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Vict�ria Kar�line Libório Card�so Sepse - Clínica Introdução Sepse é uma síndrome clínica heterogênea, com uma resposta imune à infecção que gera efeitos nocivos. ● “Síndrome de anormalidade patológica e bioquímica induzida por infecção”. Definição: disfunção orgânica sistêmica por resposta imune exagerada à uma inflamação, potencialmente fatal, cuja morbimortalidade permanece alta mesmo com novos tratamentos. ● O maior desafio é o reconhecimento precoce. Disfunção orgânica: variação de 2 pontos no score SOFA. Sepse X Infecção qualquer: ● Na sepse a resposta do paciente é aberrante/desregulada, com disfunção orgânica. Antiga definição de sepse: síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS) e/ou infecção. ● Quando a sepse complicava com alguma disfunção orgânica era uma “sepse grave”, que poderia progredir para “choque séptico”, definido como hipotensão induzida por sepse refratária à adequada reposição volêmica. ● HOJE NÃO EXISTE MAIS O TERMO “SEPSE GRAVE” - toda sepse é grave. SIRS: Critério SOFA: Critério qSOFA: como o SOFA é um score que depende de exames laboratoriais, pode haver retardo do diagnóstico. Assim, foi criado o quick SOFA (qSofa), usado na beira do leito para identificar pacientes com suspeita de infecção que estão sob maior risco - o resultado varia de 0 a 3 e quando menor que 2 indica risco de morte. Vict�ria Kar�line Libório Card�so Choque séptico É uma sepse que não melhora mesmo após reposição volêmica, por disfunção orgânica exagerada. O choque séptico costuma ser em pacientes com infecções que atingiram órgãos vitais, principalmente quando internados em UTI e com comorbidades que entram no critério QSOFA. Nesses casos, os pacientes têm grande risco de vida, pois, mesmo com reposição volêmica, a pressão arterial sistólica se mantém abaixo de 65 mmHg e/ou o lactato permanece acima de 2 mmol/L, sendo necessário o uso de vasopressina. Obs: o lactato é um grande marcador de gravidade, pois está relacionado com dano celular, ou seja, a alta de lactato indica hipóxia. Resumindo o choque séptico: ● Anormalidade circulatória - hipotensão arterial. ● Anormalidade metabólica - hiperlactemia. ● Hipotensão refratária - vasopressores para PAM > 65 mmHg. ● Lactato sérico > 2, a despeito de adequada ressuscitação volêmica. Hipovolemia: é uma das primeiras consequências graves do choque séptico, resultado de muitos processos como a desidratação provocada por vômitos e diarreia, aumentando de forma generalizada a permeabilidade vascular e a capacitância venosa. Fisiopatologia da sepse 1. Disfunção endotelial - recrutamento de leucócitos de forma exagerada, causando instabilidade vascular e extravasamento de líquido para o terceiro espaço. 2. Liberação de enzimas reativas que contribuem para a disfunção do endotélio e de múltiplos órgãos. 3. Ativação da cascata de coagulação de maneira desordenada, por conta da expressão do fator tecidual e inibição de fibrinólise, o que leva a produção de microtrombos, gerando oclusões na microvasculatura. 4. Dilatação dos vasos pelas citocinas, reduzindo o fluxo sanguíneo. 5. Por fim, tem-se dano vascular quando a hipóxia continua e, por conta da “ativação” do metabolismo anaeróbico, há a produção de lactato. Manifestações clínicas Vict�ria Kar�line Libório Card�so Sinais e sintomas: ● Diminuição da perfusão, causada por falhas na microcirculação. ● Diminuição da pressão arterial e da frequência cardíaca, principalmente em pacientes cardiopatas. ● Edema intersticial e alveolar nos pulmões. ● Síndrome da angústia respiratória. ● Injúria pré-renal pela hipovolemia, causando oligúria e aumento das excretas nitrogenadas. ● Diminuição