Buscar

a ciencia economica

Prévia do material em texto

1
INTRODUÇÃO À
CIÊNCIA ECONÔMICA
Prof. Me. Amauri de Souza Porto Junior
Prof. Me. Thiago Rocha Fabris
4
A Ciência Econômica é responsável por estudar os fenômenos da produção, da satis-
fação das necessidades dos consumidores e das suas relações via mercados, sem-
pre reconhecendo o papel desempenhado pela natureza da escassez.
O termo escassez aponta que a sociedade possui recursos limitados e, nesse sentido, 
não pode produzir todos os bens e serviços demandados pelas pessoas, empresas 
e governo. Dessa maneira, os economistas estudam como as pessoas tomam suas 
decisões relacionadas ao consumo, poupança, investimento e trabalho. Estudam a 
relação entre compradores, vendedores e a formação dos preços de bens e serviços, 
além de como os mercados se comportam e quais políticas econômicas devem ser 
implementadas para resolver o problema entre a escolha e a escassez.
A CIÊNCIA ECONÔMICA1
A Economia deriva dos termos gregos oikos (casa) e nomos (lei ou norma), ou seja, a 
gestão da casa. Da mesma forma que a família precisa tomar suas decisões em alocar 
seus recursos, a sociedade, de maneira análoga, precisa definir o que produzir, para quem 
produzir, quando produzir e quanto produzir.
ATENÇÃO
No geral, o problema da sociedade é alocar os recursos escassos de maneira eficien-
te, conforme destacam Vasconcellos e Garcia (2003).Já para Mankiw (2013), quando 
abordamos aspectos relacionados à Economia, referimo-nos a um grupo de agentes 
econômicos que interagem entre si, e a integração desses agentes reflete o com-
portamento de uma economia. Três questões básicas norteiam o funcionamento da 
economia: a tomada de decisão, a integração entre os agentes econômicos e o fun-
cionamento da economia como um todo. Seus desdobramentos estão representados 
no organizador gráfico e na sequência textual. 
Gráfico 1− Questões básicas que norteiam o funcionamento da economia
Fonte: adaptado de Mankiw (2013).
5
A primeira questão básica pode ser explicitada por quatro princípios fundamentais da 
tomada de decisão dos agentes que, segundo Mankiw (2013) são:
 Trade-offs: termo que define uma situação conflitante, ou seja, quando a resolução 
de um problema econômico acarreta, inevitavelmente, outros. Por exemplo, a redu-
ção da taxa de desemprego e a inflação; para reduzir a taxa de desemprego, é neces-
sário aumentar a taxa de inflação. Para a sociedade, o trade-off clássico é expresso 
pela eficiência e igualdade. A primeira significa que a sociedade usufrui ao máximo 
das recursos escassos, enquanto a segunda significa que os recursos escassos são 
distribuídos de maneira uniforme entre todos os membros dessa sociedade. 
 Custo de oportunidade: conceito desenvolvido pelo economista Alfred Marshall 
(1890), coloca que os custos não devem ser absolutos, mas iguais à outra oportuni-
dade, isto é, aquilo de que devemos abrir mão para obter algum outro bem ou serviço. 
O custo de oportunidade de uma determinada escolha é o valor associado à melhor 
alternativa que não foi escolhida.
 Racionalidade: os economistas, em geral, pressupõem que as pessoas agem de 
forma racional. Suas ações são realizadas da melhor forma possível, a fim de alcançar 
seus objetivos considerando as oportunidades disponíveis. Agentes econômicos ra-
cionais tomam suas decisões na margem, ou seja, comparam os benefícios marginais 
com os custos marginais.
 Incentivos: é algo que induz as pessoas a agirem. Podem ser tanto na forma de 
punição como de recompensa. Os incentivos são importantes para entender as polí-
ticas econômicas, tanto microeconômicas quanto macroeconômicas.
A segunda questão básica está relacionada à integração dos agentes econômicos, 
e três princípios descrevem de forma sucinta essa relação:
 Especialização do comércio: o comércio permite que as pessoas se especializem 
nas atividades em que são melhores. Dessa forma, elas trocam seus produtos e po-
dem comprar uma maior variedade de bens e serviços a um custo menor.
