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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE – UERN CAMPUS AVANÇADO PROFª. MARIA ELISA DE A. MAIA – CAMEAM DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – DE NÚCLEO DE ESTUDOS EM EDUCAÇÃO – NEED MÍRIAN PALOMA FERREIRA GOMES UMA ANÁLISE SOBRE A IMPLANTAÇÃO DA SALA DE RECURSOS NO MUNICIPIO DE SÃO FRANCISCO DO OESTE: dificuldades, possibilidades e desafios. PAU DOS FERROS /RN 2018 MÍRIAN PALOMA FERREIRA GOMES UMA ANÁLISE SOBRE A IMPLANTAÇÃO DA SALA DE RECURSOS NO MUNICÍPIO DE SÃO FRANCISCO DO OESTE: dificuldades, possibilidades e desafios. Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia, do Departamento de Educação da Universidade do Estado do Rio grande do Norte – UERN, Campus Avançado Profª. Maria Elisa de Albuquerque Maia – CAMEAM, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia. Orientadora: Prof.ª. Ma. Cristiane de Fátima Costa Freire. PAU DOS FERROS /RN 2018 © Todos os direitos estão reservados a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. O conteúdo desta obra é de inteira responsabilidade do(a) autor(a), sendo o mesmo, passível de sanções administrativas ou penais, caso sejam infringidas as leis que regulamentam a Propriedade Intelectual, respectivamente, Patentes: Lei n° 9.279/1996 e Direitos Autorais: Lei n° 9.610/1998. A mesma poderá servir de base literária para novas pesquisas, desde que a obra e seu(a) respectivo(a) autor(a) sejam devidamente citados e mencionados os seus créditos bibliográ�cos. Catalogação da Publicação na Fonte. Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. G633a Gomes, Mirian Paloma Ferreira UMA ANÁLISE SOBRE A IMPLANTAÇÃO DA SALA DE RECURSOS NO MUNICÍPIO DE SÃO FRANCISCO DO OESTE: dificuldades, possibilidades e desafios.. / Mirian Paloma Ferreira Gomes. - Pau dos Ferros-RN, 2018. 71p. Orientador(a): Profa. Mª. Cristiane de Fátima Costa Freire. Monografia (Graduação em Pedagogia). Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. 1. Atendimento Educacional Especializado. 2. Sala de Recursos Multifuncionais. 3. Educação inclusiva. I. Freire, Cristiane de Fátima Costa. II. Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. III. Título. O serviço de Geração Automática de Ficha Catalográ�ca para Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC´s) foi desenvolvido pela Diretoria de Informatização (DINF), sob orientação dos bibliotecários do SIB-UERN, para ser adaptado às necessidades da comunidade acadêmica UERN. MÍRIAN PALOMA FERREIRA GOMES UMA ANÁLISE SOBRE A IMPLANTAÇÃO DA SALA DE RECURSOS NO MUNICÍPIO DE SÃO FRANCISCO DO OESTE: dificuldades, possibilidades e desafios. Monografia aprovada como requisito para a conclusão do Curso de Graduação em Pedagogia (Licenciatura), pelo Campus Avançado “Profª. Maria Elisa de Albuquerque Maia” – CAMEAM, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN. Monografia aprovada dia 28 de julho de 2018. BANCA EXAMINADORA: _________________________________________________ Profª. Ma. Cristiane de Fátima Costa Freire Departamento de Educação/CAMEAM/UERN Orientadora ________________________________________________ Profª. Ma. Francisca Aline Micaelly da Silva Dias Departamento de Educação/CAMEAM/UERN 1ª Examinadora _________________________________________________ Prof.ª. Esp. Iana Fernandes Caldas. Faculdade Evolução Alto Oeste Potiguar- FACEP 2ª Examinadora LISTA DE SIGLAS AEE – Atendimento Educacional Especializado CAMEAM – Campus Avançado Prof.ª. Maria Elisa de Albuquerque Maia DE – Departamento de Educação EJA - Educação de Jovens e Adultos SRM – Sala de Recursos Multifuncionais UERN – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte LISTA DE QUADROS Quadro 01 – Especificação dos participantes da pesquisa .......................................................... 21 Quadro 02 – Número de alunos atendidos em 2017 ................................................................... 23 Quadro 03- Cursos essenciais ..................................................................................................... 42 Primeiramente a DEUS, pois somente ele que me sustentou e me deu saúde por todos esses anos, mas ele por ser tão perfeito me enviou anjos que me levantaram e me ergueram quando já não tinha mais forças para continuar. Meus pais: Mariana Ferreira de Lima e Antônio Raimundo Gomes, e claro minhas intensas guerreiras de curso, demais familiares e amigos... AGRADECIMENTOS Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. Filipenses 4:6 Gostaria de reprisar mais uma vez meu intenso agradecimento ao Senhor por tudo, pelo dom da vida e especificamente por este intitulado diploma, pois: “Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste. Col. Cap.1-17. Á ele o meu intenso agradecimento por todo cuidado, proteção, e ter me guiado neste caminho árduo. Aos meus queridos pais pela paciência que tiveram nos meus dias de estresse, pelas palavras de incentivo, de apoio financeiro pôr as vezes deixar de comprar algo para me ajudar, me buscar de guarda-chuva por conta da chuva durante a chegada do ônibus, são memorias que ficaram gravadas nesta caminhada. A minha irmã Maria Clara que por muitas vezes me ajudava no que podia para me tirar dos vários apertos da faculdade. A Todos os Meus Colegas de Curso pois passamos juntos muitas aflições, em especial às minhas amigas que ganhei de presente nessa aventura da universidade: Taís, Lorena, Tamires, Joseane, Maria Eliza, Luana, Glaúcia, Camila, entre outros... que estavam comigo em meus estresses, choros, e alegrias, muitas vezes estávamos fracos mas apoiávamos umas a outras nos obstáculos acadêmicos e pessoais.. foram muito os momentos que me toleraram e fizeram da minha caminhada acadêmica prazerosa e contagiante, que Deus abençoe a todos! A Minha Orientadora Professora Cristiane de Fátima Costa Freire, que acreditou na minha pesquisa e na minha competência, que nas condições presentes da pesquisa obteve barreiras de me orientar, mas persistiu e em todo instante procurou me incentivar e engradecer este trabalho, meu muitíssimo obrigada! A todos os meus professores que me ensinaram durante a faculdade, cada um deles trouxe seus ensinamentos contribuintes a minha formação, obrigada pelos “puxões de orelha” e incentivos para nos preparar a esta sociedade criteriosa. Aos meus amigos e parentes em geral, quem sabe das minhas aflições se sentirá tocado neste momento, obrigado pelo incentivo e encorajamento! Mas em especial minha https://www.bibliaon.com/versiculo/filipenses_4_6/ vizinha e amiga Gilvanir que nunca poupou esforços para me ajudar academicamente e com apoio moral, o meu muito obrigada. Aos Autores Consultados, pois sem eles jamais teria feito tal trabalho. Para quem quiser saber mais sobre esse assunto, divido minhas contribuições com vocês, qualquer erro é de minha inteira responsabilidade. “A inclusão acontece quando se aprende com as diferenças e não com as igualdades” (Paulo Freire) RESUMO Ensinar sempre foi uma missão de coragem, conhecimento e técnica. E esse trabalho não é fácil, e principalmente nos tempos atuais onde o percentual de crianças com necessidades educacionais aumentou, nesse sentindo novos projetos,e leis, têm sido criados para proporcionar um suporte e melhorias significativas para ajudar o professor no processo de ensino-aprendizagem e desenvolvimento do aluno. Em 2008 é sancionado o projeto das Salas de Recursos Multifuncionais – SRM ocorrendo a partir dela o Atendimento Educacional Especializado – AEE, para proporcionar mudanças significativas de inclusão e aprendizado. A nossa pesquisa vem expor as análises de como foi a implantação da SRM na cidade de São Francisco do Oeste mostrando suas dificuldades, mudanças que tiveram que fazer para implantar a sala, suas angustias, e as lutas que percorrem diariamente em todo o caminho trilhado na educação. Direcionando o olhar em determinados objetivos, identificar as dificuldades encontradas no processo de implantação da sala, entender as possiblidades educacionais surgidas com a implantação da sala, e refletir sobre os desafios que permeiam o AEE na escola municipal. A investigação em pauta, apropriou-se de uma abordagem qualitativa, com estudo bibliográfico e de campo, utilizando-se de observações e aplicação de questionários, apropriando-se das discussões de alguns autores, Mantoan (2010), Mazzota (2001), Carvalho 2016), Freitas (2006), Romanowski (2007), entre outros. As análises nos levaram a constatar que, a implantação da sala foi um grande avanço no espaço físico da escola, no entanto, as atividades do AEE iniciaram-se com uma professora que não tinha experiência e cursos apropriados para atuar nessa área, apesar de se profissionalizar após assumir, ainda não se sentia pronta para atender o público alvo da referida sala com eficiência. A escola não dispõe de ações inclusivas, mas a gestão entende e conhece a sala e sua importância, como também não há articulação com os professores da sala regular e nem ajuda na família. Nesse sentido, se faz necessário uma união escolar em prol da inclusão dos alunos, mais conhecimentos para todo âmbito escolar, onde a sala do AEE possa ajudar no desenvolvimento das crianças e no processo de ensino na sala regular. Palavras-chave: Atendimento Educacional Especializado. Sala de Recursos Multifuncionais. Educação inclusiva. RESUMEN Enseñar siempre fue una tarea que requiere mucha coraje, conocimiento y técnica. Y no es un trabajo fácil, principalmente en los tiempos actuales donde el porcentaje