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Aula 2 - Aspectos teóricos sobre governo eletrônico

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DESCRIÇÃO
Apresentação dos conceitos de governo eletrônico e dos mecanismos de participação nas
democracias, além da fundamentação e da aplicação do paradigma de “e-governo” no Brasil.
PROPÓSITO
Entender o efeito das ferramentas de governo eletrônico na democracia, as novas formas de
participação da sociedade na política e a importância disso para o aprimoramento da
democracia, assim como o desenvolvimento conjunto de governo eletrônico e de governança
pública.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, certifique-se de ter papel e lápis por perto para
acompanhar o texto e fazer anotações. Você também deverá fazer pesquisas e consultar os
temas trabalhados na internet.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever conceitos de democracia e governança eletrônica
MÓDULO 2
Discutir questões relacionadas à implementação de mecanismos de governo eletrônico no
Brasil e os seus reflexos na democracia representativa
INTRODUÇÃO
Podemos iniciar este tema refletindo sobre um dos grandes dilemas de nossos tempos. Não é
difícil perceber a importância da criação de mecanismos para que os cidadãos se sintam
representados nas democracias.
Uma das melhores formas de se resolver essa questão é incluir dispositivos de democracia
direta para que todos se sintam mais participantes nos processos de tomada de decisão.
As possibilidades colocadas pela inclusão das tecnologias de informação e comunicação
(TICs) nos processos tradicionais do Estado propiciam uma facilitação dessa participação
cidadã.
Contudo, a disponibilização de ferramentas para a interação bilateral entre governo e
sociedade implica uma mudança mais profunda na própria perspectiva do que é a gestão
javascript:void(0)
pública. Veremos neste tema que, a partir dessa reflexão, surge a filosofia do governo aberto, o
qual, por sua vez, se utiliza do eletrônico para se tornar efetivo.
TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO
Expressão que se refere ao papel da comunicação na moderna tecnologia da informação.
As TICs são entendidas como todos os meios técnicos usados para tratar a informação e
auxiliar na comunicação, o que inclui o hardware de computadores, rede e celulares.
MÓDULO 1
 Descrever conceitos de democracia e governança eletrônica
DEMOCRACIA E PARTICIPAÇÃO DA
SOCIEDADE NAS DECISÕES POLÍTICAS
Lancemos um olhar sobre o Brasil na participação social no ciclo das políticas públicas
Em 1988, com a promulgação da Constituição denominada cidadã, consagrou-se a
participação social no ciclo das políticas públicas. Isso significou o aprofundamento da relação
entre o Estado e a sociedade por diversos meios.
 
Fonte: Chinnapong/shutterstock
Nossa Carta Magna estabelece que a participação dos cidadãos não deve se restringir à
escolha de seus representantes por intermédio do processo eleitoral.
Nesse contexto, as TICs desempenham um processo fundamental, pois permitem o
estabelecimento de um novo paradigma no campo da participação política.
Neste módulo, falaremos sobre a democracia direta e representativa, assim como a
representação e accountability democrática.
ACCOUNTABILITY
Termo da língua inglesa que pode ser traduzido para o português como responsabilidade
com ética. Ele nos remete à obrigação e à transparência dos membros de um órgão
administrativo ou representativo de prestar contas a instâncias controladoras ou a seus
representados.
ORIGEM DA DEMOCRACIA
O conceito de democracia nasce em Atenas. Ela é entendida pelos gregos como uma
forma de gestão coletiva, direta e igualitária da coisa pública (no latim, res publica). Na raiz
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do conceito de democracia, estava a profunda e inegociável igualdade entre os cidadãos da
polis (Nome dado às cidades na Grécia Antiga.) .
 
Fonte: Olga Kuevda/Shutterstock
Os habitantes participavam de todas as decisões. Nos casos que exigiam figuras de liderança,
a escolha era realizada por meio de sorteio. Pode até parecer estranho ela não ter sido feita
em uma eleição, mas o entendimento à época era de que um cidadão é tão competente ou
digno quanto qualquer outro.
Ainda que se possa questionar a ausência de mulheres e a exclusão de escravizados e
estrangeiros daqueles que podiam exercer a cidadania, o valor a ser observado neste caso é
o da igualdade.
Vamos entender como isso se desenvolveu.

Com o adensamento dos centros comerciais e a concentração dos indivíduos, a polis, a
cidade-estado grega, foi substituída por grupos muito maiores de indivíduos. Com isso, foram
sendo estabelecidas as primeiras iniciativas, que podem ser chamadas de Estado moderno.
A noção de participação efetiva nos rumos do Estado não era mais uma prioridade, já que o
pensamento passava a ser a separação de poderes. Afinal, era importante limitar o quanto o
Estado poderia restringir a liberdade dos indivíduos.


E é nesse contexto de valorização da liberdade que surge a demanda por participação na
direção do Estado, ou seja, a representação política (mesmo que mínima). Mas não pense
que, atrelado a esse desejo, adveio a perspectiva de igualdade entre os cidadãos. A ideia era
incluir apenas os indivíduos que gozassem de posses, especialmente de terras, no processo
decisório.
Desse modo, a instituição do voto e da representação política nasceu como uma forma de
estabelecer uma distinção entre diferentes pessoas. Votar e ser votado não são direitos – e sim
privilégios.
A experiência grega foi atípica na maior parte da história humana. Somente muito tempo
depois a democracia seria retomada como valor.
Como os agrupamentos humanos se adensaram e a representação passou a ser um critério
para a escolha de representantes, a democracia representativa se tornou o principal paradigma
dos estados contemporâneos. Vemos, assim, que o fundamento dela é a igualdade de todos e
que suas bases da representação estão fincadas na distinção de alguns.
Portanto, é necessário observar que a associação entre a democracia e a representação é
— no seu fundamento mais profundo — paradoxal.
Como podemos garantir a igualdade se alguns têm mais direitos do que outros?
 
