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A VOZ DO PASTOR EVANGÉLICO

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CEFAC 
CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA 
CLÍNICA 
VOZ 
 
 
 
 
 
 
 
A VOZ DO PASTOR EVANGÉLICO 
Um estudo comparativo 
 
 
 
 
 
Monografia de conclusão do Curso 
de Especialização em Voz 
Orientadora: Mirian Goldenberg 
 
 
 
 
 
 
BEATRIZ MARIANO DE LIMA 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO 
2001 
 
 
 
RESUMO 
 
 
Este estudo teve como objetivo levantar o comportamento vocal 
do pastor evangélico através: de um breve histórico das religiões evangélicas, 
de suas origens, do abuso vocal e mau uso da voz. Também pretendeu-se 
analisar a transferência do uso da voz falada projetada para a cantada, a 
importância do uso da oratória e homilética e da contribuição da atuação do 
fonoaudiólogo na saúde vocal do pastor. 
Buscou-se comparar o uso da voz de pastores de diferentes 
religiões evangélicas, bem como suas queixas através de análise de um 
questionário. 
O pastor, no passado, usava a voz para pregar as verdades 
bíblicas ao ar livre (no campo) ou tendas, onde era preciso uma maior projeção 
vocal tanto para o sermão (pregação) como para conduzir o canto religioso 
com os fiéis, resultando o mau uso da voz. 
Hoje, mesmo com a existência do microfone, ele também usa a 
voz com o mesmo objetivo do passado, utilizando ao máximo a voz, elevando a 
intensidade e a altura tonal com gritos ou até mesmo choros, em algumas 
Igrejas, enfatizando o estado emocional de seus fiéis. 
Como resultado de tal abuso vocal surge o estresse e as 
patologias laríngeas sendo importante o papel do otorrinolaringologista e do 
fonoaudiólogo na saúde vocal do pastor. 
Com este estudo, pretende-se contribuir para o atendimento 
fonoaudiológico, em uma abordagem direcionada para as necessidades do uso 
da voz do pastor, não somente no tratamento, como também na prevenção 
através de orientação vocal. 
 
ABSTRACT 
 
 
This study had as the aim to relate the evangelic preacher’s vocal 
behavior through: a brief report of evangelic.religions, their origins, the vocal 
abuse, and the bad use of the voice. It also intendend to analyse the 
transference of the use of the spoken voice projected to the sung one. The 
importance of the use of the Oratory and homiletics, and of the contribuition of 
the phonoaudiologist’s action in the preacher’s vocal health. 
Besides, through this study, it was searched for comparing the use 
of the preacher’s voices of different evangelic religions as well as, their 
complaints through the analysis of a quizz. 
In the past, the preacher used the voice to preach the biblical 
thruths outdoor (in the field) or in tents, where it was needed a great vocal 
projection as to the sermon – preaching – as to conduct the religious song with 
the believers, resulting in the bad use of the voice. 
Nowadays, even with the existence of the microphone, he also 
uses the voice with the same objective of the past, using his voice as much as 
he can, raising the intensity and the tonal height with clamors or even crying; in 
some churches, emphasizing the emotional feeling of their believers. 
As the result of such vocal abuse, the stress and the laryngeal 
pathologies appear being important the otorrinolaringologist and the 
phonoaudiologist’s role in the preacher’s vocal health. 
Through this study, the intention is to contribute to the phonologic 
assistance in a directional approach to the need of the use of the preacher’s 
voice, not only in the treatment, but also in the prevention, through the vocal 
orientation. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico a Mirian Goldenberg, minha 
orientadora e mestra e a Silvia M. 
Rebelo Pinho, minha mestra. 
AGRADECIMENTOS 
 
 
A Deus pela inteligência e oportunidade. 
Aos pastores: Reverendo José Mário Gonçalves, Reverendo 
Flávio Eduardo Heringer e Reverendo Gustavo Adolfo Mariano de Lima que me 
orientaram na pesquisa da literatura teológica. 
Aos pastores que permitiram ser entrevistados e analisadas as 
suas vozes. 
A minha irmã Ana Cristina M.L.S. de Magalhães na digitação 
desta monografia. 
Ao meu pai Cacildo de Lima pela revisão do texto apresentado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 “Ouve-se a voz do Senhor sobre as 
águas; troveja o Deus da glória; o 
Senhor está sobre as muitas águas. 
A voz do Senhor é poderosa; a voz do 
Senhor é cheia da majestade. 
A voz do Senhor quebra os cedros; sim, 
o Senhor despedaça os cedros do 
Líbano.” 
Salmos 29:3-5 
 
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO .................................................................................... 10 
 
BREVE HISTÓRICO DAS RELIGIÕES PROTESTANTES, 
EVANGÉLICAS NO BRASIL E NO MUNDO ....................................... 14 
 
MAU USO DA VOZ E TRANSFERÊNCIA DA VOZ FALADA 
PROJETADA PARA A VOZ CANTADA ............................................... 18 
 
A IMPORTÂNCIA DA ORATÓDIA E HOMILÉTICA PARA 
O PASTOR EVANGÉLICO .................................................................. 25 
 
ATUAÇÃO DO FONOAUDIÓLOGO E DO 
OTORRINOLARINGOLOGISTA NA SAÚDE DO PASTOR 
EVANGÉLICO ...................................................................................... 34 
 
PESQUISA PRÁTICA .......................................................................... 37 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................. 43 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................... 47 
 
