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Governo eletronico

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INTRODUÇÃO
A internet transformou profundamente a vida das pessoas, oferecendo aplicações cada vez mais diversas. Isso gerou impactos na formação de identidades, no modo como os indivíduos se relacionam e na maneira como as pessoas interagem com suas comunidades.
Parte dessas comunidades, o setor público precisa procurar interagir com os cidadãos de maneira mais adequada diante das diversas ferramentas de informação e comunicação existentes hoje em dia.
Tendo isso em vista, discutiremos neste tema como funciona essa interação.
MÓDULO 1
Descrever conceitos básicos sobre governo eletrônico
O QUE É UM GOVERNO ELETRÔNICO?
A internet gerou transformações profundas no dia a dia das pessoas, alterando de maneira definitiva a forma como elas se relacionam e consomem. Ela modificou, aliás, a rotina de todos nós.
Suas aplicações tornaram-se cada vez mais diversas, impactando na formação de identidades e relações interpessoais. A própria estrutura e formação das cidades foi influenciada por essa realidade; afinal, como duas pessoas podem trabalhar juntas em lugares completamente diferentes, a própria percepção do espaço muda substancialmente.
Nada mais natural que a internet também modificasse a forma como os governos interagem com seus cidadãos. Surpresa seria se o Estado, diante de todas as mudanças geradas pela internet, não utilizasse essa ferramenta.
Como podemos definir um governo eletrônico?
Podemos defini-lo como o uso de aplicativos eletrônicos conectados à rede mundial de computadores para facilitar o acesso a serviços governamentais. Desse modo, ele consegue prover melhores serviços à população.
Um governo eletrônico também é chamado de e-governo ou, em inglês, e-government. Há diferentes definições para ele, embora todas envolvam o uso da internet como instrumento para acesso a:
· Informações e serviços do governo;
· Mudança de processos administrativos;
· Aperfeiçoamento da participação dos cidadãos na administração pública.
Sendo assim, o governo digital não pode ser visto somente como uma nova forma de a administração disponibilizar informações online (ainda que ele também seja isso), mas também como uma reflexão sobre a forma como o governo provê serviços e os torna mais adequados e convenientes aos cidadãos.
Em outras palavras, o governo digital não é um produto estático provido pelo governo e passivamente observado pelo cidadão, e sim uma forma de envolver os cidadãos no próprio desenvolvimento do serviço a ser prestado.
Por isso, bons governos digitais são aqueles centrados no cidadão, aumentando, com isso, a transparência e o controle social.
Vale observar, no entanto, que nem todos os governos digitais são bons e obedecem a essa lógica participativa e de controle social. De modo geral, os países economicamente desenvolvidos aproximaram-se mais deste ideal: o uso da ferramenta como uma construção conjunta entre governos e população em oposição a decisões unilaterais do setor público.
Também é evidente a seguinte realidade: os países que já tinham uma cultura de participação social empregaram essas ferramentas online de forma mais completa.
O governo eletrônico redefiniu não somente a forma como as agências governamentais interagem entre si, mas também a maneira como o governo interage com o público.
Há muito tipos e níveis de e-governo. Eles variam desde ações unilaterais de entrega de apresentação de informação e dados, quando os cidadãos são consumidores passivos, até sistemas integrados que permitem a interação dos usuários de serviços públicos e o recebimento de insumos para os tomadores de decisão e formuladores de políticas públicas.
Há três dimensões possíveis de governo eletrônico:
 Clique na barra para ver as informações.
GOVERNO ELETRÔNICO PARA EMPRESAS (G2B) OU GOVERNMENT TO BUSINESS
Estão incluídas nesta categoria as iniciativas que tornam o governo digitalmente acessível para empresas: chamadas para editais online, pregões e leilões online, recebimentos e pagamentos de recursos, além de acompanhamento digital de cadeias de suprimentos e logística.
GOVERNO ELETRÔNICO PARA O PRÓPRIO GOVERNO (G2G) OU GOVERNMENT TO GOVERNMENT
Nesta dimensão, é ressaltada a interação entre diferentes agências e órgãos do governo, como ocorre, por exemplo, no fluxo de informações sem o uso de papel impresso.
Com frequência, essas modernizações melhoram a acessibilidade à informação e aos dados pelos cidadãos, aperfeiçoam a eficiência dos processos, criam uma sinergia entre os órgãos e geram uma economia de escala no provimento de serviços governamentais.
O governo eletrônico pode, inclusive, beneficiar o funcionamento do próprio governo. Afinal, ele tem o potencial de fomentar a democratização da burocracia pública ao promover a migração de um modelo de gestão que estabeleça controles de forma clássica e hierárquica para modelos mais horizontais, colaborativas e internamente democráticos.
GOVERNO ELETRÔNICO PARA OS CIDADÃOS (G2C) OU GOVERNMENT TO CITIZENS
Esta dimensão é a forma mais comum de governo eletrônico. Em sua categoria, enquadram-se diversas iniciativas:
· Coleta digital de impostos;
· Voto eletrônico;
· Pagamento de contas, multas e taxas;
· Cadastro para políticas sociais, autorizações e licenças;
· Registro online de empresas e automóveis;
· Acesso aos resultados do censo e outros dados públicos;
· Voto pela internet (uma aplicação cada vez mais comum em países com democracias avançadas).
O acesso online ao governo facilita a obtenção de informações relevantes para os cidadãos e diminui incertezas quanto a elas, além de reduzir a necessidade de deslocamentos e o tempo de espera nos órgãos governamentais. Em áreas rurais remotas, o governo eletrônico oferece vantagens para pessoas que, na ausência desse tipo de serviço, não poderiam acessar quaisquer serviços governamentais.
Por exemplo, a telemedicina e o ensino a distância não apenas facilitam esse acesso, mas, em muitos casos, o possibilitam para essas populações. Em muitas ocasiões, serviços do tipo são o único contato que populações isoladas têm com serviços governamentais.
O governo eletrônico também é usado por governos locais para aumentar o apelo turístico da região e atrair investimento estrangeiro. Sites municipais dão acesso a informações relevantes sobre escolas, bibliotecas, horários de transportes públicos e hospitais. Ao torná-las públicas, o e-governo promove uma maior transparência e ajuda a criar obstáculos a ações arbitrárias por parte do Estado.
Há muitas vantagens na adoção de ferramentas de governo digital.
O e-governo aperfeiçoa a entrega de serviços públicos e pode aumentar o nível de satisfação dos cidadãos com as administrações públicas.
Exemplo
No Brasil, já é possível checar a situação do nosso cadastro de pessoa física (CPF).
Se antes essa consulta só podia ser feita presencialmente em agências da Receita Federal, ela, hoje em dia, assim como boa parte das questões relacionadas ao órgão da União, pode ser resolvida na plataforma e-CAC (sigla para centro de atendimento virtual). Observemos a figura a seguir:
Pesquisa sobre a situação fiscal.
Por outro lado, em países cujos governos sofrem com uma corrupção crônica, a eficiência resultante do crescimento do governo digital pode minimizar o crescimento de práticas ilícitas e aumentar a confiança no governo.
O pagamento eletrônico de taxas e multas limita as oportunidades de corrupção, enquanto as linhas diretas digitais permitem que os cidadãos exerçam seu direito à voz nos círculos de governança. Alguns tipos mais delicados de denúncias até podem ganhar mais peso se forem feitos via online do que aquelas veiculadas de forma tradicional, como a presencial e a realizada por telefone.
 Clique na barra para ver as informações.
VEJAMOS UM EXEMPLO DESSE TIPO DE ACESSO
A possibilidade de se fazer denúncias de violência contra mulheres foi importante no contexto de confinamento resultante da pandemia da Covid-19.
Página de denúncia da Polícia Civil do Distrito Federal.
Entre as preocupações com o governo eletrônico, destacamos duas: as possíveis invasões de privacidadeque ele pode possibilitar, inclusive aquelas com potencial para ameaçar a segurança local e nacional (ou seja, o hackeamento de arquivos do governo), e a desigualdade de acesso gerada pela diferença na possibilidade de acesso digital.
Essa desigualdade pode ser o resultado de redes e cabeamento limitados em determinadas regiões, incapacidade financeira de acesso a equipamentos e falta de conhecimento e informação dos adultos (fenômeno conhecido como exclusão digital).
O sucesso do governo eletrônico depende diretamente da inclusão digital. Com ela, os cidadãos terão, de fato, um acesso aos serviços públicos disponibilizados de forma eletrônica. Estudaremos essa questão em detalhes no próximo tópico.
É preciso observar ainda que o governo eletrônico consiste em uma série de práticas diversas que varia no tempo e no espaço, respondendo a climas políticos e contextos institucionais variáveis.
Segundo experiências obtidas nos Estados Unidos e na União Europeia, é possível determinar a divisão dos governos eletrônicos em três modelos:
 Clique nas informações a seguir.
Gerencial Maximiza a velocidade e a eficiência da prestação de serviços governamentais aos cidadãos.
Consultivo 
Incorpora a contribuição do cidadão de várias maneiras para que as tecnologias da informação sejam vistas como democratizantes. A votação pela internet, as pesquisas, os referendos e as conferências eletrônicas com funcionários constituem exemplos disso.
Participativo Inclui contribuições de atores não estatais, assim como as feitas por empresas e organizações não governamentais.
As visões apresentadas apontam, na verdade, casos paradigmáticos que servem para facilitar a nossa apresentação. No mundo real há um contínuo de possibilidades de acesso social em que os modelos consultivo e participativo são as formas mais socialmente inclusivas.
