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SAUDE_EDUCACAO_E_MEIO_AMBIENTE

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SAÚDE EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE
SAÚDE, DOENÇA E SOCIEDADE
Elson Fontes Cormack
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Olá!
Você está na unidade . Conheça aqui a Saúde como Direito e Determinante Social; aSaúde, doença e sociedade
Saúde e a relação com a sociedade e o processo saúde-doença.
Bons estudos!
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1 Saúde como direito e determinante social
A saúde não pode ser compreendida fora do seu contexto social. A Constituição Brasileira de 1988 relata
textualmente em seu Artigo 196 (BRASIL, 1988) que a é direito de todos e dever do Estado, garantidosaúde "
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação Para que se entenda a".
saúde como um direito, é preciso entender como essa conquista social foi adquirida ao longo do tempo pelos
cidadãos. E para isso é preciso compreender o que é cidadania.
Cidadania é o conjunto de direitos básicos - civis, políticos e sociais - que se formaram ao longo do tempo,
através de uma longa história de luta social. Portanto a noção de cidadania é essencialmente política, pois ela diz
respeito a uma relação de poder entre um grupo de indivíduos (cidadãos) e o Estado. Os chamados direitos
 correspondem à existência de direitos ou obrigações do Estado em relação à sociedade.sociais
Até o século XIX os direitos sociais eram garantidos principalmente pela família, por organizações civis,
corporativas e religiosas, que buscavam efetivar o amparo à saúde dos indivíduos que adoeciam. Somente após o
século XX é que começam a surgir e se consolidar os modernos sistemas de proteção social. E nesse contexto
surgem então as políticas públicas do Estado que visam estabelecer direitos sociais, juntamente com uma
infraestrutura necessária para apoiar e viabilizar essas políticas. Os portantoobjetivos da proteção social
visam a necessidade de tentar neutralizar ou minimizar os impactos dos riscos ao indivíduo e a sociedade dos
efeitos das doenças, envelhecimento, invalidez, desemprego e exclusão social, assegurando benefícios
fundamentais à maioria da população tais como assistência à saúde, aposentadorias, pensões, indenizações por
acidentes de trabalho, auxílio desemprego, auxílio às famílias em estado de pobreza e diversas outras formas de
assistência social pública.
O Estado se organiza e atua em prol da sociedade visando seu bem-estar social através das políticas de
assistenciais que implementa, e especificamente em relação à saúde de seus cidadãos através das políticas de
que propõe e executa Todas as decisões tomadas pelo Estado na esfera da saúde são imperativas, poissaúde . 
elas podem permitir ou proibir determinados comportamentos que afetam a vida de todos os cidadãos. Para
enfrentar a pandemia provocada pelo COVID-19 por exemplo, governos de vários países do mundo
determinaram a interrupção de todas as atividades consideradas não-essenciais à vida, levando ao fechando de
escolas, universidades, lojas, cinemas, teatros, comercio, escritórios etc, num processo conhecido como 
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(ou bloqueio, em português) visando evitar ou retardar a propagação do vírus. Perceba que aslockdown 
decisões políticas envolvem escolhas, numa seleção de alternativas dentro de uma gama extensa de
possibilidades e opções.
Todo processo de envolve uma série de diferenças, conflitos de interesses e cooperação. Nessedecisão política
processo os conflitos surgem porque existem valores e interesses diferentes, que resultam em diversas opiniões
e visões sobre as maneiras pelas quais deveríamos “obter saúde”, que variam de acordo com o ,background
qualificação e formação das pessoas envolvidas. Para influir nas regras para “obter saúde” os diferentes atores
sociais envolvidos e atuantes nessa questão necessitam fazer acordos que permitam um consenso social para
atuar coletivamente em torno de um objetivo comum. Esses fatos ficaram muito nítidos durante a pandemia do
COVID-19, quando a forma de enfrentamento da disseminação da doença dividiu opiniões e colocou até mesmo
alguns especialistas diante de uma discussão entre uma abordagem de isolamento vertical (de apenas um
segmento mais frágil e susceptível da população) e os que defendiam o isolamento horizontal (quando todas as
atividades não essenciais eram suspensas e a população entrava em quarentena e distanciamento social, visando
retardar ou impedir a propagação da doença). No contexto dessa discussão estava a questão econômica, e o
papel do Estado como suporte dos setores mais frágeis e afetados pela paralização.
