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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI CAMPUS MINISTRO REIS VELOSO – CMRV DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS, DA EDUCAÇÃO E DESPORTO CURSO: PEDAGOGIA CRISTIANA MARIA CARDOSO SALES SHEILA CRISTINA DE OLIVEIRA GUIMARÃES ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO: limites e possibilidades de ações e experiências educacionais inclusivas em duas escolas públicas do município de Parnaíba-PI PARNAÍBA 2017 2 CRISTIANA MARIA CARDOSO SALES SHEILA CRISTINA DE OLIVEIRA GUIMARÃES ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO: limites e possibilidades de ações e experiências educacionais inclusivas em duas escolas públicas do município de Parnaíba-PI Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para concluir o curso de Pedagogia da Universidade Federal do Piauí – UFPI, Campus Ministro Reis Veloso. Orientadora: Prof.ª Rosemary Meneses dos Santos PARNAÍBA 2017 3 CRISTIANA MARIA CARDOSO SALES SHEILA CRISTINA DE OLIVEIRA GUIMARÃES ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO: limites e possibilidades de ações e experiências educacionais inclusivas em duas escolas públicas do município de Parnaíba-PI Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para concluir o curso de Pedagogia da Universidade Federal do Piauí – UFPI, Campus Ministro Reis Veloso. Orientadora: Prof.ª Rosemary Meneses dos Santos Aprovada em: ____/____/____ BANCA EXAMINADORA: ___________________________________________________________________ Orientadora: Prof.ª: Rosemary Meneses dos Santos ___________________________________________________________________ Examinador: ___________________________________________________________________ Examinador: PARNAÍBA 2017 4 À Deus, minha fonte de inspiração, conhecimento e sabedoria. 5 AGRADECIMENTOS Agradecemos à Deus, o autor de toda nossa trajetória, pelo seu infinito amor e misericórdia. A nossa família, que não mediu esforços para que chegássemos até esta etapa de nossa vida, sonhando junto conosco e acreditando que éramos capazes. Agradecemos à nossa orientadora, Rosemary Menezes dos Santos, um exemplo de pessoa, no qual temos orgulho de dizer que nossa formação, inclusive pessoal, não teria sido a mesma sem a sua pessoa. Muito obrigada pela disponibilidade, atenção, assistência, palavras de incentivo, e principalmente por ter acreditado no nosso potencial. Nossos respeitosos agradecimentos pela participação dos membros da banca examinadora da defesa. Agradecemos a todos que de alguma forma contribuíram para nosso sucesso e crescimento como pessoa. Somos o resultado da confiança e da força de cada um de vocês. Muito obrigada! 6 “Não é a atividade mental que organiza a expressão, mas, ao contrário, é a expressão que organiza a atividade mental, que a modela e determina sua orientação”. Bakhtin (1986) 7 RESUMO A Educação Inclusiva é uma prática que teve inicio e foi declarado na Conferência Mundial de Educação Especial, realizado em Salamanca, na Espanha, em junho de 1994. A partir desse encontro que teve representações de 88 governos e 25 organizações internacionais, a declaração foi adotada como documento norteador das Organizações das Nações Unidas (ONU), sobre o princípio, políticas e práticas que envolvem toda educação especial. O presente estudo é uma pesquisa descritiva de cunho qualitativo e de campo embasada em autores como: Alves, (2006); Batista & Mantoan, (2006); Carvalho, (2000); Glat, (1989); Corde, 1994; Piaget, (2007); Duk, 2005; Carvalho, (2005); Chalita, (2001), assim como sites, livros e revistas relacionadas ao tema abordado, na busca de conceitos e definições. Tivemos uma revisão literária, os instrumentos utilizados foram um questionário e observações não participante. Teve como foco o Atendimento Educacional Especializado (AEE) e as ações didáticas utilizadas pelos profissionais da área de educação, visando compreender como é constituído o programa de educação especial e seu papel no processo de inclusão dos alunos com necessidades especiais na sala de AEE de duas escolas da rede pública municipal de Parnaíba, analisar a percepção dos docentes sobre a importância da Sala de Recursos Multifuncionais para Atendimento Educacional Especializado e o processo de inclusão, a fim de entender como esse processo ocorre, seus limites e possibilidades e objetivos específicos investigar o processo de inclusão e o desenvolvimento do Atendimento Educacional Especializado em duas escolas públicas do município de Parnaíba-PI; caracterizar o atendimento educacional especializado realizado nas salas de AEE; refletir e reconhecer as limitações encontradas no processo de desenvolvimento da Educação Inclusiva; conhecer as contribuições dos professores no processo educacional de alunos com necessidades especiais; e identificar os recursos utilizados, bem como as dificuldades encontradas pelos professores na inclusão desses alunos com necessidade especial. A pesquisa foi essencial para um conhecimento mais profundo e detalhado das salas de AEE, seu funcionamento, sua contribuição no processo de desenvolvimento dos alunos com necessidades especiais, e o seu papel na inclusão. Com isso pretendemos levar ao conhecimento da sociedade como está sendo realizado o processo de inclusão nas escolas da rede pública municipal de Parnaíba-PI. PALAVRAS CHAVE: Educação Especial. Inclusão. Atendimento Educacional Especializado. 8 ABSTRACT Inclusive education is a practice that began and was declared in World Conference on special education held in Salamanca in Spain, in june 1994. From that meeting representations of 88 Governments and 25 international organizations, the Declaration was adopted as the guiding document of the organizations of the United Nations (UN), on the principle, policies and practices that involve all special education. The present study is a descriptive research qualitative and field oriented based on authors such as: Alves, (2006); Batista & Mantoan, (2006); Carvalho, (2000); Glat, (1989); Corde, 1994; Piaget, (2007); Duk, 2005; Carvalho, (2005); Chalita, (2001), as well as Web sites, books and magazines related to the issue, in search of concepts and definitions. We had a literary review, the instruments used were a questionnaire and comments. Focuses on the Specialized Educational Care and educational actions used by professionals in the field of education in order to understand who are the members of the special education program and your role in the process of inclusion of students with special needs in ESA room of two municipal schools of Parnaíba; analyze the perceptions of teachers about the importance of cross-functional resource Room to provide Specialized Education and the process of inclusion, in order to understand how this process occurs, their limits and possibilities and specific objectives to investigate the process of inclusion and the development of Specialized Educational Care in two public schools in the city of Parnaíba-PI; characterize the specialized educational Care out in the EEC; your operation, your contribution to the process of development of students with special needs, and your role in inclusion. With this we intend to bring to the attention of society as is going on the process of inclusion in the municipal schools of Parnaíba-PI. KEY WORDS: SpecialEducation. Inclusion. Specialized Educational Care. 9 LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS AEE – Atendimento Educacional Especializado CNE – Conselho Nacional de Educação NEE – Necessidades Educacionais Especiais ONU – Organização das Nações Unidas SRM – Sala de Recursos Multifuncionais SECAD – Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, desenvolvimento e Inclusão SEESP – Secretaria de Educação Especial CNE – Conselho Nacional de Educação CEB – Câmera de Educação Básica MEC – Ministério de Educação e Cultura NBR – Norma Brasileira ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas UNESCO – Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura TGD – Transtorno Global de Desenvolvimento LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional SEDUC – Secretaria Estadual de Educação PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional 10 SUMÁRIO INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 11 1 CAPÍTULO 1 – REVISÃO DE LITERATURA.............................................................. 13 1.1 Contexto histórico do AEE: uma nova modalidade de ensinar e aprender........................ 13 1.2 Qual o papel do AEE no processo de inclusão? ................................................................ 15 1.3 A acessibilidade no espaço escolar.................................................................................... 18 1.4 A importância das relações entre escola e família para Educação Inclusiva..................... 21 1.5 Qual a evolução do processo de inclusão?......................................................................... 25 1.6 O serviço ofertado nas salas de AEE está realmente inserindo os alunos com necessidades especiais da rede municipal de Parnaíba no âmbito escolar? A importância das relações entre escola e família para Educação Inclusiva................................................................................ 27 2 CAPÍTULO 2 – METODOLOGIA DA PESQUISA.................................................... 30 2.1 Campo Empírico da Pesquisa............................................................................................ 