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Drenagem Linfática Corporal CONTEÚDO ESTÉTICA E BELEZA Copyright © Portal Educação 2012 – Portal Educação Todos os direitos reservados R: Sete de Setembro, 1686 – Centro – CEP: 79002-130 Telematrículas e Teleatendimento: 0800 707 4520 Internacional: +55 (67) 3303-4520 atendimento@portaleducacao.com.br – Campo Grande-MS Endereço Internet: http://www.portaleducacao.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - Brasil Triagem Organização LTDA ME Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167 Portal Educação P842d Drenagem linfática corporal / Portal Educação. - Campo Grande: Portal Educação, 2012. 125p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-66104-27-1 1. Drenagem linfática. 2. Massagens terapêuticas. 3. Sistema linfático. I. Portal Educação. II. Título. CDD 615.82 SUMÁRIO 1 TECIDO EPITELIAL 1.1 EPITÉLIO DE REVESTIMENTO 1.2 EPITÉLIO GLANDULAR 2 TECIDO CONJUNTIVO 2.1 TECIDO CONJUNTIVO PROPRIAMENTE DITO 2.2 TECIDO CONJUNTIVO DE PROPRIEDADES ESPECIAIS 2.3 SUBSTÂNCIA FUNDAMENTAL AMORFA 2.4 FIBRAS DO TECIDO CONJUNTIVO 2.4.1 Fibras colágenas 2.4.2 Fibras reticulares 2.4.3 Fibras elásticas 2.5 CÉLULAS PRÓPRIAS DO TECIDO CONJUNTIVO 3 SISTEMA TEGUMENTAR 3.1 PELE 3.1.1 Epiderme 3.1.2 Derme 3.2 HIPODERME (TELA SUBCUTÂNEA) 3.3 ANEXOS DA PELE 3.4 FUNÇÕES DO SISTEMA TEGUMENTAR 3.5 PROPRIEDADES DO SISTEMA TEGUMENTAR 4 SISTEMA LINFÁTICO 4.1 ÓRGÃOS LINFOIDES 4.2 LINFA 4.3 TOPOGRAFIA DO SISTEMA LINFÁTICO 4.3.1 Capilares linfáticos 4.3.2 Pré-coletores linfáticos 4.3.3 Coletores linfáticos 4.3.4 Troncos linfáticos 4.3.5 Linfonodos (gânglios ou nodos linfáticos) 4.4 CIRCULAÇÃO LINFÁTICA 4.5 ANATOMIA DOS LINFÁTICOS 5 EDEMA 5.1 FISIOPATOLOGIA DO EDEMA 5.1.1 Aumento da pressão hidrostática 5.1.2 Redução da pressão oncótica 5.1.3 Aumento da permeabilidade capilar 5.1.4 Obstrução da drenagem linfática 5.1.5 Aumento da pressão coloidosmótica do líquido intersticial 6 LINFEDEMA 7 A MASSAGEM TERAPÊUTICA 8 A DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL 8.1 HISTÓRICO DA DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL 8.2 CONCEITOS GERAIS 8.3 EFEITOS DA DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL 8.4 INDICAÇÕES 8.5 CONTRAINDICAÇÕES 8.6 COMPONENTES DA DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL 9 A DRENAGEM LINFÁTICA REVERSA 10 MEDIDAS COMPLEMENTARES PARA O TRATAMENTO DO LINFEDEMA 11 AVALIAÇÃO FÍSICO-FUNCIONAL PARA REALIZAÇÃO DA DRENAGEM LINFÁTICA 51 11.1 ANAMNESE 11.2 EXAME FÍSICO 11.3 PERIMETRIA 11.4 VOLUMETRIA 11.5 MODELO DE PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO FÍSICO-FUNCIONAL 12 REQUISITOS PARA A MASSAGEM DE DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL 12.1 AUTOPREPARAÇÃO 12.2 RELAXAMENTO 12.3 O AMBIENTE 12.4 PALPAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA PERCEPÇÃO SENSORIAL 12.5 EXAME DO PACIENTE A CADA ATENDIMENTO 12.6 PREPARAÇÃO DO PACIENTE 13 TÉCNICAS DE DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL 13.1 PRINCIPAIS MANOBRAS DA DLM SEGUNDO O MÉTODO LEDUC 13.2 PRINCIPAIS MANOBRAS DA DLM SEGUNDO O MÉTODO VODDER 13.3 MÉTODO GANÂNCIA 13.4 MÉTODO GODOY 14 SEQUÊNCIA DE MANOBRAS DE DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL CORPORAL .... 71 14.1 DRENAGEM DA MAMA 14.2 DRENAGEM DOS MEMBROS SUPERIORES 14.3 DRENAGEM DO ABDÔMEN 14.4 DRENAGEM DA REGIÃO GLÚTEA 14.5 DRENAGEM DOS MEMBROS INFERIORES 14.6 DRENAGEM DA REGIÃO DORSAL 15 PRESSOTERAPIA 15.1 EFEITOS FISIOLÓGICOS 15.2 TÉCNICAS DE APLICAÇÃO 15.2.1 Pressão de insuflação 15.2.2 Tempos ligado e desligado 15.2.3 Tempo total de tratamento 15.3 PRECAUÇÕES 16 DEPRESSODRENAGEM LINFÁTICA (DERMOTONIA) 16.1 EFEITOS FISIOLÓGICOS 16.2 TÉCNICAS DE APLICAÇÃO 17 DRENAGEM LINFÁTICA SEQUENCIAL (ELETROESTIMULAÇÃO RUSSA) 17.1 CONCEITOS DE ELETROESTIMULAÇÃO 17.2 EFEITOS FISIOLÓGICOS 17.3 TÉCNICAS DE APLICAÇÃO 17.4 PRECAUÇÕES GLOSSÁRIO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1 TECIDO EPITELIAL O tecido epitelial, também denominado epitélio, é um dos quatro tipos de tecidos básicos no nosso organismo, juntamente com conjuntivo, muscular e nervoso. É formado por células justapostas com pouca substância intercelular entre elas. Esse tecido é avascular, sendo a nutrição de suas células feita a partir do tecido conjuntivo adjacente, por difusão, através da membrana basal. Essa membrana promove a adesão entre os tecidos, permitindo, contudo, a difusão de alimentos, catabólitos e oxigênio. Os epitélios são inervados, recebendo terminações nervosas livres que formam uma rica rede intraepitelial. FIGURA 1 - TECIDO EPITELIAL FONTE: Portal Educação. O tecido epitelial pode ser classificado em duas categorias: epitélio de revestimento e epitélio glandular. 1.1 EPITÉLIO DE REVESTIMENTO O tecido epitelial de revestimento (ou proteção) é o revestimento externo do corpo, que cobre todos os tipos de cavidades. Quando os tecidos epiteliais são formados somente por uma camada de células, podem ser classificados como epitélios simples ou uniestratificados. Os epitélios formados por mais de uma camada de células são chamados estratificados. Ainda existem epitélios que, apesar de formados por uma única camada celular, têm células de diferentes alturas, o que dá a impressão de serem estratificados. Por isso, eles costumam ser denominados pseudoestratificados. Quanto à forma das células, os epitélios podem ser classificados em: pavimentosos, quando as células são achatadas como ladrilhos; cúbicos, quando as células têm a forma de cubo; ou prismáticos, quando as células são alongadas, em forma de coluna. No epitélio que reveste a bexiga, a forma das células é originalmente cúbica, mas elas se tornam achatadas quando submetidas ao estiramento causado pela dilatação do órgão. Por isso, esse tipo de epitélio é denominado epitélio de transição. 1.2 EPITÉLIO GLANDULAR Conjunto de células especializadas cuja função é a produção e liberação de secreção. As células secretoras são denominadas parênquima e o tecido conjuntivo no interior da glândula é denominado estroma. O estroma sustenta também vasos sanguíneos, linfáticos e nervos. As moléculas a serem secretadas geralmente são armazenadas nas células em pequenas vesículas envolvidas por uma membrana, chamadas grânulos de secreção. As células epiteliais glandulares podem sintetizar, armazenar e secretar proteínas, lipídios ou complexos de carboidratos e proteínas. Existem parâmetros para classificar os diferentes tipos glandulares, como o número de células e o local onde a secreção é lançada. Quanto à organização das células, as glândulas podem ser unicelulares (a secreção é realizada por células especializadas, espalhadas entre outras células não secretoras) ou multicelulares (a secreção é realizada por um conjunto de células). Quanto ao local em que a secreção é lançada, as glândulas podem ser classificadas como: endócrinas – glândulas sem ductos em que a secreção é lançada na corrente sanguínea e é distribuída para todo o corpo. É a secreção de hormônios que atuam em locais distantes de onde foram produzidos; exócrinas – glândulas com ducto excretor que transportam a secreção glandular para a superfície do corpo ou para o interior de um órgão. Quanto à função, as glândulas podem ser: holócrinas – quando as células são eliminadas juntamente com os produtosde secreção. As células eliminadas são substituídas a partir de células-fonte existentes na glândula; apócrinas – quando as células eliminam, juntamente com os produtos de secreção, parte do citoplasma no qual a secreção fica acumulada; merócrinas – quando as células eliminam somente o produto de secreção, permanecendo o restante da célula intacto. 2 TECIDO CONJUNTIVO Ao contrário dos epitélios, os tecidos conjuntivos caracterizam-se por apresentar elevada quantidade de substância intercelular. As células que constituem esses tecidos possuem formas e funções bastante variadas. Trata-se, portanto, de um tecido com diversas especializações. Entre suas funções estão: preenchimento, estabelecimento de conexão entre os diversos tipos de tecidos ou órgãos, sustentação (osso e cartilagem), transporte de substâncias (sangue) e auxílio na defesa orgânica (glóbulos brancos). Pode ser dividido conforme detalhado a seguir. FIGURA 2 - TECIDO CONJUNTIVO FONTE: Portal Educação. 2.1 TECIDO CONJUNTIVO PROPRIAMENTE DITO O tecido conjuntivo propriamente dito é o menos diferenciado e o mais genérico dos tecidos conjuntivos, preenchendo todos os espaços entre os tecidos restantes. Logo, está presente em todos os órgãos, e abaixo da derme, estabelecendo a ligação entre eles. Permite o transporte de metabólitos e participa na defesa do organismo. É constituído por vários tipos de células que se encontram imersas em uma substância intercelular, designada como matriz extracelular. http://pt.wikipedia.org/wiki/Tecido_conjuntivo Pode ser classificado como frouxo (tecido de consistência delicada, flexível e pouco resistente às trações) ou denso (com predominância acentuada de fibras colágenas). Os conjuntivos densos podem ser: irregulares, com feixes colágenos em trama tridimensional, conferindo ao tecido resistência às trações em qualquer direção; ou regulares, com feixes colágenos seguindo uma organização fixa, em resposta a trações exercidas em um mesmo sentido, como, por exemplo, nos tendões. 