Fonte: Arthimedes/shutterstock
CONCEITO
Podemos definir democracia como um conjunto de regras de procedimento para a formação de
decisões coletivas em que está prevista e facilitada a participação mais ampla possível dos
interessados.
Em uma democracia representativa, essas regras devem definir quem tem o direito de
participar na tomada de decisão em nome da coletividade e os processos a serem adotados
para isso.
Como apontamos, a relação entre democracia e representação é paradoxal. Sua
operacionalização oferece a questão de decidir quem deve participar diretamente das
decisões. Elas, afinal, serão tomadas por um número limitado de pessoas – e cada uma delas
tem o poder de atingir a todos os membros de uma coletividade.
Vamos entender isso melhor?
 
Fonte: Lucasmello/Shutterstock
Pense, por exemplo, na política econômica definida pelo governo federal: algumas poucas
pessoas tomam as decisões. Em particular, o Presidente da República, que escolhe o ministro
da economia, o presidente do Banco Central e os demais responsáveis pela condução dessa
política.
A própria população escolhe o Presidente da República a cada quatro anos. Mas como é
possível acompanhar seu trabalho e, em alguma medida, participar – ainda que de forma
indireta – das decisões nesse período?
Enquanto mecanismo de participação, a democracia representativa tem sido questionada em
termos de seu alcance. A diminuição do comparecimento eleitoral é uma consequência de um
desânimo generalizado com a política, sendo um resultado de a participação indireta não ser o
suficiente.
Em outras palavras, podemos dizer que os indivíduos não têm incentivos para participarem
politicamente, já que não se sentem ouvidos somente escolhendo os representantes que
tomarão as decisões em seu nome.
Mas, afinal, como é possível aprofundar a relação entre cidadãos e representantes?
Uma das formas de aprofundar essa relaçãoé por meio do controle social (também chamado
de accountability). Esse conceito engloba desde os elementos tradicionais — como o voto nas
eleições — até os mecanismos para a inclusão dos cidadãos de forma direta no ciclo das
políticas públicas.
Os instrumentos de accountability são, portanto, aqueles que oferecem transparência e
possibilitam o monitoramento e a avaliação das políticas públicas por parte dos órgãos
de controle e da própria população. Ou seja, eles estimulam o controle social.
Desse modo, a transparência e o acesso à informação passam a ocupar um papel central
no processo de se conferir legitimidade à democracia. Por isso, houve euforia na primeira
geração de estudos sobre o potencial transformador da internet: ela permitiria alcançar os
ideais da democracia direta.
Já em um segundo momento, o debate se aprofundou; com isso, o foco se voltou para formas
e mecanismos pelos quais o setor público e a sociedade interagem a partir dos meios
eletrônicos e, assim, fortalecem a democracia.
A democracia digital corresponde ao uso da TIC com o propósito de fortalecer a
democracia, facilitando e ampliando a participação popular.
Vê-se contemplada aí a oferta eletrônica de iniciativas, como, por exemplo:
 
Fonte: Nattanan Zia/Shutterstock
FÓRUNS DE DEBATE
 
Fonte: Day Of Victory Studio/Shutterstock
CONSULTAS À POPULAÇÃO
 
Fonte: FOTOGRIN/Shutterstock
REFERENDOS
 
Fonte: Joa Souza/Shutterstock
VOTAÇÕES
 
Fonte: fizkes/Shutterstock
PROCESSOS DECISÓRIOS
 ATENÇÃO
Referendos
Após a aprovação de uma política, o governo pode submetê-la à avaliação da população, que,
por sua vez, pode mantê-la ou rejeitá-la.
Esses exemplos funcionam como instâncias adicionais de participação, e não como
substitutos de formas tradicionais de se consultar a população, como, por exemplo, conselhos,
conferências e audiências públicas.
CONSELHOS
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É comum que o poder público forme conselhos com representantes da sociedade sobre
algum tema. Por exemplo, uma prefeitura pode convidar artistas da cidade para
participarem de um conselho municipal sobre cultura.
E-PARTICIPAÇÃO
Há, como sabemos, diversos dilemas estabelecidos pela associação da democracia com a
representação. Isso gera consequências na legitimidade democrática, como crenças, valores,
sistema social e reconhecimento de uma estrutura de poder.
A par disso, a Organização das Nações Unidas (ONU) propôs um índice de “e-
participação”. Ele é, de acordo com o critério da forma de participação eletrônica dos
cidadãos, formado por três estágios: e-informação, e-consulta e e-decisão.
A figura a seguir estabelece um esquema visual da evolução desses estágios:
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS
A ONU é uma organização internacional que busca promover uma cooperação entre
países. Ela foi fundada no final da Segunda Guerra Mundial.
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Fonte: (DIAS; SANO; MEDEIROS, 2019, p. 19)
 Figura 1 - Dimensões integradas da e-participação
Como podemos observar na figura, quanto maior o grau de maturidade da relação entre a
sociedade e o governo, maior será a participação dos cidadãos na tomada de decisões.
Vamos falar um pouco sobre cada uma dessas categorias!
E-INFORMAÇÃO
É o estágio inicial da relação ente o Estado e a sociedade. Nesta fase, ocorre a
disponibilização de dados, documentos e informações sobre o governo e suas ações.
Os cidadãos podem apenas acessar os materiais que o poder público decidir disponibilizar e na
forma como eles forem ofertados: o canal de comunicação é unidirecional. É aqui que entra o
elemento-chave “transparência governamental”, sem o qual o exercício do controle social não
seria possível.
E-CONSULTA
Segundo estágio da e-participação, a e-consulta, diferentemente do primeiro, se refere a um
relacionamento bidirecional entre o Estado e a sociedade. Neste caso, o governo toma a
iniciativa de realizar as consultas à população, definindo, assim, as questões e o formato de
sua realização.
 
