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plantas utilizadas em recuperacao florestal

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - Campus Arapiraca
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOlÓGICAS
Professor: Dr. Henrique Costa Hermenegildo da Silva
Alunos: Emilly Kéthily Santos Pinheiro
José Vitor da Silva Nunes 
Mariana Marques Ribeiro
Valtiene Azevedo Lima
 
Plantas Utilizadas em Recuperação Florestal
Arapiraca - AL
2019
Emilly Kéthily Santos Pinheiro
José Vitor da Silva Nunes
Mariana Marques Ribeiro
Valtiene Azevedo Lima
Plantas Utilizadas em Recuperação Florestal
Atividade complementar de aprendizagem e requisito
parcial para nota da AB1 da disciplina de Botânica Sistemática 2, do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, sob a orientação do Prof. Dr. Henrique Hermenegildo da Silva.
Arapiraca - AL
2019
1. INTRODUÇÃO
É indiscutível que na contemporaneidade os danos causados pelo homem aos ecossistemas tem aumentado consideravelmente, ocasionando com isso a preocupação de muitos indivíduos na sociedade. Dessa forma, foi somente a partir do século XIX no Brasil que foram estabelecidas plantações florestais como um mecanismo para reparar as nocividades fomentadas pelo homem ao meio ambiente. 
Ademais, somente na década de 1980, com o desenvolvimento da ecologia da restauração como ciência, o termo restauração ecológica passou a ser mais claramente definido, com objetivos mais amplos, passando a ser mais utilizado no mundo nos últimos anos (Engel & Parrotta 2003). E a partir do esclarecimento dessa incógnita, os indivíduos passaram a ter mais interesse na recuperação em áreas degradadas, quer seja pelo conhecimento de novas espécies de plantas nativas, quer seja pelo aprimoramento de informações acerca de manuseio e cultivo dessas plantas em ambientes de reflorestamento (Pott & Pott 2002). 
O meio ambiente vem sendo degradado pelo homem e isso é de ocorrência mundial, causando grandes impactos como por exemplo a redução ou eliminação de camadas férteis do solo, do teor de matéria orgânica e expondo o subsolo. Muitas vezes isso ocorre através da má conduta do homem em relação ao modo errado na utilização de terras agrícolas, podendo citar a expansão urbana desordenada e ações de exploração dos recursos naturais. Algumas técnicas são utilizados para recuperar a funcionalidade ambiental dessas áreas na qual são baseados na seleção e introdução de leguminosas arbóreas e arbustivas, capazes de crescer sob condições adversas. 
As leguminosas quando associadas ao rizóbios aumentam a eficiência do processo de fixação do nitrogênio do ar, sendo possível obter uma cobertura rápida do solo, o que permite o aparecimento de outras espécies de plantas mais exigentes em nutrientes, sombra, umidade, entre outras peculiaridades. 
O reflorestamento é obrigatório por meio da Lei Federal 4.771 em 15 de setembro de 1965, o Código Florestal Brasileiro declara que todos os consumidores de matéria-prima florestal, como madeira e derivados, são obrigados a reflorestar o equivalente ao consumido para evitar o déficit de árvores e suprir a demanda.
2. A utilização de plantas nativas para reflorestamento 
O uso de plantas nativas em diversas regiões do país é fundamental para que haja sucesso no decorrer do plantio. Isso acontece porque essas espécies já estão adaptadas ao clima e ao solo, o que contribui significamente para o seu crescimento quanto para possíveis danos de fatores externos presente no ambiente. Além disso, essa escolha irá influenciar tanto na qualidade do solo quanto na qualidade do ar atmosférico, trazendo assim inúmeros benefícios, como sustentabilidade, variabilidade genética e custo benefício.
Um dos lugares brasileiros onde ocorre esse tipo reflorestamento é em Mato Grosso em que impregna várias espécies tais como: Atralea phalerata (Acuri, bacuri); Protium heptaphyflum (almécega); Psidium guineense (araçá); Annona crassiflora (ariticum); Myracrodruon urundeuva (arueira); Pterogyne nitens (bálsamo); Anacardium humile (cajuzinho); Combretum leprosum (carne-de-vaca); Guazuma ulmifolia (Chico-magro); Cecropia pachystachya (embaúba); Genipa americana (jenipapo); Hymenaea stigonocarpa (jatobá-do-cerrado); Sebastiania brasiliensis (laranjinha); etc.
Algumas das plantas citadas a priori foram escolhidas devido ao rápido crescimento como na de Chico-magro, adaptação aos diferentes tipos de solo e também pela fauna local, tendo em vista a dispersão em áreas mais restritas pelos agentes polinizadores. Nesse ínterim, segundo Pott & Pott 2002 “A regeneração natural é um processo importante, mas lento, que pode ser acelerado pelo plantio de pelo menos algumas árvores que funcionem como núcleos iniciais, onde as aves venham pousar, trazendo e levando sementes”.
Somado a isso, conforme o pesquisador Paulo César: 
[...]em trabalhos de fitossociologia realizados no semi-árido brasileiro, o índice de valor de importância das espécies apontam juremas (Mimosa sp), umburana de cambão (Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B.Gillet), baraúna (Schinopsis brasiliensis Engl.), pinhão (Jatropha sp), pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart.), catingueira (Caesalpinia pyramidalis Tul.), aroeira (Myracrodruon urundeuva Engl.), angico (Anadenanthera macrocarpa (Benth.) Brenan.), dentre outras, como as mais importantes da caatinga. Algumas delas possuem informações ecológicas e silviculturais para trabalhos de reflorestamento na região[...]. 
 
