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Resenha - CORONELISMO, ENXADA E VOTO

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SOCIEDADE DE ENSINO SUPERIOR DE SERRA TALHADA – SESST 
FACULDADE DE INTEGRAÇÃO DO SERTÃO – FIS 
CURSO BACHARELADO EM DIREITO 
 
 
GIOVANNA BRENDA LIMA ALVES 
 
 
 
CORONELISMO, ENXADA E VOTO DE VICTOR NUNES LEAL: 
uma breve reflexão sobre a força do município no Brasil 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SERRA TALHADA 
2019 
GIOVANNA BRENDA LIMA ALVES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CORONELISMO, ENXADA E VOTO DE VICTOR NUNES LEAL: 
uma breve reflexão sobre a força do município no Brasil 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SERRA TALHADA 
2019 
Trabalho entregue ao professor do curso de 
Bacharelado em Direito, Bruno Celso 
Sabino Leite, referente à matéria de 
Metodologia da Pesquisa. 
CORONELISMO, ENXADA E VOTO DE VICTOR NUNES LEAL: 
uma breve reflexão sobre a força do município no Brasil 
 
Giovanna Brenda Lima Alves* 
 
LEAL, Victor Nunes. Coronelismo, Enxada e Voto. O município e o regime representativo 
no Brasil. 7. ed. São Paulo: Cia das letras, 2012. E-book. 
 
 Apresentada originalmente como tese em 1948, para exercer o posto docente de Política 
na Universidade do Brasil - posteriormente a UFRJ, O município e o regime representativo no 
Brasil: contribuição ao estudo do coronelismo, mais tarde em 1949 foi publicada sob o título 
Coronelismo, enxada e voto, logo foi convertido em estudo de referência, que segundo os 
nomes Jacques Lambert, Thomas Skidmore e Nelson Werneck Sodré foi chamado de 
“clássico”. O texto não se refere ao chamado mandonismo rural e os males do latifúndio, mas 
em uma rigorosa análise sistemática da política brasileira seguidos por Victor Nunes Leal. 
Autor que, tornou-se bacharel em Direito e doutor em Ciências Sociais, na Universidade do 
Brasil; pela mesma universidade foi professor de política; assumiu a presidência do Instituto de 
Ciências Sociais; também possui formação como jornalista, que foi redator do O Jornal, do 
Diário da Noite e do Diário de Notícias nos anos de 1933 a 1938; além de se destacar em 
atividades no campo jurídico e político, que exerceu cargos públicos de chefe da casa civil da 
Presidência da República; consultor geral da República; ministro do Supremo Tribunal Federal, 
(STF); foi membro do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB - Ordem dos Advogados do 
Brasil; e representou o Brasil, no Chile, em 1959, na IV Reunião do Conselho Interamericano 
de Jurisconsultos.1 
 O livro do jurista, tem como entendimento uma análise profunda e detalhada acerca da 
realidade brasileira no século XIX, mais precisamente desde a colônia até a Constituição de 
1946. Contra o consenso acadêmico, Leal comprova que o poder municipal foi pouco a pouco 
se fortalecendo ao longo dos anos, e de maneira conjunta consolidaram situações que 
extinguiria o poder dos chefes municipais, como a abolição da escravidão, transformações na 
estrutura familiar e o declínio do modelo agrário-exportador, na qual é visto no próprio título 
da obra. Destarte, o sistema “coronelista” institui como suporte: as lideranças políticas, bem 
 
1 Referência da biografia de Victor Nunes Leal. Disponível em: <http://ivnl.com.br/biografia/> 
* Discente do 3º período curso de Bacharelado em Direito da Faculdade de Integração do Sertão – FIS, em Serra 
Talhada. 2019. E-mail: allves.brennda@hotmail.com 
mailto:allves.brennda@hotmail.com
como os acordos entre “coronéis”; a concentração da estrutura agrária; e o surgimento do voto 
do cabresto proveniente da deficiência autonomia municipal; suportes esses, os quais deram 
origem ao título coronelismo, enxada e voto, respectivamente. 
Em outras palavras, o aumento do poder municipal e a descentralização, culminaram o 
enfraquecimento do sistema “coronelista”. 
 Pois bem, Coronelismo, enxada e voto está dividido em sete capítulos: (1) Indicações 
sobre a estrutura e o processo do “coronelismo”; (2) Atribuições municipais; (3) Eletividade da 
administração municipal; (4) Receita municipal; (5) Organização policial e judiciária; (6) 
Legislação eleitoral, sendo o (7) Considerações finais. 
 Em primeiro momento, Nunes Leal apresenta para seus leitores, com o intuito de 
proporcionar uma melhor compreensão, a definição do fenômeno “coronelismo”, como 
 
resultado da superposição de formas do regime representativo a uma estrutura 
econômica e social inadequada. Não é, pois, mera sobrevivência do poder 
privado, cuja hipertrofia constituiu fenômeno típico de nossa história colonial. 
É antes uma forma peculiar de manifestação do poder privado, ou seja, uma 
adaptação em virtude da qual os resíduos do nosso antigo e exorbitante poder 
privado têm conseguido coexistir com um regime político de extensa base 
representativa. (p.23) 
 
