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PROENÇA FILHO, Domício. O modernismo In: Estilos de época na literatura. FICHAMENTO


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FICHAMENTO 
PROENÇA FILHO, Domício. O modernismo. In: Estilos de época na literatura. 15ª ed. São 
Paulo: Ática, 1995, p. 298-363 
 
O MODERNISMO 
 
Para Domício Proença Filho, um dos aspectos centrais do movimento modernista é a 
tendência a apresentar textos cujas características é se apresentarem ao leitor de maneira mais 
fechada, isto é, de modo a dificultar a compreensão do leitor comum. O Autor designa esta 
singularidade por “propensão ao hermetismo” (p. 301). Domício Proença Filho destaca o fato 
de que esta tendência não é exclusividade da estética modernista, pois ela pode ser notada em 
poetas de outros períodos literários. Todavia, na poética modernista, o hermetismo vincula-se 
a certa tendência a explorar os desvãos da psique humana. Significa isso dizer que o hermetismo 
mantém ligação com outro aspecto importante da estética modernista, qual seja, a exploração 
do inconsciente. Este fenômeno tem relação com o desenvolvimento da psicanálise, a qual 
permitiu, a partir das descobertas de Sigmund Freud, melhor conhecimento da interioridade de 
cada indivíduo. Outrossim, a exploração do inconsciente garantiu à literatura maior liberdade, 
como também a possibilidade de explorar o domínio onírico, aspecto aliás que já se apresentara 
no Simbolismo. 
Com efeito, anota o Autor, esta tendência permite explorar (...) “ as associações de 
ideias, aparentemente gratuitas, no sonho, em condições psíquicas especiais, nas liberdades de 
linguagem, que levam, muitas vezes, à despreocupação com significado racional para o poema. 
“ (PROENÇA FILHO, 1995, p. 303). 
 
Outro ponto importante destacado é a presença da filosofia bergsoniana que se faz notar 
por meio da “reformulação da teoria do conhecimento [...] através da experiência” (p. 303). 
Outrossim, Domício Proença Filho destaca como a civilização material foi incorporada à 
produção literária modernista. Tal fenômeno relaciona-se com o desejo de trazer para a 
literatura as novidades da ciência e da tecnologia, adquiridas com os novos tempos. 
Efetivamente, como pontua o Autor, verifica-se aí o “ resultado do evoluir da visão realista 
daqueles escritores interessados pela ciência “ (p. 304). Há liberdade plena de forma o verso 
livre é caracterizado pela “mudança de atitude” quando o “ ritmo decorre [..] da sucessão de 
grupos de força”. 
Ademais, o verso livre trouxe uma liberdade à forma. Na versificação, deixa-se de se empregar 
como unidade de medida a sílaba, e passa a utilizar-se as associações das entonações e das 
pausas. 
Com efeito, o Autor destaca: “Verso livre que não significa a ausência de ritmo, mas 
criar ‘o ritmo a cada momento’. ” Sabemos que em português a técnica do verso depreende, 
tradicionalmente, esquemas que vão de duas a doze sílabas, com acentos regularmente 
distribuídos. Já o que caracteriza o versolivrismo é, sobretudo, uma mudança de atitude: sua 
unidade de medida deixa de ser a sílaba, e passa a basear-se na combinação das entonações e 
das pausas. O ritmo decorre, pois, da sucessão de grupos de forças valorizados pela entonação, 
pela maior ou menor rapidez da enunciação. ” ( p. 305) 
 
Outrossim, o Autor comenta brevemente o desenvolvimento na história do verso livre, 
observando que ele tem início com a poesia de Rimbaud, em 1886, mas é com o poeta 
Whitmann que o verso livre irá efetivamente ganhar terreno. (PROENÇA FILHO, 1995) 
O Autor cita como exemplos do versolivrismo no Brasil, os versos de Drummond: 
“ ‘Teus ombros suportam o mundo/E ele não pesa mais que a mão de uma criança’ ” 
(DRUMMOND apud PROENÇA FILHO, p. 305) 
 
