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Geometria Analítica e Álgebra Linear Produto Vetorial e Produto Misto Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. João Dimas Saraiva dos Santos Revisão Técnica: Profa. Me. Adriana Domingues Freitas Revisão Textual: Prof. Me. Claudio Brites 5 • Introdução • Definição de Produto Vetorial • Proposição de Lagrange A partir de agora, você estudará o produto vetorial e o produto misto e, para isso, serão incluídos elementos da Álgebra Linear. Ao longo das unidades, nosso objeto de estudo, vetores, foi se ampliando e os temas se inter-relacionando de tal modo que se tronou impossível prosseguir os estudos sem uma boa assimilação de conceitos anteriores. Afinal, a construção do conhecimento se realiza também por avanços e retrocessos. O produto vetorial, como o próprio nome indica, resulta em um vetor. Já o produto misto envolve o produto escalar e o produto vetorial, o que sempre resultará em um número real. Faremos as representações algébrica e geométrica tanto do produto vetorial como do produto misto, visões complementares e que facilitam a concretização do conhecimento. Além de outras aplicações no campo da Física e da Engenharia, por exemplo, o estudo do produto vetorial e do produto misto estão atrelados respectivamente ao cálculo da área de um paralelogramo e ao cálculo do volume de paralelepípedos. Isso obviamente leva a desdobramentos e, consequentemente, a aplicações no cálculo de áreas e volumes de outras figuras geométricas. · Nesta unidade, estudaremos produto vetorial e produto misto. O produto vetorial é mais um recurso importantíssimo da Álgebra Vetorial, muito utilizado na descrição de fenômenos físicos abordados em Mecânica, na eletricidade e no eletromagnetismo. Já o produto misto reúne as propriedades e as aplicações dos dois, isto é, do produto escalar e do produto vetorial. Produto Vetorial e Produto Misto • Conclusões finais sobre o produto vetorial • Produto Misto • Interpretação geométrica do módulo do produto misto 6 Unidade: Produto Vetorial e Produto Misto Contextualização Nesta unidade, vamos aprofundar nosso trabalho com vetores, tendo como foco o produto vetorial e o produto misto. Essas duas operações só estão definidas para vetores no espaço tridimensional; contrariamente ao produto escalar, o qual se define no espaço bi e tridimensional. O produto vetorial resulta sempre em um vetor, daí o seu nome. Já o produto misto tem como resultado um número real. Os produtos vetorial e misto têm representações algébricas u x v e u ⦁ (v x w ), respectivamente. Você também encontrará o produto vetorial com a seguinte representação: u ˄ v – no entanto, no nosso caso, optamos pela primeira notação. O módulo do produto vetorial representa a área do paralelogramo determinado pelos vetores u e v (figura abaixo), sendo esses vetores obrigatoriamente coplanares: De modo análogo, o volume de um paralelepípedo determinado por três vetores é igual, numericamente, ao valor absoluto do produto misto entre eles. Para vetores u e v no espaço, sabemos que seu produto vetorial v x w ainda é um vetor no espaço. Desse modo, dado um terceiro vetor u, também no espaço, podemos fazer o produto escalar de u por v x w , obtendo um número real. Esse produto é chamado de produto misto dos vetores u, v e w , que é representado por u ⦁ (v x w ). Observe a figura a seguir: Imagem As aplicações imediatas do produto vetorial e do produto misto, como você deve ter percebido, estão na determinação de áreas e de volumes. Nesse ponto, você também terá contato com a Álgebra Linear, que, num primeiro momento, exigirá a aplicação de conceitos básicos de matrizes e, sobretudo, determinantes. Os detalhes e esclarecimentos sobre o tema estão expostos ao decorrer na unidade. 