Com a evolução do número de infectados e o consequente número de mortos diários - somente a cidade de Nova
Iorque, conhecida como “a capital do mundo” e maior cidade dos Estados Unidos da América, que é maior
potência econômica dentre todos os países do mundo superou, no início de abril de 2020, a marca de 700 mortes
diárias pelo coronavírus. A partir daí o isolamento horizontal das populações atingidas pelo vírus passou a ser
menos questionada e universalmente aceita como a forma mais adequada para diminuir a velocidade de
propagação dessa doença com alto poder de transmissibilidade entre os indivíduos. Apesar da aparente baixa
letalidade desse vírus - apenas ao redor de 5 a 10% dos afetados necessitam de algum tipo de hospitalização - a
rápida transmissão não permite que o sistema de saúde de nenhuma cidade do mundo, nem mesmo a rica Nova
Iorque, absorva todo esse contingente populacional simultaneamente. No mundo inteiro a média de leitos de UTI
por habitantes é de 2,5 leitos para 10.000 habitantes. Tente calcular a necessidade de leitos de UTI numa cidade
como Nova Iorque, com 11 milhões de habitantes! E imagine agora se 5% de toda essa população adoecesse de
uma só vez e necessitasse ser atendida num leito de UTI. Seriam necessários cerca de 550.000 leitos! Por esse
motivo alguns navios transformados em hospitais flutuantes aportaram na cidade durante a crise do
coronavírus, e foram construídos 4 hospitais de campanha na cidade além de planos de transformar alguns dos
vários hotéis em hospitais temporários, numa verdadeira operação de guerra para combater esse inimigo
invisível.
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Assista aí
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Assista aí
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Fique de olho
Existem várias fontes de informação disponíveis e gratuitas na Internet para você ler e estudar
mais sobre esse assunto. Sem dúvida alguma a principal delas é os periódicos da Fundação
Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). Essa Instituição que começou a funcionar em 1900 na bucólica
Fazenda de Manguinhos, zona norte da cidade do Rio de Janeiro, foi inaugurada originalmente
pelo jovem bacteriologista Oswaldo Cruz para fabricar soros e vacinas contra a peste bubônica
e a febre amarela da cidade, nessa época a capital do país. Desde então ela teve uma uma rica e
intensa trajetória, que se confunde com o próprio desenvolvimento da saúde pública no Brasil.
O Instituto também foi peça chave para a criação do primeiro Departamento Nacional de Saúde
Pública, em 1920.
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2 Organização e classe social
No Brasil o processo de construção da chamada foi construído através de uma história deproteção social
organização e luta da sociedade pela ampliação do direito ao acesso à saúde, a fim de que a saúde se
materializasse enquantoum direito social e de cidadania. A própria história de construção do Sistema Único de
Saúde (SUS) é permeada por conflitos de interesse e vários acordos policias entre todas as partes envolvidas.
O em um país populoso, de dimensões continentais, heterogêneo,desafio de construir um sistema de saúde
com uma das altas concentrações de renda entre todos os países do planeta, e com acentuadas e desigualdades
econômicas e sociais não apenas entre suas regiões mas também entre grupos populacionais pertencentes à uma
mesma cidade, confere ao SUS uma tarefa quase impossível de ser realizada em sua totalidade.
A história da evolução das políticas de saúde no Brasil pode ser dividida entre ANTES e DEPOIS do SUS. Até a
década de 70 havia uma nítida separação entre as ações e serviço de saúde pública e as ações e serviços
assistenciais. À partir dos anos 1980, a democratização e a crise da Previdência Social resulta no fortalecimento
de novos atores políticos e a adoção de novas estratégias. Surgem nessa época as Ações Integradas de Saúde
 com princípios e objetivos consistentes com os do movimento de democratização do setor saúde, que(AIS)
preconizavam, dentre outros objetivos, o planejamento e administração das ações de saúde descentralizadas
pelos municípios, a criação de instâncias deliberativas permeáveis à negociação política, a possibilidade de uma
efetiva participação popular no acompanhamento nas ações e gastos do setor saúde, a incorporação do
planejamento à prática institucional e a inclusão das Universidades na formulação e implementação de políticas
de saúde.
