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Especialidades clinicas e cirúrgicas Bruna Marques Dadona Lesão Renal Aguda 1. Lesão Renal Aguda (LRA) - Antigamente insuficiência renal aguda - Vem aumentando a sua incidência em UTI→ 5% - 18% - 2/3 dos pacientes em UTI apresentam LRA - De 5 a 10% NECESSITAM DE TERAPIA DE SUBTISTUIÇÃO RENAL - Mortalidade entre 30 e 50% - Maior morbidade e mortalidade - Geralmente os pacientes ficam mais tempo internados na UTI - Maiores chances de evolução para doença renal crônica (DRC) 2. Função regulatória para manter o ambiente interno estável - Excreção de produtos indesejáveis - Regulação do balanço de agua e eletrólitos - Regulação da osmolalidade dos líquidos corporais e da concentração de eletrólitos - Regulação da pressão arterial - Regulação do balanço acido – básico - Secreção, metabolismo e excreção de hormônios - Gliconeogênese 3. Excreção de produtos indesejáveis resultantes do metabolismo, substancias químicas estranhas, de fármacos e metabolismo hormonal - Ureia (metabolismo dos aminoácidos) - Creatinina (metabolismo da creatina muscular) - Acido úrico (metabolismo dos ácidos nucleicos) - Produtos finais do metabolismo da hemoglobina (bilirrubina) - Metabolitos de vários hormônios 4. Regulação do balanço de agua e eletrólitos - Leito capilar glomerular ( alta pressão ~ 60 mmHg ) – filtração rapida - Arteriola eferente - Leito capilar peritubular ( baixa pressão ~ 13 mmHg) – reabsorção rapida Especialidades clinicas e cirúrgicas Bruna Marques Dadona 5. O néfron como unidade funcional - Cada rim possui entre 800.000 a 1 milhão de npefrons - Após 40 anos o numero diminui em 10% a cada 10 ano 6. Néfron Cortical X Néfron Justamedular - Néfron Cortical - Alças de Henle curtas - Extensa malha de capilares peritubulares - Néfron Justamedular - Alças de Henle longas - Longas arteríolas eferentes - Vasa recta (capilares peritubulares especializados) 7. Formação da urina * Importante* - A reabsorção geralmente é mais importante do que a secreção na formação da urina - A secreção é importante na manutenção dos níveis de potássio e íons de hidrogênio - Creatinina, ureia, acido úrico e uratos são muito pouco reabsorvidos - Alguns fármacos e substancias estranhas ao organismo são pouco reabsorvidos e ainda são secretados - Sódio, cloreto e bicarbonato são muito reabsorvidos - Glicose e aminoácidos são totalmente reabsorvidos 8. Filtração glomerular - Primeira etapa da formação da urina - O filtrado glomerular é livre de proteínas e elementos celulares - A concentração da maior parte dos sais e moléculas orgânicas do filtrado glomerular é semelhante as do plasma - O cálcio e ácidos graxos não são livremente filtrados, por estarem parcialmente ligados a proteínas - Os capilares glomerulares tem elevada intensidade de filtração Especialidades clinicas e cirúrgicas Bruna Marques Dadona 9. Membrana capilar glomerular - Fenestrações: cargas negativas - Membrana basal: fortes cargas negativas - Epitélio: cargas negativas Não filtram proteinas * As 3 camada, apesar de serem uma grande barreira à filtração, filtram muito mais que a membrana normal - Amembrana capilar glomerular é mais espessa, porém é mais porosa - A barreira de filtração é seletiva com base no tamanho da molécula e da sua carga eletrica - Na situação patológica as cargas negativas da membrana basal são perdidas e algumas proteinas podem aparecer na urina (proteinuria) 10. Determinantes da filtração glomerular - Pressão hidrostática - Pressão coloidosmótica - Hormônios vasoativos (epinefrina e endotelina) - Feedback intrínseco - Ativação do Sistema Nervoso Simpático 11. Fluxo sanguíneo renal - Os rins recebem 22% do débito cardíaco (volume bastante alto) - Os rins consomem 2x mais oxigênio do que o cérebro - O consumo de oxigênio esta relacionado à reabsorção do sódio - FS = pressão da artéria renal – pressão na veia renal / resistência vascular renal total - Autorregulação: 80-170 mmHg 12. Controle fisiológico da filtração glomerular e do fluxo