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Direito de família

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PLURALIDADE DAS ENTIDADES FAMILIARES
O crt. 226, CF reconhece família oriunda do casamento, da união estável e a família monoparental. A interpretação do STF entende que o rol é exemplificativo. Em caso de famílias multiparentais, não há hierarquia entre as relações socioafetivas e biológicas. A relação socioafetiva não pode ser presumida, e não isenta o familiar biológico da responsabilidade. O reconhecimento do pai socioafetivo pode ser feito no cartório, e a adição de um não exclui o registro do pai biológico. As uniões simultâneas e as unidades poliafetivas não são consideradas famílias pelo direito. 
Parentesco
· Art. 1591: parentes em linha reta – ascendentes e descendentes.O parentesco na linha reta é infinito 
· Na linha colateral tem-se parentes entre si, em que um não descende do outro, mas possuem um ascendente em comum. Ex.: Irmão. 
· Conta-se o grau a partir do ascendente comum. Ex.: 
AVÔ/AVÓ
3º
2º
2º
1º
4º
TIO/TIA
MÃE/PAI
PRIMO 
EUIRMÃO 
O parentesco na linha colateral se extingue em 4º grau. Portanto, o tio bisavô, ou o tio de segundo grau já não é parente. O impedimento para casar vai só até o parentesco de terceiro grau. 
A linha que se forma por casamento ou união estável chama-se de linha afim, ou linha por afinidade. O parentesco na linha reta afim não se extingue, ou seja, ainda que o matrimônio se extinga, não existe “ex-sogra” ou “ex-enteado”. Portanto, uma nora não pode se casar com um sogro, ou, caso eles morem juntos como se casados fossem, nunca poderá ocorrer o regime de união estável. 
Na linha colateral afim, o parentesco se extingue pelo divórcio ou pela morte. Portanto, cunhado é parente enquanto o casamento durar. Os parentes afins não herdam. Enteados, por exemplo, só podem herdar em caso de reconhecimento de paternidade socioafetiva ou em caso de testamento. 
ESPONSAIS
Esponsais são os noivos. Noivar não configura uma entidade familiar. O noivado costuma descaracterizar a união estável, visto que quem está noivo não está, ainda, casado. A união estável é como se casado fosse. Portanto, quando se tem um noivado é mais difícil de caracterizar a união estável. 
CASAMENTO
É uma celebração solene que estabelece comunhão plena de vida. Os cônjuges são responsáveis entre si em alimentos, são corresponsáveis em relação aos filhos, etc.
Natureza jurídica do casamento: Adota-se a teoria mista ou eclética no Brasil. Não pode ser considerado um negócio jurídico ou um ato jurídico, plenos porque existem questões que podem ser decididas pelo casal, e outras que não podem.
Ex.: planejamento familiar, domicílio, regime de bens, etc., podem ser escolhidos. 
Não se podem escolher questões limitativas de direito. Ex.: não se consegue excluir o cônjuge da sucessão em nenhum regime, não é possível estabelecer uma cláusula que um dos cônjuges não pode pedir alimentos pro outro, ou que um pode trair o outro, por exemplo. 
CAPACIDADE PARA O CASAMENTO:
A idade núbil é de dezesseis anos. Para se casar entre dezesseis e dezoito anos precisa-se da autorização de ambos os pais ou representantes legais. 
Havia duas exceções para o caso de casamento antes de 16 anos: As grávidas e Casamentos que evitam imputação de crimes. Foram revogados. Proibir o casamento para as grávidas menores de 16 anos, pode gerar desproteção à parte mais vulnerável. 
Caso não haja autorização dos pais, e fique comprovada que a denegação for injusta, pode o juiz dar a autorização. A qualidade de injusto não está definida pelo legislador. Em caso de um dos pais autorizar e o outro não, não existe uma prioridade das opiniões, já que o poder é igual. Se há paternidade socioafetiva, não há distinção de pesos e medidas ao pai/mãe biológico.