7 Introdução Vamos desenvolver algumas propriedades dos determinantes necessárias para dar sequência ao nosso trabalho. 1) Definimos um determinante de ordem 2 como: 1 1 1 2 2 1 2 2 x y x y x y x y = − x2 x1 y2 + y1 - Fizemos o produto dos elementos da diagonal principal menos o produto dos elementos da diagonal secundária. Acompanhe o exemplo seguinte: ( ) ( )6 2 6 3 – 4 2 18 8 26 4 3 − = − = + = 2) Algumas propriedades dos determinantes que serão úteis no produto vetorial. a. A permutação de duas linhas inverte o sinal do determinante. Vamos utilizar o mesmo exemplo do item 1): ( ) ( )4 3 4 2 – 6 3 8 18 26 6 2 = − = − − = − − b. Se duas linhas forem constituídas de elementos proporcionais, o determinante é zero. Exemplo: ( ) ( )2 4 2 16 – 8 4 32 32 0 8 16 − = − − = − + = − Os elementos da 2º linha são o quádruplo dos elementos da 1º linha. c. Se uma linha for constituída de zeros, o determinante é zero. ( ) ( )0 0 0 3 – 4 0 0 4 3 = = 8 Unidade: Produto Vetorial e Produto Misto d. Um determinante de ordem 3 (três linhas por três colunas) pode ser dado por: 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 · · · I II III a b c y z x z x y x y z a b c y z x z x y x y z = − + Note que (I) foi obtido ao eliminarmos a 1º linha e a 1º coluna (a12: a), encontramos na 1º linha e na 1º coluna; (II) foi obtido ao eliminarmos a linha e a colna às quais o elemento pertence (b12: b está na 1º linha e a 2º coluna); e (III) foi obtido da mesma forma. O elemento c13 está na 1º linha e na 3º coluna; suprimindo a linha e a coluna às quais o elemento pertence, resta (III). A expressão do lado direto da equação é conhecida como desenvolvimento do determinante pelo Teorema de Laplace aplicado à primeira linha. Esse procedimento pode ser aplicado à quaisquer umas das linhas ou quaisquer das colunas. Na realidade, as propriedades aqui abordadas fizeram referência apenas às linhas, porém elas também são válidas para as colunas. Acompanhe o exemplo a seguir: ( ) 1 2 4 5 1 3 1 3 5 3 5 1 1 · 2· 4· 3 6 2 6 2 3 2 3 6 − − − − = − − + − − − − − − = (-1)[(-5)(6)-(-3)(1)]-2[(3)(6)-(-2)(1)]+4[(3)(-3)-(-2)(-5)]= = (-1)[-30+3]-2[18+2]+4[-9 -10]=27-40-76= -89 Defi nição de Produto Vetorial Dados dois vetores 1 1 1 2 2 2 u x i y j z k ev x i y j z k= + + = + + , nessa ordem, denominamos produto vetorial de u por v e indicamos u x v (leia-se:” u vetorial v”), o vetor obtido desenvolvendo-se o determinante: 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 · · · i j k y z x z x y x y z i j k y z x z x y x y z = − + Acompanhe o exemplo: Calcular u x v e v x u sendo 3 2 2 4 5u i j k ev i j k= + + = + + 9 u x v = 3 2 1 2 1 3 1 3 2 · · · 7 2 4 5 2 5 2 4 2 4 5 i j k i j k i j k= − + = − − v x u = 4 5 2 5 2 42 4 5 · · · 7 2 3 2 1 2 1 3 1 3 2 i j k i j k i j k= − + = − + + Perceba que para o cálculo de v x u os componentes de v foram anotados na segunda linha e os componentes de u na terceira linha, isso nos leva a conclusão de que u x v= -(v x u). Observe a representação gráfica (Figura 2) dos produtos vetoriais, u x v e v x u , obtidos acima: Figura 2 Note que os vetores representados na figura têm sentidos opostos. Considerando-se as observações feitas sobre as propriedades dos determinantes de matrizes quadradas, vamos listar o que podemos concluir de imediato sobre os determinantes de ordem 2. 