 Mercados: na economia de mercado, diferentemente da economia planificada, as 
decisões são realizadas por milhões de famílias e empresas. As empresas decidem 
quem contratar, o que produzir, quanto produzir e para quem produzir. As famílias 
decidem onde trabalhar e o que consumir. Esses dois agentes interagem no mercado 
em que seus interesses e os preços guiam essas decisões, ou seja, são guiados pela 
“mão invisível’’.
 Falhas de mercado: as economias de mercado precisam do governo para garantir 
o direito de propriedade, de modo que os agentes econômicos possam criar condi-
ções necessárias para realizar a gestão dos recursos escassos. Dessa forma, o go-
verno precisa intervir no mercado para promover a eficiência e igualdade dos agentes 
econômicos. As principais falhas de mercado, pautadas na eficiência, relacionam-se 
ao conceito de externalidades e ao poder de mercado. A primeira refere-se aos 
impactos das ações que um agente econômico possa impactar no bem-estar geral 
da sociedade. Por exemplo, uma empresa, a fim de maximizar seu lucro, pode causar 
uma externalidade negativa ao meio ambiente. Enquanto que o poder de mercado 
As decisões de 
bens e serviços 
são realizadas 
pelas autoridades 
do governo. 
Dessa forma, 
na economia 
planificada, 
apenas o governo 
pode organizar 
a atividade 
econômica, com 
o objetivo de 
promover o bem-
estar econômico.
6
se refere à capacidade de um pequeno grupo de agentes econômicos de influen-
ciar os níveis de preço do mercado, ou seja, o nível de competição é praticamente 
inexistente. Por isso, as políticas públicas, quando bem realizadas, garantem que as 
economias de mercado funcionem de forma eficiente. A desigualdade causada pelas 
diferenças de eficiência e de preferência dos agentes econômicos causam disparida-
des no bem-estar econômico. Nesse sentido, o governo realiza políticas econômicas 
de transferência de renda ou subsídios para tornar mais igualitário o padrão de vida 
da sociedade.
Entendemos como agentes econômicos tomam suas decisões e como eles intera-
gem, agora passaremos a compreender como a economia funciona, por meio da 
produtividade.
 Produtividade: o aumento da atividade econômica e o seu desenvolvimento são 
pontos fundamentais para entender os níveis de produtividade. As diferenças de pro-
dutividade explicam porque o padrão de vida brasileiro é diferente do padrão de vida 
alemão. A produtividade é entendida como a quantidade de bens e serviços produ-
zidos por unidade de fatores de produção, o que depende do nível tecnológico, da 
educação e da experiência dos trabalhadores, de maneira a estabelecer o padrão de 
vida da sociedade. 
Os estudos dos Fundamentos Econômicos são divididos em dois ramos: o primeiro, 
chamado de microeconomia, analisa as unidades familiares produtivas e suas rela-
ções; enquanto que o segundo, a macroeconomia, preocupa-se com os estudos 
dos grandes agregados econômicos. 
Microeconomia: Pode ser entendida ainda como o ramo que analisa como os preços são 
determinados em mercados específicos, isto é, como as empresas e os indivíduos se relacionam 
no mercado.
Macroeconomia: Estuda os agregados econômicos, tais como: renda, emprego, preços, 
exportação, importação, câmbio, consumo, investimento, poupança, juros e outros.
EXEMPLO
Vasconcellos e Garcia (2003) indicam que o sistema econômico é uma forma política, 
social e econômica por meio da qual uma sociedade é organizada. Pode ser definido 
como a organização da produção, comercialização e consumo dos bens e serviços 
realizados pelos agentes econômicos. Os sistemas econômicos são, geralmente, 
divididos em economias de mercado, planificada e mista. 
SISTEMAS ECONÔMICOS3
DIVISÃO
DA CIÊNCIA ECONÔMICA2
7
Os agentes econômicos são os atores que, a partir de suas decisões, contribuem para 
o bom funcionamento do sistema econômico. São formados pelas famílias, empresas 
e governo. As famílias demandam bens e serviços e ofertam os fatores de produção. 