sanguíneo renal - Vasos sanguíneos renais são ricamente inervados por fibras do sistema nervoso simpático (SNS) - A ativação do SNS produz constrição das arteríolas e redução da filtração glomerular (FG) - Norepinefrina e epinefrina (medula adrenal): vasoconstrição - Endotelina - Angiotensina II: provoca constrição as arteríolas eferentes, elevação da pressão glomerular e redução do FSR - O FSR promove aumento da reabsorção de agua e sódio o que ajuda a restaurar o volume e a pressão sanguínea - O oxido nítrico produzido pelo endotélio promove vasodilatação renal e excreção normal de sódio e agua - Prostaglandina e bradicininas: vasodilatação e aumento do FSR e da filtração glomerular * * Especialidades clinicas e cirúrgicas Bruna Marques Dadona Obs: Relação com função de fármacos como IECAs Obs: Bloqueia a liberação de angiotensina II → tem menos angiotensina II → ocorre uma vasodilatação → diminui a pressão intrarrenal 13. Mácula densa - Grupo de células especializadas nos túbulos distais em intimo contato com as arteríolas aferentes e eferentes - As células da macula densa contem o aparelho de Golgi, organelas secretoras intracelulares, direcionadas para as arteríolas 14. Autorregulação miogênica do FSR e da FG - O estiramento do vaso pelo aumento da pressão arterial desencadeia o mecanismo miogênico - Contração do musculo liso vascular - Evita a distensão excessiva do vaso - Ajuda a prevenir o aumento do FSD e da FG 15. Determinantes da filtração glomerular - Epinefrina: diminuição da Filtração Glomerular - Endotelina aumentada: ligada {a toxemia gravítica, insuficiência Renal Aguada, Uremia crônica - Oxido nítrico: aumento da Filtração Glomerular ** FG permanece inalterada mesmo com alteração acentuadas da pressão arterial, isto devido à autorregulação → Controle precido da excreção de agua e solutos 16. A formação da urina pelos rins - Estão envolvidos três processos: - Filtração glomerular - Reabsorção tubular - Secreção tubular Excreção urinaria = FG – Reabsorção tubular + Secreção tubular - A reabsorção e a filtração glomerular são muito bem ajustadas - Quase todos os solutos do plasma são filtrados, com exceção das proteínas - A reabsorção tubular é muito seletiva 18. Filtração – Reabsorção - Excreção Especialidades clinicas e cirúrgicas Bruna Marques Dadona 19. Transporte ativo - Primário: pode mover solutos contra um gradiente eletroquímico - Depende da hidrolise de ATP por meio da ATPase da membrana celular - Sódio – potássio – ATPase - Hidrogênio – ATPase - Hidrogênio – potássio – ATPase - Calcio – ATPase 20. Transporte ativo de sódio (Na+) 21. Reabsorção ativa secundaria – Secreção ativa secundaria * Importante* - Algumas substancias que são reabsorvidas ativamente apresentam transporte máximo (ex: glicose) - Algumas substancias são transportadas ativamente, mas não apresentam transporte máximo porque dependem de outros fatores: - Gradiente eletroquímico - Permeabilidade da membrana à substancia - Tempo de permanência no túbulo * Transporte gradiente – tempo 22. Reabsorção de agua - O transporte ativo primário ou secundário de solutos para fora do túbulo gera um gradiente osmótico (concentração no interstício > túbulo) - Osmose na mesma direção em que os solutos são transportados (túbulo → interstício) - O túbulo proximal é altamente permeável à agua e a reabsorção é muito rápida - Pode ocorrer arrasto de solvente - A partir da alça de Henle a reabsorção de agua é bem menor devidoà menor permeabilidade das junções ocludentes 23. Muito importante na pratica clinical Especialidades clinicas e cirúrgicas Bruna Marques Dadona 24. Túbulo distal final e túbulo coletor cortical - Ambos têm características funcionais parecidas - Células principais: reabsorvem sódio e água e secretam potássio para o lúmen tubular - Células intercaladas: reabsorvem potássio e secretam íons hidrogênio para o lúmen tubular * Na pratica clinica devemos sempre prestar atenção no volume urinario dos pacientes * O volume urinario esperado para um paciente é 0,5 – 1,5 