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Thaís Pires 1 Síndrome da Imunodeficiência Adquirida 1) Estudar as primeiras manifestações observadas em doentes com SIDA, infecção por HIV. Antes do conhecimento que se tem hoje acerca da AIDS, foi observado que indivíduos, hígidos e frequentemente HSH, apresentaram doenças incomuns, como a PNEUMONIA por Pneumocystiis jiroveci e o SARCOMA DE KAPOSI. Até então começaram a chamar essa condição que predisporia a essas doenças de CÂNCER GAY ou GRID (Gay related immune deficiency). Depois de pouco tempo, foi percebido que usuário de drogas injetáveis, receptores de hemoderivados, mulheres que fizeram sexo com homens doentes e crianças dessas mulheres também apresentavam essa pneumonia e sarcoma, foi então que a doença parou de ser relacionada EXCLUSIVAMENTE a sexualidade e passou a ser chamada de AIDS (1982). Somente em 1983 é que foi entendida a causalidade entre AIDS e o vírus HIV! • Virologia Morfologia – O HIV é um RETROVÍRUS, i.e., um vírus que possui RNA, mas, para que tenha seu matéria incorporado ao GENOMA HUMANO e utilize-o para a produção de proteínas, precisa se converter em DNA, o que é feito pela ENZIMA TRANSCRIPTASE REVERSA (uma DNA-polimerase que converte RNA em DNA dupla fita) – essa enzima é POUCO FIDEDIGNA, o que causa a produção de várias formas de DNA diferentes, dificultando a imunização. Morfologicamente, o HIV tem uma superfície repleta de ESPÍCULAS formadas por GLICOPROTEÍNAS (gp120 e gp41) e, quando é exocitado de uma célula, carrega consigo um ENVOLTÓRIO LIPOPROTEICO com moléculas do COMPLEXO DE HISTOCOMPATILIDADE (MHC). Internamente, envolvendo o RNA e a transcriptase reversa, existe um CAPSÍDEO composto pelo p24. Existem dois tipos de HIV: 1 e 2, e cada tipo é dividido em GRUPOS: HIV-1 (M, N, O, P) e HIV-2 (A-G) e cada grupo é dividido em CLADES em função das pequenas diferenças genéticas (por isso uma pessoa com um tipo de HIV pode adquirir outro, e aí RECOMBINAR ENTRE SI). O tipo mais frequente no MUNDO é o HIV-1-M (M de major), sendo o HIV-2 encontrado principalmente na ÁFRICA Ciclo Replicativo – O primeiro evento é a ligação da GP120 a molécula CD4 presente em LINF. T HELPER; MONÓCITO/MACRÓFAGO; CÉLULA DENDRÍTICA, que produz uma alteração conformacional que EXPÕE um sítio de ligação a um correceptor que esteja presente na célula (CCR5 ou CXCR4). A ligação ao correceptor produz uma outra mudança conformacional que EXPÕE O GP41, responsável por realizar a FUSÃO vírus-célula, que é seguida da inoculação do capsídeo no citoplasma. Com o capsídeo ainda fechado, a TRANSCRIPTASE REVERSA transforma RNA – DNA, que então é liberado no citoplasma. Para que o DNA recém-sintetizado se integre ao DNA do hospedeiro, é preciso que a CARIOTECA esteja permeável, i.e., CÉLULA IMUNE ATIVADA, estado que é constantemente induzido pelo HIV para que o DNA consiga penetrar no núcleo. Depois, ele incorpora ao DNA, replica, produz proteína e é exocitado carregando consigo parte da membrana!! • Fisiopatologia A doença AIDS é marcada pela QUEDA PROGRESSIVA NOS LINF T CD4+, que são responsáveis por permitir o aparecimento de INFECÇÕES E NEOPLASIAS OPORTUNISTAS. A queda nos linfócitos pode se dar pela: DESTRUIÇÃO DIRETA da célula pela replicação viral; DESTRUIÇÃO INDIRETA mediada pelo sistema imune (reconhece e agride a célula infectada); DISFUNÇÃO CELULAR; APOPTOSE ▪ Infecção Primária e Disseminação Inicial Como grande parte das infecções são adquiridas pela via sexual, o primeiro contato se dá na MUCOSA