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Campo magnético no centro de uma bobina Introdução Investigar fenômenos que envolvam cargas em movimento, significam, em geral, lidar com campos magnéticos decorrentes do fluxo elétrico. Muitas vezes, os efeitos magnéticos são indesejáveis, como correntes induzidas parasitas, que sugam energia do circuito. No entanto, o campo gerado por um enovelado de fios (bobina) se revelou muito útil para diversos experimentos, e usos em circuitos elétricos. Um exemplo disso é o relé, que nada mais é que uma chave, que conecta dois fios, através da geração de um campo magnético. Nesse experimento em questão, analisaremos o módulo do campo indução magnética, denotado por �⃗� , gerado por uma bobina, ponto chave para dimensionarmos aplicações cotidianas desse equipamento. Para isso, contamos com o arcabouço matemático desenvolvido ao longo de décadas de eletromagnetismo clássico, por cientistas como Jean-Baptiste Biot, Félix Savart, André-Marie Ampère, entre outros. Essa análise será feita, também, com auxílio de dois equipamentos importantes: uma bobina, e uma balança de corrente. Dessa forma, o valor que nos realmente interessa é o valor do campo obtido através da medição da balança de corrente. Assim, a principal equação necessária para realização do experimento será a equação (1) que descreve o valor do campo gerado no interior de uma bobina. 𝐵 = 𝜇𝐼0𝑁 𝐿 ∙ cos 𝛼 𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 (1) − 𝐿𝑒𝑖 𝑑𝑒 𝐴𝑚𝑝è𝑟𝑒 Objetivos Com auxílio dos materiais do laboratório, iremos montar os circuitos necessários para realização do experimento, colher dados experimentais de forma tabular, para que, com ajuda de uma interface gráfica, possamos visualizar a relação das grandezas de forma gráfica. A partir de medidas físicas, constantes da natureza e informações obtidas do gráfico, almejamos encontrar de forma experimental, a magnitude de um campo magnético conhecido, gerado por uma bobina de 850 voltas, e compará- lo com: 1) O valor calculado através da modelagem matemática do fenômeno, dado pela equação (1), e 2) o valor obtido através de um sensor, capaz de medir o valor do campo magnético em uma região, denominado teslâmetro. Materiais 01 Bobina de seção reta circular com 850 voltas (𝑁 = 850) 02 Fontes de corrente contínua regulável (que opere na faixa de aplicação desejada) 01 Balança de corrente 01 Peso padronizado (foi utilizado um objeto com massa de aproximadamente 𝑚 = 0,62 ± 0,05 gramas) 01 laser tipo caneta Amperímetros e fios para conexões Métodos Utilizando os materiais disponibilizados pelo laboratório de física experimental da UFMG, primeiro, faremos a montagem do circuito gerador do campo que iremos medir, portanto, montaremos o circuito composto pela bobina de comprimento 𝐿 = 16,6 ± 0,1 centímetros e 𝑟 = 3,50 ± 0,05 centímetros (figura 1). Figura (1) Como explicitado na equação (1), o campo gerado por uma bobina é uma função de suas características geométricas de montagem (como comprimento 𝐿, raio 𝑟 e número de voltas 𝑁) e da corrente que a percorre. Podemos reescrever (1) como (2): 𝐵 = 𝜇0𝐼0𝑁 2√( 𝐿 2 ) 2 + 𝑟2 𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 (2) Dessa forma, ao fazermos circular uma corrente de valor 𝐼0 = 1,32𝐴 através da bobina, obtemos um campo teórico no valor de 7,85 𝑚𝑇. Para medir o campo no centro geométrico da bobina, introduziremos a balança de corrente ao longo do seu eixo, da forma mostrada na figura (2). Figura (2) Como indicado na figura (2), as dimensões físicas importantes da balança de corrente a serem consideradas são: a) 𝑎 (𝑏𝑟𝑎ç𝑜 𝑜𝑢 𝑑𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑎𝑜 𝑒𝑖𝑥𝑜) = 11,2 ± 0,1 𝑐𝑚 b) 𝑙 (𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝑓𝑖𝑜 𝑠𝑜𝑏 𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 𝑐𝑎𝑚𝑝𝑜) = 6,25 ± 0,05 𝑐𝑚 As demais grandezas (𝑥 𝑒 𝑖) serão variadas e montaremos uma tabela com esses valores, a fim de utilizarmos o software SciDAVis para análise gráfica. O funcionamento da balança de corrente é bastante simples. Ao introduzirmos a espira retangular de lados 𝑎 e 𝑙 no seu interior, esta estará imersa em um meio com campo indução magnética �⃗� . Para um fio qualquer de comprimento 𝑙 percorrido por uma corrente 𝑖 sob ação de um campo magnético 𝐵, atuará uma força dada por (3): 𝐹 = 𝑖𝑙 × 𝐵 𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 (3) Atente-se ao produto vetorial entre 𝑙 e 𝐵 (𝑙 é um vetor tangente ao fio, no sentido da corrente elétrica, com módulo igual ao comprimento do fio). Assim, uma vez que a espira forma diferentes ângulos com o campo �⃗� , devemos calcular o produto vetorial ao longo de cada face do comprimento da espira. Como 𝑎 ∥ 𝐵 em ambos os lados da espira, sabemos que não há força magnética ao longo dessa face da espira, uma vez que o produto vetorial entre dois vetores paralelos é nulo. Então, o módulo da força resume-se em: 𝐹 = 𝐼𝑙𝐵 𝑓𝑜𝑟ç𝑎 𝑎𝑡𝑢𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑠𝑜𝑏𝑟𝑒 𝑎 𝑏𝑎𝑙𝑎𝑛ç𝑎 Essa força atua na direção vertical, apontando para baixo (dada pela regra da mão direita). Como a espira está fixada a um eixo, e sob ação de forças verticais pode girar livremente em torno do mesmo, a ação de uma força magnética produz um toque na espira, de módulo dado por (5): 𝜏 = |𝑟 × 𝐹| = 𝑎𝑖𝑙𝐵 𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 (4) Assim, um torque contrário é inserido do outro lado da balança, de modo a contrabalancear o torque magnético, reequilibrando a mesma. Isso é feito ao introduzir uma massa 𝑚 a uma distância 𝑥 do eixo, produzindo um torque contrário de valor 𝜏 = 𝑚𝑔𝑥. Portanto, numa situação de equilíbrio, chegamos a seguinte equação: 10𝑎𝑖𝑙𝑏 = 𝑚𝑔𝑥 𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 (5) O membro esquerdo da equação (5) difere de (4) por um fator 10, uma vez que, a espira da balança, é composta por 10 fios, cada um percorrido por uma corrente 𝑖, estando submetida a 10 vezes a força calculada em (4). Com a relação dada por (5) em mãos, realizamos o experimento, anotamos pares (𝑑𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 − 𝑥, 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑒𝑞𝑢𝑖𝑙í𝑏𝑟𝑖𝑜 𝑖), e montamos a tabela (1) com esses pares. Tabela (1) construída com dados experimentais a partir do equilíbrio da balança de corrente Distância (metros) Corrente (ampères) 0,01 0,3 0,02 0,45 0,03 0,65 0,04 0,79 0,05 0,93 0,06 1,08 0,07 1,27 0,08 1,44 0,09 1,61 0,10 1,74 Resultados Com a ajuda do software SciDAVis, o gráfico da curva (5), que relaciona as variáveis 𝑖 𝑒 𝑥, é fornecido (figura 3). Figura (3) { 𝐼 = 𝑚𝑔 10𝑎𝐵𝑙 ∙ 𝑥 𝑌 = 𝐴 ∙ 𝑥 + 𝐶 (6) 𝑓𝑢𝑛çã𝑜 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑝𝑜𝑙𝑎𝑑𝑎 A similaridade entre as duas equações acima nos permite explicitar e calcular, experimentalmente, o valor do campo magnético, para valores já conhecidos, e constante tabeladas (𝑔 = 9,78 ± 0,05 𝑚/𝑠2). 𝐴 = 𝑚𝑔 10𝑎𝐵𝑙 . : 𝐵 = 𝑚𝑔 10𝑎𝐴𝑙 (7) 𝐵 = 5,4 𝑚𝑇 Para encontrarmos a incerteza do campo experimental, tendo em vista que muitas grandezas utilizadas para encontrar o valor dele apresentam imprecisão (como medidas feitas a mão, com instrumentos de baixa precisão), utilizaremos a fórmula da incerteza padrão combinada, dada por: 𝑢𝑐 2(𝑦) = ∑( 𝜕𝑓 𝜕𝑥𝑖 ) 2 ∙ 𝑢2(𝑥𝑖) 𝑛 𝑖=1 𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 (8) Aplicada ao campo indução magnética �⃗� , chegamos a: Δ𝐵2 = ( 𝑔 10𝑎𝐴𝑙 ) 2 ∙ Δ𝑚2 + ( 𝑚 10𝑎𝐴𝑙 ) 2 ∙ Δ𝑔2 + (− 𝑚𝑔 10𝑎2𝐴𝑙 ) 2 ∙ Δ𝑎2 + (− 𝑚𝑔 10𝑎𝐴2𝑙 ) 2 ∙ Δ𝐴2 + (− 𝑚𝑔 10𝑎𝐴𝑙2 ) 2 ∙ Δ𝑙2 . : Δ𝐵 = 0,4 𝑚𝑇 Conclusão Portanto, com todo ferramental físico- matemático desenvolvido até esse exato momento, fomos capazes de calcular a magnitude do campo gerado no interior de uma bobina. 𝐵 = (5,4 ± 0,4)𝑚𝑇 Em contrapartida, a medição feita pelo teslâmetro informou 6,35 𝑚𝑇. E por sua vez, o campo teórico calculado sugeria 7,85 𝑚𝑇. Vemos que o experimento obteve sucesso no que diz respeito a ordemde grandeza do campo magnético gerado, mas com baixa precisão numérica (destoa cerca de 15% em relação à medida do teslâmetro, e 32% em relação ao campo teórico). Atribuímos a incompatibilidade numérica dos dados à alta sensibilidade do equipamento, que precisa estar equilibrado na mesma posição inicial, para que possamos coletar novos pares (𝑥, 𝑖), mas no entanto, quando variamos o 𝑥 e tentarmos equilibrar com a corrente, os braços da balança entram em movimento harmônico simples, e demoram a reestabelecer total equilíbrio, tornando custoso o processo de obtenção de dados. Aliado a esse fator, acrescentamos também possíveis erros de posicionamento, tanto da balança, quando do teslâmetro, que podem ter interferido no valor total calculado.
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