2.2 TECIDO CONJUNTIVO DE PROPRIEDADES ESPECIAIS Enquadram-se nesse grupo os tecidos adiposo, elástico, reticular, mucoso, cartilaginoso e ósseo. O tecido adiposo apresenta células adiposas (adipócitos), que armazenam gordura. Essas células possuem um vacúolo central (pode aumentar ou diminuir de acordo com o metabolismo do indivíduo). A quantidade de gordura difere nas partes do corpo. Suas principais funções são de isolante térmico, de proteção dos órgãos contra choques mecânicos e de reserva energética. O tecido elástico é formado por fibras elásticas grossas, por fibras colágenas finas e por fibroblastos. Também é um tecido pouco frequente, sendo encontrado nos ligamentos da coluna vertebral e no ligamento suspensor do pênis. O tecido reticular é formado por fibras reticulares e por células reticulares. É um tecido muito delicado que forma uma rede para sustentar as células. Encontra-se nos órgãos que formam as células do sangue (medula óssea). O tecido mucoso tem aspecto gelatinoso, e é o principal constituinte do cordão umbilical. Também é encontrado na polpa dental jovem. Nesse tecido há predominância de substância fundamental amorfa e poucas fibras. O tecido cartilaginoso é formado por células denominadas condroblastos e condrócitos. Os condroblastos produzem grande quantidade de fibras proteicas; quando sua atividade metabólica diminui, passam a ser denominados condrócitos. O tecido cartilaginoso é desprovido de vasos sanguíneos e de nervos; é nutrido pelo tecido conjuntivo denso que o envolve. O tecido ósseo é o principal componente dos ossos. É bem mais resistente que o cartilaginoso, pois é constituído de uma matriz rígida (formada basicamente por fibras colágenas e sais de cálcio), e composto por vários tipos de células: osteoblastos, osteócitos e osteoclastos. 2.3 SUBSTÂNCIA FUNDAMENTAL AMORFA A substância fundamental amorfa ocupa os espaços entre as fibras elásticas e colágenas, funcionando como lubrificante para esta microarquitetura móvel. É formada pelo fluido intersticial, ácido hialurônico e complexos de glicosaminoglicanas e proteínas, denominados proteoglicanas e glicoproteínas. Caracteriza-se por uma substância incolor, transparente e homogênea que representa uma barreira à penetração de partículas estranhas no interior dos tecidos. Apresenta-se como um elemento não fibroso da matriz, em que as células e outros elementos estão mergulhados. 2.4 FIBRAS DO TECIDO CONJUNTIVO São proteínas que se polimerizam formando estruturas alongadas presentes em proporções variáveis nos diversos tipos de tecido conjuntivo. Podem ser classificadas em três tipos principais: colágenas, reticulares e elásticas. Como as fibras colágenas e reticulares são constituídas de colágeno, existem, na verdade, apenas dois tipos de sistemas de fibras: o sistema colágeno e o sistema elástico. 2.4.1 Fibras colágenas São as fibras mais frequentes no tecido conjuntivo. São brancas e alongadas e têm diâmetro entre 1 µm e 20 µm (micrômetros) mostrando uma estriação longitudinal, pois são constituídas por fibrilas. São constituídas por colágeno, que é uma glicoproteína formada principalmente pelo aminoácido glicina. O colágeno é a proteína mais abundante do corpo humano, representando 30% das proteínas totais. Representa cerca de 70% do peso da pele seca e tem como função fornecer resistência e integridade estrutural a diversos órgãos e tecidos. Os tipos de colágenos mais frequentes são: tipo I – é o mais abundante e representa 90% do total de colágeno do organismo. É encontrado nos tendões, ligamentos, derme, cápsula de órgãos, tecido conjuntivo frouxo, ossos, dentina e outros. É sintetizado pelos fibroblastos, odontoblastos e osteoblastos; tipo II – é encontrado nas cartilagens: hialina e elástica. É sintetizado pelas células cartilaginosas; tipo III – forma as fibras reticulares e é produzido pelos fibroblastos e pelas células reticulares; tipo IV – está presente nas lâminas basais e no tecido epitelial (não faz parte do tecido conjuntivo) e é sintetizado pelas células do último; tipo V – associa-se ao colágeno do tipo I para formar as fibrilas e é sintetizado pelos fibroblastos; tipo VI – encontrado junto com o colágeno do tipo II e produzido pelos condroblastos. 2.4.2 Fibras reticulares Fibras anastomosadas umas às outras que se dispõem formando uma estrutura semelhante a uma rede. Possuem diâmetro de 0,5 µm a 2 µm. São formadas por colágeno do tipo III, associado e elevado teor de glicídios. Formam o arcabouço dos órgãos hemopoiéticos (baço, linfonodos, medula vermelha...) e redes em torno das células musculares e órgãos epiteliais (fígado, glândulas endócrinas). São fibras curtas, finas e inelásticas, compostas principalmente por um tipo de colágeno denominado reticulina. 2.4.3 Fibras elásticas Fibras delgadas, que se distinguem facilmente dos outros tipos de fibras por não apresentar estriações longitudinais. Possuem cor amarelada e são sintetizadas por diversas células (condrócitos, fibroblastos e células musculares lisas). Seu principal componente é a elastina, que é bem mais resistente que o colágeno, mas é facilmente hidrolisada pela elastase (enzima pancreática). Essas fibras cedem facilmente a trações mínimas, porém retornam rapidamente à sua forma original, tão logo cessem as forças deformantes. As fibras elásticas são formadas por fibrotúbulos com 10 nm de espessura, envolvendo uma parte central amorfa (constituída de elastina). O sistema elástico apresenta ainda as fibras elaunínicas, encontradas na pele (formadas de fibrotúbulos e elastina), e as oxitalânicas (só fibrotúbulos), encontradas no ligamento periodontal e nos tendões. 2.5 CÉLULAS PRÓPRIAS DO TECIDO CONJUNTIVO As células maiscomuns do conjuntivo são os fibroblastos, responsáveis pela formação das fibras e do material intercelular amorfo. Eles sintetizam colágeno, mucopolissacarídeos e fibras elásticas. São dotados de certa mobilidade. Quando inativo, o fibroblasto passa a se chamar fibrócito. O fibroblasto tem prolongamentos citoplasmáticos, seu núcleo é claro, grande, de forma ovoide, com cromatina e nucléolo evidente. É rico em retículos endoplasmáticos rugosos e o complexo de Golgi é bem desenvolvido. Já o fibrócito é menor, tende a ser fusiforme com menos prolongamentos. Seu núcleo é menor, alongado e escuro; seu citoplasma é acidófilo, deficiente em retículos endoplasmáticos rugosos e complexo de Golgi. Contudo, mediante estímulos de cicatrização, o fibrócito reassume aspecto de fibroblasto. Nos adultos, os fibroblastos não se dividem com frequência, entrando em mitose apenas quando há lesão do tecido conjuntivo. O miofibroblasto é uma célula com características entre o fibroblasto e a célula muscular lisa (tem actina e miosina), sendo responsável pelo fechamento das feridas. FIGURA 3 - COMPONENTES DO TECIDO CONJUNTIVO FONTE: Portal Educação. Além dos fibroblastos, dentro do tecido conjuntivo existem: os macrófagos, que desempenham papel importante na remoção de elementos intercelulares que se formam nos processos involutivos fisiológicos, como o retorno do útero ao tamanho original, após a gestação; as células mesenquimatosas indiferenciadas, que possuem a capacidade de originar qualquer outra célula do tecido conjuntivo; os mastócitos, plasmócitos e leucócitos, que atuam nos processos inflamatórios e infecciosos; e, finalmente, os adipócitos, que são células derivadas dos fibroblastos, que compõem o tecido adiposo e que são especializadas no armazenamento de gorduras neutras. 3 SISTEMA TEGUMENTAR O sistema tegumentar é formado pela pele e pela hipoderme (tela subcutânea), juntamente com os anexos cutâneos. O tegumento constitui o manto contínuo que envolve todo o organismo, protegendo-o e adaptando-o ao meio ambiente. Esse invólucro somente é interrompido ao nível dos orifícios naturais (narinas, boca, olhos, orelha, ânus, vagina e pênis) onde se prolonga pela respectiva mucosa. As principais funções do sistema tegumentar são: proteção, regulação da temperatura do organismo, excreção, sensibilidade tátil e produção de vitamina D. FIGURA 4 - ESTRUTURA DO SISTEMA TEGUMENTAR FONTE: Portal Educação. A pele possui uma porção epitelial, a epiderme, e uma porção conjuntiva, a derme. Abaixo e em continuidade com a derme está a hipoderme (tela subcutânea), que embora tenha a mesma morfologia da derme, não faz parte da pele, que é formada por apenas duas camadas. A hipoderme serve de suporte da derme com os órgãos subjacentes, além de permitir à pele uma considerável amplitude de movimento. Unhas, pelos, glândulas sudoríparas e glândulas sebáceas constituem os anexos cutâneos. A abertura dos folículos pilossebáceos e das glândulas sudoríparas na pele formam os orifícios conhecidos como poros. 3.1 PELE A pele, cútis ou tez é o órgão de revestimento externo do corpo, constituindo o maior e mais pesado órgão do corpo humano. Principal responsável pela proteção do organismo, representa aproximadamente 12% do peso seco total do corpo. A pele protege o corpo da perda excessiva de água, do atrito e dos raios solares ultravioletas, graças a uma camada de queratina relativamente impermeável que recobre a epiderme. Também recebe estímulos do ambiente e colabora com mecanismos para regular a temperatura corporal, por meio de vasos e glândulas, oferecendo uma grande superfície de dispersão calórica e evaporação. A função protetora da pele é desempenhada por intermédio da percepção sensorial exercida pelos numerosos receptores especializados e terminações nervosas que fazem da pele uma estrutura sensorial, tátil, térmica, dolorosa e de pressão. Compõe-se por duas camadas principais: a epiderme, que é a camada superficial, composta de células epiteliais intimamente unidas; e a derme, que é a camada mais profunda, composta por tecido conjuntivo denso e irregular. 