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TEORIA E PRÁTICA DO CURRÍCULO 
 Me. Lucimara Acosta 
GUIA DA 
DISCIPLINA 
 2020 
 
 
1 Teoria e Prática do Currículo 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
O QUE É CURRÍCULO? 
(http://vivendodepedagogia.blogspot.com.br) 
 
O currículo constituiu um dos fatores que maior influência possui na qualidade do 
ensino. Este aparente consenso esconde um equívoco. Não existe uma noção, mas várias 
noções de currículo, tantas quantas as perspectivas adotadas. 
 
O currículo continua a ser identificado, com o "plano de estudo". Currículo significa, 
neste caso, pouco mais do que o elenco e a sequência de matérias propostas para um dado 
ciclo de estudos, um nível de escolaridade ou um curso, cuja frequência e conclusão 
conduzem o aluno a graduar-se nesse ciclo, nível ou curso. "Em termos práticos, como 
escreve Ribeiro (1989), o plano curricular concretiza-se na atribuição de tempos letivos 
semanais a cada uma das disciplinas que o integram, de acordo com o seu peso relativo 
no conjunto dessas matérias e nos vários anos de escolaridade que tal plano pode 
contemplar". 
 
Este conceito de currículo, muito próximo do conceito de programa, como foi 
formulado por Bobbit (1922), evoluiu para um conceito mais amplo que privilegia o contexto 
escolar e todos os fatores que nele interferem. Procurando traduzir estas novas concepções 
Ribeiro (1989), propôs a seguinte definição mais operacional de currículo: "Plano 
estruturado de ensino-aprendizagem, incluindo objetivos ou resultados de aprendizagem a 
alcançar, matérias ou conteúdos a ensinar, processos ou experiências de aprendizagem a 
promover” 
 
Mas, o currículo não é apenas planificação, mas também a prática em que se 
estabelece o diálogo entre os agentes sociais, os técnicos, as famílias, os professores e os 
alunos. O currículo é determinado pelo contexto, e nele adquire diferentes sentidos 
conforme os diversos protagonistas. 
 
http://vivendodepedagogia.blogspot.com.br/
 
 
2 Teoria e Prática do Currículo 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1. A EVOLUÇÃO DO CURRÍCULO 
 
Objetivo: 
Tem-se como objetivo analisar o advento e estruturação do curriculum escolar, assim 
como quais os seus objetivos, interesses e necessidades. 
 
Introdução: 
O currículo escolar é uma construção social que ao longo de toda a história vai se 
adaptando conforme a sua necessidade e evolução e, por isso, devemos compreendê-lo 
não apenas como algo que tenha como intuito construir cidadãos críticos como também 
que ele está diretamente inserido em uma relação de poder que nem sempre, 
necessariamente, terá como real interesse essa criticidade de seus cidadãos. 
 
A partir do momento em que se compreende o seu objetivo, passa-se a entender, 
também, a quem ele de fato interessa sem ignorar, de fato, às questões positivas existentes 
nele como a contribuição social, justiça e debates que podem ser fomentados com o intuito 
de democratizar o acesso à informação. 
 
O currículo nunca foi e nunca será estático, ele está em constante análise e mudança 
pelo próprio dinamismo em que a sociedade se encontra – principalmente a pós-moderna, 
com toda sua fluidez – e por isso à docência necessita estar atenta não apenas à escola 
como também às demandas e reivindicações sociais. Para isso, deve-se compreender que 
o currículo é um norteador da prática docente e não um delimitador. 
1.1. Origem e trajetória 
A origem latina da palavra curriculum vem do significado de correr, curso, corrida – 
ou seja, algo que estrutura uma sequência de alguma coisa – neste caso, o saber. Ordenar 
o conhecimento para a transmissão do saber é o que faz com que o curriculum seja central 
e a sua atualização constante. No ambiente educacional a sua discussão esteve mais 
presente a partir do século XVI, primeiramente nas universidades europeias e 
posteriormente em diversas outras regiões. Tudo isso, é claro, se deu pelo próprio período 
de expansionismo marítimo e invasão/domínio de novas terras que ainda não estavam 
colonizadas. 
 
 
 
3 Teoria e Prática do Currículo 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Todo curriculum tem um propósito, um por que é uma intencionalidade, ele 
representa um domínio do saber e assim uma produção do poder. Para isso, o discente 
(seja ele escolar ou universitário) só adquire o seu grau e a sua titulação após a conclusão 
de sua trajetória educacional. Portanto, diversos conhecimentos adquiridos ao longo da 
vida, para além do ambiente escolar-universitário, não são valorizados e nem valorados. 
Entenda-se que neste momento de formação é focado quase que integralmente no uso do 
currículo dado pela escola e não pela vivência do aluno fora dela. 
 
A própria noção de aprovação e reprovação se dá a partir de uma métrica que 
necessita ser discutida e problematizada à exaustão, visto que nem sempre a aprovação 
significa conhecimento adquirido, assim como a reprovação conhecimento não adquirido. 
O currículo engloba uma série de conhecimentos tidos como essenciais para o 
desenvolvimento intelectual, psicomotor, dentre outros, e por isso a sua atualização e 
análise necessitam ser constantes e dentro da legislação pertinente e fornecida pelas 
instituições responsáveis pela educação no país. 
 
A sua estruturação central a partir do século XVI se deu pelo contexto histórico em 
que a Europa passava, principalmente pela transição do regime feudal para o capitalista, 
onde a mão de obra começou a ficar cada vez mais específica e por isso o conhecimento 
necessitava ser também cada vez mais específico. Não obstante, hoje temos profissionais 
cada vez mais capacitados e especializados para uma determinada área e esse mesmo 
profissional não tem o mesmo conhecimento de outras áreas com a mesma exatidão 
daquela a qual se dedicou tudo isso se dá pela estruturação curricular. 
 
Enquanto uma professora do ensino básico tem em seu currículo uma série de 
disciplinas e as ministras em sala de aula conforme aprendeu na universidade e se atualizou 
durante a sua vida, a professora universitária se dedica cada vez mais para uma 
determinada área do saber. Isso se dá para que a formação de futuros professores esteja 
cada vez mais bem preparada para aquilo que se espera deles. Passamos a olhar a 
educação como sendo generalista em alguns momentos e outros específicas para a 
formação do futuro cidadão atuante no mercado de trabalho. 
 
 
 
4 Teoria e Prática do Currículo 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1.2. O currículo e a sociedade contemporânea 
Com o avanço da sociedade e suas necessidades, o currículo também foi se 
atualizando com o propósito de responder a seus anseios e necessidades. Tudo isso se 
deu pela maior especificidade da mão de obra, do cotidiano e da própria formação 
profissional. Hoje não somos mais apenas professores, somos professores, especialista em 
algum conhecimento mais específico. 
 
As escolas cobram que professores façam Especializações para estarem melhores 
preparados, as faculdades cobram Mestrados e Doutorados e, assim, cada vez mais 
fazemos com que nossa mão de obra e nosso conhecimento fiquem mais especializado em 
um determinado assunto. 
 
Quanto mais capacitado formos, mais conhecimento teremos na área em que nos 
capacitamos – mas, ao mesmo tempo, menos conhecimento teremos no macro e mais 
conhecimento teremos no micro. Isso se dá pela necessidade do mercado atual, uma mão 
de obra mais bem capacitada executará o seu serviço de forma melhor preparada. 
 
Quando pensamos em algum cargo na área da educação poderemos pegar como 
exemplo que para ser coordenadora de escola não basta ter apenas anos e anos de 
experiência em sala de aula, isso não é mais métrica avaliativa para um bom profissional. 
Há de se ter especialização em Gestão Escolar, ter uma visão ampla sobre o que é a 
instituição escolar e, preferencialmente, uma visão críticade mundo para a formação de 
cidadãos críticos. 
 