de niños con necesidades educativas aumentó, en ese sentido nuevos proyectos y leyes, han sido creados con en intuito de proporcionar un suporte y mejorías que ayudan el profesor durante el proceso de enseñanza y aprendizaje y en el desarrollo del alumno. En 2008 fue sancionada el proyecto de las “Salas de Recursos Multifuncionais – SRM” ocurriendo a partir de ella el “Atendimento Educacional Especializado – AEE”, para proponer cambios significativos de inclusión y aprendizaje. La nuestra investigación ven exponer las análisis de como ocurrió la implantación de la SRM en la ciudad de São Francisco do Oeste/RN, mostrando sus dificultades, los cambios que tenían que hacer para la implantación de la clase, como también sus angustias y las luchas que enfrentan diariamente en todo el camino trillado en la educación. Direccionando la mirada en determinados objetivos, identificar las dificultades encontradas en el proceso de implantación de la sala, y entender las posibilidades educativas surgidas con la implantación de la sala, y reflexionar sobre los desafíos que permean el AEE en la escuela municipal. La investigación apropio-se de una abordaje cualitativa, con estudios bibliográficos y de campo, teniendo como método algunas observaciones y aplicación de un cuestionario, como también, utilizamos también la discusión de algunos autores, tales como Mantoan (2010), Mazzota (2001), Carvalho 2016), Freitas (2006), Romanowski (2007), entre otros. Los análisis nos llevaron a constatar que, la implantación de la sala fue un gran avance en el espacio físico de la escuela, entretanto las actividades del AEE empezaran con una profesora que no tenía experiencia y cursos apropiados para actuar en esa área, a pesar de tener la preocupación de buscar nuevos cursos después de asumir, aun no se sentía pronta para atender el público de la referida clase con eficiencia. La escuela no dispone de acciones inclusivas, pero la gestión entiende y conoce la clase y su importancia, como también no hay articulaciones con los profesores de las clases regulares y tampoco ayuda de la familia. En ese sentido, se haz necesario una unión de la escuela en favor de la inclusión de los alumnos, como más conocimientos para todos de la escuela, donde la clase del AEE pueda ayudar en el desarrollo de los niños y en el proceso de la enseñanza en la clase regular. Palabras-clave: Atención Educativa Especializada. Clase de Recursos Multifunción. Educación inclusiva. Sumário 1.INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 12 2.PERCORRENDO O CAMINHO METODOLÓGICO DA PESQUISA .......................... 16 2.1.A PESQUISA QUALITATIVA E DE CAMPO ................................................................... 16 2.1.1.Colaboradores da pesquisa .............................................................................................. 18 2.1.2.Conhecendo e descrevendo o cenário da pesquisa ........................................................ 19 2.1.3.Caminhos trilhados na pesquisa..........................................................................24 3.EDUCAÇÃO INCLUSIVA: CONTEXTUALIZANDO PONTOS QUE MARCARAM SUA TRAJETÓRIA...........................................................................................................................22 3.1.ASPECTOS HISTÓRICOS DA INCLUSÃO ...................................................................... 24 3.2CONHECENDO A SALA DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO................................................................................................................... 29 3.3.O PAPEL/PERFIL DO PROFESSOR DO AEE NA SALA REGULAR DE ENSINO.......................................................................................................................................33 4.ANALISANDO O QUE COLHEMOS ................................................................................. 39 4.1.IMPLANTAÇÃO DA SALA DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS: UM OLHAR REFLEXIVO DA GESTÃO ....................................................................................................... 39 4.2.A IMPLANTAÇÃO DO AEE NA REFLEXÃO DA PROFESSORA REGENTE .............. 43 5.CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 52 REFERÊNICIAS: ..................................................................................................................... 54 APÊNDICE ................................................................................................................................ 57 12 1. INTRODUÇÃO Para ocorrer desenvolvimento social, político e econômico é necessário profissionais capacitados instruídos em conhecimento, que possam liderar, governar industrias e empresas, é assim que enxergamos o valor eminente da educação para a sociedade sem ela não seria possível qualificar os indivíduos para o funcionamento de cargos no meio social. Assim, a educação e economia andam juntas e é o que move a sociedade, e o país como um todo. Entendendo o quanto que a educação é importante para formar o ser humano em todas as suas dimensões sociais, cognitivas e afetivas, é necessário que todos tenham acesso a uma educação. Mas, desde seus primórdios até os dias atuais o direito por uma educação de qualidade e para todos é uma constante busca de realizações. A escola sempre foi sinônimo de desenvolvimento, aprendizagem e crescimento intelectual. Antigamentenão era visível aos olhos de muitos, as dificuldades de aprender dos alunos, a escola ensinava e quem não conseguia acompanhar acabava saindo. Houve avanços e o contexto escolar foi mudando, tornando-se espaço de inclusão e de direito de todos à uma educação de qualidade. A sociedade vive intensas mudanças diariamente, sua modernidade e tecnologia atualmente cresce cada vez mais, é por isso que as áreas de educação, beleza, moda, e entre tantos outros fatores mudam em torno das mudanças sociais. Neste sentido, a educação é um elemento poderoso para a transformação da sociedade e dos indivíduos, constantemente ela muda seus processos de ensino e meios facilitadores de aprendizagem, porém, não pode trabalhar sozinha, cabe a sociedade eliminar as barreiras que possam distanciar o pleno desenvolvimento da educação. Nesse sentido de acordo com Sassaki (2010): Cabe, portanto, à sociedade eliminar todas as barreiras arquitetônicas, programáticas, metodológicas, instrumentais, comunicacionais e atitudinais para que as pessoas com deficiência possam ter acesso aos serviços, lugares, informações e bens necessários ao seu desenvolvimento pessoal, social, educacional e profissional. (SASSAKI 2010, p.45). Com o passar dos tempos as necessidades educacionais dos alunos ficaram mais expressivas e os estudos sobre certas síndromes foi acontecendo, partindo em busca de entender o que essas crianças precisam para que o seu desenvolvimento psicológico e educacional aconteça. Para isso, é necessária toda uma equipe de profissionais como, psicólogo, psicopedagoga, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, entre outros especialistas. 13 Emerge então a educação inclusiva, que nos últimos anos tem ganhado a importância de mostrar o quão é interligada com a educação para obter o ensino-aprendizagem benéfico para todos. Para se fazer a inclusão nas escolas e desenvolvimento educacional de crianças com necessidades educacionais especiais é formada a sala do AEE – Atendimento Educacional Especializado a partir do Decreto nº 6.571, em 17 de setembro de 2008. As escolas estão cada vez mais com crianças com necessidades educacionais, com isso a procura por tutores, profissionais especializados, está constante, pois é descrito por lei a participação desses alunos em sala regular, e é necessário que a escola esteja pronta a atendê- los tanto em estrutura física como em corpo de docentes preparados. Ao estudar a educação para a inclusão de alunos com necessidades educacionais, me identifiquei com a disciplina de Educação Especial e ao trabalhar diretamente com uma criança autista, surgiu o interesse de saber sobre o atendimento da sala do AEE pois recentemente chegou em minha cidade no ano de 2015 - São Francisco do Oeste- RN, onde já existem algumas crianças que já participam e cremos que futuramente existirão mais que vão precisar deste atendimento. Pensando em minha formação profissional, e também por ter interesse de atuar no campo da inclusão, entender a sala do AEE, foi fundamental para análise deste tema. A pesquisa tem como pergunta geradora: Como se deu a implantação da Sala de Recursos Multifuncionais em uma Escola do Município de São Francisco do Oeste? tendo o propósito de investigar como ocorreu a implantação desta sala, como é o seu atendimento e capacidade profissional, a partir dos conhecimentos teóricos dos autores, comparando com a realidade vivida no município de São Francisco do Oeste 1 . A pesquisa traz um breve histórico sobre a inclusão, e detalhadamente a pesquisa se delimitará nos seguintes objetivos visando o olhar na Sala de Recursos Multifuncionais da rede municipal da cidade de São Francisco do Oeste. Pretende-se trazer a reflexão sobre a importância desta sala do AEE, entender quais desafios são encontrados para o funcionamento da sala, e constatar quais as possiblidades para um melhor Atendimento Educacional Especializado, e que empecilhos são encontrados para proporcionar o devido desenvolvimento nas aulas, saber se é por falta de materiais, apoio escolar ou familiar, capacidade profissional, entre outros quesitos que podem condicionar problemas para a resolução de um melhor atendimento. 