ANEXO .................................................................................................49 
 10 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
 A voz é um dom do Criador, Deus. 
 É através da voz que demonstramos doçura, amor à lei, a defesa, 
o bem estar com a vida, a tristeza, o entusiasmo, a alegria, a paz e tudo o que 
há no interior do ser humano. 
 No adulto a voz expressa a personalidade, mais que as palavras 
que ele fala, como se fala é o que interessa. As emoções dão cor à voz. 
 É comum, no Brasil, a intensa atuação do Pastor Evangélico em 
todas as classes sociais. Sua função é cativar e conduzir as pessoas a crerem 
e seguirem, as verdades bíblicas, baseadas na fé em Jesus Cristo, Filho de 
Deus. Para que isto seja alcançado, muitos deles usam a voz como meio de 
persuasão, com gritos, com o objetivo de expulsar demônios ou curas físicas 
das pessoas e outros usam para enfatizar as verdades que são ministradas ou 
no cantar os cânticos espirituais, durante os cultos, que fazem parte da liturgia, 
que é a ordem do culto a Deus. 
 Além da voz, usam a emoção para converterem as pessoas, à fé 
que eles têm e ministram, pregam. 
 Tem crescido muito a influência deste profissional na sociedade 
brasileira, aumentando consideravelmente o número de religiões evangélicas, 
protestantes, existentes neste País. 
A presente pesquisa tem como objetivo verificar o 
comportamento vocal dos pastores, ou seja, a maneira como eles usam a voz, 
 11 
partindo de um breve histórico da origem das religiões protestantes, tentando 
expor as atribuições deste profissional como profissional da voz. 
É com grande interesse que escolhi este estudo, tenho observado 
como o pastor evangélico tem usado a sua voz, com esforço, em diferentes 
Igrejas, durante os sermões e quando cantam, aumentando a incidência 
daqueles que apresentam queixas, pois ao terminarem as ministrações se 
sentem cansados de falar, ou se queixam que estão sem voz, ou estão com a 
garganta seca e ardendo. 
 Dentro desta atribuição profissional, ele não somente ministra nos 
cultos como: no ensino, como conselheiro espiritual e administrador da Igreja 
ou seja governa eclesiasticamente. Percebe-se que a voz está ativa em todas 
as atribuições. 
 Frente ao mau uso da voz, ou seja, o abuso vocal ou esforço 
vocal, que promovem conseqüências anatomofuncionais ou patológicas, que 
partem deles, tendo dificultado o exercício desta profissão com eficácia, será 
importante que o(a) fonoaudiólogo(a) atuecom o uso da homilética (técnica da 
pregação) e da oratória, com suas características próprias, direcionadas para o 
pastor evangélico. Será de grande importância a atuação do 
otorrinolaringologista no aparelho fonador, objetivando a prevenção e o 
tratamento das patologias da voz, disfonias, que são consequências da falta do 
conhecimento, por parte do pastor, minimizando os danos vocais. Já para os 
reitores de seminários ou faculdades teológicas, será de informação para que 
se conscientizem que os pastores são profissionais da voz e que precisam 
estar informados quanto ao funcionamento do aparelho fonador, usando a voz 
de forma a prevenir as patologias ou distúrbios que possam causá-la. 
 12 
 Será importante que o pastor saiba da necessidade de cuidar da 
saúde vocal, para que ele possa exercer a profissão sem desconforto na voz, 
usando a técnica apropriada para o momento do discurso (pregação) e do 
canto, usando-a com maior duração, usando o microfone independente da 
acústica do local e sendo também para aqueles que ainda forem estudantes de 
teologia a pretendentes a entrarem nesta carreira profissional, já podendo usar 
desde o início tais técnicas. 
 Este estudo constará de discussão teórica com um breve histórico 
das religiões evangélicas no mundo e no Brasil, quanto ao mau uso da voz e a 
transferência da voz falada projetada para a voz cantada, quanto a importância 
da oratória e homilética para o pastor, quanto o perfil do culto evangélico 
Presbiteriano e a importância do fonoaudiólogo e otorrinolaringologista na 
saúde de tal profissional da voz em estudo. Por fim, será relatado um estudo 
comparativo das vozes de quatro pastores evangélicos, sendo três da Igreja 
Presbiteriana do Brasil e um da Igreja Comunidade Sara a Nossa Terra, na 
cidade de Vitória e no Estado do Espírito Santo, com a aplicação de 
questionário e entrevista e análise perceptiva e auditiva das vozes, através de 
gravação para medir as proporções que representam a normalidade vocal ou 
indicam presença ou não de patologia laríngea. 
 É de grande necessidade, na voz projetada, a ação do suporte 
respiratório juntamente com tipo de respiração abdominal, pois é na respiração 
que se apoia a produção da voz, principalmente para a projeção. 
 Por mais que o pastor queira usar a sua voz com todo o potencial 
que ela tem, ele deve se lembrar que deve se usar a voz com moderação, pois 
 13 
como Salomão dizia “palavras agradáveis são como favo de mel, doces para a 
alma e medicina para o corpo”. (Provérbios 16:24). 
 
 14 
BREVE HISTÓRICO DAS RELIGIÕES 
PROTESTANTES, 
EVANGÉLICAS, NO MUNDO E NO BRASIL 
 
 
A reforma religiosa despertou grande atenção no período de 1453 
a 1648, donde surgiram as religiões protestantes, evangélicas, iniciada na 
Alemanha e espalhando-se por todo o norte da Europa, que resultaram em 
Igrejas nacionais, que não obedeciam e nem eram fiéis à Roma. A filosofia 
escolástica , unida à filosofia grega, deu lugar à teologia bíblica protestante. Os 
sacramentos e as obras deram terreno para a justificação pela fé somente. A 
Bíblia tornou-se a norma. A autoridade da Igreja Romana foi substituída pela 
autoridade da Bíblia, de livre leitura a qualquer um. O crente seria agora o 
próprio sacerdote e o mentor de sua vida religiosa, em comunhão com Deus, 
depois de aceitar Seu Filho como seu salvador pela fé. 
Nesta época começou surgir na Europa o espírito nacionalista 
mais como um movimento popular do que de reis. A chama deste movimento 
foi com o ex-monge e professor da Universidade de Wittemberg Martinho 
Lutero, em 31 de outubro de 1517. 
Houve divisão de vários alemães em ramos reformados e 
romanos. Os príncipes meridionais foram dirigidos pela Áustria e aderiram a 
Roma e os do norte se tornaram seguidores de Lutero. Desde então ficaram 
conhecidos como protestantes e as doutrinas que defendiam também ficaram 
reconhecidas como religião protestante. 
 
 15 
Martinho Lutero desenvolveu um sistema de Governo eclesiástico, 
com a existência do pastor como líder espiritual, sem invalidar a condição 
espiritual do crente como sacerdote de si mesmo. A Reforma deu ênfase à 
religião pessoal, espiritual diferente da religião formalista. 
As Igrejas Nacionais assumiram diferentes formas como: 
Episcopal, na Inglaterra; Presbiteriana, na Escócia e na Suíça. Foi passando o 
tempo e surgiram outros movimentos com o nome de puritanos em 1654, que 
era um grupo radical na Inglaterra, sendo uma parte da Igreja Presbiteriana e 
outro grupo independente ou Congregacionais. De tal movimento surgiram as 
Igrejas Presbiterianas, Congregacionais e Batistas, na Inglaterra. Em 1739, 
João Wesley deu um testemunho do Espírito Santo como conhecimento 
pessoal interior e seus seguidores foram chamados de Metodistas. 
Com a expansão da Reforma, outros reformadores europeus 
seguiram para a América do Norte onde construíram o 1º Templo Luterano em 
1638. Sucessivamente surgiram as Igrejas Presbiterianas, Metodistas, Batistas 
e outras. No início do século XIX surgiu a Igreja Assembléia de Deus, na 
América do Norte, com muitas reuniões de oração e avivamentos espirituais, 
sendo um movimento Pentecostal, devido a doutrina ter como base os dons 
espirituais e o batismo do Espírito Santo. Como resultado, a religião se 
expandiu por toda a América do Norte e Europa. Este movimento enfatizava 
também o falar em outras línguas segundo inspiração Divina, como sinal do 
batismo do Espírito Santo. 
No Brasil, deu-se início no século XVIII, com a imigração 
européia, decorrente da expansão norte americana. Os ramos da Igreja 
Protestante são chamados de denominações protestantes, que são as 
 16 
evangélicas como: Anglicanas, que são as Episcopais e Metodistas, Luteranas, 
que são ligadas a Alemanha e Estados Unidos, Reformadoras, que são as 
Presbiterianas e Congregacionais, Reformados Europeus, Batistas, Menonitas, 
Adventistas e Pentecostais, que são as Igrejas Assembléias de Deus, 
Evangelho Quadrangular e outras. 
As primeiras igrejas a entrarem no Brasil foram: 1º) 
Congregacionais (1855), 2º) Presbiterianas (1857), Metodistas (1876) e Batistas 
(1881). 
Na década de 1970, houve o aumento do fluxo destas 
denominações estrangeiras para o Brasil, surgindo: Igreja do Nazareno, 
Presbiteriana Unida, Maranata, Reformada Batista Brasileira, Batista da 
Revelação e outras. 
As Pentecostais tiveram origem com pastores e elementos das 
Igrejas originais, com o governo eclesiástico, não Pentecostais. 
Quanto à formação acadêmica dos pastores, no Brasil, no século 
XX, foram criadas escolas como: Escola Pequena de Teologia, voltada para o 
ministério pastoral, o Instituto de Educação Cristã, voltado para o ministério 
catequético e o Instituto Pastoral, voltado para a prática pastoral e comunitária. 
Todos estes cursos formavam pastores e profissionais da arte de falar 
eclesiasticamente. Hoje existem Seminários Teológicos e Faculdades de 
Teologia, que são independentes, específicos para cada denominação ou ramo 
de Igrejas Evangélicas. 
O pastor é o sacerdote protestante, guardião ou mentor espiritual 
(segundo o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa). Sua atribuição 
principal é governar eclesiasticamente, a Igreja. Como pregador da Bíblia, usa 
 17 
de meios para convencer seus ouvintes de seus pecados e levá-los ao 
arrependimento, para aceitação da salvação da alma após a morte, através de 
um ambiente emocional com choros, desmaios, ataques histéricos etc, que são 
características daqueles que são do ramo das Igrejas Pentecostais. 
Nas Igrejas Tradicionais Reformadas, o pastor usa da razão, sem 
relevância quanto ao estado emocional, como meio de persuasão, levando os 
ouvintes a ter fé baseada no conhecimento da Bíblia. 
Existe uso do canto congregacional, da Igreja, que é quando ele 
canta antes ou depois dos sermões, se extendendo, por vezes, ao apelo, queé 
um convite, aos ouvintes a seguirem o que foi ministrado. Todos os atos do 
culto são realizados, na maioria, com intensidade da voz forte, mesmo com o 
uso de microfone, com poucas pausas para respirar durante a fala, gerando o 
esforço vocal, devido ao mau uso da voz. 
 18 
MAU USO DA VOZ E TRANSFERÊNCIA DA 
 VOZ FALADA PROJETADA PARA A VOZ CANTADA 
 