GENITAL, que é atravessada seja por “carona” com CÉLULAS DENDRÍTICAS, seja por SOLUÇÕES DE CONTINUIDADE. Na submucosa, o vírus procura as CÉLULAS CD4+ que podem estar ATIVADOS, PARC. ATIVADOS e INATIVADOS, havendo uma predileção, nessa fase inicial, pelas ATIVADAS! Os primeiros vírus produzidos nessa etapa são drenados para LINFONODOS Thaís Pires 2 REGIONAIS, onde tem ainda mais CD4+, o que aumenta a multiplicação de forma EXPONENCIAL, atingindo a CORRENTE SANGUÍNEA = PICO INICIAL DE VIREMIA = SÍNDROME RETROVIRAL AGUDA Essa amplificação viral inicial é REDUZIDA pelo surgimento de uma RESPOSTA IMUNE ADAPTATIVA ESPECÍFICA, embora esse controle seja PARCIAL, causando uma diminuição na viremia. Então, a VIREMIA INICIAL não deve ser medida como fator prognóstico, mas a VIREMIA BASAL, aquela após 6 meses, que apresenta um EQUILÍBRIO entre imune-vírus, pode ser medida em SET POINT, determinando a IMUNODEFICIÊNCIA!! Esse controle que é o responsável pelo DELAY entre INFECÇÃO-MANIFESTAÇÕES INICIAIS, que geralmente é de 10 anos As outras formas de infecção por HIV, que são DIRETAMENTE NA CORRENTE SANGUÍNEA, há uma drenagem dos vírus para o BAÇO, local repleto de T CD4+ também. Depois daí, segue a mesma via. ▪ Infecção Crônica com Replicação Viral Persistente Na maioria das infecções virais, o que ocorre ou é a MORTE DO HOSPEDEIRO pelo ação viral ou a MORTE VIRAL pela ação do hospedeiro, tornando o organismo RESISTENTE a uma nova infecção. No HIV, não acontece NADA DISSO, pois há uma enorme variabilidade do vírus, o que permite que ele escape da IMUNOELIMINAÇÃO COMPLETA mesmo após a produção de uma resposta imune adaptativa. Dessa forma, mesmo que o indivíduo esteja ASSINTOMÁTICO, i.e., quando possui CD4 suficiente para manter a competência = LATÊNCIA CLÍNICA, ele NUNCA estará em LATÊNCIA VIRAL, pois o vírus sempre estará lá. Um fato estratégico da ação do HIV se dá pois ele atua no SISTEMA IMUNE. Quando a infecção é identificada, o “substrato” para a multiplicação do HIV, que é o CD4, que prolifera na tentativa de conter o vírus, mas isso, na verdade, dá mais MÃO DE OBRA para a proliferação viral. Além do que os CD4 específicos, que demoram cerca de semanas para aparecer, já não conseguem eliminar o vírus pois estão MUTADOS! ▪ Doença Crônica Nesse estágio, os indivíduos evoluem para uma IMUNODEPRESSÃO PROFUNDA caracterizada por uma queda na contagem de L. T CD4+ para < 350 cél/microlitro. Assim, diversas infecções e neoplasias oportunistas podem surgir de repente. A TERAPIA ANTIRRETROVIRAL é capaz de prolongar a sobrevida mesmo quando o pct já se encontra em doença crônica! ▪ Bagunça do HIV o Ativação Aberrante do Sistema Imunoinflamatório Para a replicação das do RNA-DNA, é preciso que as células estejam ativadas para a entrada no núcleo do hospedeiro. Fisiologicamente, a ativação imune é desencadeada por um ANTÍGENO que culmina na liberação de CITOCINAS pró- inflam., responsáveis pela ativação. Dessa forma, não há ATIVAÇÃO IMUNE sem que haja RESPOSTA INFLAMATÓRIA!! O principal estímulo para a ativação imune do HIV é proveniente do GALT (Gut-Associated Lymphoid Tissue) – autoexplicativo – que é DESTRUÍDO na infecção, sendo PERMISSIVO a invasão de germes da microbiota intestinal =TRANSLOCAÇÃO MICROBIOTA INTESTINAL, que são os responsáveis pela liberação de citocinas proinflamatórias A ativação CTE pode levar as células imune a: EXAUSTÃO CELULAR e pode causar consequências relacionadas ao estado INFLAMATÓRIO CTE, como doenças cardiovasculares, DM, CA... o Fenômenos