1 Cidade localizada no interior do Rio Grande do Norte – RN. 14 Este trabalho pretende abordar a importância da inclusão e da sala do AEE nas escolas, e suas principais leis, porém focaremos na sala de recursos multifuncionais, onde é o objetivo da pesquisa, trazer conhecimentos sobre essa riquíssima sala, deixando claro que ela é para complementar ou suplementar as atividades do aluno, a criança não pode deixar de frequentar a sala regular. Hoje, esse recurso existente traz consigo uma esperança para pais, alunos, professores que sofrem de algum modo e com a vivência desta sala podem favorecer e desenvolver habilidades nos alunos, melhorando os conhecimentos com os ensinamentos da sala regular. Sabe-se que muitos não tem condições econômicas de favorecer um acompanhamento terapêutico, e existir o AEE nas escolas públicas, é como uma luz para encontrar alternativas de evolução. No caso deste município onde a sala foi explorada, é uma comunidade que a maioria das pessoas são de classe baixa e não tem condições econômicas e nem psicológicas para conseguirem sozinhas os suprimentos necessários que a criança precisa, a essência da funcionalidade do AEE na cidade deve guiar e ajudar as famílias que precisam deste atendimento. No entanto, sabemos que todo o desenvolvimento das políticas públicas para a educação inclusiva e educação em geral precisam da execução de recursos do governo. A presente pesquisa decorre de uma abordagem qualitativa em base de apontamentos bibliográficos com a pretensão de trazer uma dimensão da praticidade da sala de atendimento educacional especializado com base nas concepções teórico-metodológicas: MANTOAN (2010), SANTOS (2010), CARVALHO (2016), MINAYO (2006), MAZZOTA (2001), CARVALHO 2016), FREITAS (2006), ROMANOWSKI (2007), entre outros. Nesse sentido firmando nos seguintes objetivos para obter um olhar crítico na pesquisa, temos como objetivo geral: conhecer as dificuldades, as possibilidades e os desafios que permeiam o processo de implantação da sala de recursos multifuncionais na Escola Municipal aqui investigada, e durante a pesquisa buscaremos ampliar nossas informações de acordo os objetivos específicos: Identificar as dificuldades encontradas no processo de implantação da sala de recursos multifuncionais na Escola Municipal da cidade de São Francisco do Oeste; entender as possiblidades educacionais surgidas com a implantação da sala de recursos multifuncionais na referida escola; e refletir sobre os desafios que permeiam o AEE. Dessa forma com os objetivos comtemplados obteremos maiores conhecimento acerca da implantação da sala de recursos multifuncionais. Com esta pesquisa espera-se trazer mais conhecimento acerca da sala do AEE e deixar claro a sua importância em âmbito nacional e no município que a pesquisa foi desenvolvida. Falar de inclusão se tornou um tema apropriado para palestras à ouvintes e profissionais da 15 área, porém, os discursos continuam bonitos, e mais profissionais estão se envolvendo na inclusão. Mas, ainda não se pode dizer que temos uma sociedade inclusiva. No entanto, não podemos desanimar e deixar que os dados comprovados em pesquisas nos desanimem a falar e a pensar maneiras ou formas diferenciadas para o aluno com deficiência, continuemos com esperança, garra e metodologias para propor o melhor para esses aprendizes. O trabalho acadêmico se desenvolverá com a descrição da metodologia da pesquisa, descrevendo o cenário, tipo de pesquisa, e forma investigada. Após o capitulo teórico de forma geral sobre os temas, o primeiro capitulo é sobre os aspectos históricos da inclusão, trazendoum resumo dos caminhos percorridos para a realidade da inclusão. No outro tópico conhecendo a sala do atendimento educacional especializado, trazemos a dimensão das leis e metodologias que permeiam a sala. E por fim com o último tópico do referencial teórico, sobre o papel/perfil do professor do AEE na sala regular de ensino, referenciando a visão do professor e como deve ser sua atuação e formação para exercer a docência. Finalizando a pesquisa com as análises sobre a investigação, primeiramente ao olhar da gestão e depois com o olhar da professora regente, terminando nosso trabalho acadêmico com as considerações finais decorrentes de todo o percurso estendido para a realização deste estudo. 16 2. PERCORRENDO O CAMINHO METODOLÓGICO DA PESQUISA O ideal da educação não é aprender ao máximo, maximizar os resultados, mas é antes de tudo aprender a aprender, é aprender a se desenvolver e aprender a continuar a se desenvolver depois da escola. (Jean Piaget,2018). A universidade nos mostra os melhores caminhos para se desenvolver como educador seja, em pesquisas, autores, estratégias, mas como Piaget afirma devemos continuar se desenvolvendo fora do campus, tornar-se um profissional pesquisador e interessado em mudar as situações cotidianas da educação, não somente estender um diploma mas tentar fazer a diferença como alguém que aprendeu meios e teorias significativas e tem que ensinar. Como educadores precisamos estar em constante conhecimento e debruçar em informações que possam aprimorar as práxis durante as aulas. A pesquisa traz um percurso caminhado em prol da concretização da implantação da sala de recursos multifuncionais elevando os passos para uma efetiva inclusão. A seguir a presente pesquisa descreverá a metodologia utilizada, o lócus, o tempo da investigação, e instrumentos usados para realização da mesma, se apropriando de autores como Minayo (2001), Oliveira (2008), para nos orientar e nos auxiliar a ter um olhar de pesquisador para uma melhor desenvoltura no trabalho cientifico. 2.1.A PESQUISA QUALITATIVA E DE CAMPO Para se concretizar, a pesquisa foi consolidada de caráter empírico, uma pesquisa qualitativa, que segundo Minayo (2001) trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes. Com a utilização do diário de aula/campo como método. Decorrendo-se de outro autor para a estruturação da pesquisa qualitativa ou abordagem qualitativa, o autor Oliveira (2008) enfatiza a forma da pesquisa, como um processo de reflexão e análise da realidade através da utilização de métodos e técnicas para a compreensão detalhada do objeto de estudo em seu contexto histórico e/ou segundo sua estruturação. Para a conceituação da pesquisa é utilizado técnicas que facilitem a compreensão do objeto estudado, que segundo Oliveira (2008) as técnicas são instrumentos para a coleta de dados e informações para se chegar a um melhor conhecimento da realidade em estudo. 17 A seguinte investigação traçou como técnica as observações, que segundo Bogdan e Biklen (1994, p. 45): “centra-se numa organização particular (escola, centro de reabilitação) ou nalgum aspecto particular dessa organização. [...]”. Nesse sentindo fundamenta-se somente em um local específico dentro da organização, um grupo específico de pessoas e qualquer atividade da escola, o tipo e tempo da pesquisa pertence ao autor. Em busca da concretização dos nossos objetivos, propomos a realização de estudos bibliográficos e pesquisa de campo que segundo Minayo (1993): “O trabalho de campo permite a aproximação do pesquisador da realidade sobre a qual formulou uma pergunta [...] é claro que a riqueza desta etapa vai depender da qualidade da fase exploratória. Ou seja [...] do levantamento bibliográfico [...] dos conceitos bem trabalhados que viabilizem sua operacionalização no campo e das hipóteses formuladas” (MINAYO 1993, p.61). Através desses autores pretendíamos ser norteados para montar um roteiro para um diário de campo, questionário com o profissional que desempenha o trabalho da sala de SRM 2 , em uma escola municipal de São Francisco do Oeste – RN, cidade localizada no Rio Grande do Norte. Com uma duração estimada de 3 (três) meses, estivemos em constante contato com a profissional e os alunos da sala de recursos multifuncionais, a procura das respostas as nossas indagações através de intensas observações, aprimorando com um questionário para diretora da escola, com anotações durante toda a pesquisa. É nesse período que buscamos as respostas as nossas investigações, como também acontecerá uma troca de aprendizagem. O diário de campo tem como objetivo realizar, por meio de observações, questionários e anotações, o registro de práticas realizadas durante visitas e discussões no decorrer de determinada pesquisa e/ou acompanhamento de algum procedimento/projeto, no intuito, de facilitar a compreensão e análise da coleta de dados, utilizando-se também dos estudos de Minayo (1993). Sabendo da dimensão das deficiências intelectuais e físicas das crianças que abrange todos os lugares do país, sabe-se da nítida importância de uma sala de Atendimento Educacional Especializado, estrutura física, professores especializados, acompanhantes para 2 Sala de Recursos Multifuncionais. 