CASAMENTO POR PROCURAÇÃO: É quando uma pessoa casa no lugar de outra.
PROCESSO DE HABILITAÇÃO DO CASAMENTO
Requerimento:
Art. 1.525. O requerimento de habilitação para o casamento será firmado por ambos os nubentes, de próprio punho, ou, a seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com os seguintes documentos:
I. Certidão de nascimento ou documento equivalente;
II. Certidão de casamento com averbação de divórcio ou certidão de viuvez. Uma vez casada, a pessoa não volta a seu estado civil de solteira. 
III. Autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato judicial que a supra;
IV. Declaração de 2 testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem conhecê-los e afirmem não existir impedimento que os iniba de casar;
V. Declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus pais, se forem conhecidos;
VI. Certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença de nulidade ou de anulação de casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença de divórcio.
Art. 1.526.  A habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com a audiência do Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº 12.133, de 2009)
A conferência é feita, primeiramente no cartório, e depois pelo Ministério Público. Depois do MP, devolve-se, salvo se tiver algum tipo de contestação ou impugnação. Quando alguém questiona esse casamento, o MP envia essa habilitação para o juiz analisar. Outro caso em que o juiz analisará depois da MP é na falta de autorização dos pais para casamento em incapacidade relativa. 
Caso haja impugnação do oficial, do Ministério Público ou de terceiros, a habilitação será submetida ao juiz.
Conferido pelo MP, expede-se os editais de proclamas. Têm a finalidade de dar publicidade ao casamento. O prazo é de 15 dias dos editais publicados. Após esse prazo, os noivos estão habilitados a se casar. 
A habilitação autoriza a casar no prazo de 90 dias. Se esse prazo não é respeitado, volta-se o processo [inclusive as custas] de novo. Isso se dá em uma tentativa de evitar a fraude. 
CELEBRAÇÃO
O juiz de paz é o responsável por celebrar o casamento. Ele verificará se a manifestação de vontade de ambas as partes é livre. As testemunhas existem para o mesmo fim. O casamento não precisa ser no cartório. Se for no cartório, as portas estarão, necessariamente, abertas. Se for em outro lugar, tem que ser, também, de portas abertas, mas precisa de quatro testemunhas. 
A manifestação de vontade tem que ser sim ou não. O silêncio não implica anuência. 
CONSUMAÇÃO DO CASAMENTO:
A consumação do casamento se dá quando os cônjuges manifestam vontade, seguida da declaração de casamento. 
Quando o juiz fala “De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados” consuma-se o casamento. Segundo a teoria mista. Se se entende que o casamento se consuma pela simples manifestação de vontade, filia-se à teoria contratualista. 
Espécies
O casamento pode ser civil ou religioso (com efeito civil). 
Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração.
O casamento religioso não substitui o casamento civil. 
Regime de bens
Pacto antenupcial
É feito no cartório de notas. Serve para escolher o regime de bens diferente do regime legal, isto é, da comunhão parcial de bens. É feito antes da habilitação para celebração do casamento. Os nubentes são os únicos que podem fazer o pacto antenupcial – a menos que se façam legitimamente representados. 
O pacto antenupcial tem natureza contratual. Se o pacto antenupcial for feito, mas não for celebrado o casamento, o pacto não tem eficácia.
· Formalidade exigida: deve ser feita no cartório, com escritura pública; relativamente incapazes podem fazer pacto antenupcial com assistência. 
Regimes:
Existem quatro regimes de bens no Código Civil, mas se trata de um rol exemplificativo. O regime pode ser convencional ou legal. Convencional é aquele que é escolhido. Se não se escolhe, institui-se o regime de comunhão parcial – o legal -, ou excepcionalmente, o regime da separação total de bens. 
Regime da comunhão parcial (regime legal): Comunicam-seos bens adquiridos onerosamente dentro da comunhão. Ou seja, os bens adquiridos dentro do casamento são dos dois. Os bens sub-rogados, cuja natureza vem antes do casamento, não entram na comunhão parcial de bens.