Autoimunes A hiperativação de LINF. B e T produz HIPERGAMAGLOBULINEMIA POLICLONAL, que resulta na formação de autoanticorpos. Apesar que essa produção não cause doenças autoimunes, ela desencadeia MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS variadas (plaquetopenia). Em indivíduos que já POSSUIAM DOENÇAS AUTOIMUNES, pode haver EXACERBAÇÃO, como na psoríase. ▪ Genética Foi demosntrado que há um papel da genética na FISIOPATOGÊNESE do HIV, principalmente no que diz respeito a POLIMORFISMOS no gene codificante do CCR5, o principal correceptor do HIV nas células CD4+, que permite a fusão das células e consequente proliferação viral. Ao longo dos anos, foram encontrados RAROS INDIVÍDUOS que faziam exposição recorrente ao vírus (profissionais do sexo) e NÃO ADQUIRIAM A INFECÇÃO. Em estudos, perceberam que eles Thaís Pires 3 apresentavam um CCR5DEFEITUOSO, o que confere proteção as CEPAS R5, que são as que utilizam o CCR5 como receptor. • História Natural da Doença o Infecção Aguda Ocorre nas primeiras semanas de INFECÇÃO POR HIV, período no qual o vírus está se replicando loucamente nos tecidos linfoides, então há uma ALTA CARGA VIRAL (CV-HIV) e níveis DECRESCENTES T-CD4, que estão sendo recrutados para a reprodução viral. Nessa fase, o indivíduo apresenta uma viremia muito elevada, sendo ALTAMENTE INFECTANTE! Nessa fase, há, em 50-90% dos casos, uma SÍNDROME RETROVIRAL AGUDA (SRA), em que seus principais achados são → Esses sinais e sintomas da SRA são AUTOLIMITADOS, desaparecendo em 3-4 semanas, embora a LINFADENOPATIA, LETARGIA e ASTENIA possam persistir por vários meses – quanto mais tempo os sinais e sintomas persistem, mais rápida a progressão da doença, indicando um pior prognóstico. Além disso, esses achados são bastante INESPECÍFICOS, podendo ser atribuídos a outra etiologia! O rash cutâneo da SRA - As lesões MACULOPAPULARES costumam ter curta duração (< 3 dias) e predominam na face, pescoço e região superior do tronco. Pode ou não haver prurido • Latência Clínica e Fase Sintomática Nessa fase, o exame físico costuma ser NORMAL, exceto pela linfadenopatia que pode estar persistente desde a infecção aguda. Quanto aos exames laboratoriais, a PLAQUETOPENIA é um achado comum (sem repercussões clínicas) e a ANEMIA NORMOCÍTICA NORMOCRÔMICA e LEUCOPENIA LEVE. Linfadenopatia Generalizada Progressiva – condição em que há adenomegalia >1cm em pelo menos duas cadeias extrainguinais por mais de 6 meses – a LGP é causada por uma HIPERPLASIA FOLICULAR – há indicação de biopsia folicular para aqueles indivíduos com CD4<200 Enquanto a contagem de T CD4 está ACIMA DE 350 cels/mm³, os episódios INFECCIOSOS mais frequentes são bacterianos, como IVAS e TB! Quando a deficiência imunológica começa a progredir, é comum que as infecções se apresentem de forma ATÍPICA, a resposta aos antibióticos seja TARDIA e haja REATIVAÇÃO de infecções pregressas. A medida que se torna mais imunocomprometido, i.e., T-CD4+ entre 200-300 cels/mm³, há o aparecimento de SINTOMAS CONSTITUCIONAIS (febre, perda ponderal, sudorese, fadiga), DIARREIA CRÔNICA, CEALEIA, INFECÇÕES BACTERIANAS, HERPES-ZOOSTER → a CANDIDÍASE ORAL é um marcador clínico de imunodepressão grave, e foi observada como precursora da PNEUMONIA POR PNEUMOCYSTIS JIROVECI • Síndrome da Imunodeficiência Adquirida Thaís Pires 4 O aparecimento de INFECÇÕES OPORTUNISTAS e de NEOPLASIAS é definidor da SIDA – dentre as principas IOs: pneumocistose, neurotoxoplasmose, tuberculose pulmonar atípica ou disseminada, meningite