31 2.2 Público Alvo da Pesquisa................................................................................................... 32 3 CAPÍTULO III – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS................................ 33 3.1 Apresentação dos Dados.................................................................................................... 33 3.2 Análise de Dados............................................................................................................... 33 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................... 42 REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 44 ANEXOS................................................................................................................................. 46 APÊNDICES .......................................................................................................................... 48 11 INTRODUÇÃO O presente trabalho traz como temática um estudo sobre os limites e possibilidades de ações e experiências educacionais inclusivas em duas escolas públicas do município de Parnaíba, um tema muito debatido no ambiente escolar por educadores na atualidade, onde será pontuada a necessidade desse acompanhamento educacional especializado, o conceito de Atendimento Educacional Especializado, doravante AEE, e sua importância na Educação Inclusiva. O estudo tem como foco o Atendimento Educacional Especializado e as ações didáticas utilizadas pelos profissionais da área da educação, visando compreender como é constituído o programa de Educação Especial e seu papel no processo de inclusão dos alunos com necessidades especiais na sala de AEE de duas escolas da rede pública municipal de Parnaíba, e assim refletir sobre as ações voltadas ao aprendizado, apontando os pontos positivos e negativos, comprovar se realmente estão condizentes com as igualdades de direitos, e se o processo de inclusão está acontecendo de forma concreta. Diante disso, têm-se os seguintes problemas: o serviço ofertado nas salas de AEE está realmente inserindo os alunos com necessidades especiais da rede municipal de Parnaíba no âmbito escolar? A questão da formação desses profissionais da Educação Inclusiva está sendo evidenciada? As redes de apoio estão colaborando de forma efetiva para a realização do AEE? A articulação existente entre professores da sala de AEE e os do ensino comum no planejamento das atividades e na metodologia do trabalho está realmente acontecendo? Esse estudo tem com objetivo geral: analisar a percepção dos docentes sobre a importância da Sala de Recursos Multifuncionais para Atendimento Educacional Especializado e o processo de inclusão, a fim de entender como esse processo ocorre, seus limites e possibilidades, e como objetivos específicos: investigar o processo de inclusão e o desenvolvimento do Atendimento Educacional Especializado em duas escolas públicas do município de Parnaíba-PI; caracterizar o atendimento educacional especializado realizado nas salas de AEE; refletir e reconhecer as limitações encontradas no processo de desenvolvimento da Educação Inclusiva; conhecer as contribuições dos professores no processo educacional de alunos com necessidades especiais; e identificar os recursos utilizados, bem como as dificuldades encontradas pelos professores na inclusão desses alunos com necessidade especial. Portanto, na busca de responder essas questões supracitadas, fizemos, inicialmente, uma pesquisa bibliográfica sobre o que é e pra que se destina uma sala de AEE, em seguida 12 fizemos observações em duas escolas municipais de Parnaíba-PI, e daí buscamos entrevistar as responsáveis pelas salas de AEE nessas escolas, para que assim pudéssemos concluir esse trabalho. O trabalho está dividido, além da introdução, em três capítulos, onde no primeiro apresentamos a revisão de literatura com uma pesquisa bibliográfica referente ao tema abordado, embasado em autores como: Alves (2006); Batista & Mantoan (2006); Carvalho (2000); Glat (1989); Corde (1994); Piaget (2007); Duk (2005); Carvalho (2005); Chalita (2001), assim como sites, livros e revistas relacionadas ao assunto, na busca de conceitos e definições. Apresentamos um histórico do AEE, o papel do AEE no processo de inclusão, a acessibilidade no espaço escolar, a importância das relações entre escola e família para Educação Inclusiva, a evolução do processo de inclusão e se o serviço ofertado nas salas de AEE está realmente inserindo os alunos com necessidades especiais da rede municipal de Parnaíba no âmbito escolar. No segundo capítulo trazemos a metodologia da pesquisa, nesse capítulo elencamos o processo de elaboração, desenvolvimento e conclusão desta pesquisa, primeiramente, com o processo metodológico, seguido da caracterização do campo da pesquisa, os participantes, tipo de pesquisa, método utilizado para coletar dados e como foi aplicada essa pesquisa. No terceiro capítulo apresentamos os dados coletados nas respostas dos questionários aplicados aos colaboradores. Ressaltamos que as informações colhidas foram analisadas e discutidas com fundamentação de teóricos ao tema em estudo. Para concluirmos o trabalho tivemos as considerações finais. 13 CAPÍTULO 1 ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO E SEU DESENVOLVIMENTO Nesse capítulo apresentamos a pesquisa bibliográfica referente ao tema: LIMITES E POSSIBILIDADES DO ATENDIMENTOEDUCACIONAL NA SALA DE RECURSOS MULTIFNCIONAIS: uma análise do processo de inclusão de crianças com necessidades especiais em uma escola municipal de Parnaíba/PI, para um melhor entendimento e conhecimento do assunto aqui abordado. Todos os tópicos construídos trazem uma visão da inclusão e atendimento educacionais específicos ao aprendente surdo. 1.1 Contexto histórico do AEE: uma nova modalidade de ensinar e aprender Durante as civilizações e suas formas de conceber uma educação igualitária a cada população, as pessoas com deficiências e outros problemas, que dificultavam seu desenvolvimento no âmbito educacional, tornou-se tema de discussões em diversos encontros mundiais e nacionais. Com essas iniciativas de debates, surgiu a criação do Atendimento Educacional Especializado, com o intuito de auxiliar no desenvolvimento dos alunos deficientes, para facilitar sua convivência no ambiente escolar e o acesso ao currículo. O programa Atendimento Educacional Especializado disponibiliza às escolas públicas de ensino regular, uma proposta de inclusão escolar que tem em sua essência, valores de igualdade de direitos, oportunidades, dignidade e participação de todos nos diversos segmentos sociais, contribuindo para a eliminação de barreiras pedagógicas referentes ao currículo/conhecimento, e de comunicações por esses aspectos os mais relevante na vida acadêmica de cada aluno, a sua ausência impossibilitam o desenvolvimento pleno de participação social. Nota-se a importância da ação por parte do sistema de ensino, no sentido de oferecer suporte às necessidades educacionais dos estudantes, favorecendo seu acesso ao conhecimento e desenvolvimento de competências e habilidades próprias. O programa apoia os sistemas educacionais na fundação de salas de recursos e o uso dos materiais pedagógicos que auxiliem o atendimento educacional especializado. Pois segundo Alves (2006, p.15): O atendimento educacional especializado constitui parte diversificada do currículo dos alunos com necessidades educacionais especiais, organizado institucionalmente para apoiar, complementar e suplementar os serviços educacionais comuns. 14 A finalidade é receber as crianças com necessidades especiais matriculadas nas classes comuns do ensino regular da rede pública com qualidade, tendo como local de observação a sala de recursos multifuncionais, bem como as probabilidades, alcances e problemas do dia a dia da prática, que serve para potencializar as novas ações que propicie aos discentes condições de frequentar a sala de aula e alcançar resultados positivos. Com a Constituição de 1988, a Política Educacional Brasileira começou a priorizar a escolarização dos estudantes com necessidades educacionais especiais nas escolas comuns e neste documento legal, no Artigo 208, apareceu pela primeira vez à garantia do denominado Atendimento Educacional Especializado (AEE) a todas as pessoas que possuíssem deficiências, de preferência, na rede regular de ensino. A partir desta lei a definição de AEE foi sendo gradualmente construído. O Decreto nº 6571/2008, no Artigo 1ª, § 1º complementa que o AEE: “[...] é um serviço da educação especial que identifica, elabora, e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade, que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas” (BRASIL, 2008). O AEE é um programa criado desde 2005, a forma de organização é auxiliar o aprendente com deficiência em suas limitações, ele deve acontecer no período oposto ao da classe comum regular, esta modalidade é frequentada por alunos com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades/superdotação entre outras especificidades, a função do serviço ofertado deve ter a união escola/AEE/família. Sua maneira de atendimento deve acontecer na própria escola onde o aluno está ou em outras instituições educacionais que ofereça o atendimento. Na verdade as salas de recursos estão disponíveis para atender às escolas próximas que não possuem os serviços ofertados por ele. As salas de recursos são formadas por uma diversidade de necessidades especiais tornando, assim o seu trabalho mais complexo onde cada aluno recebe um atendimento diferenciado. É um espaço preparado com materiais didáticos, pedagógicos, equipamentos e profissionais capacitados para atender uma diversidade de necessidades, proporcionando um suporte adequado aos alunos em beneficiar e engrandecer sua trajetória rumo ao conhecimento. O Atendimento Educacional Especializado é significativo, e muito importante para o desenvolvimento educacional do aluno com alguma necessidade especial. O AEE tem o intuito de favorecer o acesso do aluno ao currículo, sua socialização em sala de aula, e atividades que trabalhem e incentivem a inclusão. Quanto mais escolas tiverem acesso ao AEE, e mais alunos forem matriculados no programa, melhores serão os resultados, tanto no processo de inclusão, quanto no processo de ensino e aprendizagem. E os resultados positivos 15 irão aparecer em diversos espaços, refletindo, principalmente, na sua vida externa do ambiente escolar. 