As empresas demandam os fatores de produção e ofertam bense serviços. O governo 
é representado pelas organizações que compõem o Estado.
Figura 1 − Fluxo Circular da Economia
Trabalho, terra 
e capital: a 
remuneração 
dos fatores de 
produção é dada 
pelo salário, 
aluguel e lucro, 
respectivamente.
Fonte: Mankiw (2013).
EVOLUÇÃO
DO PENSAMENTO ECONÔMICO4
A Economia enquanto Ciência teve início em 1776, com a publicação do livro Uma 
Investigação sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações, de Adam Smith. 
Anterior a publicação dessa obra, a Economia era descrita de forma bastante simples 
e suas ideias podiam ser resumidas a partir do mercantilismo e da fisiocracia. Abor-
daremos a história do pensamento econômico a partir das origens anteriores a Adam 
Smith, denominada de pré-clássica, passando pelos principais autores clássicos, ne-
oclássicos, marxistas e keynesianos. Dessa forma, teremos uma ideia da complexa 
tarefa de compreender como a Ciência Econômica contribui para a organização da 
sociedade atual.
FASE PRÉ-CLÁSSICA
Essa fase é caracterizada pelas ideias inicias de como a sociedade era organizada, do 
ponto de vista econômico, e qual era o papel do Estado na economia. Basicamente, 
costuma-se dividir esse período em duas fases, sendo: o mercantilismo, a partir do 
Século XVI; e as ideais impostas pelos fisiocratas que teve origem no Século XVIII.
No início do Período Mercantilista, por vezes denominado de Metalista, a ética cris-
tã e os interesses comerciais entram em conflito e, aos poucos, o Estado passou a 
ocupar o lugar da Igreja no que diz respeito à condução dos interesses da sociedade. 
MERCANTILISMO (1450-1750)
8
Hunt (2005) coloca que a fase inicial do mercantilismo se originou quando a Europa 
passava por uma escassez de metais preciosos, ouro e prata. No entanto não tinham 
condições para atender ao volume crescente do comércio da época. Políticas bulio-
nistas foram estabelecidas para atrair esses metais preciosos e mantê-los no próprio 
país. Os mercantilistas acreditavam que o comércio realizado com outros países de-
veria ser estimulado, pois a partir de superávits comerciais conseguir-se-ia aumentar 
o estoque de metais preciosos. Assim, as exportações foram estimuladas e as impor-
tações desestimuladas. 
Os países europeus, com exceção da Holanda, regulavam a atividade de exportação 
e importação. Essa regulação era realizada por meio de subsídios a determinados 
setores da economia que tinham dificuldade de concorrer com produtos estrangeiros. 
Por outro lado, as matérias-primas de origem desses países tinham uma tributação 
elevada caso fossem exportadas, como era o caso da indústria têxtil na Inglaterra.
Os grandes monopólios foram estimulados nos países europeus, a fim de obter eco-
nomias de escala, ou seja, conseguir barganhar os insumos por um preço inferior, 
caso existissem mais concorrentes no mercado. Para Hunt (2005), diversos governos 
europeus estabeleceram impérios coloniais, controlados pela metrópole, para asse-
gurar os monopólios comerciais. Dessa maneira, as colônias forneciam matérias-pri-
mas baratas e compravam produtos manufaturados a preços bastante superiores.
Basicamente, o mercantilismo destaca a importância do Estado no acúmulo de rique-
zas das nações. Esse pensamento foi dominante entre os Séculos XVI e XVIII. 
Para essa doutrina econômica, o Estado deveria acumular o máximo de metais preciosos 
por meio de políticas comerciais protecionistas. Dessa forma, essa escola de pensamento 
considerou uma forte intervenção do Estado no que diz respeito ao acúmulo de metais 
preciosos.