Ainda é possível classificar os governos eletrônicos de acordo com seus diferentes estágios de desenvolvimento. Eles variam da simples presença online aos mecanismos sofisticados de interação com os usuários:
Presença online básica:
Uma página da web.
Interfaces:
permitem o acesso do cidadão a dados e serviços.
Integração vertical:
os cidadãos podem participar ativamente, como, por exemplo, para pedidos de licença.
Integração horizontal:
um ou alguns sites centralizados oferecem ampla gama de serviços governamentais.
Pode-se também entender o governo eletrônico como uma redefinição da gestão da informação no governo com um forte impacto institucional. Ele também representa uma mudança na forma como as autoridades públicas prestam serviços aos cidadãos e uma reformulação do que se entende por normal nas formas de fazer negócios.
O e-governo é, portanto, transformador por natureza, afetando a gestão de recursos e processos humanos, tecnológicos e organizacionais.
Por fim, as iniciativas de governo eletrônico significam: o uso de tecnologias baseadas na web para disseminar informações aos cidadãos e, em seguida, gerar um fluxo de comunicação de mão dupla. Com isso, o processo se inverte: eles também enviam informações ao governo.
OBSTÁCULOS NA IMPLEMENTAÇÃO
O uso da internet não é uniforme entre a população. Seu emprego é caracterizado por divisões digitais, sociais e espaciais significativas, ou seja, há discrepâncias em termos de facilidade e custo de acesso.
Para muitas populações econômica e politicamente marginalizadas (pobres, idosos, analfabetos e minorias étnicas), o ciberespaço é simplesmente inacessível. Globalmente, o acesso à internet reflete diretamente as geografias de desenvolvimento desigual e as variações de riqueza e poder em diferentes regiões e países.
A exclusão digital é um grande obstáculo para o sucesso na adoção e implementação do governo eletrônico.
Ele, afinal, é inútil para quem não tem acesso à internet; portanto, o governo eletrônico e a exclusão digital são fenômenos que não podem ser dissociados.
Estão excluídas de seus benefícios pessoas sem habilidades técnicas necessárias e a renda devida para adquirir um computador pessoal em casa, além de escolas ou empregos que oferecem acesso à internet ou a capacidade de utilizar pontos públicos da internet, como, por exemplo, bibliotecas, cybercafés e lan houses.
Exemplo
No Brasil, 3,5% da população que reside na região denominada Amazônia Legal (englobando os seguintes estados: Acre, Amapá, Amazonas, parte do Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) não tem acesso à energia elétrica. Esse percentual pode parecer pouco, mas ele indica a existência de 990.103 brasileiros sem energia elétrica. Eles não possuem, informa um estudo do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) de 2019, uma tomada sequer para ligar um refrigerador.
Analisaremos agora o seguinte caso: Uma moradora de uma comunidade afastada do município de Igaporã, na Bahia, é beneficiada pela organização Litros de Luz, que leva energia elétrica para comunidades isoladas. Essa organização instala postes e lampiões que funcionam à base de luz solar.
Infelizmente, aqueles que mais precisam de serviços governamentais geralmente são os que têm menos oportunidades de acessá-los. Tendo em vista a exclusão digital, observa-se que a adoção do governo eletrônico é um problema eminentemente relativo à demanda, e não à oferta.
Segundo Warf (2016), certas pesquisas já demonstram que quem mais se vale dos serviços do governo tem menos chances de usar a internet. Isso acontece assim porque aqueles que precisam das informações que a internet oferece normalmente se beneficiam mais delas, enquanto quem conta com fontes abundantes de informações não depende tanto daquelas oferecidas virtualmente.
A divisão digital pode aumentar – e não apenas refletir – as desigualdades em torno do governo eletrônico.
Desse modo, existe um risco de o governo eletrônico exacerbar – e não reduzir ou mesmo refletir – as desigualdades sociais.
OS OBSTÁCULOS PARA A INOVAÇÃO DO GOVERNO ELETRÔNICO
Neste vídeo, um especialista apontará os principais obstáculos que impedem a implementação do governo eletrônico.
Website do município de Igaporã.
Os papéis de gênero restritivos também são importantes.
No mundo desenvolvido, a exclusão digital de gênero é mais rara de ser observada, porém, em muitos países em desenvolvimento, onde as mulheres desfrutam significativamente de menos vantagens que os homens (incluindo a alfabetização), o acesso às tecnologias é especialmente difícil.
A renda e as taxas de alfabetização das mulheres costumam ser substancialmente menores que as dos homens.
Se tudo isso não bastasse, ainda há a sobrecarga causada pelas demandas de cuidados infantis e tarefas domésticas.
Nos países onde isso é uma questão, as estratégias para melhorar o acesso à rede mundial de computadores deveriam ter as mulheres como um alvo específico.
Por fim, a fluência em uma língua não muito difundida restringe o acesso ao conteúdo da internet. A maior parte do material que os governos colocam na web está em inglês ou em uma língua nativa dominante.
Exemplo
Para indianos que não falam hindi, filipinos que não dominam o tagalo, minorias em Mianmar que não conhecem o birmanês e bolivianos não versados em castelhano, a língua é mais um obstáculo ao acesso ao governo eletrônico. Nem todo país tem a unidade linguística do Brasil.
 Clique na barra para ver as informações.
OS GOVERNOS TAMBÉM TÊM PROBLEMAS INTERNOS QUE DIFICULTAM A IMPLEMENTAÇÃO DO GOVERNO ELETRÔNICO:
A liderança pode ser mal coordenada ou carecer de prioridades claras.
Não deve ser desconsiderado o ressentimento de uma parcela dos funcionários públicos.
Para aqueles que ascenderam a cargos por patronagem ou indicação política, para os que tinham a intenção de receber um suborno ou outras formas de corrupção, ou simplesmente quem já estava acostumado a operar em uma cultura muito conservadora que considere as mudanças desnecessárias, o governo eletrônico é uma interferência indesejável.
Muitos funcionários públicos também não possuem as habilidades de tecnologia da informação necessárias. Agências ou secretarias inchadaspodem não gostar da ideia de racionalização e redução do tamanho.
Desse modo, vale frisar que o governo eletrônico é, em seu cerne, um processo político, e não simplesmente técnico. Muitas vezes, ele sofre a resistência de burocracias “entrincheiradas” que corretamente o veem como uma "tecnologia disruptiva”.
Embora a governança baseada na internet possa reduzir a corrupção, o processo inverso também é verdadeiro:
Hierarquias governamentais corruptas podem frustrar iniciativas de governo eletrônico.
Exemplo
A corrupção está ligada ao fracasso de alguns programas de governo eletrônico na Índia, na Indonésia, no Paquistão e Bangladesh. Trata-se de países bastante pobres que têm muito a ganhar com aumento da eficiência do governo.
MÓDULO 2
Identificar aplicações de governo eletrônico para a melhoria da administração pública
GOVERNO ELETRÔNICO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
A implementação do governo eletrônico levou a um aumento da informação, especialmente daquela nascida digitalmente, o que impõe novas demandas às práticas de gerenciamento de informações e registros.
O acesso às informações por parte do público em geral e da mídia, afinal, é fundamental para um governo transparente.
Consta de O Guia Europeu de Acesso aos Documentos Oficiais que:
[...] O princípio básico é que um amplo direito de acesso aos documentos oficiais deve ser concedido com base na igualdade e na aplicação de regras claras, enquanto a recusa dele precisa ser a exceção e deve ser devidamente justificada. Não se trata apenas de reconhecer a liberdade do público de ter acesso às informações que as autoridades lhes desejam facultar, mas antes de garantir um verdadeiro “direito de saber” ao público. Os Estados precisam assegurar – com o devido respeito às regras que qualquer pessoa pode, mediante solicitação, demonstrar – acesso aos documentos em poder das autoridades públicas.
(COUNCIL OF EUROPE, 2004, p. 6, grifos e tradução nossa)
Um dos instrumentos mais importantes de controle dos cidadãos sobre as autoridades públicas é, portanto, este:
Princípio do acesso público à informação governamental
À medida que as instituições governamentais se envolvem no desenvolvimento do governo eletrônico e passam a usar a tecnologia da informação, elas geram muitas informações, que serão chamadas aqui de informações do setor público.
Uma nova categoria de dados vem se destacando nos últimos anos. Trata-se do Big Data , que se caracteriza tanto por seu volume quanto por suas velocidades de transmissão e variedade de formatos. O poder inovador e transformador dele, no entanto, depende de sua qualidade, que só pode ser alcançada por meio da governança da informação.
Uma pesquisa constatou que os mercados europeus derivados do PSI acumulam um volume de negócios cujas estimativas chegam à casa dos 30 bilhões de euros por ano.
Como podemos definir o PSI? Ele pode ser definido, segundo Dragos e Neamtu (2009, p. 4), “como qualquer tipo de informação que é produzida e/ou coletada por um órgão público e faz parte da função obrigatória da instituição”.
Resposta
O PSI pode constituir, por exemplo, dados em sistemas de informação geográfica, cadastro, serviços meteorológicos públicos e outros tipos de informação criados por administrações públicas.
O acesso ao PSI busca estimular o desenvolvimento dos mercados de informação e melhorar a qualidade dos serviços de governo eletrônico. No entanto, esses dados não só oferecem oportunidades, mas também representam riscos para as organizações. Afinal, eles são coletados de diferentes fontes, o que pode dificultar o rastreamento de sua procedência.
