagem Competitiva das Nações e o Modelo Diamante, de Michael Porter. • Existem outros fatores além do custo de produção que impactam na competitividade no mercado internacional, como: • A) Marketing; • B) Logística; • C) Qualidade do produto; • D) Tradição do país na produção do bem; • E) Inovação; • F) Inserção em Cadeias Globais de Valor Teoria da Vantagem Competitiva das Nações e o Modelo Diamante, de Michael Porter. O Modelo Diamante de M. Porter: 1. Estratégia, estrutura e rivalidade de empresas; 2. Condições de fatores 3. Condições de demanda 4. Setores econômicos correlatos e de apoio • Um conglomerado ou cluster industrial seria um bom exemplo prático dessa teoria. Um local onde há concentração de negócios, fornecedores e empresas de suporte, em conjunto com uma massa crítica de talento humano, capital e outras dotações de fatores.; Teoria da Vantagem Competitiva das Nações e o Modelo Diamante, de Michael Porter. Krugman: Economias de escala e comércio internacional ▪ Os modelos de vantagem competitiva (ex.: modelo ricardiano) baseiam-se na hipótese de retornos constantes de escala e na concorrência perfeita: • Ao se aumentar a quantidade de todos os insumos usados na produção de um bem, a produção desse bem aumentará na mesma proporção. ▪ Na prática, muitos indústrias caracterizam-se por economia de escala (também chamadas de retornos crescentes). • Uma indústria pe mais eficiente quanto maior a escala na qual ela ocorre. ▪ Sob retornos de escala crescente: • A produção cresce proporcionalmente mais que o aumento de todos os insumos. • Os custos médios (custos por unidade) declinam com o tamanho do mercado. Economias de escala e estrutura de mercado ▪ As economias de escala podem ser: • Externas – O custo por unidade depende do tamanho da indústria, mas não necessariamente do tamanho de uma firma qualquer. – Uma indústria em geral consiste de muitas firmas pequenas, com uma estrutura de mercado de concorrência perfeita. • Internas – O custo por unidade depende do tamanho de uma firma individual, mas não necessariamente do tamanho da indústria. – A estrutura de mercado será de concorrência imperfeita, com firmas grandes com vantagens de custo sobre as pequenas. • Os dois tipos de economia de escala são causas importantes do comércio internacional. ▪ Concorrência imperfeita • As firmas estão conscientes de que podem influenciar os preços de seus produtos . – Sabem que somente podem vender mais ao reduzir seu preço. • Cada firma considera-se uma formadora de preço, ao escolher o preço de seu produto, em vez de ser uma tomadora de preço. • A estrutura de mercado de concorrência imperfeita mais simples é a de monopólio puro, em que uma firma não tem concorrência. A teoria da concorrência imperfeita ▪ Monopólio: uma breve revisão • Receita marginal – A receita adicional que a firma ganha por vender uma unidade adicional. – Sua curva de receita marginal, RMg, está sempre situada abaixo da curva de demanda, D. – Para vender uma unidade adicional de sua produção, a firma deve diminuir o preço de todas as unidades vendidas (não apenas a marginal). A teoria da concorrência imperfeita • Receita marginal e preço – A receita marginal é sempre menor do que o preço. – A relação entre receita marginal e o preço depende de duas coisas: – Da quantidade de produto que a firma já está vendendo– Da declividade da curva de demanda » Ela nos diz quanto o monopolista deve diminuir seu preço para vender uma unidade a mais de sua produção. A teoria da concorrência imperfeita ▪ Concorrência monopolista • Oligopólio – Economias de escala internas geram uma estrutura de mercado de oligopólio. – Há diversas firmas, cada uma grande o suficiente para afetar os preços, mas nenhuma com um monopólio incontestável. – As interações estratégicas entre oligopolistas ganharam importância. – Cada firma, ao determinar seu preço, considera como essa decisão pode afetar as reações dos concorrentes. A teoria da concorrência imperfeita • Concorrência monopolista – Um caso especial de oligopólio. – Duas hipóteses principais são feitas para tratar o problema da interdependência: – Supõe-se que cada firma é capaz de diferenciar seu produto em relação ao produto de seus rivais. – Supõe-se que cada firma tome os preços cobrados por seus concorrentes como dados. • Há indústrias caracterizadas pela concorrência monopolista no mundo real? – Algumas indústrias podem ser aproximações razoáveis (ex.: a indústria automobilística na Europa). – A principal vantagem do modelo de concorrência monopolista não é seu realismo, mas sua simplicidade. A teoria da concorrência imperfeita ▪ Limitações do modelo de concorrência monopolista • Dois tipos de comportamento que surgem no cenário do oligopólio em geral não se encaixam no modelo de concorrência monopolista: – Comportamento de cartel: – pode elevar os lucros de todas as firmas à custa dos consumidores; – pode ser administrado por meio de acordos explícitos ou por meio de estratégias tácitas de coordenação. – Comportamento