Fonte: brushpiquetr/shutterstock
Ele também incentiva os cidadãos a participarem do processo. Advindas dos mais diferentes
mecanismos de consulta, as sugestões recebidas pelos governos podem servir de auxílio para
a tomada de decisão. Portanto, não precisa haver a obrigatoriedade de se incorporá-las.
Caberia ao governo solicitante, no entanto, dar um retorno aos colaboradores e comunicar se
as sugestões, as críticas ou os comentários foram analisados e incorporados ou não,
justificando as decisões.
Se não o fizerem, correm o risco de desestimular o uso dos mecanismos de consultas
eletrônicas. As petições eletrônicas, por exemplo, são de iniciativa popular; no entanto, elas
precisam ser inicialmente recebidas pelo governo, que, em seguida, poderia dar sequência ao
seu processamento.
E-DECISÃO
Esta categoria, assim como a do estágio anterior, também é bidirecional. Ela implica a
participação ativa dos cidadãos no ciclo das políticas públicas, ou seja, no desenho, na
definição, no monitoramento e na avaliação delas.
Para isso, é preciso que haja um relacionamento de confiança e alguma maturidade tanto do
Estado quanto da sociedade para o estabelecimento de uma parceria entre os atores.
 
Fonte: Graphic farm/shutterstock
A participação aqui também pode utilizar os mesmos mecanismos das consultas. A diferença
está no peso da opinião dos cidadãos: elas não são apenas sugestões, mas também tarefas
que devem ser implementadas. A participação popular tem um peso nessa dinâmica.
O quadro a seguir apresenta exemplos práticos de mecanismos de participação em três
dimensões apresentadas (informação, consulta e decisão) nas instâncias tradicional e de
governo eletrônico.
Como veremos, a premissa permanece a mesma: é preciso aprofundar a democracia no
sentido de abrir mais canais para o recebimento e a inclusão de sugestões dos cidadãos no
ciclo das políticas públicas.
A diferença é que o governo eletrônico oferece novas possibilidades de se realizar esse
controle social. É muito importante observar que essas oportunidades vêm se somar ao rol de
mecanismos de democracia direta, e não para substituir os meios tradicionais analógicos já
existentes.
Dimensão Características
Mecanismos
tradicionais
Mecanismos de e-
participação
Informação Relação Correios, Sítios eletrônicos,
unidirecional na qual
o governo produz 
e disponibiliza
informações à
sociedade.
centros 
de informação,
serviços
telefônicos,
feiras, eventos
e meios
massivos de
comunicação
etc.
fóruns, blogs, redes de
comunidades, dados
abertos, mecanismos
de buscas etc.
Consulta
Relação bidirecional
na qual o governo
realiza consultas 
e incentiva a
participação popular.
Pesquisas de
opinião,
audiências
públicas,
oficinas,
seminários,
consultas
públicas etc.
Mecanismos
tradicionais na versão
eletrônica, gestão de
queixas, chats, grupos
focais, redes sociais,
petições eletrônicas
etc.
Decisão
Relação bidirecional
baseada na
cooperação
interativa, em que os
cidadãos se
envolvem em
processos
deliberativos.
Conferências
setoriais,
orçamento
participativo,
conselhos
gestores de
políticas
públicas etc.
Mecanismos de e-
consulta que
contemplem
processos
deliberativos.
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Quadro: Dimensões, características e exemplos da participação tradicional e eletrônica.
Fonte: (DIAS; SANO; MEDEIROS, 2019, p. 16)
Como se pode depreender deste quadro, já havia instrumentos de participação “analógicos”
nas três dimensões de participação mesmo antes das possibilidades colocadas pelas TICs.
Quanto ao canal unilateral de fornecimento de informação, os governos utilizavam meios
tradicionais para informar a população: correios, serviços telefônicos e anúncios impressos. O
próprio Diário Oficial da União servia — e ainda serve — para transmitir as principais
comunicações de acontecimentos no âmbito da administração pública federal.
Essa dinâmica informativa do governoé reproduzida em sítios eletrônicos que disponibilizam
informações de procedimentos, mecanismos de buscas dentro dos portais e redes de
comunidade.
DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO
Jornal oficial do governo federal do Brasil, o Diário Oficial é o documento no qual as
ações e as decisões governamentais são publicadas para conhecimento da sociedade.
FAÇAMOS UMA PAUSA PARA PODERMOS
REFLETIR. NESSE CONTEXTO, RESPONDA:
VOCÊ CONHECE ALGUM CANAL DE E-
INFORMAÇÃO?
RESPOSTA
RESPOSTA
Um exemplo de canal de e-informação é o da Defesa Civil do Distrito Federal, que criou
um serviço de disparo em massa de mensagens SMS. O cidadão pode se cadastrar e, a
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javascript:void(0)
partir daí, ser notificado sobre informações importantes de sua região, como, por
exemplo, condições climáticas extremas e queimadas próximas a centros urbanos.
Da mesma forma, antes de haver ferramentas de e-participação na dimensão da
consulta, já existiam outros mecanismos.
Por exemplo, quando se queria saber o que a população achava sobre determinada questão, o
poder público poderia realizar pesquisas de opinião, além de agendar e fazer convites para
uma audiência pública, oficinas, seminários ou consultas públicas. Ele, inclusive, ainda o faz.
A partir de uma perspectiva de e-participação, todavia, é possível reproduzir esses
