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Vict�ria K. L. Card�so Sepse ne�natal Introdução Características gerais: ● Os RN são mais vulneráveis devido ao seu sistema imune imaturo. ● Há 50% de mortalidade em casos sem identificação e tratamento adequado. Classificações da sepse neonatal: ● Sepse neonatal precoce: início NA 1º semana de vida, especialmente nas primeiras 24-72h. ○ Está associada a patógenos adquiridos da mãe, via placentária, via ascendente do colo uterino, adquirida de infecção urinária materna ou durante a passagem no canal vaginal. ○ Organismos mais associados: estreptococos do grupo B (EGB, S. agalactiae) e Escherichia coli. ■ Obs: gestantes no último trimestre devem fazer sorologia para estreptococos do grupo B, justamente para tentar impedir a infecção do neonato com esse patógeno. ● Sepse neonatal tardia: ocorre APÓS a 1º semana de vida, estando muito associada à infecção hospitalar, mas também pode ser adquirida na comunidade. ○ Organismos mais associados: ■ Microorganismos gram + → S. aureus, S. coagulase negativo e Enterococcus. ■ Microorganismos gram - → Enterobacter, Serratia e Pseudomonas aeruginosa. Obs: quando se for dar o diagnóstico (PROVA) é necessário especificar, exemplo “sepse neonatal precoce”. Fatores de risco: ● Fatores intrauterinos: ○ Desnutrição materna e fetal. ○ Febre materna. ○ Ruptura prematura de membranas amnióticas (principalmente por mais de 18h). ○ Ausência ou pré-natal incompleto. ○ Mãe com membranas íntegras, com cerclagem ou amniocentese. ○ Mãe portadora de EGB sem profilaxia intraparto ou profilaxia incompleta. ○ Corioamnionite. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ○ Taquicardia fetal (> 160 bpm). ○ Infecção urinária materna. ● Fatores intrapartos: ○ Parto prolongado. ○ Líquido amniótico fétido. ● Fatores neonatais: ○ Índice de apgar baixo → não por sinal isolado e sim como aviso. ○ Prematuridade, principalmente se muito baixo peso ou extremo baixo peso. ○ Líquido amniótico meconial. ○ Mãe colonizada com EGB não tratada intraparto. ○ RN que teve necessidade de reanimação. Quadro clínico Manifestações clínicas: trata-se de um quadro variável. ● Instabilidade térmica. ● Estase gástrica. ● Taquipnéia ou apnéia. ● Hipoatividade. ● Vômitos. ● Queda da saturação, hipotensão, má perfusão e hipotonia. ● Sepse neonatal tardia → abaulamento da fontanela e convulsões (muito comum = meningite). Critérios para o diagnóstico clínico de sepse neonatal precoce: ● Pelo menos um dos seguintes sinais e sintomas sem outra causa reconhecida: ○ Instabilidade térmica. ○ Apneia. ○ Bradicardia ou taquicardia. ○ Intolerância alimentar. ○ Piora do desconforto respiratório. ○ Intolerância à glicose. ○ Instabilidade hemodinâmica. ○ Hipoatividade/Letargia. ● E TODOS os seguintes critérios: ○ Hemograma com 3 ou mais parâmetros alterados (escore hematológico de Rodwel) e PCR quantitativa seriada elevada. ○ Hemocultura não realizada ou negativa. ○ Ausência de evidência de infecção em outro sítio. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ○ Terapia antimicrobiana instituída e mantida pelo médico assistente. Obs: em dúvida se é um quadro séptico, o protocolo deve ser seguido como se fosse, pois caso após a terapêutica inicial o RN melhorar e se confirmar que não se tratava de sepse, apenas se descontinua as ações voltadas para sepse. Entretanto, caso realmente seja, não se pode perder tempo sem tratar. Exames complementares e diagnóstico Exames complementares: ● Hemograma: deve-se coletar de 6 a 12h após o parto. ○ Relação de neutrófilos imaturos/neutrófilos totais: > 0,2 é indicativo de sepse → valor elevado → é um dos sinais de Rodwel. ■ Para RN a termo. ○ Obs: 50% dos casos de sepse tem hemograma com leucócitos normais. ● Proteína C reativa: > 10mg/dL → 90% de sensibilidade para detecção de sepse neonatal (mas, não é específica). ● Radiografia de tórax: se solicita na presença de sintomas respiratórios. ● Urinocultura: não se indica de rotina em RN < 6 dias de vida. ○ Caso indicada, se realiza por cateter vesical ou com punção suprapúbica. ● Procalcitonina: (precursor do peptídeo da calcitonina) é liberado em resposta a toxinas bacterianas → ou seja, detecta infecções bacterianas. ○ Pode ser até melhor que a proteína C. ● Hemocultura: é o exame mais importante para o diagnóstico