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Prof. Alexandre Furniel UNIDADE II Psicologia Social Unidade II: 5. Grupos e subjetividade; 6. Processos grupais; 7. Psicologia social e mudança; 8. Psicologia nas políticas públicas de saúde e desenvolvimento social. Psicologia Social - Serviço Social Grupos e subjetividade: Conceituação: No século XVIII: a palavra “grupo” designa o ajuntamento de pessoas; No período contemporâneo: grupos definidos a partir da metáfora biológica (grupo organismo) ou mecânica (grupo máquina), ou, simplesmente, pelo ajuntamento de pessoas, nas multidões, nos bandos, nas aglomerações. Psicologia Social - Serviço Social Fonte: www.tribunadonorte.com.br https://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://arquivos.tribunadonorte.com.br/fotos/76541.jpg&imgrefurl=http://tribunadonorte.com.br/news.php?not_id=185938&docid=WeaZv1YFMKyn8M&tbnid=tMYJkFlOJPDB6M:&w=746&h=500&ei=g6gfU52nO4yekAeGm4GYBA&ved=0CAIQxiAwAA&iact=c https://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://arquivos.tribunadonorte.com.br/fotos/76541.jpg&imgrefurl=http://tribunadonorte.com.br/news.php?not_id=185938&docid=WeaZv1YFMKyn8M&tbnid=tMYJkFlOJPDB6M:&w=746&h=500&ei=g6gfU52nO4yekAeGm4GYBA&ved=0CAIQxiAwAA&iact=c Não é comum chamarmos de grupo os agregados, mais ou menos numerosos, de indivíduos que não têm propriamente nenhum contato entre si, os amontoados, percebidos por Sartre, numa fila à espera de ônibus que não estão sujeitos a normas claras de comportamento comum. As maneiras de se entender um grupo como uma unidade estruturada ou como uma categoria são bastante conhecidas e utilizadas pelos cientistas sociais (HARRÉ, 1984). De modo geral, tanto as pessoas quanto os cientistas sociais tendem a tratá-los como se fossem a mesma coisa. Psicologia Social - Serviço Social Uma história das ideias sobre os grupos: Um dos principais organizadores da história das ideias sobre os grupos pode ser identificado no entendimento sobre a presença e a importância do imaginário. As teorias sobre os grupos tratam, com maior ou menor intensidade, da presença do imaginário nos grupos como um problema, um resto que precisa ser excluído: Ora ele é privilegiado, deixando de lado tudo o que seria contextual, ora ele é descartado, quer pela sua pouca importância (na Psicologia Social americana), quer pela impossibilidade de manipulá-lo (como na Psicologia Institucional francesa). Psicologia Social - Serviço Social A Psicologia Social dos pequenos grupos: Aquilo que é social nessa psicologia diz respeito à sua função e sua utilidade, assim como à sua localização fora do contexto e do tempo, no limite do tempo do “eu-grupo”, isto é, o social entendido como coisa, naturalizado; O pequeno grupo, necessariamente estruturado, é o grupo típico dos setores administrativos dos empreendimentos capitalistas, alvo dos profissionais de Recursos Humanos; De maneira geral, no pequeno grupo, o sujeito é, ou procura ser, sujeito; Os grupos apresentam-se como unidades nas quais os seus membros buscam a satisfação de suas necessidades individuais. Psicologia Social - Serviço Social A dinâmica de grupo de Kurt Lewin: Criador da expressão dinâmica de grupo, Kurt Lewin tem como uma das principais contribuições de sua Psicologia Social as investigações sobre a solução de conflitos nos pequenos grupos; Lewin propôs-se a estabelecer os conceitos e a metodologia de forma que, ao dar conta das dinâmicas nos pequenos grupos, fossem também abrangentes o suficiente quanto ao entendimento e à intervenção nos grupos sociais; Lewin foi inovador ao abordar os aspectos da personalidade como referidos ao contexto cultural e, mais do que isso, político, ao tratar da presença da democracia, dando status científico a estas considerações. Psicologia Social - Serviço Social As psicoterapias de grupo: Assim como os estudados por Kurt Lewin (operários, estudantes, soldados), pequenos grupos podem ser encontrados no âmbito das psicoterapias de grupo, consideradas como modalidade da Psicologia Clínica, que vem sendo desenvolvida, concomitantemente, com os avanços das psicoterapias individuais desde o início do século XX e como prática que se encontra no âmbito da Psicologia Social; Psicologia Social - Serviço Social Fonte: www.tippps.com.mx Quando percorremos o contexto das