mecanismos tradicionais na versão eletrônica por meio da gestão de queixas, chats, grupos
focais, redes sociais e petições eletrônicas.
Ainda que a consulta já represente uma relação bidimensional, a dimensão da decisão é a
mais importante, pois somente nela é possível vincular o posicionamento do cidadão aos
resultados no ciclo de políticas públicas. Isso significa dizer que a relação bidirecional, neste
caso, é baseada na cooperação interativa: os cidadãos se envolvem de fato e de maneira
efetiva em processos deliberativos.
Como nas outras duas dimensões, já havia inciativas em funcionamento antes da e-
participação. Um exemplo tradicional disso é o orçamento participativo. Tal modalidade é um
mecanismo governamental que possibilita aos cidadãos influenciarem ou decidirem acerca dos
orçamentos públicos das prefeituras para assuntos locais.
São realizadas reuniões para debate e deliberação nas comunidades a fim de se decidir como
deve ser gasta uma parcela do orçamento municipal. Os resultados costumam ser obras de
infraestrutura, saneamento e serviços. A iniciativa surte excelentes resultados, porque os
cidadãos têm de lidar com diversas demandas e um orçamento limitado, o mesmo que ocorre
com a administração pública.
Ainda nessa dimensão dos mecanismos tradicionais de participação, é possível incluir as
conferências setoriais e os conselhos gestores de políticas públicas. Essas iniciativas envolvem
e criam espaços para deliberações entre especialistas nas respectivas áreas e cidadãos
comuns que querem participar e se envolver nas decisões de determinados temas.
É possível citar algumas dessas conferências:
Conferência Nacional de Saúde;
Conferência Nacional de Cultural;
Conferência Nacional de Juventude;
Conferência Nacional de Educação;
Conferência Nacional das Cidades;
Conferência Nacional de Meio Ambiente.
Todas essas iniciativas são facilitadas pelos mecanismos de e-participação. No entanto,
há várias outras: pesquisa sobre elas!
CONCEITOS DE DEMOCRACIA E
GOVERNANÇA ELETRÔNICA
Neste vídeo, abordaremos os conceitos de democracia e governança eletrônica.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1) ASSINALE A ALTERNATIVA QUE REPRESENTE DA MELHOR FORMA A RELAÇÃO
ENTRE DEMOCRACIA, REPRESENTAÇÃO, IGUALDADE E LIBERDADE.
A) A representação surge antes da democracia e tem como princípio a ampla participação de
todos.
B) A democracia tem como princípio a distinção, ou seja, alguns indivíduos são mais capazes e
aptos a deliberar sobre a direção do Estado.
C) Em sua origem, a representação e o voto nascem como um privilégio para poucos, e não
como direito de todos.
D) Tanto a democracia quanto a representação têm como base, em sua origem, o princípio da
igualdade.
E) Toda democracia prevê a participação igual de todas as pessoas nas decisões políticas.
2) A ONU PROPÔS UM ÍNDICE DE E-PARTICIPAÇÃO FORMADO POR TRÊS ESTÁGIOS
DE ACORDO COM O CRITÉRIO DA FORMA DE PARTICIPAÇÃO ELETRÔNICA DOS
CIDADÃOS. A RESPEITO DESSAS ETAPAS, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA.
A) Em ordem crescente de maturidade, confiança e participação: e-informação, e-consulta e e-
decisão.
B) Em ordem crescente de maturidade, confiança e participação: e-consulta, e-informação e e-
decisão.
C) Em ordem crescente de maturidade, confiança e participação: e-decisão, e-informação e e-
consulta.
D) Em ordem crescente de maturidade, confiança e participação: e-informação, e-decisão e e-
consulta.
E) Em ordem decrescente de maturidade, confiança e participação: e-informação, e-
democracia e e-avaliação.
GABARITO
1) Assinale a alternativa que represente da melhor forma a relação entre democracia,
representação, igualdade e liberdade.
A alternativa "C " está correta.
Antes de ser associada à democracia, a representação política nasce como uma forma
aristocrática de tomada de decisão.
2) A ONU propôs um índice de e-participação formado por três estágios de acordo com o
critério da forma de participação eletrônica dos cidadãos. A respeito dessas etapas,
assinale a alternativa correta.
A alternativa "A " está correta.
O estágio de e-informação é uma via de mão única em que o governo apenas disponibiliza
informações à sociedade. Trata-se de uma relação de pouca maturidade e participação: à
medida que ambas aumentem, o poder público passa a ouvir a população (e-consulta) e, ao
final, pode até mesmo delegar algumas decisões para a sociedade (e-decisão).
MÓDULO 2
 Discutir questões relacionadas à implementação de mecanismos de governo
eletrônico no Brasil e os seus reflexos na democracia representativa
GOVERNANÇA E INOVAÇÃO NO SETOR
PÚBLICO
A participação de diversos atores na formulação de políticas públicas resulta na questão da
governança eletrônica. Em termos gerais, podemos dizer que os governos, a sociedade civil
e o setor privado trazem subsídios para a tomada de decisão e os rumos do Estado.
A governança, portanto, é conceituada como a forma com que os múltiplos atores
presentes na sociedade interagem para definir, implementar, monitorar, alterar e avaliar
políticas públicas.
Sendo assim, ela diz respeito à forma como o poder é exercido e compartilhado. Entende-se
que as decisões não cabem unicamente ao governo ou a seus representantes políticos,
detentores de cargos eletivos. Elas precisam envolver diferentes atores sociais, econômicos e
políticos.
 