Além disso, como o volume é grande e flui em alta velocidade, ele dificilmente é submetido à revisão humana. Dessa forma, é necessário recorrer a métodos estatísticos e computacionais para analisar esses dados e relacioná-los com outras fontes de informação.
Desse modo, é possível gerar avaliações sobre, por exemplo, a eficiência das políticas públicas. No entanto, ao mesmo tempo, isso também pode resultar em atividades criminosas que façam uso de dados sigilosos, o que é potencialmente prejudicial para organizações e Estados.
Para que o governo eletrônico cumpra seus objetivos (entrega de serviço eficaz, maior transparência e responsabilidade por meio do fluxo livre de informações), é preciso haver uma infraestrutura de gerenciamento de informações adequada.
O e-government propiciou um aumento na quantidade de informações que as instituições governamentais precisam administrar bem para garantir que elas sejam – e permaneçam – seguras, autênticas e confiáveis.
O gerenciamento eficaz de informações é muito importante para o desenvolvimento do governo eletrônico. Por isso, é necessário acabar com as estruturas hierárquicas e adotar abordagens de gerenciamento de processos de negócios capazes de criar uma eficiência e de promover o compartilhamento de informações entre instituições governamentais.
O ambiente complexo emergente requer uma colaboração entre diferentes disciplinas e – como consequência disso – competências que terão de lidar com questões legais, informativas e de segurança, além de desafios de sistemas.
Para garantir a promoção da transparência, procedimentos, processos e sistemas apropriados são considerados fundamentais para fornecer e manter informações confiáveis em longo prazo. Se a informação for usada como um recurso nacional, ela deve ser bem planejada e estruturada.
INFRAESTRUTURA DE INFORMAÇÃO
A informação é a base para que um governo exerça suas funções.
Por isso, o gerenciamento de informações se mostra extremamente importante para o desenvolvimento de um governo eletrônico cujo objetivo é a entrega de serviços eficazes e com maior responsabilidade e transparência.
Alguns dos fatores críticos no desenvolvimento dele incluem o gerenciamento de informações e dados e a colaboração organizacional. Não há como negar a importância de uma infraestrutura de informações robusta e confiável para o bom funcionamento desse governo.
A infraestrutura de informações pode ser entendida de que maneira?
Resposta Suas maiores preocupações não são meramente técnicas. Questões de política, como, por exemplo, a coordenação, a colaboração entre os líderes de agências e o pensamento orientado para elas, impedem o foco nas metas gerais e na falta de comunicação.
A governança configura-se como um fator igualmente importante. Uma das questões centrais que deve ser abordada durante o desenvolvimento do governo eletrônico é a filosofia de gestão da informação.
Essa filosofia fundamenta os investimentos em tecnologia de comunicação da informação (TIC). Uma estratégia de gerenciamento de informações apropriada precisa estar em vigor para facilitar os processos de tomada de decisão.
Recomenda-se ainda uma exploração proativa do tesouro de informações públicas em vez de uma mera resposta reativa aos pedidos de informações. Tal atitude será capaz de moldar uma nova filosofia na gestão da informação pública.
 Clique na barra para ver as informações.
QUAIS SÃO AS PREOCUPAÇÕES NO DESENVOLVIMENTO DO GOVERNO ELETRÔNICO?
Suas maiores preocupações não são meramente técnicas. Questões de política, como, por exemplo, a coordenação, a colaboração entre os líderes de agências e o pensamento orientado para elas, impedem o foco nas metas gerais e na falta de comunicação.
As instituições governamentais precisam afastar-se dos modelos tradicionais de gerenciamento de informações hierárquicas e de “feudos” para promover o compartilhamento de informações.
Isso exigirá delas uma integração de processos e sistemas de informação para substituir aqueles considerados ineficientes e burocráticos.
Deve-se, portanto, mudar os processos de negócio, as estruturas organizacionais e a gestão dos sistemas de informação para que o e-governo seja implementado com sucesso. Isso exige uma superação dos desafios apresentados pela gestão da informação.
A gestão segura e eficaz da informação requer a colaboração entre diferentes competências.
Embora a transparência e a responsabilidade sejam centrais para o desenvolvimentodo governo eletrônico, a questão do arquivamento e do registro eletrônico ainda é pouco discutida pelos estudiosos desse tópico.
É um fato que o gerenciamento e o uso eficaz da informação não podem ocorrer sem essas duas funções. A estrutura de governança aberta das instituições governamentais depende dos processos que empreendem serem bem documentados.
Desse modo, o arquivamento e o registro eletrônico são essenciais para a prestação de serviços de qualidade, a rastreabilidade dos casos dos cidadãos e a transparência dos processos de tomada de decisão.
Exemplo
Na Suécia, a delegação do governo eletrônico atribuiu aos arquivos nacionais suecos a responsabilidade de desenvolver essas duas áreas. Seu projeto baseou-se na premissa de que, sem regimes eficazes de gestão da informação, seria difícil manter o direito de acesso às informações do governo para uso interno e externo.
O objetivo do projeto era desenvolver especificações comuns para agências governamentais a fim de:
Facilitar a transferência de registros digitais entre os sistemas de gerenciamento de registros e um arquivo eletrônico.
Testar e garantir a qualidade das especificações.
Propor uma organização que administrará esses registros.
Isso constitui um esforço para melhorar a recuperação, a reutilização e a transferência de informações mantidas por autoridades públicas.
A Suécia, por exemplo, promove um acesso imediato aos registros públicos: não há separação entre os registros atuais e os arquivísticos. As regras que regem o acesso público aos registros do governo têm quase 250 anos! Elas datam do primeiro Ato de Liberdade de Imprensa, de 1776.
Desse modo, a Suécia proporciona um exemplo para outros países que pretendam implementar serviços de governo eletrônico dentro da administração pública.
Atualmente, são necessárias algumas medidas para isso:
 Clique nas informações a seguir.
Medida 01 É importante que as instituições colaborem além das fronteiras. Isso também suscitou o desenvolvimento de serviços integrados para além dos limites dos Estados nacionais. Deve-se buscar cada vez mais o desenvolvimento de especificações comuns e padronizações. No ambiente hierárquico, os sistemas de informação foram criados para atender às funções de determinado departamento.
Medida 02 Hoje em dia, o foco está em processos e sistemas de informação. Estes, aliás, devem estar alinhados com aqueles. Como os processos superam as fronteiras departamentais, os sistemas de informação precisam ser implementados a fim de facilitar o compartilhamento de informações por meio da integração.
O que está envolvido no bom gerenciamento de informações?
Ele envolve a compreensão dos tipos de informações que uma organização cria para identificar quais delas são valiosas e o que precisa ser gerenciado em longo prazo. Isso requer auditorias periódicas para distinguir quais informações existem, onde elas podem ser encontradas, quem é o responsável por elas e de que modo podem ser usadas.
O gerenciamento de processos de negócios foi adotado por organizações para melhorar o desempenho dos negócios. O BPM, portanto, promove a melhoria contínua dos processos de trabalho.
A gestão de processos é um pré-requisito para o planejamento estratégico e a coordenação dos negócios.
INFORMATIZAÇÃO DO PROCESSO ELEITORAL
O Brasil é um caso de sucesso na implementação de processos eletrônicos de votação. Desde 1998, todo eleitor brasileiro vota em urnas eletrônicas espalhadas pelo país. Apesar disso, seu uso ainda é limitado na maior parte do mundo.
Urnas eletrônicas têm inúmeras vantagens bem conhecidas:
 Clique nas informações a seguir.
1 A votação é muito mais rápida e bem mais simples: o eleitor não precisa escrever os nomes e os números dos candidatos em uma cédula de papel.
2 A apuração é muito mais rápida e menos sujeita a erros, bastando que as autoridades competentes garantam a segurança dos locais de votação.
No entanto, os processos eleitorais eletrônicos não se restringem às suas urnas. Em uma democracia, é fundamental haver transparência na apuração dos votos, assim como é necessário que as informações sobre os processos eleitorais fiquem à disposição do público.
No Brasil, é possível, em tempo real, acompanhar a apuração dos votos em todos os locais do país na página eletrônica do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O site do TSE oferece informações detalhadas sobre as zonas eleitorais e cada um dos candidatos, bem como a votação obtida por eles.
Essa informação fica armazenada, podendo ser recuperada até anos depois, se for necessário.
Para entendermos a importância dessa transparência, conheceremos agora dois exemplos de problemas eleitorais ocorridos nos Estados Unidos. O país é considerado a democracia mais antiga do mundo.
 Clique nas barras para ver as informações.
EXEMPLO 1: ELEIÇÃO NO ANO 2000
A disputa presidencial entre George Bush (do Partido Republicano) e Al Gore (Partido Democrata) acabou nos tribunais. Houve dúvidas a respeito da contagem de votos e, portanto, do vencedor, no estado da Flórida.
Quem ganhasse na Flórida seria eleito presidente. A primeira contagem indicou que Bush foi o vencedor, mas foram reportados diversos problemas na apuração. Por conta disso, uma recontagem foi solicitada.
Resultados preliminares indicavam que Al Gore venceria, porém a recontagem foi paralisada e começou uma disputa jurídica. Legalmente, o governador do estado deveria aprovar a recontagem. Ele, contudo, era irmão de Bush e proibiu sua conclusão.
Dessa forma, George Bush foi eleito presidente dos Estados Unidos, mesmo com a incerteza sobre quem venceu no voto. Com o sistema de urnas eletrônicas e o acompanhamento da apuração por toda a população pela internet, há menos espaço para esse tipo de problema.