18 fazer a inclusão necessária, cada quesito complementa e suplementa para fazer a educação, pois cada qual tem sua participação para composição educacional. Portanto, objetiva-se analisar os dados conseguidos através da pesquisa para saber de que forma aconteceu a implantação da Sala de Recursos Multifuncionais, quais são as dificuldades que permeiam na sala para aplicação das atividades, que possibilidades educacionais surgiram com a sala, e quais desafios a professora e gestão enfrentam em torno do AEE. Como de maneira geral, vislumbraremos se a inclusão tanto descrita em planos educacionais e documentos está sendo construída na escola, a inclusão de verdade acontece quando a escola muda suas atitudes e principalmente seus conceitos e obtém a empatia do aluno com deficiência ou necessidades educacionais especiais, para buscar soluções que o ajudem a se desenvolver e ser incluído como se deve no contexto da sala de aula e consequentemente da escola como um todo. 2.1.1 Colaboradores da pesquisa A pesquisa contou com duas profissionais da educação, a professora da Sala de Recursos Multifuncionais e a diretora da referida escola. Assim, mediante estudos bibliográficos, observação in-locus e a realização de aplicações de questionários com as duas educadoras se formulou a investigação, desta forma descrevemos de maneira sucinta e detalhada o percurso metodológico para melhor compreensão do leitor. Os profissionais tiveram seus nomes ocultados e substituídos por pseudônimos, primando pela ética da pesquisa. Quadro 01 – Especificação dos participantes da pesquisa. Participante Função que exerce Formação Professora Bruna Professora da Sala de Recursos Multifuncionais – SEM Graduação em Biologia e Serviço Social, com especialização em Psicopedagogia, e atualmente está em formação no Atendimento Educacional Especializado - AEE Diretora Fernanda Gestora da escola Letras – Hab. em Língua Inglesa e possuí Pós-graduação em Psicopedagogia Institucional Fonte: pesquisa direta. Em conversas informais a professora da Sala de Recursos Multifuncionais nos informou sobre suas experiências educacionais, é interessante ressaltar que ela sempre atuou 19 na função de gestora e essa é sua primeira atuação como professora. Acreditamos ser uma grande responsabilidade reger a sala do AEE é necessário ter muito conhecimento, as experiências contam muito neste momentopara a segurança e firmamento emocional do professor. A professora está no seu segundo ano de atuação da referida sala e constantemente procura cursos para se especializar. Durante as observações foi visto alunos participando do atendimento no mesmo horário de sua aula da sala regular, o número pequeno apenas 2 alunos, mas um fato contraditório ao que se refere a Resolução nº 04/2009 (BRASIL, 2009), o AEE deve ser ofertado no contraturno. Desta forma a sala pesquisada não atende por completo as normas legais, no entanto, a educadora me aponta os motivos do porquê deste acontecimento, aluno que quer participar da sala diariamente, outros que não tem noção do horário e do respectivo dia, isso resulta da falta de apoio da família. O atendimento acontece por dia agendado, cada aluno tem o seu dia de ser atendido e horário, aproximadamente 1 ou 2 horas individualmente, raramente são atendidos em pequenos grupos, somente quando é para se fazer alguma atividade grupal, que acontece de alunos irem no mesmo horário decorrente a feriados, faltas, então a professora que é muito criativa e alegre usa esses momentos para fazer decorações de objetos ou espaços na sala para trabalhar temas como o natal ou são João por exemplo. 2.1.2 Conhecendo e descrevendo o cenário da pesquisa A pesquisa aconteceu em uma escola municipal da cidade de São Francisco do Oeste – RN, ela possui a Sala de Recursos Multifuncionais (SRM) – tipo I, implantada no ano de 2015. Escolhida por ser uma sala de grande porte do sistema inclusivo em um município pequeno e sendo localidade de moradia da pesquisadora. A escola foi criada em 1964 e está localizada no centro da cidade na zona urbana. Conta com aproximadamente 600 alunos nos turnos matutino, vespertino e noturno, atendendo o Ensino Fundamental e o EJA (Educação de Jovens e Adultos). O Atendimento Educacional Especializado é oferecido na Sala de Recursos Multifuncionais nos turnos matutino e vespertino. A instituição conta com 25 professores, com um quadro de funcionários que são 3 supervisores, um diretor e vice-diretor, 7 cozinheiras, 10 Asgs, 5 porteiros/vigia, e 1 coordenador do EJA. A escola é distribuída em 13 salas do Ensino Fundamental Anos Iniciais, 9 salas de Ensino Fundamental Anos Finais, 1 sala o AEE, 1 20 secretaria, 1 diretoria, 1 cozinha, 1 espaço cultural, 1anexo com sala de leitura e laboratório de informática, 1 espaço cultural. As observações da pesquisa ocorreram no turno vespertino, foi visto mais de 10 alunos, ao total são 14 alunos atendidos, inclusive da zona rural. A seguir demonstraremos em um quadro os alunos atendidos: Quadro 02 – Número de alunos atendidos em 2017 Necessidade Educacional Especial Número de alunos Ano de Escolaridade Retardo mental leve 3 , transtornos hipercinéticos 4 2 5° ANO Retardo mental 5 e epilepsia 6 1 5° ANO Síndrome Down 7 2 3°, 5° ANO Comprometimento motor 8 1 8° ANO Deficiência intelectual 9 1 4° ANO Transtorno mental moderado 10 1 5° ANO 3 Retardo mental leve: Amplitude aproximada do QI entre 50 e 69 (em adultos, idade mental de 9 a menos de 12 anos). Provavelmente devem ocorrer dificuldades de aprendizado na escola. Muitos adultos serão capazes de trabalhar e de manter relacionamento social satisfatório e de contribuir para a sociedade. 4 Os transtornos hipercinéticos, ditos transtornos de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), constituem um grupo de transtornos caracterizados por início precoce (habitualmente durante os cinco primeiros anos de vida), falta de perseverança nas atividades que exigem um envolvimento cognitivo, e uma tendência a passar de uma atividade a outra sem acabar nenhuma, associadas a uma atividade global desorganizada, incoordenada e excessiva. Há: F90.1 Transtorno hipercinético de conduta: Transtorno hipercinético associado a transtorno de conduta, e F90.9 Transtorno hipercinético não especificado: Reação hipercinética da infância ou da adolescência sem outra especificação Síndrome hipercinética sem outra especificação. 5 F70-F79 Retardo mental: Parada do desenvolvimento ou desenvolvimento incompleto do funcionamento intelectual, caracterizados essencialmente por um comprometimento, durante o período de desenvolvimento, das faculdades que determinam o nível global de inteligência, isto é, das funções cognitivas, de linguagem, da motricidade e do comportamento social. O retardo mental pode acompanhar um outro transtorno mental ou físico, ou ocorrer de modo independentemente. 6 É uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro, que não tenha sido causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos. Durante alguns segundos ou minutos, uma parte do cérebro emite sinais incorretos, que podem ficar restritos a esse local ou espalhar-se. 7 A síndrome de Down (SD) é uma alteração genética produzida pela presença de um cromossomo a mais, o par 21, por isso também conhecida como trissomia 21. 8 o grau de comprometimento neuromotor interfere funcionalmente no desempenho motor; quanto maior a gravidade do comprometimento, maior será a presença de fatores limitantes que podem restringir a capacidade funcional das crianças portadoras de PC. 9 Quadro de inteligência e conjunto de habilidades gerais da vida abaixo da média, manifestado antes dos 18 anos. 10 O retardo mental moderado é quando a pessoa apresenta um quociente de inteligência (QI) entre 35 e 55. Assim, as pessoas afetadas apresentam uma maior lentidão para aprender a falar ou sentar, mas se receberem o tratamento e apoio adequados, conseguem viver com alguma independência. 21 Portador de retardo psicomotor dos quatro membros, compatíveis em paralisia celebral 11 1 7° ANO Leve lentificação do ritmo base, ausência de atividade paroxística 12 1 9° ANO Fonte: pesquisa direta. 2.1.3 Caminhos trilhados na pesquisa Como já havia acontecido a visita prévia no dia 02 de novembro de 2017 na instituição onde seria a pesquisa e a sala especificamente, foi possível conversar com a professora e gestão antes do pedido oficial para a realização da investigação. Após a professora ter assinado o termo de consentimento, iniciou-se no dia 15/11/17 e terminou no dia 29/11/2017 com observações em sua sala, tivemos uma observação estruturada ou sistemática, ela pressupõe um planejamento quanto à coleta de dados (Oliveira 2008, p.79), para assim facilitar o olhar do pesquisador, determinamos os seguintes aspectos: 1° dia: Infraestrutura da sala e dos equipamentos 2° dia: Domínio de conteúdo da professora 3° dia: Participação dos alunos 4° dia: Dinâmica das aulas (metodologias) 5° dia: Conhecer os planos de aula e documentos Nas diversas visitas a sala pudemos conversar com a profissional onde nos relatava suas dificuldades e acertos nesse percurso educacional, muitas vezes ocorria um desabafo mediante o trabalho desenvolvido, relacionado a suas angústias e acontecimentos positivos. Como de certa forma, em alguns diálogos, e ajudas em atividades a observação foi participante pois estabelece uma relação direta com os grupos ou pessoas [...] interrogando-os sobre os atos e seus significados por meio de um constante diálogo (OLIVEIRA 2008, p.81). A pesquisa durou aproximadamente 15 dias com observações de 4 a 5 horas semanais no turno vespertino, ao término das observações de cada dia foi feito relatórios para posteriormente uma melhor concretização de dados. 11 A impossibilidade da ação corporal provocada pela ocorrência de uma lesão cerebral interfere negativamente no desenvolvimento e no crescimento infantil. 12 Os surtos de ondas lentas podem ocorrem na infância, na velhice e em algumas formas de epilepsia. A sua presença isoladanão significa que exista doença ou que seja necessário algum tipo de tratamento. 