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Entrevista Clínica no Contexto Hospitalar Revisões e Reflexões e Entrevista de Seleção Ana Paula Tomaz, Clara Farnese, Eduardo Boonen, Fernando Braz, Frederico Carvalho, Gabriela Marcelino, Gabriel Diniz, Lara Oliveira, Maria Eduarda Alves, Mikael Tanure, Roberta Tanure Histórico da Psicologia Hospitalar no Brasil A Psicologia Hospitalar é a área da psicologia que visa fornecer suporte ao sujeito em adoecimento e a sua família, a fim de que estes possam atravessar essa fase com maior resiliência. No Brasil, na década de 1930, se inicia o pensamento de que fatores psicológicos influenciam na saúde. São fundados, então, os primeiros serviços de Higiene Mental, com participação ativa de psicólogos como propostas alternativas à internação psiquiátrica. O primeiro curso de Psicologia Hospitalar do país foi oferecido pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, em 1976, sob responsabilidade de Bellkiss W. R. Lamosa. Desde o ano 2000, a Psicologia Hospitalar é reconhecida como uma especialidade pelo Conselho Federal de Psicologia. A entrevista psicológica é um recurso técnico utilizado também no contexto hospitalar, devido seu viés investigativo; recebendo novas configurações e adaptações considerando as contingências do ambiente institucional e as particularidades dos pacientes. A intervenção psicológica propicia a expressão dos sentimentos do doente e auxilia na compreensão do momento de vida que enfrenta. (Sebastiani e Maia, 2005) Nessa perspectiva, o psicólogo assume um papel importante atuando com o objetivo de minimizar a angústia e a ansiedade do paciente. A Entrevista Clínica no Hospital O Psicólogo Hospitalar É necessário que a formação do psicólogo hospitalar o prepara para lidar com a prática em saúde e para atuação com uma equipe multiprofissional. O psicólogo precisa conhecer a realidade sanitária do país. Por meio de uma parceria entre universidade e instituição é possível proporcionar ao aluno uma formação aproximada da realidade. O Perfil do Psicólogo Entrevistador O psicólogo necessita dispor de destreza e competência para desenvolver, num curto período de tempo ou em uma única sessão, uma entrevista que envolva avaliação, diagnóstico da situação, esclarecimentos, intervenções e/ou encaminhamentos. ] Ao iniciar a entrevista, o profissional deve se apresentar ao paciente, aproximar-se ou sentar-se perto a ele estando numa direção ao nível dos olhos, visto que, muitas vezes não há um setting terapêutico “ideal”, ocorrendo junto ao leito. O terapeuta deve não apenas ouvir, mas sim escutar as demandas do paciente; colocar-se em uma outra posição em relação àquele que fala. A Escuta Clínica no Hospital Escuta Clínica “É com base nessa possibilidade de escutar, existencialmente primordial, que se torna possível ouvir. Trata-se de um fenômeno ainda mais originário do que aquilo que a psicologia determina (numa primeira aproximação) como escutar, ou seja, a sensação de sons e a percepção de tons”. - HEIDEGGER. Escuta Clínica: O paciente e o corpo falam ● A maneira de entrar no consultório: Dificuldade do paciente em abrir a porta do consultório; olhar direto com um sorriso, olhando para o chão ou um olhar desafiante; testa franzida. ● O paciente senta: Na beirada da cadeira; poltrona; braços sobre a mesa; braços ou pernas cruzados; insinuando levantar. ● O paciente fala: Atento, sincrônico; olhos inquietos ou olhos tristes; voz em falsete; tremor de voz; expira no final de frases; punho fechado e masseteres contraídos. ● O paciente responde a perguntas: Vacila, cobre a boca, repete gestos; sinais de ansiedade; pequenas expressões de irritação; pigarro; toca o pescoço, o lóbulo da orelha ou o nariz. Algumas dicas segundo Carrió A empatia mantém uma distância emocional com o sofrimento do paciente, para nos permitir chegar a melhores decisões. Somente quem é curioso escuta bem. Quem pergunta obtém respostas, mas apenas respostas. Quem deixa falar obtém histórias. A