ml/kg de peso/hora 25. Etiologia da lesão renal aguda (LRA) - A LRA é classificada em: - Pré – renal - Renal ou intrínseca - Pós - renal 26. Classificação da LRA - Pré Renal: hipoperfusão renal aguda – 55 a 60% dos pacientes - Intrínseca: doenças agudas do parênquima – 35 a 40% dos pacientes - Pós Renal: obstrução aguda do trato urinário – menos de 5% dos paciente 27. Lesão Pré - Renal - Decorrente da diminuição do volume sanguíneo circulante - Causas mais relevantes: desidratação, sangramentos, uso de diuréticos, insuficiência cardíaca - Há DIMINUIÇÃO da excreção renal de sódio e agua - Pode ser revertida - Diagnostico Laboratorial - Sódio urinário < 20mEq/L (devido à retenção de sódio) - FEU = Ureia plasmática/ ureia urinaria > 60 - FECreat = Creatinina plasmática/ Creatinina urinária > 40 - Sedimentos Urinários – geral / cilindros hialinos - Tratamento - Geralmente reversível após tratamento da causa base Obs: Deve se iniciar o tratamento o mais rápido possível, após avaliação antes de resultados laboratoriais Obs: Iniciar com reposição de volume e correção de medicamentos por exemplo 28. Lesão Renal ou Intrínseca - É decorrente de lesões estruturais do rim que podem acometer glomérulo, túbulos, interstício e vasos. - Predominam como principais causas: isquemia e a nefrotoxicidade - A necrose tubular aguda pode ter como fator desencadeante a lesão pré-renal - Grandes vasos: - Artéria renal - Veia renal - Glomérulos e microvasculatura - Nefrites - Vaculites - HA maligna - Intersticiais - Drogas - Infecções - Infiltração tumoral - Imunológicas - Necrose tubular aguda (NTA) Especialidades clinicas e cirúrgicas Bruna Marques Dadona → Isquemia → Nefrotóxica → Mista - Etiologia da NTA Nefrotóxica - Toxinas Endógenas - Hemólise – Hemoglobulina (reação transfusional, infecções, drogas, mecânica) - Rabdomiólise – Mioglobinúria (lesões musculares, desordens metabólicas, infecções, drogas) - Ácido úrico - Proteínas de cadeia leve - Toxinas Exógenas - Contrastes Radiológicos - Antibióticos (aminoglicosídeos, anfotericina B) - Quimioterápicos - Metais pesados - Peçonhas 29. LRA renal nefrotóxica 30. LRA pós - renal - Resulta de processos obstrutivos em qualquer nível das vias urinarias - Próstata - Bexiga - Cálculos 31. Fisiopatologia - Pode haver lesão nefrotóxica ou isquêmica - Há comprometimento vascular e celular - Consequentemente há vasoconstrição que compromete as células e pode culminas com a morte celular - Células descamam e promovem a diminuição do filtrado glomerular - Fatores hemodinâmicos: - Desequilíbrio entre os fatores vasoconstritores e vasodilatadores - Arteríolas aferentes e eferentes sofrem vasoconstrição o que promove a diminuição do coeficiente de filtração glomerular - A vasoconstrição é mediada pelos íons de cálcio - Lesão tubular - A ação da isquemia e de atores nefrotóxicos promovem a necrose tubular aguda - Portanto, a reversão do quadro depende da intensidade do mecanismo de agressão do tempo de manutenção do agente agressor e do tipo de evento - Sabe-se que a depleção de ATP é o fator para a lesão celular - diminuição da ATP: alteração da ATPase de membrana, desequilíbrio eletrolítico celular, produção de espécies reativas de oxigênio 32. LRA no paciente crítico - Em pacientes sépticos que faleceram com comprometimento da função renal foi observado que, na maioria dos casos, os achados histopatológicos eram de infiltrado intersticial inflamatório Especialidades clinicas e cirúrgicas Bruna Marques Dadona - Também foram identificados indivíduos cuja histologia renal era normal - Existe a hipótese de que a fisiopatologia da IRA no paciente critico é um processo que inclui as alterações hemodinâmicas mecanismos inflamatórios e apoptose celular - Esse fato permite determinar as estratégias para prevenção da LRA 33. Manifestações clínicas - Fase inicial, oliguria, fase poliúrica, recuperação - Fase inicial: - Decorrente do insulto - Ocorre comprometimento da excreção de produtos nitrogenados - Quando o volume urinário cai abaixo