ATENÇÃO
FISIOCRATAS
Os fisiocratas surgiram de um grupo de economistas franceses, liderados por Fran-
çois Quesnay (1694-1774), cujas ideias conflitavam com os mercantilistas, ao ter 
como centro das discussões o liberalismo econômico. A análise dos fisiocratas tem 
como principal ponto de partida a produção e não o comércio, como defendido pelos 
metalistas. Para os fisiocratas, a sociedade era guiada pela lei natural e a organização 
da produção e do comércio deveria considerar essas forças de mercado, com a mí-
nima intervenção estatal. 
Para essa escola de pensamento econômico, uma nação não poderia se desenvolver 
apenas acumulando metais preciosos, era imprescindível realizar investimentos na 
produção agrícola, que era capaz de gerar excedentes, e não na produção industrial 
ou comercial pela simples transformação dos insumos em bens finais, gerados a partir 
dos recursos naturais.
9
Somente a classe de produção agrícola era capaz de gerar excedentes econômicos, 
por meio do contato com a natureza. Enquanto que os fornecedores de mercadorias 
industrializadas, chamadas de classe estéril, também produziam, mas não geravam 
valor, pois o valor gerado por essa classe era igual aos custos dos insumos necessá-
rios para a produção de bens não agrícolas mais os salários para a subsistência dessa 
classe. Os proprietários da terra, compostos pela nobreza e clero, consumiam o ex-
cedente produzido pela classe produtiva agrícola. Quesnay expôs, no Tableau Econo-
mique, que ocorria uma circulação de renda entre essas três classes da sociedade e 
que somente o setor produtivo agrícola era capaz de gerar riqueza de forma natural.
Hunt (2005) destaca que o comércio e a indústria são apenas desdobramentos da 
agricultura, já que seu papel se reduz apenas à transformação dos valores. A terra é 
quem produz valor, seguindo a lógica natural e, portanto, os preços desse setor de-
veriam ser mais elevados para gerar lucros e aumentar a capacidade de investimento 
desse setor. 
Nessa lógica, a agricultura é que aumenta a riqueza dos países, como uma lei natural. 
Assim, o Estado deveria somente garantir que essa lógica natural não fosse influen-
ciada por fatores exógenos. Logo os fisiocratas defendiam uma baixa regulação dos 
mercados, diferentemente do que pensavam os metalistas, e a liberação do comércio 
das exportações e importações com a eliminação de tarifas e subsídios. O pensamen-
to dessa escola estava pautado na doutrina do laissez-faire, o livre mercado, que teve 
grande influência no desenvolvimento da economia clássica.
Para os fisiocratas, a sociedade era dividida em três classes: os proprietários da terra, os 
produtores agrícolas e os demais produtores de mercadorias industrializadas.
ATENÇÃO
FASE DA ECONOMIA CLÁSSICA
A Economia Clássica teve início em 1776, e seu principal percursor foi o economista 
Adam Smith, com a publicação da obra Riquezas das Nações. Nesse período, a 
Ciência Econômica adquiriu o caráter científico, baseada nos princípios liberais, in-
dividualistas, na livre concorrência e na mínima intervenção do Estado. Esse tipo de 
pensamento exerceu influência em diversas vertentes econômicas atuais. Entre os 
principais pensadores, destacam-se:
 Adam Smith (1723-1790);
 David Ricardo (1772-1823);
 John Stuart Mill (1806-1873);
 Jean Baptiste Say (1768-1834);
 Thomas Malthus (1766-1834).
10
Adam Smith identificou as principais variáveis que causavam a riqueza das nações. 
Criticou os mercantilistas e os fisiocratas. Os primeiros, por considerarem que a moe-
da gera a riqueza, sendo que, para ele, eram os valores de troca que geravam riqueza. 
Nesse sentido, a moeda é somente o meio que permite a circulação das mercadorias. 
E, em relação aos fisiocratas, para Smith, todas as atividades que produzem algum 
tipo de mercadoria geram valor.
Smith procurou demonstrar, sob a luz da teoria do valor-trabalho, que o crescimento 
da economia e das nações depende do nível de produtividade do trabalho, ou seja, 
trabalhadores mais especializados geram valor maior do que trabalhadores menos 
especializados. Portanto a divisão do trabalho também é um dos pontos fundamen-
tais de seu pensamento, além de defender uma economia livre de barreiras para o 
comércio nacional e internacional. O valor, para Smith, é gerado sempre que o preço 
de comercialização é superior ao custo de produção. Nessa economia, a acumulação 
de capital também é importante para aumentar a produtividadedo trabalho.