Uma escola que analisa constantemente o seu currículo e a sua abordagem 
metodológica é uma escola que está sempre buscando o melhor preparar seus alunos para 
a sociedade atual e, para que isso ocorra, a formação crítica há de ser central em seus 
cotidianos – afinal de contas, é o que se espera da escola. 
 
 
 
5 Teoria e Prática do Currículo 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
2. CONCEPÇÕES CURRICULARES 
 
Objetivo: 
Busca-se analisar as diversas concepções curriculares existentes e como estão 
estruturadas no ambiente escolar. 
 
Introdução: 
Conforme visto no capítulo anterior, o curriculum se dá por meio de uma formação 
social com um objetivo muito especifico por meio da relação entre saber e poder. Portanto, 
necessitamos analisá-lo racionalmente e sempre problematizá-lo para que possamos ter a 
melhor prática docente daquilo que se espera de nós. Além disso, devemos entender que 
não existe um currículo único, uma metodologia única e uma forma única de ensinar, há 
diversas correntes curriculares existentes e cada uma tem uma abordagem diferente da 
outra. Os enfoques podem variar de acordo com o curriculum adotado: mais cultural, mais 
social, mais genérico, mais tecnicista, mais competitivo, mais cooperativo, e assim por 
diante. 
 
O próprio fordismo, de Taylor Ford, influenciou diretamente na constituição da 
estrutura escolar contemporânea, com as suas cadeiras alinhadas, apenas o professor 
como detentor do saber e com atividades que busquem a maximização da produtividade e 
conhecimentos que busquem a competição entre seus pares – ainda que, ressalto, essa 
organização da sala de aula se dá há séculos e séculos. 
 
As diversas correntes das concepções curriculares nos dão condições de pensar o 
mundo a sua maneira, de acordo com cada corrente. Por isso, neste capítulo, pensaremos 
um pouco sobre elas e o que se espera delas, lembrando que não existe um modelo único 
e um padrão único. Inclusive, as concepções variam de escola para escola, onde cada uma 
adota aquela que melhor compreende como necessária para o melhor desenvolvimento 
educacional. 
2.1. A evolução das concepções 
A teoria tradicional teve seu início após a Guerra Civil dos Estados Unidos onde a 
produção industrial passou a ser central na evolução de sua economia, onde foi estimulado 
o fim dos monopólios e a competição livre entre o mercado passou a vigorar. A escola 
 
 
6 Teoria e Prática do Currículo 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
passa a ser inserida nesse novo contexto político, onde a competitividade e produtividade 
são centrais na concepção de bom desempenho educacional. 
 
A busca pela eficiência influenciou diretamente o cotidiano escolar onde os 
conteúdos passaram a ser divididos especificamente (conhecido também como escola 
conteudista), onde o modelo empresarial segmentado passa a estar presente no cotidiano 
escolar. Essa formação e estruturação escolar foram duramente criticadas por não trabalhar 
o pensamento crítico do aluno, apenas o ensino tecnicista, com o objetivo de alcançar os 
melhores resultados daquilo que se esperava para a economia. Esta corrente influenciou o 
mundo inteiro e muitas escolas ainda seguem este padrão, sobretudo as de modelo 
apostilado, onde o conhecimento costuma não dialogar com as outras áreas do saber. 
Devemos lembrar que a educação escolar não deve fazer ou levar o aluno a ser um 
reprodutor de conhecimento, mas sim dar ferramentas para que o mesmo se torne um ser 
crítico e reflexivo de seus atos e do mundo em que vive. 
 
Durante a década de 60 e 70, as teorias críticas passam a influenciar diretamente o 
currículo escolar não apenas como uma oposição ao modelo tradicional, mas também como 
uma forma de contestar muito dos valores que eram ensinados nas escolas – 
principalmente com uma forte crítica ao sistema capitalista que passou a ser centralizador 
do conhecimento escolar. Nesse momento, começa-se a contestar a necessidade do papel 
político da escola enquanto local de formação de sujeitos críticos, e não apenas uma escola 
tradicional conteudista, que outrora era tida como a melhor. 
 
De acordo com Bruner apud Moreira (1995), daquilo que se pretendia da escola não 
houve a revolução educacional necessária que trouxesse mudanças significativas para o 
seu bom desempenho. A teoria crítica teve papel fundamental para essa mudança de 
perspectiva, principalmente pela influência das teorias marxinianas e marxistas, a escola 
de Frankfurt, a sociologia da educação fenomenologia, dentre outros. 
 
Althusser (1983) Bourdieu (1982) influenciaram significativamente o entendimento 
sobre o papel da escola e a sua fundamentação, principalmente que na França, naquele 
período, uma série de mudanças na estrutura social estava em pleno desenvolvimento. A 
própria concepção de Habitus, de Bourdieu, serviu para que novos olhares fossem 
desenvolvidos sobre o cotidiano escolar. 
 
 
 
7 Teoria e Prática do Currículo 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
A nova sociologia da educação foi outra corrente que influenciou significativamente 
o olhar pera a escola. A sua concepção parte de que 
 
Processos de acesso e distribuição da educação não deveriam depender da análise 
da forma e conteúdo do currículo, pois se partindo do pressuposto de que o 
conhecimento é socialmente produzido e por consequência, estratificado nas 
instâncias de produção, distribuição e seleção, o processo de seleção de 
conhecimentos curriculares é considerado como definidor do fracasso ou do 
sucesso na escola (Reis, 2010: 14) 
 
Essa arbitrariedade na escolha do conteúdo a ser trabalhado em sala de aula e em 
como se dá o entendimento sobre sucesso e fracasso escolar é duramente criticada por 
esta corrente, visto que compreende que o currículo é socialmente produzido e, portanto, 
serve como catalizador para que o entendimento sobre sucesso e fracasso escolar seja 
central em sala de aula e nas reuniões pedagógicas. 
 
O conhecimento e o saber compreendidos como disciplinas já mostraram o seu 
entendimento dúbio sobre o que se entende por disciplina. Em seu lato sensu precisamos 
falar das relações de gêneros na escola, disciplina de fato disciplinariza os corpos, 
normatiza o conhecimento e padroniza as ações – algo que a escola se esforça para fazer 
perante os corpos e saberes, e que devemos repensar sobre esta prática, visto que não é 
isso que se espera da escola ou, ao menos, que devemos buscar dela. Neste ponto, um 
teórico que influenciou diretamente a concepção escolar foi Michel Foucault ao trabalhar as 
disciplinarizações dos corpos. 
 
O pós-estruturalismo passou a analisar a escola como um local de produção do 
saber por meio do controle do poder, onde essa produção estava atrelada e por meio dela 
se criava corpos dóceis por meio do processo de formação subjetiva dos sujeitos. A partir 
do momento em que a escola se preocupa não apenas com o conhecimento, mas também 
com a produção dos corpos, ela passa a operar diretamente de acordo com o que a 
sociedade espera: disciplina. 
 
A escola tem toda uma distribuição arquitetônica com o objetivo de manter todos 
constantemente vigiados: pátio escolar amplo, banheiros amplos e abertos, salas de aula 
alinhadas com portas com frestas de vidro, portões e muros altos (como presídios), dentre 
outros, são disposições arquitetônicas com o objetivo de disciplinarizar e normatizar os 
corpos que dentro da escola estão. Devemos também entender que muitas vezes há a 
 
 
8 Teoria e Prática do Currículo 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
necessidade de atitudes arquitetônicas desta forma para garantia também da integridade 
física do aluno nos momentos em que estiverem dentro da escola. 
 
O controle não se dá apenas a partir dos docentes e gestores escolares, estas 
disposições dosespaços coletivos servem para que os próprios discentes vigiem uns aos 
outros – aquilo que Foucault chama de governamentalidade – e mantenha a produção 
discursiva sobre os corpos, silenciando aqueles que fujam a norma socialmente imposta 
como a correta e qualquer um que esteja fora do padrão tido como normal e correto. 
 
