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EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS INTRODUÇÃO Doenças Transmissíveis: Importante causa de morte Atingem milhões de pessoas Países desenvolvidos e subdesenvolvidos Na década de 1930, as doenças transmissíveis foram a principal causa de morte nas capitais brasileiras As melhorias sanitárias, o desenvolvimento de novas tecnologias, como as vacinas e os antibióticos, a ampliação do acesso aos serviços de saúde e as medidas de controle fizeram com que esse quadro se modificasse bastante até os dias de hoje INTRODUÇÃO O Ministério da Saúde torna claro que, apesar da redução significativa da participação desse grupo de doenças no perfil da mortalidade do país, atualmente ainda há um impacto importante sobre a morbidade, principalmente por aquelas doenças para as quais não se dispõe de mecanismos eficazes de prevenção INTRODUÇÃO Houve uma mudança do padrão de infecção ↓ doenças preveníveis com vacinas: Difteria, tétano, coqueluche, sarampo, varíola, poliomielite... ↑ novas infecções (HIV), infecções respiratórias, Infecções hospitalares por agentes multirressistentes, novas vias de contágio e transmissão. INTRODUÇÃO Doença infecciosa (transmissível) “Doença, clinicamente manifesta, do homem ou dos animais, resultante de uma infecção” (OMS, 1983). Infecção: penetração e desenvolvimento ou multiplicação de um agente infeccioso no organismo de uma pessoa ou animal. INFECÇÃO X DOENÇA INFECCIOSA? Doença Transmissível “Qualquer doença causada por um agente infeccioso específico, ou seus produtos tóxicos, que se manifesta pela transmissão deste agente ou de seus produtos, de uma pessoa ou animal infectados ou de um reservatório a um hospedeiro suscetível, direta ou indiretamente, por meio de um hospedeiro intermediário, de natureza vegetal ou animal, de um vetor ou do meio ambiente” (OMS). Doença Contagiosa Doença infecciosa cujos agentes etiológicos atingem os sadios através de contato direto desses com os indivíduos infectados. Ex: sarampo DOENÇAINFECCIOSA X DOENÇACONTAGIOSA Toda doença contagiosa é infecciosa, porém, nem toda doença infecciosa é contagiosa. Ex: tétano Toda doença contagiosa é infecciosa, mas o inverso não é verdadeiro. Ex.: o tétano é uma doença infecciosa não contagiosa, porque não se transmite diretamente de pessoa a pessoa, mas é transmissível porque os esporos dispersos no meio ambiente podem se transmitir às pessoas sadias através da pele e mucosas. Doenças quarentenáveis Doenças que podem levar à restrição de atividades aos comunicantes, durante o período máximo de incubação, a fim de evitar a programação da doença. Ex.: Peste bubônica, cólera e ebola. Doenças de isolamento Existem a segregação dos indivíduos doentes durante o período de transmissibilidade da doença, em lugar e condições que evitem a transmissão direta ou indireta de agente infeccioso a pessoas ou animais susceptíveis. Obs.: Existem diferentes tipos de isolamento. Exemplos: Tuberculose isolamento respiratório para aerossóis Máscara N95. Meningite isolamento de gotículas mascara cirúrgica Isolamento respiratório Precauções de contato as características Manifesta: apresentatodas clínicas que lhes são típicas. sinais e sintomas Inaparente: não apresenta clínicos manifestos (característicos). Forma subclínica ou assintomática Grande importância em epidemiologia Variadas formas de uma doença infecciosa Período de incubação É o intervalo de tempo que decorre entre a exposição a um agente infeccioso e o aparecimento de sinais ou sintomas da doença. Obs.: Pode variar de horas até meses ou anos. Período de transmissibilidade Período durante o qual o agente infeccioso pode ser transferido, direta e indiretamente, de uma pessoa infectada a outra, ou de um animal infectado ao homem, ou de um homem infectado a um animal. Agentes etiológicos vivos ou bioagentes patogênico Ser vivo que pode ser introduzido em outro, onde é capaz de se desenvolver ou de se multiplicar, podendo ou não gerar um estado patológico manifesto. (bactérias, fungos, protozoários, helmintos, “vírus”) O desenvolvimento da doença depende das propriedades dos bioagentes e de sua relação com o hospedeiro. AGENTE INFECCIOSO A causa “necessária” da doença infecciosa é o seu “agente biológico específico”. Mas, o agente nem sempre é suficiente para produzir a doença; outros fatores (causas contribuintes), como a redução da resistência do organismo do hospedeiro favorece o desenvolvimento da doença. Infectividade Capacidade que têm certos organismos de penetrar e de se desenvolver ou de se multiplicar no novo hospedeiro, ocasionando infecção. Obs.: Agentes com alta infectividade (vírus da gripe). Agentes com baixa infectividade (fungos) Patogenicidade É a qualidade que tem o agente infeccioso de, uma vez instalado no organismo do homem e de outros animais, produzir sintomas em maior ou menor proporção dentre os hospedeiros infectados. Virulência Capacidade de um bioagente produzir casos graves ou fatais. Esta associada à propriedades bioquímicas do agente, relacionadas a produção de toxinas e a sua capacidade de multiplicação no organismo parasitado. Dose infectante É a quantidade do agente etiológico necessária para iniciar uma infecção. Obs.: Depende da doença e da pessoa que sofrerá a infecção. Imunogenecidade Capacidade que tem o bioagente para induzir imunidade no hospedeiro. Hospedeiro Susceptível Indivíduo susceptível ou infectável: É a pessoa ou animal sujeitos a uma infecção. Individuo resistente: É aquele que, por via de algum mecanismo natural ou através de imunização artificial, tornou-se capaz de impedir o desenvolvimento, em seu organismo, de agentes infecciosos. Suscetibilidade: quando não há resistência a determinado agente patogênico com possibilidade de aquisição da doença. Imunidade: resistência usualmente associada à presença de anticorpos que exercem ação específica sobre o microrganismo. Relação do hospedeiro com o bioagente Hospedeiro suscetível Suspeito: aquele cuja história clínica e sintomalogia indicam estar acometido por alguma doença ou tê-la em incubação. Portador: indivíduo infectado, pessoa ou animal, que alberga um agente infeccioso, sem apresentar sintomas fonte de infecção. Cadeia de Infecção As doenças transmissíveis ocorrem como resultado de uma interação entre: 1. Agente etiológico; 2. Meio ambiente propício à transmissão; 3. Hospedeiro suscetível. Cadeia de infecção Agente causal Susceptib ilidade do hospedei ro Porta de entrada hospedei ro Modo de transmissã o Porta de saída agente reservatóri o Características dos componentes da Tríade Epidemiológica Características do Agente Infeccioso: Infectividade: capacidade de se instalar no hospedeiro e nele multiplicar-se (infectar) Patogenicidade: é a capacidade de produzir uma doença Virulência: capacidade de produzir casos graves ou fatais. Dose infectante: é a quantidade necessária para causar infecção. Características do Agente Infeccioso (continuação): Poder invasivo: é a capacidade que tem o parasito de se difundir através de tecido, Imunogenicidade: é a capacidade que tem o agente etiológico de induzir imunidade no hospedeiro. Mutagenicidade: capacidade de alterar características genéticas. Com relação à porta de entrada no hospedeiro • Respiratória: sarampo, varicela, etc; • Intestinal (fecla-oral ou alimentar): hepatite infecciosa, cólera, etc; • Pele e mucosas (sem vetor): micoses, doenças sexualmente transmissíveis, etc; • Sangue (por vetores): malária, doença de Chagas. Ambiente nas doenças transmissíveis Inclui todos os fatores que não sejam específicos do agente infeccioso ou do hospedeiro. Os fatores do ambiente interagem com os fatores do agentee do hospedeiro na promoção ou manutenção das doenças. Ambiente: reservatório de bioagentes. Função central no ciclo biológico de manutenção das doenças infecciosas. Reservatório de agentes infecciosos Ser humano, animal, artrópode, planta, solo ou matéria inanimada (ou uma combinação desses), em que um agente infeccioso normalmente vive e se multiplica de modo a poder ser transmitido a um hospedeiro suscetível. Ambiente nas doenças transmissíveis Características do ambiente físico e biológico são, muitas vezes, fatores fundamentais no circuito de transmissão. • Doenças que se espalham, rapidamente, em ambientes sem condições adequadas de saneamento básico; • As florestas são propícias para o desenvolvimento dos anofelíneos (transmissores da malária), ao contrário do cerrado. Esta doença também não ocorre em lugares elevados, pela impossibilidade de adaptação do vetor às grandes altitudes; • Muitos agentes etiológicos de doenças infecciosas não resistem a condições desfavoráveis, como o clima seco, o frio e a exposição direta à luz solar. Além disso, outros fatores podem contribuir para a transmissão de doenças • O incremento do turismo e do intercâmbio de produtos animais e vegetais; • A hospitalização traz o risco de infecção hospitalar; • O uso extensivo e inadequado de antibióticos facilita a eclosão de infecções por germes a eles resistentes; • A utilização de técnicas invasivas de diagnóstico e de tratamento, altera profundamente o meio interno, o que favorece o aparecimento de infecções oportunistas. Vetores: seres vivos que veiculam o agente desde o reservatório até o hospedeiro potencial. Vetores