1.2 O papel do AEE no processo de inclusão Na atualidade há muitas especulações sobre o tema inclusão escolar de pessoas com necessidades educacionais especiais no ensino regular, porém ainda há muito a ser discutido, pois ainda há várias dúvidas e incertezas tanto dos profissionais da educação como das famílias envolvidas, no que se refere ao amparo legal dessas crianças, sendo este um dos principais motivos da dificuldade de efetivar os direitos que assistem as pessoas com necessidades especiais, os alunos, assim definidos com necessidades educacionais especiais (NEE), apesar de estarem matriculados e serem frequentadores da escola de ensino regular, na maioria das vezes estão sendo colocados em segundo plano, a visão da sociedade e dos profissionais envolvidos com o processo de inclusão, ainda está muito longe do que preconiza as leis, pois não se trata apenas de receber esses alunos nas salas de aulas regular, deve-se ir muito além, criar mecanismos que possibilitem a estes alunos uma real integração social, emocional e educacional com a sociedade e toda a comunidades escolar. Pois, segundo Correia (1999): São grandes as responsabilidades cometidas ao professor do ensino regular: esperasse que utilize estratégias e desenvolva atividades de ensino individualizado junto da criança com NEE, mantenha um programa eficaz para o resto do grupo e colabore na integração social da classe. Sem a formação necessária para responder às necessidades educativas destes alunos, não conhecendo muitas vezes a natureza dos seus problemas e as implicações que tem no seu processo educativo, os professores do ensino regular não lhes podem prestar o apoio adequado. No contexto da Educação Inclusiva as salas de recursos multifuncionais se constituem como um importante apoio no processo de ensino e aprendizagem de crianças com necessidades educacionais especiais (NEE). A Educação Inclusiva é uma prática que teve início e foi declarado na Conferência Mundial de Educação Especial, realizado em Salamanca na Espanha, em junho de 1994. A partir desse encontro que teve representações de 88 governos e 25 organizações internacionais, a declaração de Salamanca foi adotada como documento norteador das Organizações das Nações Unidas (ONU), sobre princípio, politicas e práticas que envolvem toda educação especial. 16 O Brasil aderiu a esse novo acordo, e em sua legislação estabeleceu novos parâmetros e diretrizes para a Educação Inclusiva no ensino público brasileiro, nesse sentido foram feitos vários ajustes baseados nas novas leis, com o intuito de dar suporte as mudanças e responder os preceitos assumidos pelo país a partir das instruções da declaração de Salamanca. Diante dessa novaproposta política educacional direcionada a Educação Inclusiva, o governo em 2008 deu inicio aos projetos ligados a Educação Inclusiva nas escolas públicas com o intuito de assegurar as condições à acessibilidade, participação e aprendizagem de forma igualitária a todos os alunos da rede pública. Muitas são as políticas públicas que vem sendo construídas em prol de melhorias legais ao público deficiente. Nesta vertente o Decreto de 17 de novembro de 2011, n.º 7.611, regulamentado pela Presidência da República, define a oferta obrigatória do atendimento educacional especializado (AEE), que, de acordo com o § 2.º do art. 2.º Art. 2º: “A educação especial deve garantir os serviços de apoio especializado voltado a eliminar as barreiras que possam obstruir o processo de escolarização de estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação” (BRASIL, 2011). A sala de recursos multifuncionais (SRM) integra um grupo de ações que recebe apoio técnico e financeiro do Ministério da Educação (MEC) com o propósito de melhorar a qualidade do ensino público nacional. No período de 2005 a 2010, foram implantadas 24.301 SRMs em escolas de vários estados do Brasil (BRASIL, 2011). De acordo com a secretaria responsável pelo desenvolvimento de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI), 242 escolas foram beneficiadas pelo programa no Distrito Federal (DF). O papel do AEE é de oferecer o suporte necessário para o aluno, norteando sua trajetória no ambiente escolar, nomeando seus objetivos e metodologias educacionais específicos, levantando pontos que não estão incluídos no currículo. Esse atendimento acontece de acordo com os tipos de necessidades apresentadas, buscando atender as inúmeras necessidades educacionais encontradas, portanto não se trata apenas de um reforço escolar, mas a busca por uma acessibilidade viável com o intuito de igualdade de oportunidades. O AEE deve se relacionar, diretamente, com a proposta da escola comum, embora suas atividades se diferenciem das realizadas em salas de aula comum, para ambas conhecerem o trabalho de cada um e desenvolvimento do aluno. Os professores destas salas devem ser participativos e manter diálogo com o professor da classe comum para juntos elaborarem estratégias pedagógicas, que auxiliem o ingresso do aluno com necessidades especiais à formação e aprendizado sem desprezar o currículo e a sua interação no grupo dos 17 demais educandos. O trabalho desenvolvido dentro do Atendimento Educacional Especializado busca desenvolver e estimular as potencialidades do aluno, portanto não pode substituir a sala de aula comum. Podendo ser um grande aliado durante todo o processo de ensino e aprendizagem do aluno com necessidades especiais. Dentre tantas atividades de Atendimento Educacional Especializado são disponibilizados ferramentas que possibilitam um progresso no currículo, o acesso a uma linguagem adequada e códigos de comunicação necessários para um bom desenvolvimento. E todo o processo realizado no AEE deve está direcionado ao trabalho realizado na sala comum. O atendimento educacional especializado é acompanhado por meio de instrumentos que possibilitem monitoramento e avaliação da oferta realizada nas escolas da rede pública e nos centros de atendimento educacionais especializados públicos ou conveniados (SEESP/MEC, 2008, R. Educ. esp., Brasília, v. 4, n. 1, p. 7-17, jan./jun. 2008). É também papel do AEE produzir materiais didáticos e pedagógicos que auxiliam e dão suporte para o desenvolvimento educacional dos alunos, buscando atender as necessidades específicas deles dentro da sala comum. O trabalho deve ser feito com base nas atitudes e comportamento, focando sempre no seu desenvolvimento e aprendizagem, oferecendo ferramentas que facilitarão sua interação escolar e social. No trabalho do AEE, o papel do professor é muito importante no crescimento e desenvolvimento de ensino aprendizagem do aluno com deficiência. O atendimento especializado é um serviço feito em conjunto com a escola e sociedade, que acontece na rede pública de ensino, em salas de recursos multifuncionais, nas dependências interna da escola, mas que não pode ser considerado como uma aula igual às outras, mas sim um auxiliador na construção da aprendizagem. Como o Artigo 5° da Resolução CNE/CEB 4/2009 diz: O AEE é realizado, prioritariamente, na sala de recursos multifuncionais da própria escola ou em outra escola de ensino regular, no turno inverso da escolarização, não sendo substitutivo às classes comuns, podendo ser realizado, também, em centro de Atendimento Educacional Especializado da rede pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos (...). O AEE, na verdade, atende alunos da escola como os alunos vindos de escolas que não possuam o atendimento, pois sua proposta tem o intuito de atender todos os alunos com 18 necessidades, para uma melhor formação e desenvolvimento psicossocial desse aprendente no espaço interno da sala de aula comum, criando assim, a sua inclusão. O Atendimento Educacional Especializado tem o intuito de possibilitar que o aluno especial tenha maiores chances de ter um desenvolvimento educacional de qualidade, através de uma maior independência na produção intelectual e demais aspectos fundamentais ao seu crescimento de aprendente, de acordo com os limites e artifícios que são plausíveis a este, e, assim fazendo que ele possa estar apto a gerar saber, que lhe possibilite usá-los em diversos contextos e a si mesmo. Segundo o MEC (2009), a meta do AEE é proporcionar condições acessíveis às necessidades dos alunos com deficiências, nas quais ele possa construir saberes significativos ao pleno desenvolvimento biopsicossocial, tornando-se agente capaz de conquistar suas habilidades. É plausível mencionar a grandiosidade de serviços ofertados pelo AEE em busca de alcançar progressos cognitivos significativos ao aluno no seu processo de aprendizagem, consequentemente, facilitar sua socialização no ambiente escolar, familiar e social. É visível o papel indispensável na vida dos alunos com alguma necessidade, fazendo o papel de mediador para que seus alunos percebam que são capazes de acordo com suas características e ao seu tempo. 