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FBDG - AULA 02 - IED/RICARDO MAURÍCIO FREIRE SOARES

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1. Características da IED – Introdução ao estudo do direito: 
 
a) Propedêutica – apresenta caráter introdutório, utilizando termos, como a 
lei, por exemplo, que serão contemplados em diversos ramos do direito. 
Assemelha-se, portanto, à importância de dominar matemática básica para 
a resolução de problemas mais complexos como equações; 
b) Enciclopédica – apresenta caráter interdisciplinar, englobando conteúdos 
de diversas áreas do conhecimento (Filosofia, Antropologia, Sociologia, 
História, etc...); 
c) Zetética – apresenta um caráter voltado para a valorização da capacidade 
de interpretação de normas, ou seja, vincula-se à defesa de princípios em 
contextos específicos, levando em consideração os aspectos humanos e 
sociais; 
d) Epistemológica – associada ao estudo do conhecimento no âmbito jurídico 
– análise da relação entre direito e ciência; 
 
OBS: Zetética x Dogmática 
Zetética Dogmática 
 Valoriza a interpretação 
(norma-princípio); 
 Leva em consideração os 
aspectos humanos e sociais; 
 Vincula-se à subjetividade e a 
uma visão mais justa; 
 O uso excessivo pode 
desencadear no abuso 
incontrolável da subjetividade 
e na sobreposição acentuada 
do poder judiciário; 
 Impositiva e inquestionável 
(norma-regra); 
 Associada à generalização; 
 Respeito fiel às leis; 
 Pode vincular-se a injustiças; 
 Não leva em consideração 
aspectos humanos e sociais; 
 Ex: A aplicação do direito 
alemão durante o regime 
nazista; 
 
2) Teoria da norma jurídica 
 
2.1 – Sociedade: conceito e tipologias 
 Sociedade: agrupamento de indivíduos que apresenta uma organização 
bem definida (divisão de trabalho, relações de poder, repartição de 
funções, etc...); 
 Podem ser classificadas em humanas e não humanas (ou sub-humanas). 
Vale salientar que o direito aplica-se somente nas sociedades humanas; 
 
2.2 – Determinismo x Liberdade 
 Determinismo: corrente de pensamento baseada na concepção de que 
as questões biológicas interferem significativamente nos 
comportamentos individuais. Durante alguns momentos da história 
(como nos meados do século XIX), essa concepção foi utilizada de forma 
errônea ao associar-se aos seres humanos. Teóricos como Lombroso, por 
exemplo, utilizou dessa vertente para sintetizar a ideia do “criminoso 
nato”; 
 É importante salientar que os seres humanos são essencialmente livres 
(“somos escravos da nossa própria liberdade”) – nossos 
comportamentos não são determinados exclusivamente por fatores 
biológicos. Daí a necessidade de fixar normas de conduta em prol da 
convivência pacífica. Não há sociedade humana sem direito pois caso 
isso ocorresse estaríamos voltando à condição de barbaridade (“a luta de 
todos contra todos”); 
 Para Ortega y Gesset, o homem é um “centauro ontológico”, ou seja, 
metade cavalo (parte determinista) e metade homem (parte associada à 
liberdade – racionalismo e absorção das normas); 
 
2.3 – Controle social e mundo normativo 
 Controle social – sistema de modelagem comportamental através do 
qual somos introduzidos a normas socialmente aceitas; 
 O controle social compreende as instituições (espaços de convivência 
social – Família, Igreja, Escola, Estado...) e as normas (regras que 
estabelecem formas de conduta e sanções caso não forem devidamente 
cumpridas); 
 A família é tida como a instituição social, para sociólogos como Émile 
Durkheim, como a mais importante pois contribui para o processo de 
socialização primária do indivíduo, auxiliando-o no desenvolvimento de 
suas habilidades e visão de mundo; 
 Segundo Aristóteles, o homem é um animal político, ou seja, um ser 
social, necessitando da interação com outros indivíduos; 
 