 
Existem grandes variações na emissão vocal, apresentando em 
uma mesma pessoa de vários aspectos como: a voz como instrumento, na 
expressividade da voz nas circunstâncias e na intenção. 
A voz como instrumento pode ser cantada, falada, gritada, alta, 
baixa, etc... 
Na expressividade da voz demonstra-se o estado emocional da 
pessoa, Le Huche & . Allali (1999). 
A voz utilizada nas circunstâncias e o papel que a pessoa 
desempenha, é outra forma que se realiza a produção vocal, como a voz do 
pastor. A intenção que ele tem e o tipo de ação que ele realiza permite ter o 
comportamento vocal como a voz projetada ou direcionada, nas pregações. 
A voz projetada, segundo Le Huche & Allali (1999), é aquela em 
que a pessoa age sobre a outra, pois o pastor a utiliza nas pregações, na 
Igreja. Ele se apresenta não somente falando, pregando um sermão, mas 
cantando hinos ou cânticos espirituais, afirma Spurgeon (século XIX). Este 
comportamento é precedido da intenção de atuar sobre a Igreja, se orientando 
durante a pregação com o olhar, com o objetivo de convencer o outro do que 
está sendo pregado e de captar as reações da Igreja. 
O desconhecimento do aparelho fonador e suas funções e 
limitações, por parte do pastor, tem desencadeado o mau uso da voz e 
consequentemente o abuso vocal. 
 19 
Tal abuso é definido como ataque vocal brusco, levando o contato 
excessivo e intenso dos processos vocais, com posição elevada da laringe, 
resultando em um trauma mecânico nas pregas vocais, pois é uma região com 
muito tecido rígido e pouco frouxo, a mucosa se torna danificada (machucada) 
e entre as duas pregas vocais, levando ao sofrimento do epitélio. A repetição 
deste processo causa a ulceração na região, que são as úlceras de contato, ou 
seja o contato excessivo nas duas cartilagens aritenóides posteriores e 
aproximando bruscamente uma contra outra (Boone e Plante, 1994). 
Se este traumatismo for devido a inflamação local, como rinites ou 
refluxo gastroesofágico, a cicatrização pode formar um granuloma de contato, 
que é uma bolsa granulada (Boone e Plante, 1994) localizada no processo 
vocal da cartilagem aritenóidea ou parede lateral da glote posterior, contendo 
capilares proliferados com fibroblastos, fibras colágenas e leucócitos, podendo 
ser uni ou bilaterais (Colton e Casper, 1996). A voz do pastor pode não 
apresentar alteração até mostrar sinais de fadiga precoce, soporosidade e 
rouquidão 
A tosse e o pigarro excessivo são sintomas bem como a dor ao 
deglutir à fonação. A tosse é um reflexo que consiste em uma explosão de ar 
em pressão elevada para expulsar qualquer objeto estranho, que passar pela 
laringe. O pigarro pode ser resultado do acúmulo de muco quando sobe para 
as pregas vocais na fonação. 
A laringe inteira e as estruturas supra glóticas, Von Lendem e 
Isshiski (1965) relatam que estão ativas na tosse, havendo abertura glótica e 
em seguida o fechamento glótico, firme e prolongado, em grandes pressões 
pulmonares que se juntam finalizando a fase expulsiva. 
 20 
Não só o trauma posterior que causa danos na mucosa, mas 
também o excesso de contato com as bordas anteriores causando os pólipos 
vocais e nódulos vocais. 
Os pólipos vocais, que se desenvolvem na porção anterior das 
pregas vocais, pequenos ou grandes, sésseis ou pediculares, unilaterais ou 
bilaterais e localizados na camada superficial da lâmina própria (Colton e 
Casper, 1996). 
Os nódulos vocais, na maioria são bilaterais, devido assimetria da 
movimentação das pregas vocais ou até unilaterais, dependendo de como se 
deu o trauma, é localizado no terço médio e podem ser gelatinosos ou firmes. A 
incidência maior é em mulheres, porém em homens que cantam e são tenores 
(com tessitura mais aguda) pode ocorrer, pois quanto mais alta a frequência 
utilizada por eles que cantam, maior a chance de aparecerem nódulos. 
O abuso vocal decorrente de horas de trabalho, de pregações que 
o pastor faz por semana junto com outras atividades pastorais, como ministrar 
aulas e contar histórias para crianças, resulta no estresse prejudicando o uso 
da voz. Para Duarte (1997) o pastor é verdadeiramente um atleta da voz. 
O comportamento abusivo da voz, para Colton & Casper (1996), 
é decorrente da intensidade excessiva e prolongada podendo levar a qualidade 
vocal: soprosa, rouca, áspera, quebras na voz, pitch agravado, fadiga vocal, 
redução da extensão dinâmica da voz, padrão respiratório inadequado e 
síndromes tensionais musculo-esqueléticas. Os pastores, no Brasil, não são 
treinados para esta atividade vocal, que requer energia para a projeção vocal, 
para Le Huche & Allali (1999), com objetivo de agir no outro (Igreja), pois a 
 21 
convicção é a determinação na projeção vocal, resultando em aumento da 
intensidade vocal e elevação da altura vocal. 
O aumento da intensidade vocal é a primeira demonstração da 
força da energia de convicção. Se a energia for mau controlada, grita-se. No 
grito, utiliza-se o mecanismo de abaixamento costal e a flexão do tronco para 
produzir o sopro fonatório. A intensidade vocal é excessiva resultando o 
estresse vocal. Outra forma de utilizar a energia de convicção é a elevação da 
altura vocal. 
Na altura vocal a voz torna-se aguda. Há pastores que usam tanto 
a intensidade forte como a altura aguda, tornando assim um aumento 
combinado do excesso de energia da convicção. Outras vezes este aumento 
pode ser traduzido pela aceleração do fluxo verbal com fala rápida e falta de 
precisão articulatória, tornando-se a fala incompreensível. 
Outro excesso de energia é quando a precisão articulatória é 
mantida mas a flexibilidade da articulação é tensa e o ritmo irregular. 
O que importa é o nível de energia na emissão que atua e a 
eficiência com que essa energia é utilizada, através do estilo pessoal de cada 
pastor. 
Existe a tendência do pastor e de qualquer falante, em fazer 
ajustes compensatórios, prejudicado mais a voz. Como ele não somente fala, 
mas também canta nos cultos, apresenta dificuldade em mudar os parâmetros 
vocais, como a frequência e a intensidade. 
A medida em que a intensidade aumenta há o aumento da 
pressão de ar, com a vibração das pregas vocais mais rápida, elevando a 
frequência e tensionando-as. 
 22 
Frequentemente o pastor, precisa, logo após a pregação cantar 
cânticos espirituais e para que isso se realize, sem danificar o aparelho 
fonador, é necessário que ele saiba transferir o uso da voz falada para a voz 
cantada. No canto congregacional que é aquele que o pastor projeta a voz 
cantando, tem intenção em atingir a Igreja conduzindo-a para o cantar. Para 
que essa transferência ocorra ele terá que ajustá-la nos parâmetros onde há 
diferença do uso entre as vozes com: na respiração, na fonação, no volume, na 
articulação de fonemas e pausas. 
Na respiração, na voz falada ele irá coordenar a entrada e saída 
de ar de acordo com a emoção e as frases, sendo que a inspiração é lenta e 
expiração rápida e pela boca, tendo que rapidamente transferir para voz 
cantada, em que a saída e entrada de ar são programadas conforme as notas 
musicais, com inspiração rápida e pela boca e expiração com maior 
movimentação dos pulmões. Para Pinho (1998), a função respiratória 
adequada é o alicerce no qual se apoia a produção vocal. 
Menaldi e Col. (1992) afirmam que a voz que se fala é diferente 
da que se canta e esta está na duração e extensão do som. No canto há 
diferenças com intervalos determinados e se utiliza até de duas oitavas, 
enquanto que na voz falada se utilizaaté uma oitava. 
Na fonação, que é o som produzido pela laringe, ocorrem na voz 
falada ciclos de vibração das pregas vocais, com abertura maior que o 
fechamento e na voz cantada os tais ciclos de vibração têm o fechamento 
maior do que a abertura. 
Com relação ao volume, o pastor, que não usa ou que usa o 
microfone, precisa de projeção vocal, na voz falada, durante o discurso, ela se 
 23 
mantém constante, pois a intensidade é que transmite a emoção. Na voz 
cantada o volume é inconstante, com variações, necessitando de maior 
projeção. Menalti (1992) cita Corut (1983) afirmando que o volume sonoro 
depende de: a constituição neuromuscular, da técnica utilizada e da pressão 
subglótica, exigindo adaptação dos mecanismos respiratórios. 
Para Bush (1982), para se manter um ótimo controle da voz, 
falada e cantada é preciso ter habilidade para usar as cavidades de 
ressonância. 
As cavidades de ressonância correspondem a cavidade oral, 
considerada como ressonador principal que são: os lábios, a língua, palato 
mole, a úvula, os dentes, a cavidade nasal, os seios paranasais e a faringe que 
são as cavidades supra-glóticas. A ressonância tem conexão com a articulação 
das vogais, embora as consoantes da voz sejam ressonadas, a qualidade é 
vocal. Durante a fala as cavidades oral e faríngea passam por variedade de 
alterações na forma e elasticidade, o que contribui para a mudança na “cor do 
tom” (ressonância), para Greene, (1989). Na voz falada projetada é preciso 
que se abra mais a boca usando os sons mais agudos e extensos e na voz 
cantada a boca deve estar sempre bem aberta reduzindo ao máximo os 
obstáculos para a saída do som. 
Na articulação dos fonemas e o uso das pausas, ele terá que 
transmitir a mensagem com articulação precisa e quando cantar, a mensagem 
será musical, com vogais produzindo o som com maior duração, ou seja, mais 
longas e as consoantes apoiando a qualidade da voz. As pausas no discurso 
são individuais, automáticas e no canto são programadas, treinadas. 
 24 
Aqueles que usam muito a voz, são propensos a adquirir tais 
comportamentos vocais, continuando o uso da voz no período de irritação da 
laringe, usando mais esforço vocal, com a finalidade de usar a voz o máximo 
que podem e assim aumentando o abuso. 
Uma boa técnica de prática prolongada, de som natural ou de 
treinamento sistemático, permitirá que o pastor realize a transferência da voz 
falada para cantada, evitando forçar a voz, adquirindo uma voz mais potente 
com melhor articulação na fala. 
A atenção do pastor é captada pela atividade de olhar para Igreja 
e depois para a mensagem. Não é possível direcionar a atenção para o ato da 
projeção em si mesmo de forma contínua sendo artificial. É possível desviar 
alguns segundos para regular os sinais de dificuldade que possam surgir, mas 
o excesso do controle técnico, o pastor, pode perder a naturalidade com a falta 
de espontaneidade. 
A solução para que se reduza ou elimine tal abuso é o uso da 
oratória e homilética que será de importância para este profissional. 
 25 
A IMPORTÂNCIA DA ORATÓRIA E HOMILÉTICA 
PARA O PASTOR EVANGÉLICO 
 