David Ricardo (1772-1823), em sua principal obra, intitulada Princípios de Econo-
mia Política e Tributação, deu sua maior contribuição para a denominada Economia 
Clássica. Para Ricardo, o maior problema da economia estava em distribuir a sua 
riqueza entre as classes capitalistas, proprietárias de terra e trabalhadora. Sua análise 
relaciona uma economia às características predominantemente agrícolas. O valor das 
mercadorias era caracterizado por duas principais fontes: a quantidade de trabalho 
empregado na sua produção e a sua escassez. 
Ricardo preocupou-se em determinar as relações que originavam o processo de dis-
tribuição do produto nas diferentes classes da sociedade. Ele acreditava na existência 
dos rendimentos decrescentes, ou seja, o processo de produção agrícola mostrava-
-se incapaz de fornecer alimentos a um preço acessível para o consumo dos trabalha-
dores ao longo do tempo. O surgimento da Teoria da Renda da Terra, elaborada por 
Ricardo, mostrou que, com o crescimento da população, os produtores ocupariam 
terras mais inférteis, apresentando custos de produção mais elevados e, consequen-
temente, a taxa de lucro aumentaria para os proprietários das terras mais férteis. Em 
outras palavras, o crescimento da população aumentaria a demanda por produtos 
agrícolas e, assim, aumentariam os preços desses produtos. Após a utilização de 
todas as terras férteis, os produtores passariam a cultivar nas terras mais inférteis, 
em que não se obteria lucro, pois os custos de produção se igualariam às receitas. 
Já nas terras férteis, o nível de receita superaria os custos de produção, pois seriam 
mais produtivas. A essa diferença Ricardo chamou de Renda da Terra, isto é, o nível 
de renda estava relacionado positivamente ao aumento da população. 
O aumento da população levava a um aumento na quantidade da demanda por ali-
mentos, que seria produzidos com custos mais elevados. À medida que os salários 
reais se ajustavam ao nível anterior, dado o aumento no nível de preço, a participa-
ção dos lucros diminuía no total produzido na economia. Dessa forma, a função de 
produção apresentava rendimentos decrescentes e caminhava para um estado de 
estacionariedade em longo prazo. 
Ricardo também estabeleceu a teoria dos custos comparativos. Para ele, as nações 
11
deveriam se especializar na produção, em que os custos comparativos fossem mais 
baixos que de outros países. Dessa forma, a produção seria mais lucrativa.
John Stuart Mill (1806-1873), em sua obra Princípios de Economia Política (1848), 
tinha como uma de suas preocupações analisar o estado estacionário proposto por 
Ricardo. Para Mill, a livre concorrência entre os capitalistas, dado o crescimento de-
mográfico e as inovações tecnológicas, aumentaria a produtividade das terras férteis e 
inférteis, afastando, dessa forma, o problema do estado estacionário, como proposto 
por Ricardo.
 
Esse estado estacionário poderia ocorrer somente em longuíssimo prazo. Contudo 
todos os agentes econômicos teriam um padrão de vida elevado. Nesse novo equi-
líbrio, o consumo e o enriquecimento deixariam de ser prioridades da sociedade. 
De forma generalizada, a obra de Mill aprimorou os escritos de seus antecessores, 
introduzindo mais elementos para o entendimento de uma economia de mercado. 
De certa maneira, deixou de lado o rigor do laissez-faire, de modo a afirmar que a 
economia deveria depender menos das forças naturais a defender um maior grau de 
intervenção do Estado. 
Jean Baptiste Say (1768-1834), em seu livro Tratado de Economia Política (1803), 
ampliou a obra de Adam Smith, mostrando que, a partir do aumento da produção, a 
renda dos agentes econômicos aumentaria. Dessa forma, criou a famosa Lei de Say, 
que considerava que a produção é que gerava sua própria procura, impossibilitando 
uma crise de superprodução. Say achava que a economia era autor regulável e que 
não precisava do Estado para corrigir eventuais desigualdades sociais e econômicas. 