 
 
9 Teoria e Prática do Currículo 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
3. CURRÍCULO ESCOLAR E IDEOLOGIA 
 
Objetivo: 
Discutir-se-á a relação entre currículo escolar e ideologia existente nele, partindo do 
entendimento de que não existem discursos sem ideologias ou não ideológicos. 
 
Introdução: 
Recentemente vimos uma ebulição social a respeito de temas como escola sem 
partido, ideologia de gênero ou escolas que formam estudantes marxistas. A partir desse 
entendimento, analisaremos como se dá a estruturação curricular, conforme visto 
anteriormente, e estes discursos sociais a respeito da escola. 
 
Compreende-se que não existe uma fala sem ideologia ou não ideológico, pois, a 
partir do momento em que alguém fala sobre algo, esse alguém coloca o seu juízo de moral 
e consequentemente o seu entendimento (ou, em outras palavras, a sua ideologia). 
Portanto, é impossível que alguém fale sobre algo sem colocar a sua perspectiva, o seu 
olhar e o seu entendimento sobre este algo. 
 
Muito tem se debatido nas mídias, rodas de conversas e sociedade em geral sobre 
como a escola pode formar sujeitos e influenciá-los para uma determinada ideologia, e isso 
é impossível. Este capítulo tratará diretamente sobre como a escola não tem condições 
algumas de exercer sozinha tamanha influência em seus alunos, pois eles também 
recebem influências e informações de suas famílias, mídias, religiões, classe social, 
realidade, dentre outros. 
3.1. Produção e transmissão do conhecimento a partir de quem lê e quem fala 
A escola é apenas uma parcela da produção e transmissão do conhecimento frente 
às outras dezenas existentes como, por exemplo, a mídia (tradicional televisiva ou 
contemporânea das redes sociais), a família que estrutura aquela criança e jovem, a religião 
com seus discursos, a sua classe social onde está inserida (visto que um jovem de classe 
alta tem outra realidade daquele de classe baixa). Portanto, afirmar que a escola e o 
professor podem influenciar diretamente na formação da moral do aluno é um erro muito 
cometido e que ouvimos/assistirmos com frequência na sociedade. 
 
 
 
10 Teoria e Prática do Currículo 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
O currículo escolar está estruturado em bases ideológicas que preconizam o respeito 
às diferenças e produção do conhecimento, essa produção também está ancorada em 
discursos ideológicos a partir do momento em que se escolhe qual conhecimento deve ser 
oficial e presente nos materiais didáticos, quais devem ser trabalhados trans e 
interdisciplinar e até mesmo qual conhecimento não deve estar presente nos livros 
didáticos. 
 
Recentemente, no dia 23/01/2017 a prefeitura de Ariqueme (RO) mandou retirar todo 
o conteúdo de seus livros didáticos do Ensino Fundamental, enviados pelo MEC, que 
falavam sobre as questões de gêneros. Essa medida feriu não apenas o respeito às 
diferenças e dignidades humanas, como também o direito aos discentes de obterem 
conhecimento sobre o funcionamento da sociedade, além do acesso ao material escolar 
em si, visto que esta proibição atrasará em um mês a entrega do material escolar aos 
alunos. A partir do momento em que se escolhe qual material deve conter ou não no livro 
didático, estamos falando diretamente sobre ideologia. 
 
A escola, enquanto um local de produção do saber deve estar aberto para todos os 
tipos de conhecimentos e ao retirá-los, não apenas fere o direito ao conhecimento como 
também silencia aquilo que um determinado grupo social, que detém o controle do poder, 
compreende como desnecessário ou que deva ser censurado. Um material enviado pelo 
MEC, formado e analisado por uma ampla comissão de educadores, tem muito mais 
conhecimento do que um grupo de vereadores ou sociedade em geral, pois essa comissão 
tem competência e estudos para saberem o que é necessário para que a escola seja um 
local que respeite as diferenças e não fomente as discriminações. 
 
Ao mesmo tempo, a educação tem um papel de grande importância, pois ela serve 
para debater a sociedade e não para evitar temas polêmicos, principalmente quando o ato 
de evitar está ligado diretamente ao silenciamento de uma parcela populacional 
historicamente excluída e silenciada. O mesmo ocorre quando se exclui a história da África 
e seus costumes (religiões como o candomblé), a história indígena (e seus rituais 
xamânicos), a história da mulher (e suas opressões vivenciadas sistematicamente) em 
detrimento de valorizar a história da Europa, por exemplo. Os livros de história ao 
mostrarem o Egito, por exemplo, retrata os faraós enquanto homens brancos com traços 
europeus, quando na verdade o próprio país fica no continente Africado, neste momento 
não estamos analisando ou falando se está certo ou errado, mas sim deixando a margem 
 
 
11 Teoria e Prática do Currículo 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
para que se possa pensar e analisar todas as hipóteses que juntas formam um 
conhecimento. Portanto, o livro didático e o currículo escolar são frutos de construções 
sociais ancorados em perspectivas ideológicas. Logo, não existe um ensino não ideológico 
ou sem ideologia, assim como não existe professores sem ideologia ou não ideológicos. 
 
A sociedade atual, caracterizada por Bauman como pós-modernidade ou 
modernidade líquida, é a sociedade da informação onde a obtém não apenas nos livros 
oficiais escolares como, e, sobretudo, na internet. As discussões existentes nos grupos de 
Facebook ou nas postagens dos usuários mostram que o material escolar não é mais 
central na formação e constituição dos sujeitos, e que outras demandas estão presentes 
em nossos cotidianos. 
 
A crise na qual o capital se encontra atualmente e força a sociedade a estar cada 
vez mais individualizada e sem o fomento da empatia favorecem para que as diferenças 
sejam silenciadas nos cotidianos escolares e que a escola compactue com essa violência, 
cabendo ao professor desenvolver feiras, rodas de conversa, debates e palestras para 
trazer à discussão temas que são silenciados nos livros oficiais, mas que estão presentes 
no cotidiano da juventude. 
 
Carol Hanisch (1969) afirmou que o pessoal é político e, portanto, a prática docente 
também o é. Não podemos cair na falácia discursiva de que existe ensino não ideológico 
ou posicionamento neutro sobre determinado assunto porque isso é inexistente. O nosso 
posicionamento está ancorado em nossas vivências, olhares, perspectivas e realidades, 
fazendo com que qualquer que seja a nossa fala, esteja saindo de um determinado local: 
aquele em que nos encontramos. 
 
Um docente que dê aula na periferia tem outra vivência e outro olhar sobre a 
sociedade perante aquele docente que dê aula em escola de classe alta, assim como os 
respectivos alunos também tem essa visão diferente. Portanto temos que levar mais a sério 
a frase “Professor, vivenciar a realidade do aluno”. 
 
 
 
12 Teoria e Prática do Currículo 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
4. CURRÍCULO: CULTURA E SOCIEDADE 
 
Objetivo: 
Analisar como a cultura influencia diretamente na formação da sociedade e do 
currículo escolar e como a escola pode trabalhar com as diferenças sem cair na prática 
discriminatória e etnocêntrica. 
 
Introdução: 
A cultura é um elemento central na sociedade, não à toa que quando um país invade 
outro, a primeira coisa feita é tentar eliminar a cultura local e impor a sua enquanto a correta 
a ser seguida. A exemplo disso podemos analisar nosso costume de usar uma calça jeans, 
enquanto roupaobrigatória em nossos armários. Será que o mesmo ocorre em nosso 
currículo? Será que a cultura delimita o currículo escolar ao ponto de não nos atentarmos 
direito as entrelinhas? 
 