da motilidade e alterações da microbiota que podem levar a distúrbios na nutrição e na translocação bacteriana. ● Hiperbilirrubinemia nos fígados. ● Rebaixamento do nível de consciência, encefalopatia e neuropatia periférica. ● Aumento do nível de coagulação e formação de microtrombos. Exames e alterações laboratoriais A chave é a procura de marcadores de danos causados tipicamente pela sepse durante a instauração do quadro. Exames: ● Gasometria arterial - avaliação do nível de oxigenação. ● Lactato arterial (objetivo do resultado em 30 min) - marcador de hipóxia. ○ Se o valor do lactato estiver 2X o valor de referência, deve-se repetir 2 a 4 horas após o início da ressuscitação volêmica. ● Creatinina - avaliação de dano renal. ● Bilirrubina - avaliação de dano hepático. ● Coagulograma - avaliação do nível de coagulação pela contagem de plaquetas. ● Hemograma completo. ● 2 hemoculturas de sítios distintos e culturas de todos os outros sítios pertinentes (aspirado traqueal, líquor e urocultura), antes da administração do antimicrobiano. Outras avaliações: ● Avaliação cardíaca: PAM. ● Avaliação do SNC: Glasgow. Tratamento Pacote da 1° hora: ● Medir o lactato sérico, caso esteja acima de 2 mmol/l deve-se medir novamente. ○ Lactato maior ou igual a 4mmol/L: iniciar rápida reposição volêmica com cristalóide (30ml/Kg). Obs: se houver hipotensão arterial também se realiza reposição volêmica. ● Obter culturas antes da administração de antibióticos. Vict�ria Kar�line Libório Card�so ● Iniciar rapidamente antibióticos de amplo espectro, via endovenosa, em dose de ataque (dose máxima) nas primeiras 24h e depois com ajuste de dose, caso necessário. ○ Preferir infusão estendida de antibióticos beta lactâmicos, como piperacilina-tazobactam e meropenem, com exceção da primeira dose, que deve ser adm em bolus. ○ Se houver suspeita de infecção por agentes multidrogas resistentes, utilizar terapia combinada com 2 ou 3 drogas de diferentes classes. ○ Após o patógeno ser identificado, deve-se restringir o espectro antimicrobiano para a sensibilidade conhecida. ● Iniciar vasopressores caso o paciente permaneça hipotenso durante ou após a reposição volêmica, observando para que a PAM fique > 65 mmHg. Pacientes mais graves com as seguintes características: ● PAS < 90mmHg e PAM < 65 mmHg. ● Queda na PAS em 40 mmHg, em relação à pressão habitual. ● Níveis de lactato aumentado 2X em relação ao valor de referência - hiperlactemia inicial. ● Sinais de hipoperfusão: oligúria, tempo de enchimento capilar diminuído e alterações no nível de consciência. ● Tratamento desses pacientes: iniciar imediata infusão de cristalóides com 30 ml/kg. ○ Cardiopatas: pode ser necessário diminuir a velocidade de infusão. ○ Pacientes com a PAM < 65� utilizar vasopressores (droga de 1° escolha = noradrenalina) após a infusão de volume inicial. ○ Após 2-4h do início da ressuscitação volêmica, deve-se repetir a avaliação de lactato arterial. Pacientes com choque séptico, hiperlactemia ou sinais clínicos de hipoperfusão tecidual: deve-se fazer uma reavaliação do status volêmico e da perfusão tecidual. ● Mensurar os valores de pressão e saturação venosa central. ● Verificar se há variação de pressão de pulso. ● Realizar elevação passiva de MMII. ● Reavaliar a PA e o tempo de enchimento capilar após utilização dos fluidos. ● Avaliar se há presença de livedo (rendilhado tecidual). Vict�ria Kar�line Libório Card�so ● Avaliar se houve melhora do nível de consciência ou presença de diurese após o tratamento inicial. Obs: Caso o paciente continue com hipoperfusão e hemoglobina < 7 mg/dl, deve-se realizar uma transfusão.
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