EXEMPLO 2: ELEIÇÃO NO ANO 2020
Nos Estados Unidos, é possível votar pelo correio. No entanto, sua apuração é mais lenta e depende do funcionamento desse serviço.
Por acreditar que os votos enviados pelo correio iriam para o seu oponente, Joe Biden, Donald Trump criou uma série de dificuldades para seu envio. Ele pôde fazer isso por ser o presidente da república e ter o poder para dar ordens à companhia dos correios. Além disso, Trump alegou sistematicamente que os votos pelo correio são fraudados.
Assim como no exemplo anterior, este tipo de situação também seria evitado com a utilização do governo eletrônico no processo eleitoral. Uma possível solução seria a substituição do voto via correio pelo que é feito online, tomando, para isso, as devidas medidas de segurança.
Esses exemplos mostram que a transparência obtida com processos eletrônicos não é apenas um serviço prestado diretamente ao cidadão. Mais que isso: ela é uma ferramenta para a proteção da própria democracia.
INFORMATIZAÇÃO DA GESTÃO DE SAÚDE
Como vimos, várias aplicações do governo eletrônico em órgãos do próprio governo (G2G) podem passar desapercebidas pelo cidadão comum.
Exemplo
A gestão centralizada de leitos e de exames hospitalares no setor público.
Quando uma pessoa é atendida em um hospital ou posto de saúde, frequentemente é necessário fazer algum exame ou procedimento que não está imediatamente disponível no local de atendimento. Historicamente, são habituais as situações em que um paciente precisa peregrinar por vários hospitais em busca do atendimento necessário.
Isso pode ser reduzido com um sistema que informe a disponibilidade de todo o sistema de saúde para determinado procedimento. Esse ganho de eficiência é baseado no bom uso das tecnologias de informação e comunicação, podendo salvar vidas.
Um caso particularmente importante ocorreu na pandemia de Covid-19, em que a disponibilidade de leitos e de respiradores era fundamental. A implementação desse sistema permitiu a alocação de recursos da forma mais eficiente possível e a distribuição de pacientes entre diferentes unidades.
FINANCIAMENTO DO GOVERNO
De maneira geral, o financiamento dos governos constitui um dos processos mais importantes da política pública em todos os países do mundo. É difícil para um cidadão comum financiar diretamenteum governo, mas, no Brasil, uma solução foi desenvolvida.
O governo federal brasileiro criou um mecanismo para conseguir obter financiamento diretamente dos cidadãos. Como isso foi possível?
Resposta: graças à criação de uma plataforma que ofereça aos indivíduos, de forma direta, títulos emitidos pelo governo federal. Ela os disponibiliza tanto para compra como para venda, o que garante a liquidez desse mercado.
Ou seja, qualquer um consegue facilmente realizar um investimento ou um desinvestimento. Além disso, é possível comprar e vender títulos de diversos valores, tornando-os acessíveis para ampla parcela da população.
Antes dessa plataforma, o financiamento direto ao governo era, na prática, quase impossível. As pessoas precisavam investir em bancos, os quais, por sua vez, utilizavam o conjunto de depósitos recebidos para financiar o governo.
Com essa plataforma, o financiamento direto dos cidadãos ao governo gera vantagens para os dois lados:
Pessoas
Têm mais uma possibilidade de investimento – e, desta vez, sem intermediário – , gerando retornos melhores. Além disso, há uma maior transparência em relação aos valores obtidos, o que nem sempre é o caso dos investimentos em bancos.
Governo
Passa a ter acesso a uma gama muito maior de financiadores e a ser menos dependente do setor bancário.
Não basta, porém, haver a simples disponibilização deste tipo de investimento: é necessário que ele seja facilmente disseminado pela população. Isso é feito por meio de uma plataforma online denominada Tesouro Direto, possuindo uma grande transparência sobre os produtos financeiros disponibilizados.
Podemos compará-lo a uma forma antiga de se financiar projetos específicos do setor público: a caderneta de poupança. Ela, aliás, funciona até hoje como método de financiamento, especialmente o de projetos habitacionais.
A poupança, no entanto, configura um produto financeiro típico, contendo toda a burocracia associada ao setor bancário, além de uma taxa de retorno baixa e difícil de se calcular.
Notamos novamente que a transparência e a eficiência geradas pelo governo eletrônico têm um grande potencial de beneficiar tanto a população quanto o próprio governo.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pontuamos neste tema que um dos instrumentos mais importantes de controle dos cidadãos sobre as autoridades públicas é o princípio do acesso público à informação governamental. Além disso, explicamos por que é fundamental um governo operar de maneira eficiente e ter uma interface funcional com a população.
Em seguida, destacamos que o governo eletrônico busca responder a essas preocupações com as tecnologias de informação e comunicação mais recentes. Tendo isso em vista, caracterizamos esse governo, descrevendo seus modelos e dimensões, assim como as dificuldades para a aplicação dele na administração pública como um todo.
Salientamos, por fim, que, conforme o desenvolvimento do governo eletrônico continua, as estruturas hierárquicas das instituições governamentais são cada vez mais continuamente desafiadas e esse governo, expandido.
DESCRIÇÃO
Apresentação dos conceitos de governo eletrônico e dos mecanismos de participação nas democracias, além da fundamentação e da aplicação do paradigma de “e-governo” no Brasil.
PROPÓSITO
Entender o efeito das ferramentas de governo eletrônico na democracia, as novas formas de participação da sociedade na política e a importância disso para o aprimoramento da democracia, assim como o desenvolvimento conjunto de governo eletrônico e de governança pública.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, certifique-se de ter papel e lápis por perto para acompanhar o texto e fazer anotações. Você também deverá fazer pesquisas e consultar os temas trabalhados na internet.
OBJETIVOS
Módulo 1
Descrever conceitos de democracia e governança eletrônica
Módulo 2
Discutir questões relacionadas à implementação de mecanismos de governo eletrônico no Brasil e os seus reflexos na democracia representativa
INTRODUÇÃO
Podemos iniciar este tema refletindo sobre um dos grandes dilemas de nossos tempos. Não é difícil perceber a importância da criação de mecanismos para que os cidadãos se sintam representados nas democracias.
Uma das melhores formas de se resolver essa questão é incluir dispositivos de democracia direta para que todos se sintam mais participantes nos processos de tomada de decisão.
As possibilidades colocadas pela inclusão das tecnologias de informação e comunicação (TICs) nos processos tradicionais do Estado propiciam uma facilitação dessa participação cidadã.
Contudo, a disponibilização de ferramentas para a interação bilateral entre governo e sociedade implica uma mudança mais profunda na própria perspectiva do que é a gestão pública. Veremos neste tema que, a partir dessa reflexão, surge a filosofia do governo aberto, o qual, por sua vez, se utiliza do eletrônico para se tornar efetivo.
MÓDULO 1
Descrever conceitos de democracia e governança eletrônica
DEMOCRACIA E PARTICIPAÇÃO DA SOCIEDADE NAS DECISÕES POLÍTICAS
Lancemos um olhar sobre o Brasil na participação social no ciclo das políticas públicas
Em 1988, com a promulgação da Constituição denominada cidadã, consagrou-se a participação social no ciclo das políticas públicas. Isso significou o aprofundamento da relação entre o Estado e a sociedade por diversos meios.
Nossa Carta Magna estabelece que a participação dos cidadãos não deve se restringir à escolha de seus representantes por intermédio do processo eleitoral.
Nesse contexto, as TICs desempenham um processo fundamental, pois permitem o estabelecimento de um novo paradigma no campo da participação política.
Neste módulo, falaremos sobre a democracia direta e representativa, assim como a representação e accountability democrática.
ORIGEM DA DEMOCRACIA
O conceito de democracia nasce em Atenas. Ela é entendida pelos gregos como uma forma de gestão coletiva, direta e igualitária da coisa pública (no latim, res publica). Na raiz do conceito de democracia, estava a profunda e inegociável igualdade entre os cidadãos da polis.
Os habitantes participavam de todas as decisões. Nos casos que exigiam figuras de liderança, a escolha era realizada por meio de sorteio. Pode até parecer estranho ela não ter sido feita em uma eleição, mas o entendimento à época era de que um cidadão é tão competente ou digno quanto qualquer outro.
Ainda que se possa questionar a ausência de mulheres e a exclusão de escravizados e estrangeiros daqueles que podiam exercer a cidadania, o valor a ser observado neste caso é o da igualdade.
Vamos entender como isso se desenvolveu.
Com o adensamento dos centros comerciais e a concentração dos indivíduos, a polis, a cidade-estado grega, foi substituída por grupos muito maiores de indivíduos. Com isso, foram sendo estabelecidas as primeiras iniciativas, que podem ser chamadas de Estado moderno.
A noção de participação efetiva nos rumos do Estado não era mais uma prioridade, já que o pensamento passava a ser a separação de poderes. Afinal, era importante limitar o quanto o Estado poderia restringir a liberdade dos indivíduos.
E é nesse contexto de valorização da liberdade que surge a demanda por participação na direção do Estado, ou seja, a representação política (mesmo que mínima). Mas não pense que, atrelado a esse desejo, adveio a perspectiva de igualdade entre os cidadãos. A ideia era incluir apenas os indivíduos que gozassem de posses, especialmente de terras, no processo decisório.
Desse modo, a instituição do voto e da representação política nasceu como uma forma de estabelecer uma distinção entre diferentes pessoas. Votar e ser votado não são direitos – e sim privilégios.