estratégico: – adotado pelas firmas para afetar o comportamento de concorrentes de uma maneira desejável; – impede a entrada de rivais potenciais na sua indústria. A teoria da concorrência imperfeita ▪ O modelo de concorrência monopolista pode ser usado para mostrar como o comércio leva a: • um preço médio menor devido a economias de escala; • disponibilidade de uma variedade maior de bens devida à diferenciação de produtos; • importações e exportações dentro de cada setor (comércio intra-indústria). ▪ Efeitos do aumento do tamanho do mercado • O número de firmas em uma indústria com concorrência monopolista e os preços que elas cobram são afetados pelo tamanho do mercado. Concorrência monopolista e comércio ▪ Economias de escala e vantagem comparativa • Premissas: – Há dois países: Local (país capital-abundante) e Estrangeiro. – Há duas indústrias: manufaturas (capital-intensiva) e alimentos. – Por causa das economias de escala, nenhum dos dois países pode produzir a gama total de produtos manufaturados por si próprio. Concorrência monopolista e comércio Comércio em um mundo sem retornos crescentes Local (capital-abundante) Estrangeiro (trabalho-abundante) Manufaturas Alimentos Concorrência monopolista e comércio • Se as manufaturas são um setor com concorrência monopolista, o comércio mundial é composto de duas partes: –Comércio intra-indústria – Troca de manufaturas por manufaturas. –Comércio interindústria – Troca de manufaturas por alimentos. Concorrência monopolista e comércio Comércio com retornos crescentes e concorrência monopolista Local (capital-abundante) Estrangeiro (trabalho-abundante) Manufaturas Alimentos Comércio interindústria Comércio intra-indústria Concorrência monopolista e comércio • Principais diferenças entre o comércio interindústria e o comércio intra- indústria: – O comércio interindústria reflete a vantagem comparativa, enquanto o intra- indústria não. – O padrão do comércio intra-indústria é imprevisível, enquanto o comércio interindústria é determinado por diferenças subjacentes entre os países. – A importância relativa do comércios interindústria e intra-indústria depende do grau de semelhança entre os países. Concorrência monopolista e comércio ▪Significado do comércio intra-indústria • Cerca de um quarto do comércio mundial consiste no comércio intra-indústria. • O comércio intra-indústria desempenha um papel particularmente importante no comércio de bens manufaturados entre nações avançadas, o qual responde pela maioria do comércio mundial. Concorrência monopolista e comércio Índices de comércio intra-indústria em algumas indústrias norte-americanas em 2014 Concorrência monopolista e comércio ▪ Por que o comércio intra-indústria é importante • Permite que os países sejam beneficiados por mercados maiores. – O estudo de caso do pacto da indústria automobilística na América do Norte em 1964 indica que os ganhos da criação de um setor integrado em dois países pode ser substancial. • Os ganhos do comércio intra-indústria são grandes quando as economias de escala são fortes e os produtos altamente diferenciados. – Por exemplo, bens manufaturados sofisticados. Concorrência monopolista e comércio ▪ A economia da discriminação internacional de preços • Discriminação de preços – A prática de cobrar preços diferentes de clientes diferentes. • Dumping – A forma mais comum de discriminação de preços no comércio internacional. – Prática de formação de preços em que a firma cobra um preço menor pelos bens exportados do que o cobrado pelos mesmos bens vendidos domesticamente. Discriminação internacional de preços (dumping) – É uma questão controversa em política comercial, em que é considerada uma prática ‘desleal’. – Exemplo: em abril de 2012, os Estados Unidos impuseram tarifas antidumping sobre 265 itens de 40 países diferentes. • O dumping só pode ocorrer na presença de duas condições: – indústria com concorrência imperfeita; – mercados segmentados. • Dadas essas condições, uma firma monopolista pode descobrir que é lucrativo se engajar na discriminação internacional de preços. Discriminação internacional de preços (dumping) ▪ Discriminação internacional de preços recíproca (dumping recíproco) • Situação em que o dumping leva ao comércio do mesmo produto nos dois sentidos. • Tende a aumentar o volume do comércio de bens que não são completamente idênticos. • Seu efeito sobre o bem-estar nacional é ambíguo porque: – desperdiça recursos no transporte; – leva a certa concorrência. Discriminação internacional de preços (dumping) A teoria das economias externas ▪ Quando as economias de escala se aplicam ao nível da indústria, em vez de ao nível das firmas individualmente, são chamadas economias externas. ▪ Há três razões principais para um conglomerado de firmas ser mais eficiente do que uma firma isolada: • fornecedores especializados; • mercado comum de trabalho; • vazamentos de conhecimento. ▪ Fornecedores especializados • Em muitas indústrias, a produção de bens e serviços e o desenvolvimento de produtos