empatia não será possível sem antes desenvolver a paciência. Aquele que não conhece suas zonas de irritabilidade está à mercê de suas emoções negativas. O rancor, na relação assistencial, faz com que corramos o risco de cometer erros clínicos. “Escutar é prever o que vão dizer e se surpreender quando não coincide”. Carrió, 2002. Habilidades básicas para a escuta ➔ Cuidados sobre a imagem que o paciente nos oferece. A título de exemplo: uma pessoa que provoca antipatia pode ser uma excelente pessoa, com grandes virtudes que desconhecemos. E vice-versa. ➔ A importância do primeiro minuto: significa reconhecer o paciente como centro do caso clínico. ➔ Recolhimento de dados: a entrevista semiestruturada. - Revisar a lista de problemas ou o resumo aberto do paciente; - Cumprimento cordial; - Delimitar os limites da consulta; - Escuta ativa; - Resumo das informações obtidas. As UTIs e CTIs são recursos hospitalares que tratam enfermidades graves, onde são oferecidos tratamentos intensivos para pacientes com baixa probabilidade de sobrevivência. Para a abordagem do Psicólogo Hospitalar nessa especialidade, o paciente é o centro, ou seja, tal tratamento é único e inclui atendimentos especializados e ininterruptos que buscam restabelecer o funcionamento orgânico do paciente. A atuação do psicólogo preconiza uma tríade entre paciente, família e equipe de saúde, todos envolvidos na luta entre a vida e a morte. O Psicólogo Hospitalar na CTI e UTI Atuação do Psicólogo junto ao paciente ● Com preservação de consciência e contato com o meio: Entrevista Inicial; Acompanhamento psicoterápico. ● O Paciente Ansioso; ● O Paciente Agressivo; Reações física; Utilizando palavras. Eixos de Atuação do Psicólogo Hospitalar ● Pacientes suicidas no CTI Suicídio Ativo Suicídio Passivo ● Distúrbios Psicopatológicos e de Comportamento no CTI Psicoses Endógenas Psicoses Exógenas ● O paciente em coma no CTI ● O paciente sedado Em relação à família: o psicólogo tem por objetivo traçar com o paciente um caminho de enfrentamento diante da dor, do sofrimento e da morte, a partir da escuta das questões que afligem o sujeito, frente sua condição. Além disso, deve ter cuidado também com a família. Em relação à equipe: Sebastiani R. W. (2010) ressalta que o papel do psicólogo é o de facilitador do fluxo de emoções e reflexões, identificando o foco de estresse e intervindo para não alienação das pessoas que trabalham nesse contexto, diante das próprias vivências. Desafios nas CTIs e UTIs Atuação do Psicólogo junto à família A assistência psicológica à família está centrada no suporte emocional e orientações à mesma, ajudando-a na adaptação à situação de internação do paciente. ● Fatores Estressores; ● Acolhimento; ● O luto. Assim, o psicólogo deve atuar junto a família envolvida no processo de hospitalização nas UTIs\CTIs com o seguinte foco: ● Orientar e informar rotinas da UTI\CTI, horário de visita; ● Estimular o contato do paciente com a família e equipe, visando a facilitação da comunicação; ● Avaliar a adequada compreensão do quadro clínico e prognóstico por familiares e paciente; ● Verificar qual membro da família tem mais condições emocionais e intelectuais para o contato com a equipe; ● Disponibilizar horários e intervir para atendimentos individuais aos familiares, quando necessário ou solicitado pelo familiar. O psicólogo, dentro da equipe de saúde, participa em diversos campos no contexto hospitalar. Uma das práticas exercidas pelo psicólogo é trabalhar as experiências a partir da hospitalização do paciente, família e da equipe multiprofissional, compreendendo e auxiliando os ângulos desse processo dos envolvidos. O trabalho do Psicólogo com a equipe “O profissional de saúde também é afetado por sentimentos ambivalentes de onipotência e impotência, onde a própria finitude que édenunciada a cada momento faz o mesmo se refugiar em suas defesas. Tudo isso compõe o foco da atuação do psicólogo na UTI, local onde merece atenção e respeito, pois é ao mesmo