A Constituição de 1988 estabeleceu em sua Seção II, artigos 196 a 200 (BRASIL, 1988), as bases do setor Saúde
no país, trazendo uma concepção ampliada do processo saúde doença com destaque para o Artigo 198 que
determina que as ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
Descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;
participação da comunidade.
Quando aprovada, a grande inovação política foi exatamente a questão da descentralização das ações de saúde,
uma vez que os municípios passavam a ser os responsáveis pelas ações de saúde no âmbito de seus territórios,
invertendo a lógica federalista do país, de concentração de poder no âmbito dos governos estaduais e federal.
Logicamente juntamente com esse processo de descentralização estava relacionado à transferência de mais
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recursos dos governos federal e estadual para os municípios gerirem a saúde. O SUS é um conjunto de ações e
serviços de saúde prestados por instituições públicas dos três níveis de governo, com participação do setor
privado, mediante contrato ou convênio. Os três níveis de governo são responsáveis pela gestão e financiamento
do SUS, de forma articulada e solidária, numa concepção de seguridade social da União, Estados e Municípios.
O Sistema Único de Saúde se pela:caracteriza
Características do Sistema Único de Saúde
Universalidade e igualdade de acesso;
integralidade na atenção à saúde, participação da comunidade;
regionalização e hierarquização da das ações e serviços de saúde;
descentralização político-administrativa com ênfase para os municípios e direção única em cada esfera
O Sistema Único de Saúde se fundamenta em três conceitos básicos:
Universalidade
Significa que todo cidadão tem direito ao acesso a todos os serviços públicos de saúde, incluindo os serviços
estatais e privados (conveniados ou contratados). 
Eqüidade
Significa que todo indivíduo é igual perante o SUS, e deve ser atendido dentro de suas necessidades até o limite
daquilo que o sistema possa oferecer a todos.
Integralidade
Significa que cada indivíduo é parte integrante de uma comunidade, de um meio-ambiente, e as ações
implementadas pelo sistema de saúde não devem se limitar apenas à cura, mas a promoção, proteção e
recuperação de sua saúde. 
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Figura 1 - Diagrama: estrutura institucional e decisória do Sistema Único de Saúde
Fonte: DDGA/SAS/MS, 2020 (Adaptado).
#PraCegoVer: O diagrama ilustra a estrutura institucional e decisória do Sistema Único de saúde, onde temos o
Colegiado Participativo, o Gestor, as Comissões Intergestoras e as Representações de Gestores dos níveis
Nacional, Estadual e Municipal.
Em relação à , ela se chama assim porque reúne três personagens: o representante doComissão Tripartite
Governo Federal mais o representante dos Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (CONASS) e o
representante do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (CONASEMS). Por conseguinte, a 
 reúne o representante do Governo Estadual mais o representante do Conselho deComissão Bipartite
Secretarias Municipais de Saúde do respectivo Estado.
As principais mudanças no do sistema público de saúde ocorreram em função do acelerado âmbito da gestão
processo de descentralização de responsabilidades e recursos federais para Estados e, principalmente, para os
Municípios. Todo esse processo foi regulado por Leis e através de Normas Operacionais. O Ministério da Saúde
criou o Fundo Nacional de Saúde, que passou a transferir regular e periodicamente verbas para os Fundos
Estaduais e Municipais de Saúde, e também diretamente para algumas Unidades de Saúde, tais como os hospitais
federais e unidades de pesquisa federais, tais como a Fundação Oswaldo Cruz e congêneres. As Normas
são instrumentos de regulação do processo de descentralização, que tratavam principalmente dosOperacionais 
aspectos relativos a responsabilidades, relações entre gestores federais, estaduais e municipais, além dos
critérios de transferência de recursos federais para Estados e Municípios. Ao longo da década de 90 foram
editadas 4 normas operacionais: 1991, 1992, 1993 e 1996. Perceba que todas essas normas são editadas para
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organizar o sistema e dirimir conflitos existentes entre instituições públicas e privadas, definindo o papel de
cada uma.