mecânicos: agem apenas como transportadores, os parasitos não se multiplicam ou se transformam em seu interior. Ex: moscas Vetores biológicos: aqueles nos quais os microrganismos desenvolvem uma fase do seu ciclo vital. anopheles , malária VETORES X VEÍCULOS Veículos São objetos ou materiais contaminados que sirvam de meio mecânico, auxiliando um agente infeccioso a ser transportado e introduzido em um hospedeiro suscetível. Exemplos: alimentos e objetos contaminados. Transmissão O que é? De onde? Para onde? Por que meios? Transmissão de agentes infecciosos: transferência de um agente infeccioso de um indivíduo infectado para um novo hospedeiro, com passagem ou não por intermediários vivos ou por material inanimado. BIOAGENTES PATOGÊNICOS RESERVATÓRIOS VEÍCULOS E FÔMITES VIAS DE ENTRADA VIAS DE ELIMINAÇÃO SUSCETÍVEIS Modos de transmissão de doenças Ocorre da mãe para o filho durante processo de gestação ou parto. Exemplos: sífilis congênita, HIV, rubéola congênita. Transmissão Vertical Transmissão Horizontal Transferência do agente infeccioso de uma pessoa para outra. DIRETA INDIRETA As doenças contagiosas referem-se a transmissão direta Modos de transmissão de doenças Transmissão direta A transmissão direta é a transferência do agente infeccioso de um hospedeiro ou reservatório para uma porta de entrada através da qual a infecção poderá ocorrer. Transmissão indireta A transmissão indireta pode ser através de veículo, vetor ou aérea. A transmissão por veículos ocorre através de materiais contaminados tais como alimentos, vestimentas, roupas de cama e utensílios de cozinha. A transmissão por vetor ocorre quando o agente é carregado por um inseto ou animal (o vetor) para um hospedeiro suscetível; o agente pode ou não se multiplicar no vetor. Modos de transmissão de doenças A distinção entre os tipos de transmissão é importante quando são escolhidos os métodos de controle de doenças. TRANSMISSÃO INDIRETA, pode ser interrompida com uso de mosquiteiros, ventilação, alimentos sob refrigeração e fornecimento de agulhas descartáveis TRANSMISSÃO DIRETA pode ser interrompida pela prevenção do contato com a fonte Modos de transmissão de doenças INTERRUPÇÃO DE TRANSMISSÃO NO MEIO AMBIENTE • Saneamento ambiental (da água, ar e solo); • Vigilância sanitária (de gêneros alimentícios e drogas); • Controle de vetores (desinsetização e moluscicidas). PROTEÇÃO DO INDIVÍDUO SUSCETÍVEL • Educação para a saúde, incluindo higiene pessoal; • Imunização ativa e passiva; • Quimioprofilaxia; • Diagnóstico precoce de casos (busca de casos); • Tratamento efetivo. Doenças Emergentes: São aquelas que surgiram recentemente (nos último anos) numa população ou as que ameaçam se expandir num futuro próximo. Ex.: Zika, chikungunya Doenças Reemergentes: São aquelas causadas por microorganismos bem conhecidos que estavam sob controle, mas tornaram-se resistentes às drogas antimicrobianas comuns ou estão se expandindo rapidamente em incidência ou em área geográfica específica. Ex.: Malária, Tuberculose, Sífilis ENDEMIA É a ocorrência de determinada doença que acomete sistematicamente populações em espaços característicos e determinados, no decorrer de um longo período, e que mantém uma de incidência relativamente constante, permitindo variações cíclicas e sazonais. Ocorrência simultânea de número constante de casos, sem ultrapassar a média e dentro de uma área geográfica e em certo período de tempo. Número de casos dentro do esperado. EPIDEMIA • É a ocorrência em uma comunidade ou região de casos de natureza semelhante, claramente excessiva em relação ao esperado. • Elevação inesperada e descontrolada dos coeficientes de incidência de determinada doença. • Aumento do número de casos superior ao esperado. Exercícios 1- Diferencie doença infecciosa de doença contagiosa. 2- Epidemiologicamente falando, quais fatores podem contribuir para a transmissão de doenças? 3- Diferencie imunidade ativa x passiva, natural x artificial. 4- Diferencie vetores mecânicos e biológicos. 5- Explique as formas de transmissão horizontal. 6- Como pode ocorrer a prevenção de doenças transmissíveis em relação ao meio ambiente e ao indivíduo? 7- Diferencie doenças emergentes de reemergentes. Referências PEREIRA, Maurício Gomes. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. BONITA, R., BEAGLEHOLE, R. KJELLSTROM, T. Epidemiologia básica. 2. ed. São Paulo, Santos, 2011. BRASIL. Ministério da Saúde. Doenças infecciosas e parasitárias – guia de bolso. 8º ed. Brasília – DF, 2010. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doencas_infeccios as_parasitaria_guia_bolso.pdf
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