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1. Características da IED – Introdução ao estudo do direito: a) Propedêutica – apresenta caráter introdutório, utilizando termos, como a lei, por exemplo, que serão contemplados em diversos ramos do direito. Assemelha-se, portanto, à importância de dominar matemática básica para a resolução de problemas mais complexos como equações; b) Enciclopédica – apresenta caráter interdisciplinar, englobando conteúdos de diversas áreas do conhecimento (Filosofia, Antropologia, Sociologia, História, etc...); c) Zetética – apresenta um caráter voltado para a valorização da capacidade de interpretação de normas, ou seja, vincula-se à defesa de princípios em contextos específicos, levando em consideração os aspectos humanos e sociais; d) Epistemológica – associada ao estudo do conhecimento no âmbito jurídico – análise da relação entre direito e ciência; OBS: Zetética x Dogmática Zetética Dogmática Valoriza a interpretação (norma-princípio); Leva em consideração os aspectos humanos e sociais; Vincula-se à subjetividade e a uma visão mais justa; O uso excessivo pode desencadear no abuso incontrolável da subjetividade e na sobreposição acentuada do poder judiciário; Impositiva e inquestionável (norma-regra); Associada à generalização; Respeito fiel às leis; Pode vincular-se a injustiças; Não leva em consideração aspectos humanos e sociais; Ex: A aplicação do direito alemão durante o regime nazista; 2) Teoria da norma jurídica 2.1 – Sociedade: conceito e tipologias Sociedade: agrupamento de indivíduos que apresenta uma organização bem definida (divisão de trabalho, relações de poder, repartição de funções, etc...); Podem ser classificadas em humanas e não humanas (ou sub-humanas). Vale salientar que o direito aplica-se somente nas sociedades humanas; 2.2 – Determinismo x Liberdade Determinismo: corrente de pensamento baseada na concepção de que as questões biológicas interferem significativamente nos comportamentos individuais. Durante alguns momentos da história (como nos meados do século XIX), essa concepção foi utilizada de forma errônea ao associar-se aos seres humanos. Teóricos como Lombroso, por exemplo, utilizou dessa vertente para sintetizar a ideia do “criminoso nato”; É importante salientar que os seres humanos são essencialmente livres (“somos escravos da nossa própria liberdade”) – nossos comportamentos não são determinados exclusivamente por fatores biológicos. Daí a necessidade de fixar normas de conduta em prol da convivência pacífica. Não há sociedade humana sem direito pois caso isso ocorresse estaríamos voltando à condição de barbaridade (“a luta de todos contra todos”); Para Ortega y Gesset, o homem é um “centauro ontológico”, ou seja, metade cavalo (parte determinista) e metade homem (parte associada à liberdade – racionalismo e absorção das normas); 2.3 – Controle social e mundo normativo Controle social – sistema de modelagem comportamental através do qual somos introduzidos a normas socialmente aceitas; O controle social compreende as instituições (espaços de convivência social – Família, Igreja, Escola, Estado...) e as normas (regras que estabelecem formas de conduta e sanções caso não forem devidamente cumpridas); A família é tida como a instituição social, para sociólogos como Émile Durkheim, como a mais importante pois contribui para o processo de socialização primária do indivíduo, auxiliando-o no desenvolvimento de suas habilidades e visão de mundo; Segundo Aristóteles, o homem é um animal político, ou seja, um ser social, necessitando da interação com outros indivíduos; 2.4 – Normas sociais e a lógica do dever-ser As normas sociais e a lógica do dever-ser surgem a partir do mundo real e de suas necessidades, ocorrendo a discussão de sua aplicabilidade; Em várias ocasiões, a realidade contribui para que o dever-ser soe como uma utopia; O desafio, portanto, é tornar essa relação harmônica e válida; 2.5 – Normas técnicas x normas éticas Normas técnicas – são normais sociais que regulam o comportamento humano dado aos fins em detrimento dos meios – são neutras e independem de um conteúdo específico, apresentando um caráter geral ou universal. Não carregam, portanto, um caráter valorativo. Exemplo: Normas técnicas presentes em curso de direção e as normas da ABNT; Normas éticas – são normais sociais que levam em consideração valores humanos e sociais, tais como a ética, a disciplina, erigindo o respeito à dignidade humana e à justiça – os fins não justificam os meios; Um trabalho cumprindo as regras da ABNT mas xingando a família de um professor é perfeitamente técnico porém não é ético; 2.6 – Tipos de normas éticas: Etiqueta, moral e jurídica ETIQUETA OU CORTESIA São normais que regulam aspectos éticos de menor relevância envolvidos nos tratos com as pessoas e as coisas (bom dia, boa tarde, até logo, licença); O descumprimento vincula-se à descortesia, apresentando sanções difusas, sendo espontâneas e plurais; MORAIS São normais que regulam aspectos éticos de maior relevância; Exemplo: o cumprimento dos 10 mandamentos – “não matar...”; O descumprimento vincula-se à imoralidade, apresentando sanções difusas; Embora essas sanções difusas vinculadas às imoralidades sejam mais rígidas comparadas às descortesias, ainda permanecem plurais, espontâneas e não são pré-determinadas; JURÍDICAS São normas que integram o mínimo-ético necessário para uma convivência estável; São aquelas determinadas pelo código jurídico; O direito é fundamental para o estabelecimento de uma sociedade; O descumprimento vincula-se à ilicitude, apresentando sanções jurídicas pré- determinadas; Por exemplo, em caso de furto, o delinquente poderá pagar com a privação da liberdade e/ou ressarcimento do dano; Essas sanções cabem exclusivamente ao Estado e não devemos realizar justiça com as próprias mãos; OBS: Em algumas ocasiões como “não matar” pode ocorrer uma interseção entre normas jurídicas e morais. Diferentemente das normas técnicas, as normas éticas variam no tempo e no espaço, espelhando assim a diversidade histórico-cultural das sociedades humanas; As normas sociais regulam ao mesmo tempo os comportamentos humanos, podendo, nesse sentido, convergir ou divergir em matéria da disciplina da conduta humana; A relação do direito com a moral é bastante próxima, embora não haja uma necessária coincidência; O direito encontra-se na última fronteira do controle social, garantindo o chamado mínimo ético-social; A maioria dos comportamentos humanos são lícitos e apenas uma minoria de comportamentos encontra-se numa zona de ilicitude (tudo o que não está juridicamente proibido, está juridicamente permitido); Embora caiba ao Estado a aplicação das sanções jurídicas das sociedades orientais, o ordenamento jurídico excepcionalmente atribui a particulares a prorrogativa de impor estas sanções; Art 25 do Código Penal Brasileiro: Entende-se em legítima defesa quem, visando moderadamente dos meios necessários, repele injustamente agressão, atual ou iminente, o direito seu ou de outrem
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