Conforme visto anteriormente, muitas histórias são silenciadas no currículo escolar, 
outras são postas como inter ou transdisciplinar e outras aparecem apenas como indicação 
de leitura, sem que o professor tenha domínio e conhecimento. Há outras ainda que são 
execradas e excluídas sumariamente, conforme visto no capítulo anterior com a prática de 
censura da Prefeitura de Ariqueme (RO). 
 
Reconhece-se que não apenas a cultura é central em uma sociedade, como a sua 
produção cultural e a sua reprodução cultural são determinantes para a produção de 
saberes ditos legais ou autorizados, assim como saberes que são compreendidos como 
tabus e que devem ser evitados em sala de aula. Afinal de contas, quem nunca escutou a 
fatídica (e triste) frase: isso não é assunto da escola, é assunto da família, não cabe a 
escola tratar sobre isso! 
 
A partir das teorias críticas, o currículo passou a ser analisado de forma mais 
criteriosa e rigorosa, com o intuito de buscar entender quais são as relações de poder 
existentes por trás deles e quais discursos existem em suas entrelinhas. 
 
 
 
13 Teoria e Prática do Currículo 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
4.1. O conceito de cultura e a relação curricular 
Inicialmente, na França, o termo mais empregado para cultura era o de civilização, 
principalmente pelo entendimento de que sociedades não colonizadas não tinham uma 
cultura e necessitavam ser invadidas e terem a cultura do invasor imposta a elas. Esse 
entendimento se difundiu durante séculos e esteve inserido também no currículo escolar 
durante outros séculos a mais. 
 
A cultura passou a ser problematizada com as Ciências Sociais, por meio da 
antropologia e da sociologia, enquanto ciência de análise da formação social de uma nação 
ou de uma comunidade em específica. Franz Boas e Lévi-Strauss, nos anos de 1950, 
tiveram grande influência em elucidar as questões culturais no cotidiano das comunidades 
locais e, assim, minimizar o etnocentrismo que era amplamente propagado mostrando que 
as diferenças existentes entre as diversas culturas se davam por questões sociais e não 
biodeterministas. 
 
Hoje quando falamos de cultura compreendemos que dentro de uma mesma 
sociedade há diversos tipos de culturas, principalmente se analisarmos mais atentamente 
a cidade onde moramos (seja ela com 7 mil habitantes ou 700 mil habitantes) veremos que 
em cada região há um determinado tipo de comportamento, isso é cultural. Logo, não existe 
uma cultura universal, há culturas diferentes dentro do próprio município, o que dirá entre 
Estados e Países. Esse fator é determinante para pensarmos sobre o currículo escolar 
universal, como o nosso atual. 
 
Por mais que o MEC se esforce em criar um currículo que abranja a totalidade das 
diferenças, ainda analisamos que muitos conhecimentos estão centrados no eixo Sudeste 
e a cultura Nortista e Nordestina aparecem muito superficialmente. A própria questão da 
colonização portuguesa no Brasil e os Bandeirantes são tratados de forma superficial, sem 
problematizar o genocídio indígena imposto ao Brasil e o sequestro e tortura dos negros 
trazidos a força de seu continente. 
 
A rica cultura de cordel quase não aparece nos livros escolares, o frevo, maracatu, 
cultura indígena e outras culturas mais também são abordadas de formas superficiais. 
Raras são as escolas que trabalham com a cultura de cordel enquanto forma de contar 
histórias, de registro da memória e manutenção viva dos costumes locais. A história oral e 
a história escrita acabam centradas naquelas registradas nos livros de história, e a cultura 
 
 
14 Teoria e Prática do Currículo 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
local, das comunidades locais, silenciadas pela escola. Observa-se que o currículo escolar 
está muito centrado nas regiões. 
 
Ainda que o currículo escolar começou a criticar essa visão universalista da cultura, 
muitos materiais didáticos ainda trabalham a cultura de forma homogênea e igual para 
todos, não abrangendo a sua totalidade. A partir de 1990, o currículo escolar passou a se 
atentar na relação de poder existente em seus livros e como silenciavam as outras 
manifestações culturais. Para isso, começou a ser proposto a trans e interdisciplinaridade, 
principalmente com o objetivo de ampliar o reconhecimento das diferenças em sala de aula. 
 
A antropologia passou a ser mais atuante na formação curricular e trazer um olhar 
mais plural, Jean Claude Forquin (2000) e Tomás Tadeu da Silva (2000) estimularam novas 
reflexões sobre o conceito de cultura na formação curricular com o intuito de enriquecerem 
o debate na escola por meio das valorizações culturais. 
 
[...] reitere-se a preocupação maior do novo enfoque: entender a favor de quem o 
currículo trabalha e como fazê-lo trabalhar a favor dos grupos e classes oprimidos. 
Para isso, discute-se o que contribui, tanto no currículo formal como no currículo em 
ação e no currículo oculto, para a reprodução das desigualdades sociais. 
Identificam-se e valorizam-se, por outro lado, as contradições e as resistências 
presentes no processo, buscando-se formas de desenvolver seu potencial libertador 
(MOREIRA; SILVA, 1994: 16) 
 
Ao entender que a cultura não é fixa e está em constante mudança, compreende-se 
que existe uma densa relação de poder ancorando essas mudanças, principalmente por 
ser feita por sujeitos que buscam impor as suas verdades como sendo as únicas, 
esquecendo (ou silenciando?) Que a pluralidade cultural é que faz com que a sociedade 
seja realmente diferente. 
 
Muitos compreendem que a cultura nasce com as pessoas, em uma perspectiva 
essencialista, quando, na verdade, as pessoas são sujeitadas pela cultura de onde estão 
inseridas – daí a máxima de que o meio faz a pessoa – e, sujeitadas enquanto são, a cultura 
também é constantemente ressignificada pelas pessoas que a produz, fazendo com que 
essa máxima não seja de fato (bio) determinista para quem vive inserida nela. A cultura não 
é estática da mesma forma como a sociedade também não é. Tanto a cultura como a 
sociedade estão em constantes modificações e (re) significações. 
 
 
 
15 Teoria e Prática do Currículo 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
5. CURRÍCULO: ESCOLA E GLOBALIZAÇÃO 
 
Objetivo: 
Analisar como a escola está inserida no processo de globalização e busca exercer a 
competitividade, e não a empatia e solidariedade em seu ambiente, favorecendo para que 
tenhamos uma sociedade estruturada nessa maneira. 
 
Introdução: 
Necessita-se pensar sobre a forma como a competitividade escolar está alinhada 
com o seu currículo e como isso pode ser benéfico e/ou maléfico para ela. A escola, 
conforme visto anteriormente, é estruturada para a formação de sujeitos competitivos, que 
disputam de forma acirrada os melhores lugares e, inclusive, há docentes que dividem a 
própria sala de aula entre a turma da frente, mais atenciosa, a turma do meio, que ora tem 
atenção ora tem dispersão e a turma do fundão, que nunca quer nada com nada. 
 
A partir do momento em que ocorre esse tipo de divisão, a escola acaba por excluir 
a participação de todos de forma por igual – para isso, recomenda-se que a disposição das 
cadeiras em sala de aula seja em forma de “U” em “O”, nunca enfileirada e uma ao lado da 
outra, pois deixar em “U” ou “O” faz com que não ocorra essa divisão e todos possam ser 
vistos por iguais, e essa disposição pode ser feita do Ensino Infantil ao Ensino Superior. 
 
Uma das diversas vantagens em deixar as cadeiras nesta disposição favorece para 
que haja o trabalho cooperativo de um aluno ajudar o outro que tenha dificuldade, e não a 
competitividade de falar para a professora que Fulanoestá colando/copiando de Beltrano. 
O estímulo da escola para que todas as atividades de sala de aula sejam realizadas dessa 
forma favorecerá para que sujeitos críticos desenvolvam a empatia e a solidariedade, além 
de manter alinhado professor e aluno, todos sentados um ao lado do outro. 
 