· Ex.: um dos cônjuges compra um carro na constância do casamento, mas foi comprado com dinheiro que ganhou do pai antes do casamento. O carro é um bem sub-rogado. Não entra na comunhão parcial.
A sub-rogação é no valor do bem. Por exemplo: se o dinheiro ganhado foi de 10.000,00, mas o carro é de 20.000,00; 10.000,00 é sub-rogado, e o resto é de comunhão parcial. (bem misto). 
Além disso, os bens recebidos a título de doação ou herança, ainda que na constância do casamento, não comunicam. Isso significa que, se, por exemplo, um dos cônjuges recebe de doação/herança um apartamento, mesmo que na constância do casamento, o apartamento é desse cônjuge. Mesmo que for um presente do outro cônjuge – é necessário provar. Bens de trabalho são considerados particulares. 
Regime da Comunhão Universal: Tudo se comunica – os bens de antes do casamento, e de durante o casamento. Até 1977 este era o regime legal. 
· Exceção: os bens recebidos por herança ou doação com cláusula de incomunicabilidade, não se comunicam. Se não tiver a cláusula de incomunicabilidade, eles se comunicam mesmo recebidos por doação ou herança. 
A alteração de regime deve ser:
· Consensual – Motivada - Judicial - Não pode prejudicar terceiros
Planos jurídicos do matrimônio
Plano da existência: Consentimento e celebração. A celebração carece uma autoridade competente. Se a autoridade se parece com o juiz de paz, o casamento existe, e passa-se a analisar o plano da validade. 
Plano da validade
Causas impeditivas (impedem o casamento)
As causas impeditivas são aquelas que geram nulidade (IMPEDEM O CASAMENTO). Art. 1.521 são as causas impeditivas – rol taxativo. Não podem se casar: (parentesco, casamento anterior e crime contra o ex)
· Os parentes em linha reta (inclusive os afins), Os colaterais não podem se casar até o terceiro grau , Pessoas casadas, O cônjuge sobrevivente com o acusado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte
Exceção na linha colateral: Casamento avuncular: São casamentos de parentes de terceiro grau (tios e sobrinhos). Decreto 3200/41: fala que é possível autorizar o casamento dos parentes de terceiro grau, mas somente com autorização judicial que diz que não há compatibilidade genética que traria problemas para a prole e nem insanidade mental. 
Oposição de impedimentos: Qualquer pessoa capaz tem legitimidade para apresentar. Isso porque o impedimento gera nulidade. Pode-se apresentar o impedimento até a celebração do casamento. Mas mesmo depois de se casar, pode se arguir uma causa de nulidade (mas não será uma causa de impedimento, porque o casamento não foi impedido). Tem que ser por escrito, não pode ser anônimo, tem que se apresentar provas ou onde essas provas podem ser encontradas.
A declaração de nulidade tem efeitos ex tunc, entretanto, quando se pensa no casamento, há exceções (casamento putativo).[footnoteRef:1] [1: ] 
Causas suspensivas (suspendem o casamento):
A causa suspensiva gera a imposição de um regime de bens de separação obrigatória. 
· Viúvos/divorciados que não fizeram a partilha de bens. Evita confusão patrimonial 
· Antes de dez meses depois da viuvez ou divórcio. Para evitar confusão genética (gravidez dura nove meses). 
· Tutores e curadores com seus tutelados e curatelados, enquanto não se prestar contas da tutoria/curatela. Evitar confusão patrimonial
Relativização das causas suspensivas 
É possível que se relativize as causas suspensivas
Ex.: provar um teste negativo de gravidez, ou provar que não há bens a serem partilhados. 
Oposição de suspensão: Apenas os parentes em linha reta e os colaterais de segundo grau. Durante a habilitação do casamento – quando se expede o certificado de habilitação já não se pode apresentar mais a causa. Tem que ser por escrito, não pode ser anônimo, tem que se apresentar provas ou onde essas provas podem ser encontradas.