Para complementar os elementos que caracterizam o intricado movimento modernista, 
em sentido extenso, o Autor acrescenta, ainda, alguns aspectos, tais como: 
 “dessacralização da arte, com o predomínio da concepção lúdica sobre a concepção 
mágica anteriormente dominante, a propensão à representação genérica e 
desindividualizadora de cenas e personagens [...], a predominância da alegoria, 
‘baseada no senso de desumanização da existência’, e o cosmopolitismo do processo 
literário, que se traduz na intercomunicação entre os artistas quer em termos pessoais, 
quer em termos nacionais’. ” (p. 306) 
 
Num olhar mais detalhado, pode-se assinalar, com embasamento principalmente em A. 
Hibbard, as características mais acentuadas da literatura contemporânea, no que concerne à 
prosa. São elas, segundo o Autor: 
 “O autor ausenta-se da narrativa; a ação e o enredo perdem importância em favor das 
emoções, estado mentais e reações das personagens; a temática passa dos assuntos 
universais para os particulares, individuais e específicos; a caracterização das 
personagens varia, aumenta o interesse pelos estados mentais, pela vida profunda do 
‘eu’, em detrimento das ações exteriores; a literatura torna-se cada vez mais subjetiva, 
interiorizada e abstrata, construída de experiências mentais, da vida do espírito. ” 
(p.306) 
Na poesia, pode-se apontar: 
 “A poesia, criação poética da linguagem, ‘feita de palavras’; ausência e/ou 
revitalização de rimas convencionais; sequência de imagens baseadas na associação, 
livre de lógica de causa e efeito; interesse maior pelo inconsciente; interesse pelo 
homem comum; interesse pela ordem social, em oposição ao céu e à terra. ” (p.307) 
E, dentre os vários “ismos” que se manifestam para marcar a agitação desordenada da Europa 
de começos do século, vale ressaltar: 
O Futurismo: 
Surge por meio do Manifesto do Futurismo, divulgado em Le Figaro, de Paris, no dia 
22 de fevereiro de 1909, firmado por Marinette. De acordo com Proença Filho, esta nova atitude 
propõe: “o amor ao perigo, o hábito da energia, a temeridade; a poesia baseada essencialmente 
na coragem, na audácia, na revolução; a exaltação da agressividade, da insônia febril, do salto 
perigoso; o canto entusiasmado da velocidade; abominação do passado; a exaltação da guerra, 
do militarismo, do patriotismo” etc. (p. 307) 
Ademais, o Autor chama atenção para o manifesto, talvez, mais importante  dentre os 
que se sobrevieram  intitulado “Manifesto Técnico da Literatura Futurista, de 11 de maio de 
1912, Milão, no qual são propostas as seguintes reformas: 
 “ a destruição da sintaxe, com os substantivos dispostos ao acaso (palavras em 
liberdade); o emprego do verbo no infinitivo ‘para que se adapte elasticamente ao 
substantivo e possa dar sentido de continuidade e intuição que nele se percebe’; ‘a 
abolição do adjetivo, para que o substantivo guarde sua cor essencial’; a abolição do 
advérbio, ‘que empresta à frase uma cansativa unidade de tom’; a supressão dos 
elementos de comparação: ‘como’, ‘parecido com’, etc.; a abolição de todas as 
metáforas descoloridas, dos clichês” etc. (p. 308) 
Entretanto, conforme acentua o Autor, “o movimento foi muito mais programa do que 
obra realizada [...] No Brasil, houve um momento em que o Futurismo ameaçou repercutir” (p. 
310) Oswald de Andrade, em um determinado escrito sobre Mário de Andrade, designa-o como 
futurista, mas este esclarece tal situação em seu Prefácio Interessantíssimo: “Não sou futurista 
(de Marinetti). Disse e repito-o. Tenho pontos de contato com o futurismo”. (p. 310) 
O Cubismo: 
Proença Filho afirma que o cubismo foi uma atitude precisamente reconhecida no 
campo das artes plásticas, mas é possível tratar, de acordo com críticos de prestígio, de Cubismo 
em literatura. Na pintura, o momento inicial do cubismo é o quadro de Pablo Picasso 
denominado “Les demoiselles d’Avignon” (1907). No entanto, há 
“críticos de arte que atribuem as primeiras manifestações da nova atitude às paisagens 
que George Braque apresentou em 1908, em Paris [...] Quando foram expostas no 
Salão de Outono, o pinto Matisse, que fazia parte do júri, qualificou-as como 
‘caprichos cúbicos’. O crítico Louis Vauxcelles utilizou a designação em seus 
comentários e o nome consagrou-se. ” (p. 310) 
Conforme o autor, o vocábulo “cubismo”foi, por conseguinte, utilizado na literatura 
graças a alguns nomes, como: Apollinaire, Max Jacob, Maurice Raynal, entre outros. Na arte 
literária podem ser consideradas as seguintes características: 
 “ ‘As obras de arte não devem ser uma representação objetiva da natureza, mas uma 
transformação dela, ao mesmo tempo objetiva e subjetiva’ (P. A. Birot); a procura da 
realidade deve centralizar-se na realidade pensada e não na realidade aparente; a obra 
de arte deve bastar-se a si mesma; eliminação do anedótico e do descritivo. O poema, 
por exemplo, reduz-se a uma sucessão de anotações sem relacionamento causal 
visível; supressão da continuidade cronológica. As sensações e recordações vão ou 
vêm do presente ao passado, confundindo os seus caminhos; supressão da lógica 
aparente. Evita-se o ‘pensamento-frase’, lógico, racional; prefere-se o ‘pensamento-
associação’, que se move entre o consciente e o subconsciente” etc. (p. 311) 
Além disso, das influências do Cubismo, que foi fugaz como atitude literária, podem ser 
considerados: 
 “a técnica cinematográfica de que faz uso, por exemplo, André Malraux nos 
romances Les conquérants e La condition humaine; a multiplicação e o 
desdobramento de planos que se observam, por exemplo, na obra de John dos Passos, 
USA; os primeiros planos do romance The power and the glory, de Graham Greene; a 
simultaneidade espaço-tempo que caracteriza Le sursis, de Sartre. ” ( p. 312) 
O Expressionismo 
 