 
16 Teoria e Prática do Currículo 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
5.1. A escola fomentando as desigualdades 
Muitas vezes podemos nos perguntar o que uma simples disposição das cadeiras 
em sala de aula pode mudar na didática e metodologia do ensino. E a resposta é: tudo! Ao 
colocarmos as cadeiras unidas em grupos ou em forma de “U” ou “O”, estamos fomentando 
que os alunos se comuniquem, olhem a atividade do outro, tenham a liberdade de perguntar 
em alguma dúvida para quem estiver ao lado e não queiram se esforçar para fazer isso 
escondido. 
 
A estrutura escolar atual está alinhada com a globalização e o neoliberalismo, onde 
se fomenta a competitividade e a meritocracia1 em detrimento das relações interpessoais, 
da afetividade e da empatia. Tudo isso para que se mantenha o padrão mercantil da 
educação e competitivo do mercado de trabalho. 
 
O controle do currículo é uma forma de manter a escola alinhada com aquilo que a 
sociedade busca e compreende como correto, cabendo ao professor defender uma postura 
mais política, mais atuante e que fomente a discussão sobre as desigualdades que a própria 
escola produz e como a sociedade também mantém essa mesma desigualdade. Uma forte 
vertente tem combatido fortemente o currículo escolar tradicional e dito crítico: 
 
[...]um Pós-Currículo não pode aceitar conviver com nenhum dos currículos 
oficializados pelos governos neoliberais, nem com seus programas de avaliação, 
quer seja na educação infantil, no ensino fundamental, no ensino médio ou superior, 
 
1 Que de mér i to não tem nada, v is to que uma c r iança que es tuda em uma esco la pr ivada de c lass e 
a l ta te rá mui to mais cond i ções do que uma c r iança que es tuda em uma esco la de pe r i fe r ia , v is to que a 
pr imei ra t erá maior acesso à in f raes t ru t ura e qua l i dade educac iona l do que a s egunda. 
 
 
17 Teoria e Prática do Currículo 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
uma vez que tais currículos se fundamentam no princípio de uma totalizadora 
identidade-diferença nacional. (ALMEIDA; MOREIRA, 2009: 6) 
 
A defesa pelo pós-currículo se dá pelo entendimento de que a escola também 
fomenta as desigualdades e discriminações, cabendo a ela se colocar frente a estas 
violências com o objetivo de democratizar o seu acesso e pluralizar suas realidades. Ao 
entender que a sociedade neoliberal já exerce extrema influência em nossos cotidianos, a 
teoria pós-currículo busca trazer um novo olhar para a escola, uma nova perspectiva 
perante a sociedade. 
 
Ao adotarmos novas metodologias de ensino e mudarmos a disposição das cadeiras 
em sala de aula, estamos fomentando que os alunos se vejam e compreendam suas 
necessidades e dificuldades, assim como suas facilidades e que, a partir de então, possa 
desenvolver a empatia ao ajudar o próximo. Contemporaneamente, não há forma melhor 
de se trabalhar e sala de aula do que colocar as cadeiras em “U” ou em “O”. 
 
Os movimentos recentes 
de ocupação escolar pelos 
alunos secundaristas de São 
Paulo, Minas Gerais, Rio de 
Janeiro e outros Estados 
brasileiros, adotaram as 
disposições das cadeiras em 
“O” para que todos pudessem 
se ver e as atividades 
elaboradas fossem desenvolvidas coletivamente. 
 
 
 
18 Teoria e Prática do Currículo 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
6. DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS: DEFINIÇÃO 
 
Objetivo: 
Conhecer as Diretrizes Curriculares Nacionais e quais as suas finalidades para a 
prática educacional 
 
Introdução: 
Ainda que muitos pensem existir apenas uma Diretriz Curricular Nacional (DCN), de 
acordo com o documento oficial (Brasil, 2013), temos diretrizes para a Educação Básica, a 
Educação Infantil, o Ensino Fundamental I e II, o Ensino Médio, a Educação Profissional 
Técnica de Nível Médio, as escolas do campo, a educação do campo, para jovens e adultos 
em situação de privação de liberdade nos estabelecimentos penais, para o EJA (Ensino de 
Jovens e Adultos), educação escolar indígena, para crianças, adolescentes e jovens em 
situação de itinerância, quilombola, educação das relações étnico-raciais e para o ensino 
de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, educação em Direitos Humanos e para a 
educação ambiental. 
 
A DCN é um documento oficial que orienta e normatiza o ensino e conteúdo das 
escolas, onde cada ponto é amplamente discutido e especificado aquilo que deve ser 
abordado – conforme visto anteriormente, isso também pode ser um problema por silenciar 
aquilo que compreende como não necessário para o ensino. Ainda assim, ressalta-se 
alguns pontos importantes da DCN são eles: educação das relações étnico-racionais e para 
o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, educação em Direitos Humanos. 
 
A sua importância se dá por serem pontos que estão em amplo debate na sociedade 
e que a escola muitas vezes não aborda de forma correta, relegando-os para a inter e 
transdisciplinariedade que na verdade acaba não sendo abordada por nenhum professor. 
Vale ressaltar que estamos vivenciando uma fase da vida e sociedade que cada vez mais 
estão sendo expostas as diferenças em vários setores sociais e morais demonstrando que 
a escola precisa e deve ser atualizada e problemas devem ser discutidos e não mais 
varridos para baixo do tapete. 
 
 
 
19 Teoria e Prática do Currículo 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
6.1. Seus objetivos 
A necessidade de normatizar o ensino se deu para que todas as escolas falassem 
uma mesma língua independentemente de onde a pessoa vivesse. Para isso, criou-se uma 
série de especificações para atender a demanda existente, especificações essas que 
contém 565 páginas tratando exclusivamente dos pontos elencados na introdução. 
 
Logo em sua introdução fala-se que a educação faz parte do projeto de Nação a ser 
construído, e por isso problematiza-se de forma crítica o currículo nacional, visto que a partir 
do momento em que compreende que a educação faz parte da construção de um projeto 
de nação e que conteúdos são delimitados pelo governo, deve-se pensar nas relações de 
poder existentes e quais saberes são de fato discutidos e propagados na escola, assim 
quais são os silenciados. 
 
Abordar a educação das relações étnico-racionais e para o ensino de História e 
Cultura Afro-Brasileira e Africana e a educação em Direitos Humanos foram demandas 
atendidas que sempre estiveram em pauta nos movimentos sociais identitários e que 
historicamente foram ignorados pelos governos em seus documentos oficiais. 
 
Com a taxa de assassinato da juventude negra cada vez mais elevada, com as 
mortes por LGBT fobias (o Brasil está em primeiro lugar no ranking de assassinatos contra 
travestis e transexuais) e a necessidade do fortalecimento identitário da população 
historicamente excluída, estes temas passaram a estar presentes na DCN. Portanto, mais 
uma vez comprovamos que “certos assuntos não devem ser debatidos na escola, sim em 
suas casas e famílias” são discursos falaciosos que não atendem a obrigação da escola: 
trabalhar as diferenças valorizando-as. Observa-se que muitas vezes os assuntos 
aparecem em livros escolares, mas nem sempre a escola ou sala de aula dá a eles a 
atenção devida que merecem. Superficialmente são abordados e passa-se para outros 
conteúdos menos impactantes. 
 