1º v x u = -( u x v), (Figura 2). Observe que os vetores v x u e u x v são opostos. A troca da ordem dos vetores no produto vetorial u x v gera a troca de sinais de todos os determinantes, isto é, troca os sinais de todos os seus componentes. Do fato de u x v ≠ v x u, concluímos que o produto vetorial, contrariamente ao produto escalar, não é comutativo. No produto escalar, vimos que u ⦁ v = v ⦁ u , concluindo que no produto vetorial a ordem dos fatores deve ser considerada. 10 Unidade: Produto Vetorial e Produto Misto 2º u x v = 0 se, e somentese, u // v, uma vez que, nesse caso, os determinantes têm suas linhas constituídas de elementos proporcionais. Vejamos os casos particulares: a. u x u = 0 (determinantes de ordem 2 com linhas iguais); b. u x 0 = 0 (determinantes de ordem 2 com uma linha de zeros). A seguir, encontram-se alguns exemplos de produto vetorial de vetores paralelos: I. u x (2 )v = 0 II. (2u) x (3u) = 0 III. ( u x v) x (v x u) IV. ( u - v) x (v - u )=0 V. (5 u + 2v) x (3 u +4v)=0 VI. (2 u) x 0 =0 Vamos, a partir de agora, explorar situações em u x v, no caso de u e v serem não-nulos e não-paralelos. Características do vetor u x v Sejam os vetores u= (x1, y1, z1) e v = (x2, y2, z2). 1) A direção de u x v. O vetor u x v é ortogonal a u e ortogonal a v Como sabemos que dois vetores são ortogonais quando o produto escalar deles é zero, basta mostrar que ( u x v) ⦁ u = 0 e ( u x v) ⦁ v= 0. Na Figura 3 está representado o que acima foi exposto. Figura 3 11 Acompanhe as resoluções a seguir, que comprovam o que se buscou discutir nesse item. Dados os vetores u = (-1, 2, 5) e v = (3, 4 -2), vamos calcular ( u x v). A resolução desse determinante se dará por meio de um dispositivo prático, cujas vantagens são agilizar na resolução e evitar que você corra o risco de esquecer de trocar o sinal do termo intermediário. Esse processo consiste em dispor os vetores em linha e repetir pela ordem as duas primeiras colunas. Os três componentes de u x v são dados pelos três determinantes. Assim: u x v = 1 2 5 3 4 2 i j k − − = 1 2 5 1 2 3 4 2 3 4 − − − 1 2 5 1 2 3 4 2 3 4 − − − 1 2 5 1 2 3 4 2 3 4 − − − 1 2 5 1 2 3 4 2 3 4 − − − 1 2 5 1 2 3 4 2 3 4 − − − = = -24 i + 13 j - 10 k Agora, fazemos o produto escalar ( u x v) ⦁ u: ( u x v) ⦁ u = (-24, 13, -10) ⦁ (-1, 2, 5) = 24 + 26 – 50 = 0, isso comprova o que foi discutido anteriormente. Exercício como sugestão: comprove que ( u x v) ⦁ v = 0. É bem simples!. 2) Sentido de ( u x v). O sentido de u x v relativo a ( u e v) é determinado pela regra da mão direita (Figura 4a), isto é, se os dedos da mão direita estão postos em forma de concha, de tal forma que eles fecham de u para v no sentido de rotação que leva u em v com menos de 1800, então o polegar irá apontar grosseiramente na direção de u x v. Já a Figura 4b mostra que o produto vetorial muda de sentido quando a ordem dos vetores é invertida. Observamos facilmente que só será possível dobrar os dedos de v x u se invertermos a posição da mão, quando então o polegar estiver apontando para baixo. Figura 