Brastock/shutterstock
De forma mais simplificada, podemos dizer que a governança diz respeito a como algo é feito,
e não à maneira como isso ocorre, ou seja, se ela é justa, eficaz ou eficiente.
 
Daniel M Ernst/shutterstock
Uma boa governança deveria englobar o seguinte conjunto de características: transparência,
accountability, integridade, honestidade, imparcialidade, eficácia, eficiência e equidade.
 
Wallace Teixeira/shutterstock
A participação do maior número possível de cidadãos é um fundamento do conceito de boa
governança, o que reforça a legitimidade dos resultados alcançados e da democracia
participativa.
É preciso destacar ainda a importância de se aumentar a participação de negros, mulheres e
outros grupos até então alijados dos processos decisórios.
A e-governança não significa a simples transposição de mecanismos offline para o mundo
eletrônico. No uso das ferramentas da TIC nos governos, ela pode modificar as bases ou os
processos de governança que não seriam possíveis sem essas ferramentas eletrônicas.
Trata-se, portanto, da criação de novas estruturas de governança ou processos que, até o
momento, não eram possíveis sem elas – especialmente na internet. Ela também está
relacionada com a busca pelo engajamento dos diferentes atores em um processo de produção
conjunta deserviços públicos.
O conceito de e-governança, além disso, se refere ao uso de tecnologias para se posicionar o
governo em uma rede externa com o cidadão e outros stakeholders a fim de que eles possam
cooperar na produção de políticas e serviços públicos.
Esse debate está inserido no contexto das sociedades da informação e em rede. Ou seja,
integra-se à noção de uma estrutura social baseada na TIC e nas redes de comunicação digital
que geram, processam e distribuem conhecimento acumulado nos nós das redes.
A perspectiva da organização em redes não é nova. Mas as expansões da TIC e da internet
potencializam a perspectiva da organização em redes para todos os campos da nossa vida
social, inclusive o político.
Não se pode perder de vista o desafio da exclusão digital no desenvolvimento e na realização
da e-democracia e da e-governança. Essa exclusão pode ser ocasionada por diversos fatores,
como, por exemplo, dificuldade de acesso a ferramentas tecnológicas e à própria internet, falta
de familiaridade ou capacitação para atuar no contexto digital e questões de gênero, idade e
classe.
STAKEHOLDERS
Encontrado frequentemente, o termo original em inglês descreve os interessados em
determinada atividade. Por exemplo, se o governo considera a construção de um centro
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cultural, alguns de seus stakeholders são os vizinhos, os artistas, as agências de turismo
que podem se beneficiar e assim por diante.
Como é possível resolver esses dilemas?
Para resolvê-los, é necessário estabelecer uma série de inovações no setor público e buscar
novos caminhos. Essas novidades podem ser definidas como uma ideia, prática ou objeto
que seja percebido como novo por um indivíduo ou outra unidade adotante.
ALÉM DISSO, ELAS TAMBÉM SÃO NOVAS
IDEIAS QUE FUNCIONAM. HÁ DUAS
CONDIÇÕES SUFICIENTES E NECESSÁRIAS
PARA FORMAR ESSA DEFINIÇÃO:
RESPOSTA 1 RESPOSTA 2
RESPOSTA 1
A novidade, ou seja, as ideias que serão adotadas podem já ter sido realizadas em
outros âmbitos, mas elas ainda são novas para a instância que as implementará.
RESPOSTA 2
Ela precisa funcionar, ou seja, sua adoção deve trazer melhorias em relação à condição
anterior, gerando, com isso, ganhos de eficácia, eficiência ou qualidade.
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Uma vez satisfeitas essas duas condições, é possível estabelecer a classificação das seis
categorias de inovação quanto ao tipo no setor público. Listaremos tais categorias a seguir e
apontaremos e suas respectivas características:
INOVAÇÃO EM SERVIÇOS
Corresponde a uma nova função ou melhoria na qualidade das categorias já existentes.
Exemplo: um cidadão pode usar uma carteira de motorista digital para substituir o documento
físico.
INOVAÇÃO NA ENTREGA DOS SERVIÇOS
Novas formas de se fornecer um serviço público já existente. Exemplo: o agendamento online
de entrega de documentos para a emissão da carteira de motorista.
INOVAÇÃO ADMINISTRATIVA
Mudanças na organização que podem ocorrer nas suas rotinas ou estruturas. Exemplo: nova
forma de se organizar o trabalho interno no Detran, órgão responsável por emitir carteiras de
motorista.
INOVAÇÃO CONCEITUAL
Desenvolvimento de novas visões sobre um tema que desafiam os conceitos existentes sobre
os quais produtos, serviços e processo organizacional se baseiam. O exemplo mais famoso
das últimas décadas está fora do setor público: é o iPhone da empresa Apple.
INOVAÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS
Alterações nas políticas públicas em função de um processo de aprendizado (policy learning)
ou fruto de uma inovação conceitual. Exemplo: disponibilização de serviços para portadores de
smartphones.
INOVAÇÃO SISTÊMICA
Formas novas ou aprimoradas de interação com outras organizações e fontes de
conhecimento. Exemplo: fechamento de grande parte das agências de um banco público, pois
a relação com o cliente será feita por meio de aplicativos de celular.
Ainda sobre a inovação na administração pública, também é possível dividi-la em três
categorias quanto ao grau de inovação das iniciativas:
1. INOVAÇÃO INCREMENTAL
Muito dificilmente haverá êxito ao se mudar a forma como as organizações se estruturam ou se
relacionam entre si. No entanto, inovações do tipo são fundamentais para a melhoria paulatina
na qualidade dos serviços públicos e sua adaptação às necessidades específicas de cada
localidade.
Alguns exemplos deste tipo de inovação são as ferramentas baseadas na TIC, já que elas
permitem a organização de procedimentos administrativos e financeiros internos de uma
repartição pública.
2. INOVAÇÃO RADICAL
A inovação aqui se dá em duas frentes: novos serviços são desenvolvidos, ou são
fundamentalmente estabelecidas novas formas de se organizar ou entregar um serviço.
Contudo, a dinâmica do setor permanece a mesma.
Nesse rol, estão os serviços online de pagamento de impostos e educação a distância. Essas
inovações resultam em uma melhoria significativa na performance do serviço, alterando
inclusive as expectativas dos usuários.
3. INOVAÇÃO TRANSFORMACIONAL
A inovação transformacional, em geral, surge quando se adotam novas tecnologias capazes de
transformar setores. Elas dão origem a diferentes estruturas de trabalho, tipos de organizações
e relacionamentos entre organizações, além de uma melhoria substancial na performance.
O advento da TIC é visto como um potencial facilitador e indutor deste tipo de inovação.
O conceito de e-democracia carrega em si mesmo a perspectiva de uma inovação
sistêmica e transformacional que pode ser mais bem colocada neste termo: e-
democracia radical.
Isso ocorre por conta das expectativas geradas em termos de alargamento e aprofundamento
dos desenhos da interação entre o Estado e a sociedade, pois existe o potencial de levar à
democracia direta em substituição à representativa.
A democracia digital, além disso, pode ser considerada uma inovação conceitual, pois ela
passa a considerar a relação entre Estado e sociedade a partir de um novo prisma.
Entendemos que essa mudança se dá a partir da migração de um modelo com maior
predomínio do governo para uma visão online. Nesta visão, a sociedade teria maior
protagonismo e capacidade de influência no ciclo das políticas públicas.