22 3. EDUCAÇÃO INCLUSIVA: CONTEXTUALIZADO PONTOS QUE MARCARAM SUA TRAJETÓRIA Atualmente entendemos que se faz necessário uma inclusão e que as pessoas que possuem alguma deficiência não são seres marginais ou algo contagioso, mais sim que precisam de intervenção clínica, psicológica e pedagógica. Para entendermos o desenvolvimento da inclusão atualmente o texto está divido em alguns tópicos para um melhor entendimento. A sociedade brasileira passou por suas transformações e sucessões de governantes e em cada um deles mudanças na educação para crianças especiais aconteceram. Deu-se início na época imperial com D. Pedro II que inaugurou os primeiros institutos, o do Imperial Instituto dos Meninos Cegos e Imperial Instituto dos Surdos-Mudos. Na época de 1854 para os anos atuais muita coisa mudou, nesse sentindo várias escolas para deficientes foram criadas, dentre os cinquenta e quatros estabelecimentos, destacam-se: O colégio dos Santos Anjos em Santa Catarina fundado em 1909, a Sociedade Pestalozzi do Estado do Rio de Janeiro criada em 1948, o Instituto de Cegos da Bahia em Pernambuco de 1935, dentre outros que foram muito importantes para iniciar a educação dos deficientes. Com pensamentos renovados, o que antes era uma educação integradora passou a entender que deve incluir, surgiram mais deficiências, necessitando de mais escolas, leis, e consequentemente, o direito a educação para todos segundo a Educação como Direito Social na Constituição Federal reza no seu Art. 6º. A educação especial está conquistando seu espaço que é por direito segundo a vigência da LDB nº 9394/96 (BRASIL, 1996), que no seu capítulo V define educação especial como modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para pessoas com necessidades especiais. Aparentemente tudo descrito nas leis, campanhas para inclusão, programas e projetos tudo esquematizado, porém, é sim uma vitória da educação inclusiva a garantia da sua vivência vigente com a lei, mas, para a sua eficiência são necessários outros parâmetros. É preciso a escola em geral se capacitar, principalmente os professores para receber e ensinar os alunos público alvo da Educação Especial. Portanto, porque é tão comprometido e complicado conseguir a inclusão, Mantoan (2006) aponta o motivo: O direito a diferença nas escolas desconstrói, portanto, o sistema atual de significação escolar excludente, normativo, elitista, com suas medidas e mecanismos 23 de produção da identidade e da diferença. O padrão único escolar já advém faz décadas e não será alterado e transformado rapidamente. Não se pode, porém, deixar de lutar pelo direito que é do indivíduo por uma educação. A realidade é fria e cruel, existem denominações na classe regular, quem são os inteligentes, hiperativos, carentes, comportados, deficientes, fazendo diminuir a objetividade do ensino levando a crer que tal indivíduo não pode sobressair-se. É preciso renovações de currículo, pensamentos, formações e principalmente ações, de acordo com Mantoan (2006): As condições que dispomos, hoje, para transformar a escola nos autorizam a propor uma escola única e para todos, em que a cooperação substituirá a competição, pois o que se pretende é que as diferenças se articulem e componham e que os talentos de cada um sobressaiam. (MANTOAN 2006, p.198) O desenvolvimento de uma criança especial acontece aos poucos, só é perceptível aos olhos sensíveis de um verdadeiro educador. Os seus avanços que comparado a outros são pequenos, para eles são de fato extraordinários. O fato de melhorar a sua coordenação motora, seu vocábulo, aprender a língua de sinais, correr, pular, são melhorias em seu desenvolvimento psíquico e motor que somente o indivíduo e o profissional percebem. A construção de uma educação inclusiva vai muito além de mudanças estruturais ou organizacionais, implica no amadurecimento das emoções, na empatia pelo outro, numa transformação de caráter de se dizer de amor fraterno, educar é ensinar alguém que tem limitações e propor um sorriso ou respectiva evolução é uma grande conquista para ele e seus familiares. Refere-se a uma futura educação que será norteada de alunos com suas diferentes deficiências, os dados comprovam a cada ano o aumento de alunos com determinadas deficiências e das dificuldades encontradas pelos professores no âmbito escolar, são necessárias mudanças urgentes enquanto há ainda tempo de se refazer seu planejamento escolar, portanto Mantoan (2006) descreve: Confirma-se ainda, mais uma razão de ser da inclusão: um motivo para que a educação se atualize, para que os professores aperfeiçoem suas práticas e as escolas públicas e particulares se obriguem a um esforço de modernização e reestruturação de suas condições atuais a fim de responder às necessidades de cada um de seus alunos, em suas especificidades, sem cair nas malhas da educação especial e suas modalidades de exclusão. (MANTOAN 2006, p.199). 24 A educação no país tem que ser um nível padrão para todos, mas infelizmente as escolares particulares as vezes proporcionam muito mais aprendizado, o projeto das escolas federais se mostra visivelmente um melhor programa de estudo, mas não são incorporadas na maior parte do país. A educação para ser de qualidade à todos ainda são necessárias muitas mudanças, a seguir veremos a contextualização histórica do percurso de desenvolvimento da educação inclusiva. 3.1.ASPECTOS HISTÓRICOS DA INCLUSÃO Diante do século XXI as inovações da tecnologia contaminam toda a humanidade, vivendo um consumismo e sendo atraído pelo novo. A educação também passou por tais mudanças que traz um significado diferente ao que é hoje, traçado de uma linhagem capitalista e autoritária, a educação já foi somente para os ricos, educação técnica voltada apenas para o trabalho, e sociológica, os conteúdos explicados eram criticamente citados pelo governo. Atualmente ainda convivemos com essas características mais de níveis diferentes, hoje através da constituição de 1998 decreta a educação para todos e de qualidade. Diante de várias questões que a educação percorreu para chegar ao que ela é hoje, permitir que os alunos se expressem e que os professores tenham a liberdade de ensinar a cidadania e emitir valores morais. Podemos imaginar a tamanha luta que foi para a educação inclusiva ganhar o seu espaço, ao decorrer dos anos as crianças/adolescentes que não acompanhavam o ensino foram sendo estudados e identificados certos transtornos. É descrito por lei no Decreto 5.296/2004 de acordo com uma atualização na legislação, é dever do Estado promover essa educação para eles também, mesmo estando decretado por lei os seus direitos, esta educação é muito fragilizada e não tem o apoio apropriado. Ao se falar de educação inclusiva é necessário esclarecer o porquê desta denominação, é referido assim por conta da organização de educação brasileira em que exclui seus alunos, seja por deficiências físicas/ intelectuais, como situações sociais econômica desfavorável, padrões escolares com esquemas de integração, nesse sentindo surge a educação com o tema de “incluir” esses que são considerados descartados para a educação, nisso a educação inclusiva visa englobar todos para uma educação qualificada. O Brasil traz consigo um tipo de mercado econômico excludente fazendo com que muitas famílias não fossem incorporadas diretamente ao setor produtivo. Desde os anos 30 do século XX, o país inicia propriamente seu período de industrialização, com a crescente 25 urbanização aumenta a demanda educacional, assim como neste período já existia crianças que necessitavam de um atendimento especializado. Até o século XVIII não havia conhecimento sobre as deficiências, elas eramligadas ao misticismo e ocultismo. Não existia dados científicos para contextualiza-las e muito menos direitos sobre igualdade e respeito. O que é desconhecido gera polêmica e diferença do que é comum, eram assim que as pessoas da época se deparavam e por influência também religiosa, com falta de humanidade acompanhada por ausência de informações as pessoas que tinham alguma deficiência eram ignoradas e marcadas como marginais. Podemos observar o caráter que a educação inclusiva se propunha, como algo separado e “contagioso”. Nesta fase não tinha atenção educacional para os alunos com deficiência, a sociedade que deveria abraçar e propor ideias de possível inclusão ignorava-os, rejeitava, perseguia e explorava. Não somente nesta época, mas historicamente a educação especial foi construída separadamente da educação em geral, como um campo de atuação específico. A educação especial no Brasil teve seu início na década de cinquenta do século passado, segundo Mazzota (2001) foi em 12 de setembro de 1854 que a primeira providência educacional aos portadores 13 de deficiência foi efetuada por D. Pedro II. Através do Decreto Imperial n°1.428 fundou na cidade de Rio de Janeiro, o Imperial Instituto dos Meninos Cegos e pela lei n° 839 de 26 de setembro de 1857 criou também no Rio de Janeiro o Imperial Instituto dos Surdos-Mudos. Segundo Mazzota (2001) ainda no Segundo Império há registros de atendimentos pedagógicos ou médico-pedagógicos aos deficientes. E no ano 1874 o Hospital Estadual de Salvador na Bahia, hoje denominado Hospital Juliano Moreira introduziu a assistência aos deficientes mentais. Em 1950 foi fundado a Associação de Assistência à Criança Defeituosa – AACD, uma importante instituição considerada um dos mais essenciais Centro de Reabilitação do Brasil, um estabelecimento particular que atendia a deficientes físicos não-sensoriais, indivíduos com paralisia celebral e pacientes com problemas ortopédicos, sua forma organizacional se estendia com órgãos públicos e privados, nacionais e estrangeiros. As Sociedades Pestalozzi trouxeram grandes benefícios aos alunos deficientes, por tamanha importância foi criada nas cidades São Paulo em 1952, Canoas no de 1926, Rio de 13 Terminologia usada na época. 