A estética expressionista, surgida na Alemanha, visava obras de arte cujos temas 
trabalhavam com a ideia da expressão: uma expressão própria, individual e particular, na qual 
situações externas passam a influenciar menos. O expressionismo durou por volta de 1910 até 
1933, com a terceira fase. 
Uma das características deste movimento é: “a centralização na expressão de um mundo 
interior” (p.313), ou seja, focaliza nos sentimentos particulares. Giacomo Prampolini clarifica 
dizendo que “Enquanto o Impressionismo significa a passiva reprodução de sensações, o 
Expressionismo atua empregando elementos do mundo interior; o eu do artista, que se impõe à 
natureza e às coisas concretas, exerce sobre elas uma violência, reelabora-as e volta plasmar e 
terminar por construir uma realidade. ” (p.314). De certo, fica claro que os expressionistas eram 
opostos aos impressionistas, pois estes não valorizavam o eterno, mas os instantes de um 
determinado momento da realidade. Além disso, os expressionistas eram contrários, também, 
aos naturalistas, em virtude de a literatura destes apresentarem um caráter objetivo, o qual era 
oposto a outro elemento marcado nas poesias dos expressionistas: a importância da imaginação 
e do sonho, os quais não compõe uma realidade concreta, mas favorecem a subjetividade do 
homem. Por isso, destaca-se a linguagem hermética como elemento fundamental desta estética, 
pois é através do “[...] hermetismo e do alogicismo” (p.314) que se pode mostrar um mundo 
particular do homem, evidenciando seus devaneios e suas incertezas. 
 Outrossim, o expressionismo é uma estética que desconstrói o belo, sem muitas 
idealizações. Proença Filho o classifica como “tendência à captação do eterno e o consequente 
abandono do mundo das aparências” (p.313). Isso significa o distanciamento da ideia do 
perfeito, ou seja, enfatiza-se o desencanto com a vida e o pessimismo tanto marcado em um 
contexto de guerra. A esperança que os artistas tinham de um mundo mais adequado para se 
viver, com o advento da modernização das cidades, da industrialização e da tecnologia, estava 
diminuindo cada vez mais devido a postura da sociedade diante do mundo: ela se mostrava 
alienada, egocêntrica e individualizada. Dessa forma, outra característica do expressionismo é 
a “importância do ato de exprimir-se” (p.313). Na pintura, por exemplo, as pinceladas dadas 
pelos pintores são fortes e agressivas para tentar manifestar a subjetividade diante desse mundo 
moderno. 
É interessante ressaltar que em um trecho do manifesto de Kasimir Edschmid é mostrado 
o homem de forma desnuda, isto é, retira-se dele todas as imposições que a sociedade acaba 
impondo indiretamente. Destaca-se, portanto, a essência, sem a influência da exterioridade: 
“Cada homem não é mais indivíduo ligado à obrigação, à moral, à sociedade, à família. Nesta 
arte, ele se torna somente o mais grandioso ou o mais humilhado: ele se torna homem. ” (p.315) 
 