Todavia, para que as inovações conceituais se convertam em mudanças nas políticas
públicas, gerando, como consequência desse processo, modificações transformacionais na
relação entre o Estado e a sociedade, seria necessária a preparação de políticas especificas
voltadas para isso. Além disso, também é preciso desenvolver ferramentas que possibilitem o
exercício dessa nova forma de relação.
O aumento dos estudos e das aplicações baseadas em TIC para fomentar a interação entre o
Estado e a sociedade criou uma área de inovações. Ela está destacada no quadro a seguir:
Tipo de interação Características
E-acessibilidade
Tornar a e-participação possível para pessoas com
deficiências.
E-ativismo
Atividades políticas ou manifestações com origem na
sociedade.
E-campanhas Campanha política por meios eletrônicos.
E-comunidade Uso da TIC pela comunidade com foco na política.
E-consultas
Consultas públicas realizadas pelo governo por meios
eletrônicos.
E-decisão Processos decisórios com uso da TIC.
E-deliberação Processo participativo de debate em canais eletrônicos.
E-inclusão
Tornar a e-participação possível para pessoas excluídas
digitalmente.
E-petição Petições eletrônicas de iniciativa popular.
E-política Participação eletrônica em partidos ou grupos políticos.
E-pesquisas Pesquisas de opinião.
E-regras
Participação eletrônica na formulação ou promulgação de
leis e normas.
E-votação Votação eletrônica.
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Quadro: Campo de inovações na relação entre o Estado e a sociedade baseada na TIC.
Fonte: (SANFORD; ROSE, 2007, p. 406-421)
Desse modo, a inovação não pode ser entendida como uma nova forma de se abordar um
mesmo problema mais eficiente que a anterior. Ela sequer precisa envolvernecessariamente
tecnologia, ainda que isso certamente facilite quaisquer iniciativas inovadoras.
Um dos elementos que não pode ser desconsiderado na adoção do governo eletrônico no
Brasil é a concomitante migração para o modelo de gestão denominado “nova governança
pública”. Falaremos sobre ele adiante.
NOVA GOVERNANÇA PÚBLICA
A nova governança pública estabelece as novas bases de accountability do governo aberto.
Esse estilo de gestão se caracteriza por um conjunto de reformas na estrutura do Estado no
sentido de melhorar os processos organizacionais e de levar à efetividade da gestão pública.
Entre suas medidas, estão:
Redução do tamanho do setor público e descentralização organizacional.
Desestatização associada a um movimento de concepção das agências — organizações
autônomas que se vinculam a estruturas centrais mediante um sistema de confiança e de
responsabilidade política.
Desburocratização e a gestão por competência.
Clientelização, imprimindo a ideia de clientes do serviço público, para a população
demandante – e não apenas a de usuário.
Implementação de instrumentos de avaliação permanente dos serviços prestados e do
desempenho de servidores.
Ações que contribuam para mudanças culturais dentro do serviço público.
Somente sobre as bases da inovação e da nova governança pública foi possível a formulação
do conceito de governo aberto. Sua definição não está baseada em uma nova tecnologia, e sim
em uma filosofia de governo na qual o Estado e os cidadãos atuam em conjunto na
administração pública, buscando a criação de valor público e trazendo resultados mais
efetivos.
Dessa forma, essa perspectiva de governo oferece critérios normativos para a relação entre o
Estado e a sociedade. Ela busca incentivar a adoção de iniciativas, como, por exemplo:
1
Introdução de TICs que permitam uma interação fluida e comunicação de via
de mão dupla entre o Estado e os cidadãos.
2 Disponibilização de dados e canais de interação e diálogo com os cidadãos.
3
Uso da abertura desses novos canais participativos para o efetivo
envolvimento dos atores interessados na iniciativa pública.
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
O governo aberto propõe uma nova postura da administração pública. São prezados nela os
seguintes pontos:
Acesso à informação
A transparência e o acesso à informação como direitos humanos.
Reutilização da informação
A possibilidade de reutilização da informação do setor público (dados abertos).
Participação do cidadão
A contribuição para o fortalecimento da participação do cidadão.
Espaços colaborativos
O favorecimento à geração de espaços colaborativos para a cocriação e a coprodução de
valor público.
Sobre o termo governo aberto, devemos frisar ainda que ele se refere a toda estrutura de
poderes do Estado. Assim, seria mais adequada a expressão Estado aberto.
Esta é a linguagem das Ciências Sociais latino-americanas por abarcar também os poderes
Judiciário e Legislativo, além de outras instâncias do aparato estatal, incluindo as empresas
públicas, os organismos descentralizados e os entes públicos não estatais.
O movimento em prol do governo aberto ganhou força após a reunião de oito países: Estados
Unidos, Brasil, México, África do Sul, Filipinas, Indonésia, Noruega e Reino Unido. Eles
instituíram um pacto para a propagação de iniciativas bem-sucedidas de abertura no
governo.
A partir daí, no ano de 2011, nasceu a Aliança para Governo Aberto (AGA) ou, em inglês,
Open Government Partnership (OGP).
A partir da OGP, o governo aberto baseia-se em quatro princípios:
1) Melhorar a disponibilidade das informações a respeito das atividades do governo para todos
os cidadãos.
2) Apoiar a participação cívica.
3) Implementar os mais altos padrões de integridade profissional nas administrações.
4) Favorecer o acesso a novas tecnologias que facilitem a abertura e a prestação de contas.
Apesar da diversidade conceitual, atribui-se, de maneira convergente, que os princípios do
governo aberto devem pautar-se por uma filosofia de governo norteada por valores. Nesse
sentido, a transparência, a participação e a colaboração são os três pilares que sustentam
tal proposta.
Devemos ressaltar que existem duas categorias de transparência em relação à iniciativa: a
passiva e a ativa.
A transparência passiva é caracterizada pela necessidade de o cidadão solicitar a informação
para que, em seguida, o poder público a disponibilize. Assim, por exemplo, caso um jornalista
queira fazer uma matéria sobre os salários de servidores de determinado órgão de governo, ele
precisará fazer uma solicitação e aguardar a resposta.
Já a ativa ocorre quando a informação já está disponibilizada no sítio eletrônico sem que ela
precise ser solicitada. No exemplo anterior, o jornalista não precisaria fazer a solicitação: ele
apenas acessaria o sítio do órgão em questão e poderia visualizar as informações de que
precisa para fazer sua análise e escrever sua matéria.
Outro aspecto fundamental é a forma pela qual a informação é disponibilizada, ou seja, a
transparência quanto à disponibilidade de conteúdo. Neste caso, ela pode ser opaca ou
clara.
No primeiro caso, as informações estão disponíveis, mas os dados estão dispersos e são de
difícil compreensão, visualização e reutilização. Tal forma dificulta o controle.
Quando a transparência é clara, os dados estão disponibilizados de maneira que facilite
a reutilização e torne mais fácil o controle cidadão.
Voltando ao exemplo do jornalista e assumindo que o órgão em estudo esteja exercendo a
transparência ativa porém opaca, os dados estariam distribuídos em uma série de
documentos em forma de texto e sem uma possibilidade de edição (caso de um arquivo
PDF, por exemplo). Neste caso, o jornalista teria de abrir um por um para acessar as
informações de que precisa.
 