Efeitos: Impõe-se o regime da separação obrigatória. . 
Casamento nulo
A sentença que anula o casamento opera efeito ex tunc. É nulo também o regime. A nulidade aceita qualquer pessoa como legítimo para demonstrar. 
Casamento putativo
Casamento putativo é um casamento que tem uma causa de nulidade, mas ambos os cônjuges desconhecem – o que configura boa-fé subjetiva. Ignora-se o que macula o casamento. Se um ou ambos estiver de boa-fé, o casamento produz efeitos para quem está de boa-fé. Produz efeitos até o momento em que se descobre o vício, quando deixa de existir a boa-fé. A partir do momento em que se descobre o problema, o casamento deixa de produzir efeitos. 
Dissolução da sociedade conjugal
No Código Civil de 1916 só existia o desquite. O desquite não autorizava um segundo casamento, porque não finalizava o casamento, mas, sim, o rompia. Isso significa que a mulher não poderia mais se casar e, consequentemente, se não poderia mais ter relação sexual, e, dessa forma, essas mulheres eram muito mal olhadas. 
Lei 6.515/77: A legislação de 1977 perdurou até 2010, e, nela, para se divorciar tinha que se preencher uma série de requisitos. Tinha que haver separação antes da separação, tinha que justificar o divórcio – se não houvesse culpa, não poderia haver divórcio -, etc. 
A CF/88 melhora a situação, mas não a resolve. Ela equipara homens e mulheres, para colocar os direitos como iguais
A Emenda Constitucional 66/2010 alterou o art. 226 da CF. Essa alteração faz com que o divórcio deixe de ter requisitos. Até 2010, para se divorciar, o casal teria que ser separado de fato por dois anos. Hoje em dia, para divorciar, basta a manifestação de vontade. Essa manifestação caracteriza direito potestativo, ou seja, basta que um dos cônjuges queira o divórcio. 
Nem no divórcio, nem na separação judicial a partilha não é obrigatória. 
Separação
· Separação de fato: A separação de fato se qualifica quando o casal deixa de viver como casal, ou seja, não tem mais relações sexuais. Essa separação de fato delimita a interrupção do regime de bens. Uma vez que se caracteriza a separação de fato, os bens deixam de se comunicar. 
· Separação de corpos: É um procedimento judicial, uma ação. Seu objetivo é delimitar que houve uma separação de fato – que não é um procedimento judicial. 
· Separação judicial: Ela deixou de existir, não é mais necessária. A separação judicial existia porque a CF e o CC exigiam que só poderia ver o divórcio se houvesse dois anos de separação de fato ou se houvesse uma separação judicial. Portanto, como esses requisitos não são mais necessários, a separação judicial perdeu seu objeto. Defende-se, hoje, a desnecessidade da separação judicial. 
· Reconciliar: Não é possível reconciliar, nos termos do direito, quando há divórcio. Mas é possível que se case novamente o mesmo casal. 
Divórcio: É competente para fazer o divórcio o foro do domicílio do filho menor. Somente o casal tem legitimidade para propor divórcio.
· Cláusulas obrigatórias que constam no divórcio
· Nome: o casal vai manter o nome de casado, voltará a usar o nome de solteiro, ou não alteraram o nome. 
· Alimentos: tem que ter uma cláusula referente à: se um vai pedir alimentos para outros, e quanto; se dispensam os alimentos, ou se renunciam. Se há renúncia, não há mais possibilidade de pedir. Se o casal dispensa alimentos entre si, eles podem mudar de ideia e pedir posteriormente. A renúncia de alimentos para os cônjuges não produz efeitos para os incapazes. Ou seja, se houve renúncia, ela vale para os cônjuges, mas não para os incapazes. 
· Guarda: se houver filhos, a guarda e os alimentos terão que ser tratados na perspectiva dos filhos. Alimentos sempre será obrigatório, mas a cláusula de guarda só será obrigatória se houver filhos menores. 