26 Janeiro fundada em 1948, Minas Gerais em 1935. Outra instituição significativa foi a primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE criada no dia 11 de dezembro de 1954 na cidade do Rio de Janeiro. Foi um grande sucesso e assim foi criada outros espaços de APAEs: Volta Redonda (1956), São Lourenço, Goiânia, Niterói, Jundiaí, João Pessoa e Caxias do Sul (1961), contando atualmente com uma importante Federação Nacional das APAEs, com mais de mil entidades associadas. No Brasil começa os primeiros passos para uma futura educação inclusiva, no ano de 1961 apresenta que os alunos excepcionais deveriam ser matriculados dentro do possível no ensino regular, segundo a Lei de Diretrizes e Bases – Lei 4024 em 20 de dezembro de 1961. É com a Constituição Federal de 1988 que é implantado políticas públicas de caráter universal e a Educação passa a ser implantada como uma dessas políticas. Mais tarde é com a Conferência Mundial de Necessidades Educativas Especiais: Acesso e Qualidade, realizada pela UNESCO em 1994, onde cada situação da educação será contextualizada e obtidos possíveis planos para eliminar as barreiras constantes, dos assuntos como, a universalização do acesso na escola no âmbito da educação fundamental, a educação de jovens e adultos, gestão democrática, entre outros fatores. No século XX houve intensos movimentos sociais para a busca de direitos referente a todo tipo de discriminação, com isso surgiu a Conferência Mundial de Educação para Todos, Jomtien/1990, a fim de estabelecer projeto e guias para se construir e poder viver em cidadania. Neste sentido, chama a atenção dos países para os altos índices de crianças, adolescentes e jovens sem escolarização, tendo como objetivo promover as transformações nos sistemas de ensino para assegurar o acesso e a permanência de todos na escola. Segundo MAZZOTTA (2001) a procura em ajudar os indivíduos com necessidades educacionais já existia já no século XIX um grupo particular já se inspirava em práticas dos países da Europa para compor atendimentos educacionais para pessoas cegas, deficientes mentais e físico. Mas é precisamente no final dos anos cinquenta e início da década de setenta do século XX que a batalha para inclusão de alunos “deficientes, mentais, excepcionais ou especiais” na política educacional brasileira começa a acontecer. A abordagem histórica da educação inclusiva deteve-se em dois tempos, primeiro: de 1854 a 1956 – iniciativas oficiais e particulares isoladas e, de 1957 a 1993 – iniciativas oficiais de âmbito nacional. É durante essas datas que foram construindo institutos, escolas, e profissionais para os alfabetizar e desencadear os seus talentos ensinando-os serviços para a profissionalização dos deficientes. 27 Ao passar dos tempos no período de 1957 a 1993 especula-se a procura de melhorias e caminhos certos para acontecer a inclusão vai se desencadeando. É com a primeira Campanha para a Educação do Surdo Brasileiro – C.E.S.B.- pelo Decreto Federal n°42.728, que acontecem campanhas a nível nacional pelo governo federal, voltadas especialmente para o atendimento educacional aos especiais. Mazzota (2001) aponta na constituição de 24/01/1967, mostrando pontos importantes para os deficientes. No título III, Da Ordem Econômica e Social, o Artigo Único, incluído entre os artigos 165 e 166, resulta em: É assegurado aos deficientes a melhoria de sua condição social e econômica, especialmente mediante: I – educação especial e gratuita; II – assistência, reabilitação e reinserção na vida econômica e social do País; III – proibição de discriminação, inclusive quanto à admissão ao trabalho ou ao serviço público e a salários; IV - possiblidade de acesso a edifícios e logradouros públicos. (MAZZOTA 2001, P.71) Por volta do ano de 2003, o Ministério da Educação passa a propor Programas e ações para implantação de uma política de Educação Inclusiva. Apresentaremos alguns: Programa Nacional de Formação Continuada de Professores na Educação Especial e Formação de Professores para o Atendimento Educacional Especializado, para atender a formação continuada de professores, prioritariamente na modalidade a distância; Programa de Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais; Escola Acessível, para adaptação arquitetônica das escolas; Programa Educação Inclusiva: Direito à Diversidade, para disseminar o conceito de Educação Inclusiva, visando a transformar os sistemas de ensino do país em sistemas de ensino inclusivos; Programa Incluir, para as universidades. Com o passar dos tempos a procura de melhorias e caminhos certos para acontecer de fato a inclusão vai se concretizando, é no ano de 2008 que o Brasil publica o novo documento sobre Política Nacional de Educação Especial. Com a implantação dessas ações vai construindo outro olhar sobre a Educação Especial da Educação Brasileira. É com o Decreto n° 7.611, de 17 de novembro de 2011 que dispõem sobre a educação especial, em foco no atendimento educacional especializado e dá outras providências a serem seguidas para o funcionamento do AEE, como os alunos com deficiência ter educação nas salas regulares, sistema inclusivo em todos os níveis e disseminação de preconceitos, entre outras normas. De forma concreta na base de leis, um grande passo avança na educação inclusiva, apesar de suas particularidades na eficácia do atendimento. 28 Novas estratégias surgem na intensa busca por uma educação de qualidade. Um novo Plano Nacional de Educação (PNE 2014) foi aprovado pela Lei n°. 13.005de 25 de junho de 2014, com vigência de dez anos a contar da data de sua aprovação. Dentre suas 20 metas, dez diretrizes estão em comunhão com as propostas de educação inclusiva, Carvalho (2016) aponta alguns pontos gerais: Além das matrículas de egressos das classes e escolas especiais nas classes comuns do ensino regular, destaco: a universalização do atendimento escolar, a superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação, além da melhoria da qualidade da educação. (CARVALHO 2016, p.88). A meta 4 do PNE ((BRASIL, 25 DE JUNHO DE 2014). , propõe diversas estratégias para acontecer mudanças significativas referentes a inclusão, dentre o prazo prescreve implantar sala de recursos multifuncionais, estimula a criação de centros multidisciplinares de apoio, formação continuada de professores, garantia do atendimento educacional especializado, garantir a oferta de educação bilíngue, promover a articulação intersetorial entre órgãos e políticas públicas de saúde de forma a assegurar a atenção integral ao longo da vida; de maneira geral a meta é descrita assim: universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados.(BRASIL, 25 DE JUNHO DE 2014). São planos bastantes interessantes e precisos para acontecer o que a educação inclusiva tanto quer, tudo bem estruturado, se tudo fosse plenamente feito na prática as discussões e conferências tratariam mais sobre possíveis outras implantações para aprimorar e não pensariam como fazer pelo menos que um aluno com deficiência tenha o mínimo de dignidade e materiais para estudar. No entanto, o autor Carvalho (2016), relata que todas essas estratégias do PNE 2014 precisam estar claras e consensuais. Caso contrário, cada região brasileira continuará com seu sistema próprio, aumentando a exclusão e a falta de atendimento tenderá a continuar. O Brasil é um país rico, porém não investe o necessário e nem pratica suas ações legislativas referentes a educação, o que vemos são escolas sem estrutura, falta de materiais, e http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2013.005-2014?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2013.005-2014?OpenDocument 29 profissionais sem apoio e apreensivos referentes a educação de crianças com necessidades educacionais. A educação inclusiva se encaminha em meio a todas essas preocupações gerais da educação, do que ela já foi um dia, atualmente temos algumas providências, no entanto, anda-se longe de existir uma inclusão escolar, mas cabe ao governo providenciar meios e rever suas atitudes mediante a modalidade que é a única que pode transformar vidas. 3.2. CONHECENDO A SALA DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO O Brasil promulga a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU/2006), por meio do Decreto nº 6949/2009, assumindo a responsabilidade de prover um sistema educacional inclusivo as pessoas com deficiência em todos os níveis da educação e garantir meios para a sua efetiva participação. O acesso à educação das pessoas com necessidades educacionais requer mudanças de estrutura, salas especificas e professores capacitados, para assim desenvolver a inclusão. No contexto das políticas públicas para o desenvolvimento inclusivo da escola está a organização das Salas de Recursos Multifuncionais, com a distribuição de recursos e de apoio pedagógico para o atendimento às especificidades dos alunos público alvo da educação especial matriculados no ensino regular. Regida de princípios pedagógicos, projetos estruturados, com o objetivo de promover e possibilitar condições para um sistema educacional inclusivo, a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) descreve: define a Educação Especial como modalidade de ensino transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, que disponibiliza recursos e serviços e o atendimento educacional especializado, complementar ou suplementar, aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação no ensino regular. (MEC/SEE, 2010. p.5). O AEE é inserido nas escolas de ensino regular por meio de uma Sala de Recursos Multifuncionais de acordo com o Decreto nº 6.571, de 17 de setembro de 2008, define a Sala de Recursos Multifuncionais no Artigo 3º, Parágrafo 1º: “As Salas de Recursos Multifuncionais são ambientes dotados de equipamentos, mobiliários e materiais didáticos e pedagógicos para a oferta do Atendimento Educacional Especializado”. Ao passo que, a sala de recursos multifuncionais é um suporte para ampliar as maneiras de se ocorrer uma aprendizagem significativa. Nessa sala tem o objetivo de promover condições de acesso, participação e aprendizagem aos alunos com deficiência e garantir a parceria das ações da educação do ensino especial com o ensino regular. 