 
A oratória é a arte de falar em público, é a primeira e mais alta 
regra de falar, segundo o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 
Sua origem foi na Grécia, com Corax, grego, siciliano, 
considerado fundador e criador da oratória. 
Não se pode negar o peso da palavra e da voz no relacionamento 
humano, seu uso caracteriza quem fala e o que pensa. 
A principal aspiração é dominar os argumentos contrários e a 
persuasão, contribuindo com o conhecimento harmonioso e social. 
A comunicação integral é a palavra, voz e o corpo. Existem 
discursos que têm a força mais na expressão do que na intensão. 
A história geral demonstra que os homens que tem feito a história, 
são os homens que sabiam falar, exprimir uma mensagem e podiam compelir 
pessoas a agir em consequência do efeito que o produziam sobre ele. 
O que é um pregador? É um cristão como qualquer outro cristão. 
“É um enviado, um chamado por Deus para pregar”, segundo Jones, 1986. 
Em geral o traço central do culto evangélico é a pregação, onde o 
ponto de partida é um texto bíblico, selecionado pelo pregador, em que juntam 
o emocional com o didático. 
Biblicamente, o conceito de pregação é aquele processo único o 
qual Deus, mediante Seu mensageiro escolhido, se introduz na família humana 
e coloca as pessoas perante si, face a face. 
 26 
No Velho Testamento o pregador era o profeta, derivado do 
grego, prophetes e é tradução livre do hebraico nabhi que significa alguém que 
é chamado por Deus, que tem uma vocação. 
No novo testamento o pregador é um apóstolo enviado de Deus, 
no grego apostalmenos, segundo Koller (1997). 
Os pregadores são pessoas que falam tão bem ou tão 
terrivelmente mal como qualquer outra, são tão bem ou mal informadas sobre 
as coisas do mundo. A pregação é exercida pela Igreja. Pregação é um termo 
genérico que abrange evangelização, fala missionária, ensino religioso, ofícios 
casuais (batizados, casamentos, sepultamentos), programas cristãos no rádio 
ou TV. 
O pregador, é um cristão como qualquer outro cristão, só que é 
um “enviado”, um chamado por Deus para pregar. É a pessoa que segura o 
leme no culto a Deus, para Jones (1986), que é pastor. 
A função do pregador é ser advogado de uma causa, com 
eternidades pesando na balança. Ele não pode ser objetivo ou emocionalmente 
desligado, deve ter eloquência do coração, não somente no preparo dos 
sermões, mas também do seu coração (sentimento, alma). Para o pregador 
(pastor) a palavra do homem não se transforma na palavra de Deus por ser 
proclamada em alta voz ou com entonação piedosa. 
Os primeiros pregadores, da época da Reforma Religiosa 
Protestante, pregavam ao ar livre ou em tendas. A pregação ao ar livre impedia 
do pregador ouvir sua voz, onde o som se perdia. 
Os homens se matavam forçados a gritar até rebentarem os 
vasos sanguíneos , para Spurgeon (1980). Aqueles que pregavam sob tendas 
 27 
eram ruins, pois a voz sob a lona era amortecida e o esforço para falar 
aumentava grandemente. O material da tenda agia como manta molhada para 
a voz, onde reduzia a ressonância e impedia que a voz fosse projetada, com 
esforço no opressivo ar gerado numa tenda, era mais provável que o pregador 
fosse morto do que ouvido. O uso da pregação em tenda era mais comum em 
Londres, pois era de fácil transferência de um lugar para outro, por os 
pregadores não se fixarem em um só lugar (eram missionários). 
A boa comunicação para o pregador (pastor) requer dignidade, 
vivacidade e projeção da sua voz, para Koller (1997). Para que isso ocorra é 
preciso que ele faça uso da homilética. 
A homilética é a ciência que se ocupa com a pregação cristã. O 
termo vem da palavra he homilia, do verbo homilein que significa “relacionar-
se, conversar”. No Novo Testamento Bíblico significa he homilia o estar juntos, 
o relacionar-se, o termo era usado para denominar a prédica. A homilética faz 
parte da Teologia prática. Pregar é artesanato e artesanato se aprende 
praticando. 
A prédica é um sistema de comunicação. O ouvinte espera que o 
pregador confirme, em suas convicções fundamentais valores e lhe transmita, 
no nome de Deus, força para sobreviver em meio às dificuldades do cotidiano. 
A oratória do pastor, segundo Velasques Filho (1990), deve 
traduzir entusiasmo e convicção. Ele deve falar como alguém que vive o que 
prega e que tem certeza que sua fala é verdadeira, com coerência das idéias, 
contendo introdução, desenvolvimento e conclusão. O conteúdo da pregação 
deve ser Cristo, ou seja, Cristo deve ser o conteúdo da prédica. A fonte da 
pregação é a Bíblia. 
 28 
Kirst (1985) afirma que Lutero enfoca, que um bom pregador 
(pastor) deve ter as seguintes qualidades e virtudes: saber ensinar direito e 
corretamente, ter boa mente, falar bemarticulado, ter boa voz, ter boa 
memória, saber parar de falar, deve estar certo do que fala e ser aplicado, 
investir na sua tarefa, no corpo e na vida, nos bens, honra e deve saber 
suportar o desprezo dos outros. 
É agradável falar de modo que seja ouvido mas não berrar 
incessantemente. Spurgeon (1980) relata as seguintes qualificações para os 
pregadores, pastores: ter boa voz, naturalidade nos modos, domínio próprio, 
bom conhecimento da Bíblia, ter capacidade de adaptar-se a qualquer grupo de 
ouvintes, ter boa capacidade de ilustrar, ter zelo, ter prudência, ter bom senso, 
ter coração grande e amoroso, ter crença sincera em tudo o que diz, ter inteira 
dependência do Espírito Santo para sucesso, andar em íntima comunhão com 
Deus pela oração e ter comportamento coerente diante dos homens, por um 
viver santo (separado para Deus). 
O principal da pregação é o sermão, as posturas, atitudes e 
gestos são questões que tem prejudicado a mente de muitos, dificultando o 
sucesso das pregações, por exemplo: um homem talentoso pode Ter atitudes 
que não condizem ao que ele prega. As posturas e atitudes são uma pequena 
parte da vestimenta de um discurso. 
A postura do pastor deve ser natural, não deve ser do tipo 
grosseiro sim de natureza educada. Deve usar o senso comum e não dificultar 
o seu falar inclinando-se para frente sobre a Bíblia ou o púlpito. A cabeça deve 
estar mantida modesta e decentemente ereta em seu estado e posição natural, 
 29 
não permanecendo imóvel e nem em movimento lançando-se para os lados e 
sim para frente direto para o meio do auditório. 
Spurgeon (1980) ainda diz quanto aos movimentos corporais do 
pastor, durante as pregações, que nunca devem ser excessivos, a energia 
física nunca é o poder de Deus para a salvação da alma. Os movimentos no 
púlpito devem ser expressivos e apropriados. A gesticulação e a postura 
podem falar poderosamente, tendo cuidado ao fazê-las, pois os movimentos e 
a entonação juntos podem contradizer o significado das palavras. O rosto e os 
olhos são importantes na movimentação apropriada. 