2.4 – Normas sociais e a lógica do dever-ser 
 As normas sociais e a lógica do dever-ser surgem a partir do mundo real 
e de suas necessidades, ocorrendo a discussão de sua aplicabilidade; 
 Em várias ocasiões, a realidade contribui para que o dever-ser soe como 
uma utopia; 
 O desafio, portanto, é tornar essa relação harmônica e válida; 
 
2.5 – Normas técnicas x normas éticas 
 Normas técnicas – são normais sociais que regulam o comportamento 
humano dado aos fins em detrimento dos meios – são neutras e 
independem de um conteúdo específico, apresentando um caráter geral 
ou universal. Não carregam, portanto, um caráter valorativo. Exemplo: 
Normas técnicas presentes em curso de direção e as normas da ABNT; 
 Normas éticas – são normais sociais que levam em consideração valores 
humanos e sociais, tais como a ética, a disciplina, erigindo o respeito à 
dignidade humana e à justiça – os fins não justificam os meios; 
 Um trabalho cumprindo as regras da ABNT mas xingando a família de um 
professor é perfeitamente técnico porém não é ético; 
 
2.6 – Tipos de normas éticas: Etiqueta, moral e jurídica 
 
 
 
ETIQUETA OU CORTESIA 
 São normais que regulam aspectos éticos 
de menor relevância envolvidos nos tratos 
com as pessoas e as coisas (bom dia, boa 
tarde, até logo, licença); 
 O descumprimento vincula-se à 
descortesia, apresentando sanções 
difusas, sendo espontâneas e plurais; 
 
 
 
MORAIS 
 São normais que regulam aspectos éticos 
de maior relevância; 
 Exemplo: o cumprimento dos 10 
mandamentos – “não matar...”; 
 O descumprimento vincula-se à 
imoralidade, apresentando sanções 
difusas; 
 Embora essas sanções difusas vinculadas 
às imoralidades sejam mais rígidas 
comparadas às descortesias, ainda 
permanecem plurais, espontâneas e não 
são pré-determinadas; 
 
 
 
 
 
JURÍDICAS 
 São normas que integram o mínimo-ético 
necessário para uma convivência estável; 
 São aquelas determinadas pelo código 
jurídico; 
 O direito é fundamental para o 
estabelecimento de uma sociedade; 
 O descumprimento vincula-se à ilicitude, 
apresentando sanções jurídicas pré-
determinadas; 
 Por exemplo, em caso de furto, o 
delinquente poderá pagar com a privação 
da liberdade e/ou ressarcimento do dano; 
 Essas sanções cabem exclusivamente ao 
Estado e não devemos realizar justiça com 
as próprias mãos; 
OBS: Em algumas ocasiões como “não matar” pode ocorrer uma interseção 
entre normas jurídicas e morais. 
 
 Diferentemente das normas técnicas, as normas éticas variam no tempo e no 
espaço, espelhando assim a diversidade histórico-cultural das sociedades 
humanas; 
 As normas sociais regulam ao mesmo tempo os comportamentos humanos, 
podendo, nesse sentido, convergir ou divergir em matéria da disciplina da 
conduta humana; 
 A relação do direito com a moral é bastante próxima, embora não haja uma 
necessária coincidência; 
 O direito encontra-se na última fronteira do controle social, garantindo o 
chamado mínimo ético-social; 
 A maioria dos comportamentos humanos são lícitos e apenas uma minoria de 
comportamentos encontra-se numa zona de ilicitude (tudo o que não está 
juridicamente proibido, está juridicamente permitido); 
 Embora caiba ao Estado a aplicação das sanções jurídicas das sociedades 
orientais, o ordenamento jurídico excepcionalmente atribui a particulares a 
prorrogativa de impor estas sanções; 
 
Art 25 do Código Penal Brasileiro: Entende-se em legítima defesa quem, visando 
moderadamente dos meios necessários, repele injustamente agressão, atual ou 
iminente, o direito seu ou de outrem

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