30 O Atendimento Educacional Especializado (AEE) tem como objetivo de apoiar o aluno com deficiência por meio do auxílio pedagógico, que se torna necessário para a construção de espaços inclusivos no ambiente escolar. Esse atendimento é destinado a alunos com deficiência física, intelectual, sensorial (visual, surdez), alunos com transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, ofertado em Salas de Recursos Multifuncionais ou em centros de Atendimento Educacional Especializado da rede pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos. A finalidade do AEE (Atendimento Educacional Especializado) é “[...] promover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular e garantir serviços de apoio especializados de acordo com as necessidades individuais dos estudantes” (BRASIL, 2011). O funcionamento da sala perpassa a educação básica estende-se à Educação de Jovens e Adultos (EJA), no ensino superior, e na educação do campo, indígena e quilombola, este atendimento também deve acontecer. Apesar das grandes contribuições que a sala pode oferecer o seu acesso não é obrigatório, somente na educação básica, após depende se o aluno e os pais ou responsáveis aprovam essa assistência. É importante frisar que de acordo com a resolução nº 4, de 2 de outubro de 2009, o atendimento da sala acontecerá especialmente, na Sala de Recursos Multifuncionais da própria escola ou em outra escola de ensino regular no turno inverso do horário que o aluno estuda, não substituindo o ensino da sala regular, o AEE pode ser realizado também em centro de Atendimento Educacional Especializado da rede pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com a Secretaria de Educação ou órgão equivalente dos Estados, Distrito Federal ou dos Municípios. Conforme dispõe a Resolução CNE/CEB nº 4/2009, art. 10º, o Projeto Político Pedagógico - PPP da escola de ensino regular deve institucionalizar a oferta do AEE, prevendo na sua organização: I - Sala de recursos multifuncionais: espaço físico, mobiliários, materiais didáticos, recursos pedagógicos e de acessibilidade e equipamentos específicos; II - Matrícula no AEE de alunos matriculados no ensino regular da própria escola ou de outra escola; III - Cronograma de atendimento aos alunos; IV - Plano do AEE: identificação das necessidades educacionais específicas dos alunos, definição dos recursos necessários e das atividades a serem desenvolvidas;V - Professores para o exercício do AEE; 31 VI - Outros profissionais da educação: tradutor intérprete de Língua Brasileira de Sinais, guia-intérprete e outros que atuem no apoio, principalmente às atividades de alimentação, higiene e locomoção; VII - Redes de apoio no âmbito da atuação profissional, da formação, do desenvolvimento da pesquisa, do acesso a recursos, serviços e equipamentos, entre outros que maximizem o AEE. A sala de recursos multifuncionais: “É um espaço organizado preferencialmente em escolas comuns das redes de ensino. Fazem parte desse ambiente de educação especial equipamentos de informática, ajuda técnica e materiais pedagógicos e mobiliários adaptados para atender às necessidades dos alunos” (MANTOAN, SANTOS, 2010). Existem dois tipos de sala de recursos multifuncionais, segundo Mantoan e Santos (2010), há duas opções de salas de recursos multifuncionais: as do tipo I e as do tipo II. Esta última é mais complexa e dispõe de materiais específicos para atender a alunos com deficiência visual. Na lista de materiais dessas salas estão incluídos microcomputadores, scanners, impressoras, TV com legenda, mouses e teclados adaptados, fones de ouvido, conjuntos de material pedagógico, brinquedos, mobiliário, impressora braile de médio porte, conjunto de lupas, reglete, soroban, máquina de escrever em braile e outros. No art. Art. 3 o do Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011. descreve, prover condições de acesso, participação e aprendizagem aos alunos; garantir a transversalidade das ações da Educação Especial no ensino regular; fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos para eliminar possíveis barreiras no processo de ensino e aprendizagem; e assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais níveis de ensino. A característica da sala do AEE difere que o aluno não vai aprender os conteúdos da sala regular, mas será trabalhado suas limitações e dificuldades para seu pleno desenvolvimento escolar, social e intelectual, melhorando as barreiras impostas por conta da deficiência. Nesse sentindo com o atendimento sendo feito especialmente nas instituições escolares MANTOAN; SANTOS (2010), ressalta: A escola é o lugar em que esse aluno está sendo formado para a vida pública. A sala de recursos multifuncionais e o AEE, ao fazer parte do conjunto de serviços da escola comum, propiciam mais uma oportunidade para que esse aluno aprenda a conviver com o outro, no confronto com as diferenças [...] (MANTOAN; SANTOS, 2010, p. 36). Se a escola é o lugar para as pessoas desenvolverem pensamento crítico e valor moral fica evidente que a inclusão não deveria ser difícil de acontecer, porém, o trabalho deve seguir http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%207.611-2011?OpenDocument 32 a instituição por um todo, juntos promovendo e se adequando as limitações de cada aluno. Se seguissem o que determina as legislações e seus preceitos, a mediação à inclusão seria mais rápida. As atividades da sala regular devem estar consonantes com a dos demais, de acordo com cada dificuldade do aluno. No Decreto 6.571/2008 devem ocorrer as duas condições simultâneas: matrícula em classe comum e no Atendimento Educacional Especializado. Por isso, o aluno necessita ter acesso à educação e participar da sala regular de ensino não significa que ele está participando do processo de inclusão literalmente, está dentro da sala é um avanço, mas fazer com que ele tenha participação nas atividades com os colegas e rotina para o seu desenvolvimento é outro quesito. Receber o aluno na escola não significa incluí-lo. É necessário oferecer-lhe todas as oportunidades para que possa desenvolver-se como cidadão. É importante destacar que as leis são promulgadas em todo o país, no entanto, cada estado promove sua implantação se adequando as normas da lei e possivelmente agregando algumas condições a mais, no caso da pesquisa ela é entorno também das propostas do Governo do Rio Grande do Norte - RESOLUÇÃO Nº 02/2012-CEE/CEB/RN, 31 de outubro de 2012. Vale destacar um ponto exigido capitulo IV da resolução referente a organização das turmas: Art.21. Para inserir o estudante nas turmas regulares deverão ser observados os resultados da avaliação de ingresso. Parágrafo único. Cada estudante descrito no artigo 4° desta resolução corresponde à vaga de dois estudantes com desenvolvimento típico, de modo que: a) uma turma que permita 25 estudantes tendo dois estudantes com deficiência (2x2=4) e 21 estudantes com desenvolvimento típico (4+21=25), corresponderá a 25 matrículas. b) uma sala com dois estudantes com deficiência (2x2=4) e 26 estudantes com desenvolvimento típico (4 + 26= 30) corresponderá a 30 matrículas. c) uma sala com dois estudantes com deficiência (2x2=4) e 31 estudantes com desenvolvimento típico (4 + 31= 35) corresponderá a 35 matrículas. A prática do AEE deve ser consoante com os das propostas da escola comum, mesmo que suas atividades sejam diferentes. Essa sala é organizada para suprir as necessidades de acesso ao conhecimento e à participação dos alunos nas escolas comuns, o Atendimento Educacional Especializado se regulariza como oferta obrigatória dos sistemas de ensino, de acordo com MANTOAN; SANTOS, (2010 p.30) o atendimento prescreve: Apoia o desenvolvimento do aluno com deficiência, transtornos gerais de desenvolvimento e altas habilidades; 33 Disponibiliza o ensino de linguagens e de códigos específicos de comunicação e sinalização; Oferece Tecnologia Assistiva – TA Para um desenvolvimento nos alunos a partir do atendimento depende da concretização dos objetivos que são traçados, como também deve ter uma parceria com o professor da sala regular. Os planos elaborados são referentes as barreiras impostas pelo ambiente escolar e as necessidades especificas dos estudantes, por isso é necessário que o professor seja instruído de sua função, de acordo com MANTOAN; SANTOS, (2010): É, portanto, necessário que o professor do AEE esteja ciente de que não abordará os problemas de seus alunos do ponto de vista clínico e/ou escolar, mas