Divórcio administrativo
Surge em 2007 a possibilidade de se fazer um divórcio extrajudicialmente, isto é, no cartório.
Requisitos: Deve ser consensual, não pode haver filhos menores ouincapazes (porque precisaria do MP), é necessário que haja advogado – pode ser um advogado comum ou um para cada parte, escritura pública lavrada por tabelião de notas 
Desde 2016, há uma resolução que estabelece a necessidade de se informar a gravidez, caso se faça ou quer fazer o divórcio em cartório. Se existe gravidez, o cartório não pode fazer o divórcio, para tentar preservar os direitos do nascituro, por exemplo: alimentos gravídicos. 
Vantagens:
· Do cartório: tempo
· Na justiça: Consegue-se assistência judiciária. Ou seja, se o cliente tem dificuldade financeira, é melhor fazer na justiça.
Guarda no Código Civil
Esta é uma guarda que ocorre quando os genitores não moram juntos, e não possuem uma relação jurídica de casamento ou união estável. Existem dois tipos de guarda no ordenamento jurídico brasileiro
· Unilateral
· Compartilhada
· Esta última, hoje, é a regra. 
Unilateral
Estabelecida para um dos genitores, e o outro deverá supervisionar e auxiliar. 
É uma medida que deixou de ser a regra, porque a situação de não se estar casado ou em união estável não destitui o poder parental, e para os filhos é muito mais interessante que esse complexo de deveres seja exercido de forma conjunta. 
Compartilhada
É o compartilhamento de direitos e deveres que decorrem da própria autoridade parental. Quando se pensa nesse tipo de guarda, pensa-se no exercício da autoridade parental, como consequência lógica. 
Quando os pais não moram juntos, é necessário fixar a guarda física – com quem mora a criança – mas a guarda segue sendo compartilhada. 
As decisões, o convívio, o sustento e o cuidado são responsabilidade de ambos os genitores. 
Na guarda unilateral só um decide e o outro fiscaliza, ainda que haja convívio de tempo. 
Adoção
A adoção é uma modalidade de filiação socioafetiva, mas existe um procedimento diferente. Ela é um procedimento judicial no qual se estabelece uma filiação. A natureza jurídica da adoção é um ato jurídico, visto que há uma manifestação da vontade na causa, mas os efeitos são previstos em lei. Todos os direitos decorrentes da filiação estão presentes na filiação.
A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família natural ou extensa. (Art. 39, §1º).
Existem críticas quanto à invariabilidade dessa regra – existem situações, por exemplo, nas quais a avó ou avô já são mais velhos, e não dão conta de cuidar.
É possível a adoção de adultos, não há restrição a isso. Entretanto, uma das imposições que o legislador coloca é que haja no mínimo 16 anos de diferença.
A adoção é irrevogável; não se pode devolver. A filiação também não é revogável, mas há perda do poder familiar. O mesmo raciocínio se dá na adoção. Os pais adotivos podem ser destituídos da autoridade parental. 
· Abandono, contrariar os bons costumes, dilapidar os bens do filho (suspensão), castigo imoderado, crime contra o filho ou relacionados ao ascendente, ao outro cônjuge ou irmão. 
A adoção de maiores e capazes se segue na justiça especializada da vara da família ou cível, onde não houver a primeira. A adoção de crianças e adolescentes vai pela vara da criança e do adolescente.
· O ECA é compatível para adoção de adultos. 
Tipos de adoção
Unilateral:
Pode-se adotar independente do estado civil – em caso de uma pessoa, ela é chamada de unilateral. Mas a pessoa deve ter, no mínimo, 18 anos.
Conjunta:
· A adoção conjunta só pode ser feita com quem está casado ou em união estável. Se for namoro não pode adotar conjuntamente.
Adoção conjunta com o ex:
· Admite-se uma adoção conjunta entre divorciados, desde que já se tenha passado o estágio de convivência. O estágio de convivência é a determinação da guarda dos pais adotivos, em caráter provisório. 