Recentemente vimos um aumento, principalmente das mulheres, usando cabelos 
crespos. Esse fato é histórico e de suma importância porque começa a discutir e quebrar 
os estereótipos daquilo que se compreendia como belo: cabeloliso e pele branca. Para que 
isso ocorresse – além do apelo fortemente mercadológico – houve a necessidade do 
empoderamento das pessoas de cabelo crespo. Isto é, que elas se sentissem poderosas e 
orgulhosas de suas características étnicas e de suas identidades. O empoderamento seja 
 
 
20 Teoria e Prática do Currículo 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
ele das mulheres, das/os negros, das/os LGBTs e de outros marcadores das diferenças 
são de suma importância para que uma sociedade dita democrática possa evoluir e 
respeitar as diferenças – constituindo, também, um projeto de Nação. 
 
A DCN foi atualizada por uma ampla equipe multidisciplinar do Conselho Nacional 
de Educação (CNE) visto que a anterior estava defasada perante as necessidades 
educacionais contemporâneas, cada vez mais fluidas, que 
 
[...] são resultado desse amplo debate e buscam prover os sistemas educativos em 
seus vários níveis (municipal, estadual e federal) de instrumentos para que crianças, 
adolescentes, jovens e adultos que ainda não tiveram a oportunidade, possam se 
desenvolver plenamente, recebendo uma formação de qualidade correspondente à 
sua idade e nível de aprendizagem, respeitando suas diferentes condições sociais, 
culturais, emocionais, físicas e étnicas. (Brasil, 2013: 4) 
 
A sua atualização se deu por meio de uma série de debates promovidos pelos órgãos 
educacionais com a sociedade em geral, para escutar as suas demandas, estuda-las e 
assim promover um documento que abarcasse todas as necessidades. Os debates foram 
feitos por meio de seminários, audiências públicas e estudos sobre as especificidades 
sociais e as necessidades de atualizações perante a defasagem notória. 
 
A compreensão de que a educação não era mais uni e sim múltipla foi essencial para 
que novos saberes fossem inseridos na DCN e nos PCNs, pelo entendimento de que o 
conhecimento estava cada vez mais pluralizado, as informações não estavam mais 
centradas no docente e que temas de suma importância estavam sendo debatidos na 
sociedade e silenciados nas salas de aulas. 
 
Destaca-se, também, a educação para jovens em situação de itinerância – aqueles 
que trabalham em circo, por exemplo – e não podem acompanhar a educação formal da 
sala de aula por estarem cada mês em um determinado local. A atenção a esta pluralidade 
de diferenças é de grande importância para que possamos diminuir o número de evasão 
ou de pessoas sem a escolarização necessária. 
 
A maior parte dessas modificações tem relevância social, porque, além de reorganizarem 
aspectos da Educação Básica, ampliam o acesso das crianças ao mundo letrado, 
asseguram-lhes outros benefícios concretos que contribuem para o seu desenvolvimento 
pleno, orientado por profissionais da educação especializados. (Brasil, 2013: 12) 
 
 
21 Teoria e Prática do Currículo 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Com o intuito de melhor avaliar o bom desempenho das escolas, fora criada uma 
série de artifícios avaliativos, tais como Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), 
a Prova Brasil e o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). 
 
Artifícios esses que também necessitam ser discutidos porque se avalia o conteúdo 
ensinado na escola, e compreendo que a escola deva ser mais que um local de 
disseminação de conteúdo, sim de formação e solidariedade. 
 
Entretanto, justifica-se a sua necessidade afirmando que 
 
As avaliações ENEM e Prova Brasil vêm-se constituindo em políticas de Estado que 
subsidiam os sistemas na formulação de políticas públicas de equidade, bem como 
proporcionam elementos aos municípios e escolas para localizarem as suas 
fragilidades e promoverem ações, na tentativa de superá-las, por meio de metas 
integradas. Além disso, é proposta do CNE o estabelecimento de uma Base 
Nacional Comum que terá como um dos objetivos nortear as avaliações e a 
elaboração de livros didáticos e de outros documentos pedagógicos. (Brasil, 2013: 
13) 
 
 
 
22 Teoria e Prática do Currículo 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
7. CURRÍCULO: LDB – 9394/96 
 
Objetivo: 
Conhecer a LDB – 9394/96 e quais mudanças trouxeram para o currículo escolar de 
Ensino Infantil, Fundamental I e II, Ensino Médio, Ensino Superior, Ensino Especial, Ensino 
Profissional e Ensino indígena, assim como por quem foi pensada a sua reforma e a quem 
de fato interessa o ensino. 
 
Introdução: 
A aprovação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional significou um 
momento de grande importância para a prática educativa no Brasil, visto que a sua 
atualização teve como objetivo atender as novas demandas sociais existentes até então, 
assim como normatizar o sistema educacional brasileiro. A sua criação se deu por meio de 
um amplo debate entre os Poderes Executivos e Legislativos, contando com o apoio das 
Organizações Sociais. 
 
Ressalta-se que no ano de 96 tínhamos um governo neoliberal que influenciou 
diretamente em diversos pontos que determinavam sobre o que se esperava da educação 
brasileira. Essa disputa entre os poderes políticos e as organizações nacionais foi travada 
por meio de um amplo debate para o que foi então conhecida como Lei Darcy Ribeiro. A 
influência neoliberal no processo de criação da LDB – 9394/96 é perceptível ainda onde por 
meio de uma escola que não busca a criticidade discente, mas sim um ensino conteudista 
voltado à preparação da juventude ao mercado de trabalho, e não numa atuação crítica 
perante a sociedade. 
 
Saviani (1990) atenta-nos para os efeitos que essa reforma criou para o sistema 
educacional, tanto positivo como negativos, e como ela alterou o dinamismo da escola e 
seus conteúdos a serem trabalhados em sala de aula. Toda reforma, seja ela educacional, 
política, social e/ou cultural, resulta em pontos positivos e negativos. Com a nova LDB não 
foi diferente. 
 
Prevalecendo a visão descentralizadora, o eixo do projeto de LDB foi posto nos 
sistemas estaduais, admitindo-se o sistema federal em caráter supletivo. Na 
sequência, os interesses das escolas particulares, capitaneados pela Igreja Católica 
e guiando-se pelo temor do suposto monopólio estatal do ensino, concorreram para 
afastar a preocupação com o Sistema Nacional de Educação. (Saviani, 2010: 776) 
 
 
23 Teoria e Prática do Currículo 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
A influência de determinados setores da sociedade, sobretudo a Igreja Católica e as 
Instituições de Ensino Privado influenciaram significativamente a criação da nova LDB, o 
que contribuíram para que o sistema educacional contemporâneo mantivesse estruturado 
desta maneira em tempos atuais. 
7.1. Divisão educacional por etapas de formação 
A restruturação educacional favoreceu para melhor dividir as etapas educacionais e 
os conteúdos a serem ministrados por elas, uma vez que quando organizado melhor poderá 
ser dividido. Na educação básica temos o ensino infantil, ensino fundamental e o ensino 
médio, já na educação superior temos a graduação, a especialização (lato sensu), o 
mestrado e doutorado, ambos stricto sensu. A nova lei contemplou a Educação para Jovens 
e Adultos (EJA), a Educação Profissional e a Educação Especial. 
 
Na Educação Básica, temos a Educação Infantil temos as creches (0 a 3 anos), a 
Pré-escola (de 4 a 6 anos), o Ensino Fundamental I e II (com mínimo de 8 anos de duração) 
e o Ensino Médio (com mínimo de 3 anos de duração). Na Educação Superior temos as 
graduações universitárias (com mínimo de 2 anos para tecnólogos e 3 anos para 
licenciaturas, a partir de julho de 2017 as licenciaturas voltarão a ter 4 anos de formação 
obrigatória). Os cursos de Especializações costumam ter duração de 1 a 1 ano e 6 meses 
de duração, enquanto o Mestrado tem 2 anos a 3 anos de duração e o Doutorado de 4 a 5 
anos de duração. Os programas de stricto sensu costumam ser cobrados para concluírem 
os Mestradosem 2 anos e os Doutorados em 4 anos, com o objetivo de manter elevada a 
pontuação capes. 
 