A experiência grega foi atípica na maior parte da história humana. Somente muito tempo depois a democracia seria retomada como valor.
Como os agrupamentos humanos se adensaram e a representação passou a ser um critério para a escolha de representantes, a democracia representativa se tornou o principal paradigma dos estados contemporâneos. Vemos, assim, que o fundamento dela é a igualdadede todos e que suas bases da representação estão fincadas na distinção de alguns.
Portanto, é necessário observar que a associação entre a democracia e a representação é — no seu fundamento mais profundo — paradoxal.
Como podemos garantir a igualdade se alguns têm mais direitos do que outros?
Conceito
Podemos definir democracia como um conjunto de regras de procedimento para a formação de decisões coletivas em que está prevista e facilitada a participação mais ampla possível dos interessados.
Em uma democracia representativa, essas regras devem definir quem tem o direito de participar na tomada de decisão em nome da coletividade e os processos a serem adotados para isso.
Como apontamos, a relação entre democracia e representação é paradoxal. Sua operacionalização oferece a questão de decidir quem deve participar diretamente das decisões. Elas, afinal, serão tomadas por um número limitado de pessoas – e cada uma delas tem o poder de atingir a todos os membros de uma coletividade.
Vamos entender isso melhor?
Pense, por exemplo, na política econômica definida pelo governo federal: algumas poucas pessoas tomam as decisões. Em particular, o Presidente da República, que escolhe o ministro da economia, o presidente do Banco Central e os demais responsáveis pela condução dessa política.
A própria população escolhe o Presidente da República a cada quatro anos. Mas como é possível acompanhar seu trabalho e, em alguma medida, participar – ainda que de forma indireta – das decisões nesse período?
Enquanto mecanismo de participação, a democracia representativa tem sido questionada em termos de seu alcance. A diminuição do comparecimento eleitoral é uma consequência de um desânimo generalizado com a política, sendo um resultado de a participação indireta não ser o suficiente.
Em outras palavras, podemos dizer que os indivíduos não têm incentivos para participarem politicamente, já que não se sentem ouvidos somente escolhendo os representantes que tomarão as decisões em seu nome.
Mas, afinal, como é possível aprofundar a relação entre cidadãos e representantes?
Uma das formas de aprofundar essa relação é por meio do controle social (também chamado de accountability). Esse conceito engloba desde os elementos tradicionais — como o voto nas eleições — até os mecanismos para a inclusão dos cidadãos de forma direta no ciclo das políticas públicas.
Os instrumentos de accountability são, portanto, aqueles que oferecem transparência e possibilitam o monitoramento e a avaliação das políticas públicas por parte dos órgãos de controle e da própria população. Ou seja, eles estimulam o controle social.
Desse modo, a transparência e o acesso à informação passam a ocupar um papel central no processo de se conferir legitimidade à democracia. Por isso, houve euforia na primeira geração de estudos sobre o potencial transformador da internet: ela permitiria alcançar os ideais da democracia direta.
Já em um segundo momento, o debate se aprofundou; com isso, o foco se voltou para formas e mecanismos pelos quais o setor público e a sociedade interagem a partir dos meios eletrônicos e, assim, fortalecem a democracia.
A democracia digital corresponde ao uso da TIC com o propósito de fortalecer a democracia, facilitando e ampliando a participação popular.
Vê-se contemplada aí a oferta eletrônica de iniciativas, como, por exemplo:
Fóruns de debate
Consultas à população
Referendos
Votações
Processos decisórios
Atenção
Referendos
Após a aprovação de uma política, o governo pode submetê-la à avaliação da população, que, por sua vez, pode mantê-la ou rejeitá-la.
Esses exemplos funcionam como instâncias adicionais de participação, e não como substitutos de formas tradicionais de se consultar a população, como, por exemplo, conselhos, conferências e audiências públicas.
E-PARTICIPAÇÃO
Há, como sabemos, diversos dilemas estabelecidos pela associação da democracia com a representação. Isso gera consequências na legitimidade democrática, como crenças, valores, sistema social e reconhecimento de uma estrutura de poder.
A par disso, a Organização das Nações Unidas (ONU) propôs um índice de “e-participação”. Ele é, de acordo com o critério da forma de participação eletrônica dos cidadãos, formado por três estágios: e-informação, e-consulta e e-decisão.
A figura a seguir estabelece um esquema visual da evolução desses estágios:
Figura 1 - Dimensões integradas da e-participação
Como podemos observar na figura, quanto maior o grau de maturidade da relação entre a sociedade e o governo, maior será a participação dos cidadãos na tomada de decisões.
Vamos falar um pouco sobre cada uma dessas categorias!
E-informação
É o estágio inicial da relação ente o Estado e a sociedade. Nesta fase, ocorre a disponibilização de dados, documentos e informações sobre o governo e suas ações.
Os cidadãos podem apenas acessar os materiais que o poder público decidir disponibilizar e na forma como eles forem ofertados: o canal de comunicação é unidirecional. É aqui que entra o elemento-chave “transparência governamental”, sem o qual o exercício do controle social não seria possível.
E-consulta
Segundo estágio da e-participação, a e-consulta, diferentemente do primeiro, se refere a um relacionamento bidirecional entre o Estado e a sociedade. Neste caso, o governo toma a iniciativa de realizar as consultas à população, definindo, assim, as questões e o formato de sua realização.
Ele também incentiva os cidadãos a participarem do processo. Advindas dos mais diferentes mecanismos de consulta, as sugestões recebidas pelos governos podem servir de auxílio para a tomada de decisão. Portanto, não precisa haver a obrigatoriedade de se incorporá-las.
Caberia ao governo solicitante, no entanto, dar um retorno aos colaboradores e comunicar se as sugestões, as críticas ou os comentários foram analisados e incorporados ou não, justificando as decisões.
Se não o fizerem, correm o risco de desestimular o uso dos mecanismos de consultas eletrônicas. As petições eletrônicas, por exemplo, são de iniciativa popular; no entanto, elas precisam ser inicialmente recebidas pelo governo, que, em seguida, poderia dar sequência ao seu processamento.
E-decisão
Esta categoria, assim como a do estágio anterior, também é bidirecional. Ela implica a participação ativa dos cidadãos no ciclo das políticas públicas, ou seja, no desenho, na definição, no monitoramento e na avaliação delas.
Para isso, é preciso que haja um relacionamento de confiança e alguma maturidade tanto do Estado quanto da sociedade para o estabelecimento de uma parceria entre os atores.
A participação aqui também pode utilizar os mesmos mecanismos das consultas. A diferença está no peso da opinião dos cidadãos: elas não são apenas sugestões, mas também tarefas que devem ser implementadas. A participação popular tem um peso nessa dinâmica.
O quadro a seguir apresenta exemplos práticos de mecanismos de participação em três dimensões apresentadas (informação, consulta e decisão) nas instâncias tradicional e de governo eletrônico.
Como veremos, a premissa permanece a mesma: é preciso aprofundar a democracia no sentido de abrir mais canais para o recebimento e a inclusão de sugestões dos cidadãos no ciclo das políticas públicas.
A diferença é que o governo eletrônico oferece novas possibilidades de se realizar esse controle social. É muito importante observar que essas oportunidades vêm se somar ao rol de mecanismos de democracia direta, e não para substituir os meios tradicionais analógicos já existentes.
Como se pode depreender deste quadro, já havia instrumentos de participação “analógicos” nas três dimensões de participação mesmo antes das possibilidades colocadas pelas TICs.
Quanto ao canal unilateral de fornecimento de informação, os governos utilizavam meios tradicionais para informar a população: correios, serviços telefônicos e anúncios impressos. O próprio Diário Oficial da União servia — e ainda serve — para transmitir as principais comunicações de acontecimentos no âmbito da administração pública federal.
Essa dinâmicainformativa do governo é reproduzida em sítios eletrônicos que disponibilizam informações de procedimentos, mecanismos de buscas dentro dos portais e redes de comunidade.
Façamos uma pausa para podermos refletir. Nesse contexto, responda: você conhece algum canal de e-informação?
Resposta Um exemplo de canal de e-informação é o da Defesa Civil do Distrito Federal, que criou um serviço de disparo em massa de mensagens SMS. O cidadão pode se cadastrar e, a partir daí, ser notificado sobre informações importantes de sua região, como, por exemplo, condições climáticas extremas e queimadas próximas a centros urbanos.
Da mesma forma, antes de haver ferramentas de e-participação na dimensão da consulta, já existiam outros mecanismos.
Por exemplo, quando se queria saber o que a população achava sobre determinada questão, o poder público poderia realizar pesquisas de opinião, além de agendar e fazer convites para uma audiência pública, oficinas, seminários ou consultas públicas. Ele, inclusive, ainda o faz.
A partir de uma perspectiva de e-participação, todavia, é possível reproduzir esses mecanismos tradicionais na versão eletrônica por meio da gestão de queixas, chats, grupos focais, redes sociais e petições eletrônicas.
Ainda que a consulta já represente uma relação bidimensional, a dimensão da decisão é a mais importante, pois somente nela é possível vincular o posicionamento do cidadão aos resultados no ciclo de políticas públicas. Isso significa dizer que a relação bidirecional, neste caso, é baseada na cooperação interativa: os cidadãos se envolvem de fato e de maneira efetiva em processos deliberativos.
Como nas outras duas dimensões, já havia inciativas em funcionamento antes da e-participação. Um exemplo tradicional disso é o orçamento participativo. Tal modalidade é um mecanismo governamental que possibilita aos cidadãos influenciarem ou decidirem acerca dos orçamentos públicos das prefeituras para assuntos locais.