O Dadaísmo 
O movimento Dadaísta surgiu em Zurique, com o protesto de Tristan Tzara em 14 de 
julho de 1916. O desejo do manifesto era buscar a liberdade e a independência para a sociedade. 
Tzara explica como surgiu o nome dadaísmo: 
 “Encontrei o nome por causalidade, inserindo uma espátula num tomo fechado do 
Petit Larousse e lendo imediatamente, ao abri-lo, a primeira linha que me chamou 
atenção: DADA. (...) Meu propósito foi criar apenas uma palavra expressiva que 
através de sua magia fechasse todas as portas à compreensão e não fosse apenas mais 
um – ISMO” (p.317). 
 
Como se pode perceber, o movimento dadaísta não tinha a intenção de ser 
compreendido. Os artistas trabalhavam com ideias irracionais e com um teor altamente 
iconoclástico. 
 Pode-se destacar como uma das características do movimento: a “tentativa de 
demolição” (p.317), a qual refletia muito o que se estava vivendo naquele período: uma 
realidade de guerras. Uma tentativa de pensar a arte e até mesmo de criticá-la em meio ao caos. 
Os dadaístas acreditavam que por meio da destruição também podia-se criar, ou reinventar, a 
arte. Com essa mesma ideia observa-se outra característica dadaísta: “propõe a abolição da 
lógica” (p.317), ou seja, pregava-se uma arte ilógica, caótica, a qual apelava pelas aberrações. 
Isso se devia ao fato do movimento ter surgido no período da primeira guerra mundial. Os 
artistas presenciavam o mundo se encaminhando com o desenvolvimento da tecnologia, com 
os centros urbanos, com o avanço da medicina, dentre outras inovações do mundo moderno. 
Mas ao mesmo tempo notavam o quanto o mundo era instável e o quanto as relações de 
interesses afetavam a lógica social. A arte procurava, então, evidenciar esse homem ilógico, o 
qual apresentava motivos ocultos do inconsciente, egos e tabus. 
Outro elemento importante do dadaísmo é a retirada de materiais do seu contexto 
primitivo, dando a eles uma nova perspectiva. Isso está ligado à característica que Proença Filho 
chama de “cortar o nexo de ligação com a realidade vital” (p.317), isto é, deslocar o objeto do 
seu sentido original, da visão do comum, e propor uma nova função ou ideia daquele objeto. 
Isso, no poema, se dá da seguinte forma: criar “uma linguagem totalmente nova e inusitada” 
(p.317). Portanto, recusa-se a gramática e a sintaxe. Ademais, o Autor aponta que a arte não é 
séria, isso se deve ao fato dela ser questionada sobre a sua importância em um momento de 
rivalidades: as guerras. Os artistas procuravam refletir se a arte era útil naquele momento e, 
muitas vezes, combatiam essas reflexões com humor, mesmo o mundo apresentando desordem. 
 