3. Mecanismos utilizados no processo de recuperação florestal 
Nos últimos anos ocorreu a manifestação de vários programas que visam à recuperação de áreas degradadas, isso se deu devido a falta de planejamento e no mau uso de recursos naturais, ocasionando a degradação dos ecossistemas florestais.
Nesse sentido, entre as técnicas que se demonstram promissoras no processo de recuperação ambiental, destaca-se a semeadura direta (SANTOS JÚNIOR et al., 2004; FERREIRA et al., 2007; FERREIRA et al., 2009), visto que é uma ferramenta que reduz custos e elimina toda a fase de produção de mudas em viveiro. Além disso, é um procedimento barato e versátil que pode ser utilizado na maioria das condições de sítios e, principalmente, em situações onde a regeneração natural e, ou, o plantio de mudas que não podem ser realizados, com resultados satisfatórios em áreas degradadas de difícil acesso e grande declividade (BARNETT; BAKER, 1991;MATTEI,1995a).
Outrossim, um dos estados brasileiros que adotou a técnica de semeadura direta através de experimentos realizados por pesquisadores foi o Estado de Sergipe. Para tanto, as espécies utilizadas para a realização deste tipo de procedimento foram arbóreas e que possuem características potenciais para serem manuseadas em trabalhos de recuperação de áreas degradadas. Dentre as espécies selecionadas encontram-se: Bowdichia virgilioides Kunth. (Sucupira-preta), Erythrina velutina Willd. (Mulungu), Sapindus saponaria L. (Saboneteira), Lonchocarpus sericeus (Falso-Ingá), entre outras.
Ademais, outra estratégia que é bastante útil na recuperação de áreas degradadas é o processo de regeneração natural sem manejo, o qual consiste em deixar os processos naturais agirem livremente. A regeneração natural, dependendo da conectividade da paisagem, pode proporcionar o estabelecimento de alta diversidade de espécies compondo uma gama de extratos vegetais, que são reconstituídos por interações planta-animal, conduzindo o sistema gradativo, para estágios sucessionais cada vez mais avançados (AIDE et al., 2000; UHL, et al., 2006).
Estudos em plantações de Eucalyptus spp. e Pinus spp. caracterizam a formação de sub-bosque de espécies nativas, com base na regeneração natural. O estabelecimento dessas espécies pode se dar partindo de diásporos advindos de vegetação vizinha dos plantios, do banco de sementes ou da brotação de órgãos subterrâneos gemíferos, sobretudo em solos de Cerrado (AUBERT e OLIVEIRA FILHO, 1994).
Durante muito tempo os autores discutiram sobre a melhor maneira de recompor a vegetação de um local, alguns propõem a mistura de plântulas de espécies nativas da região à qual irá recuperar, outros já falavam sobre a combinaçãodas espécies de diferentes grupos ecológicos, e existem aqueles que apostam no uso do levantamento fitossociológico de florestas remanescentes da região. Contudo, ao passar dos anos a literatura traz alguns aspectos que se deve levar em consideração em uma recuperação florestal, como: diversidade de espécies, variabilidade genética nas populações, distribuição espacial dos indivíduos, polinização e dispersão de sementes, formação de banco de sementes das espécies pioneiras e sucessão secundária. 
Ademais, recomenda - se também não plantar espécies florestais em áreas onde a vegetação original era cerrado, pois árvores de floresta não toleram os solos de cerrado e morrem em pouco tempo. Desse modo o ideal é sempre procurar plantar as espécies que ocorriam naturalmente na área a ser recuperada. 
Todavia, cabe destacar que embora a utilização de espécies exóticas deva ser evitada, em determinadas situações, como no caso de solos expostos e sujeitos a erosão, tem sido recomendada por alguns autores o seu uso para promover cobertura rápida e melhoria da fertilidade do solo, o que é particularmente importante no caso de recomposição florestal em áreas de mineração.
4. Recomposição florestal 
O uso de espécies arbóreas pioneiras em reflorestamentos é extremamente importante para proporcionar maior capacidade de resistência ao reflorestamento à medida que melhora a proporção entre monocotiledôneas e dicotiledôneas, levando a diminuição de ocorrência de invasores indesejáveis (gramíneas).
As espécies pioneiras são espécies com capacidade de se desenvolver perfeitamente em locais inóspitos que possuem poucos nutrientes ou água. Abaixo estão listados algumas espécies: 
· Miconia sp (Jacatirão)
· Cecropia sp (Embaúba)
· Trema micrantha (Candiúba - principal)
· Croton noribundus (Capixingui)
· SoIanum cinereum (Gravitinga) 
	