criptocócica e retinite por citomegalovírus. Dentre as NEOPLASIAS, as mais comuns são SARCOMA DE KAPOSI, LINFOMA NÃO HODGKIN e CA COLO – nesse estágio, a contagem T-CD4+ < 200 cels/mm³. Além das infecções e das manifestações não infecciosas, o HIV pode causar doenças por DANO DIRETO A CERTOS ÓRGÃOS ou por PROCESSOS INFLAMATÓRIOS, tais como miocardiopatia, nefropatia e neuropatias, que podem estar presentes durante toda a evolução da infecção pelo HIV. 2) Reconhecer os dados epidemiológicos relativos à SIDA e identificar os mecanismos de transmissão do vírus da imunodeficiência humana (VIH ou HIV). • Transmissão ▪ Contato Sexual – é a principal via de disseminação do HIV no mundo, principalmente em PARCEIROS HETEROSSEXUAIS. Curiosamente, o sexo heterossexual é pouco eficiente em transmitir o HIV, sendo o risco por coito realizado em torno de 0,04% M→H e 0,08% H→M, isso porque o sêmen permanece mais tempo na vagina do que as secreções vaginais permanecem no pênis, facilitando a transmissão do homem para a mulher. O SEXO ORAL é menos eficiente ainda na transmissão, porém existem casos bem documentados de transmissão tanto de quem faz como de quem recebe o sexo. A forma MAIS EFICIENTE para a transmissão é o SEXO ANAL, uma vez que a MUCOSA RETAL É MAIS FRÁGIL que a vaginal, sendo mais sucetível ao trauma, e que a MUCOSA RETAL É MAIS FINA, encurtando a distância entre o sêmen e as células CD4+ da submucosa! ▪ Contato com Sangue, Hemoderivados o Drogas Injetáveis – Adquirem o HIV ao compartilharem as agulhas, seringas o Hemotransfusão – O risco de contágio é > 90% após a exposição a um hemoderivado contaminado – O risco de haver uma bolsa HIV+ é de 1:1,5 milhões, isso pois a sensibilidade para detecção de uma bolsa com HIV RECENTE de carga viral reduzida é muito baixa o Acidentes Ocupacionais – profissionais que lidam com pacientes HIV+ e/ou materiais potencialmente contaminados o Transmissão Vertical – pode ser DURANTE A GESTAÇÃO (23-30%); DURANTE O PARTO (50-65%) ou DURANTE ALEITAMENTO (12-20%) • Epidemiologia Thaís Pires 5 ▪ Brasil – o BR já registrou mais de 800 MIL casos de AIDS na fase avançada, sendo 65% M e 35% F, sendo a maioria no SUDESTE entre 25-39 anos. Atualmente, a PREVALÊNCIA da AIDS é de 0,4% da população, apresentando uma INCIDÊNCIA de 20 casos/100.000 hab-ano e uma MORTALIDADE de 5,6 óbitos/100.000 hab-ano. Havia uma TENDÊNCIA DE QUEDA NA RAZÃO DOS SEXOS, que antes era de 40:1 e passou para 1,8:1 em 2013. Recentemente, entretanto, a incidência de AIDS entre 15-19 anos TRIPLICOU NOS HOMENS. É uma doença de NOTIFICAÇÃO OBRIGATÓRIA ▪ Mundo – há uma prevalência mundial de 36,6 MILHÕES, sendo mais de 95% em áreas de baixa ou média renda; 50% são mulheres 3) Estudar os exames complementares inespecíficos (contagem de linfócitos CD4, em particular) que permitem reconhecer a deficiência de imunidade celular observada em doentes coma SIDA • Diagnóstico A partir de 2014, uma nova estratégia diagnóstica foi recomendada pelo MS, tendo como objetivo: ampliar o acesso ao diagnóstico, garantindo que ele ocorra em locais desprovidos de infraestrutura laboratorial; aumentar a acurácia, permitindo a detecção o mais precoce possível No passado, o diagnóstico era feito por meio do IMUNOENSAIO, teste que detecta a presença de ANTICORPOS ANTI- HIV (IgG), i.e., imunoglobulinas TARDIAS (6-8 semanas)! Atualmente, visando encurtar a JANELA DIAGNÓSTICA¸i.e., período em que a infecção está estabelecida, mas sem apresentar anticorpos, foi incorporado o TESTE MOLECULAR para a