1.3 A acessibilidade no espaço escolar A inclusão só passou a ser amplamente expandida a partir da declaração de Salamanca em 1994, mas no Brasil em1997, como incentivo à valorização do respeito entre as diversidades dos indivíduos, acendendo, assim diversas discursões sobre o tema e das relações entres pessoas com deficiência ou não, com diferentes contextos educacionais, sociais e seus respectivos espaços físicos. No contexto escolar, todo indivíduo, deve ter garantido seu espaço de forma segura e independente. Segundo Manzini (2005, p. 32) embasado na NBR 9050 (ABNT, 2004), aborda o conceito de acessibilidade, que segundo o mesmo ela pode ser tanto física como de comunicação, pois: [...] a possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elemento. A mesma norma define o termo acessível como o espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento que possa ser alcançado, acionado, utilizado e vivenciado por qualquer pessoa, inclusive aquelas com mobilidade reduzida. O termo acessível implica tanto acessibilidade física como de comunicação. 19 O termo acessibilidade não se restringe apenas ao ambiente, ou apenas investir na infraestrutura de uma escola, o processo em si é muito mais abrangente e complexo, pois é preciso, também, que os profissionais recebam qualificações adequadas e materiais didáticos específicos, é preciso mudanças posturais, tanto na escola como nasociedade como um todo. Seguindo essa visão sobre o tema, o que se observa nas escolas é que os indivíduos mais penalizados com a falta de estruturas nas escolas são os deficientes físicos, pois sua mobilidade depende de toda a infraestrutura da escola, juntamente com seus profissionais. Percebe-se nas escolas o quanto ainda não estão adaptadas para garantir o direito de ir e vir desses indivíduos, nessa perspectiva nota-se a necessidade de mudanças de fazer adaptações, levando em conta que a escola deve ser um ambiente onde todos devem usufruir, e não impor que essas crianças especiais e as ditas normais sejam separadas e colocadas em espaços educacionais diferenciados, sem ter um contato umas com as outras. O princípio básico desta política é de que o sistema regular deva atender as especificidades dos alunos, sem fazer distinções entre cada aprendente, tornando-os excluídos do acesso e da permanência na escola. O AEE deve oferecer atendimento inclusivo, considerando os deficientes, físicos, visuais, auditivos e mentais na escola regular (BRASIL, 2001). Nesta concepção de pensar a inclusão pautada na complexidade pode-se entender o grande desafio que professores, família e outros profissionais ligados à área da educação precisam superar para que o processo de inclusão se torne algo real e concreto, mas é de suma importância, também, nesse processo a implementação de mais políticas públicas que envolvam a temática, afim de que se possa garantir o direito à educação. Segundo o documento que subsidia a inclusão em 2005, do Ministério da Educação (BRASIL, 2001), podemos perceber que Uma política efetivamente inclusiva deve ocupar-se com a desinstitucionalização da exclusão, seja ela no espaço da escola ou em outras estruturas sociais. Assim, a implementação de políticas inclusivas que pretendam ser efetivas e duradouras deve incidir sobre a rede de relações que se materializam através das instituições já que as práticas discriminatórias que elas produzem extrapolam, em muito, os muros e regulamentos dos territórios organizacionais que as evidenciam. A Educação Inclusiva busca proteger toda criança com necessidades especiais, reforçando que a mesma tem direito de frequentar escola regular, que sua acessibilidade deve ser garantida, bem como a inserção dela no espaço escolar, instigando ações de conscientização e combate ao preconceito, e esclarecendo que a criança especial pode 20 desenvolver atividades diversas, basta saber adaptar a sua capacidade, e o seu potencial, pois precisam se sentir parte do ambiente. Mas para tratar de inclusão deve ter a conscientização sobre a acessibilidade que é um fator essencial nesse processo, a adequação física do espaço que permite a todos um movimento e a execução das atividades necessárias. Na escola, a adequação do espaço é essencial para que os alunos com deficiências se locomovam por todo o espaço escolar e participem das atividades escolares. Segundo a ABNT (NBR 9050; 2004), acessibilidade é a: “possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos”. É importante lembrar que não há uma norma específica disponível para o ambiente escolar. Além do ambiente, a acessibilidade, também, está relacionada às propostas didáticas necessárias para que os alunos com deficiência possam ser incluídos e aceitos, podendo compartilhar das atividades organizadas no ambiente escolar. As atividades devem ser adaptadas de acordo com as necessidades dos alunos, de forma elaborada e planejada levando-se em consideração as limitações e habilidades, buscando opções compatíveis com as especificidades dos alunos. Tanto o professor em sala de aula, como a própria família devem conscientizar os demais para que não haja discriminação nem preconceito para com os alunos com deficiência, mostrar que a deficiência não faz dele uma pessoa incapaz, mas sim, com algumas limitações, que poderão ser superadas. E que apesar das diferenças somos todos iguais, é necessário respeitar e ajudar cada um com o seu jeito e suas respectivas deficiências. No Brasil ainda se tem muito a fazer em prol da acessibilidade para uma Educação Inclusiva, principalmente, no que se refere à parte física, estruturas mais confortáveis, banheiros acessíveis, salas de aula arejadas e amplas, transporte escolar adaptado. Imaginar uma família que tem um filho com deficiência e procura uma escola com objetivo de inseri-lo, mas que este ambiente não possua acessibilidade e perceba que a escola não está adaptada em suas estruturas e o diretor ao perceber a presença da família começa um diálogo e relata que não aceita a criança, isto é exclusão, tanto a criança como a família se sentiram excluídos, assim refletir sobre as situações encontradas na sociedade, inclusive nas escolas, sendo assim, o sistema escolar deve propor formação aos profissionais que compõem esta instituição, que a negação pode gerar consequências graves à família e, especialmente, a criança. Para que mudanças aconteçam é preciso que os colaboradores da instituição se movimentem e iniciem o processo de conscientização, refletindo que esse é um problema que precisa ser revisto com mais dedicação e responsabilidade, para que a cada dia avancemos 21 para um mundo de inclusão, onde todos tenham a educação escolar garantida, com escolas de qualidade e professores preparados. Portanto, a educação é essencial para que haja o desenvolvimento pleno e universal do ser humano, e principalmente, daqueles, que por algum motivo são tidos como diferentes, pois ela proporciona a humanização e a integração das diversidades. O Atendimento Especializado Educacional acaba por ser um auxiliador na manutenção da acessibilidade plena à educação de indivíduos que têm necessidades especiais. Pois, segundo a Declaração de Salamanca, (1994): “aquele com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que deve acomodá-los dentro de uma pedagogia centrada na criança e ser capaz de satisfazer tais necessidades”. A sala de AEE tem na sua proposta pedagógica assegurar a acessibilidade dos alunos especiais, no que diz respeito a questão do desenvolvimento cognitivo como nas ações que envolvem o bem-estar do aluno, dentro do ambiente escolar, esse aluno precisa se sentir parte dos dois ambientes, tanto da sala regular como a sala de AEE, já que ambas tem ações diferenciadas, mas possuem objetivos em comum; de transmitir o conhecimento e estimular à aprendizagem dos aprendentes. Pois, como Moretti e Corrêa (2009, p. 487) afirmam que a sala de AEE: "visa oferecer o apoio educacional complementar necessário para que o aluno se desempenhe e permaneça na classe comum, com sucesso escolar". As salas de recursos multifuncionais não podem ser vista como uma sala de aula e nem de reforço escolar, e sim como uma sala de aula complementar, onde o professor dar continuidade ao ensino da sala regular, de forma individualizada, e envolvendo o aluno e sua família, com o intuito de eliminar todas as barreiras que envolvem o processo de ensino da educação inclusa. 