A Lei mais importante promulgada para regular a saúde no Brasil é a Lei 8.080/90 que, dentre várias atribuições,
criou o Fundo Nacional de Saúde, que é uma conta especial destinada a receber todos os recursos destinados ao
setor (BRASIL, 1990). É essa Lei que vem normatizar e detalhar o funcionamento dos princípios para a saúde no
Brasil, determinados pela Constituição Brasileira de 1988. Vários dispositivos determinados pela Constituição
dependeram de uma lei complementar para serem de fato implementados, porque a Constituição determinava
diretrizes ou linhas gerais de como as coisas deveriam funcionar no pais, mas não trazia em seu escopo detalhes
operacionais, e a saúde é um bom exemplo desse fato.
Uma análise profunda sobre as repercussões do federalismo fiscal no financiamento descentralizado do Sistema
Único de Saúde (SUS), abrangendo o período de 1990 até́ o início dos anos 2000 foi realizado por Lima (2009, p.
590):
a politica econômica na década de 1990 não permitiu que a descentralização de recursos e encargos
sociais se realizasse plenamente no Brasil, pois ela comprometia as variáveis de controle da inflação
e atração de capital externo", e também constatou que lamentavelmente, nesses longos anos,
predomina a visão da saúde como fonte de despesa, afastando-a da ideia de direito social ou valor
humano. Desvios no uso de recursos da Seguridade Social, oscilações de fontes e instabilidade no
aporte de receitas do MS marcaram o financiamento do SUS e limitaram os investimentos e
transferências correntes federais realizadas para os estados e municípios.
É necessário ainda discutirmos a disputa que o Sistema Único de Saúde vem travando nos últimos anos com o
, que tem sido constantemente favorecido, em detrimento do SUS. Os sempre maioressetor privado de saúde
subsídios fiscais dados ao setor de saúdeprivado, aliam-se ao fato de o gasto em saúde no Brasil ser, nos últimos
anos, majoritariamente privado. Vários autores, como Rodrigues (2016), tem denunciado a mudança da tática
dos prestadores de serviços saúde privada que, ao contrário do que preconizam os princípios da Reforma
Sanitária Brasileira, tem recebido verbas SUS ao venderem serviços ao setor público.
As relações entre a municipalização do sistema e a garantia de compra de serviços do setor privado se concretiza
de várias formas, mas principalmente através da crescente privatização da gestão dos serviços públicos de
saúde, que ocorre através das organizações sociais de saúde (OSS). Essa disputa vem ocorrendo em todo o país
de forma desigual, em prejuízo do SUS, dos profissionais que atuam no sistema e do interesse público. Esses
subsídios começaram a acontecer em 1966, quando foi promulgada a Lei 5.172 do Código Tributário Nacional.
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As relações entre a municipalização do sistema e a garantia de compra de serviços do setor privado se concretiza
de várias formas, mas principalmente através da crescente privatização da gestão dos serviços públicos de
saúde, que ocorre através das organizações sociais de saúde (OSS). Essa disputa vem ocorrendo em todo o país
de forma desigual, em prejuízo do SUS, dos profissionais que atuam no sistema e do interesse público. Esses
subsídios começaram a acontecer em 1966, quando foi promulgada a Lei 5.172 do Código Tributário Nacional.
Através dessa Lei o Estado Brasileiro (BRASIL,1966): "permite o desconto no imposto de renda de 100% dos
valores gastos pelas pessoas e pelas empresas com seguros e serviços privados de saúde".
Na prática isso significa que há mais de 50 anos o Estado brasileiro abre mão de arrecadar recursos que de
algum modo poderiam ser canalizados para financiar o setor público em favor dos interesses privados na saúde.