São realizadas reuniões para debate e deliberação nas comunidades a fim de se decidir como deve ser gasta uma parcela do orçamento municipal. Os resultados costumam ser obras de infraestrutura, saneamento e serviços. A iniciativa surte excelentes resultados, porque os cidadãos têm de lidar com diversas demandas e um orçamento limitado, o mesmo que ocorre com a administração pública.
Ainda nessa dimensão dos mecanismos tradicionais de participação, é possível incluir as conferências setoriais e os conselhos gestores de políticas públicas. Essas iniciativas envolvem e criam espaços para deliberações entre especialistas nas respectivas áreas e cidadãos comuns que querem participar e se envolver nas decisões de determinados temas.
É possível citar algumas dessas conferências:
· Conferência Nacional de Saúde;
· Conferência Nacional de Cultural;
· Conferência Nacional de Juventude;
· Conferência Nacional de Educação;
· Conferência Nacional das Cidades;
· Conferência Nacional de Meio Ambiente.
Todas essas iniciativas são facilitadas pelos mecanismos de e-participação. No entanto, há várias outras: pesquisa sobre elas!
CONCEITOS DE DEMOCRACIA E GOVERNANÇA ELETRÔNICA
MÓDULO 2
Discutir questões relacionadas à implementação de mecanismos de governo eletrônico no Brasil e os seus reflexos na democracia representativa
GOVERNANÇA E INOVAÇÃO NO SETOR PÚBLICO
A participação de diversos atores na formulação de políticas públicas resulta na questão da governança eletrônica. Em termos gerais, podemos dizer que os governos, a sociedade civil e o setor privado trazem subsídios para a tomada de decisão e os rumos do Estado.
A governança, portanto, é conceituada como a forma com que os múltiplos atores presentes na sociedade interagem para definir, implementar, monitorar, alterar e avaliar políticas públicas.
Sendo assim, ela diz respeito à forma como o poder é exercido e compartilhado. Entende-se que as decisões não cabem unicamente ao governo ou a seus representantes políticos, detentores de cargos eletivos. Elas precisam envolver diferentes atores sociais, econômicos e políticos.
De forma mais simplificada, podemos dizer que a governança diz respeito a como algo é feito, e não à maneira como isso ocorre, ou seja, se ela é justa, eficaz ou eficiente.
Uma boa governança deveria englobar o seguinte conjunto de características: transparência, accountability, integridade, honestidade, imparcialidade, eficácia, eficiência e equidade.
A participação do maior número possível de cidadãos é um fundamento do conceito de boa governança, o que reforça a legitimidade dos resultados alcançados e da democracia participativa.
É preciso destacar ainda a importância de se aumentar a participação de negros, mulheres e outros grupos até então alijados dos processos decisórios.
A e-governança não significa a simples transposição de mecanismos offline para o mundo eletrônico. No uso das ferramentas da TIC nos governos, ela pode modificar as bases ou os processos de governança que não seriam possíveis sem essas ferramentas eletrônicas.
Trata-se, portanto, da criação de novas estruturas de governança ou processos que, até o momento, não eram possíveis sem elas – especialmente na internet. Ela também está relacionada com a busca pelo engajamento dos diferentes atores em um processo de produção conjunta de serviços públicos.
O conceito de e-governança, além disso, se refere ao uso de tecnologias para se posicionar o governo em uma rede externa com o cidadão e outros stakeholders a fim de que eles possam cooperar na produção de políticas e serviços públicos.
Esse debate está inserido no contexto das sociedades da informação e em rede. Ou seja, integra-se à noção de uma estrutura social baseada na TIC e nas redes de comunicação digital que geram, processam e distribuem conhecimento acumulado nos nós das redes.
A perspectiva da organização em redes não é nova. Mas as expansões da TIC e da internet potencializam a perspectiva da organização em redes para todos os campos da nossa vida social, inclusive o político.
Não se pode perder de vista o desafio da exclusão digital no desenvolvimento e na realização da e-democracia e da e-governança. Essa exclusão pode ser ocasionada por diversos fatores, como, por exemplo, dificuldade de acesso a ferramentas tecnológicas e à própria internet, falta de familiaridade ou capacitação para atuar no contexto digital e questões de gênero, idade e classe.
Como é possível resolver esses dilemas?
Para resolvê-los, é necessário estabelecer uma série de inovações no setor público e buscar novos caminhos. Essas novidades podem ser definidas como uma ideia, prática ou objeto que seja percebido como novo por um indivíduo ou outra unidade adotante.
Além disso, elas também são novas ideias que funcionam. Há duas condições suficientes e necessárias para formar essa definição:
Resposta 1  A novidade, ou seja, as ideias que serão adotadas podem já ter sido realizadas em outros âmbitos, mas elas ainda são novas para a instância que as implementará.
Resposta 2 Ela precisa funcionar, ou seja, sua adoção deve trazer melhorias em relação à condição anterior, gerando, com isso, ganhos de eficácia, eficiência ou qualidade.
Uma vez satisfeitas essas duas condições, é possível estabelecer a classificação das seis categorias de inovação quanto ao tipo no setor público. Listaremos tais categorias a seguir e apontaremos e suas respectivas características:
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INOVAÇÃO EM SERVIÇOS
Corresponde a uma nova função ou melhoria na qualidade das categorias já existentes. Exemplo: um cidadão pode usar uma carteira de motorista digital para substituir o documento físico.
INOVAÇÃO NA ENTREGA DOS SERVIÇOS
Novas formas de se fornecer um serviço público já existente. Exemplo: o agendamento online de entrega de documentos para a emissão da carteira de motorista.
INOVAÇÃO ADMINISTRATIVA
Mudanças na organização que podem ocorrer nas suas rotinas ou estruturas. Exemplo: nova forma de se organizar o trabalho interno no Detran, órgão responsável por emitir carteiras de motorista.
INOVAÇÃO CONCEITUALDesenvolvimento de novas visões sobre um tema que desafiam os conceitos existentes sobre os quais produtos, serviços e processo organizacional se baseiam. O exemplo mais famoso das últimas décadas está fora do setor público: é o iPhone da empresa Apple.
INOVAÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS
Alterações nas políticas públicas em função de um processo de aprendizado (policy learning) ou fruto de uma inovação conceitual. Exemplo: disponibilização de serviços para portadores de smartphones.
INOVAÇÃO SISTÊMICA
Formas novas ou aprimoradas de interação com outras organizações e fontes de conhecimento. Exemplo: fechamento de grande parte das agências de um banco público, pois a relação com o cliente será feita por meio de aplicativos de celular.
Ainda sobre a inovação na administração pública, também é possível dividi-la em três categorias quanto ao grau de inovação das iniciativas:
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1. Inovação incremental
Muito dificilmente haverá êxito ao se mudar a forma como as organizações se estruturam ou se relacionam entre si. No entanto, inovações do tipo são fundamentais para a melhoria paulatina na qualidade dos serviços públicos e sua adaptação às necessidades específicas de cada localidade.
Alguns exemplos deste tipo de inovação são as ferramentas baseadas na TIC, já que elas permitem a organização de procedimentos administrativos e financeiros internos de uma repartição pública.
2. Inovação radical
A inovação aqui se dá em duas frentes: novos serviços são desenvolvidos, ou são fundamentalmente estabelecidas novas formas de se organizar ou entregar um serviço. Contudo, a dinâmica do setor permanece a mesma.
Nesse rol, estão os serviços online de pagamento de impostos e educação a distância. Essas inovações resultam em uma melhoria significativa na performance do serviço, alterando inclusive as expectativas dos usuários.
3. Inovação transformacional
A inovação transformacional, em geral, surge quando se adotam novas tecnologias capazes de transformar setores. Elas dão origem a diferentes estruturas de trabalho, tipos de organizações e relacionamentos entre organizações, além de uma melhoria substancial na performance.
O advento da TIC é visto como um potencial facilitador e indutor deste tipo de inovação.
O conceito de e-democracia carrega em si mesmo a perspectiva de uma inovação sistêmica e transformacional que pode ser mais bem colocada neste termo: e-democracia radical.
Isso ocorre por conta das expectativas geradas em termos de alargamento e aprofundamento dos desenhos da interação entre o Estado e a sociedade, pois existe o potencial de levar à democracia direta em substituição à representativa.
A democracia digital, além disso, pode ser considerada uma inovação conceitual, pois ela passa a considerar a relação entre Estado e sociedade a partir de um novo prisma.
Entendemos que essa mudança se dá a partir da migração de um modelo com maior predomínio do governo para uma visão online. Nesta visão, a sociedade teria maior protagonismo e capacidade de influência no ciclo das políticas públicas.
Todavia, para que as inovações conceituais se convertam em mudanças nas políticas públicas, gerando, como consequência desse processo, modificações transformacionais na relação entre o Estado e a sociedade, seria necessária a preparação de políticas especificas voltadas para isso. Além disso, também é preciso desenvolver ferramentas que possibilitem o exercício dessa nova forma de relação.
O aumento dos estudos e das aplicações baseadas em TIC para fomentar a interação entre o Estado e a sociedade criou uma área de inovações. Ela está destacada no quadro a seguir:
	Tipo de interação
	Características
	E-acessibilidade
	Tornar a e-participação possível para pessoas com deficiências.
	E-ativismo
	Atividades políticas ou manifestações com origem na sociedade.
	E-campanhas
	Campanha política por meios eletrônicos.