Segundo a última modificação da legislação, o estágio de convivência ocorre no prazo máximo de 90 dias, podendo ser prorrogado uma vez pelo mesmo período. Objetivo é estreitar laços da forma de convívio, de afinidade. Esse objetivo é averiguado por uma equipe multiprofissional. 
Ainda que tenha havido o divórcio, se já se realizou o estágio de convivência, pode-se estabelecer a adoção conjunta com o ex.
· A adoção já estabelece a guarda compartilhada e o regime de convivência. 
Se a criança já é conhecida dos pais adotivos antes da adoção, dispensa-se o estágio de convivência, porque, em tese, já haveria o vínculo afetivo.
Adoção de enteado(a) 
· Nesse caso, subsiste o vínculo anterior e adiciona um outro. 
· Ex.: mãe solteira + padrasto, que adota o enteado. Torna-se pai adotivo. 
Adoção póstuma
Nesse caso, inicia-se o processo de adoção. No meio deste, um dos pais adotivos morre. A adoção será, nesse caso, conjunta, mesmo com o falecimento no curso do processo, de forma a atender ao melhor interesse da criança. Poderá ocorrer a adoção póstuma ainda que não tenha havido estágio de convivência, e os efeitos da sentença serão retroativos, de forma que se reconhece que a adoção se deu desde o início. Se ambos os pais morrerem, se dá da mesma forma.
Não se tem resposta legislativa para a morte do adotando. Atualmente, se extingue o processo. 
Requisitos
· Só se pode adotar com mais de 18 anos 
· Diferença de idade de 16 anos 
Vedações
· Os ascendentes e colaterais de segundo grau não podem adotar. Tios, primos, e outros colaterais podem. 
Consentimento
· A adoção depende do consentimento dos pais ou representante legal do adotado. 
· Após os 12 anos a criança, necessariamente, participa do processo, e é necessário seu consentimento.
Efeitos
· São os mesmos da filiação biológica e socioafetiva. Ou seja, a autoridade parental.
Registro
· Após a averbação, arquiva-se a certidão anterior e cria-se uma certidão de nascimento com o registro dos pais adotivos. 
· É possível modificar o prenome da criança até os 12 anos – após os 12, ela tem que assentir. 
· O sobrenome dos pais é direito da criança adotiva. 
Adoção à brasileira
É um crime. É registrar filho alheio como próprio, dar parto alheio como próprio. Existem pessoas que o fazem com boa-fé. Encontram uma criança e querem cuidar dela, mas não formalizam da forma adequada.
· Ex.: recém-nascido que se encontra na porta. 
Se o ato for nobre, no entanto, o juiz poderá deixar de aplicar a pena – se a pessoa não teve o dolo de cometer o crime. 
União estável
A união estável, no primeiro momento, surge como uma relação social, e não jurídica como hoje. Ela vem como pessoas que se uniam de forma afetiva, mas não eram consideradas pelo estado como entidade familiar. Somente o casamento era. Essas pessoas ficavam sem a tutela estatal. Essa realidade foi alterada, primeiramente pelo direito previdenciário. A CF88 reconheceu a união estável como entidade familiar. A partir desse reconhecimento surgiu a concepção
· A união estável é a união entre dois indivíduos, que não necessita das formalidades do casamento, mas que com ele se parece.
Em 2002, no novo CC, tivemos uma tutela específica sobre o assunto, de acordo com a CF88. 
Hoje em dia, as pessoas optam mais pela união estável do que pelo casamento. É algo mais prático, sem burocracia. E muitas pessoas constituem união estável mesmo sem planejar.
Requisitos: São requisitos subjetivos, por isso é complicado diferenciar de namoro.
· Pública
· Contínua 
· Duradoura (não se estabelece quanto tempo)
· Intenção de constituir família, de viver como família, efetivamente, como se casados fossem. Não se faz referência à um planejamento familiar, mas uma situação em que já se vive como se família fosse.