4a Figura 4b 12 Unidade: Produto Vetorial e Produto Misto 3) Comprimento de u x v Se θ é o ângulo entre dois vetores u x v não-nulos, então: u x v|= | u| |v| sen θ Trocando Ideias Consulte os sites mencionados anteriormente e, também, acesse http://fatosmatematicos. blogspot.com.br/ para obter mais informações sobre a identidade de Lagrange, que será aqui utilizada. Para demonstramos a relação | u x v|= | u|=|v|sen θ, recorreremos à identidade de agrange. Proposição de Lagrange Dados os vetores u = (x1, y1, z1) e v = (x2, y2, z2), então | u x v|2+ ( u x v )2= | u|2 • |v|2. Em palavras, o que ele afirma é: o quadrado do produto vetorial de u e v mais o quadrado do produto escalar de u e v é igual ao quadrado do vetor u multiplicado pelo quadrado do vetor v. Demonstração: Da definição de produto vetorial, temos: u x v= 1 1 1 1 1 11 1 1 1 2 2 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 · · · ( ) i j k y z x z x y x y z i j k y z y z i y z x z x y x y z = − + − Na sequência, temos: 13 u v �� � � � � � � ��� �� � � �� � 2 1 1 1 2 2 2 2 1 2 1 2 1 2 2 x y z x y z x x y y z z, , , , u v 2 2 1 2 1 2 1 2 2 2 2 2 2 2� � � �� � � � �� �x y z x y z Note que você deverá igualar as expressões obtidas acima para provar que a identidade de Lagrange é verdadeira – tente! Isolando 2 u vx em u v u v u v x 2 2 2 2 � �� � � � , vem: u v u v u v x 2 2 2 2 � � � �� � Sabemos que u • v = | u|•|v| cos θ (I). Substituindo (I) em ( )2 2 2 2 · u v u v u v= −x , temos: ( )22 2 2 · · · cosu v u v u v θ= −x 2 2 2 2 2 2 · · cosu v u v u v θ= −x Colocando 2 2·u v em evidência: 2 2 2 2 · ·(1 cos )u v u v θ= −x 2 21 cos senθ θ− = (identidade trigonométrica) 2 2 2 2 · ·senu v u v θ=x Extraindo a raiz quadrada de ambos os membros: u ·v · senu v θ=x Interpretação geométrica do módulo do produto vetorial Acompanhe por meio de uma representação gráfica (Figura 5) a comprovação da relação A u v= x , onde A é a área de um paralelogramo determinado pelos vetores u vx não-nulos. Essa relação pode ser assim enunciada: “A área do paralelogramo determinado pelos vetores u e v é numericamente igual ao comprimento do vetor u x v”. Figura 4.5 v |v| |u| u Área do paralelogramo = base (vezes) altura = | u||v| sen θ 14 Unidade: Produto Vetorial e Produto Misto Acompanhe um exemplo que comprova o que foi desenvolvido anteriormente: Determinar o produto vetorial u x v dados os vetores u= 4i e v = 2 j. Resolução: ( )0 0 4 0 4 0 4 0 0 0, 0, 8 2 0 0 0 0 2 0 2 0 i j k i j k= − + = Acompanhe a representação gráfica de u x v: Conclusões fi nais sobre o produto vetorial 1. O produto vetorial não é associativo, sendo assim, em geral: ( ) ( ) w u v u v w≠x x x x 2. Para quaisquer vetores u, v, w e o escalar a são válidas as propriedades: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )u v w u v u w e u v w u w v w+ = + + = +x x x x x x ( ) ( ) ( ) a u v au v u av= =x x x u v w u v w � � �� � � �� � � � � � � �x x 15 Atividades 1. Determine o vetor x, tal que x seja ortogonal ao eixo das ordenadas e vu x= x , sendo ( ) ( )1,1 , 1 2,1 , 1u ev= − = − − . 2. Sejam os vetores , u e v = − = −( , , ) ( , , )1 3 1 4 2 2 determinar um vetor que seja: a. Ortogonal a u e v b. Ortogonal a u e v e unitário; c. Ortogonal a u e v e tenha módulo 3; d. Ortogonal a u e v e tenha cota igual a 5. 3. Seja um triângulo isósceles de lados AB = AC = 4 e o ângulo entre esses lados mede 30o, calcule AB ACx . 