	E-comunidade
	Uso da TIC pela comunidade com foco na política.
	E-consultas
	Consultas públicas realizadas pelo governo por meios eletrônicos.
	E-decisão
	Processos decisórios com uso da TIC.
	E-deliberação
	Processo participativo de debate em canais eletrônicos.
	E-inclusão
	Tornar a e-participação possível para pessoas excluídas digitalmente.
	E-petição
	Petições eletrônicas de iniciativa popular.
	E-política
	Participação eletrônica em partidos ou grupos políticos.
	E-pesquisas
	Pesquisas de opinião.
	E-regras
	Participação eletrônica na formulação ou promulgação de leis e normas.
	E-votação
	Votação eletrônica.
Quadro: Campo de inovações na relação entre o Estado e a sociedade baseada na TIC.
Fonte: (SANFORD; ROSE, 2007, p. 406-421)
Desse modo, a inovação não pode ser entendida como uma nova forma de se abordar um mesmo problema mais eficiente que a anterior. Ela sequer precisa envolver necessariamente tecnologia, ainda que isso certamente facilite quaisquer iniciativas inovadoras.
Um dos elementos que não pode ser desconsiderado na adoção do governo eletrônico no Brasil é a concomitante migração para o modelo de gestão denominado “nova governança pública”. Falaremos sobre ele adiante.
NOVA GOVERNANÇA PÚBLICA
A nova governança pública estabelece as novas bases de accountability do governo aberto. Esse estilo de gestão se caracteriza por um conjunto de reformas na estrutura do Estado no sentido de melhorar os processos organizacionais e de levar à efetividade da gestão pública.
Entre suas medidas, estão:
· Redução do tamanho do setor público e descentralização organizacional.
· Desestatização associada a um movimento de concepção das agências — organizações autônomas que se vinculam a estruturas centrais mediante um sistema de confiança e de responsabilidade política.
· Desburocratização e a gestão por competência.
· Clientelização, imprimindo a ideia de clientes do serviço público, para a população demandante – e não apenas a de usuário.
· Implementação de instrumentos de avaliação permanente dos serviços prestados e do desempenho de servidores.
· Ações que contribuam para mudanças culturais dentro do serviço público.
Somente sobre as bases da inovação e da nova governança pública foi possível a formulação do conceito de governo aberto. Sua definição não está baseada em uma nova tecnologia, e sim em uma filosofia de governo na qual o Estado e os cidadãos atuam em conjunto na administração pública, buscando a criação de valor público e trazendo resultados mais efetivos.
Dessa forma, essa perspectiva de governo oferece critérios normativos para a relação entre o Estado e a sociedade. Ela busca incentivar a adoção de iniciativas, como, por exemplo:
	1
	Introdução de TICs que permitam uma interação fluida e comunicação de via de mão dupla entre o Estado e os cidadãos.
	2
	Disponibilização de dados e canais de interação e diálogo com os cidadãos.
	3
	Uso da abertura desses novos canais participativos para o efetivo envolvimento dos atores interessados na iniciativa pública.
O governo aberto propõe uma nova postura da administração pública. São prezados nela os seguintes pontos:
Acesso à informação
A transparência e o acesso à informação como direitos humanos.
Reutilização da informação
A possibilidade de reutilização da informação do setor público (dados abertos).
Participação do cidadão
A contribuição para o fortalecimento da participação do cidadão.
Espaços colaborativos
O favorecimento à geração de espaços colaborativos para a cocriação e a coprodução de valor público.
Sobre o termo governo aberto, devemos frisar ainda que ele se refere a toda estrutura de poderes do Estado. Assim, seria mais adequada a expressão Estado aberto.
Esta é a linguagem das Ciências Sociais latino-americanas por abarcar também os poderes Judiciário e Legislativo, além de outras instâncias do aparato estatal, incluindo as empresas públicas, os organismos descentralizados e os entes públicos não estatais.
O movimento em prol do governo aberto ganhou força após a reunião de oito países: Estados Unidos, Brasil, México, África do Sul, Filipinas, Indonésia, Noruega e Reino Unido.Eles instituíram um pacto para a propagação de iniciativas bem-sucedidas de abertura no governo.
A partir daí, no ano de 2011, nasceu a Aliança para Governo Aberto (AGA) ou, em inglês, Open Government Partnership (OGP).
A partir da OGP, o governo aberto baseia-se em quatro princípios:
1) Melhorar a disponibilidade das informações a respeito das atividades do governo para todos os cidadãos.
2) Apoiar a participação cívica.
3) Implementar os mais altos padrões de integridade profissional nas administrações.
4) Favorecer o acesso a novas tecnologias que facilitem a abertura e a prestação de contas.
Apesar da diversidade conceitual, atribui-se, de maneira convergente, que os princípios do governo aberto devem pautar-se por uma filosofia de governo norteada por valores. Nesse sentido, a transparência, a participação e a colaboração são os três pilares que sustentam tal proposta.
Devemos ressaltar que existem duas categorias de transparência em relação à iniciativa: a passiva e a ativa.
A transparência passiva é caracterizada pela necessidade de o cidadão solicitar a informação para que, em seguida, o poder público a disponibilize. Assim, por exemplo, caso um jornalista queira fazer uma matéria sobre os salários de servidores de determinado órgão de governo, ele precisará fazer uma solicitação e aguardar a resposta.
Já a ativa ocorre quando a informação já está disponibilizada no sítio eletrônico sem que ela precise ser solicitada. No exemplo anterior, o jornalista não precisaria fazer a solicitação: ele apenas acessaria o sítio do órgão em questão e poderia visualizar as informações de que precisa para fazer sua análise e escrever sua matéria.
Outro aspecto fundamental é a forma pela qual a informação é disponibilizada, ou seja, a transparência quanto à disponibilidade de conteúdo. Neste caso, ela pode ser opaca ou clara.
No primeiro caso, as informações estão disponíveis, mas os dados estão dispersos e são de difícil compreensão, visualização e reutilização. Tal forma dificulta o controle.
Quando a transparência é clara, os dados estão disponibilizados de maneira que facilite a reutilização e torne mais fácil o controle cidadão.
Voltando ao exemplo do jornalista e assumindo que o órgão em estudo esteja exercendo a transparência ativa porém opaca, os dados estariam distribuídos em uma série de documentos em forma de texto e sem uma possibilidade de edição (caso de um arquivo PDF, por exemplo). Neste caso, o jornalista teria de abrir um por um para acessar as informações de que precisa.
Se a transparência ativa prezasse pelo controle cidadão amplo e irrestrito, ela disponibilizaria a informação de forma clara. Isto é, o faria em uma planilha editável e de fácil consulta para que nosso jornalista pudesse acessar os dados de forma agregada e tirar conclusões a respeito do tema que procura.
A filosofia proposta pelo governo aberto objetiva uma transparência ativa e clara a fim de aprofundar a relação entre o Estado e a sociedade. Dessa forma, aumentam-se os mecanismos e as possibilidades de exercício da democracia de forma direta.
A representação política permanece, mas passa a conviver com outras formas de interação entre o Estado e a sociedade. Elas, aliás, surgem a partir das novas possibilidades inauguradas pelas TICs.
Por isso, o conceito de governo aberto engloba a participação cidadã para realizar a eficácia, a eficiência, a efetividade e a criação de valor público por parte do governo. Entre suas premissas e práticas, está o governo eletrônico.
Reside aí a diferença entre os conceitos de governo eletrônico e aberto, mesmo que eles sejam semelhantes e tenham vários pontos de contato.
Atenção
Enquanto o governo eletrônico descreve uma série de práticas e mudanças procedimentais, o aberto se concentra na mudança de valores e busca repensar procedimentos e dogmas das administrações públicas e dos governos.
Sendo assim, para que ocorra a implementação do governo aberto, algumas mudanças são fundamentais:
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CULTURAL
A implementação do governo aberto não será possível se a administração pública e seus executores não reconhecerem o papel central do cidadão. Uma perspectiva que enxergue os cidadãos como receptores das políticas públicas, e não como participantes efetivos das decisões, torna impossível uma transição para o governo aberto.
DE PROCEDIMENTOS OFERECIDOS
Uma vez modificada a cultura e tendo em consideração as facilidades oferecidas pela variedade de TICs disponíveis, é preciso mudar também a forma como os procedimentos são oferecidos e buscar padrões de oferta de serviços públicos mais próximos daqueles observados na iniciativa privada. Essas modificações permitirão o aperfeiçoamento do valor público sob a ótica do cidadão.
DA ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO
Outro passo fundamental é a eliminação das disfunções burocráticas e dos resquícios de perspectivas inteiramente analógicas, como protocolos, prazos exagerados, exigência de documentação desnecessária ou de originais. Dessa forma, é possível ampliar a eficiência, a eficácia, a efetividade e a entrega de valor público sob a ótica do cidadão.
DAS FORMAS DE RELAÇÃO
Trata-se da aproximação e da promoção de um verdadeiro diálogo com os cidadãos pelos vários meios de interlocução possíveis. A comunicação é uma via de mão dupla. Por isso mesmo, a partir do momento em que o órgão passa a disponibilizar um canal de acesso, é preciso que também se construa uma estrutura interna para processar as solicitações e considerá-las efetivamente. Essa será a forma de evitar canais inócuos que gerem uma desconfiança dos cidadãos pelas instituições.
No Brasil, a filosofia do governo aberto e as possibilidades colocadas pelo governo eletrônico resultaram em algumas modificações nas instituições de Estado. Elas vieram do Poder Legislativo graças a modificações na legislação que passaram a estabelecer novas obrigações para o próprio poder público.
