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SUCESSÃO - ANA FLÁVIA H A XAVIER

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
PÓS GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL E PROCESSUAL
CIVIL
Resenha Crítica de Caso 
Ana Flávia Henriques de Andrade Xavier
Trabalho da disciplina Tópicos Especiais em Direito Sucessório
 Tutor: Prof. Carlos Eduardo Annechino M Miguel
Belo Horizonte/MG 
2021
http://portal.estacio.br/
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RESENHA DO ARTIGO “AS QUESTÕES MÉDICO-LEGAIS E O TESTAMENTO
VITAL: O RECONHECIMENTO JUDICIAL DA RESOLUÇÃO CFM Nº 1995/2012”
Referência: 
LIMA JÚNIOR, André Luiz Silveira de; ADAMATTI, Bianka. As Questões Médico-
Legais e o Testamento Vital: O Reconhecimento da Resolução CFM nº 1995/2012.
XXIV Congresso Nacional do CONPEDI – UFMG/FUMEC/Dom Helder Câmara,
Florianópolis, 2015. Publicado na biblioteca da disciplina Tópicos Especiais em
Direito Sucessório. Acesso em: 14 de março de 2021.
Inicialmente, cabe fazer um breve resumo do presente artigo, intitulado como
“As Questões Médico-Legais e o Testamento Vital: O Reconhecimento da
Resolução CFM nº 1995/2012”, escrito por André Luiz Silveira de Lima Júnior e
Bianka Adamatti.
Os autores partem de uma explanação sobre a terminologia “testamento vital”
trazendo conceitos importantes e até desconhecidos no âmbito da sociedade
brasileira, tendo em vista que essa designação ainda está em expansão tanto na
conjuntura legislativa quanto na medicina e também no meio social. Nesse sentido, o
artigo analisa as proposições mais convenientes, exibindo com clareza o que vem a
ser o instituto do testamento vital, bem como analisa a Resolução CFM, que dispõe
acerca das diretivas antecipadas de vontade de forma genérica e suas perspectivas
no mundo jurídico. Mas, o principal objetivo do artigo é apontar a exposição da
lacuna normativa em relação ao testamento vital no Brasil, valendo ressaltar que as
discussões acerca desse instituto são muito recentes e ainda existem muitas
controvérsias em torno do tema. 
O testamento vital é um documento registrado em Cartório de Notas, no qual
um paciente declara suas pretensões sobre seu tratamento futuro, diante da
possibilidade de estar incapacitado por enfermidade grave para expressar livremente
sua vontade. Isto é, trata-se de um documento em que o interessado declara sua
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vontade ou não de se submeter a determinados tipos de tratamentos médicos no
futuro, caso venha ser acometido por alguma doença que o impossibilite de
manifestar sua vontade.
O instituto do testamento vital é novo no ordenamento jurídico brasileiro, de
forma que é até mesmo de pouco conhecimento pelas pessoas, notadamente em
razão da ausência de legislação específica em relação à temática. Apesar do
referido testamento possuir cunho jurídico, o ordenamento jurídico brasileiro ainda
não se manifestou sobre o aludido tema, não havendo nenhuma Lei Federal que
regulamente o tema no Brasil. Contudo, o Conselho Federal de Medicina
prontamente explanou sobre o assunto com a Resolução CFM nº 1.995/2012, que
dispõe sobre as diretivas antecipadas de vontade dos pacientes, conforme já citado
acima.
A Resolução do CFM destaca a importância de se respeitar a decisão do
paciente, da mesma forma em que há a necessidade de estabelecer os parâmetros
legais da conduta médica. Dessa forma, o paciente poderá escolher os tratamentos
que deseja ou não ser submetido e ao médico cabe o papel de cumprir os termos,
mesmo que contrários ao seu parecer e aos desejos dos familiares, com exceção de
quando são contrários aos preceitos de ética vinculados ao exercício da profissão. O
fundamento da legalidade do instituto é no princípio da dignidade da pessoa
humana, por considerar o próprio sujeito como sendo o responsável pela escolha
dos procedimentos a serem realizados em seu corpo, de forma a respeitar sua
decisão. Além disso, o CFM ressalta, ainda, que o paciente é merecedor de todos
respeito e proteção, devendo-se garantir a sua autonomia.
Observa-se que a Resolução CFM é extremamente importante e necessária,
pois é uma forma de resguardar a conduta médica diante da vontade do paciente,
bem como de solidificar o respeito à decisão do juridicamente interessado.
Em uma análise jurisprudencial sobre o tema, destaca-se que há poucas
decisões existentes acerca da temática, o que afirma a necessidade de uma
legislação que fixe requisitos atinentes a capacidade para fazer a declaração, sua
forma, modo de revogação e eficácia. Ademais, a Resolução CFM não extrapola os
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poderes outorgados pela Lei dos Conselhos de Medicina, pois trata apenas da
relação ético-disciplinar entre os Conselhos e seus filiados.
Entretanto, mesmo diante dessa lacuna no ordenamento jurídico brasileiro,
pode-se concluir que o instituto do testamento vital encontra-se dentro da legalidade,
não afrontando nenhum tipo de princípio ou valor social protegido pela Constituição
e pela legislação Civil, nem tampouco ultrapassa os limites estabelecidos pelas leis
que regulam as relações éticos e disciplinares da medicina.

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