de 500ml/dia começa haver comprometimento da excreção renal 34. Manifestações Renais - Alterações do balanço hídrico: acumulo de agua - Alteração no balanço de sódio - Torna-se positivo - Pode ocorrer hipertensão arterial e insuficiência cardíaca devido ao aumento do volume circulante - Alteração no balanço de potássio - Hipercalemia é a principal causa de óbito - As principais causas: aumento do catabolismo endógeno de proteínas, lesão tecidual, sangramento intestinal, acidose 35. Definição atual da LRA - Em 2007 foi criada a proposta AKIN (Akute Kidney Injure Network) onde ficou estabelecido que a elevação da creatinina sérica de 03mg/dL deveriam fazer parte do critério diagnostico - Mais recentemente, a proposta do Kidney Disease Improving Global Outcomer (KDIGO) fez uma fusão de critérios utilizados pelo sistema RIFLE e AKIN 36. Segundo a KDIGO - Atualmente a lesão renal aguda (LRA) é definida como uma das seguintes condições: - Aumento da creatinina sérica maior ou igual a 0,3 mg/dL em 48hrs - Aumento da creatinina sérica maior ou igual a 50% do valor basal em 7 dias - Diurese menor que 0,5 ml/Kg/h por 6 horas consecutivas 37. Estadiamento da LRA Especialidades clinicas e cirúrgicas Bruna Marques Dadona 38. LRA no paciente crítico com sepse -Trata-se de um processo multifatorial - Evento desencadeante: sepse - Nefrotoxicidade medicamentosa - Nefropatia por contraste iodado - Pós-opertório 39. Comprometimento sistemico - Estudos experimentais permitiram identificar que a LRS pode comprometer órgãos à distancia - O rim isquêmico promove a liberação de TNF e mediador inflamatório que diminui a capacidade de encurtamento dos miócitos cardíacos (síndrome do coração – rim) - Pulmão: diminui a quantidade de aquaporinas alveolares com tendencia a maior acumulo e líquido intersticial → maior hipoxemia, mais tempo de ventilação mecânica - Trato gastrintestinal: edema das alças que pode contribuir para a síndrome compartimental abdominal 40. Características dos pacientes com LRA na admissão na UTI - Infecção na admissão - Falência cardiovascular - Cirrose - Insuficiência respiratória - Insuficiência cardíaca congestiva - Linfoma ou leucemia - Idade > 55 anos 41. Fatores de risco para mortalidade nos pacientes em LRA - Índice prognóstico elevado - Idade > 65 anos - Sexo masculino - Insuficiência masculino - Insuficiência renal aguda oligúria - Sepse - Ventilação mecânica - Trombocitopenia - Outras falências orgânicas - Comorbidades prévias 42. Diagnóstico da LRA - História clinica - Exame físico – inespecífico - Elevação sérica de escórias nitrogenadas - Acidose metabólica - Hiponatremia ou hipernatremia - Hipocalcemia ou hipercalcemia - Hipercalemia - Hiperfosfatemia - Hiperventilação (respiração de Kussmaul) - Vômitos - Fadiga - Arritimias - Evitarexames contrastados Especialidades clinicas e cirúrgicas Bruna Marques Dadona - Biópsia renal: em casos selecionados, com evolução atípica - Ultrssom renal: observação do tamanho renal 43. Manejo em acordo com o estágio evolutivo 44. Manejo hemodinâmico e nefroproteção - Vários estudos demonstram que o uso de coloides parece aumentar a necessidade de terapia de substituição renal: CHEST Trail, 6S, HES, VIESP, CRYCO. - É recomendado o uso de soluções cristaloides com baixa concentração de cloro - Existe uma “janela de oportunidade” para a reposição volêmica - Excessos de volumes são prejudiciais, aumenta a mortalidade e diminuem a chance de recuperação renal 45. Medidas gerais - Prevenção: drogas nefrotóxicas, infecção, pigmentos - Assegurar volume intravascular expandindo - PAM ≥ 80mmHg - Evitar hiper-hidratação - Diuréticos de alça: com sintomático e não preventivo - Oxigenação adequada: Ht> 30% - Tratamento precoce do foco infeccioso: evitar antibioticoterapia desnecessária - Em casos de lesão por depósito de pigmentos: solução expansora, bicarbonato de sódio e manitol reduzem a prevalência e gravidade - Nutrição adequada - Terapia de substituição renal
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