tempo agente e paciente de tudo que se mencionou anteriormente.” (SEBASTIANI, R.W. 2010). De acordo com Sebastiani, R. W. (2010): Existem 3 tipos de violência: 1. A pessoa inflige a si mesma; 2. A violência interpessoal; 3. A violência infligida por grupos contra o Estado, grupos políticos, milícias e organizações terroristas. Atuação da psicologia frente a situações de violência em um hospital de urgência e emergência Um dos quadros comumente evidenciados é o Transtorno de Estresse Pós Traumático. Segundo Freud, o evento provoca tamanho acúmulo de energia psíquica, o que torna impossível ao sujeito a resposta desejada, sendo necessário buscar meios que canalizem o excesso de estímulo. No hospital de urgência e emergência raramente é possível estabelecer o diagnóstico de TEPT, visto que os sintomas devem ser observados num maior período de tempo. Atuação da psicologia frente a situações de violência em um hospital de urgência e emergência 01 02 03 04 Acolhimento e apoio Comunicação clara Segurança Suporte para reestruturação Palavras chave para quem trabalha na urgência e emergência 1. Buscar minimizar conflitos e angústias; 2. Necessidade de intervenções psicológicas rápidas, possibilitando ao paciente a verbalização dos conteúdos relacionados à situação emergencia. Como agir como psicólogo hospitalar atendendo às demandas de urgência? Importante: Em situações de violência contra crianças, mulheres e idosos, é necessário que os psicólogos se articulem com outros profissionais da rede hospitalar para que ocorra o encaminhamento e acompanhamento adequado. Além disso, faz-se necessário informar os órgãos públicos previstos por lei para proteção e amparo das vítimas. Síndrome do Jaleco Branco A síndrome do jaleco branco é um tipo de transtorno psicológico em que a pessoa apresenta um aumento da pressão arterial apenas no momento da consulta médica, tendo sua pressão normal em outros ambientes. Alguns dos sintomas são: tremores, suor frio, aumento da frequência cardíaca e outros. Conclusão Em suma, percebe-se a importância da atuação do psicólogo junto a equipe multidisciplinar nas instituições hospitalares está se tornando cada vez mais fortes. No entanto, a Psicologia hospitalar ainda se encontra em fase de reconhecimento. O psicólogo, portanto, se mostra mais enfático nas discussões de casos, relatando com firmeza sua percepção e comprovando suas hipóteses. Além de procurar agregar conhecimento, a partir das Residências Multidisciplinares e conhecimentos técnicos do âmbito assistencial. É notório, por fim, a mudança na concepção da equipe em relação ao papel do Psicólogo Hospitalar, uma vez que o mesmo vem sendo bastante solicitado, visando o bem-estar do paciente e proporcionando um atendimento humanizado. Referências Bibliográficas SEBASTIANI, R. W. Atendimento Psicológico no Centro de Terapia Intensiva. In: ANGERAMI - CAMON, V.A. Psicologia Hospitalar: Teoria e Prática. 2º ed. ampliada. São Paulo: Cengage Learning, 2010; cap. 3, p. 21-64. SIMONETTI, A. Manual de psicologia hospitalar: o mapa da doença. 7. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2013. 197 p. RODRIGUES, K. R. B. A atuação do psicólogo hospitalar na Unidade de Terapia Intensiva.Online. Rio Verde: 2006. Disponível em: ttp://www.faculdadeobjetivo.com.br/arquivos/ART3.pdf. SANTOS, S, N. et al . Intervenção psicológica numa Unidade de Terapia Intensiva de Cardiologia. Rev. SBPH, Rio de Janeiro , v. 14, n. 2, p. 50-66, dez. 2011 . 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DALLAGNOL, Claudia; GOLDBERG, Karla; BORGES, Vivian Roxo. Entrevista Psicológica: uma perspectiva do contexto hospitalar. Revista de Psicologia da IMED, Passo Fundo, v. 2, n. 1, p. 288-296, jun. 2010. Disponível em: https://seer.imed.edu.br/index.php/revistapsico/article/view/40. Acesso em: 04 dez. 2020 Borrell Carrió, Francisco. Entrevista clínica [recurso eletrônico]: habilidades de comunicação para profissionais de saúde. 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