O surrealismo 
O termo Surrealismo surgiu em 1917 com Guillaume Apollinaire e Pierre Albert-Birot. 
Proença Filho caracteriza esse movimento como: 
“a área difícil de ser determinada do magicismo universal: arte primitiva, poesia pré-
lógica; a corrente europeia esotérica, desde o movimento cabalista até o florescer das 
ciências ocultas durante o século XIX; a arte e a poesia ‘malditas’ de alguns artistas 
isolados, da Idade Moderna, desde Paracelso e Hyeronimus Bosch até Moralis e 
William Blake, com as consequências de sua obra e as ressonâncias” (p. 320). 
Ademais, é importante destacar que o movimento surrealista se configurou como 
doutrina, “como consciência de atitude artística”. Pode-se dar ênfase ao grupo parisiense 
chefiado por André Breton: o círculo do Surrealismo ortodoxo, justamente porque este grupo 
possibilitou configurar surrealismocomo doutrina, além de viabilizar distinções entre a arte da 
vanguarda, a obra dos surrealistas e o círculo a pouco mencionado. 
Para Proença Filho, influenciado por Breton, o surrealismo apresenta as seguintes 
características: “conflito entre a vida vivida e a vida pensada” (p. 321), ou seja, há uma 
valorização da imaginação onde a vida real não é a que vivemos. Outrossim, tem-se como 
característica o “desejo de redenção psicológica, social e universal do ser humano” (p.323), que 
acontece em decorrência do conflito entre realidade e imaginação, no qual os surrealistas 
passam a preocupar-se com a ação espiritual do indivíduo na sociedade. O “ilogismo”, que 
mostrou que os surrealistas não eram subordinados ao “reinado da lógica”. 
Além destas, outra característica bastante importante é baseada nos estudos de Freud e 
diz respeito à valorização do inconsciente em consequência imediata da rebeldia contra a razão, 
aqui, os surrealistas procuram a inspiração nos sonhos. Para mais, o “automatismo verbal e 
escrito”, que expôs verbalmente o funcionamento real do pensamento. Logo, os surrealistas 
procuravam escrever descobrindo valores escondidos no âmago do seu eu, dando objetividade 
para chegar a um ideal realizável e submisso, caracterizando a modificação das estruturas da 
realidade, ou seja, “a realidade é vulnerável e pode ser modificada” (p.324). Ainda destacando 
os aspectos mais importantes, tem-se o emprego da imagem deliberada, isto é, quando se trata 
do domínio das imagens tudo é possível aos olhos dos surrealistas. Por fim, “o humor negro, 
que se traduz em jogos de palavras, juntando uma palavra logicamente adequada a outra 
absurda. ” (p.325). 
Dadas as características, o Autor esclarece que, nos momentos iniciais, o Surrealismo 
se posicionava no plano de “ultravalorização do ‘mundo pensado’”, mas, a partir de 1925, 
Breton encaminha o movimento em direção a um envolvimento sócio-político de linha 
marxista, o que causa uma dissensão entre os seus colegas de atitude. 
O Modernismo em Portugal 
É possível destacar dois grupos modernistas em Portugal, o primeiro grupo ecoou por 
meio das revistas: Orpheu (1915), Centauro (1916), Portugal Futurista (1917), Contemporânea 
(1922-1923), e Athena (1924-1925). Tem-se como maiores representantes: Mário de Sá-
Carneiro e Fernando Pessoa, e tem-se como característica: “[...] o espírito renovador e 
iconoclasta” (p.328). No século XX, a obra lírica de Fernando Pessoa teve grande repercussão, 
principalmente no Brasil. 
O segundo grupo modernista “[...] tem como órgãos representativos as revistas Presença 
(1927-1940), A Águia (fase final) e Revista de Portugal (1937-1940). A ele pertencem José 
Régio, Vitorino Nemésio, Adolfo Casais Monteiro, Miguel Torga, Carlos Queirós, Branquinho 
da Fonseca e outros”. (p.330) 
O Modernismo no Brasil 
O modernismo no Brasil surge em decorrência das inquietações dos artistas brasileiros, 
inquietações estas mais intensas nas grandes cidades do país: Rio e São Paulo. A Semana de 
Arte Moderna foi o pontapé que faltava para que a classe artística do país iniciasse o movimento 
que pretendia romper com o passado e, para isso, chocou a sociedade da época com suas 
inovações. 
Essa nova classe de artistas passou por um processo de desintegração “Costuma-se 