De acordo com Rodrigues et al. (2011, p. 15):
a maior parte dos leitos de internação e serviços de média e alta complexidade oferecidos pelo
Sistema Único de Saúde são de responsabilidade de prestadores privados, que foram beneficiados
pela Portaria 531 de 30/04/1999, que criou o Fundo de Ações Estratégicas e Compensatória (FAEC)
que remunera a preços interessantes para o mercado um número relevante de procedimentos de
média e alta complexidade, como diálises, cirurgias cardíacas, ortopédicas, quimioterapias,
radioterapia, entre outros.
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3 Processo Saúde/Doença
Como se pode conceituar “ ”? O que significaria uma pessoa que tem muita saúde? O conceito mais básicosaúde
ou elementar nos remete à ideia de que a isto é, se uma pessoa não tem nenhumsaúde é a ausência de doença,
tipo de doença aparente, então é uma pessoa que tem saúde. Seguindo essa mesma linha de raciocínio, o termo
“doença" seria definido como a falta ou perturbação da saúde, ou seja, ficar doente seria perder
momentaneamente a condição que nos manteria saudáveis.
De acordo com o Dicionário Aurélio: “saúde é o estado do indivíduo cujas funções físicas e mentais se acham em
Perceba que nesse conceito do dicionário a questão da saúde se amplia para além da saúdesituação normal”. 
física, e inclui a saúde mental.
Vamos examinar o conceito de saúde elaborado pela em 1948, quando essaOrganização Mundial da Saúde
Instituição foi criada, pouco depois da Segunda Guerra Mundial: “Saúde é um completo bem-estar físico, mental e
. significa que o indivíduo está totalmentesocial, e não meramente ausência de doença” Bem-estar social
integrado ao seu meio social, à sua cultura, aos seus pares. Isso vale para o índio que vive no Parque Indígena do
Xingu no interior do Brasil ou para um trabalhador de uma das maiores cidades do país, que vive num
apartamento e estabelece uma boa e harmônica relação de convivência com seus vizinhos, com seus
companheiros de trabalho, com seus amigos do clube que frequenta e com os membros da comunidade religiosa
que participa. Ou seja, o termo bem-estar social está diretamente relacionado à forma com que o indivíduo
consegue se relacionar com as pessoas que vivem próximas a ele em seu meio social.
Dessa forma, podemos definir saúde como o resultado do equilíbrio dinâmico entre o indivíduo e o seu meio
ambiente. Com essa definição encontramos dois conceitos importantes O primeiro é de a saúde é o resultado de. 
um , isto é, você pode estar ótimo agora, mas tropeçar ao caminhar, sofrer uma queda e “equilíbrio dinâmico”
num instante seguinte perder sua saúde física por um ferimento ocasionado por essa queda inesperada. O
mesmo ocorre com a sua saúde mental. Você está bem, está tranquilo aqui estudando, e recebe uma notícia ruim
através da televisão ou de algum parente, e imediatamente se entristece, se estressa ou se preocupa, perdendo
aquele desejável equilíbrio mental. E o segundo e igualmente relevante termo que essa definição nos apresenta é
na sua parte final, onde encontramos um Perceba que o termo mais amplo"equilíbrio com o meio ambiente”.
de saúde envolve a questão ambiental, pois não existe uma sociedade saudável que não tenha relações saudáveis
com o local onde ela está inserida, e isso é muito mais amplo do que somente a relação do ser humano com a
natureza. Esse conceito vai muito mais além, e envolve o bem-estar de todos os indivíduos que habitam ou
convivem no mesmo meio ambiente.
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Na reunião de 2019 da Fórum Econômico Mundial que ocorre anualmente na cidade de Davos na Suíça, a
Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) apontou que a igualdade seria um requisito
indispensável para o desenvolvimento sustentável, pois sem a igualdade as economias seriam insuficientes.