Quando as espécies pioneiras vão crescendo e ficam fracas competidoras são substituídas por novas espécies denominadas de espécies secundárias. Ademais, com o passar do tempo essas vão se tornado melhores competidoras e possuindo um porte maior, chamadas secundárias tardias. 
· Espécies Secundárias Iniciais:
· Inga sp (Ingá)
· Piptadenia macrocarpa (Angico vermelho)
· Peltophorum dubium (Canafístula)
· Lonchocarpus sp (Embira-de-sapo)
· Schizolobium parahybum (Guapuruvu)
· 
· Espécies Secundárias Tardias:
· Tabebuia spp (Ipês)
· Chorisia speciosa (Paineira)
· Cariniana estrellensis (Jequitibá branco)
· Astronium urundeuva (Aroeira)
· Balfourodendrom riedelianum (Pau marfim)
· Paratecoma peroba (Peroba poca)
· Gallesia gorazema (Pau d'alho)
· Aspidosperma polyneuron (Peroba)
As florestas ciliares são fundamentais para o equilíbrio ambiental em escala local e regional, protegem a água e o solo, reduzem o assoreamento dos rios e o aporte de poluentes, criam corredores que favorecem o fluxo gênico entre remanescentes florestais, além de fornecem alimentação e abrigo para a fauna. Assim, sendo esta vegetação grandemente importante é recomendado em caso de recomposição espécies de igapó Carapa guianensis, Pachira aquatica, Spondias mombin, Tapirira guianensis e Virola guianensis, em associação com as espécies Inga edulis, Jacaranda copaia, Pseudopiptadenia psilostachya, Simarouba amara e Vismia guianensis de floresta secundária. 
5. Conclusão
	Diante do que foi exposto, é perceptível a enorme importância que a atividade de reflorestamento possui para suprir de alguma maneira os desastres ambientais ocasionados por indústrias, empresas e inclusive os de ação humana durante o dia-a-dia. Assim como, se faz também necessário realizar esta atividade de modo correto para se ter bons resultados, para que junto a fauna haja a garantia de manutenção e perpetuação das espécies implantadas. 
	