Na movimentação como em tudo mais, seja a moderação do 
pastor conhecida diante dos homens. A arte é fria somente a natureza tem 
calor, para Spurgeon (1980). O mentor do pastor é o Espírito Santo, o 
pensamento dos ouvintes devem estar centralizados no assunto da pregação e 
não no pregador. 
O bom sermão deve ser espontâneo e de ordem mais prática. 
Não deve ser muito breve, durando entre 30 e 50 minutos, porque a fala menor 
é interpretada como falta de entusiasmo. A função do culto evangélico é de 
serviço a dominação cultural. A linguagem deve ser distinta daquela que utiliza 
no cotidiano. As pessoas vão ao culto para ouvir o que o pregador fala e este 
usa a voz para atingi-las. 
A voz é a adaptação de parte do aparelho digestivo e respiratório 
na qual revela como estamos, se apressados, se em momentos excitantes e se 
calmos ou convictos. 
O homem é dotado de voz excelente, mas destituído de mente 
bem informada e de coração fervoroso será “uma voz que clama no deserto”, 
 30 
Evangelho de Mateus capítulo 3 e versículo 3. A voz do pastor é de secundária 
importância, para Spurgeon (1980). A qualidade excelente da voz contribui 
grandemente para conduzir ao resultado que o pregador espera produzir. 
Hábitos que Spurgeon (1980) cita para que os pastores evitem 
durante a pregação: pigarrear, usar voz metálica, ter fala inarticulada, falar pela 
garganta, falar fanhoso, falar alto e sem clareza, gritar vigorosamente; falar 
nem muito devagar nem muito depressa, forçar a voz ao máximo na pregação 
e berrar desnecessariamente. 
Spurgeon (1980) ainda sugere que os pastores devem falar de 
maneira clara e bem definida, respirar sem que os ouvintes percebam que 
respirou, economizar o volume da voz, variar a intensidade da voz, não ter 
medo das tonalidades baixas que serão tão ouvidas como os gritos, modular os 
tons da voz, alterando a tonalidade com frequências e variação de intensidade 
do som constantemente. Ele compara a voz a um tambor, se ele for batido em 
um mesmo lugar a pele dele gastará logo e se abrirá, mas se variar o local dos 
golpes usando a superfície inteira da pele de percussão duraria mais, e assim é 
a voz humana, se usar o mesmo tom acabará um “buraco” na garganta, na 
parte exercitada, na produção da voz. Ele crê que não há uma pessoa em dez 
mil que empregue a sua voz natural frente ao público e isto se observa no 
púlpito. 
A forma com que se fala, uso da voz, deve estar ao máximo em 
harmonia com os métodos de pensamento e com sua personalidade. 
O pastor deve esforçar-se para educar a voz, ou seja, usar todos 
os meios para aperfeiçoar a voz, com disciplina até dominarem a própria voz 
como instrumento do trabalho. Spurgeon (1980) comenta que o pastor que tiver 
 31 
ampla caixa toráxica deve fazer o que puder para usá-la, não usando as mãos 
metidas nos bolsos contraindo os pulmões, não abaixando a cabeça sobre o 
peito, não usando gravatas apertadas, aperfeiçoando ao máximo os foles 
(pulmões) e tubos sonoros (garganta). 
É de uso comum na liturgia do culto, o pastor fazer o uso do apelo 
após a pregação. O apelo é a forma de consolidar o que foi pregado 
(transmitido), que é um instrumento para animar, instruir, aprovar ou corrigir e 
advertir ou repreender. O apelo consiste em as pessoas irem a frente ou 
levantar uma das mãos como forma de assumir uma tomada de posição, 
compromisso, perante Deus e os homens. É com muita frequência, nos últimos 
dez anos, que os pastores tem realizado tal ato. A apresentação da verdade 
bíblica deve ser compreensiva para iluminar a mente, estimular emoções, a 
vontade e ganhar o homem integral. 
Já Polito (1995) afirma que o uso correto da voz depende de: uma 
boa respiração, do bom funcionamento do aparelho fonador, da colocação da 
voz, que para aqueles que usam o microfone deve ser sem esforço e 
confortável, da boa pronúncia das palavras, do ajuste do volume e de dar 
ênfase às palavras, dando inflexão ao que tem valor na mensagem 
comunicada. Como atributos do orador, ele considera a credibilidade, a 
emoção e o conhecimento, no qual este último está relacionado com a 
credibilidade e a conduta. 
A falta de conduta exemplar tira a credibilidade do pastor, que é o 
orador. 
Para Bellussi (1992), a voz do orador tem extensão de quase 
duas oitavas, quase como um grito. 
 32 
O pastor, como orador, é aquele que faz da profissão de maior 
importância e excelência, tendo que ser rico em pensamentos possuindo todo 
o tesouro da eloqüência. 
Spurgeon (1980) aconselha aos pastores que devam ser 
corajosos, perseverem, e Deus, a natureza e a prática os ajudarão, na 
caminhada na vocação no uso das vozes. 
O culto a Deus protestante é variável no que se refere a liturgia, 
que é um ritual. Cada denominação (religião evangélica), tem a sua liturgia que 
se diferem, porém com um mesmo objetivo. Como exemplo de liturgia 
protestante reformada (tradicional) cito a liturgia da Igreja Presbiteriana do 
Brasil, que em linhas gerais consta dos seguintes momentos de culto: 
- 1) Adoração: oração, leitura Bíblica e hino espiritual. 
- 2) Confissão: leitura Bíblica, hino espiritual e oração. 
- 3) Louvor e Gratidão: cânticos de louvor, ofertório e oração. 
- 4) Proclamação: leitura Bíblica, sermão, hino espiritual e 
oração final com a Benção Apostólica (dos apóstolos de 
Jesus). 
A Proclamação é onde tem a pregação da Bíblia. Considero que 
em cada momento o pastor deva usar a voz projetada de formas 
diferentes. Na adoração e na confissão é o momento em que ele está 
reconhecendo que não é nada em atitude de rendição a Deus, usando 
gestos, elevando as mãos para o céu, com uma voz mais suave, 
embora use a voz cantada também, levando a Igreja a adorar e 
confessar os seus pecados. No momento do louvor é o momento de 
engrandecer, elogiar e agradecer a Deuspor tudo que ele é e faz. A voz, 
 33 
fisionomia e os movimentos corporais são com palmas, expressando 
alegria interior e até mesmo com gestos de mãos para cima em atitude 
também de rendição a Deus, também com o uso da voz cantada. 
Na proclamação, é o momento do sermão em que ele usa a voz 
projetada falada, onde a intensidade vocal e a altura tonal, variam 
dependendo do tema a ser pregado no sermão, onde é comum o pastor 
usar gestos para enfatizar os pontos centrais da mensagem bíblica, 
porém com mais uso da razão do que da emoção. Ao final ele abençoa a 
Igreja com mãos levantadas elevando o tom e a intensidade vocal. 
Considerando que as patologias de voz, conseqüentes do mau 
uso vocal, resultam no abuso vocal, é de relevância a atuação do 
fonoaudiólogo e do otorrinolaringologista na saúde de tal profissional, 
contribuindo com a produção efetiva da voz do mesmo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 34 
ATUAÇÃO DO FONOAUDIÓLOGO E DO 
OTORRINOLARINGOLOGISTA NA SAÚDE DO PASTOR 
EVANGÉLICO 
 