 Ainda no primeiro capítulo, o leitor é levado a tentar entender paulatinamente toda a 
estrutura que compõe o sistema político da época comandada e controlada pelos “coronéis”. 
De modo que é revelado o conceito da política do “coronelismo” como uma troca de favores 
entre o poder público e o poder privado de forma inadequada; a figura do “coronel” como um 
elemento importante, eleito pelo voto de cabresto2; além do fator que determina a liderança 
municipal e ainda garante a existência do “coronelismo”, as chamadas grandes propriedades de 
terra. No mesmo percurso, procura examinar a sociedade rural por inteiro, no qual apresenta a 
composição das classes sociais, as distribuições das propriedades, as condições de vida e 
financeiras, além de mencionar a relação do elemento rural com o sistema “coronelista”. 
 A partir da segunda parte do trabalho, Nunes Leal descreve com fidelidade a vida 
política brasileira e aborda de forma progressiva as transformações e as modificações ocorridas 
durante o intervalo de tempo desde o Brasil colônia até a redemocratização de 1946, com 
enfoque a evolução do nosso sistema eleitoral. 
 Perante ao exposto, no segundo capítulo de maneira geral, o autor discorre acerca da 
organização política no que concerne as suas funções de natureza locais. E que por sua vez, 
 
2 Uma forma de voto forçada a que os dependentes do senhor se submetem. 
mostra aos leitores, a finalidade das câmaras municipais e como eram constituídas, além das 
consequências do fortalecimento do poder, nos tempos coloniais. Na fase imperial, expõe as 
modificações da organização municipal dada lei de 18283, que serviram como medidas 
centralizadoras juntamente com o Ato Adicional4, e que posteriormente na República Velha, 
auxiliaram na autonomia municipal. 
 O terceiro capítulo, por sua vez, é apresentada as modificações em relação ao processo 
eleitoral nas eleições municipais, bem como os requisitos da qualificação e as condições de 
elegibilidade, em dado período exposto. Além da criação e a importância do executivo, 
juntamente com a figura central da vida do munícipio, o prefeito, afim de gerar organização. 
 O capítulo posterior, trata-se da fonte de renda que advém da arrecadação estatal de 
tributos. Nele, Leal aborda as finanças e a escassez das rendas municipais, e os sistemas de 
discriminações de rendas, que continha diversas inovações afim de corrigir erros relacionados 
a tributação municipal. Além de citar soluções propostas por Prado Kelly, pela Bancada de São 
Paulo e por Juarez e Fernandes Távora, que são operadas nos regimes posteriores, no qual os 
atos da economia de certa forma contribuíram gradativamente para melhorias atributivas, além 
da utilização de bens e serviços em benefícios de ordem rural. 
 Adiante, no quinto capítulo foi abordado as transformações e inovações na estrutura de 
organização hierárquica tanto na área judicial como na área policial das referidas épocas, além 
dos motivos e consequências que levaram a tais mudanças. 
 Leal em seu penúltimo capitulo, ressalta com ênfase e de forma cronológica, as 
profundas transformações das eleições municipais, assim como o sistema político do país. 
Retrata as reformas sucessivas que contribuíram para as alteraçõesnecessárias da legislação 
eleitoral brasileira, o que destaca as mais importantes leis eleitorais desde a proclamação da 
independência. 
 Por fim, no sétimo capitulo, o autor exibe as perspectivas e consequências do sistema 
“coronelista” e retoma de maneira breve e simples, a discussão teórica do primeiro. 
 Sem desvios, o conjunto daqueles capítulos se apresenta na tentativa de analisar e 
compreender com o máximo de objetividade a essência, as características e consequências do 
“coronelismo”, “(...) para quem procure conhecer a vida política do interior do Brasil” (p. 23). 
Assim, Nunes Leal afirmaria que: 
 