Fonte: Mangostar/Shutterstock
Se a transparência ativa prezasse pelo controle cidadão amplo e irrestrito, ela disponibilizaria a
informação de forma clara. Isto é, o faria em uma planilha editável e de fácil consulta para que
nosso jornalista pudesse acessar os dados de forma agregada e tirar conclusões a respeito do
tema que procura.
A filosofia proposta pelo governo aberto objetiva uma transparência ativa e clara a fim de
aprofundar a relação entre o Estado e a sociedade. Dessa forma, aumentam-se os
mecanismos e as possibilidades de exercício da democracia de forma direta.
A representação política permanece, mas passa a conviver com outras formas de interação
entre o Estado e a sociedade. Elas, aliás, surgem a partir das novas possibilidades
inauguradas pelas TICs.
Por isso, o conceito de governo aberto engloba a participação cidadã para realizar a eficácia, a
eficiência, a efetividade e a criação de valor público por parte do governo. Entre suas
premissas e práticas, está o governo eletrônico.
Reside aí a diferença entre os conceitos de governo eletrônico e aberto, mesmo que eles
sejam semelhantes e tenham vários pontos de contato.
 ATENÇÃO
Enquanto o governo eletrônico descreve uma série de práticas e mudanças
procedimentais, o aberto se concentra na mudança de valores e busca repensar
procedimentos e dogmas das administrações públicas e dos governos.
Sendo assim, para que ocorra a implementação do governo aberto, algumas mudanças são
fundamentais:
CULTURAL
A implementação do governo aberto não será possível se a administração pública e seus
executores não reconhecerem o papel central do cidadão. Uma perspectiva que enxergue os
cidadãos como receptores das políticas públicas, e não como participantes efetivos das
decisões, torna impossível uma transição para o governo aberto.
DE PROCEDIMENTOS OFERECIDOS
Uma vez modificada a cultura e tendo em consideração as facilidades oferecidas pela
variedade de TICs disponíveis, é preciso mudar também a forma como os procedimentos são
oferecidos e buscar padrões de oferta de serviços públicos mais próximos daqueles
observados nainiciativa privada. Essas modificações permitirão o aperfeiçoamento do valor
público sob a ótica do cidadão.
DA ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO
Outro passo fundamental é a eliminação das disfunções burocráticas e dos resquícios de
perspectivas inteiramente analógicas, como protocolos, prazos exagerados, exigência de
documentação desnecessária ou de originais. Dessa forma, é possível ampliar a eficiência, a
eficácia, a efetividade e a entrega de valor público sob a ótica do cidadão.
DAS FORMAS DE RELAÇÃO
Trata-se da aproximação e da promoção de um verdadeiro diálogo com os cidadãos pelos
vários meios de interlocução possíveis. A comunicação é uma via de mão dupla. Por isso
mesmo, a partir do momento em que o órgão passa a disponibilizar um canal de acesso, é
preciso que também se construa uma estrutura interna para processar as solicitações e
considerá-las efetivamente. Essa será a forma de evitar canais inócuos que gerem uma
desconfiança dos cidadãos pelas instituições.
No Brasil, a filosofia do governo aberto e as possibilidades colocadas pelo governo eletrônico
resultaram em algumas modificações nas instituições de Estado. Elas vieram do Poder
Legislativo graças a modificações na legislação que passaram a estabelecer novas obrigações
para o próprio poder público.
O Poder Judiciário, em resposta, passou a disponibilizar ferramentas de comunicação. Além
disso, também é preciso ressaltar iniciativas vindas dos órgãos de controle, como, por
exemplo, Controladoria-Geral da União, Tribunal de Contas da União e Ministério Público
Federal.
Veremos agora uma lista das iniciativas particularmente importantes:
1
2
3
4
5
6
1
Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, conhecida como Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF). Ela propõe, no aspecto do governo aberto, a ampliação da transparência.
A LRF se torna então uma das primeiras normas de vigilância no Brasil. Neste momento, ainda
sob o prisma de uma transparência passiva, os órgãos seriam obrigados a responder quando
demandados e teriam prazos para tanto.
2
Abertura em 2004 do Portal da Transparência do governo federal. Isso possibilitou ao
cidadão brasileiro o acesso a informações, como, por exemplo, dados sobre os gastos
realizados pelo próprio governo federal em compras ou contrato de obras e serviços e sobre os
recursos públicos federais repassados pelo ente a estados, municípios e Distrito Federal, além
daqueles enviados diretamente ao cidadão.
 Mais tarde, no ano de 2010, o portal passou a oferecer as informações em tempo real,
assumindo, assim, uma postura chamada de transparência tempestiva.
3
Lei Complementar no 131, de 27 de maio de 2009, conhecida como Lei Capiberibe. Ela
acrescentou dispositivos à LRF, determinando que “a União, os estados, o Distrito Federal e os
municípios disponibilizem, em meio eletrônico e tempo real, informações pormenorizadas sobre
sua execução orçamentária e financeira”.
Dessa forma, podemos verificar que a administração pública busca se aproximar de uma