4. Dados os vetores u=(-1, 1, -1) e v=(3, -2, 4), calcular: a. a área do paralelogramo determinado por u e v; b. a altura do paralelogramo relativa à base definida pelo vetor u. 5. Determinar a distância do ponto (4, 2, 1) à reta r que passa por A(-1, 2, 3) e B(5, 1, -1). 6. Dados os vetores u= (-2, 3, 1)e v=(2, -1, a), calcule o valor de a para que a área do paralelogramo determinado por u e v seja igual à 21. 7. Dados os pontos A(1, -2, 1), B(4, 0, -2) e C(3, -2, 2), determinar: a. a área do triângulo ABC; b. a altura do triângulo relativa ao vértice C. Resoluções 1. O vetor x é perpendicular ao eixo das ordenadas, ou seja, 0y. Em símbolos x ⊥ 0y, logo ele é do tipo x = (x, 0, z). Sabendo que u = x x v equivale a: (1, 1, -1) = 0 2 1 1 i j k x z − − , então: ( )0 0 1, 1, 1 1 1 2 1 2 1 z x z x i j k+ = − − − − 16 Unidade: Produto Vetorial e Produto Misto 1 2 1 1 z x z x = − − = = − Logo, x =(-1, 0, -1) 2. Sabemos que u x v é ortogonal a u x v, ao mesmo tempo. Também sabemos que multiplicar um vetor por um número real não altera a sua direção, logo todos os vetores do tipo a ( u x v) e a ∈ R são também ortogonais a u e v. Portanto, esse problema tem infinitas soluções. u x v = 3 1 1 1 1 31 3 1 2 2 4 2 4 2 4 2 2i j k i j k − − − = − + − − − = (8, 6, -10) Logo, as infinitas soluções são a (8, 6, -10), a ∈ R b. A partir de u x v, ou de qualquer a( u x v), a ≠0, obtermos dois vetores unitários: Vamos determinar | u x v| = ( ) ( )22 28 6 10 64 36 100 200 100 2 10 2+ + − = + + = = = u1= ( )8, 6, 10 8 6 10 4 3 1, , , , 10 2 10 2 10 2 10 2 5 2 5 2 2 u v u v − = = − = − x x ou 2 1 4 3 1 , , 5 2 5 2 2 u u = − = − − c. Para obter um vetor de módulo 3 que seja ortogonal a u x v, basta multiplicar por 3 um vetor unitário: 4 3 1 12 9 33 , , , , 5 2 5 2 2 5 2 5 2 2 ou − = − 4 3 1 12 9 33 , , , , 5 2 5 2 2 5 2 5 2 2 − − = − − d. Das infinitas soluções a(8, 6, -10), queremos aquela cuja cota seja igual a 5. Então, (8a, 6a, -10a), isto é, -10a = 5, logo a = 1 2 − . 17 3. Utilizando a relação| u x v|= | u|•|v| • sen θ, a qual representa a área de um paralelogramo: AB·AC · sen30oAB AC =x 1 4·4· 2 AB AC =x = 8 Logo, 8 representa a área do paralelogramo determinada pelos vetores AB e AC Então, a área do triângulo isósceles ABC mede 4 u.a (unidades de área). 4. a) Primeiramente, vamos determinar o produto vetorial u x v. u x v = 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 4 3 4 3 2 3 2 4 i j k i j k − − − − − − = − + − − − = (2, 1, -1) A área do paralelogramo é dada pelo módulo do produto vetorial, então: | u x v| = ( )22 22 1 1 6+ + − = u.a b) Vamos utilizar a definição de área do paralelogramo: A = b•h (base vezes altura). Utilizando essa definição para a representação geométrica, teremos: | u|• h = A | u|• h= | u x v| Temos que determinar o módulo de | u|: ( ) ( )2 22 1 1 1 3u = − + + − = . Substituindo | u|= 3, na fórmula seguinte, obtemos: 6 2 u.a u 3 u v h = = = x 5. Consideremos d a distância entre o ponto P e a reta r. Observe na figura seguinte que calcular essa distância d é o mesmo que calcular a altura h, como foi feito no item b) do exercício anterior. AB AB AP d = x 18 Unidade: Produto Vetorial e Produto Misto AB = B – A = (5, 1, -1) – (-1, 2, 3) = (6, -1, -4) AP = P - A = (4, 2, 1) - (-1, 2, 3) = (5, 0, -2) AB APx = i j k 1 4 6 4 6 1 6 1 4 i j k 0 2 5 2 5 0 5 0 2 − − − − − − = − + − − − AB APx = (2, -8, 