apontar o ano de 1923 [..] como o ponto crucial da desagregação. Passada a batalha, saíram os 
grupos à procura do que buscavam” (p.339). A partir daí surgem as correntes modernistas no 
Brasil: 
Corrente dinamista 
 Muito influenciada pelo futurismo, a corrente dinamista buscava atribuir um valor 
poético às técnicas modernas e ao mundo material de uma forma geral. Dentre seus 
representantes estão: “Ronald de Carvalho, Graça Aranha, Guilherme de Almeida, Álvaro 
Moreyra, Villa-Lobos e Agripino Grieco” (p.339) 
Corrente primitivista 
Preocupava-se com atributos relacionados à origem do País. Esta corrente está 
intrinsecamente relacionada com a Corrente nacionalista, a qual possuía certa aversão ao que 
era produzido na Europa e pretendia valorizar a cultura nacional, como o próprio nome já diz. 
Seus principais representantes são: “Cassiano Ricardo, Menotti del Picchia, Cândido Motta 
Filho e Plínio Salgado” (p.341) 
Corrente espiritualista 
 Defendia uma postura harmônica na relação passado-futuro e conservava alguns traços 
simbolistas. Dentre seus representantes, destaca-se Cecília Meireles 
Corrente desvairista 
 Independência e renovação poética eram os principais objetivos desta corrente. O seu 
maior representante foi Mário de Andrade. 
Corrente do sentimentalismo 
Esta última corrente defendia a valorização dos sentimentos e dos aspectos ligados à 
subjetividade do indivíduo. Ribeiro Couto e Guilherme de Almeida são os principais nomes 
ligados às produções desta corrente. 
 Apesar de outras regiões do país terem sido alcançadas por essas correntes, Rio de 
Janeiro e São Paulo foram os principais centros de produção. 
 Proença Filho, baseado em Manuel Bandeira, faz referência ao período entre 1922-1930 
como o período correspondente à primeira fase do modernismo no Brasil. O Autor menciona 
algumas características que representam este momento, como: “a ruptura com o passado; 
espirito polêmico e destruidor, com a intenção de abandonar uma arte artificial copiada dos 
estrangeiros; busca por originalidade; luta contra o tradicionalismo; juízos de valor sobre a 
realidade brasileira e valorização poética do cotidiano” (p.346). 
Para o Autor, “tudo isso se traduziu numa liberdade ampla no uso do material 
linguístico, ‘num primado da poesia sobre a prosa’, e não ficou isento da reação dos passadistas 
intransigentes” (p.347). Já a segunda fase do modernismo é datada entre 1930-1945 e se 
diferencia da primeira por algumas particularidades: “estabilização das conquistas novas; 
preocupação religiosa e filosófica em poesia; ampliação da temática que tende para o universal; 
equilíbrio no uso do material linguístico e consciência estética. ” (p. 349) Neste período, 
desenvolvem-se duas vertentes: “o Neonaturalismo regionalista e social e o romance 
psicológico” (p.349). 
Proença Filho ainda toma a seguinte nota: “Na segunda fase, superou-se o radicalismo. 
Consolida-se o interesse pela realidade brasileira, ampliam-se os domínios do lirismo de 
preocupação existencial, ganham destaque os temas políticos, sociais, religiosos e erótico-
sensuais” (p.352). Ao concluir falando sobre a terceira fase do modernismo, o Autor aponta um 
impasse quando registra que esta fase “costuma ser situada por grande número de críticos entre 
1945 e atualidade. Outros tomam esse ano como limite” (p. 349). 
No entanto, acredita que é possível ampliar a preeminência da expressão modernista até 
1955. Algumas características da terceira fase se assemelham com a segunda, é o caso da 
universalidade temática; outras particularidades deste momento são: “tendência para o 
intelectualismo; acentuada preocupação existencial; senso agudo de medida; volta à rima e aos 
metros tradicionais e desenvolvimentos dos estudos de crítica literária” (p.350-351). Em suma, 
o movimento modernista no Brasil buscou, acima de tudo, inovar para se desprender dos 
modelos formatados da época, para isso, foi necessário agitar a mentalidade da época e iniciar 
um processo de renovação na arte como um todo.

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