 
Thomas Malthus (1766-1834), em seu livro Princípios de Economia Política (1820), 
criticou a Lei de Say, pois acreditava que o capitalismo passava por crises que eram 
resultantes do baixo consumo da população em determinado período. Esse baixo 
consumo da população decorria, principalmente, de uma diminuição dos salários re-
ais, o que impedia a população de manter os níveis de consumo. Dessa forma, os 
produtores geravam estoques e, consequentemente, diminuíam sua produção. Se-
gundo Malthus, a Lei de Say não possuía argumentos sólidos para explicar todas as 
oscilações econômicas.
Em sua obra de maior impacto, Ensaios sobre o Princípio da População (1798), Mal-
thus afirma que a produção de alimentos crescia a uma taxa aritmética, enquanto a 
população crescia a taxas geométricas. Isso levaria a sociedade, em longo prazo, a 
um estado de pobreza e miséria. O equilíbrio seria reestabelecido por meio de guerras 
ou de epidemias, que eliminariam as classes mais vulneráveis. Para Malthus, o nível 
de salários dos trabalhadores deveria cair com o decorrer do tempo, pois a oferta de 
trabalho crescia de maneira mais rápida que a demanda. Dessa forma, era observável 
uma queda nos salários e um aumento no nível de preços dos produtos, o que levaria 
a uma queda dos salários reais com o aumento da população. 
MARXISMO
Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895) foram os precursores da eco-
12
nomia socialista. Realizaram a maior crítica ao processo de acumulação capitalista. 
Segundo os autores, nesse sistema de acumulação ocorrem crises de superprodu-
ção, estagnação e desemprego. Com base na teoria do valor-trabalho e da mais valia 
concluíram que o capitalismo é apenas uma passagem para o socialismo. A destrui-
ção do capitalismo ocorreria, principalmente, pela luta de classes, por meio de uma 
revolução do proletariado. Por fim, os trabalhadores socializariam todos os meios de 
produção. Essa fase socialista seria uma preparação para o comunismo. Para Marx e 
Engels, a evolução da sociedade ocorre por meio da luta de classes entre capitalistas 
e trabalhadores. 
Na visão de Marx, a classe trabalhadora é explorada pela classe capitalista por meio 
da retirada da mais valia. Para entendermos o conceito de mais valia precisamos 
compreender o que é a força de trabalho e o tempo de trabalho. A primeira está rela-
cionada à capacidade do homem para o trabalho, enquanto que a segunda é desti-
nada ao processo de produção. Tanto Marx como Engels colocam que os capitalistas 
remuneram os trabalhadores somente em uma parte do valor da sua força e do tempo 
de trabalho, portanto, os salários correspondem somente a uma parcela do que os 
trabalhadores produzem. Marx denominou de exploração capitalista a diferença entre 
a remuneração do trabalhador e o valor do bem final. De forma análoga, a mais valia 
pode ser entendida como a parcela do trabalho que não é paga ao trabalhador, fonte 
do lucro do capitalista. 
As ideias de Marx foram expostas em “O Capital” (1867). Acesse aqui!
SAIBA MAIS
Essa escola econômica, conhecida também como Marginalista, teve início em 1870. 
Destacam-se os aspectos microeconômicos voltados às decisões dos consumi-
dores e das empresas. Os neoclássicos utilizavam o ferramental matemático para 
demonstrar como ocorriam as relações entre as variáveis econômicas. Os principais 
pensadores dessa escola econômica foram:
 William Stanley Jevons (1835-1882);
 Carl Menger (1840-1921);
 Léon Walras (1834-1910);
 Vilfredo Pareto (1848-1923);
 Alfred Marshall (1842-1924).