5) e | AB APx |= ( )22 22 8 5 93+ − + = |AB | = ( )22 2 1 (-4)6 53+ − + = AB AB AP d = x = 93 93 5353 = 6. A área do paralelogramo é determinada por A=| u x v|, logo, primeiramente, devemos calcular: u x v = i j k 3 1 2 1 2 3 2 3 1 i j k 1 2 2 1 2 1 a a a − − − = − + − − − u x v = (3a + 1, 2a + 2, -4) | u x v | = 21 2 2 2(3 1) (2 2) ( 4) 21 a a+ + + + − = (elevar ambos os membros ao quadrado) (3a+1)2 + (2a + 2)2 + (-42 = 21 9a2+ 6a + 1 + 4a2 + 8a + 4 + 16 = 21 13a2+ 14a + 21 = 21 13a2+ 14a + 21 - 21 = 0 13a2+ 14a = 0 a(13a + 14) = 0 140 1 3 1 4 0 13 a ou a a= + = ⇒ = − Logo, a = 0 ou a = 14 13 − 19 7. a) Observe na figura a seguir que a partir do triângulo ABC é possível obter a área de um paralelogramo, cuja área é o dobro da área do triângulo. C A h B D Como a área do paralelogramo é determinada pelo módulo dos vetores |( AB APx |, temos que, primeiramente, determinar os vetores ( AB APx ): AB = B – A = (4, 0, -2) – (1, -2, 1) = (3, 2, -3) AC = C – A = (3, -2, 2) – (1, -2, 1) = (2, 0, 1) | AB ACx |= 2 3 3 3 3 2 3 2 3 0 1 2 1 2 0 2 0 1 i j k i j k − − − = − + | AB ACx |=(2, -9, -4) | AB ACx | = ( )2 22 9 ( 4) 4 81 16 101+ − + − = + + = Então a área procurada é A∆= 1 101 2 u.a. b) A altura do triângulo que está indicada na figura é a mesma do paralelogramo de base AB. Sabemos que a área do paralelogramo é base vezes altura, então | AB ACx | = 1 29 2 . b • h =1 29 2 ⇒ h = 29 b ⇒ h = ( )22 2 29 29 29 22223 2 3 = = + + − Produto Misto Chamamos de produto misto dos vetores, 1 1 1 2 2 2 3 3 3 , u x i y j z k v x i y j z k e w x i y j z k= + + = + + = + + 1 1 1 2 2 2 3 3 3 , u x i y j z k v x i y j z k e w x i y j z k= + + = + + = + + considerados nessa ordem, ao número real u • (v x w ). O produto misto também é indicado por ( u, v, w ). 20 Unidade: Produto Vetorial e Produto Misto Sabendo que v x w = 2 2 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 3 · · · i j k y z x z x y x y z i j k y z x z x y x y z = − + então, temos u ⦁ (v x w ) = 2 2 2 2 2 2 1 1 1 3 3 3 3 3 3 y z x z x y x y z y z x z x y − + e, portanto u ⦁ (v x w ) = 1 2 3 2 2 2 3 3 3 x x x x y z x y z Ao resolvermos esse determinante, obteremos um número real de onde se conclui que u ⦁ (v x w ), ou seja, o produto misto sempre resultará em um escalar (número). Atividade Calcule o produto misto dos vetores ( ) ( ) ( )0, 2, 4 , 2, 1, 3 2, 0,1 u v e w= = − = . Resolução Temos que determinar u ⦁ (v x w ). Temos, então, que resolver o determinante: u ⦁ (vxw ) = ( u,v,w ) = ( u,v,w ) = 0 2 4 1 3 2 3 2 1 2 1 3 0· 2· 4· 0 1 2 1 2 0 2 0 1 − − − = − + = 0 + 8 + 8 = 16 Propriedades do Produto Misto As propriedades do produto misto, em sua maioria, derivam das propriedades dos determinantes. I) O produto misto ( u, v, w ) muda de sinal ao trocarmos a posição de dois vetores. Vamos comprovar essa propriedade com base na atividade anterior em que ( u, v, w ) = 8. ( u, v, w ) = -8 (troca de u e v) ( u, v, w ) = -8 (troca de u e w ) ( u, v, w ) = -8 (troca de v e w ) 21 Se trocarmos novamente a ordem de dois vetores nos produtos mistos anteriores, que resultaram em -8, o resultado volta a ser 8. Então, se em relação ao produto misto ( u, v, w ) ocorrer: a. uma permutação – haverá troca de sinal; b. duas permutações – não alterará o valor. Resulta dessa propriedade que os sinais ⦁ e x podem ser trocados, isto é, u ⦁ (v x w )=( u x v) ⦁ w pois ( u x v) ⦁ w = w ⦁ ( u x