psicoterapias de grupo, assim como as ideias sobre os grupos que elas comportam, e discutimos a presença do elemento “perturbador” – o imaginário –, deparamo-nos com um cenário no qual há mais semelhanças do que diferenças; O imaginário será visto, muitas vezes, como componente causador de perturbação, justamente quando é mais visível, sensual, perceptível, banhado do afeto envolvido nos relacionamentos face a face; Para Lancetti (1994), a ilusão (o imaginário) é compreendida como um problema que precisa, de alguma forma, ser controlado e extraído. Psicologia Social - Serviço Social Dos grupos diagnósticos à Psicanálise: as críticas de Pontalis e Guattari: Produzidas durante a década de 1950 e o início dos anos de 1960, as considerações de Pontalis (1972) sobre a psicoterapia de grupo comportam referências importantes sobre a questão do contexto e da história no entendimento dos grupos sociais; Para Pontalis, o que assegura a existência de um grupo humano é a sua função institucional, isto é, o seu lugar num universo simbólico; O pequeno grupo deve ser pensado não como absolutamente independente, mas sempre como inserido no contexto social; Psicologia Social - Serviço Social Segundo Pontalis (1972), desde o grupo diagnóstico ou terapêutico (T-group), inventado em 1947, nos EUA, por discípulos de Kurt Lewin, os grupos são necessariamente artificiais; O T-group seria um grupo sem passado e sem futuro, que comporta uma realidade falseada, em que se amplificam situações que, na realidade, não teriam a mesma intensidade. Psicologia Social - Serviço Social Quando o grupo é entendido como em desenvolvimento, tal qual um organismo, isso se dá como tentativa de isolar os significados possíveis da experiência grupal, e a psicoterapia de grupo continua descaracterizada quanto à sua possibilidade de intervenção social – e clínica. A contribuição da Psicanálise para a Teoria dos Grupos, segundo Pontalis (1972), está, inicialmente, nas tentativas de encontrar, nos grupos, similares das instâncias da personalidade da segunda tópica freudiana (ego, superego, ideal do ego). Psicologia Social - Serviço Social Kurt Lewin, autor e criador da expressão “dinâmica de grupos”, realizou as suas pesquisas em meio às Grandes Guerras e foi inovador ao abordar aspectos da personalidade: a) No contexto cultural e político. b) Nas grandes empresas da época. c) Nas vilas e nos pequenos vilarejos. d) Em grupos de Recursos Humanos. e) Nos grupos de jogadores. Interatividade Kurt Lewin, autor e criador da expressão “dinâmica de grupos”, realizou as suas pesquisas em meio às Grandes Guerras e foi inovador ao abordar aspectos da personalidade: a) No contexto cultural e político. b) Nas grandes empresas da época. c) Nas vilas e nos pequenos vilarejos. d) Em grupos de Recursos Humanos. e) Nos grupos de jogadores. Resposta Lewin foi inovador ao abordar aspectos da personalidade como referidos ao contexto cultural e, mais do que isso, político, ao tratar da presença da democracia, dando status científico a essas considerações. Justificativa Dos grupos diagnósticos à Psicanálise: as críticas de Pontalis e Guattari: É com Bion que a Psicanálise virá a oferecer uma nova dimensão para a psicoterapia de grupo, com as diferenças entre os grupos de base e os grupos de trabalho, assim como o conceito de hipótese de base; Enquanto os grupos de trabalho são aqueles organizados para uma tarefa, os grupos de base caracterizam-se por não estarem presos a normas de funcionamento, mas a circunstâncias, como o horário da sessão de psicoterapia. Psicologia Social- Serviço Social De acordo com Bion, citado por Pontalis (1972), o grupo seria um agregado de indivíduos; e mais, possuiria um fantasma, isto é: “[...] uma realidade estruturada, que age, capaz de informar não apenas imagens e sonhos, mas todo o campo do comportamento humano”. (ibidem, p. 218); É isso que o grupo provoca nos indivíduos, o efeito desse fantasma; Quando o indivíduo se vê face a face com um grupo, isso lhe provoca efeitos fantasmáticos, quanto a se o grupo é um “bom” objeto – com o qual pode aliar-se –, ou um “mau” objeto – um grupo persecutório, que o ameaça de destruição. Psicologia Social - Serviço Social Da mesma forma, Guattari (2005) acabaria por encontrar algo equivalente também nos indivíduos que pertencem