 
3 Lei de organização das câmaras municipais. 
4 Conjunto de alterações inseridas na Constituição de 1824. 
Não podemos negar que o “coronelismo” corresponde a uma quadra da 
evolução política do nosso povo, que deixa muito a desejar. Tivéssemos maior 
dose de espírito público e as coisas certamente se passariam de outra forma. 
Por isso, todas as medidas de moralização da vida pública nacional são 
indiscutivelmente úteis e merecem o aplauso de quantos anseiam pela 
elevação do nível político do Brasil. Mas não tenhamos demasiadas ilusões. 
A pobreza do povo, especialmente da população rural, e, em consequência, o 
seu atraso cívico e intelectual constituirão sério obstáculo às intenções mais 
nobres. (p. 126) 
 
 Face ao exposto, é insubstituível a leitura da obra de Victor Leal, Coronelismo, Enxada 
e Voto, trata-se de um livro clássico que desperta a curiosidade do leitor, sendo assim destinada 
a pessoas com uma índole voltada para área histórica e/ou judicial. Tem um mérito de ser feita 
com muitos critérios, o autor não só analisou a problemática da questão do “coronelismo”, mas 
ele trouxe dados e estatísticas da década de 40. Leal faz uma análise muito rica e complexa, 
sem restringir o fenômeno, aborda assim, a questão das eleições e analisa essa dinâmica; o 
surgimento do federalismo; como se dava essa computação diante da ausência de autonomia 
dos municípios; e sobretudo o aspecto social da miséria e a pobreza vigorante naquele período. 
 No decorrer da obra, é evidente as frequentes tentativas de modificações e adaptações 
da legislação eleitoral brasileira. Apesar disso, engana-se quem alega tal questão política como 
antiquada. Segundo Leal, 
 
a morte aparente dos “coronéis” no Estado Novo não se deve, pois, aos 
prefeitos nomeados, mas à abolição do regime representativo em nossa terra. 
Convocai o povo para as urnas, como sucedeu em 1945, e o “coronelismo” 
ressurgirá das próprias cinzas, porque a seiva que o alimenta é a estrutura 
agrária do país. (p.74) 
 
Entende-se, então, que para o autor, o “coronelismo” apenas se aprimorou com o passar 
dos anos, uma vez que os reflexos do passado estão presentes até hoje. 
Hodiernamente, é notório tanto a corrupção e a debilidade dos partidos relatados em 
Coronelismo, Enxada e Voto. 
Apesar das melhorias registradas na legislação eleitoral brasileira, ainda é encontrado 
no país problemas como a compra de votos na forma de troca por produtos, dinheiro, cestas 
básicas, o que pode ser considerado um voto de cabresto “moderno”; além de voto dirigido e a 
corrupção. Não obstante, a precariedade econômica social por exemplo, justifica a causa de 
alguns problemas, e também é vista nos dias de hoje. 
 
Há, é certo, muitos fazendeiros abastados e prósperos, mas o comum, nos dias 
de hoje, é o fazendeiro apenas “remediado”: gente que tem propriedades e 
negócios, mas não possui disponibilidades financeiras; que tem o gado sob 
penhor ou a terra hipotecada; que regateia taxas e impostos, pleiteando 
condescendência fiscal; que corteja os bancos e demais credores, para poder 
prosseguir em suas atividades lucrativas. (p. 24) 
 
Para isso, é necessário que instituições juntamente a população se esforcem para que o 
eleitor possa votar com responsabilidade e sem remorso, com efeito eleições cada vez mais 
livres. 
Observa-se também, no atual Brasil industrializado, que a visão de uma grande parte da 
população, pendura a imagem de riqueza do Estado, mesmo que a realidade esteja coberta de 
dívidas. 
 
O roceiro vê sempre no “coronel” um homem rico, ainda que não o seja; rico, 
em comparação com sua pobreza sem remédio. Além do mais, no meio rural, 
é o proprietário de terra ou de gado quem tem meios de obter financiamentos. 
Para isso muito concorre seu prestígio político, pelas notórias ligações dos 
nossos bancos. É, pois, para o próprio “coronel” que o roceiro apela nos 
momentos de apertura (...) completamente analfabeto, ou quase, sem 
assistência médica, não lendo jornais, nem revistas, nas quais se limita a ver 
as figuras, o trabalhador rural, a não ser em casos esporádicos, tem o patrão 
na conta de benfeitor. E é dele, na verdade, que recebe os únicos favores que 
sua obscura existência conhece. Em sua situação, seria ilusório pretender que 
esse novo pária tivesse consciência do seu direito à uma vida melhor e lutasse 
por ele com independência cívica. (p. 24) 
 
Leal assim, finaliza seu trabalho, afirmando: 
 
Com esta singela contribuição ao estudo do “coronelismo”, não tivemos o 
propósito de apresentar soluções; apenas nos esforçamos para compreender 
uma pequena parte dos nossos males. Outros, mais capacitados, que 
empreendam a tarefa de indicar o remédio. (p. 126)

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