v) = (w , u, v) = ( u, v, w ) = u ⦁ (v x w ). II) ( u+ x , v, w )=( u, v, w )+ ( x , v,w ) ( u, v+ x ,w )=( u, v, w )+ ( u, x,w ) ( u,v,w+ x )=( u,v,w )+ ( u, v, x ) III) (a u,v,w ) = ( u, av, w ) = ( u, v,aw ) = a( u, v, w ) IV) ( u, v, w ) = 0 se, e somente se, os três vetores forem coplanares. Admitindo-se que ( u,v,w ) = 0, ou seja, u ⦁ (v x w ) = 0, conclui-se que (v x w ) ⊥ u. Por outro lado, no estudo do produto vetorial vimos que o vetor v x w é também ortogonal a v e w , assim sendo, como v e w é ortogonal aos três vetores u, v e w , esses são coplanares (Figura 6). Figura 6 wx u w v v Do mesmo modo, admitindo-se que u, v e w , sejam coplanares, o vetor v x w , por ser ortogonal a v e w , é também ortogonal a u. A conclusão imediata é de que u e v x w são ortogonais, o produto escalar deles é igual a zero, isto é, u ⦁ (v x w )= ( u, v, w ) = 0. Atividades 1) Verifique se são coplanares os vetores u = (1, 1, 2), v = (3, 1, -1) e w = (0, 2, 1) 22 Unidade: Produto Vetorial e Produto Misto Resolução Se o produto misto desses vetores for zero, eles serão coplanares. ( u, v, w ) = 1 1 2 1 1 3 1 3 1 3 1 1 1 1 2 2 1 0 1 0 3 0 2 1 − − − = − + Logo, os vetores não são coplanares. 2) Determine o valor de x para que os vetores u = (1, x, 2), v = (-1, 3, 2) e w = (-2, 1, 1) sejam coplanares. Resolução ( u, v, w ) = 0 1 2 3 2 1 2 1 3 1 3 2 0 1 2 1 3 10 0 1 1 2 1 2 1 2 1 1 x x x − − − = ⇒− + = − + = − − − - 3x = -11 ⇒ x = 11 3 3) Mostre que os pontos A(1, 0, 2), B(3, 2, 5), C(0, -1, 3) e D(5, 4, 2) são coplanares. Para que os quatro pontos dados sejam coplanares, os vetores AB , AC e AD , obrigatoriamente, devem ser coplanares. (AB , AC , AD ,) = 0 D A B AB = B – A = (3, 2, 5) – (1, 0, 2) = (2, 2, 3) AC = C – A = (0, -1, 3) – (1, 0, 2) = (-1, -1, 1) AD = D – A = (5, 4, 2) – (1, 0, 2) = (4, 4, 0) 2 2 3 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 2 2 3 8 8 0 0 4 0 4 0 4 4 4 4 0 − − − − − − = ⇒ − + = − + + = Logo, os pontos dados são coplanares. 23 Interpretação geométrica do módulo do produto misto O produto misto u ⦁ (v x w ) geometricamente é igual, em módulo, ao volume do paralelepípedo de arestas determinadas pelos vetores não coplanares u e v, w (Figura 7). A área da base do paralelepípedo é |v x w |. Considerando θ o ângulo entre os vetores u e v x w . Sendo v x w um vetor ortogonal à base, a altura será paralela a ele e, portanto, h=| u||cos θ|. Note que devemos considerar o valor absoluto|cos θ|, no caso de θ ser um ângulo obtuso. O volume do paralelepípedo é dado pela fórmula: V = (área da base) (altura) V = |v x w || u||cos θ| V = || u||v x w ||cos θ| V = | u ⦁ (v x w )|, logo V = |( u, v, w )| Atividade Sejam os vetores ( ) ( ) ( )4, , 1 , 2, 2, 0 1, 1, 3u x v e w= − = − = − , determine o valor de x para que o volume do paralelepípedo determinado por u, v e w seja 36 u.v. (unidades de volume). Resolução O volume do paralelepípedo é dado por V = |( u, v, w )| e, de acordo com o enunciado, |( u, v,w )| = 36, o que nos leva ao determinante: ( u, v, w ) = ( ) 4 1 2 0 2 0 2 2 2 2 0 4 1 1 3 1 3 1 1 1 1 3 x x − − − − = − + − − − − = 24 + 6x + 0 Isso resulta em: |24+6x|= 36, que pela definição de módulo nos fornece duas possibilidades: 24 + 6x = 36 ou 24 + 6x = -36 6x = 12 ou 6x = -36 – 24 x = 2 ou x = -10 24 Unidade: Produto Vetorial e Produto Misto Volume do Tetraedro Dados os pontos A, B, C e D não-coplanares, e os