3.1.1 Epiderme Superfície mais externa da pele, formada por um revestimento de células sobrepostas. É constituída por epitélio estratificado pavimentoso queratinizado, de origem ectodérmica. A epiderme apresenta ainda três tipos de células: os melanócitos e as células de Langerhans e de Merkel. A espessura e a estrutura da epiderme variam com o local do corpo, sendo mais espessa e complexa na palma da mão e na planta do pé. Com essas características, as principais http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%93rg%C3%A3o funções do epitélio incluem absorção, difusão, excreção, filtração, secreção e proteção. É formada por quatro camadas. A camada córnea é a mais superficial. Embora seja de pequena espessura, sua capacidade de retenção hídrica conserva a superfície da pele macia. Essa camada forma uma cobertura ao redor de toda a superfície do corpo e protege o organismo contra a invasão de vários tipos de agressores do meio externo. As células mais superficiais são continuamente eliminadas como resultado da abrasão, como pelo atrito com a roupa, e substituídas por células oriundas das camadas mais profundas da epiderme. Logo abaixo, está a camada granulosa, caracterizada pela presença de células poligonais com núcleo central, nitidamente achatadas, em cujo citoplasma são observados grânulos grosseiros e basófilos. São os grânulos de querato-hialina, que contribuem para a constituição do material interfilamento da camada córnea. Esses grânulos são expulsos das células e formam uma camada de substância intercelular que age vedando essa camada de células, impedindo a passagem de compostos, inclusive a água, entre elas. As células da camada granulosa e também as da parte mais alta da camada espinhosa apresentam uma camada proteica, elétron-densa, com 10 nm de espessura, presa à superfície interna da membrana celular. Esse material proteico confere grande resistência à membrana celular. Abaixo da camada granulosa, está a camada espinhosa, constituída por quatro a oito fileiras de células poligonais cuboides ou ligeiramente achatadas, de núcleo central com pequenas expansões citoplasmáticas que contêm tonofibrilas partindo de cada uma das células adjacentes. Essas expansões se aproximam e se mantêm unidas pelos desmossomas, o que dá à célula um aspecto espinhoso. As tonofibrilas e os desmossomas têm importante função na manutenção da coesão das células da epiderme e, consequentemente, na sua resistência ao atrito. Observa-se que, quanto maior a ação de pressões e fricções sobre a epiderme, maior é a sua camada espinhosa. A camada germinativa (basal) é a mais profunda da epiderme e apresenta intensa atividade mitótica gerando novas células. É responsável pela constante renovação da epiderme, fornecendo células para substituir as que são perdidas na camada córnea. Nesse processo, as células partem da camada germinativa e vão sendo deslocadas para a periferia até a camada córnea, num período de 21 a 28 dias. É constituída por células prismáticas ou cuboides que repousam sobre a membrana basal que separa a epiderme da derme. Os queratinócitos e os melanócitos são as células dessa camada que repousam em fileira única. 3.1.2 Derme É uma espessa camada de tecido conjuntivo sobre a qual se apoia a epiderme. Está conectada com a fáscia dos músculos subjacentes por uma camada de tecido conjuntivo frouxo, a hipoderme. Na derme há fibras elásticas, reticulares e muitas fibras colágenas. Apresenta vasos sanguíneos, linfáticos e inervações. Contém glândulas especializadas e órgãos dos sentidos. Sua superfície externa é muito irregular e varia de região para região. Em contraste com a epiderme, a derme desenvolve-se a partirda mesoderme embrionária, assim como os músculos e o esqueleto. A espessura da derme varia em diferentes locais, mas em média é de cerca de 2 mm. É composta de duas camadas indistintamente separadas: camada papilar e camada reticular. A mais externa é a camada papilar, constituída por tecido conjuntivo frouxo. É assim denominada porque as papilas dérmicas constituem sua parte mais importante. A função das papilas é aumentar a zona de contato da derme com a epiderme, trazendo maior resistência à pele. Estende-se pouco abaixo das bases da papila, onde se une à camada reticular. Apresenta rico suprimento sanguíneo. A camada reticular é a mais espessa, constituída por tecido conjuntivo denso, e é assim denominada devido ao fato de que os feixes de fibras colágenas que a compõem entrelaçam-se como uma rede. 3.2 HIPODERME (TELA SUBCUTÂNEA) Tecido sobre o qual a pele repousa, formada por tecido conjuntivo que varia do tipo frouxo ao denso nas várias localizações e nos diferentes indivíduos. A hipoderme não faz parte da pele, porém a fixa às estruturas subjacentes. Pode ter uma camada variável de tecido adiposo dependendo da região do corpo. Além da função de reservatório energético, a hipoderme apresenta a função de isolamento térmico, modelagem da superfície corporal, absorção de choques e preenchimento para a fixação de órgãos. Em algumas regiões, como no abdome e na nádega, o acúmulo de gordura no tecido subcutâneo pode ser muito amplo. A hipoderme é bem suprida de vasos sanguíneos e terminações nervosas. Compõe-se por duas camadas: a superficial é chamada de areolar e possui adipócitos globulares e volumosos, e é ricamente irrigada; a mais profunda é chamada de lamelar e é onde ocorre aumento de espessura no ganho de peso. 3.3 ANEXOS DA PELE Na pele existem várias estruturas anexas: os pelos, as unhas e as glândulas. Os pelos se originam de uma invaginação da epiderme, o folículo piloso. São visíveis externamente por sua haste e estão distribuídos por quase todo o corpo. Em certas regiões exercem papel de proteção, principalmente nas aberturas do corpo. As unhas são lâminas córneas formadas pela camada córnea. Em sua extremidade proximal uma estreita prega da epiderme se estende, formando o eponíquo (cutícula). Possuem coloração rosada e crescem cerca de 1 mm por semana. As glândulas sebáceas são encontradas anexas aos pelos em todas as regiões do corpo, sendo mais numerosas, mas de menor volume, nas regiões onde os pelos são abundantes. Sua secreção é uma mistura complexa de lipídios cuja função é a lubrificação da pele, além da ação bactericida. As glândulas sudoríparas distribuem-se em quase todo o corpo. Seu número varia em cada região e diminui com a idade. A estimulação dos nervos simpáticos faz com que essas glândulas secretem um fluido de cloreto de sódio, ureia, sulfatos e fosfatos a depender de fatores como temperatura e umidade do meio e atividade muscular. 3.4 FUNÇÕES DO SISTEMA TEGUMENTAR Sensibilidade: as sensações cutâneas como tato, dor, calor e frio são captadas por receptores especializados. Os receptores para dor são terminações nervosas livres situadas abaixo da epiderme. As sensações táteis são dadas pelos corpúsculos de Paccini e de Meissner, a sensação de frio pelos corpúsculos de Krause e a de calor pelos de Ruffini. Proteção: a pele cobre o corpo e fornece uma barreira física que protege os tecidos subjacentes de abrasão física, invasão bacteriana, desidratação e radiação UV. Regulação da temperatura corporal: a pele desempenha um papel importante na regulação da temperatura corporal. O calor é perdido através da pele pelos processos de radiação, convecção, condução e evaporação. A sudorese é um processo útil somente quando o suor pode evaporar. As alterações no fluxo sanguíneo na pele também auxiliam a regular a temperatura corporal. Excreção: a pele contém dois tipos de glândulas sudoríparas – as glândulas écrinas, que são glândulas sudoríparas pequenas, e as apócrinas, ou glândulas sudoríparas grandes. As glândulas estão distribuídas por todo o corpo e são as verdadeiras secretoras que produzem o suor transparente e aquoso, responsável pela regulação térmica. Imunidade: certas células da epiderme (células de Langerhans) são componentes importantes do sistema imunológico, que expulsa os elementos invasores do corpo. Absorção percutânea: é referente à penetração de substâncias através da pele, o que permite que elas entrem na corrente sanguínea. O estrato córneo é a principal barreira à difusão. Síntese de vitamina D: a exposição da pele à radiação ultravioleta (UV) auxilia na produção de vitamina D, uma substância que ajuda na absorção de cálcio e fósforo no sistema digestório, e na circulação sanguínea. 3.5 PROPRIEDADES FÍSICAS DO SISTEMA TEGUMENTAR A tensão e a elasticidade são propriedades físicas relacionadas com: macromoléculas estruturais, colágeno e elastina contidos na pele. A tensão é a característica que explica o fato de a pele resistir ao estiramento por ação de forças fracas. A tensão varia em áreas diferentes, sendo mais marcantes nos locais em que a pele contém fibras elásticas densas, em particular em regiões na qual a pele é fina. 4 SISTEMA LINFÁTICO O sistema linfático é uma via acessória da circulação sanguínea, pela qual líquidos, proteínas e pequenas células provenientes do interstício são devolvidas ao sistema venoso. É um sistema fechado, intimamente ligado à circulação sanguínea e importante na manutenção da homeostase corporal. Tem sua origem embrionária no mesoderma, desenvolvendo-se junto aos vasos sanguíneos. Suas principais funções são: promover o retorno de líquido dos tecidos para a circulação – cerca de 10% do líquido que extravasa dos capilares para o tecido retorna para a circulação por meio dos capilares linfáticos. A linfa da parte inferior do corpo flui pelo canal torácico e retorna à circulação nas grandes veias do pescoço (jugular interna esquerda e subclávia). A linfa do lado esquerdo do corpo também entra no canal torácico. A linfa do lado direito flui pelo canal linfático direito e retorna à circulação na junção da veia subclávia direita e da veia jugular interna direita; promover a remoção de proteínas e outras substâncias de alto peso molecular do Líquido Extracelular (LEC) – os vasos linfáticos têm paredes finas e com extremidades fechadas (em dedo de luva). A borda de uma célula endotelial sobrepõe- se à borda da célula adjacente, formando uma válvula que se abre para o interior do capilar. As substâncias de alto peso molecular penetram nos linfáticos por essas aberturas; transportar lipídios do intestino para a circulação sanguínea – os lipídios absorvidos na forma de quilomicrons são lançados diretamente na circulação linfática, ao contrário dos outros nutrientes, que caem direto na circulação sanguínea; destruir bactérias e remover outras partículas por filtração nos linfonodos, além de participar de reações imunológicas de defesa. O sistema linfático não possui um elemento de bombeamento como o sistema circulatório sanguíneo. A circulação linfática acontece por meio de contrações do sistema muscular ou de pulsações de artérias próximas aos vasos linfáticos. FIGURA 5 - DISTRIBUIÇÃO DO SISTEMA LINFÁTICO FONTE: Portal Educação. 