 
É de grande importância a atuação do otorrinolaringologista e do 
fonoaudiólogo na saúde vocal do pastor, pois ambos devem atuar de forma 
inter-disciplinar, conscientes que estão tratando de um profissional da voz, com 
dificuldades para usá-la profissionalmente e com poucas informações sobre o 
cuidado do instrumento de trabalho, a voz. 
O otorrinolaringologista, que é o médico, trata com uma conduta 
medicamentosa, cirúrgica e preventiva, caso o pastor não apresente algum 
sintoma orgânico-funcional do aparelho fonador. Ele procede de acordo com 
cada caso, através da consulta e do exame da laringe do quadro clínico e do 
aparelho fonador, com anamnese detalhada para orientar o exame, analisando 
fatores específicos do aparelho fonador paralelamente às atribuições clínicas 
gerais como: diabetes mellitus, hipertensão arterial, diminuição da capacidade 
ventilatória pulmonar, insuficiência cardíaca, distúrbios metabólicos, 
endócrinos, alérgicos, imunológicos, neurológicos, inflamatórios, infecciosos, 
digestivos, etc., afirma Bompet e Sarvat (1998). 
É também importante conhecer o grau de auto-percepção com 
relação a voz, disfonia. A coleta histórica vocal do pastor e seu cotidiano é 
muito importante para a decisão do diagnóstico e para conduta do tratamento. 
 35 
O papel do otorrinolaringologista é também de fazer com que 
seja normal a clínica ou cirurgia da laringe examinada, visando melhor a sua 
fisiologia com correção de sua morfologia. É importante que o laudo do exame 
da laringe contenha as condições das pregas vocais com seu aspecto , 
imobilidade, características, simetria e amplitude da mucosa e caso haja fenda 
glótica deve relatar quanto sua extensão, formato e local. A conclusão deve 
ser esclarecida para o pastor contendo a conduta, seja ele cirúrgica, 
medicamentosa ou fonoterápica. 
O papel do fonoaudiólogo é de restabelecer, ou reabilitar, o uso 
total de todo o potencial do aparelho fonador. 
É de grande necessidade a inter-relação entre o fonoaudiólogo e 
o laringologista, com mútua confiança do conhecimento técnico-científico e 
conduta profissional para Bompet e Sarvat (1998), já que estarão frente a um 
profissional da voz. 
O fonoaudiólogo tratará com uma conduta baseada no 
diagnóstico do otorrinolaringologista e na avaliação da voz, no comportamento 
vocal do pastor e com uma anamnese detalhada dos parâmetros vocais, mas 
caso o pastor não possua patologia vocal ,cabe também prevenir com 
orientações sobre higiene vocal e fonoterapia para aperfeiçoamento do uso da 
voz. 
Outro atributo do otorrinolaringologista e do fonoaudiólogo é em 
acompanhar periodicamente o pastor, objetivando a prevenção de possíveis 
patologias laríngeas e, se assim acontecer, tratá-las tão logo surjam. 
 36 
É imprescindível que o fonoaudiólogo use além de uma 
anamnese detalhada, de orientações sobre higiene vocal e de um 
planejamento terapêutico, incluindo o objetivo, métodos selecionados para 
cada caso, oratória, período de tratamento e prognóstico. 
Quanto aos métodos selecionados será de necessidade que a 
abordagem seja direcionada para o uso da voz projetada, treinando o pastor 
quanto o tipo de respiração (abdominal), intensidade vocal, altura tonal, 
ressonância, articulação e velocidade da fala a ser utilizada nas pregações 
usando as transferências da voz falada projetada para a cantada, durante a 
liturgia do culto, que será preciso ter a técnica apropriada que no sermão será 
a oratória (homilética). Outro aspecto importante é dar informação para o 
pastor de dados da evolução do seu caso no período da fonoterapia, por parte 
do fonoaudiólogo, para que se faça revisões otorrinolaringológicas, se 
necessário, das condições laríngeas e da saúde como um todo. 
 37 
PESQUISA PRÁTICA 
APRESENTAÇÃO DOS CASOS 
 