As universidades privadas e públicas também podem ministrar cursos de Extensões 
universitárias com o propósito de melhor capacitar o futuro/atual docente para assuntos 
específicos. A educação especial visa a inclusão de alunos com necessidades especiais 
em escolas específicas ou escolar regulares, com o propósito de fomentar a inclusão e o 
respeito às diferenças, já as escolas específicas visam trabalhar diretamente com aquele 
jovem que necessita de melhor atenção em virtude de sua especificidade – como no caso 
das APAE. 
 
A educação Profissional busca inserir o jovem ao mercado de trabalho, como as 
Escolas Técnicas que possibilitam ao aluno uma grade curricular completa do Ensino Médio 
mais uma grade curricular específica para o curso técnico que estejam cursando – como 
 
 
24 Teoria e Prática do Currículo 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
no caso das ETECs e Institutos Federais que fomentam este tipo de ensino. A educação 
escolar para os povos indígenas tem uma normatização muito mais específica com o intuito 
de além de possibilitar o ensino dos conteúdos tradicionais, também respeitar as 
especificidades étnicas de onde as tribos estão localizadas, visto que cada tribo indígena 
tem uma cultura e um dinamismo específicos. 
 
Uma grande crítica existente aos currículos escolares e universitários resultantes 
dessa LDB se dá pela ineficiência em integração entre as disciplinas ministradas que, 
quando trabalhadas isoladamente, deixam de ter um por que aos alunos (como muitas 
vezes escutamos “por que estou aprendendo isso se nunca usarei em minha vida? ” – 
Pergunta essa que os alunos não estão de todos errados ao realizarem). 
 
A qualificação profissional é essencial para que se possa ocorrer uma melhor 
integração dos conteúdos a serem ministrados ao longo do ano letivo e, para isso, as 
reuniões de colegiados são de suma importância para criar uma integração entre as 
disciplinas e haja uma linearidade com o que está sendo proposto na matriz curricular da 
instituição de ensino. 
 
A formação mercadológica, isto é, a voltada ao mercado que aprova o aluno sem 
que de fato tenha conhecimento do conteúdo é prejudicial para a sua formação crítica, mas, 
ao mesmo tempo, uma instituição de ensino pautada na reprovação do aluno ajuda com a 
sua evasão escolar e dificuldade de inserção na sociedade e no mercado de trabalho. 
Portanto, encontramo-nos num momento onde devemos repensar a escola, repensar a 
faculdade e repensar o que buscamos com a nossa profissão. Entenda-se que neste 
momento é de grande importância a realização de uma análise mais profunda sobre a 
elaboração dos currículos escolares e sua empregabilidade na vida do aluno. 
 
Há de se pensar que ser docente não é uma escola de “sou porque gosto de 
crianças” ou “sou porque sempre cuidei das crianças da minha família e tenho paciência 
com elas”. Ser docente é, sobretudo, uma profissão que tem método e metodologia 
específicos para o desenvolvimento educacional dos jovens que estão em sala de aula. É 
o primeiro passo para a criação de uma sociedade mais justa e de qualidade. 
 
 
 
25 Teoria e Prática do Currículo 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
8. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (PCNs) 
 
Objetivo: 
Conhecer o que são os Parâmetros Curriculares Nacionais, para que servem e quais 
seus objetivos frente ao cotidiano escolar. 
 
Introdução: 
A sua elaboração oficial começou em 1995 após diversas instituições de ensino 
elaborar de forma preliminar um documento que servisse de parâmetro para o conteúdo a 
ser ministrado em sala de aula nos anos escolares e universitários, conforme visto no texto 
anterior. O MEC recebeu centenas de propostas que deveriam ser analisadas e para isso 
as separou por áreas específicas e áreas afins. 
 
Seu objetivo é referenciar o professor sobre os temas que devem ser abordados em 
sala de aula conforme a idade da sala (alunos) – ressalta-se, ainda, que referenciar não 
significa obrigar, sim nortear porque as propostas são flexíveis para que o docente aplique 
o conteúdo em sua sala de aula, visto que a realidade de uma escola de Santos é diferente 
de uma escola de outro Estado (ou, até mesmo, de uma escola dentro do próprio município). 
 
Parte-se não do princípio de igualdade, sim de equidade, visto que a igualdade 
compreende todos como iguais e com iguais oportunidades, enquanto a equidade 
reconhece que há diferenças que necessitam ser explicitadas para que haja uma melhor 
política pública como, por exemplo, dois jovens de 12 anos não são iguais quando há 
marcadores das diferenças como as questões sociais, de classe, religião, cultura, raça, 
dentre outros. Portanto, não se busca uma universalização do método e da metodologia do 
ensino, sim uma universalização do acesso à educação respeitando as especificidades 
locais (tanto da região como da sala de aula, afinal de contas todos nós somos diferentes 
uns dos outros). 
 
O respeito aos Direitos Humanos é estruturando dos PCNs e reconhece que o 
princípio da dignidade humana deve ser valorizado em todas as suas diferenças e qualquer 
ataque a isto deve ser imediatamente trabalhado para que não ocorra mais. Portanto, uma 
escola que se abstém de discutir as relações de gênero, diferentes orientações sexuais, os 
diversos tipos de discriminações como as religiosas, raciais, culturais, sociais, políticas 
dentre outras, é uma escola que não segue o documento oficial que normatiza o sistema 
 
 
26 Teoria e Prática do Currículo 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
educacional brasileiro: os PCNs. Como também é uma escola que ajuda a fomentar as 
desigualdades. 
8.1. Sua funcionalidade 
Depois que o professor tem conhecimento sobre os PCN haverá melhores condições 
de aplicar os conteúdos em sala de aula, principalmente quando passa a reconhecer que 
não existe uma metodologia específica e única para todas as escolas, sim que cada escola 
e cada sala de aula requerem metodologias específicas em virtude de ter suas realidades 
diferentes entre si, garantindo que o processo de ensino-aprendizagem seja benéfico. 
 
Este parâmetro nacional conta com a influência dos governos federais, estaduais e 
municipais para que a sua execução seja a melhor possível. Entretanto, muitas vezes 
vemos que a verba destinada não chega a escola ou que é feito mau uso dos recursos 
públicos e, para isso, requer que o docente tenha uma atuação ainda maior com a sua 
profissão. 
 
Muitas escolas adotam o discurso de que alguns determinados temas devem ser 
trabalhados transversalmente por todos docentes o que, na prática, acaba ocorrendo de 
uma forma de que nenhum docente o trabalhe e esteja no Projeto Político Pedagógico da 
escola. É necessário entender que alguns temas são abordados de forma mais gratificante 
quando todos os envolvidos na educação escolar trabalhem juntos e de forma plena. Para 
que tais temas sejam de fato trabalhados, o docente necessita propor reuniões e encontro 
com os professores e fomentar palestras nas escolas convidando especialistas das áreas 
(movimentos sociais e acadêmicos) para dialogar com os alunos. Em conjuntamente com 
a LDB e os PCNs, temos a Constituição Federal que preconiza o direito ao ensino, aos 
conhecimentos e o respeito às diferenças, fazendo com que a escola seja um pilar 
sustentador da formação para a cidadania. 
 