· Distinção: noivado e união estável: o simples fato de estar noivo descaracteriza, em todas as hipóteses, união estável. Quem está noivo pretende um dia constituir família, mas não está nela ainda. Se você não quer estar em uma união estável, fique noivo.
Como produzir prova de que está em união estável? É possível registrar a união no cartório de notas (bem mais informal que o cartório civil). Mas apenas registrar no cartório não significa que a união estável está configurada. É necessário preenchertodos os requisitos. 
Tipos de provas objetivas: conta conjunta (demonstrar que administração do patrimônio é comum), morar junto (apesar que não morar junto não significa que não há união estável), ter filhos (não é necessário ter pra configurar, mas também auxilia na produção de prova). 
Em razão do casamento, existe uma presunção de paternidade. Na União Estável, só se tem presunção com o reconhecimento judicial; e não com o contrato de união estável. O contrato, por si só, não constitui uma união estável, mas o reconhecimento judicial constitui. 
Efeitos da união estável:
· Regime de bens: Afetação patrimonial que vai determinar as normas que regulam os bens adquiridos pelo casal. Há uma liberdade sobre o regime de bens a ser escolhido, caso não escolha será o regime legal, da comunhão parcial de bens – igual o casamento.
· Nome: É possível alterar nome, como no casamento. É preciso de uma formalização no cartório.
· Emancipação: A união estável emancipa? Apenas se tiver um reconhecimento judicial dessa união estável.
· Outorga: Necessidade da autorização do cônjuge para que, por exemplo, venda bens, faça fiança. Quando há alguma venda de imóvel que o cônjuge considera prejudicial, pode cobrar do outro cônjuge.
O direito de famílias não protege, ainda, relações simultâneas – então, se existiu um casamento antes da união estável, em que não houve a separação de fato, não se configura união estável. A união estável tem os mesmos regimes de bens do casamento. A união estável tem o pacto de convivência, que é comparável ao pacto antenupcial. A diferença entre o casamento e a união estável é a formalidade. 
Concubinato: impedimento para casar-se. Se você tem impedimento para casar não pode constituir união estável. Com exceção do impedimento por casamento anterior. Se eu sou casada posso constituir união estável, desde que eu esteja separada de fato. 
O concubinato não é protegido pelo Estado. Antigamente era indenizado, hoje não é mais, pois se não se indeniza o divórcio, não faz sentido indenizar o concubinato. O concubinato não gera direito à pensão alimentícia, nem à pensão por morte. A doutrina vem defendendo pessoas em situação de concubinato.
As implicações jurídicas da falta de formalidade da união estavel são:
· Dissolução: para dissolver a união estável, primeiro se reconhece, para só depois dissolvê-la. 
· Outorga: não depende de outorga para contrair dívidas, prestar fiança, vender bens imóveis, etc. 
· Na UE não precisa, uma vez que o terceiro não tem como adivinhar o estado de UE, sem o registro. 
· No entanto, se já houver o reconhecimento judicial de UE, pode-se exigir a outorga. 
DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL:
Só consegue se pedir a dissolução, se o reconhecimento for pedido primeiro. Pede-se uma ação de reconhecimento cumulada com dissolução. 
Somente se faz a dissolução em cartório se for consensual, sem filhos menores e com presença de advogado – como no casamento.
União paralela: uniões simultâneas, alguém que vive com uma pessoa, mas também vive com outra. Se as duas pessoas se reconhecerem, se trata de boa-fé. Apenas a primeira pessoa tem proteção.
Familia simultânea: exemplo do catra, so a primeira esposa herda. Independente do reconhecimento delas entre si.
TUTELA E CURATELA
Onde tem autoridade parental, não há que se falar em tutela. A tutela serve para dar representatividade aos menores; enquanto a curatela serve para dar representação ou assistência aos maiores incapazes. 