 
 Foi realizada uma entrevista juntamente com a aplicação de um 
questionário, com 4 pastores sendo 1 da Igreja Comunidade Sara Nossa Terra 
e 3 da Igreja Presbiteriana do Brasil, no Estado do Espírito Santo, na cidade de 
Vitória. Foi também realizada uma gravação com microfone unidirecional 
(AIWA) dos fonemas /s/ e /z/ sustentados isoladamente para se ter as medidas 
diagnósticas da proporção s/z, objetivando diagnosticar presença ou não de 
hipercinesia ou indicação de presença de patologia laríngea ou fenda glótica 
(Pinho cita Boone & McFarlane, 1998). 
 
 J.P. 
 É pastor evangélico, com 44 anos de idade, da Comunidade Sara 
Nossa Terra, casado, com 3 filhos formado no curso superior de Teologia, mas 
antes de ser pastor era empresário. 
 Quanto ao estilo de vida, antes de entrar para religião era 
alcoólatra, mas hoje tem uma vida que dorme 6 horas por noite, se alimenta de 
tudo porém evitando carnes. 
 O tempo que exerce a profissão de pastor é de 13 anos. 
Atualmente está recém operado de um pólipo vocal em tratamento 
fonoaudiológico. A voz após as pregações está quase normal . Realiza em 
média 5 pregações por semana, nos cultos, sendo dois de libertação de 
espíritos malígnos que duram 45 minutos, dois de doutrina e seminário com 1 
 38 
horas e meia e um de adoração. Tem costume de fazer apelo (consolidar as 
pregações) e ministrar louvor (canto) antes e depois das pregações. 
 Após o culto a voz tem continuada normal e somente quando ele 
força que sente cansada. 
 Durante a semana realiza aconselhamento pastoral. Tem tentado 
usar a técnica que tem aprendido com a fonoaudióloga, não tendo tempo para 
fazer repouso vocal. 
 Como resultado da gravação, obtivemos a proporção s/c com 0,7. 
 
 E.P. 
 E pastor evangélico da Igreja Presbiteriana do Brasil, com 43 
anos de idade, sendo que 18 anos exerce a profissão de pastor e líder de 
louvor (da música), casado, pai de três filhas e avô de dois netos, que residem 
com ele. Antes de ser pastor foi vendedor durante 7 anos. 
 Quanto ao estilo de vida, ele dorme 7 horas por noite, se alimenta 
mais de carne e poucos legumes e frutas, porém bebe muito líquido. 
 Suas queixas quanto à voz é de cefaléia após o uso da voz e 
mudança da voz quando fala muito. Após a pregação sente também que a voz 
está fraca e com cansaço. Realiza aproximadamente 6 pregações com uso do 
microfone por semana com duração de 30 minutos cada. Tem feito apelo após 
as pregações, cantando antes e depois da pregação. Após o culto a voz tem 
falhado com sensação de queimação e dor na garganta. 
 Exerce o ensino, aconselhamento e direção do louvor (canto), não 
usando nenhuma técnica vocal por não conhecer e não faz repouso vocal. 
 39 
 Nega patologia neurológica, porém é alérgico a poeira, tem 
gastrite e já teve laringite de repetição. 
 Como resultado da gravação da voz obteve na proporção s/z= 0,8 
 
 F.H. 
 Pastor evangélico da Igreja Presbiteriana do Brasil, com 28 anos 
de idade e 5 anos eu exerce a profissão de pastor, porém trabalhou como 
técnico de eletricidade3 anos antes de ser pastor. Hoje casado com 2 filhos. 
 Quanto ao estilo de vida, dorme 5 horas por noite, bebe muito 
gelado e muito líquido com alimentação com muita massa. 
 Ao término da pregação a voz , com uso de microfone, está 
normal, mas ao término do culto sente a voz cansada. Realiza 7 pregações por 
semana e também atua no ensino (doutrina), aconselhamento e ventriloquia 
quando a pregação é direcionada para crianças. As pregações duram em 
média 25 minutos e após delas faz apelo (consolidação da pregação) e canta 
antes e depois de cada pregação na direção da música. Não faz repouso vocal 
e não usa nenhuma técnica vocal. 
 Nega qualquer doença que tenha prejudicado a voz. Como 
resultado da gravação, obteve na proporção s/z = 0,8. 
 
 G.A. 
 Pastor evangélico da Igreja Presbiteriana do Brasil, com 37 anos 
de idade, casado, pai de 2 filhos, com tempo de profissão de pastor de 9 anos, 
porém antes era universitário do curso de economia. 
 40 
 Além de pregar nos cultos ele ensina no Seminário de Teologia, 
realiza aconselhamento espiritual e participa ativamente dos cultos em toda 
liturgia (cânticos e orações). 
 O que tem prejudicado a voz é o estado emocional, as condições 
climáticas, a aparelhagem de som, o espaço físico local, o número de ouvintes, 
a extensão do tema da pregação bem como o seu objetivo (se é ensino ou 
exposição). 
 Ao término da pregação a voz está falhando e após o culto a voz 
está mais fraca e sem muito volume, então ele procura não falar muito. A 
duração de cada sermão é de aproximadamente 30 minutos. Não utiliza 
nenhuma técnica vocal embora seja ministro de cânticos espirituais durante o 
culto. Usa a técnica do apelo não sendo muito demorada com longas 
argumentações (após a pregação do sermão). 
 Quanto as patologias que prejudicam a voz foi sinusite, faringite, 
laringite e alergia a poeira. 
 Referente ao resultado da gravação obteve na proporção s/z=0,6. 
 