4.1 ÓRGÃOS LINFOIDES Os órgãos linfoides são o baço, timo e tonsilas (amídalas). Tais órgãos não possuem associação direta com os vasos do sistema linfático ou com a linfa, mas fazem parte do sistema imune do organismo. A produção de linfócitos é a principal função dos tecidos linfoides e órgãos linfáticos. Os linfócitos têm importante papel no desenvolvimento das respostas imunológicas, produção de anticorpos e reações imunes. A ação dos tecidos linfáticos servindo como filtros em certascondições patológicas deram origem à teoria de barreira, segundo a qual esses tecidos desempenham importante papel nos mecanismos de defesa do corpo. Partículas inertes, como o carbono, bactérias, vírus, células cancerosas e hemácias, são retidas nos tecidos linfáticos. Os tecidos linfáticos, no entanto, só são barreiras até certo ponto, pois os seus vasos aferentes podem permitir a disseminação de infecções e neoplasias malignas para outros órgãos e tecidos. O baço é um órgão linfoide situado no lado esquerdo da cavidade abdominal, junto ao diafragma, ao nível das nona, décima e décima primeira costelas. Apresenta duas faces distintas, uma relacionada com o diafragma (face diafragmática) e outra voltada para as vísceras abdominais (face visceral). Na face visceral localiza-se o hilo do baço, por onde penetram vasos e nervos. FIGURA 6 - BAÇO FONTE: Portal Educação. O timo é uma massa bilobada de tecido linfoide localizada abaixo do esterno, na região do mediastino anterior. Ele aumenta de tamanho durante a infância, quando então começa a atrofiar-se lentamente, diminuindo após a puberdade. No adulto, pode ser inteiramente substituído por tecido adiposo. O timo confere a determinados linfócitos a capacidade de se diferenciarem e maturarem em células que podem efetuar o processo de imunidade mediada por células. FIGURA 7 - TIMO FONTE: Portal Educação. As amídalas (tonsilas) são massas pequenas de tecido linfoide incluídas da mucosa de revestimento das cavidades bucal e faríngea. As tonsilas palatinas estão localizadas na parede póstero-lateral da garganta, uma em cada lado. As tonsilas faríngeas se localizam na parte nasal da faringe. As tonsilas linguais estão localizadas na face dorsal da língua, próxima a sua base. Compostas por tecido linfoide e circundando a união das vias bucal e nasal, as tonsilas desempenham papel adicional contra invasão bacteriana. FIGURA 8 - AMÍDALAS FONTE: Portal Educação. 4.2 LINFA O termo linfa é derivado da palavra latina lympha, que significa água – especificamente, rio claro ou água nascente. Divide com os outros líquidos extracelulares a responsabilidade de manter o equilíbrio do meio interno do organismo. É um líquido incolor e viscoso com composição quase igual à do plasma sanguíneo, que consiste principalmente de água, eletrólitos e proteínas que escapam do sangue através dos capilares. O que difere a linfa do sangue é a ausência de células sanguíneas. Juntamente com o líquido cefalorraquidiano, é considerada o líquido mais nobre do organismo. Representa aproximadamente 15% do peso corporal e seu escoamento diário no nível do ducto torácico fica em torno de 2 a 5 litros, podendo alcançar 20 litros em caso de um aumento patológico de demanda. O fluxo da linfa é relativamente lento. Cerca de três litros de linfa penetram no sistema cardiovascular em 24 horas. Em média, o fluxo total de linfa é da ordem de 1,5 ml por minuto. O mecanismo de formação da linfa envolve três processos simultâneos: ultrafiltração – movimento de saída de água, oxigênio e nutrientes do interior do capilar arterial para o interstício; absorção venosa – movimento de entrada de água, gás carbônico, pequenas moléculas e catabólitos do interstício para o interior do capilar venoso, que ocorre por difusão; absorção linfática – início da circulação linfática determinada pela entrada de líquido intersticial, proteínas de alto peso molecular e pequenas células, no interior do capilar linfático, caracterizando a formação da linfa. 4.3 TOPOGRAFIA DO SISTEMA LINFÁTICO A rede linfática é formada pelos capilares linfáticos, que desembocam nos pré-coletores, que, por sua vez, desembocam nos vasos coletores e por fim nos troncos linfáticos. Os vasos linfáticos estão ausentes: no sistema nervoso central, músculo esquelético, medula óssea, polpa esplênica e cartilagem hialina. FIGURA 9 - ESTRUTURA DO SISTEMA LINFÁTICO FONTE: Portal Educação. 4.3.1 Capilares linfáticos Os capilares linfáticos são os vasos iniciais da circulação linfática. São pequenos vasos condutores constituídos por células endoteliais que se sobrepõem em escamas, formando microválvulas que se tornam pérvias, permitindo sua abertura ou seu fechamento, conforme o afrouxamento ou a tração dos filamentos de proteção. Quando tracionados, os filamentos permitem a penetração de água, partículas, pequenas células e moléculas de proteínas no interior do capilar, iniciando então a formação da linfa. O refluxo linfático não ocorre devido ao fechamento das microválvulas linfáticas. A rede capilar linfática é rica em anastomoses, sobretudo na pele, onde os capilares linfáticos estão dispostos de forma superficial e profunda, em relação à rede capilar sanguínea. O mesmo não ocorre nos vasos e ductos linfáticos. Nos capilares linfáticos, os espaços intercelulares são mais amplos, permitindo que as trocas líquidas entre o interstício e o capilar linfático ocorram facilmente não só de dentro para fora, como de fora para dentro do vaso. 4.3.2 Pré-coletores linfáticos Os pré-coletores linfáticos são vasos intermediários entre os capilares e os coletores linfáticos. Possuem estrutura semelhante aos capilares. Seu endotélio é recoberto por tecido conjuntivo, que em certos pontos se prolonga juntamente com as células endoteliais, para o lúmen do vaso, formando as válvulas que direcionam o fluxo da linfa. Seguem um trajeto sinuoso e possuem fibras colágenas, elementos elásticos e musculares, que lhe proporcionam propriedades de alongamento e contratibilidade. 4.3.3 Coletores linfáticos São os vasos mais calibrosos, possuindo estrutura semelhante à das grandes veias. Compõem-se por três camadas: a túnica íntima, mais interna, com fibras elásticas longitudinais que formam numerosas válvulas; a túnica média, que envolve a anterior e possui células da musculatura lisa, responsáveis pela contratilidade do vaso e pela propulsão da linfa; e a túnica adventícia, mais externa e espessa formada por fibras colágenas longitudinais e por terminações nervosas. Os coletores podem ser pré-nodais (aferentes) ou pós-nodais (eferentes). O coletor linfático, quer superficial ou profundo, possui numerosas válvulas bivalvulares; sendo os espaços compreendidos entre cada válvula denominados linfangions. As válvulas linfáticas asseguram o fluxo da linfa numa só direção, ou seja, para o coração. Assim como para as veias, as válvulas linfáticas se projetam na direção da corrente linfática e estão dispostas de tal maneira que permitem um escoamento livre em direção aos grandes vasos linfáticos e impedem o refluxo. As válvulas são semilunares e formadas por finas camadas de tecidos fibrosos, cobertos em ambas as faces por endotélio. Estão inseridas por sua borda convexa à parede do vaso. Nos vasos linfáticos, as válvulas são mais numerosas próximas aos linfonodos e são encontradas mais frequentemente nos vasos linfáticos do pescoço e do membro superior do que nos do membro inferior. A parede do vaso linfático logo acima do local de inserção de cada válvula é dilatada em uma bolsa ou seio, que dá a esses vasos, quando distendidos, o aspecto nodoso ou em rosário. FIGURA 10 - VÁLVULAS LINFÁTICAS FONTE: Portal Educação. O linfangion é a unidade funcional do sistema linfático, responsável pela propulsão da linfa. Sua estrutura corresponde a um segmento com uma camada muscular central e válvulas formadas por prolongamentos da túnica íntima em ambas as extremidades. A borda de um linfangion forma a válvula do seguinte. A propulsão da linfa se inicia quando o linfangion apresenta sua válvula inicial aberta e a final fechada, então começa a se encher de linfa e, quando estiver totalmente cheia, a linfa pressiona suas paredes estimulando as fibras musculares datúnica média que abrem a válvula final e fecham a inicial. Esse processo acontece sucessivamente nos linfagions seguintes, num movimento peristáltico, com pulsações variando entre 8 e 22 vezes por minuto, resultando em um fluxo circulante no organismo de 2 a 5 litros de linfa em situações normais. Ao lado do sistema linfático, outras ações podem interferir na motilidade dos linfangions: o bombeamento do sistema arterial; o bombeamento muscular; os movimentos respiratórios que provocam mudanças na pressão da cavidade torácica, estimulando o ducto torácico; o peristaltismo intestinal; a massagem de drenagem linfática e a pressão externa promovida por enfaixamentos e contensão elástica. 