Trataremos apenas das abordagens comuns entre esses autores que acreditavam na 
capacidade de autorregulação das economias de mercado. Portanto, para os neo-
NEOCLÁSSICOS
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ma000086.pdf
13
clássicos, a teoria microeconômica era o objeto de estudo. Basearam-se na teoria 
do valor da utilidade marginal e negaram, dessa maneira, a teoria do valor-trabalho 
desenvolvida pelos clássicos. Acreditavam que o equilíbriode mercado ocorria por 
meio da maximização da satisfação dos consumidores e dos produtores. Esses pen-
sadores acreditam que as crises de superprodução ou estagnação ocorriam, princi-
palmente, por erros cometidos pelos agentes econômicos. 
Os neoclássicos se baseavam na racionalidade dos agentes econômicos, no equi-
líbrio dos mercados e na teoria da utilidade marginal. A crise de 1929 mostrou que 
a economia neoclássica possuía algumas falhas para explicar as altas taxas de de-
semprego observadas na época. Dessa forma, surgiram as ideias de Keynes, a fim de 
explicar as oscilações econômicas que se observavam na época. 
KEYNES
John Maynard Keynes foi o principal economista que desenvolveu a macroeconomia, 
mostrando a importância da intervenção do Estado para corrigir eventuais distúrbios 
econômicos. Em 1936, Keynes publicou sua principal obra, intitulada Teoria Geral do 
Emprego do Juro e da Moeda, de modo a contestar, principalmente, os axiomas mar-
ginalistas. Keynes mostrou que a ideia de equilíbrio automático, proposta por clás-
sicos e neoclássicos, não era aplicável às economias capitalistas em momentos de 
crise. Tal motivo foi reforçado pela grande depressão de 1929, em que se observou 
alta taxa de desemprego em diversas economias. Keynes criticou, ainda, os neoclás-
sicos por acreditarem que esses desajustes seriam temporários. Defendia que, para 
diminuir a taxa de desemprego, o Estado deveria realizar intervenção por meio da re-
dução da taxa de juros e aumento do investimento público. Dessa forma, a economia 
voltaria a suas taxas de pleno emprego. 
O keynesianismo considerava que a economia operava com desemprego involuntário 
e, portanto, as empresas operavam com capacidade ociosa. Foi necessário realizar 
políticas fiscais e monetárias para maximizar o bem-estar da sociedade. Conside-
rou-se que o nível de renda e de emprego era determinado pelo consumo e investi-
mento. O gasto público deveria ser utilizado quando os níveis de emprego e de renda 
estivessem abaixo do pleno emprego. 
Para esse economista, o consumo era determinado pelo nível de renda e seria apenas 
uma parcela da renda denominada de propensão marginal a consumir. O nível de in-
vestimento seria influenciado pelo nível de renda e pela eficiência marginal do capital, 
dada pela taxa de juros. Os juros seriam uma recompensa para os agentes econô-
micos que abririam mão da liquidez, e a eficiência marginal do capital faria alusão à 
expectativa do lucro do investimento realizado.
O laissez faire era inapropriado para as economias capitalistas, pois o Estado deve-
ria fomentar ativamente o pleno emprego, por meio de mudanças na taxa de juros, 
que influenciaria o investimento e também alterações nos gastos do governo, o que 
motivaria os níveis de consumo. Portanto o Estado ganhou um importante papel na 
economia keynesiana. 
14
Neste texto, compreendemos quais são os princípios norteadores da Ciência Eco-
nômica moderna, assim como a evolução do pensamento econômico ao longo dos 
séculos. As contribuições desses economistas alteraram drasticamente, migrando 
da forma de pensamento normativa – focada em descrever como o mundo deve 
funcionar – para o pensamento positivista – descritivo, analítico e científico. Nos pró-
ximos textos, exploraremos com mais detalhes os elementos que compõem a Ciência 
Econômica moderna sob o enfoque positivista, de maneira a compreender o funcio-
namento das economias de mercado vigentes.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
HUNT, Emery Kay. História do pensamento econômico. Rio de Janeiro: Elsevier/
Campus, 2005.
 
MANKIW, N. Gregory. Introdução à economia. 6. ed. São Paulo: Cengage 
Learning, 2013. 
VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de; GARCIA, Manuel Enriquez. 
Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, 2003.

Continue navegando