de sepse neonatal (padrão ouro). ○ Volume ideal: 2mL. ○ Sensibilidade para detectar a bacteremia neonatal: 90%. ● Punção lombar: não se indica em todos os casos → sempre se avaliar levando em consideração o resultado dos outros exames também. ○ Indicação: ■ RN com hemocultura positiva. ■ Piora do quadro clínico mesmo em tratamento antimicrobiano. ○ Lembrando: a meningite é a afecção mais comum na sepse neonatal tardia. ○ Avaliação da punção lombar em RN assintomático, a termo e com fatores de risco: a avaliação deve ser junto com a punção, a @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so hemocultura, o hemograma e a proteína C reativa. ● Reação em cadeia de polimerase (PCR): sensível e específico para o diagnóstico de doenças bacterianas, têm resultado em pouco tempo. Escore hematológico de Rodwell: utiliza o hemograma para precisar o diagnóstico de sepse neonatal, mas não deve ser usado isoladamente → escore ≥ 3 pontos têm sensibilidade de 96% e especificidade de 78% para sepse. ● Leucocitose ou leucopenia → qualquer 1 dos dois = 1 ponto. ○ Leucocitose ≥ 25.000 ao nascimento; ≥ 30.000 entre 12-24h ou maior que 21.000 ≥ 48h. OU ○ Leucopenia ≤ 5.000. ● Neutrofilia ou neutropenia → 1 ponto. ● Elevação de neutrófilos imaturos → 1 ponto. ● Índice neutrofílico aumentado → 1 ponto. ● Razão dos neutrófilos imaturos sobre segmentados ≥ 0,3 → 1 ponto. ● Alterações degenerativas nos neutrófilos: vacuolização e granulação tóxica → 1 ponto. ● Plaquetopenia /< 150.000/mm° → 1 ponto. Diagnóstico: ● Único método que confirma o diagnóstico de sepse neonatal: isolamento do microorganismo na hemocultura. ○ Porém, devido a demora do resultado, a avaliação clínica e de outros exames laboratoriais é essencial para que o tratamento empírico seja iniciado. ● Na prática: o diagnóstico presuntivo de sepse já é suficiente para iniciar a terapia empírica antimicrobiana, devido ao alto risco. ○ Importante para o diagnóstico presuntivo: fatores de risco (intrauterino, intraparto e neonatal), manifestações clínicas e exames laboratoriais. Diagnósticos diferenciais: ● Infecções virais → citomegalovírus, herpes simples, influenza e vírus sincicial respiratório. ○ É importante realizar as sorologias e o painel viral para o RN. ○ Pode haver concomitância de sepse + quadro viral. ● Sífilis. ● Toxoplasmose congênita. ● Infecções fúngicas. ● Outras infecções bacterianas → ITU, osteomielite, artrite séptica… @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so Tratamento e manejo Tratamento inicial para todos os casos: ● Suporte clínico. ● Monitoramento dos sinais vitais. ● Se choque séptico: ○ Realizar expansão volêmica com solução cristalóide, de preferência soro fisiológico 0,9% na dose de 10 a 20mL/kg, em 30 minutos. ○ Repetir a expansão se diurese insuficiente ou se PAM < 30 mmHg. ○ Administrar drogas vasoativas (dopamina, dobutamina e adrenalina) no caso de refratariedade à reposição volêmica. Sepse neonatal precoce: ● Base do tratamento: foco nos patógenos mais frequentes (EGB e E. coli). ● Antibióticos mais usados: ampicilina e gentamicina → o tempo de tratamento é variável. ○ Não se utiliza aminoglicosídeos em prematuros → nesse caso se faz ampicilina e cefepime. ■ Aminoglicosídeos são ototóxicos (risco de surdez) e têm maior ação renal. ○ Pacientes sem foco de infecção: + 10 dias. ○ Sepse atribuída ao EGB: até 14 dias. Sepse neonatal tardia: ● Base do tratamento: foco nos microrganismos associados a infecções hospitalares (incluindo S. aureus, S. epidermidis e Pseudomonas). ● Antibióticos mais usados: vancomicina e cefalosporinas de amplo espectro (cefotaxima ou cefepima). ○ Nesse caso, o mesmo tratamento é usado em RN prematuro e a termo. Profilaxia intrapartoadequada para estreptococo do grupo B: ● Finalidade: prevenção de colonização e infecção precoce por estreptococo do grupo B no RN. ● Como fazer: administrar na gestante penicilina G cristalina, ampicilina ou cefazolina endovenosa por ≥ 4h, durante o trabalho de parto. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so Manejo do risco de infecção em RN com > 35 semanas: @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so Manejo do risco de infecção em RN com < 34 semanas: Manejo clínico do RN com suspeita de sepse precoce: @p�sitivamed
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