pesquisa dos ÁCIDOS NUCLEICOS do HIV. Então, o diagnóstico envolve o IMUNOENSAIO de 4ª geração (IgG, IgA, IgM, IgE) e o TESTE MOLECULAR → diagnóstico após 10 primeiros dias de infecção O diagnóstico laboratorial de infecção pelo HIV requer DUAS ETAPAS: um teste de TRIAGEM (sensível, com vários falso- positivos) e um teste CONFIRMATÓRIO (específico, que confirma os verdadeiros positivos e exclui os falso-positivos). Para a escolha de um dos 5 caminhos diferentes, deve-se analisar DISPONIBILIDADE DE EXAMES; CONTEXTO EPIDEMIOLÓGICO e MOMENTO DA INFECÇÃO, i.e., se é aguda ou crônica, uma vez que as agudas não apresentam anticorpos anti-HIV em quantidades significativas, então deve-se preferir aqueles que associam ANTICORPOS+ÁCIDO NUCLEICO Fluxograma 1 – diagnóstico com 2 testes rápidos – se o primeiro teste for negativo, não há indicação para realizar o segundo! Se o primeiro for positivo, há indicação para realizar um segundo – se o 2º for negativo, repete-se o fluxograma do início e, caso essa já seja a repetição, faz- se o teste com PPUNÇÃO VENOSA PERIFÉRICA seguindo o fluxograma 3. Se os dois testes rápidos forem POSITIVOS, o diagnóstico é CONFIRMADO!! Thaís Pires 6 Fluxograma 3 – IE 4ª G + TM – associa o IE de 4ª geração, que detecta antígenos e anticorpos virais, e o teste molecular, altamente específico, que detecta a carga viral, permitindo uma MENOR JANELA TERAPEUTICA e um DIAGNÓSTICO PRECOCE. Grande parte dos infectados apresenta os dois testes positivos, enquanto os não infectados raramente apresentam os dois positivos. Falso Negativo – é possível de acontecerquando o IE é positivo e o TESTE MOLECULAR é negativo, por apresentar uma carga viral abaixo do limite de detecção. O fluxograma inicia com a solicitação de um IE, que, caso seja negativo, configura “amostra não reagente para HIV”. Se for POSITIVO, há realização do TM, que se for positivo também com carga viral >5000 cópias/ml indica REAGENTE PARA HIV. Quando a 1 IE é positiva e a TM também, faz outra IE para confirmar! Exames Complementares Iniciais Devem ser solicitados na primeira consulta, o que permite que eles DELINEIEM A CONDIÇÃO GERAL do pct, buscando comorbidades e entendendo o estado imunológico do pct! LT-CD4+ - É um dos biomarcadores mais IMPORTANTES para avaliar a URGÊNCIA DE INÍCIO TARV e a indicação de IMUNIZAÇÃO E PROFILAXIA para IO – com esse exame, pode-se tanto AVALIAR O GRAU DE COMPROMETIMENTO do sistema imune e a RECUPERAÇÃO DA RESPOSTA imune com o tratamento! O LT CD4 tem grande importância na AVALIAÇÃO INICIAL, enquanto o VC-HIV é o PADRÃO-OURO para monitorar a eficácia da TARV A dosagem do CD4 não deve ser solicitada periodicamente em PCTS ASSINTOMÁTICOS em uso de TARV e CARGA VIRAL INDETECTAVEL, uma vez que seria considerada um desperdício de recursos, principalmente quando há, pelo menos, 2 CONTAGENS DE CD4 > 350 separadas por 6 meses Thaís Pires 7 Manifestações Respiratórias – são a maior causa de morbimortalidade na infecção por HIV – das 10 definidoras AIDS, 3 são de origem pulmonar: PNEUMONIA BACTERIANA RECORRENTE, TB e P. JIROVECI. Genericamente, a mais comum é a pneumonia e a principal causa de óbitos é a TB 1) Pneumonia Bacteriana – a incidência aumenta muito na infecção por HIV entre T-CD4 ~300, sendo o principal agente etiológico o PNEUMOCOCO. Há um risco 6x MAIOR de incidência do que na população geral e 100x MAIOR de bacteremia. Pode haver, ainda, um risco aumentadode S. AUREUS E PSEUDOMONAS AERUGINOSA 2) Pneumocistose Pulmonar (PCP) – antes do advento da TARV