Portanto, concluindo a reflexão sobre a definição de saúde, tenha agora em mente a abrangência desse termo,
que em tempos de pandemia do COVID-19, que afetou o mundo inteiro e deixou de quarentena grande parte da
população mundial, deixou mais óbvio e claro a perspectiva de que para se ter saúde é necessário um equilíbrio
do ser humano com o seu meio ambiente, incluindo nesse contexto o bem estar toda a população das cidades,
que com suas atividades laborais que produzem riqueza e serviços também são propagadoras de doenças para
todos os extratos sociais da sociedade, não podendo ser ignoradas ou relegadas.
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4 Padrões de Progressão das Doenças
De um modo geral, as doenças seguem padrões bem definidos de evolução, e apenas para efeito didático, visando
facilitar o entendimento e deixar de forma mais claras essas diferenças, elas podem ser classificadas em cinco
, conforme apresentado na tabela abaixo:categorias diferentes
Figura 2 - Categorias de doenças de acordo com sua evolução
Fonte: Elaborada pelo autor, 2020
#PraCegoVer: A imagem ilustra uma tabela que apresenta diferentes modos de evolução das doenças e seus
exemplos.
De um modo geral é possível encontrar doenças que se enquadram perfeitamente nessa classificação acima.
Entretanto algumas doenças podem eventualmente se encaixar num ou noutro tipo de evolução, dependendo de
sua evolução clínica no indivíduo que foi acometido. Portanto, lembre-se que essa é uma divisão feita com fins
didáticos para facilitar o entendimento, e que serve como modelo teórico para explicar a evolução de
praticamente todas as doenças.
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4.1 Concepções da História Mundial das Doenças
Existem basicamente duas maneiras de se observar a evolução ou “história da evolução natural” de uma doença.
A primeira é a nesse caso o pesquisador observa um grandevisão das doenças a partir dos serviços de saúde: 
número de pessoas que chegam nos serviços de saúde reunindo e acompanhando criteriosamente sinais e
sintomas das manifestações clinicas e de exames complementares (laboratoriais e radiológicos), a fim de traçar
um perfil da evolução dessa doença, buscando dar um diagnóstico (qual a doença) e definir um prognóstico
(plano de tratamento) para esse paciente.
A segunda maneira é ter uma nesse caso o profissional de saúdevisão da doença a partir da comunidade:realiza uma busca ativa de pacientes na comunidade, realizando inquéritos populacionais numa região ou
território delimitado, para identificar as doenças existentes e o grau de evolução de cada afecção identificada na
população. Essa metodologia é comumente adotada nos Programa de Saúde da Família (PSF), e tem a grande
vantagem de identificar pacientes com as doenças em seu início, ou antes mesmo que elas se manifestem
clinicamente, identificando as condições de vida que propiciem o surgimento e desenvolvimento de várias
diferentes afecções.
A pode ser dividida nas seguintes fases:história natural de uma doença
F a s e d a
susceptibilidade
Nesse momento, não existe nenhuma doença propriamente dita instalada. Mas são
identificados os fatores de risco e os fatores de proteção que facilitam ou dificultam o
surgimento da doença.
Fase patológica
pré-clínica
Nesse moneot, não existem evidências clínicas, e há uma ausência de sintomatologias
que permitam identificar a doença. Essa é uma fase extremamente perigosa para os
profissionais de saúde, pois a pessoa pode mesmo assintomática, em alguns casos,
transmitir a doença para terceiros. É exatamente o caso da COVID-19, em que pessoas
contaminadas e assintomáticas transmitem o coronavírus para outras. Em alguns casos,
a doença pode ser identificada no indivíduo através de exames complementares e
laboratoriais. Nessa fase, ou o organismo por si só evolui para a cura, através do seu
sistema imunológico, ou a doença evolui para a fase seguinte.
Nessa fase, a doença já se encontra em estádio adiantado, em diferentes graus de
acometimento no organismo. A percepção do estádio da doença pode variar de acordo
com a natureza da doença, as características do paciente, as condições de observação, a
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Fase clínica capacidade do observador e a tecnologia empregada. É importante observar que, para
muitos, só nessa terceira fase é que a doença está presente, sem se darem conta que a
doença já passou despercebida por duas outras fases anteriores.
Incapacidade
residual
Nessa fase, a doença progrediu até o seu estágio final, e acabou provocando alterações
morfológicas e/ou funcionais no organismo afetado (sequelas), ou então o aniquilando e
levando a óbito.