novos requer o uso de equipamento ou serviços de apoio especializados. • Uma empresa individual não fornece um mercado grande o suficiente para manter os fornecedores no negócio. – Um conglomerado industrial pode resolver esse problema, ao reunir muitas firmas que, coletivamente, geram um mercado grande o suficiente para sustentar uma ampla gama de fornecedores especializados. – Esse fenômeno tem sido extensivamente documentado na indústria de semicondutores localizada no Vale do Silício. A teoria das economias externas ▪ Mercado comum de trabalho • Um conglomerado de firmas pode criar um mercado comum de trabalhadores com qualificação altamente especializada. • É vantagem para: – Os produtores – menos dificuldade em encontrar recursos humanos. – Os trabalhadores – menos riscos de ficarem desempregados. A teoria das economias externas ▪ Vazamentos de conhecimento • O conhecimento é um insumo importante nas indústrias mais inovadoras. • O conhecimento especializado, crucial para o sucesso das indústrias inovadoras, vem de: – esforços de pesquisa e desenvolvimento;– engenharia reversa; – troca informal de informações e idéias. A teoria das economias externas ▪ Economias externas e o padrão de comércio • Um país com uma produção grande em alguma indústria tenderá a ter custos baixos na produção daquele bem. • Os países que começam como grandes produtores em certas indústrias tendem a permanecer como grandes produtores, mesmo se algum outro país puder produzir os bens de forma mais barata. – A Figura 6-9 ilustra um caso em que um padrão de especialização criado por um acaso histórico persiste. Economias externas e comércio internacional ▪Comércio e bem-estar com economias externas • O comércio baseado em economias externas possui mais efeitos ambíguos sobre o bem-estar nacional do que o comércio baseado na vantagem comparativa ou aquele baseado nas economias de escala no nível da firma. Economias externas e comércio internacional ▪ Retornos crescentes dinâmicos • Curva de aprendizagem – Relaciona o custo unitário com o produto acumulado. – É negativamente inclinada por causa do efeito da experiência, ganha graças à produção, sobre os custos. • Retornos crescentes dinâmicos – Caso em que os custos caem com a produção acumulada ao longo do tempo, em vez de com a taxa corrente de produção. • Economias de escala dinâmicas justificam o protecionismo. – A proteção temporária de indústrias permite-lhes ganhar experiência (argumento da indústria nascente). Economias externas e comércio internacional Curva de aprendizagem Economias externas e comércio internacional L Custo unitário Produto acumulado L* C*0 C1 QL Síntese ▪ O comércio pode ser impulsionado pelos retornos crescentes ou as economias de escala, isto é, a tendência de os custos unitários serem mais baixos com uma produção maior. ▪ As economias de escala podem ser internas ou externas. ▪ A presença de economias de escala leva a um colapso da concorrência perfeita. ▪ O comércio em que as economias de escala estão presente deve ser analisado por meio de modelos de concorrência imperfeita. Síntese ▪ Na concorrência monopolista, uma indústria contém muitas firmas produzindo bens diferenciados. ▪ O comércio internacional torna possível oferecer aos consumidores maior variedade de produtos e preços mais baixos. ▪ Em geral, o comércio pode ser dividido em dois tipos: • O comércio em duas vias de produtos diferenciados dentro de uma indústria (comércio intra-industrial). • O comércio que troca os produtos de uma indústria pelos de outra (comércio interindústria). Síntese ▪ A discriminação internacional de preços (dumping) ocorre quando uma firma monopolista cobra, nas exportações, um preço inferior ao que pratica domesticamente. ▪ O dumping só ocorre na presença de duas condições: • O setor deve ter concorrência imperfeita. • Os mercados devem ser geograficamente segmentados. ▪ As economias externas conferem um papel importante à história e ao acaso na determinação do padrão do comércio internacional. ▪ Quando as economias externas são importantes, os países podem chegar a apresentar perdas do comércio. Questões para próxima Aula Dia 17 fevereiro • 1. O que é o chamado ciclo do produto? Descreva sua formulação e ilustre com exemplos. Como esta formulação se compara com a de hiato tecnológico como explicações para o comércio de produtos manufaturados? • 2) Indique exemplos de comércio inter e intra industrial. • 3) Explique o conceito de Dumping conforme a OMC. • 4) Porque um vinho francês tem maior valor de mercado que um vinho sul africano (com a mesma qualidade) (Veja Porter) Referência Bibliográfica • Baumann, Renato, Otaviano Canuto e Reinaldo Gonçalves. Economia Internacional: teoria e experiência brasileira. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004, 3ª. Reimpressão • Krugman, Obstfeld. Economia Internacional. Teoria e Política, 6ª. Edição. Pearson, 2014. Obrigado sydrião@unifor.br Material postado no AVA
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