O conjunto das proposições aqui expressas responde à necessidade de referenciais 
a partir dos quais o sistema educacional do país se organize, a fim de garantir que, 
respeitadas as diversidades culturais, regionais, étnicas, religiosas e políticas que 
atravessam uma sociedade múltipla, estratificada e complexa, a Educação possa 
atuar, decisivamente, no processo de construção da cidadania, tendo como metao 
ideal de uma crescente igualdade de direitos entre os cidadãos, baseado nos 
princípios democráticos. Essa igualdade implica necessariamente o acesso à 
totalidade dos bens públicos, entre os quais o conjunto dos conhecimentos 
socialmente relevantes. (Brasil, 1997: 13) 
 
 
27 Teoria e Prática do Currículo 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
O seu uso pode ser feito não apenas em sala de aula como em reuniões e também 
no interesse docente pela formação continuada visto que, enquanto material norteador 
pode propor cursos de extensões e especializações para melhor capacitação e crescimento 
profissional. O material é dividido em 10 volumes onde o docente deve lê-los de acordo 
com sua área de atuação e assim estar melhor preparado para o cotidiano escolar. 
 
Para o Ensino Fundamental, têm-se os seguintes objetivos: 
 
- Compreender a cidadania como participação social e política, assim como 
exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia-a-dia, 
atitudes de solidariedade, cooperação e repudio as injustiças, respeitando o outro e 
exigindo para si o mesmo respeito; 
Posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações 
sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões 
coletivas; 
Conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais, materiais 
e culturais como meio para construir progressivamente a noção de identidade 
nacional e pessoal e o sentimento de pertinência ao País; 
Conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como 
aspectos socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer 
discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de 
sexo, de etnia ou outras características individuais e sociais; 
Perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, 
identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente 
para a melhoria do meio ambiente; 
Desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de confiança em 
suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal 
e de inserção social, para agir com perseverança na busca de conhecimento e no 
exercício da cidadania; 
Conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizando e adotando hábitos saudáveis 
como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com responsabilidade 
em relação à sua saúde e à saúde coletiva; 
Utilizar as diferentes linguagens — verbal, matemática, gráfica, plástica e corporal 
— como meio para produzir, expressar e comunicar suas ideias, interpretar e 
usufruir das produções culturais, em contextos públicos e privados, atendendo a 
diferentes intenções e situações de comunicação; 
Saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir 
e construir conhecimentos; 
Questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de resolvê-los, 
utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de 
análise crítica, selecionando procedimentos e verificando sua adequação. 
(Disponível em http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro081.pdf visualizado em 
04 de fevereiro de 2017) 
 
 
 
28 Teoria e Prática do Currículo 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
9. PRECISAMOS FALAR DAS RELAÇÕES DE GÊNEROS NA ESCOLA 
 
Objetivo: 
Analisar como a escola fomenta a manutenção das discriminações de gênero em 
sala de aula e a necessidade de discutirmos o real papel da escola, conforme os PCNs, 
para que ela seja crítica e forme para a cidadania. 
 
Introdução: 
De acordo com uma recente pesquisa divulgada nos Estados Unidos as meninas 
com 6 anos já se sentem menos inteligente que os meninos, e isso não é diferente no Brasil, 
onde o marcador do gênero é extremamente presente nas atividades escolares que muitas 
vezes excluem meninas de atividades. Conforme as três matérias a seguir2, podemos ver 
como as questões de gênero são essenciais para a discussão em sala de aula. 
 
 
Essas 3 reportagens servem para pensarmos como a escola reproduz os 
estereótipos de gêneros e fomenta o tratamento diferenciado para meninos e meninas, por 
 
2ht tp : / /www1. fo l ha.uo l . com.br /equ i l i b r ioesaude/2017/02/1854691 -meninas -de -6 -anos - j a-nao -se -
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h t tp : / /azm ina.com.br /2017/01/uma -p rofessora -por re ta -e-s uas -a lunas - i nsp i radoras / 
http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2017/02/1854691-meninas-de-6-anos-ja-nao-se-acham-inteligentes-e-desistem-de-atividades.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2017/02/1854691-meninas-de-6-anos-ja-nao-se-acham-inteligentes-e-desistem-de-atividades.shtml
http://azmina.com.br/2017/01/o-professor-disse-que-eu-precisava-de-um-homem-pra-me-colocar-na-linha/
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http://azmina.com.br/2017/01/uma-professora-porreta-e-suas-alunas-inspiradoras/
 
 
29 Teoria e Prática do Currículo 
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meio de um entendimento biodeterministas e uma construção social de que as meninas 
seriam mais frágeis que os meninos e por isso necessitam ser poupadas de algumas 
atividades. Portanto, devemos nos perguntar qual o nosso papel em sala de aula e como 
podemos minimizar as discriminações existentes com o objetivo de fomentar a equidade 
em nossa classe. 
 
Muitos são os professores que afirmam que as exatas são mais fáceis de serem 
aprendidas por meninos – o que justifica a maioria dos alunos de engenharia ser homem – 
e as humanas por meninas – o que justifica termos maior quantidade de meninas nas 
licenciaturas. Justamente por isso que devemos pensar no papel da escola nesta formação 
e como ela compactua para que estas discriminações sociais sejam mantidas também na 
escola. 
 
O ensino diferenciado faz com que muitos sejam excluídos das atividades, cabendo 
ao professor um esforço para que a prática educativa seja igual para ambos os gêneros, 
sem distinção entre as atividades. Afinal de contas, conforme se trabalha na disciplina de 
Ludicidade e Movimento, o corpo necessita ser trabalhado, desenvolvido e (re) conhecido, 
nós, enquanto adultos, atribuímos um valor totalmente diferente daquele atribuído pela 
criança. Nosso olhar, nossa malícia e nosso contexto sociocultural é diferente do discente 
e por isso ele necessita que o ensino não seja diferenciado entre seus pares. 
 
A partir do momento em que a escola determina atividades diferentes entre meninos 
e meninas, ela está fomentando as desigualdades de gênero existentes na sociedade, onde 
a mulher é censurada em demasia e sofre com os machismos diários na escola, na família 
e na sociedade. Logo, cabe a escola e ao professor se esforçar para que essa prática seja 
mitigada. 
 
De acordo com a imagem a seguir, podemos ver como o próprio material escolar 
fomenta a desigualdade de gênero designando o que um menino e uma menina PODEM 
ou não fazer. 
 
 
30 Teoria e Prática do Currículo 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
Não cabe à escola delimitar as performances de gêneros discentes, sim a eles 
mesmos, em suas construções subjetividades, compreenderem o que devem fazer 
conforme se sentem bem e têm curiosidades. Não devemos coibir uma criança de fazer 
aquilo que ela deseja – desde que não fira o princípio do respeito aos Direitos Humanos e 
à Dignidade. Cabe a escola fomentar o diálogo, o debate e o respeito às diferenças. 
 
 
 
 
ALMEIDA, S. A.; ALMEIDA, Jeane Alves de. Currículo e globalização: por uma 
educação além das fronteiras do neoliberalismo. In:IV Jornada Internacional 
de Políticas Públicas, 2009, São Luis. IV Jornada Internacional de Políticas 
públicas. São Luís, 2009. 
 
http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2017/02/1854691-meninas-
de-6-anos-ja-nao-se-acham-inteligentes-e-desistem-de-atividades.shtml 
 
http://azmina.com.br/2017/01/o-professor-disse-que-eu-precisava-de-um-
homem-pra-me-colocar-na-linha/ 
 
http://azmina.com.br/2017/01/uma-professora-porreta-e-suas-alunas-
inspiradoras/ 
 
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei número 9394, 20 
de dezembro de 1996. 
 
SAVIANI, Dermeval. ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO NACIONAL: SISTEMA E 
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, PLANO E FÓRUM NACIONAL DE 
EDUCAÇÃO. In.: Educ. Soc., Campinas, v. 31, n. 112, p. 769-787, jul.-set. 2010 
http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2017/02/1854691-meninas-de-6-anos-ja-nao-se-acham-inteligentes-e-desistem-de-atividades.shtml
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http://azmina.com.br/2017/01/uma-professora-porreta-e-suas-alunas-inspiradoras/
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