4.3.4 Troncos linfáticos Os troncos linfáticos, ou coletores terminais, são vasos de maior calibre que recebem o fluxo linfático, e compreendem os vasos linfáticos lombares, intestinais, mediastinais, subclávios, jugulares e descendentes intercostais. A união dos troncos intestinais, lombares e intercostais forma o ducto torácico. Os troncos jugulares, subclávios e broncos mediastinal direito formam o ducto linfático direito. FIGURA 11 - DUCTOS LINFÁTICOS FONTE: Portal Educação. O ducto torácico é o maior tronco linfático e geralmente desemboca na junção da veia jugular interna com a veia subclávia, do lado esquerdo. Origina-se na cisterna do quilo, uma dilatação situada anteriormente à segunda vértebra lombar, onde desembocam os vasos que recolhem o quilo intestinal. Recebe a linfa oriunda dos membros inferiores, do hemitronco esquerdo, do pescoço e da cabeça, além do membro superior esquerdo. O ducto linfático direito corre ao longo da borda medial do músculo escaleno anterior na base do pescoço e termina na junção da veia subclávia direita com a veia jugular interna direita. Seu orifício possui duas válvulas semilunares, que evitam a entrada de sangue venoso. Recolhe a linfa oriunda do membro superior e hemitórax direito, do pescoço e da cabeça. 4.3.5 Linfonodos (gânglios ou nodos linfáticos) Aglomerados de tecido retículo-endotelial revestido por uma cápsula de tecido conjuntivo, que se dispõem ao longo dos vasos do sistema linfático. Pesquisadores afirmam existir entre 400 e 600 linfonodos no homem (entre superficiais e profundos), os quais geralmente estão dispostos em cadeia. O número de linfonodos varia entre as regiões e os indivíduos, e seu volume também é variável, ocorrendo um importante aumento com a idade, em decorrência dos processos patológicos ou agressões que a área de drenagem tenha sofrido. Apresentam variações na forma, tamanho e coloração, ocorrendo normalmente em grupos e desempenham em geral o papel de reguladores da corrente linfática, cuja função é filtrar impurezas da linfa e produzir linfócitos, células de defesa especializadas. Estão geralmente situados na face anterior das articulações, ao longo do trajeto dos vasos sanguíneos, como ocorre no pescoço e nas cavidades torácicas, abdominal e pélvica. Na axila e na região inguinal são abundantes, sendo inclusive palpáveis. O linfonodo é formado por uma cápsula conjuntiva periférica que se adere ao tecido adiposo. É constituído por dois tipos de células: as células reticulares, cuja atividade primordial é a fagocitose e a pinocitose; e as células linfoides, que são muito especializadas, contêm a memória imunológica e que, portanto, são essenciais no mecanismo das reações imunológicas, podendo reagir diretamente, ou por meio de anticorpos, contra um único tipo de antígeno. FIGURA 12 - LINFONODO FONTE: Portal Educação. 4.4 CIRCULAÇÃO LINFÁTICA As circulações linfáticas e sanguíneas estão intimamente relacionadas. As moléculas pequenas vão, em sua maioria, diretamente para o sangue, sendo conduzidas pelos capilares sanguíneos, e as grandes partículas alcançam a circulação por meio do sistema linfático. Entretanto, mesmo macromoléculas passam para o sangue via capilares venosos, sendo que o maior volume do fluxo venoso faz com que, no total, o sistema venoso capte muito mais proteínas que o sistema linfático. Contudo, a pequena drenagem linfática é vital para o organismo ao baixar a concentração proteica média dos tecidos e propiciar a pressão tecidual negativa fisiológica que previne a formação do edema e recupera a proteína extravasada. Ao fluir pelos capilares, pré-coletores e coletores, o fluxo linfático proveniente de várias regiões do corpo desemboca nos dois principais ductos coletores do corpo humano: o canal linfático direito e o ducto torácico. Os ductos coletores transportam a linfa, em direção às cadeias ganglionares. O transporte da linfa pode ser explicado pela hipótese de Starling sobre o equilíbrio existente entre os fenômenos de filtração e reabsorção que ocorrem nas terminações capilares. A água, rica em elementos nutritivos, sais minerais e vitaminas, ao deixar a luz do capilar arterial, desemboca no interstício, onde as células retiram os elementos necessários ao seu metabolismo e eliminam os produtos de degradação celular. Em seguida, o líquido intersticial, pelas pressões exercidas, retoma a rede de capilares venosos. FIGURA 13 - TROCAS SANGUÍNEAS E LINFÁTICAS FONTE: Portal Educação. Várias pressões são responsáveis pelas trocas através do capilar sanguíneo: a pressão hidrostática sanguínea impulsiona o fluido pela membrana capilar, em direção ao interstício. A pressão osmótica sanguínea tende a movimentar o fluido do interstício em direção ao capilar. A pressão de filtração surge da relação entre as pressões hidrostáticas e osmóticas. A pressão tissular é a pressão exercida sobre o fluido livre nos canais tissulares. O fluxo linfático depende de fatores extrínsecos e intrínsecos. Fazem parte dos extrínsecos: contração e peristaltismo muscular – os movimentos de contração muscular, pela própria fisiologia do movimento, influenciam a formação da linfa, a sua propulsão e o fluxo linfáticos. Promove movimentação dos líquidos tanto da circulação sanguínea quanto da linfática. Essa movimentação permite que os líquidos que se encontram em estase alcancem os ductos linfáticos, facilitando sua drenagem; gradiente de pressão entre os espaços intersticiais e os vasos linfáticos – quanto maior a pressão dos espaços intersticiais, maior é a quantidade de líquidos que alcançam os vasos, pois o líquido é formado devido a um valor de pressão resultante, sendo grandezas diretamente proporcionais; respiração e pressões intratorácicas – os movimentos respiratórios promovem uma ação rítmica e contínua no fluxo linfático 24 horas por dia. Ao inspirarmos ocorre um aumento no volume pulmonar. Entre os pulmões existe um órgão chamado cisterna do quilo, que, durante essa fase da respiração, é comprimido. Essa compressão impulsiona a linfa no sentido antigravitacional, para o ducto torácico; compressão externa dos tecidos – a compressão externa aumenta a pressão resultante e consequentemente a quantidade do líquido formado; alterações térmicas – o aumento da temperatura promove uma dilatação das arteríolas e com isso ocorre uma elevação no volume sanguíneo e consequentemente um aumento do volume filtrado. Já os intrínsecos são: contractilidade dos vasos linfáticos – os vasos linfáticos realizam contrações rítmicas que independem dos movimentos respiratórios e da pulsação arterial. A linfa é conduzida na direção centrípeta, e quanto maior é a contratilidade dos vasos, maior será a propulsão da linfa; vias acessórias de fluxo – geralmente surgem em condições patológicas como queimaduras e processos inflamatórios, facilitando o transporte da linfa. Em condições normais, essas vias estão inativas; presença e localização das válvulas que evitam o refluxo da linfa – as válvulas são constituídas por filamentos contráteis, se encontram no interiordos vasos, se abrem quando a linfa passa, e se fecham logo após essa passagem. Esse mecanismo impede que o fluxo que está em direção contra a gravidade retorne, facilitando seu trajeto. O fluxo da linfa ocorre de acordo com contrações rítmicas ao longo dos vasos coletores e pré-coletores, os quais são constituídos por músculo liso. A propulsão da linfa é determinada pelos seguintes mecanismos: dilatação das paredes; fechamento e abertura da válvula; fluxo linfático. 4.5 ANATOMIA DOS LINFÁTICOS Os linfáticos do membro superior dividem-se em: superficiais, localizados na derme e no tecido celular subcutâneo sob a aponeurose; e profundos, localizados abaixo dos superficiais. A rede superficial é mais densa nos dedos e na face palmar da mão. Existem coletores interósseos anteriores e posteriores, dois coletores radiais e dois coletores ulnares profundos. Os principais gânglios linfáticos do membro superior são os gânglios supraepitrocleares e gânglios do sulco deltopeitoral. Os linfáticos do membro inferior compreendem os coletores superficiais satélites das safenas interna e externa e os coletores da região glútea. Os principais gânglios linfáticos do membro inferior são os gânglios inguinais, poplíteos, o gânglio tibial anterior, os gânglios ilíacos e lombo-aórticos. O tórax é drenado pela via anterointerna diretamente pelos gânglios situados na altura das articulações condroesternais. Os linfáticos da região abdominal média e supraumbilical se dirigem igualmente aos gânglios mamários internos. Os linfáticos da parede abdominal se dirigem da linha abdominal média infraumbilical aos grupos ganglionares inguinais correspondentes. A face posterior do tórax é drenada em direção aos gânglios axilares; em direção aos grupos subescapulares homolaterais. 