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ESTADO PUERPERAL

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ESTADO PUERPERAL 
 
O Estado Puerperal é um estado que envolve a mulher durante o processo de 
expulsão da criança do seu ventre. 
Nesse momento, ocorrem profundas alterações de ordem física e psíquica na 
mãe, que vem e a transformam, deixando ela sem condições de entendimento pleno 
sobre o que está fazendo, sendo considerado como um estado hipotético de semi-
imputabilidade e tratada por alguns legisladores como a necessidade de criação de um 
tipo especial de entendimento. 
Assim, se compreende esse estado como uma alteração temporária psicológica 
de uma mulher que era previamente sã e que agia de forma normal, tendo sua 
capacidade de entendimento diminuída com uma liberação continua de instintos que 
surgem e terminam com a mãe agredindo o próprio filho sem que nem ela compreenda 
plenamente o que está fazendo. 
Durante o período puerperal, a genitora adquire profundas alterações que se 
entendem como psíquicas e físicas com consequências onde ela não tem condições de 
discernir a ilicitude do que está praticando, podendo provocar uma obnubilação das 
faculdades mentais da puérpera, não compreendendo de forma criminosa o que está 
fazendo. 
Outro autor afirma que o Estado Puerperal se caracteriza como uma situação 
sui generis, não se tratando de uma alienação, nem de uma alienação, porém não se 
tratando também de uma situação normal. A partir disso, pode-se caracterizar como uma 
alteração de ordem fisiopsicológica que não envolve apenas o físico da mulher, mas 
também o seu psicológico com alteração de seus ânimos sem um discernimento pleno 
do que é o certo e do que é errado. 
Na fase puerperal a mulher encontra-se exposta a maiores riscos de 
aparecimento de transtornos mentais em relação a outras fases da vida, uma vez que as 
suas defesas tanto físicas quanto psicossociais são direcionadas à proteção e 
vulnerabilidade do bebê. 
Ainda que o Estado Puerperal seja reconhecido por alguns autores como um 
estado fisiológico normal, a depressão puerperal que é mais facilmente observada em 
mulheres que recém deram a luz é reconhecida como um transtorno mental de alta 
prevalência e que em algumas situações gera alterações de ordem emocional, física e 
 
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comportamental. Essas alterações duram até algumas semanas depois do parto ter 
ocorrido. 
Ainda, durante o período de gestação e durante os momentos do parto, a 
mulher se encontra em um momento de fragilidade e delicadeza, uma vez que tudo se 
encontra em torno da questão do parto com alteração de hormônios e por esse motivo, 
se encontraria também mais propensa ao surgimento de transtornos mentais a 
acometendo. 
O estado puerperal pode ser considerado como um conjunto de sintomas 
fisiológicos, que se inicia com o parto e permanece algum tempo após o mesmo, não há 
dúvida de que existe o Estado Puerperal durante o parto, e logo após o mesmo. 
Nosso CP vigente, adotando o critério fisiológico, considera essencial, no 
crime de infanticídio, a perturbação psíquica que o puerpério pode acarretar na 
parturiente. 
Assim, o estado puerperal existe desde sempre, não sendo uma novidade para 
nenhuma área, contudo, não são todos que ocasionam perturbações de caráter emocional 
na mulher e que levam a morte do próprio filho. 
Esse processo do parto, que muitas vezes gera muita dor, muita perda de 
sangue e um esforço descomunal na mãe, pode gerar uma perturbação na sua 
consciência, sendo nesse estado que a mãe vai tentar ferir o filho com a morte, com 
características de um homicídio privilegiado. 
O quê leva a mãe a querer matar seu próprio filho é a consequência de um 
parto excessivamente doloroso, uma vez que esse estado puerperal que atinge as 
mulheres por vias físicas e por vias psicológicas, gera em alguns casos, transtornos de 
ordem mental por conta de toda dificuldade nas ações físicas. 
Sendo o seu parto de longa duração, com complicações, geração de angustia 
para essa mãe, a desordem que vai ser gerada produz sentimentos negativos, 
sentimentos de ódio e ela podem vir a cometer o homicídio dessa criança, sem estar em 
condições de compreensão da sua atitude e nem entendimento. 
Dessa forma, o estado puerperal se caracteriza como um elementar do 
infanticídio, pois envolve a mãe e se dá durante o processo de expulsão dela do seu 
ventre, com diversos riscos psíquicos e físicos para a parturiente. 
Dentre as alterações comuns, são identificadas alterações emocionais por conta 
desse movimento obstétrico. 
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Enquanto para algumas mães é um processo sem dificuldade, para outras é 
caracterizado como um trauma psicológico pelas características do parto solitário. 
Entre as alterações psíquicas temos atenção falha, percepção sensória 
deficiente, memória de fixação e evocação escassas, dificuldade em diferenciar o 
subjetivo do objetivo, juízo crítico concreto e abstrato enfraquecidos, discernimento 
inibido implicando na incapacidade de avaliação entre o lícito e o ilícito, inadaptação 
temporárias e desorientação afetivo-emocional. 
O estado puerperal como um conjunto de sintomas fisiológicos que se 
prolongam por um longo espaço de tempo depois do parto e que ocorre com gestantes 
aparentemente caracterizadas como normais de forma física e psicológica, mas que 
ficam estressadas com o momento do parto e tem alterações nos hormônios, na mente, 
no corpo e com um catalizador de dificuldades econômico-financeiras que auxiliam no 
afloramento do estado puerperal que culmina na eliminação do filho. 
Sobre o puerpério, este também é conhecido como sobreparto ou pós-parto, 
sendo um período variável e impreciso, mas que se caracteriza com o desenrolar das 
manifestações de ordem involuntária e de recuperação da genitália da mãe após o parto. 
Ocorrem importantes modificações no corpo que duram até que ele retorne a 
homeostase antes da gravidez, sendo sua relevância e extensão de acordo com o corpo 
da mãe e proporcionais às transformações que a gestação promoveu no corpo, assim, 
fica diretamente relacionada com a duração da gravidez e de quantas crianças. 
Dessa forma, o tempo de duração do puerpério é sempre variável e incerto, 
uma vez que a recuperação da mãe vai ser particular frente às condições citadas 
anteriormente. 
Puerpério (de puer e parere) é o período que vai da dequitação, isto é, do 
deslocamento e expulsão da placenta à volta do organismo materno às condições pré-
gravídicas. 
Sua duração é, pois, de seis a oito semanas, conquanto alguns a limitem ao 
prazo de seis a oito dias. 
A mulher, mentalmente sadia, abalada pela dor física do fenômeno obstétrico, 
fatigada, enervada, sacudida pela emoção, vem a sofrer um colapso do senso moral, 
uma liberação de impulsos maldosos, chegando por isso a matar o próprio filho. 
Embora os conceitos a respeito do tempo de duração do puerpério possam 
variar de acordo com os autores, compreende-se que é um tempo variável de seis a oito 
semanas, mesmo que não exista uma forma de determinar de forma inflexível tal prazo. 
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Ainda assim, não importa tanto o período de duração, mas o fato da mulher se 
encontrar sob tais condições de alteração psicológica e física e nem condições de julgar 
de forma crítica suas atitudes. 
Dessa forma, entende-se que essa mulher encontra-se em estado puerperal e 
esse fato que contribui para a discussão da caracterização de crime ou não para a atitude 
eliminação do filho caso esse ato seja cometido pela mulher que se encontra nesse 
estado.

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