1.4 A importância das relações entre escola e família para Educação Inclusiva A família é a primeira organização social na qual as crianças entram em contato logo nos primeiros anos de vida, é com a família que ela vai adquirir hábitos, vai desenvolver sentimentos e ser inserida dentro de outros ambientes como a escola por exemplo. Tornando- se, assim uma instituição educadora dos anos iniciais da criança a família tem um papel importante na formação do sujeito e para ter um melhor entendimento sobre o tema, Castro (2000, p. 205) apresenta-a como sendo a "célula mater da sociedade”, pois a família é o primeiro contato social que a criança vivencia e onde aprende a dar os primeiros passos paraa 22 vida, é dependendo do convívio familiar que criança terá condições de desenvolver-se no ambiente escolar e social e fortalecer seu lado intelectual e social. Chalita (2001, p. 20): [...] a família tem a responsabilidade de formar o caráter, de educar para os desafios da vida, de perpetuar valores éticos e morais. Os filhos se espelhando nos pais e os pais desenvolvendo a cumplicidade com os filhos. [...] A preparação para a vida, a formação da pessoa, a construção do ser são responsabilidades da família. É essa a célula mãe da sociedade, em que os conflitos necessários não destroem o ambiente saudável. A contribuição positiva da família na vida escolar da criança é a base que contribui no processo de inclusão, pois a criança traz do meio familiar, costumes e práticas que serão analisadas dentro da escola, e na escola que essas diferenças serão perceptíveis tanto para a criança como para a instituição, Carvalho, (2007, p. 11) afirma que: “somos diferentes. Essa é a nossa condição humana”. Diferenças que precisam ser superadas com os estímulos de relações. Essa integração entre escola e família só é possível com a inclusão de fato desse aluno, que ele se sinta acolhido pela escola como todo, para tanto, cabe ao professor como mediador do conhecimento, oferecer um ensino com qualidade através de pesquisas, de metodologias e materiais didáticos adequados e diversificados, levando em conta as especificidades de cada aluno e respeitando as suas limitações de forma a conscientizar os envolvidos no processo educacional da criança com deficiência, que apesar de suas limitações, ainda assim são capazes de aprender ao seu tempo. A Declaração de Salamanca defendeu a concepção que, para a Educação Inclusiva é um grande desafio, definido que: Para promover uma Educação Inclusiva, o sistema educacional deve assumir que as “diferenças” humanas são normais e que a aprendizagem deve se adaptar às necessidades das crianças ao invés de se adaptar a criança a assunções preconcebidas a respeito do ritmo e da natureza do processo de aprendizagem. (BRASIL, 1994, p. 4) A inclusão deve começar no seio familiar, ela deve ser a primeira a acreditar no potencial da criança, incentivando seu desenvolvimento. É lamentável que em alguns casos aconteça uma rejeição por ter um filho diferente do idealizado, nesse tipo de comportamento é comum os pais acharem que não tem importância o seu filho frequentar a escola, por pensar que o mesmo seja incapaz de realizar alguma atividade. Dessa forma não percebe o quanto é 23 importante e significativo essa socialização para o desenvolvimento dele. Neste sentido a Declaração de Salamanca preconiza no Art.57 que: A educação de crianças com necessidades educacionais especiais é uma tarefa a ser dividida entre pais e profissionais. Uma atitude positiva da parte dos pais favorece a integração escolar e social. Pais necessitam de apoio para que possam assumir seus papéis de pais de uma criança com necessidades especiais. O papel das famílias e dos pais deveria ser aprimorado através da provisão de informação necessária em linguagem clara e simples; ou enfoque na urgência de informação e de treinamento em habilidades paternas constitui uma tarefa importante em culturas aonde a tradição de escolarização seja pouca (BRASIL, 1994, p. 5). Analisando a família e a escola como ambientes de desenvolvimento e aprendizagem humana, estudar as relações entre família-escola é possível atribuir diretamente fatores responsáveis pelo sucesso ou fracasso do aluno. Carvalho (2000, p. 2) aponta que, tradicionalmente, o sucesso escolar fica sujeito, na maioria das vezes, ao “apoio direto e sistemático da família que investe nos filhos”. Mas, para que isso ocorra é importante compreender qual o papel da família no desenvolvido biopsicossocial da criança e qual a contribuição que a mesma possa dar durante o processo de aprendizagem, no sentido de estar sempre buscando conhecimento necessário que possa ajudar essa criança com deficiência superar suas limitações. A educação juntamente com a família sempre ocupou um papel de destaque na sociedade, já que as duas são as principais responsáveis pela a formação integral do indivíduo, pois ambas são transmissoras de valores. O papel da família está ligado, mas com afetividade que são fundamentadas nas práticas do cotidiano, e vai servir como base para as crianças quando estiver dentro do ambiente escolar, assim esse aprendizado adquirido fora da escola se torna uma aprendizagem fundamental. Oliveira define a educação como (2003, p. 11): A Educação é uma das atividades básicas de todas as sociedades humanas, pois a sobrevivência de qualquer sociedade depende da transmissão de sua herança cultural aos jovens. Toda sociedade, portanto, utiliza os meios necessários para perpetuar sua herança cultural e ensinar aos mais jovens os costumes do grupo. Nesse sentido quando se aborda o tema inclusão associado à família e a escola, nota-se que por algum tempo a escola limitava o processo de educação somente para aquelas crianças dita como normais, uma exclusão que teve confirmação tanto nas práticas educacionais como 24 dentro das políticas públicas no que se refere à educação. A criança onde antes era vista como indivíduo fora dos padrões de normalidade passou a ser visto como um ser capaz. Deve-se refletir sobre as novas maneiras de pensar e criar propostas que desenvolva o processo de democratização, tornando-o um ser participativo no seio familiar, escolar e social. A família se tornou uma parte fundamental do processo de inclusão escolar, mas até que alcance algum resultado ela precisou mudar a forma de pensar, amadurecer a ideia da importância de introduzir a criança dentro do meio escolar, Glat e Duque, (2003, p.97-98) a família: (...) eu tenho que introduzir ele. Eu não posso chegar, porque meu filho é especial, é uma criança especial, e botar ele dentro de uma redoma de vidro e andar com ele feito um passarinho preso na gaiola... Pelo contrário, eu acho que para o desenvolvimento dele, inclusive, ele tem que ver outras pessoas... às vezes ele está vendo uma criança fazer um negócio ali, que ele sente vontade de fazer, e sente dificuldade, mas que ele vendo... Ele acaba imitando e daqui a pouco acaba fazendo também (...). No processo de mudanças, a família assume novas concepções do real papel da escola para as crianças com necessidades especiais, além dela a escola também teve que rever sua função diante dos novos desafios em ampliar todo e qualquer conhecimento social e cultural que o aluno possua e procura meios que faça com que esse aluno supere o senso comum. Na elucidação supracitada, a escola passou a ver a família como grande aliada pela luta contra exclusão de crianças com necessidades especiais e a família aos poucos vem ajudando e exercendo seu papel diante das escolas eliminando barreiras e tornando esse espaço menos fechadas e abertas à inclusão dando sentido de mudar seus conceitos passando a ver o termo “necessidades especiais” a que não se refere apenas à condição de deficiências, e que a maioria das crianças, ao longo de sua vida, sempre apresentaram algum tipo de dificuldade educacional, pois segundo a (UNESCO, 1994, p. 11-12) fala que: O princípio fundamental das escolas inclusivas consiste em todos os alunos aprenderem juntos, sempre que possível, independentemente das dificuldades e das diferenças que apresentem. Estas escolas devem reconhecer e satisfazer as necessidades diversas dos seus alunos, adaptando- se aos vários estilos e ritmos de aprendizagem, de modo a garantir um bom nível de educação para todos, através de currículos adequados, de uma boa organização escolar, de estratégias pedagógicas, de utilização de recursos e de uma cooperação com as respectivas comunidades.É preciso, portanto, um conjunto de apoios e de serviços para satisfazer o conjunto de necessidades especiais dentro da escola. 25 Portanto, o que se espera da escola e da família é uma troca de experiências e valores afim que os direitos das crianças com necessidades especiais, sejam garantidos e para que, realmente, aconteça de forma visível e ordenada, a escola precisa transmitir segurança para a família em prol de amenizar angústias e medos, que muitos pais desenvolvem a respeito do desempenho do filho na escola. Nesses aspectos presentes nos sentimentos das famílias o essencial seria que os pais se interessassem e acompanhassem com mais proximidade a vida acadêmica dos filhos, conscientizando-se das limitações e dificuldades, mas não esquecendo que cada criança apresenta características únicas que o diferencia das demais pessoas no ambiente escolar. Para Piaget (2007, p.50): Uma ligação estreita e continuada entre os professores e os pais leva, pois a muita coisa que a uma informação mútua: este intercâmbio acaba resultando em ajuda recíproca e, frequentemente, em aperfeiçoamento real dos métodos. Ao aproximar a escola da vida ou das preocupações profissionais dos pais, e ao proporcionar, reciprocamente, aos pais um interesse pelas coisas da escola chega-se até mesmo a uma divisão de responsabilidades [...]. As relações entre família e escola devem acontecer de forma participativa e somatória que resultará em pontos positivos para o processo de desenvolvimento do aluno com deficiência, a família pode fornecer informações de suma importância sobre esse aluno que inicialmente seria impossível perceber em seu atendimento, enquanto a escola pode participar diretamente com a família em todas as evoluções adquiridas pelo aluno durante todo o processo, ou seja, uma associação que trará benefícios para as ambas as partes. 