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ATIVIDADE 02: Fundamentos e Princípios do Direito Ambiental Juliana Bertoli RA: 21055514 REF: Apelação Cível. Ação Civil Pública (AP nº 5000105-61.2011.4.04.7208/SC). Loteamento Jardim Ana Carolina. Área de Preservação Permanente. Demolição. Bombinhas/Santa Catarina 1) Identifique e explique o problema levantado no Acórdão, enfatizando a caracterização do dano ambiental e a atuação do Ministério Público no caso concreto. Pedro Zancanaro, construiu em um lote uma obra de alvenaria em APP, a 5 metros do Rio da Barra, sem licença ambiental e com a autorização inicial do Município, que elaborou parecer favorável à edificação em um loteamento de terreno de marinha. Dois anos depois, de ter autorizado, o Município notificou a obra, mas o embargo da obra foi ignorado. Um outro problema encontrado é que a propriedade de Pedro Zancanaro não é a única construída de forma irregular as margens do Rio da Barra, todo o loteamento onde está situado o imóvel do autor, denominado Ana Carolina, eliminou a quase totalidade da mata ciliar e uma proporção significativa dos manguezais. O MPF buscou a demolição da construção irregular e, em conjunto com a União, requer a recuperação ambiental da área degradada. Além disso, alegou que a quantia foi fixada de forma aleatória e em valor ínfimo, se comparado ao beneficio econômico da violação à legislação ambiental. Entretanto, o pedido do MPF não foi contemplado totalmente, pois foi alegado os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade que significam que o valor de indenização deve ser proporcional ao dano causado, atentando para um critério razoável que, de um lado, não deixe o degradador/poluidor com a sensação de impunidade, mas que também não seja causa de ruína do mesmo, continuando o mesmo valor inicial (50 mil reais). Além disso, a existência de situações semelhantes em construções vizinhas a ora analisada não tem o condão de eximir o réu da responsabilidade civil ambiental, e nem de elidir o cumprimento da legislação protetiva ao meio ambiente. Dessa forma, o descumprimento da legislação protetiva do meio ambiente por outrem, ou a omissão do Estado na fiscalização, não autorizam a exclusão da responsabilidade daquele que a descumpre. 2) Do ponto de vista ambiental, quais seriam as competências legais do Município? Ele atuou de forma adequada? Através da Constituição Federal de 1988, é obrigação de todos, em conjunto, União, Estado, Municípios, Distrito Federal e sociedade, a responsabilidade pela preservação e manutenção do meio ambiente, evitando sua deterioração, destruição e desmatamento. Esse entendimento, através do princípio ambiental da participação, também se estende aos municípios. Eles possuem legislação especial que regulamentam seus avanços urbanísticos e como devem ser feitos, visando a preservação do meio ambiente. Qualquer atitude dos municípios que firam ou desrespeitem essa legislação inconstitucional, ferindo diretamente a Constituição Federal, no que diz respeito a preservação e manutenção do meio ambiente, pode ser alvo de ação civil pública, visando a interrupção desses atos lesivos, devendo o município ser punido na forma da lei. Entretanto, diferentemente do que se era esperado do município, que tem eu seu dever a fiscalização e proteção ambiental respaldado na Constituição Federal, este foi contra o princípio de proteção ao meio ambiente e a construção da residência foi autorizada no ano de 2004, por meio da Assessoria de Planejamento e Regulação Urbana – Departamento de Análise Ambiental. O município autorizou a construção em uma APP, sendo que nestas áreas não se admite ou é restrita a ação humana interventora. Segundo o Código Florestal, estabelece como Área de Preservação Permanente a área situada a 30 metros em faixa marginal, do curso d’água que possui menos de 10 metros de largura (o Rio da Barra possui 7,5 metros) e se forem centros urbanos, a área non aedifi candi pode ficar limitada aos 15 metros previstos no art. 4º da Lei nº6.766/1979. Entretanto a autorização foi dada para a contração que ficava a 5 metros da margem do Rio da Barra. O município só foi embargar a obra em 2006, emitindo notificação, entretanto demonstrou omissão em fazer valer essa decisão administrava, além de dar permissão para instalação de serviços públicos essenciais, como, por exemplo, a ligação de água e luz no local. 3) Identifique os princípios de direito ambiental mencionados no acórdão, explicando a forma como foram utilizados na fundamentação da decisão colegiada. A área em questão constitui-se em terreno de marinha, sendo necessária autorização para sua utilização, autorização que, na hipótese, seria inviável em face da caracterização da área como de preservação permanente. No geral, o Código Florestal estabelece como Área de Preservação Permanente a área situada a 30 metros em faixa marginal, do curso d’água que possui menos de 10 metros de largura. No caso em específico desta obra, nos centros urbanos, a área non aedifi candi pode ficar limitada aos 15 metros previstos no art. 4º da Lei nº 6.766/1979, estando de toda forma errada, pois foi construída a 5 metros do rio. Outro ponto é que fica encargo da municipalidade, em fiscalizar atividades capazes de causar danos ao meio ambiente e tem o objetivo de estabelecer as devidas sanções quanto ao descumprimento e o município não agiu como esperado. Ao dispor sobre o meio ambiente a constituição federal se fundamenta no princípio da prevenção que aquele que determina a adoção de políticas públicas de defesa dos recursos ambientais como uma forma de cautela em relação a degradação. Além disso, a constituição atribui aos Municípios a responsabilidade pela proteção do meio ambiente, essa responsabilidade não pode ser afastada por norma infraconstitucional. Sendo assim, o Município, ignorou o princípio da prevenção e seu dever de proteção ambiental, lesando o direito público subjetivo ao ambiente ecologicamente equilibrado e à sadia qualidade de vida, tutelado pelo art. 225, caput e inc. VII da Constituição Federal. O princípio da responsabilidade faz com que os responsáveis pela degradação do meio ambiente sejam obrigados a arcar com a responsabilidade com os custos da reparação ou compensação pelo dano causado. Esse princípio está previsto no §3° do art. 225 da Constituição Federal que dispõe que "As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados". Devido a isso, tanto o município quanto o Pedro Zancanaro foram responsabilizados e terão de pagar indenização.
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