5 EDEMA O termo edema refere-se ao acúmulo de quantidades anormais de líquido nos espaços intercelulares ou nas cavidades do organismo. Macroscopicamente, o edema apresenta-se como aumento de volume dos tecidos que cedem facilmente à pressão localizada, dando origem a uma depressão que rapidamente desaparece. Microscopicamente, o edema se expressa por alargamento dos espaços entre os constituintes celulares. A quantidade de líquido nos espaços intersticiais depende da pressão capilar, da pressão do líquido intersticial, da pressão oncótica, da permeabilidade dos capilares, do número de capilares ativos, do fluxo linfático e do volume total de líquido extracelular. O surgimento do edema está ligado à circulação linfática, seja diretamente, em consequência do aumento do aporte líquido, ou indiretamente, em consequência de uma patologia linfática específica. O edema é resultado do desequilíbrio verificado entre o aporte de líquido retirado dos capilares sanguíneos pela filtragem e drenagem desse líquido. O estado de equilíbrio – ou seja, o estado fisiológico – é atingido quando as vias de drenagem são suficientes para evacuar o líquido trazido pela filtragem. Ocorre uma constante renovação do líquido intersticial na qual as células do corpo podem retirar os elementos necessários ao seu metabolismo. Se não houver interrupção, não ocorrerá edema. Quando o aporte de líquido filtrado se torna mais importante e o sistema de drenagem não aumenta em consequência disso, ocorre um desequilíbrio entre a filtragem e a evacuação a expensas desta última. Os tecidos se enchem de líquido, a pressão intratecidual aumenta e a pele se distende. O tecido incha e ocorre o edema. Existem dois extremos de edema: um ligado ao excesso de aporte de líquido e outro causado por insuficiência da rede de evacuação. Esse edema ligado ao excesso de aporte de líquido é de origem vascular. Clinicamente, ele apresenta o sinal de Godet ou cacifo, ou seja, uma pressão aplicada com o dedo o deprime e, após a supressão dessa pressão, a depressão persiste. O outro tipo de edema ocorre quando a drenagem é insuficiente, enquanto o aporte de filtragem é normal. As vias linfáticas possuem um poder de adaptação muito grande: elas podem drenar uma média de 24 a 30 litros de linfa por dia. Pode ocorrer, entretanto, que, apesar de tudo, a rede seja insuficiente. O edema se instala, se organiza e se torna fibroso, e as possibilidades de evacuação dependerão do seu grau de evolução e de organização. Clinicamente, ele não apresenta o sinal de Godet, não sendo, dessa forma, possível deslocá-lo por meio de pressões. 5.1 FISIOPATOLOGIA DO EDEMA O estudo da fisiopatologia do edema deve ser feito levando-se em conta as principais causas desse sinal. Em condições normais, os gradientes sangue-interstício de pressão hidrostática e oncótica e a drenagem linfática são os responsáveis pela filtração e absorção de líquidos na microcirculação sem que haja acúmulo excessivo de água no interstício. O edema se forma quando surgem transtornos nesses componentes. A origem dos edemas está relacionada com os seguintes fatores: aumento da pressão hidrostática do sangue na microcirculação; redução da pressão oncótica (coloidosmótica) das proteínas plasmáticas; permeabilidade vascular aumentada; alterações da drenagem linfática; alterações do interstício; retenção renal de sódio e água. Os edemas podem resultar da ação isolada de qualquer dos fatores citados, mas é mais frequente e grave quando há participação de mais de um deles. 5.1.1 Aumento da pressão hidrostática A pressão hidrostática varia em virtude da posição do indivíduo. Ela irá aumentar nas veias ao se assumir a posição ortostática, será nula ao nível da safena interna ao deitar-se e poderá atingir valores negativos quando o indivíduo estiver deitado com os membros inferiores levantados. O aumento da pressão hidrostática facilita a filtração líquida para o interstício. Qualquer variação na dinâmica do transporte de líquido ao nível da membrana capilar que puder aumentar a pressão do líquido intersticial desde seu valor normal negativo de - 6 mmHg até valor positivo irá produzir edema. O aumento da pressão hidrostática relaciona-se a hiperemia ativa ou passiva (com suas diversas causas, como calor, traumas, inflamações, varizes, oclusões venosas etc.). O edema assim determinado pode ser localizado (por exemplo, as obstruções venosas) ou generalizado (por exemplo, na insuficiência cardíaca congestiva). 5.1.2 Redução da pressão oncótica A pressão oncótica está ligada à presença de proteínas em oposição à filtração capilar, exercendo, em condições normais, uma pressão de aproximadamente 25 mmHg. Qualquer diminuição das proteínas “circulantes” terá como consequência a diminuição da pressão oncótica que se opõe à filtragem. Disso resulta que a diminuição das proteínas plasmáticas aumenta a filtragem e diminui a reabsorção. 5.1.3 Aumento da permeabilidade capilar O aumento da permeabilidade traduz-se, morfologicamente, por ampliação dos espaços interendoteliais, aumento da atividade pinocitótica do endotélio e adelgaçamento da parede vascular. Quando o aumento da permeabilidade ocorre, não apenas o líquido vaza muito rapidamente dos capilares para os espaços teciduais, como também ocorre escapamento das proteínas plasmáticas, que se acumulam, em excesso, nos espaços intersticiais. Por conseguinte, a permeabilidade capilar aumentada pode ser causa de edema por pelo menos três fatores diferentes: vazamento excessivo de líquido pelos poros dilatados para os espaços intersticiais; pressão coloidosmótica plasmática diminuída, pela perda de proteína; e pressão coloidosmótica intersticial aumentada, pelo acúmulo de proteína. 5.1.4 Obstrução da drenagem linfática (linfedema) Na maioria dos edemas, o fluxo da linfa aumenta consideravelmente, indicando que o sistema linfático desempenha nesses casos, papel antiedema. Desde que o sistema linfático permaneça em condições de exercer sua função, a maior oferta delíquido ao interstício ou a menor reabsorção de líquido pelos vasos sanguíneos é compensada pelo aumento da drenagem linfática; o edema só aparece quando é ultrapassada a capacidade de compensação do sistema linfático. A interferência com a drenagem linfática é uma causa óbvia de expansão do líquido intersticial. A causa mais grave para essa condição é o bloqueio dos linfáticos, que impede o retorno normal das proteínas à circulação. Embora o revestimento endotelial normal seja impermeável à passagem de proteínas, uma pequena quantidade de albumina passa para o espaço intersticial juntamente com a troca de líquido entre os compartimentos vascular e intersticial. Com a obstrução linfática, nem a pequena quantidade de líquido perdida do compartimento intravascular, nem a proteína de dentro do líquido intersticial consegue sair, assim reduzindo a pressão osmótica efetiva do sangue. Desse modo surge o linfedema. 5.1.5 Aumento da pressão coloidosmótica do líquido intersticial Quando aumenta a permeabilidade capilar para macromoléculas e cresce o conteúdo em proteínas no interstício, a pressão oncótica intersticial eleva-se, favorecendo a retenção de líquido. As proteínas que vazam através das paredes capilares vão ficar gradualmente acumuladas nos espaços intersticiais até que a pressão coloidosmótica intersticial adquira valor próximo da pressão coloidosmótica plasmática. Como resultado, os capilares perdem sua capacidade osmótica normal de reter líquido na circulação, de modo que esse líquido passa a ficar acumulado nos tecidos. Dessa forma, a pressão oncótica plasmática diminui e a pressão oncótica do líquido intersticial aumenta, levando ao acúmulo de líquido nos espaços intersticiais e à consequente formação de edema. 6 LINFEDEMA Desenvolve-se a partir de um desequilíbrio entre a demanda linfática e a capacidade do sistema em drenar a linfa. Sendo as proteínas de alto peso molecular extravasadas para o interstício e absorvidas exclusivamente pelo sistema linfático inicial, no momento em que ele perde sua capacidade de escoamento, por destruição ou obstrução da via linfática em algum ponto de seu trajeto, ocorre a estagnação da linfa no vaso, e posterior extravasamento de volta ao interstício. O aumento da concentração de proteínas no meio vascular causado pelo extravasamento e não absorção delas gera alteração da pressão osmótica e acarreta a presença definitiva de fluido no interstício, o que constitui o linfedema. Uma vez que a linfa é um fluido com altas concentrações de proteínas, sua presença no interstício propicia a proliferação e cultura de germes, tornando o membro acometido sujeito a episódios de infecção, cada uma delas aumentando a perda de vasos linfáticos. A presença de proteínas gera também fibrose, tornando o edema mais duro e menos responsivo a drenagem postural. Estudos indicam que o linfedema é o resultado de uma combinação de fatores, e não de uma única causa. Podem ser classificados quanto à: origem – podem ser primários ou secundários. Quando primários, são subdivididos em precoce e congênito. O linfedema precoce é de etiologia desconhecida, ocorre nos membros inferiores, podendo ser decorrente de desequilíbrios hormonais ou falhas no desenvolvimento dos vasos linfáticos. O linfedema congênito aparece ao nascimento, sendo caracterizado por uma estrutura inadequada dos vasos linfáticos. São secundários quando decorrem de causas externas (lesões teciduais; patologias como a filariose, insuficiência venosa, erisipela, linfangites ou celulites; quadros infecciosos e inflamatórios e efeitos colaterais de tratamentos oncológicos); instalação e aos achados clínicos – podem ser classificados como: agudos, os linfedemas moderados e transitórios que ocorrem nos primeiros dias após a cirurgia como resultado da incisão dos canais linfáticos; ou crônicos, que é a forma mais comum, sendo usualmente insidioso, com ausência de dor, não sendo associado a eritemas, normalmente, irreversível; intensidade – o linfedema pode ser classificado em fases de I a IV. Os linfedemas de fase I são os que se desenvolvem após atividades físicas ou ao final do dia e melhoram espontaneamente ao repouso e aos estímulos linfáticos. Os de fase II são espontaneamente irreversíveis, mas podem ser controlados com terapêuticas apropriadas. Os de fase III são irreversíveis e mais graves. Apresentam grau elevado de fibrose linfostática com grande estagnação da linfa nos vasos e capilares. Possuem alterações de pele importantes, tornando-se vulneráveis a erisipelas, eczemas, papilomatoses e fistulas linfáticas. Os de fase IV são as chamadas elefantíases, sendo irreversíveis e apresentam complicações como papilomatose, queratoses, fistulas linfáticas e angiomas. Traduz a total falência dos vasos linfáticos; topografia – o linfedema de grau A ocorre em pacientes que permanecem a maior parte do tempo sem edema, sendo portadoras de uma insuficiência linfática crônica e compensada, apresentando todas as medidas simétricas iguais e com ausência de edema em dorso de mão. O linfedema de grau B ocorre em pacientes permanentemente com edemas suaves, sem modificações estruturais da pele e do tecido celular, tendo pelo menos uma medida desigual no braço, antebraço ou mão. O linfedema de grau C ocorre em pacientes com modificações estruturais definitivas da pele e tecido celular, consistindo as verdadeiras elefantíases cirúrgicas. 