Finalmente, conhecendo o processo de evolução das doenças podemos entender os ,níveis de prevenção
descritos por Chaves (1986), que podem ser interpostos para evitar a evolução ou minimizar os efeitos da
doença:
Promoção da
saúde
Todas as ações dirigidas para ações que promovam saúde e bem-estar, tais como
alimentação saudável, dormir bem, exercícios físicos, trabalho, lazer, e todos os hábitos
higiênicos (lavar as mãos, tomar banho, escovar dentes e usar fio dental) e de prevenção a
doenças e acidentes, como uso de preservativo, cinto de segurança, etc. Não há nesse nível
de prevenção o combate a uma doença específica, mas um conjunto de ações que resultam
num estilo de vida mais saudável. 
Proteção
específica
Nesse nível, temos como melhor exemplo as vacinações, que são medidas adotadas
especificamente contra determinadas doenças, estimulando que o próprio organismo dos
indivíduos promova o desenvolvimento de anticorpos, evitando as infecções virais. Tanto a
promoção de saúde quanto a proteção específica se classificam como prevenção primaria.
Diagnóstico
precoce e
atendimento
imediato
Aqui se encontram todas as medidas tomadas pelo profissional de saúde para detectar e
tratar o processo patológico o mais precocemente possível. Em algumas patologias, como o
câncer oral, por exemplo, a identificação precoce das lesões neoplásicas faz toda a
diferença em relação ao prognostico do tratamento.
Limitação do
dano
Aqui temos as intervenções profissionais num quadro mais avançado da doença, quando
os tratamentos buscam frear a progressão e extensão da doença, e em muitos casos, salvar
a vida do indivíduo. Tanto o diagnóstico precoce e atendimento imediato quanto a
limitação do dano se classificam como prevenção secundária. 
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Prevenção
terciária ou
reabilitação
Nesse nível a doença já avançou por todo o seu curso, o paciente não veio a óbito mas ficou
com sequelas. E cabe ao profissional reabilitá-lo, evitando que haja um agravamento do
quadro de saúde geral do paciente pelas funções perdidas. Exemplificando, no caso da
odontologia esse quadro é bem tópico quando, por forca das doenças cárie e periodontal o
indivíduo perde toda sua dentição ficando edêntulo. A ausência dos dentes, dentre outros
problemas tais como o convívio social, vai comprometer a articulação e a mastigação do
indivíduo, gerando novos problemas de saúde.
Assista aí
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/e4c0e583db18d6dde5ab0eda5d5cd7f9
é isso Aí!
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• estudar sobre a saúde como um direito e um determinante social;
• compreender a relação entre a saúde e a sociedade na organização social;
• entender o processo de saúde e doença.
Referências
BRASIL. Presidência da República. Lei 5.172 do Código Tributário Nacional. 25 de outubro de 1966. Disponível
em: Acesso em:https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/496301/000958177.pdf?sequence=1
15 abr. 2020.
BRASIL. Constituição Brasileira de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao
 Acesso em: 15 abr. 2020/constituicao.htm
BRASIL, Governo Federal. Lei 8080 de 19 de setembro de 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br
 Acesso em: 15 abr. 2020/ccivil_03/leis/l8080.htm
BRASIL, Ministério da Saúde. Norma Operacional Básica do Sistema Único de Saúde. D.O.U. de 06 de novembro
de 1996. Disponível em: Acesso em: 15 abr. 2020.http://www.pbh.gov.br/smsa/biblioteca/conselho/nobsus.pdf
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm
http://www.pbh.gov.br/smsa/biblioteca/conselho/nobsus.pdf
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IPEA. OCKE-REIS, Carlos Octávio. Nota Técnica. Mensuração dos Gastos Tributários em Saúde 2003 - 2011.
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	1 Saúde como direito e determinante social
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	2 Organização e classe social
	3 Processo Saúde/Doença
	4 Padrões de Progressão das Doenças
	4.1 Concepções da História Mundial das Doenças
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	Referências

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