1.5 A Evolução do Processo de Inclusão Com base nos estudos e em observações é possível verificar que durante a trajetória histórica da educação, foram implementadas diversas e grandiosas iniciativas, porém, muito ainda está por ser feito. Neste sentido, a legislação brasileira vem sendo modificada e adaptada para poder garantindo os direitos educacionais de todos os indivíduos, fazendo com que a escola tenha a obrigação de matricular crianças e jovens sem distinções, discriminações, necessidades educacionais especiais, entre outras características que o impeçam de frequentar as escolas públicas ou privadas, e que seus direitos sejam garantidos por lei, assegurando, assim, o acesso contínuo aos espaços escolares. Pois, como é definido nas Diretrizes 26 Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (CNE/CEB nº 2/2001), determina que: Determinam que os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizarem-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais (art. 2º), o que contempla, portanto, o atendimento educacional especializado complementar ou suplementar à escolarização. Porém, ao admitir a possibilidade de substituir o ensino regular, acaba por não potencializar a Educação Inclusiva prevista no seu Artigo 2º. A inclusão escolar é mais abrangente e complexa do que se imagina, e o currículo a principio, não tem uma adequação com o cotidiano das crianças com necessidades especiais, ocasionando, assim, em uma má qualidade no ensino das crianças com deficiências, onde várias dificuldades são encontradas e profissionais desmotivados, que não se sentem aptos no seu trabalho por falta de infraestruturas e pais despreocupados com o aprendizado dos seus filhos, apesar das inúmeras dificuldades de acolher e mantém esse aluno nas escolas, ofertar um ensino de qualidade e acessível, as salas de AEE vêm se reconstruído em resposta a uma sociedade tão complexa e diversificada, travando uma batalha que assegure a permanecia dos alunos dentro das instituições escolares de forma continua. Gómez (1992, p. 105-106), discorre que: Ao se deparar na sala de aula, com alunos com necessidades diferentes das que ele está acostumado a lidar, o professor, sente-se sozinho e confuso, não tem o apoio de que necessita, porque não há um trabalho conjunto, mas também não identifica suas limitações, reproduzindo sua aparente prática que nem sempre produz resultados positivos, para situações cada vez menos semelhantes. Interrompe o seu próprio diálogo criativo com a situação real complexa. Quando a escola faz valer os direitos e torna-se uma instituição acessível para todas as especificidades, e garantindo as crianças com necessidades especiais, o contato com os ambientes escolares, conteúdos e comunidade que envolve a escola seja envolvida em uma única perspectiva social, com pequenas ações que fazem a escola saltar para o caminho da inclusão. Para Mantoan (2003, p. 32): “inclusão escolar é um direito de todos os alunos”, ela continua seu pensamento na seguinte consideração: 27 […] a inclusão é produto de uma educação plural, democrática e transgressora. Ela provoca uma crise escolar, uma crise de identidade institucional, que, por sua vez, abala a identidade dos professores e faz com que seja ressignificada a identidade do aluno. O aluno da escola inclusiva é outro sujeito, que não tem uma identidade fixada em modelos ideais, permanentes e essenciais. O desafio que confronta a escola inclusiva é o de ensinar em conjunto todos os alunos tantos os ditos “normais”, como os demais considerados “especiais”, de acordo com as dificuldades encontradas no mesmo ambiente escolar, tendo o compromisso de adaptar os conteúdos, assumindo as diferenças humanas como normais. Além de criar uma pedagogia centrada nas características específicas das crianças e na melhoria do ambiente escolar é favorável para toda a comunidade escolar. O conjunto de sociedade para o desenvolvimento do processo de aprendizagem e a integração à comunidade e suas necessidades particulares. Vários questionamentos são levantados quando se fala em “escolar ideal para processo inclusivo”. Para Mantoan (2003, p. 25): O que significa educação para todos? O que implicaria a igualdade e oportunidade? Quais as demandas que emergem no processo ensino- aprendizagem? Como a escola tem se organizado para responder essa demanda? Como se dá na prática pedagógica à diversidade em que pais, alunos, comunidade estão participando do projeto-político-pedagógico da escola? Enfim, a escola está caminhando para a inclusão social, ou está maquiando uma realidade apenas com objetivo de fugir do fenômeno da exclusão social? Em se tratando de ambiente escolar fica enfatizado que o melhor caminho para a inclusão de crianças com e sem deficiência, é uma educação que respeite as características individuais, além disso, que, ofereça alternativas pedagógicas inerentes às necessidades educacionais de cada aluno, isto é, uma escola que ofereça estas condições um ambiente acolhedor, onde as diferenças possam servir como aprendizado, como ressalta Boa Ventura de Sousa Santos (in BULGARELLI, 2004, p. 7): “temos o direito de ser igual quando a diferença nos inferioriza, temos o direito de ser diferentes quando a igualdade nos descaracteriza”. Essa prática desperta nas crianças o respeito pelo seu próximo independente de qualquer condição que o outro possua, todas as ações centradas nas diferenças trazem melhorias e benefícios para a escola como para a família. 28 1.6 O Serviço Ofertado nas Salas de AEE e a Inserção dos Alunos com Necessidades Especiais da Rede Regular de Ensino do Municipal de Parnaíba-PI De início vale ressaltar que os programas das salas de AEE não é obrigatório, e não possui nenhuma condição que impeça aos alunos com necessidades especiais, seja matriculado no ensino regular, deixando a família livre em poder optarou não em aderir a esse programa, porém ele é garantindo por lei e documentando na Constituição Federal de 1988, onde é assegurado o princípio de igualdade, garantido no Artigo 2006, inciso I, que fala: “o ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: igualdade de condições para o acesso e permanência na escola”, estes princípios são conceituados nacionalmente como internacionalmente, são documentos que garantem os direitos de pessoas com necessidades educacionais especiais frequentarem o ensino regular, na concepção de Fávero, (2007, p. 20): A sala de AEE não deve ser: “adotado de forma obrigatória ou como condição para o acesso ao ensino comum”. Dar liberdade de escolhas para o livre acesso aos ambientes escolares é de muita relevância para o êxito do programa. Com esse novo rumo que a Educação Inclusiva vem percorrendo ao longo de seu percurso fica óbvio que os espaços escolares e a sociedade como um todo, tem um papel fundamental na efetivação de uma nova escola inclusiva. O professor engajado nessa nova proposta deverá planejar suas ações a fim de identificar os diferentes tipos de necessidades educacionais e para depois poder definir os recursos e as atividades que serão desenvolvidas em sala de aula, tendo como foco as particularidades de cada criança, a sala de AEE precisa ter além do docente, uma equipe multidisciplinar, que esteja preparada para atender as complexidades de cada criança, ou até outros profissionais que auxiliem em questões de alimentação, locomoção e higiene, enfatizando, assim a importância do trabalho das redes de apoio, das articulações entre professores para que o trabalho tenha êxito e alcance o propósito desejado. Para um professor atuar dentro da sala de aula de Atendimento Educacional Especializado ele precisará ter habilidades na área da docência que envolve a educação especial. Pois, segundo a resolução CNE/CEB n.4/2009, no seu Artigo 12 afirma: [...] o professor deve ter formação inicial que o habilite para exercício da docência e formação específica na educação especial. O docente deve abranger e inovar nas suas práticas pedagógicas e desenvolver ações que possam englobar todo o corpo discente para que os mesmos possam ter um atendimento educacional de qualidade. 