Neorrealismo Português - Alves Redol - breve dissertação sobre o livro "Gaibéus"

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BREVE DISSERTAÇÃO SOBRE ALVES REDOL – NEORREALISMO PORTUGUÊS
1. Disserte sobre a obra “Gaibéus”, de Alves Redol, comentando o capítulo “Mensagem da Nuvem Negra”. 
Como uma tentativa de resposta ao cenário português totalitário e repressor que o salazarismo propunha, surge, no século XX, um novo movimento literário em Portugal: o Neorrealismo. Seu objetivo era transparecer a realidade mais real possível, passando do individual, com os Presencistas, ao coletivo, ao contrário do Realismo de Eça de Queirós, que retratava, apenas, uma parcela favorecida da sociedade portuguesa do século XIX. 
Dentre os escritores desse movimento novo, influenciados por pensadores europeus e, pioneiramente, por escritores modernistas brasileiros, como Graciliano Ramos, destaca-se Alves Redol, com sua obra “Gaibéus”, que é considerado o marco inicial do novo movimento. Nessa construção literária, Redol sai do eixo Lisboa, Porto e Coimbra e começa retratar a vida da população rural, antes esquecida, do Alentejo e do Ribatejo, que, com o romance de tese com teor marxista e socialista, faz o leitor refletir sobre as condições de vida dos pobres portugueses. Além disso, a obra propõe a submissão do homem à terra e, consequentemente, ao dono da terra. 
O capítulo “Mensagem da Nuvem Negra”, da obra de Alves Redol, “Gaibéus”, perpassa por características neorrealistas. “Quase exaustos, os peitos arfavam num ritmo de máquinas velhas saturadas de movimento.” (REDOL, Alves. Gaibéus. 18ª ed. Lisboa: Caminho, 1989.). É perceptível, neste trecho, a comparação entre máquinas que Redol faz dos trabalhadores da ceifa, como se a fadiga extrema os impedisse de sentir seus próprios corpos cansados, por servirem apenas para o labor e nada mais. Redol, também, expressa de forma tão crua a inveja que esses trabalhadores possuem da própria causa do afazer: a ceifa do arroz, como se este fosse mais digno do que aqueles. “Talvez muitos deles pensem que o arroz deitado nas gavelas repousa primeiro do que os seus corpos. Se pudessem deter-se também, por instantes, e descansarem depois a cabeça nos montes de espigas que deixam atrás de si, a ceifa poderia animar.” (REDOL, Alves. Gaibéus. 18ª ed. Lisboa: Caminho, 1989.).
Sintetizando, o movimento Neorrealista, através das artes, como a literatura e a pintura, é o combate direto ao sistema repressor e ditador que Portugal viveu durante a onda fascista que a Europa presenciou durante o início do século XX. A fim de revelar a faceta nunca dantes navegada, Redol, com Gaibéus explora, de modo polêmico, a parte esquecida em séculos de história e literatura portuguesa: o verdadeiro real.
Luíza Pereira
Letras – 7° período
Universidade Católica de Petrópolis