 6.Referências 
AIDE, T. M. et al. Forest regeneration in a chronosequence of tropical abandoned pastures implications for restoration ecology. Restoration Ecology, Malden, v. 8,n. 4,p. 328-338, Dec. 2000.
AUBERT, E. et al. Análise multivariada da estrutura fitossociológica do sub-bosque de plantios experimentais de Eucalyptus sp. e Pinus sp., em Lavras, MG, Revista Árvore, Viçosa, v. 18, n. 3, p. 194- 214. 1994.
ALMEIDA S. Kelly. Restauração florestal de uma mina de Bauxitá: Avaliação do desenvolvimento das espécies arbóreas plantadas. Floram. 2016.
 
BARNETT, J. P.; BAKER, J. B. Regeneration methods. In: DURYEA, M. L.; DOUGHERTY, P. M. (Eds.). Forest regeneration manual. Dordrecht: Kluver Academic Publishers, 1991. p.35-50. 
Ciências Florestais- Espécies indicadas para a recomposição da floresta ciliar da Sub-bacia do Rio Peixe-Boi, Pará. 2014. Santo Mario. 
DURIGAN, Giseldo- Manual para recuperação da vegetação de cerrado- 3° edição. 2011.
Engel, V.L. & J.A. Parrotta. 2003. Definindo a restauração ecológica: tendências e perspectivas mundiais. In: Restauração Ecológica de Ecossistemas Naturais. Páginas: 01-26 em P. Y. Kageyama, R. E. Oliveira, L. F. D. Moraes, V. L. Engel e F. B. Gandara, editores. Restauração Ecológica de Ecossistemas Naturais. Botucatu, SP.
EMBRAPA- Recuperação de áreas degradadas usando leguminosas florestais fixadoras de nitrogênio associadas a fungo- Agrobio.2007. 
FERREIRA, R. A. et al. Semeadura direta com espécies arbóreas para recomposição dos ecossistemas florestais, Cerne, v.13, n.3, p.21-279, 2007.
FERREIRA, R. A. et al. Semeadura direta com espécies florestais na implantação de mata ciliar no Baixo São Francisco em Sergipe. Scientia Forestalis, v.37, n.81, p.37-46, 2009.
LEGISLAÇÃO- Legislação Informatizado- Lei N° 4.771- Novo código florestal-1965. 
LIMA, Paulo César Fernandes. Áreas degradadas: métodos de recuperação no semi-árido brasileiro.Pesquisador da Embrapa Semi-Árido, C.P. 23, Petrolina-PE, 56302-970. 
LUIZ. E. G. Recomposição da vegetação com espécies arbóreas nativas em reservatórios de usinas hidrelétricas da CESP. D. Ciências Florestais. 1992.
MEIO AMBIENTE- Recuperação de áreas degradadas disponível em: http://www.mma.gov.br/informma. Acesso em 29/06/2019 às 18:08 horas. 
POTT, A .; POTT, V. J . Plantas nativas para recuperação de áreas degradadas e reposição de vegetação em Mato Grosso do Sul. Comunicado Técnico, ISSN 1516-9308 Campo Grande,MS dezembro,2002. Embrapa.
SANTOS JÚNIOR, N. A.; BOTELHO, S. A.; DAVIDE, A. C. Estudo da germinação e sobrevivência de espécies arbóreas em sistema de semeadura direta, visando à recomposição de mata ciliar, Cerne, v.10, n.1, p.103-117, 2004.

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