29 Para a escola ter uma sala de recursos e responder aos objetivos de uma prática educacional inclusiva que organiza serviços para o Atendimento Educacional Especializado disponibilizando aos educadores novas ferramentas pedagógicas para a participação efetiva dos alunos, melhorando o aprendizado em classe regular. Mas, é necessário trabalhar a inclusão não só na sala de AEE, mas como em todo o ambiente escolar oportunizando uma convivência harmoniosa com os outros alunos. Infelizmente, o que é possível presenciar nas salas de AEE é professores tentando buscar recursos direcionados a especificidade de cada aluno com alguma dificuldade sendo elas as mais diversas, a fim de ajudá-lo no seu desempenho dentro da sala de aula regular, enquanto a professora da sala comum vê esse aluno apenas como aluno da sala de AEE não aproveitando de nenhuma forma o trabalho feito pela sala de AEE. Para Batista e Mantoan, (2005, p. 26): O Atendimento Educacional Especializado garante a inclusão escolar de alunos com deficiência, na medida em que lhes, oferece o aprendizado de conhecimento, técnicas, utilização de recursos informatizados, enfim tudo que difere dos currículos acadêmicos que ele aprenderá nas salas de aula das escolas comuns. Ele é necessário e mesmo imprescindível, para que sejam ultrapassadas as barreiras que certos conhecimentos, linguagens, recursos apresentam para que os alunos com deficiência possam aprender nas salas de aula comum do ensino regular. Portanto, esse atendimento não é facilitado, mas facilitador, não é adaptado, mas permite ao aluno adaptar-se às exigências do ensino comum, não é substitutivo, mas complementar ao ensino regular. Portanto, nas palavras dos teóricos, é possível afirmar que apesar das dificuldades enfrentadas, o AEE busca melhorar o seu atendimento da melhor forma possível, mas para isso acontecer, significativamente, é necessária a colaboração de toda escola e sociedade. Contudo, o AEE alcançou avanços no processo de inclusão, com uma evolução e transformação no atendimento de alunos com necessidades educacionais especiais. Onde o documento da Secretaria de Educação Especial, Educar na Diversidade (2005, p. 28) frisa que: Um aspecto fundamental para a aprendizagem é a existência de um clima acolhedor e prazeroso na sala de aula. Pesquisas têm demonstrado que os alunos e alunas aprendem melhor em um ambiente positivo, no qual as relações de apoio e cooperação, a valorização do outro, a confiança mútua e autoestima, constituem fatores essenciais à aprendizagem efetiva. Daí a importância de garantir que os docentes em processo de formação para a 30 inclusão vivenciem tal clima, a fim de que possam incorporar esta dimensão do processo educacional à sua prática de ensino. As salas de recursos multifuncionais nas escolas apresentam no seu contexto um novo paradigma educacional, onde a criança especial não é, mas deixada de fora do convívio escolar, e os professores são levados a buscar algum tipo de especialização na área para ampliar conceitos tradicionalmente impregnados, com o intuito de qualificar o ensino, a assiduidade do aluno e participação da família. 31 CAPÍTULO 2 COMPREENDENDO OS PASSOS DA METOLOGIA DA PESQUISA Essa pesquisa de conclusão de curso realizou-se por meio de uma revisão literária e observações em sala de aulas tendo como propósito analisar o processo de inclusão de crianças com necessidades especiais em duas escolas municipais de Parnaíba/PI. Para este trabalho monográfico cujo tema: Atendimento Educacional Especializado: limites e possibilidades de ações e experiências educacionais inclusivas em duas escolas públicas do município de Parnaíba-PI. Utilizou-se, inicialmente, uma pesquisa bibliográfica com autores conhecidos, assim como pesquisas em artigos e sites relacionados ao assunto em questão. Sendo utilizado, ainda um questionário semiestruturado, para uma melhor exposição do problema. Segundo Gil (1994, p. 43), “questionário é uma técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativa, situações vivenciadas e etc.”, no entanto, pode-se apresentar que o questionário é uma das formas mais precisas e fáceis de realizar uma pesquisa qualitativa, pois tem muitas vantagens, além do tempo que se economiza, tem a veracidade dos fatos que contém nele por ser uma opinião própria da pessoa que estendo, sem intermediação de nenhum teórico. Na realização da pesquisa, a metodologia promoverá ao pesquisador organizar caminhos que favoreçam encontrar respostas de acordo com o que se quer alcançar, assim, este trabalho define-se como descritivo, na busca de proporcionar uma investigação aprofundada do tema em referido, embora pouco difundido e inserido no contexto social, ainda, com precariedade e ausência nas escolas do município de Parnaíba. O presente trabalho se desenvolveu por meio de uma pesquisa de caráter descritivo no qual se realizou uma revisão literária e prosseguindo o estudo no contexto empírico como forma de aprofundar conhecimentos teóricos sobre o assunto e, também, subsidiar a fundamentação teórica do proposto trabalho. Quanto ao método científico, Andrade (1995, p. 95) “[...] é o conjunto de procedimentos sistemáticos, baseado no raciocínio lógico, que tem por objetivo encontrar soluções para problemas propostos, mediante a utilização de métodos científicos”. Assim, há a necessidade por partedo pesquisador em planejar aquilo a que se propõe, por meio da utilização de métodos científicos. Dessa forma, a pesquisa científica tem por alvo alcançar o 32 saber, para satisfazer o desejo de adquirir conhecimentos, sendo esta de ordem prática e o outro objetivo é contribuir para o progresso da Ciência, sendo este de ordem intelectual. Nas palavras das teóricas Marconi e Lakatos (2010, p. 156): “técnica é um conjunto de procedimentos ou processos de que se serve uma ciência ou arte; é a habilidade para usar esses preceitos ou normas, a parte prática”. Diante deste pensamento, há a afirmação de que a técnica contribui na parte prática da elaboração do projeto, por designar os procedimentos pelo qual o pesquisador se baseará para a realização deste, facilitando assim, o seu desenvolvimento. Ainda para Marconi e Lakatos (2010, p. 65): “método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo [...], traçando o caminho a ser seguido”. Portanto, método consiste nas atividades que facilitarão o alcance dos objetivos. 2.1 Campo Empírico da Pesquisa A pesquisa se deu em duas escolas da Rede Municipal de Ensino de Parnaíba-PI. A primeira escola a ser visitada foi a escola, denominada, ESCOLA 1, situada no bairro Ceará, um bairro de classe média baixa, fundada em 1º de janeiro de 1986, funcionando a trinta e um anos atento as necessidades da comunidade na qual está localizada, a estrutura física da escola encontra-se em perfeitas condições de funcionamento e está composta por uma diretoria, sala de professores, biblioteca, sala de AEE, cinco salas de aula do ensino regular, sala de informática, banheiros e cantina, seu quadro de funcionários está composto assim: 1 (uma) gestora, 21 (vinte e um) professores, 3 (três) vigias, 1 (uma) merendeira, 5 (cinco) zeladoras, 2 (duas) secretárias e 1 (um) técnico em informática, funcionando nos três turnos com o ensino fundamental do 1º ao 5º ano, perfazendo um total de 355 (trezentos e cinquenta e cinco) alunos divididos da seguinte maneira: 92 (noventa e dois) alunos no turno da noite; 120 (cento e vinte) alunos no turno da tarde e 121 (cento e vinte e um) alunos no turno da manhã. A sala de AEE da ESCOLA 1 funciona com 2 (duas) professoras e tem 23 (vinte e três) alunos com necessidades especiais, porém antes da implantação da sala de AEE, ela funcionava em 2005, como uma sala de APE, desenvolvendo atividades de reforço escolar e só em 2010 que deram início ao funcionamento da sala de AEE devido às necessidades da escola em atender crianças com deficiências. A segunda foi denominada ESCOLA 2, localizada em um bairro de classe média, funcionando os dois turnos com salas desde o 1º ao 9º ano do ensino fundamental, tem uma 33 estrutura em perfeitas condições que permite a boa qualidade de ensino, funciona com um total de 845 (oitocentos e quarenta e cinco) alunos divididos nos dois turnos, 686 (seiscentos e oitenta e seis) alunos pela manhã e 159 (cento e cinquenta e nove) no período da tarde, seu quadro de funcionários está composto da seguinte maneira: 48 (quarenta e oito) professores, 4 (quatro) assessores escolares, 4 (quatro) auxiliares de secretaria, 1 (um) secretário, 1 (um) técnico de informática, 1 (uma) gestora, 4 (quatro) zeladoras e 6 (seis) vigias, funciona com 24 (vinte e quatro) salas de aula e uma sala de AEE, que foi implantada em 2006, com 11 (onze) alunos divididos nos dois turnos, sendo 5 (cinco) pela manhã e 6 (seis) no período da tarde, também tem 2 (duas) professoras, ficando uma no turno da manhã e as duas no turno da tarde. Analisando o ambiente físico das escolas pesquisadas pudemos observar que a primeira escola a organização da sala é mais sistematizada e aparelhada com mais recursos didáticos e materiais diversos, reciclados para as professoras trabalharem as necessidades dos alunos, o ambiente é arejado e limpo. 2.2 Público Alvo da Pesquisa A colaboração dos participantes na pesquisa, proporciona ao trabalho encontrar respostas às suas indagações. Os colaboradores foram duas docentes atuantes em sala de Atendimento Educacional Especializado. Em ambas foram utilizados pseudônimos, com o objetivo de preservar suas identidades. Ressaltamos que além de suas participações serem relevantes ao trabalho, foram observadas a didática, a metodologia utilizada pelas docentes no atendimento às crianças com necessidades especiais e a inclusão destas na sala de aula de ensino regular. A professora “Adália”, pseudônimo dado à professora da 1ª escola visitada, é formada em História e Geografia, com especialização em Atendimento Educacional Especializado, exercendo a função de professora há 28 anos e com 10 anos na sala de AEE. A professora “Verbena”, também pseudônimo, tem 15 anos de docência, tem duas graduações, Normal Superior e Geografia, sendo especializada em Educação Especial e Atendimento Educacional Especializado e atua a 13 anos nessa área da educação. 34 CAPÍTULO 3 CONSTRUÇÃO DE SABERES: ANÁLISE E DISCUSSÕES A pesquisa ocorreu na cidade de Parnaíba-PI, teve por cenário duas escolas municipais, denominadas “ESCOLA 1” e “ESCOLA 2”. Com o principal propósito de perceber como está sendo realizado o trabalho de acompanhamento dos professores diante dos alunos com necessidades especiais dentro da sala de AEE, bem como de perceber a participação dos pais dentro deste contexto. 