que o conhecimento do que ocorre nessa aéreas é importante para organizar um plano específico de trabalho de AEE para seu aluno. (MANTOAN; SANTOS, 2010, p.31). O conhecimento sobre a Política de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva, destaque no AEE, é importante para que os professores, os gestores educacionais, pais e demais dedicados ao assunto possam exigir o que é direito pelos alunos, assim entendendo seus direitos podem reivindicar com segurança o que é fundamental para a efetivação da inclusão. Mesmo com as intensas lutas inclusivas acontecendo a um bom tempo a intervenção do atendimento educacional especializado e alunos com deficiência nas salas regulares, ainda é novo e cheio de receios para os profissionais. Essa regularização ainda não se faz por completo em todo o país por inúmeros fatores, o fato é que o número de crianças com necessidades educacionais tem aumentado, e as instituições escolares precisam estar se renovando a cada instante, tem que mudar não só suas estruturas físicas, mas perspectivas interiores, o corpo de profissionais tem que estar aptos a lidar com os indivíduos que possuem diversas deficiências, e eles precisam e tem o direito de ter uma educação. Portanto, quando se fala em escola logo se pensa dos inúmeros deveres que a escola tem o de, ensinar, preparar para a sociedade, formar um cidadão, preparar para uma faculdade, entre outros, mas, quando o AEE e a sala de recursos multifuncionais se conciliam com a escola para se compor a educação inclusiva, ocorre mais uma possibilidade de o aluno saber conviver com suas diferenças e a dos outros. 3.3.O PAPEL/PERFIL DO PROFESSOR DO AEE NA SALA REGULAR DE ENSINO34 Para primeiramente construir o papel do professor em sala de aula, ele vem carregado de uma bagagem seja positiva ou negativa, que são incialmente seus preceitos individuais e ensinamentos familiares. Assim sua forma de atuar e pensar depende de sua formação pessoal e acadêmica, do pensamento escolar e possibilidades que a gestão pode oferecer, o que a comunidade pensa a respeito e como a sociedade se importa e faz por pessoas que possuem graus de inteligência e limites diferentes da maioria. Paramos para pensar em um professor que se preocupe de verdade com seus alunos e não possua discriminações, ele não vai excluir o aluno com necessidade especial simplesmente porque quer, há fatores por trás dessa atitude, às vezes não teve formação necessária, não foi preparado pela gestão ou não tem auxílio da mesma, não possuem ajuda da família, são diversos motivos que podem trazer dificuldades para a inclusão de fato do aluno- professor-colegas. Constantemente há vários teóricos explicando maneiras, dicas sobre o que fazer mediante tal aluno, porém, só sabemos o quanto é extenso e demorado o processo de inclusão e aprendizagem deste aluno quando é sentido na “pele”. Nessa percepção Freitas (2006) traz uma reflexão mediante a sociedade: [...]Para incluir todas as pessoas, a sociedade deve ser modificada com base no entendimento de que é ela que precisa ser capaz de atender às necessidades de seus membros. Assim sendo, inclusão significa a modificação da sociedade como pré-requisito para a pessoa com necessidades especiais buscar seu desenvolvimento e exercer sua cidadania[..]. (FREITAS 2006, p.167). A educação já foi extremamente rígida com seus castigos de palmatoria, como também já foi elitista onde era somente para pessoas da nobreza. Nestas fases o professor tinha domínio de sua situação e não existia casos que trouxessem dúvidas para a sua efetivação. Assim, foi mudando a educação e as pessoas, surgindo as crianças com necessidades educacionais especiais, que no caso além dessas dificuldades, vinham a surgir os transtornos globais do desenvolvimento nas crianças que com o passar dos anos, que foi aumentando em intensidade e quantidade de crianças. É nesse sentido que a formação de professores para a classe comum é mais visada e que também desencadeia uma maior preocupação para os professores em saber lidar com as crianças com necessidades mentais e físicas que posteriormente estariam juntas na sala de aula. Os dados referentes as matriculas de pessoas com deficiência no país só tem crescido, segundo dados do Censo Escolar da Educação Básica 2017, divulgados nesta pelo Ministério 35 da Educação (MEC), o índice de inclusão de pessoas com deficiência em classes regulares, o que é recomendado, passou de 85,5% em 2013 para 90,9% em 2017. A maior parte dos alunos com deficiência, no entanto, não tem acesso ao atendimento educacional especializado. Somente 40,1% conseguem utilizar o serviço. É uma realidade difícil mais a inclusão no Brasil acontece de forma lenta e devagar, os que precisam da educação são os que mais sofrem com a falta de atendimento. No entanto, ainda temos como repensar e mudar estratégias e se preparar porque no ano de 2014 foi detectado segundo Centers for Disease Control and Prevention (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) em cada 59 crianças 1 era autista, possivelmente a tendência é aumentar o número. É desesperador em pensar, mas é preciso repensar o currículo educacional, projetos educacionais produzidos pelo governo, os investimentos, de certa urgência, para não esperar transtornos maiores para paralisar o país para dar atenção a uma das coisas mais importantes da sociedade, a educação, o elemento que transforma o ser e o faz capaz para produzir projetos para um desenvolvimento social. A formação em geral dos professores seja da classe comum ou especial, deve ser constituída de projetos, programas e aprendizados que desenvolvam competências de um profissional seguro e apto a lidar com diversas situações inéditas que podem acontecer. Nesse sentido sua formação também deve ser continuada, Tardif (2002) aponta: Como processo contínuo e permanente de desenvolvimento, o que pede do professor disponibilidade para a aprendizagem; a formação que o ensine a aprender; e do sistema escolar no qual ele se insere como profissional, condições para continuar aprendendo. (RODRIGUES 2006, p.169, apud TARDIF 2002). O professor deve abrir sua mente para realmente compreender a dimensão de pessoas diferentes com níveis de aprendizagem e delicadezas diferentes que ele vai ensinar, envolve condições econômicas, sociais, emocionais, psicológicas e físicas. Segundo Freitas (2006), o famoso “aluno-padrão” idealizado reforça a mente do futuro professor imaginando alunos e estratégias para normalizar o seu ambiente, talvez assim contribuindo para uma exclusão. É durante a formação que deve ser discutido as dúvidas e os pensamentos antecipados que uma pessoa advém antes de entrar nos cursos de formação. Assim segundo Freitas (2006), é necessário romper com o idealismo pois a prática mostrará as verdades, discutir as questões relativas à função social da escola e sua importância, considerar a diversidade e a heterogeneidade dos alunos e a complexidade da prática pedagógica são assuntos essenciais a serem assegurados na formação. 36 Fazemos uma pergunta óbvia quem educa essas crianças? Os professores, na maior parte do tempo. Então, é notório a visibilidade que a formação profissional hoje provoca. Freitas (2006) reafirma expondo: É consensual a afirmação de que a formação de que dispõem os professores hoje no Brasil não contribui suficientemente para que seus alunos se desenvolvam como pessoas, tenham sucesso nas aprendizagens escolares, e principalmente, participem como cidadãos detentores de direitos e deveres na chamada sociedade do conhecimento. (FREITAS 2006, p.168). Para que não continue agravante essa dominação referente a formação de professores é necessária primeiramente uma formação humana no sentido de mais vontade para ensinar, respeito e amor para trabalhar com crianças com necessidades intelectuais especiais e posteriormente uma formação acadêmica qualificada que possa trazer conhecimento amplo sobre as deficiências e indicar aportes metodológicos em suas aulas. Neste sentido expresso um documento referente ao estado da pesquisa. De acordo com a resolução do Governo do Rio Grande do Norte - Nº 02/2012-CEE/CEB/RN, 31 de outubro de 2012 no capítulo VI dos educadores, refere-se à formação do profissional para atuar na sala de atendimento educacional especializado. Art. 26. A formação inicial de docentes para atuar no Atendimento Educacional Especializado deverá processar-se em consonância com o estabelecido pela LDB - Lei 9.394/96 - Art.59, inciso III e Art. 62 para a Educação Básica. § 1º A formação de que trata o Caput deste artigo será complementada por cursos de atualização/aperfeiçoamento ou pós-graduação nas áreas da Educação Especial. § 2º A carga horária mínima considerada nos cursos de complementação de estudos, atualização e aperfeiçoamento nas áreas específicas da educação especial será de 180 horas. Assim o professor que trabalha com educação especial precisa ter uma formação especializada para saber guiar o conhecimento escolar dos alunos com deficiência, essa formação é desafiadora, porque lida com indivíduos de graus de complexidade maior. Sabemos da realidade que nem todas as cidades possuem uma sala de recursos multifuncionais, e sabe-se a necessidade de ter esse ambiente e professores com formação continuada para educação inclusiva. Nesse sentido Romanowski (2007) ressalta: A formação continuada é uma exigência para os tempos atuais. Desse modo, pode-se afirmar que a formação docente acontece num
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