e da quimioprofilaxia, o fungo Pneumocystis jiroveci causava INFECÇÃO EM >80% DOS PCTS com HIV+, sendo essa a doença definidora da AIDS na época, entretanto, com o advento dessas técnicas, houve uma diminuição desse número!! O P. jiroveci, entretanto, continua sendo o PRINCIPAL AGENTE DE PNEUMONIA no pct HIV+ com T-CD4<200, que é considerado como um fator de risco!! Thaís Pires 8 a. Diagnóstico – apresenta um quadro clínico INESPECÍFICO com febre, fadiga, tosse seca, dispneia aos esforços, dor torácica retroesternal e perda ponderal. O RX pode ser normal em 20% dos casos ou apresentar INFILTRADO INTERSTICIAL BILATERAL DIFUSO (vidro fosco) b. Exames Inespecíficos – não são capazes de confirmar o diagnóstico, mas são SUGESTIVOS → discreta leucocitose; LDH muito aumentada; HIPOXEMIA (PCP é a única infecção pulmonar com hipoxemia) c. Diagnóstico Definitivo – requer a demonstração do fungo em material obtido na via aérea (escarro, lavado broncoalveolar) d. TTO – a droga de escolha é o SULFAMETOXAZOL-TRIMETOPRIM em ALTAS DOSES por 21 dias. A incidência de efeitos colaterais em pcts com HIV+ é altamente elevada → rash, hipoplasia de medula óssea, síndrome de Stevens-Johnson 3) Tuberculose – Nos pcts HIV+, o risco de TB é cerca de 100x maior que na população geral, sendo a principal causa de morte dos indivíduos com HIV/AIDS. Pcts que não apresentam sinais de TB ativa devem realizar o PPD. A TB acomete muito PRECOCEMENTE o indivíduo HIV+, i.e., em torno de 326 céls/mm³, embora as manifestações variem de acordo com o seu valor: i. Altas > 350 – forma apical cavitária ii. Baixas < 350 – formas atípicas, tb Miliar, derrame pleural, acometimento linfonodos b. Diagnóstico – o diagnóstico de TB deve ser pesquisado por meio da realização CONJUNTA de diferentes métodos: TRM-TB ou BACILOSCOPIA + CULTURA/TSA 4) PCM – predomina no meio rural, mas cada dia mais se observa casos de coinfecção por HIV no meio urbano. Na presença de imunodepressão GRAVE CD4<200, os focos latentes do fungo podem ser REATIVADOS, causando um quadro AGUDO E MULTISSISTÊMICO com um misto da forma CRÔNICA E AGUDA a. Manifestações – tosse, febre, infiltrado reticulo-nodular, linfadenopatia, hepatoesplenomegalia e lesões cutâneo-mucosas 2) Estudar monilíase oral, que frequentemente é uma das primeiras infecções oportunistas que ocorre na infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH ou HIV) + sulfametoxazol-trimetoprim para o paciente em estudo Monilíase – Principal agente etiológico é a CANDIDA ALBICANS, que está presente em grande parte dos casos de HIV+, principalmente naqueles com CD4 muito baixos!! Sintomas – CANDIDÍASE OROFARÍNGEA, que é o aparecimento de placas removíveis esbranquiçadas, que também pode ser apresentar como queilite angular ou pápulas eritematosas na mucosa / A CANDIDÍASE ESOFÁGICA inclui sintomas como dor retroesternal difusa, disfagia/odinofagia, sem febre Diagnóstico – apresenta um diagnóstico CLÍNICO, sendo a cultura de material dessas regiões POUCO ÚTIL, uma vez que esse fungo atua em comensalismo Indicação Terapêutica do Bactrim - O risco de IO aumenta PROPORCIONALMENTE a queda no número de CD4+, sendo que cada uma é mais prevalente em uma faixa específica da [CD4], permitindo que haja uma QUIMIOPROFILAXIA PRIMÁRIA, i.e., antes do primeiro aparecimento da infecção; pode haver também uma QUIMIOPROFILAXIA SECUNDÁRIA, em que o indivíduo já foi tratado de uma infecção, mas precisa PREVINIR A REICIDIVA Thaís Pires 9
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