Tutela
Só há tutela quando não há autoridade parental. A tutela se compara ao exercício da autoridade parental, ainda que não sejam a mesma coisa. A tutela pode ser mais benéfica do que a adoção, dependendo das vezes. 
· Ex.: o adolescente de 15 anos tem muito mais dificuldade de ser adotado, muitas vezes, é melhor arrumar um tutor. 
Podem ser tutores: Capazes; preferencialmente tem que ser parente.Não pode exercer a tutela quem compromete o interesse do menor. Pessoas já condenadas por crimes sexuais, ou contra o patrimônio, pessoas que não procederam bem em tutorias anteriores. 
O art. 994 do CC/02 estabelece a responsabilidade do juiz quando deixa de nomear o tutor, ou quando o escolhe mal. Ele responde subsidiariamente. O MP participa como fiscal da lei. Antes de se estabelecer a tutela, geralmente se faz um estudo psicossocial. 
· O juiz pode nomear um pró-tutor. 
· A figura do pró-tutor seria o fiscal do tutor. Este tem direito de receber algum benefício, mas só o fará se o menor tiver condições. 
Tem-se, dentro da tutela, a guarda. 
CURATELA
A curatela é um instituto que visa dar representatividade para o maior relativamente incapaz.
há mais absolutamente incapaz maior de idade, e a incapacidade relativa se consiste no rol do art. 1.767
Para pessoas que não possuem nenhum discernimento, a jurisprudência tem admitido a figura do absolutamente incapaz, mesmo em hipóteses que não em razão da idade. A curatela visa proteger a pessoa com deficiência, e, muitas vezes, trata-la como relativamente incapaz é desprotegê-la, é necessário trata-la como absolutamente incapaz.
A interdição deve durar tão somente e abranger exclusivamente a incapacidade. Embora o novo CPC tenha retomado essa palavra, alguns doutrinadores preferem não chamar de interdição, porque antes do EPD, a interdição era o instituto que limitava todos os atos da vida civil. Era entendido como morte civil do indivíduo. O EPD colocou que não existe incapacidade para aspectos existenciais. 
Legitimidade para pedir a curatela
Acolhimento do indivíduo, o cônjuge, o MP, os parentes ou tutores. 
Ressalva: O rol não precisa ser na sequencia do art. 747, mas a legitimidade de propositura do MP depende da não propositura dos interesses. Tem que se propor que não houve interesse de propositura dessa ação por nenhuma das partes legítimas anteriores. 
Procedimento
É um procedimento judicial. O juiz, necessariamente, deve ouvir o curatelando. É necessária a apresentação de laudos médicos, mas além disso, haverá um perito judicial que atestará a incapacidade. O juiz ouvirá e se manifestará. Abrirá um prazo de 15 dias após a entrevista para que o curatelando impugne o pedido. O curador vai ser, preferencialmente, o cônjuge ou companheiro, depois os filhos. Sempre pensando no grau mais próximo ao mais distante, observando quem tem mais condições de fazê-lo, de modo que não prejudique os interesses do curatelado. Assim como a tutela, a curatela não pode ser recusada, salvo nas hipóteses já previstas naquele instituto. 
BEM DE FAMÍLIA
Bem de família legal
Se trata de uma afetação jurídica que vai determinar a impenhorabilidade de um imóvel residencial. Em razão de uma proteção trazida pelo legislador, em detrimento do direito de crédito. (lei 8009/90)
Tem-se 7 exceções que determinam que o bem pode ser penhorado. Art.3º da Lei.
Fundamentação: Direito à moradia.
Legitimidade: entidade familiar.
No entanto, é importante saber que essa relação entre o direito de moradia em detrimento ao de crédito, não exclui o direito de crédito. Quando há um conflito entre os dois, privilegia-se o bem de família. Essa impenhorabilidade também afeta os bens móveis. Nenhum bem essencial da sua casa pode ser penhorado.
O bem de família é penhorável em casos de dividas alimentares. No entanto, deve se restringir apenas ao patrimônio do devedor.

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