3.1 Apresentação de Dados Para a realização da coleta de dados optou-se por um questionário, de sete questões, com perguntas abertas para os professores, adequadas ao conteúdo pesquisado, esse instrumento possibilitou a obtenção de informações necessária à pesquisa. As professoras participantes são formadas em áreas da educação com especializações na educação especial e trabalham na rede regular de ensino de Parnaíba-PI, preferiu-se por manter seus nomes no anonimato para a apresentação das respostas, mesmo assim, buscou-se analisar de forma igual a opinião das professoras e concluir a análise dos dados com o que foi presenciado dentro da prática de cada uma. Denominando de Professora Adália e Professora Verbena. 3.2 Análise de Dados A análise dos dados ocorreu, inicialmente, com uma observação em sala de aula da prática pedagógica utilizada pelas professoras, em seguida com a distribuição do questionário para que elas respondessem e assim, se iniciou a ordenação dos dados, transcrição para melhor compreensão, classificação dos dados, os quais foram distribuídos por categorias. O questionário buscou abordar diversas vertentes que englobam a educação especial, entre eles a inclusão, o acompanhamento pedagógico em sua formação, e os desafios cotidianos na rotina dos alunos, da escola, participação de pais e alunos, a proposta foi colher informações através do questionário, mas ao se deparar com o ambiente e a professora foi que se instaurou um bate papo que proporcionou o esclarecimento de dúvidas que o visual não pode responder. 35 Na busca em conhecer o significado e a função de uma sala de AEE, observou-se que esse conhecimento só veio ser possível e ser destacado com o Decreto nº 6571, de 17 de setembro de 2008: Art. 1º: A União prestará apoio técnico e financeiro aos sistemas públicos de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na forma deste Decreto, com a finalidade de ampliar a oferta do atendimento educacional especializado aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, matriculados na rede pública de ensino regular. Dentro do contexto, iniciamos perguntando às professoras em relação a sua formação e as mudanças no sistema de ensino educacional diante da proposta inclusiva. Como você ver o professor de antes e o da atualidade? ProfessoraAdália: Inicialmente a professora nos aponta diferenças existentes na formação de professores nos dias de hoje para o tempo em que ela se formou e levanta a questão “em que antigamente elas saiam da escola normal já preparadas para assumir uma sala de aula, ao contrário dos dias de hoje em que se tem muita teoria e pouca prática na perspectiva da entrevista” e faz logo de ante mão um breve levantamento de sua trajetória na educação até chegar à sala de AEE, ressaltando que durante sua formação não teve nenhum conhecimento inclusivo durante a graduação diferente da atualidade que conta ate com a disciplina de Educação Especial na graduação. Com isso percebemos que, com suas respostas bem sucintas, a professora conhece todos os meios que envolvem a realidade da sala de AEE, que vai desde a formação do educador, passando pela estrutura do ambiente e até chegar a realidade e o conhecimento de cada aluno. Professora Verbena: Atualmente se percebe uma maior participação e interesse por parte de alguns professores, visto que, a inclusão é uma realidade que veio pra melhor atender os alunos com necessidades especiais. Assim, falando de inclusão, percebem-se logo os desafios que surgirão no momento da realização deste. As dificuldades são tanto para os docentes, quanto para a família, o discente e a própria comunidade escolar, pois todos estão envolvidos neste processo. Em relação à inclusão de alunos com necessidades especiais, Mantoan (2006, p.23),ressalta que: 36 Nosso sistema educacional, diante da democratização do ensino, tem vivido muitas dificuldades para equacionar uma relação complexa, que é a de garantir escola para todos, mas de qualidade. É inegável que a inclusão coloca ainda mais lenha na fogueira e que o problema escolar brasileiro é dos mais difíceis, diante do número de alunos que temos de tender, das diferenças regionais, do conservadorismo das escolas, entre outros fatores. Conforme a autora é preciso fazer valer o direito ao ensino de qualidade para o discente com necessidades especiais, requer maior complexidade, pois quando se fala do tipo de ensino, muitas dificuldades surgem, devido a vários fatores, como: a grande quantidade de alunos nas salas onde o aluno especial está inserido, as diferenças regionais, o tradicionalismo das escolas, entre outros fatores. Dentro desse contexto buscamos indagar das professoras se de acordo com MEC como deve ser a sala de AEE e a sala regular? Professora Adália: Sabemos que a inclusão é de extrema importância na militância educacional aplicada hoje no ensino e esta deve ser responsável por garantir a qualidade social da educação que acontece e se desenvolve em todos os âmbitos da escola, fundamentalmente na sala de aula, assim como em todas as demais ações pedagógicas do trabalho coletivo, e mesmo a entrevistada se propondo a realizar em sua escola, ela dita que há dificuldades para tal execução ainda, pois, a própria sala de AEE não tem o total preparo para determinadas limitações como, por exemplo, a cegueira. A professora nos aponta os dois formatos de sala, a sala 1 e 2 de acordo com as normas do MEC, sendo que o formato 2 é que é preparada estruturalmente para receber determinados alunos. A sala 1, a que ela trabalha vem voltada mais para alunos com transtornos de aprendizagem como os TGD’s e o aluno surdo, e isso demonstra para a professora certa insatisfação no trabalho educacional, pois há determinadas necessidades que poderiam ser sanadas na sala de AEE por elas, mas por uma determinação no código de lei que rege o ensino inclusivo, elas ficam impossibilitadas de ajudar alguns alunos, como por exemplo, as pessoas com dislexia, que também necessitam de um olhar diferenciado no seu ensino e a eles é negado o auxílio pelo fato que a sala não foi designada para esse público. A sala de AEE é um espaço informatizado e com diversos recursos pedagógicos, que possam atender os alunos da própria escola e de outras escolas da rede pública. O AEE mantém um vínculo muito forte com a sala de aula regular desde o planejamento à execução dos conteúdos e avaliação da aprendizagem. O AEE é um elo entre a sala regular. 37 Professora Verbena: A sala de AEE com as tecnologias assistivas e todo suporte para atender todas as deficiências e a sala regular com as adaptações necessárias e o apoio da professora. Notamos aqui que a professora Adália foi muito longa em sua resposta, porém não conclusiva ao que perguntamos, enquanto a professora Verbena foi concisa, porém direta ao que foi perguntado. Assim percebemos que apesar de ser uma sala atualizada e com todos os recursos, a professora Adália não entendeu o contexto da questão. No entanto, nenhuma comentou sobre o que diz a Lei que rege o todo sistema no sentido educacional LDB, Lei Nº 9394/96 de 1996. Assim, esta destaca que: Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. §1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender as peculiaridades da clientela de educação especial. §2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns do ensino regular. §3º A oferta da educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil. (BRASIL, 2011). Conforme a lei disposta na LDB sobre educação especial ressalta, entende-se que sempre que forem matriculados alunos com necessidades especiais na rede regular, a instituição deverá oferecer serviço de apoio especializado que atenda as necessidades especializadas para esse tipo de clientela. Além do mais, ressalta que dependendo da necessidade, o aluno deverá sair de salas comuns para salas especiais que atendam às suas necessidades. Assim, conhecer as deficiências é o primeiro passo para lidar com as mesmas. Conforme Delou (2008, p. 55), alunos deficientes são: Aqueles que manifestam comportamentos particulares que impeçam procedimentos rotineiros das práticas pedagógicas em sala de aula. São alunos que se diferenciam por seus ritmos de aprendizagem, sejam mais lentos ou mais acelerados. Apresentam dificuldades de aprendizagem, que nenhum médico, psicólogo ou fonoaudiólogo conseguiu identificar qualquer causa orgânica ou relacionada às características orgânicas como às síndromes, lesões neurológicas por falta de oxigenação pré, peri ou pósnatal. 38 Conforme a autora acima citada para identificar um aluno com necessidades especiais torna-se um processo longo e atencioso, partindo desse pensamento e para aprofundar mais nosso conhecimento sobre o tema, indagamos como se dá o diagnóstico dos alunos que apresentam alguma necessidade especial? Professora Adália: Disse que o professor não tem autonomia para dá um diagnóstico, mas ela observa os sintomas e características dos alunos, orienta a família para leva-los ao neurologista, este requisita os exames clínicos e são avaliados por uma equipe multidisciplinar. Com o diagnóstico em mãos o professor elabora questionamentos com o professor da sala de aula comum e a família elaborando um estudo de caso e um plano de AEE, daí então pode-se fazer o atendimento com segurança. Mas não há obrigatoriedade do mesmo naquele centro de ensino e que isso é algo que já deve vir com o aluno de casa, pois são características muito das vezes observadas nos primeiros anos da criança e que a mesma chega à escola já possuindo tal diagnóstico, mas que mesmo o aluno não possuindo tal laudo médico, ele não é negado o auxílio se o mesmo possuir
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