transparência ativa sem depender da provocação do interlocutor para disponibilizar os dados.
4
Promulgação da Lei de Acesso à informação (LAI), no 12.527, de 18 de novembro de 2011. A
LAI estipula a regulamentação do direito de acesso a informações públicas previsto na
Constituição, estabelecendo regras e procedimentos específicos para possibilitar o exercício
desse direito pelos cidadãos.
5
Escala Brasil Transparente. Desenvolvida pela Controladoria-Geral da União em 2015, ela é
um índice que elege como propósito a avaliação do grau de efetivação dos dispositivos da LAI.
Seu objetivo é elencar os órgãos quanto à sua transparência e estabelecer critérios para tal
classificação. O enfoque dado às análises, todavia, ainda ocorre a partir do critério da
transparência passiva, a qual, por sua vez, representa 75% no peso total do índice.
6
Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro (Enccla). Graças à
Enccla, foi desenvolvido o índice de transparência sob a coordenação do Ministério Público
Federal (MPF).
A iniciativa se dispôs a analisar os níveis de transparência dos municípios brasileiros e buscou
mensurar a transparência institucional na administração pública brasileira. Nesse sentido, ela
se concentrou principalmente em variáveis de transparência ativa e passiva.
GOVERNANÇA E A INOVAÇÃO NO SETOR
PÚBLICO
Falaremos neste vídeo sobre a governança e a inovação no setor público.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1) ASSINALE A ALTERNATIVA QUE DEFINA DA MELHOR FORMA AS CONDIÇÕES PARA
QUE UMA INICIATIVA SEJA CONSIDERADA INOVADORA E AS TRÊS CATEGORIAS
QUANTO AO GRAU DE INOVAÇÃO.
A) Para que uma iniciativa seja considerada inovação, é preciso que seja uma ideia, uma
prática ou um objeto percebido como novo por um indivíduo ou outra unidade adotante e que
funcione. As categorias são, em ordem crescente de inovação: transformacional, incremental e
radical.
B) Para que uma iniciativa seja considerada inovação, é preciso que faça uso das tecnologias
de informação e comunicação (TICs). As categorias são, em ordem crescente de inovação:
transformacional, incremental e radical.
C) Para que uma iniciativa seja considerada inovação, é preciso que seja uma ideia, uma
prática ou um objeto percebido como novo por um indivíduo ou outra unidade adotante e que
funcione. As categorias são, em ordem crescente de inovação: incremental, radical e
transformacional.
D) Para que uma iniciativa seja considerada inovação é preciso que ela faça uso das TICs. As
categorias são, em ordem crescente de inovação: incremental, radical e transformacional.
E) Uma inovação deve ter a possibilidade de ser implementada rapidamente e em larga escala.
2) SOBRE A ALIANÇA PARA GOVERNO ABERTO, ASSINALE A ALTERNATIVA
CORRETA.
A) Transparência, participação e colaboração são os três pilares que sustentam a proposta de
governo aberto.
B) Como bem diz o nome, a transparência diz respeito somente ao Executivo, não atingindo os
poderes Judiciário e Legislativo.
C) A Aliança para governo aberto é um software desenvolvido por oito países para aumentar a
participação política.
D) A aliança para governo aberto é um pacto de defesa mútua dos oito países signatários
contra ataques cibernéticos estrangeiros.
E) Cabe ao Poder Judiciário aprovar as medidas previstas pela aliança.
GABARITO
1) Assinale a alternativa que defina da melhor forma as condições para que uma
iniciativa seja considerada inovadora e as três categorias quanto ao grau de inovação.
A alternativa "C " está correta.
Uma iniciativa inovadora deve atender a dois critérios fundamentais: ela precisa ser, de fato,
nova na instância em que é aplicada (o que não significa que jamais tenha sido usada em
outras lugares) e deve funcionar. Uma inovação incremental gera ganhos marginais e a radical
dá um salto relevante, enquanto a transformacional muda fundamentalmente a forma de
atuação da instância em questão.
2) Sobre a aliança para governo aberto, assinale a alternativa correta.
A alternativa "A " está correta.
A aliança pelo governo aberto busca fortalecer a relação entre o Estado e a sociedade. O
primeiro pilar é a transparência, sem a qual essa relação não é possível. Além disso, ele busca
ampliar as possibilidades de participação e colaboração dos cidadãos no setor público.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo deste tema, descrevemos os conceitos de democracia. Além de sua origem,
estabelecemos a definição de governança eletrônica. Em seguida, discutimos questões
relacionadas à implementação de mecanismos de governo eletrônico no Brasil, apontando
ainda seus reflexos na democracia representativa.
Acreditamos que a inovação e as ferramentas de TIC permitiram um aprofundamento da
democracia sem precedentes na história moderna. Sem tal perspectiva na nova administração
pública, esse aprofundamento não seria possível.
Enquanto o governo eletrônico envolve um grupo de ferramentas com novas formas de
interação entre o Estado e a sociedade,a e-democracia e o governo aberto são uma filosofia
que utiliza as TICs para tornar os estados mais transparentes, participativos e colaborativos.

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