7 A MASSAGEM TERAPÊUTICA A palavra masage data da Antiguidade e pode ser derivada de raízes de diferentes línguas, como o termo grego massein, que se traduz como amassar, o termo hebraico massech ou o termo árabe mass, com o significado de palpar. O termo francês masseur foi utilizado na língua inglesa com o significado atribuído aos praticantes de diferentes técnicas. O homem utiliza a massagem como recurso terapêutico desde os tempos pré-históricos. A utilização da massagem na prática médica foi descrita por Homero em 1200 a.C. e por Hipócrates em 460 a.C. Era usada nos banhos pelos gregos e romanos para assegurar saúde e beleza. Em tempos mais recentes foi desenvolvida e elaborada por Peter Ling, da Suécia, e Mezger, da Holanda. Posteriormente seus defensores foram Weir Mitchell e Kellogg, nos Estados Unidos, e Cyriax e Mennel, na Inglaterra. A massagem terapêutica pode ser definida como uma compressão metódica e rítmica do corpo, ou parte dele, para que se obtenham efeitos terapêuticos. É um conjunto de diversas técnicas manuais que atuam nos tecidos corporais, com efeito, sob os sistemas: nervoso, muscular, circulatório e energético. Com objetivo de promover o alívio do estresse ocasionando relaxamento, mobilizando estruturas variadas, aliviando a dor, diminuindo o edema, prevenindo deformidades, além de promover a independência funcional em um indivíduo que tenha um problema de saúde específico. Existem diversos tipos de massagens oriundas de diversas técnicas, porém todas são derivadas de movimentos primários que fazem parte da técnica denominada de massagem clássica. Os movimentos básicos da massagem clássica são derivados principalmente de termos franceses, como: deslizamento ou alisamento, superficial e profundo (effleurage), amassamento (petrissage), percussão (tapotment); entre outros, como a fricção e a vibração. Os efeitos de cada técnica, e suas variáveis, são aplicados de acordo com o objetivo a ser alcançado pelo terapeuta. O conhecimento da manobra e as condições do paciente são de fundamental importância para uma boa aplicação da massagem, verificando-se, em cada uso, uma resposta adequada. As indicações para o uso da massagem podem ser avaliadas somente por alguém que conhece a anatomia e a fisiologia do corpo humano e os processos de doença e lesão; com o conhecimento de suas limitações e dos perigos de ser usada de modo errado.A massagem pode ser utilizada para fins de prevenção e restauração do estado físico ou melhoramento estético. Utilizada também em atletas antes e após a competição. Pode ser corporal e facial. A massagem deve ser realizada com cuidados, respeitando indicações e contraindicações e não deve provocar hematomas ou dor. As manipulações de massagem movimentam e ativam os sistemas muscular, nervoso e circulatório. Estimulam uma melhor nutrição dos tecidos e eliminação de toxinas, levando ao paciente um estado de bem-estar e relaxamento. 8 A DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL 8.1 HISTÓRICO DA DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL Já na Antiguidade, os médicos possuíam noções sobre a linfa e os vasos linfáticos, sendo conhecidos desde as primeiras dissecações feitas por Hipócrates (450 a.C.) e posteriormente Vesalius (no século XVI). No século XVII, porém, foi que alguns anatomistas descobriram e estudaram a linfa e os vasos linfáticos. Em 1651, Pecquet observou o ducto linfático descrevendo a “Cisterna Chyli”, comprovando que o quilo não é drenado para o fígado e sim para um local determinado que mais tarde recebeu o nome de “Cisterna de Pecquet”. Em 1628, Gassend fez uma descrição de veias leitosas que observou no cadáver de um condenado à morte, porém, a descoberta da importância e das funções da linfa é creditada ao anatomista dinamarquês Thomas Bartholin, que comparou em seu trabalho a circulação linfática ao fértil vale do rio Nilo. O primeiro relato de utilização da drenagem linfática data de 1892, quando o cirurgião austríaco Winiwarter iniciou a aplicação da técnica. Em 1936, o dinamarquês Emil Vodder e sua esposa Estrid desenvolveram o estudo e a prática da drenagem linfática na Riviera Francesa. Observou-se sucesso no tratamento de pacientes com estados gripais crônicos por meio de estimulação suave nos linfonodos cervicais. Em 1967, foi criada a Sociedade de Drenagem Linfática Manual, incorporada em 1976 à Sociedade Alemã de Linfologia. Muitos grupos aderiram à técnica e passaram a difundi-la, acrescentando contribuições individuais, porém mantendo os princípios preconizados por Vodder. Na década de 60, Foldi estudou as vias linfáticas da cabeça e suas relações com o líquor cerebroespinhal. Ele e sua equipe desenvolveram a terapia complexa descongestiva, associando cuidados higiênicos, o uso de bandagens compressivas e exercícios linfomiocinéticos à drenagem linfática manual, principalmente no tratamento clínico do linfedema. Em 1977, os professores Albert e Oliver Leduc adaptaram o método do professor Foldi e do doutor Vodder, demonstrando, por radioscopia, o efeito de aceleração do fluxo linfático mediante drenagem linfática manual. Em 1978, num Congresso Internacional da Associação para Drenagem Linfática Manual, na Áustria, comprovou-se a eficácia da drenagem linfática manual em pacientes pós- mastectomizadas. Atualmente, a técnica de drenagem linfática manual difundiu-se por todo o mundo e é utilizada em diversos serviços de saúde para o tratamento de muitas patologias. 8.2 CONCEITOS GERAIS A drenagem linfática manual é uma técnica de massagem altamente especializada, representada por um conjunto de manobras suaves, lentas e rítmicas muito específicas, que atuam basicamente sobre o sistema linfático superficial, visando drenar o excesso de líquido acumulado no interstício, nos tecidos e dentro dos vasos, através das anastomoses superficiais. Objetiva aumentar a atividade linfocinética dos canais linfáticos normais e a motricidade do linfangion além do relaxamento e/ou amolecimento do tecido conjuntivo alterado. Para ser efetiva, a drenagem linfática manual deve ser aplicada por profissional habilitado em linfoterapia, que conheça bem a anatomia, fisiologia e patologias linfáticas e que saiba aplicar com segurança todos os componentes da técnica. Ao executar a drenagem linfática manual é preponderante observar aspectos como o ritmo, a característica e a pressão das manobras, a harmonia dos movimentos e o sentido orgânico do fluxo linfático. Se corretamente executada, a drenagem pode estimular a abertura dos linfáticos iniciais e aumentar o volume do fluxo da linfa em até 20 vezes. 8.3 EFEITOS DA DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL Os efeitos da drenagem linfática estão baseados nos mecanismos fisiológicos de pressões existentes entre os tecidos e os vasos sanguíneos e linfáticos. Os sistemas neurovegetativo, imunológico e vascular sofrem influência direta dessa técnica. A drenagem linfática influencia diretamente: as respostas imunes – estimulando a produção e a renovação das células de defesa do organismo; a velocidade de filtração da linfa – a drenagem linfática induz o aumento do fluxo linfático e consequentemente proporciona o aumento da velocidade com que a linfa passa pelo linfonodo; filtração e absorção dos capilares sanguíneos – a pressão exercida pela massagem, sobretudo na fase de captação, atua também sobre o sistema circulatório sanguíneo; quantidade de linfa processada pelos gânglios linfáticos – em decorrência do aumento do fluxo linfático e do volume de linfa circulante, a quantidade de linfa processada pelos gânglios será maior; motricidade intestinal – as massagens abdominais realizadas no trajeto intestinal aumentam a motricidade das alças e as condições de absorção intestinal; sistema nervoso autônomo – a drenagem linfática exerce efeito vagotônico com ação sedante e analgésica sobre as estruturas tratadas, devido à ativação do sistema nervoso parassimpático; previne a formação de fibrose tecidual – por causa da remoção de proteínas do interstício; promove um retorno mais rápido da sensibilidade fina dos retalhos decolados em cirurgias. A drenagem linfática influencia indiretamente no(a): aumento da quantidade de líquido excretado – a drenagem linfática favorece o escoamento de líquidos congestionados nos tecidos; melhora da nutrição celular – a drenagem linfática aumenta a captação de oxigênio pelos tecidos, favorecendo a nutrição celular; melhora da oxigenação tecidual – a drenagem linfática reduz o edema, facilitando o aporte de sangue arterializado; desintoxicação dos tecidos intersticiais – a retirada de líquido intersticial acumulado favorece a troca e o aporte de substâncias importantes ao organismo, possibilitando a renovação do líquido intersticial nos tecidos que sofreram influência da drenagem linfática; eliminação de ácido lático da musculatura esquelética – a drenagem linfática manual acelera o fluxo linfático, colaborando com a excreção do ácido lático acumulado em músculos fatigados, diminuindo o tempo de dor; absorção dos nutrientes pelo trato digestivo – os alimentos ingeridos e processados sofrem o processo de reabsorção de gorduras através do sistema linfático. 