vetores AB , AC e AD , que pelo que discutiu- se até então, também serão não-coplanares, a consequência é de que esses vetores determinam um paralelepípedo (Figura 8), cujo volume é V = |( AB , AC e AD )|. O paralelepípedo, por sua vez, pode ser dividido em dois prismas triangulares de mesmo tamanho (vide figura abaixo) e, portanto, o volume Vp de cada prisma é a metade do volume V do paralelepípedo, isto é, 1 2p V V= Um dado relevante da geometria espacial que vamos recorrer agora é o fato de que o prisma pode ser dividido em três pirâmides de mesmo volume, sendo uma delas o tetraedro ABCD. Com base nisso, podemos concluir que o volume Vt do tetraedro é um terço do volume do prisma, ou seja: 1 1 1 3 3 2t p V V V = = ou 1 6t V = ou ainda ( )1 , , 6tV AB AC AD= Figura 8 Atividade Dados A(1, 1, 0), B(1, 0, 1), C(0, 1, 1) e D(3, 2, 1) como vértices de um tetraedro, determine: a. o volume do tetraedro; b. a altura do tetraedro relativa ao vértice D. Resolução O volume do tetraedro é ( )1 , , 6tV AB AC AD= AB = B – A = (1, 0, 1) – (1, 1, 0) = (0, -1, 1) AC = C – A = (0, 1, 1) – (1, 1, 0) = (-1, 0, 1) AD = D – A = (3, 2, 1) – (1, 1, 0) = (2, 1, 1) AB , AC , AD = ( ) 0 1 1 0 1 1 1 1 0 1 0 1 0 1 1 0 3 1 4 1 1 2 1 2 1 2 1 1 − − − − = − − + = − − = − V= |-4| = 4 (volume do paralelepípedo). 25 Observe que devemos considerar o valor absoluto, ou seja, módulo, pois não há sentido em considerarmos um volume negativo. ( )1 1 4 2 , , 4 .6 6 6 3tV AB AC AD u v= = = = Observe na Figura 8 que a altura do tetraedro traçada do vértice D é a própria altura do paralelepípedo de base, determinada por AB e AC . O volume do paralelepípedo é definido por V = (área da base) (altura) = |AB x AC | • h. Isolando h, pois é o que queremos calcular, vem: Vh AB AC = x AB x AC = ( ) 1 1 0 1 0 1 0 1 1 1, 1, 1 0 1 1 1 1 0 1 0 1 i j k i j k − − − = − + = − − − − ( )2 2 2 4 4 . . 3 1 1 1 Vh u c AB AC = = = − + +x (unidades de comprimento) 26 Unidade: Produto Vetorial e Produto Misto Material Complementar • CAMARGO, Ivan de. Geometria Analítica: um tratamento vetorial. 3.ed. São Paulo. Pearson Prentice Hall, 2005. • JULIANELLI, José Roberto. Cálculo Vetorial e Geometria Analítica. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2008. • WINTERLE, Paulo. Vetores e Geometria Analítica. 2. ed. São Paulo: Makron Books do Brasil, 2000. • ANTON, H. Álgebra Linear com aplicações. Porto Alegre: Bookman, 2001 27 Referências BOULOS , Paulo, CAMARGO, Ivan de. Geometria Analítica: i, tratamento vetorial – São Paulo: Mc Graw-Hill 2005, 3 edição LIMA, Elon Lages. Coordenadas no Espaço – Rio de Janeiro: Coleção do professor de Matemática, 1993. SIMMONS, George F. Cálculo com Geometria Analítica – São Paulo: Mc Graw-Hill 1987. SWOKOWSKI, Earl W. Cálculo com geometria analítica – volume 2. São Paulo: Makron Books do Brasil Editora Ltda, 1994, 2 edição VENTURI, Jaci J. álgebra Vetorial e Geometria Analítica – Curitiba: Scientia et Labor – Editora da UFPR, 1990, 3 edição WINTERLE, Paulo. Vetores e Geometria Analítica – São Paulo: Makron Books Ltda, 2000 28 Unidade: Produto Vetorial e Produto Misto Anotações www.cruzeirodosulvirtual.com.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 CEP 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000 www.cruzeirodosulvirtual.com.br Rua Galvão Bueno, 868 Tel: (55 11) 3385-3000
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