 ANÁLISE: 
 Dos pastores analisados, um deles foi recém operado de um 
pólipo vocal. 
 Quanto à queixa do estado da voz após a pregação, dois deles 
sentem a voz normal, e os outros sentem a voz estar cansada, fraca e 
falhando, mas após o culto, todos relataram que percebem o cansaço vocal, 
sendo que três sentem a voz fraca e cansada. Um sente dor e queimação na 
garganta, seguida de cefaléia. Pude observar que os quatro pastores cantam e 
 41 
após as pregações, com o uso do apelo após as mesmas, demonstrando assim 
o uso também da voz cantada. 
 Creio que o desgaste vocal se deve nos momentos finais, após a 
pregação do sermão, ou seja, ao término do culto, onde eles já usaram da forte 
intensidade vocal e da altura (freqüência) tonal, finalizando com o ponto central 
do sermão, para persuadir a Igreja. O aumento da intensidade vocal transmite 
a energia de convicção, havendo o aumento de pressão subglótica e a 
elevação da altura tornando a voz mais aguda. Este comportamento vocal é 
realizado repetidas vezes que com o tempo surge o stress vocal, causando as 
patologias da voz. 
 Com relação às patologias que interferem na voz, dois deles 
relataram ter tido faringite, laringite e alergia a poeira, sendo que um deles 
relatou que o que também interfere na voz é aparelhagem de som e o estado 
emocional. Após as pregações somente um faz repouso vocal. Nenhum deles 
usa técnica vocal para a pregação ou o canto por falta de conhecimento do 
assunto. 
 Quanto aos resultados das gravações das vozes, dois pastores 
apresentaram as proporções de s/z abaixo de 0,8, indicando presença de 
hipercinesia e os outros dois apresentaram o resultado de 0,8, sendo 
considerados como padrões dentro da normalidade, pois somente valores 
abaixo de 0,8 que podem representar hipercinesia . 
 Observei também que aqueles que obtiveram valores que 
indicaram a presença de hipersinesia foram: o que teve pólipo vocal e o que 
relatou da importâcia do estado emocional como fator que prejudica uma 
 42 
melhor produção da voz. Donde se conclui que ambos estão usando as suas 
vozes com abuso devido ao mau uso. 
 43 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
 Por conhecer pastores evangélicos, de diversas religiões, por eu 
ter tratado da voz de pastores que foram encaminhados para mim e também 
por já ter ido a várias Igrejas para participar dos cultos e ouvir seus sermões, 
analisando como ele utilizavam as suas vozes, senti a necessidade de realizar 
um estudo aprofundado sobre a voz do pastor evangélico, já que ele é um 
profissional da voz. 
 Meu objetivo, a princípio, foi pesquisar os fatores que levaram os 
pastores atuarem na profissão com suas vozes através de suas origens 
históricas com pastores, do uso inadequado de suas vozes, tanto quando 
pregavam, como quando cantavam com a Igreja, da prática ou não da oratória 
e homilética (técnica da pregação) da importância de cuidarem de suas vozes 
com os profissionais de saúde que no caso são o(a) otorrinolaringologista e 
o(a) fonoaufiólogo(a). Em constatação ao que encontrei na teoria, pude 
analisar, através de uma entrevista questionários relacionados com as queixas 
que eles têm e como percebiam as suas vozes ao término das pregações e do 
culto e os seus desempenhos profissionais no decorrer da semana e também 
de uma gravação com utilização de um microfone unidirecional (AIWA) para 
análise perceptivo auditiva com a emissão das consoantes /s/ e /z/ para 
avaliação da proporção s/z. 
 Descobri que alguns pastores atuam emocionalmente nas 
pregações, para atingirem seus objetivos nos fiéis, pois conforme a homilética, 
o bom sermão deve ser aquele que foi pregado com naturalidade, transmitindo 
 44 
o que ele sente, crê e pratica, sem reprimir as emoções e sentimentos do outro. 
É importante também que seja usada a razão sem eliminar a emoção, para 
aqueles que são tradicionais, de Igrejas originais, menos emotivos, 
independente de qual sejam as religiões todos usam mal a voz cometendo 
abusos que danificam o aparelho fonador. Os pastores nos seminários 
teológicos não recebem nenhuma informação quanto à saúde vocal e muito 
menos quanto à técnica vocal apropriada para tal exercício. O principal é atingir 
o espiritual (a fé) deixando a voz para segundo plano. 
 Dentre as questões, a primeira foi como eles poderão usar a 
técnica vocal na pregação, estando emocionalmente e espiritualmente 
evoluídos na mensagem com o uso da razão (consciência), tendo que 
convencer a Igreja atuando na área espiritual? A Segunda foi como que eles 
iriam fazer o apelo (convite) após a pregação, para os fiéis assumirem o 
compromisso de seguir o que foi pregado, sem usar os gritos nas ministrações 
de curas e libertações demoníacas? Quanto a resposta da primeira pergunta 
creio que além da técnica utilizada de aquecimento e desaquecimento vocal 
antes e após o culto ou da atividade profissional, bem como higiene vocal, será 
de importância que o pastor use da razão para convencer a Igreja da Verdade 
que ele prega no sermão, não anulando o estado emocional, na Verdade 
Bíblica que ele crê está escrito que o culto a Deus deve ser racional (Romanos 
cap. 12 versículo 1), sendo racional ele deverá se esforçar para Ter condições 
de usar o conhecimento não somente de Deus mas do que Ele criou, que é o 
seu próprio corpo com suas funções e cuidados. 
 Com relação a resposta da segunda pergunta, penso que a voz 
do pastor deve ser firme pois quando ele está à frente da Igreja (no púlpito) é o 
 45 
mesmo que o ator em cena, pois ele deve usar a sua voz conforme o seu papel 
junto com a expressão corporal. Quando o pastor estiver no apelo, que é uma 
técnica de persuasão, ele deve ter uma entonação mais mansa, suave, porque 
o apelo é um convite baseado na mensagem pregada, ninguém faz um convite 
com agressividade ou gritando. 
 Já quando ele for ministrar libertação de espíritos malígnos ou 
curas, a entonação vocal deveser incisiva também sem gritos com tom vocal 
mediano indicando ordem, sem aumentar a intensidade, e com expressão 
corporal compatível com tal ato, por exemplo impor as mãos sobre a pessoa. 
O estado emocional deve ser equilibrado com a articulação da fala precisa, 
lembrando que quando Cristo expulsava o demônio das pessoas ou curava-as, 
Ele não gritava, já que os pastores são homens chamados por Deus para tais 
atribuições também, ele deve se lembrar que a voz de Deus é poderosa, cheia 
de majestade e fazendo tremer o deserto (Salmos 29, versículo 4-5). 
 Pretendo, com este estudo, realizar uma pesquisa de campo, com 
maior número de pastores evangélicos de diferentes denominações, publicar 
artigos de revistas evangélicas e de saúde, ministrar palestras para pastores e 
no futuro incluir no currículo acadêmico dos Seminários Teológicos uma 
disciplina relacionada com o uso adequado e cuidado da voz profissional do 
pastor. 
 É importante que seja utilizada uma técnica baseada em uma 
abordagem referente ao uso da voz projetada, tanto para a fala como para o 
canto, reduzindo assim o aparecimento de patologias laríngeas e contribuir 
para direcionar a terapia fonoaudiológica no tratamento da voz do pastor, 
 46 
fazendo com que ele consiga automatizar mecanismos do aparelho fonador na 
prática da pregação da Palavra. 
 É bom que o pastor evangélico prossiga para alcançar uma voz 
que seja como “a voz que clama no deserto” como a do pregador João Batista 
(Evangelho de Mateus 3:3). 
 
 
 
 47 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
 
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 48 
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Janeiro, Guanabara Koogan, 1998. 128p. 
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bien y convencer. Madrid, Planeta Mexicana S.A, 1998. 95p. 
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imprensa, São Paulo, Saraiva, 1998. 239p. 
SPURGEON, C. H. – Lições para meus alunos, VOLUME I -São Paulo, 
Publicações Evangélicas Selecionadas, 1980. 152p. 
SPURGEON, C. H. – Lições para meus alunos, VOLUME II, São 
Paulo, Publicações Evangélicas Selecionadas, 1980. 164p 
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 ANEXO 
 
 
 
 
QUESTIONÁRIO PARA PESQUISA SOBRE A VOZ DO PASTOR 
EVANGÉLICO 
 
 
NOME: 
IGREJA A QUE PERTENCE: 
IDADE: 
QUANTO TEMPO EXERCE O PASTORADO: 
ESTADO CIVIL: 
PROFISSÃO ANTERIOR: 
 
 
1) Como é a sua voz ao término de cada pregação? 
 
2) Quantas pregações realiza por semana? 
 
3) Qual a duração de cada pregação? 
 
4) Faz apelo? 
 
5) Canta durante o culto? 
 
6) Como sente a sua voz após o término do culto? Faz repouso na voz? 
 
7) Tem outra atividade que utiliza a voz além de pregar nos cultos, como por 
exemplo: ensino, aconselhamento, etc.? 
 
8) Tem ou teve alguma doença que prejudicou o uso da voz nas atividades 
pastorais? Qual? 
 
9) Quantas horas de sono? 
 
10) Como é a alimentação? 
 
11) Tem conhecimento ou usa alguma técnica para a voz?

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