O Poder Judiciário, em resposta, passou a disponibilizar ferramentas de comunicação. Além disso, também é preciso ressaltar iniciativas vindas dos órgãos de controle, como, por exemplo, Controladoria-Geral da União, Tribunal de Contas da União e Ministério Público Federal.
Veremos agora uma lista das iniciativas particularmente importantes:
 Clique nas informações a seguir.
1 Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Ela propõe, no aspecto do governo aberto, a ampliação da transparência.
A LRF se torna então uma das primeiras normas de vigilância no Brasil. Neste momento, ainda sob o prisma de uma transparência passiva, os órgãos seriam obrigados a responder quando demandados e teriam prazos para tanto.
2 Abertura em 2004 do Portal da Transparência do governo federal. Isso possibilitou ao cidadão brasileiro o acesso a informações, como, por exemplo, dados sobre os gastos realizados pelo próprio governo federal em compras ou contrato de obras e serviços e sobre os recursos públicos federais repassados pelo ente a estados, municípios e Distrito Federal, além daqueles enviados diretamente ao cidadão.
 Mais tarde, no ano de 2010, o portal passou a oferecer as informações em tempo real, assumindo, assim, uma postura chamada de transparência tempestiva.
3 Lei Complementar no 131, de 27 de maio de 2009, conhecida como Lei Capiberibe. Ela acrescentou dispositivos à LRF, determinando que “a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios disponibilizem, em meio eletrônico e tempo real, informações pormenorizadas sobre sua execução orçamentária e financeira”.
Dessa forma, podemos verificar que a administração pública busca se aproximar de uma transparência ativa sem depender da provocação do interlocutor para disponibilizar os dados.
4 Promulgação da Lei de Acesso à informação (LAI), no 12.527, de 18 de novembro de 2011. A LAI estipula a regulamentação do direito de acesso a informações públicas previsto na Constituição, estabelecendo regras e procedimentos específicos para possibilitar o exercício desse direito pelos cidadãos.5 
Escala Brasil Transparente. Desenvolvida pela Controladoria-Geral da União em 2015, ela é um índice que elege como propósito a avaliação do grau de efetivação dos dispositivos da LAI.
Seu objetivo é elencar os órgãos quanto à sua transparência e estabelecer critérios para tal classificação. O enfoque dado às análises, todavia, ainda ocorre a partir do critério da transparência passiva, a qual, por sua vez, representa 75% no peso total do índice.
6 Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro (Enccla). Graças à Enccla, foi desenvolvido o índice de transparência sob a coordenação do Ministério Público Federal (MPF).
A iniciativa se dispôs a analisar os níveis de transparência dos municípios brasileiros e buscou mensurar a transparência institucional na administração pública brasileira. Nesse sentido, ela se concentrou principalmente em variáveis de transparência ativa e passiva.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo deste tema, descrevemos os conceitos de democracia. Além de sua origem, estabelecemos a definição de governança eletrônica. Em seguida, discutimos questões relacionadas à implementação de mecanismos de governo eletrônico no Brasil, apontando ainda seus reflexos na democracia representativa.
Acreditamos que a inovação e as ferramentas de TIC permitiram um aprofundamento da democracia sem precedentes na história moderna. Sem tal perspectiva na nova administração pública, esse aprofundamento não seria possível.
Enquanto o governo eletrônico envolve um grupo de ferramentas com novas formas de interação entre o Estado e a sociedade, a e-democracia e o governo aberto são uma filosofia que utiliza as TICs para tornar os estados mais transparentes, participativos e colaborativos.
Preste atenção à sua volta: que serviços públicos são prestados por meio da internet? Como você pode utilizá-la para influenciar a política pública?
DESCRIÇÃO
Acesso a dados da administração pública. Gestão pública e transparência de Informações. Digitalização de dados governamentais. Instrumentos de governo eletrônico no Brasil.
PROPÓSITO
Compreender tanto as questões importantes para o governo eletrônico no Brasil quanto aquelas relacionadas às aplicações dele na administração pública brasileira, assim como algumas ferramentas particularmente importantes de e-government no país.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, certifique-se de ter papel e lápis por perto para acompanhar o texto e fazer anotações.
OBJETIVOS
Módulo 1
Formular aspectos-chave da implementação do governo eletrônico no Brasil
Módulo 2
Descrever questões relacionadas à transparência graças ao governo eletrônico no Brasil
Módulo 3
Reconhecer recursos relevantes do governo eletrônico no Brasil
INTRODUÇÃO
É impossível dissociar a inserção do governo eletrônico no Brasil do contexto de reformas do Estado da década de 1990. A mudança de paradigma para a nova administração pública foi fundamental para que certos caminhos fossem abertos.
Tais caminhos permitiram um aprofundamento da própria concepção de democracia a partir de uma maior disponibilidade de dados governamentais e do aprofundamento da transparência.
Apresentaremos neste tema os principais aspectos relacionados às iniciativas de governo eletrônico do Brasil, incluindo alguns dos principais recursos para os cidadãos e a administração pública. E, nesse caso, destacaremos as questões relativas à transparência.
MÓDULO 1
Formular aspectos-chave da implementação do governo eletrônico no Brasil
GOVERNO ELETRÔNICO NO BRASIL
O conceito de governo eletrônico surge de maneira incipiente no início dos anos 1990. É praticamente impossível dissociá-lo do processo de mudanças institucionais e da reforma do Estado que caracterizaram esse período no Brasil. Somente no final da década a ideia ganharia força e suas aplicações passariam a fazer parte da administração pública.
Nesse momento, a principal dimensão do governo eletrônico que passa a ocupar espaço é a da transferência de atividades governamentais para o ambiente digital. A intenção era diminuir os custos de atividades administrativas — papel, setores de protocolo, almoxarifados e arquivos — e aumentar a velocidade nos processos e no provimento de serviços.
Saiba mais
A década de 1990 é marcada por uma mudança do papel do Estado no Brasil, diminuindo a atuação dele por conta da privatização de empresas estatais, da estabilidade macroeconômica e do desenvolvimento de redes de proteção social. Pesquise sobre esse período na internet!
No Brasil, tem havido, desde a década de 1970, iniciativas no sentido de informatização da estrutura burocrática.
No entanto, a adoção efetiva de ferramentas de governo eletrônico apareceu somente no bojo das diversas reformas e transformações organizacionais que caracterizaram a administração do então presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
Para tanto, de 1995 a 1998, chegou a existir um órgão de cúpula (Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado) responsável pelo tema. Nesse período, havia duas prioridades nas reformas:
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Informatizar
Informatizar operações e serviços estatais;
Promover
Promover modos de aproximação política com os cidadãos.
A abertura de capital no setor de telecomunicações certamente foi uma das transformações que possibilitou a implementação do governo eletrônico, tendo ocorrido ainda na metade da década.
Esse passo foi fundamental para tornar o setor governamental um indutor de ações estratégicas na busca por uma sociedade da informação. Nesse cenário, três responsabilidades foram colocadas para o governo:
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1 Definir um quadro regulatório adequado
2 Atuar como cliente na contratação de bens e serviços na área de tecnologia da informação, estimulando o setor privado e as parcerias com entidades governamentais;
3 Gerar eficiência e transparência no que se refere às suas atividades no âmbito político.
Diversas experiências já comuns no serviço público têm sido sistematicamente adaptadas para o modo de governo eletrônico.
Exemplo
Pregões (formas de efetuar compras públicas, ou seja, aquelas feitas por parte do governo), licitações online, dinamização de trâmites burocráticos e uma relativa eficiência — algo ainda raro no setor público — de processos, como, por exemplo, a arrecadação de impostos.
Quanto aos objetivos do governo eletrônico, é possível dividir suas iniciativas em dois tipos:
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1. PROGRAMAS DE GOVERNO ELETRÔNICO QUE PRIVILEGIEM OS PROCESSOS BUROCRÁTICOS INTERNOS (INTERAÇÃO ENTRE ÓRGÃOS PÚBLICOS OU PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS)
No exemplo da imagem a seguir, um usuário encontra informações relativas a seguro-desemprego e carteira de trabalho, além de poder tirar suas dúvidas. Já as empresas podem se informar sobre alterações cadastrais na Receita Federal ou saber mais acerca do registro de seus trabalhadores.
Figura: Tela principal do portal do governo brasileiro.
2. PROGRAMAS QUE SE CONCENTRAM NA RELAÇÃO DO ESTADO COM O SETOR PRIVADO
Observaremos na próxima imagem as informações disponíveis sobre contratações e compras do governo.
Figura: Tela principal do portal de compras governamentais do Ministério da Economia.
OS APRENDIZADOS DA EXPERIÊNCIA BRASILEIRA
A experiência do Brasil com o governo eletrônico oferece duas conclusões indissociáveis.
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1 Não há projeto bem-sucedido de governo eletrônico sem um excelente planejamento. É preciso considerar os objetivos de cada empreendimento, a competência jurisdicional da instituição que o promove e as características do público-alvo.
2 Deve haver um acompanhamento sistemático da prestação dos serviços online e a disposição de responder às demandas encaminhadas em período adequado. Além disso, é preciso existir uma estrutura — tanto de servidores quanto de equipamentos — capaz de comportar as demandas que inevitavelmente passarão a ser encaminhadas a partir do momento em que o ambiente digital for disponibilizado aos cidadãos.
3 Mais uma vez, é impossível dispensar

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