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1 ESTADO PUERPERAL O Estado Puerperal é um estado que envolve a mulher durante o processo de expulsão da criança do seu ventre. Nesse momento, ocorrem profundas alterações de ordem física e psíquica na mãe, que vem e a transformam, deixando ela sem condições de entendimento pleno sobre o que está fazendo, sendo considerado como um estado hipotético de semi- imputabilidade e tratada por alguns legisladores como a necessidade de criação de um tipo especial de entendimento. Assim, se compreende esse estado como uma alteração temporária psicológica de uma mulher que era previamente sã e que agia de forma normal, tendo sua capacidade de entendimento diminuída com uma liberação continua de instintos que surgem e terminam com a mãe agredindo o próprio filho sem que nem ela compreenda plenamente o que está fazendo. Durante o período puerperal, a genitora adquire profundas alterações que se entendem como psíquicas e físicas com consequências onde ela não tem condições de discernir a ilicitude do que está praticando, podendo provocar uma obnubilação das faculdades mentais da puérpera, não compreendendo de forma criminosa o que está fazendo. Outro autor afirma que o Estado Puerperal se caracteriza como uma situação sui generis, não se tratando de uma alienação, nem de uma alienação, porém não se tratando também de uma situação normal. A partir disso, pode-se caracterizar como uma alteração de ordem fisiopsicológica que não envolve apenas o físico da mulher, mas também o seu psicológico com alteração de seus ânimos sem um discernimento pleno do que é o certo e do que é errado. Na fase puerperal a mulher encontra-se exposta a maiores riscos de aparecimento de transtornos mentais em relação a outras fases da vida, uma vez que as suas defesas tanto físicas quanto psicossociais são direcionadas à proteção e vulnerabilidade do bebê. Ainda que o Estado Puerperal seja reconhecido por alguns autores como um estado fisiológico normal, a depressão puerperal que é mais facilmente observada em mulheres que recém deram a luz é reconhecida como um transtorno mental de alta prevalência e que em algumas situações gera alterações de ordem emocional, física e 2 comportamental. Essas alterações duram até algumas semanas depois do parto ter ocorrido. Ainda, durante o período de gestação e durante os momentos do parto, a mulher se encontra em um momento de fragilidade e delicadeza, uma vez que tudo se encontra em torno da questão do parto com alteração de hormônios e por esse motivo, se encontraria também mais propensa ao surgimento de transtornos mentais a acometendo. O estado puerperal pode ser considerado como um conjunto de sintomas fisiológicos, que se inicia com o parto e permanece algum tempo após o mesmo, não há dúvida de que existe o Estado Puerperal durante o parto, e logo após o mesmo. Nosso CP vigente, adotando o critério fisiológico, considera essencial, no crime de infanticídio, a perturbação psíquica que o puerpério pode acarretar na parturiente. Assim, o estado puerperal existe desde sempre, não sendo uma novidade para nenhuma área, contudo, não são todos que ocasionam perturbações de caráter emocional na mulher e que levam a morte do próprio filho. Esse processo do parto, que muitas vezes gera muita dor, muita perda de sangue e um esforço descomunal na mãe, pode gerar uma perturbação na sua consciência, sendo nesse estado que a mãe vai tentar ferir o filho com a morte, com características de um homicídio privilegiado. O quê leva a mãe a querer matar seu próprio filho é a consequência de um parto excessivamente doloroso, uma vez que esse estado puerperal que atinge as mulheres por vias físicas e por vias psicológicas, gera em alguns casos, transtornos de ordem mental por conta de toda dificuldade nas ações físicas. Sendo o seu parto de longa duração, com complicações, geração de angustia para essa mãe, a desordem que vai ser gerada produz sentimentos negativos, sentimentos de ódio e ela podem vir a cometer o homicídio dessa criança, sem estar em condições de compreensão da sua atitude e nem entendimento. Dessa forma, o estado puerperal se caracteriza como um elementar do infanticídio, pois envolve a mãe e se dá durante o processo de expulsão dela do seu ventre, com diversos riscos psíquicos e físicos para a parturiente. Dentre as alterações comuns, são identificadas alterações emocionais por conta desse movimento obstétrico. 3 Enquanto para algumas mães é um processo sem dificuldade, para outras é caracterizado como um trauma psicológico pelas características do parto solitário. Entre as alterações psíquicas temos atenção falha, percepção sensória deficiente, memória de fixação e evocação escassas, dificuldade em diferenciar o subjetivo do objetivo, juízo crítico concreto e abstrato enfraquecidos, discernimento inibido implicando na incapacidade de avaliação entre o lícito e o ilícito, inadaptação temporárias e desorientação afetivo-emocional. O estado puerperal como um conjunto de sintomas fisiológicos que se prolongam por um longo espaço de tempo depois do parto e que ocorre com gestantes aparentemente caracterizadas como normais de forma física e psicológica, mas que ficam estressadas com o momento do parto e tem alterações nos hormônios, na mente, no corpo e com um catalizador de dificuldades econômico-financeiras que auxiliam no afloramento do estado puerperal que culmina na eliminação do filho. Sobre o puerpério, este também é conhecido como sobreparto ou pós-parto, sendo um período variável e impreciso, mas que se caracteriza com o desenrolar das manifestações de ordem involuntária e de recuperação da genitália da mãe após o parto. Ocorrem importantes modificações no corpo que duram até que ele retorne a homeostase antes da gravidez, sendo sua relevância e extensão de acordo com o corpo da mãe e proporcionais às transformações que a gestação promoveu no corpo, assim, fica diretamente relacionada com a duração da gravidez e de quantas crianças. Dessa forma, o tempo de duração do puerpério é sempre variável e incerto, uma vez que a recuperação da mãe vai ser particular frente às condições citadas anteriormente. Puerpério (de puer e parere) é o período que vai da dequitação, isto é, do deslocamento e expulsão da placenta à volta do organismo materno às condições pré- gravídicas. Sua duração é, pois, de seis a oito semanas, conquanto alguns a limitem ao prazo de seis a oito dias. A mulher, mentalmente sadia, abalada pela dor física do fenômeno obstétrico, fatigada, enervada, sacudida pela emoção, vem a sofrer um colapso do senso moral, uma liberação de impulsos maldosos, chegando por isso a matar o próprio filho. Embora os conceitos a respeito do tempo de duração do puerpério possam variar de acordo com os autores, compreende-se que é um tempo variável de seis a oito semanas, mesmo que não exista uma forma de determinar de forma inflexível tal prazo. 4 Ainda assim, não importa tanto o período de duração, mas o fato da mulher se encontrar sob tais condições de alteração psicológica e física e nem condições de julgar de forma crítica suas atitudes. Dessa forma, entende-se que essa mulher encontra-se em estado puerperal e esse fato que contribui para a discussão da caracterização de crime ou não para a atitude eliminação do filho caso esse ato seja cometido pela mulher que se encontra nesse estado.
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