8.4 INDICAÇÕES É indicada para: edemas e linfedemas – a drenagem linfática age ativando a circulação sanguínea propiciando a redução do linfedema e regeneração do sistema linfático. A depender do estágio da disfunção podem ser necessárias medidas auxiliares como o uso de enfaixamento compressivo e contenções elásticas; fibro edema geloide e lipoesclerose – a drenagem linfática auxilia a evacuação de líquidos proteicos e toxinas que tornam o tecido acometido pela patologia edemaciado e com aderências, normalizando o pH intersticial e favorecendo a nutrição e a oxigenação tissular; insuficiência venosa crônica – a incontinência valvular, com estase ou refluxo, leva a rede linfática a se revelar insuficiente para drenar o líquido intersticial excessivo. Juntamente com esse excesso de líquido intersticial, há uma aglomeração anormal de proteínas e um aumento do número de leucócitos. A drenagem linfática auxilia na redução do edema de forma eficaz e rápida, eliminando o excesso de líquido do meio tissular paraos vasos venosos e linfáticos; cefaleias e nevralgias – a cefaleia do tipo tensional é a mais frequente entre todos os tipos. Essa modalidade de cefaleia tem como mecanismo fisiopatogênico a seguinte sequência de eventos: uma problemática psicológica desencadeia uma contração muscular que aliada a vasoconstrição leva à produção de catabólicos algogênicos, dando a dor como resultado final. A drenagem linfática manual aumenta a circulação local, além de promover relaxamento e sedação geral, contribuindo para a redução da dor e do espasmo muscular; edemas gestacionais – durante o período gestacional ocorrem inúmeras modificações no organismo feminino para proporcionar ao feto o máximo de desenvolvimento e independência, o que põe à prova todo organismo da gestante, e que poderá levá-la a relatar inúmeras queixas. O edema de membros inferiores faz parte das queixas mais frequentes, e é acompanhado por vários ajustes secundários de outros sistemas. Seu surgimento está ligado à circulação linfática: seja diretamente, em consequência do aumento de aporte de líquido; ou indiretamente, em consequência de uma patologia linfática específica. A drenagem linfática manual é um recurso valioso para a prevenção e o tratamento dessa condição; síndrome pré-menstrual – a sintomatologia característica da síndrome da tensão pré-menstrual, como cefaleia, mastalgia, fadiga, dores nas pernas e desconforto pélvico, irritabilidade e ansiedade desse período, podem ser amenizadas pela drenagem linfática; tratamento pós-cirurgia plástica – na recuperação pós-cirúrgica, a técnica de drenagem linfática manual é empregada para drenar edemas, favorecer e acelerar a regeneração tecidual e aliviar quadros álgicos. Quanto mais precoce for o início da realização da drenagem linfática manual melhor e mais rápida a recuperação do paciente. A drenagem atua tanto na regressão do edema como na uniformização do tecido que está cicatrizando por baixo da pele, evitando ondulações e a formação de nódulos na região. A execução da massagem de drenagem no pós-operatório deve obedecer a alguns princípios: ser suave, para evitar possíveis lesões teciduais; evitar movimentos de deslizamento; seguir o trajeto das vias que não foram comprometidas pelo ato cirúrgico; elevação do segmento a ser drenado; ser realizada de modo que não promova um maior tensionamento na incisão cirúrgica, fixando-a com uma das mãos; tratamento coadjuvante de cicatriz hipertrófica e queloideana; enfermidades crônicas das vias aéreas como rinites, sinusites, faringites. 8.5 CONTRAINDICAÇÕES Existem contraindicações absolutas e relativas para a realização da drenagem linfática. Entre as contraindicações absolutas estão: tumores malignos não controlados – pelo risco de disseminação de metástases da patologia por via linfática; tuberculose – o bacilo desencadeador da tuberculose (bacilo de Koch) aloja-se nos gânglios linfáticos. Por conta da estimulação ganglionar, o bacilo pode voltar à atividade; processos infecciosos e inflamatórios agudos – a aceleração do fluxo linfático pode disseminar a infecção; edemas oriundos de insuficiências renais, hepáticas ou cardíacas não controlados – a sobrecarga de fluxo linfático originado pela drenagem linfática pode levar a congestão e falência das estruturas fragilizadas por patologia de base; insuficiência renal aguda – ao aumentar o aporte de líquido a ser filtrado pelo rim, a drenagem linfática pode causar um colapso do sistema renal; trombose venosa profunda, flebites e tromboflebites agudas – pelo risco de tromboembolismo; erisipela em fase aguda – a aceleração do fluxo linfático pode disseminar a infecção. Entre as contraindicações relativas estão: hipertireoidismo – a estimulação direta sobre a glândula pode alterar a secreção hormonal, portanto, a drenagem linfática deve ser realizada sem manipulação sobre a área da tireoide; insuficiência cardíaca – o aumento do fluxo cardíaco ocasionado pela drenagem linfática pode ocasionar aumento do trabalho cardíaco e colapso do sistema, portanto, a drenagem linfática só deve ser realizada em pacientes compensados metabolicamente e com autorização do médico cardiologista; menstruação abundante – a drenagem linfática tende a aumentar o fluxo menstrual, portanto, nesse período, convém evitar estimulação direta sobre a área abdominal; asma brônquica e bronquite – deve-se evitar estimular a região esternal para não potencializar as crises; hipotensão arterial – pacientes portadores de hipotensão arterial devem ser monitorados quanto à pressão, antes, durante e após os atendimentos de drenagem linfática; afecções da pele – não massagear diretamente as áreas acometidas; estados febris – a aceleração do fluxo linfático pode disseminar processos infecciosos. 8.6 COMPONENTES DA DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL Há regras na drenagem linfática manual que devem ser respeitadas para que seus efeitos positivos sejam obtidos. Pressão Na drenagem linfática manual procura-se atuar nos tecidos mais periféricos, por possuírem 70% dos capilares linfáticos existentes no corpo, forçando, por pressão, o líquido intersticial a tornar-se linfa que acabará impulsionando a linfa já existente no capilar linfático e nos vasos linfáticos mais profundos. Portanto, a pressão exercida deve ser suave o suficiente para alcançar os capilares linfáticos superficiais, sem atingir o tecido muscular, o que significa um valor aproximado de 40 mmHg. Como é difícil dimensionar esse valor, pode-se basear no aspecto da pele, que não deve apresentar hiperemia. A pressão deve ser bem menor do que a usada na massagem terapêutica tradicional. Direção A drenagem linfática manual deve sempre ser iniciada pelo segmento proximal, pelas manobras que facilitem a evacuação, feitas nos linfonodos regionais, e só então deve seguir para as manobras de reabsorção e captação. Realizadas ao longo das vias linfáticas e nas regiões de edemas, obtendo assim um esvaziamento prévio das vias pelas quais a linfa terá que fluir. Ritmo e frequência Os movimentos da massagem devem ser feitos de forma rítmica e lenta. A mão do terapeuta deve percorrer a área tratada lentamente com pressão suficiente para produzir os efeitos desejados sem causar lesão tecidual, num ritmo constante, sendo a direção do movimento centrípeta. O ritmo deve ser uniforme, regular e sempre adaptado ao tecido tratado. A cada movimento de bombeamento deve corresponder um intervalo de tempo de, no mínimo, um segundo. Repetição As manobras devem ser repetidas de quatro a seis vezes em cada local, havendo uma concentração maior de tempo, nos locais onde o edema for maior. Etapas Ao final de cada etapa (cinco manobras de movimentos circulares em cada local de uma região), procede-se à drenagem da linfa para o local de início da manobra, seguindo-se ao mesmo caminho inicial. Caminho A pressão exercida deve seguir sempre o sentido fisiológico da drenagem. O trajeto das manobras segue a anatomia do local, orientado pelas vias linfáticas que estabelecem continuidade entre si, sempre tendo em suas extremidades um grupamento ganglionar. Há a necessidade de se drenar um local mais proximal para se avançar a um local mais distal. A massagem deve iniciar- se pelas manobras que facilitem a evacuação, objetivando descongestionar as vias linfáticas, para isso, é de vital importância o conhecimento das vias de drenagem para o sucesso da terapia. Tempo A drenagem linfática é uma técnica lenta e que induz ao relaxamento, portanto, demanda certo tempo para ser aplicada. O tempo médio para drenagem de cada segmento é de cerca de 20 minutos; considerando-se variações como a presença de edema ou linfedema severo, condições nas quais pode ser necessário um tempo maior.
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