a grupos sociais, mesmo os tidos como revolucionários, como os partidos de esquerda ou os grupos de jovens, e que poria por terra a distinção fácil entre os grupos “revolucionários” e os “não revolucionários”, quanto à sua potência de transformação social. Haveria grupos-sujeito, que se deixam embalar por seus fantasmas, e grupos-objeto, nos quais se apresentam momentos de subjetividade do grupo. Para que um grupo se confirme ou se mantenha como grupo-sujeito, é necessário que haja uma articulação entre a criatividade do grupo, a sua expressão organizativa e a sua elaboração teórica. Psicologia Social - Serviço Social A Psicologia Social das categorias sociais: Reconhecida como tradição e campo de pesquisa científica, a partir do final da Segunda Grande Guerra, a Psicologia Social europeia constitui-se influenciada pela Sociologia de Durkheim e em oposição à hegemonia da Psicologia Social americana, situando as suas preocupações nos grandes grupos sociais e em sua dinâmica (FARR, 2006); Ao lado dos esforços para sistematizar métodos e procedimentos de pesquisa, os psicólogos sociais europeus irão dar especial importância à história e ao contexto, isto é, ao tempo, no desenvolvimento de seus trabalhos; Psicologia Social - Serviço Social Estarão marcados pela presença de discussões ideológicas, por teorias que garantam a prevalência do social, como o marxismo, e pelos processos que explicam os relacionamentos intergrupos, como a categorização social, base para se pensar a instituição e o pertencimento a grupos; A importância oferecida aos contextos social e político no pós-Guerra é um indicativo dos parâmetros que viriam a orientar os pesquisadores na tentativa de explicar, entre outros, o comportamento intergrupos, seja na preparação para a guerra, seja durante o seu desenrolar. Psicologia Social - Serviço Social A Teoria das Representações Sociais (TRS), de Serge Moscovici: O pensamento do senso comum: os grupos pensam? Moscovici tem, como ponto de partida, a ideia de representações coletivas, antes proposta pelo sociólogo francês Émile Durkheim. Durkheim (1989, p. 513) trata das representações coletivas como uma forma de conhecimento, próprio da sociedade, que é concebida como um “ser” que pensa: As representações coletivas “correspondem a maneira pela qual esse ser especial, que é a sociedade, pensa as coisas de sua própria experiência”; Psicologia Social - Serviço Social A ideia original de Durkheim, que irá sustentar a proposta de um objeto próprio para a Sociologia, “um pensamento social”, contraria o senso comum e a concepção do pensamento como atributo do indivíduo e abre a porta para considerar-se sociedade (e grupos) como entes para os quais cabe reconhecer e, então, estudar os processos que sustentam as representações; Moscovici subverte, no entanto, a concepção durkheimiana e indica que a representação dos objetos e das teorias sobre os quais as sociedades humanas têm interesse são reconstruídos por essas sociedades num processo contínuo apoiado, fundamentalmente, nas relações entre as pessoas e os grupos sociais. Psicologia Social - Serviço Social Como falar de um grupo que pensa? Como entender algo como uma cognição social? Moscovici (2003) vai, assim, construir uma teoria que pretende instituir uma maneira diferenciada de conceber a realidade dos grupos, o seu pensamento e, como decorrência, o comportamento e o devir dos grupos humanos. Na passagem das teorias científicas para o senso comum, num processo mediado pelo diálogo entre os indivíduos, a Teoria das Representações Sociais redescobre nos grupos sociais uma explicação para o mundo que orienta o comportamento dos indivíduos no grupo. Psicologia Social - Serviço Social Objetivação e ancoragem: Moscovici irá considerar que o processo de elaboração de uma representação social, que ele caracteriza como âmbito da cognição social, pode ser compreendido em razão de dois momentos: a objetivação e a ancoragem; Objetivação: processo pelo qual se tenta reabsorver um excesso de significações, materializando-as; Aqui, Moscovici entende estar a dimensão imagética da representação social, que tem importância direta no seu processo de disseminação; Psicologia Social - Serviço Social Ancoragem: é o outro lado da moeda em relação à objetivação. Ajusta o objeto representado à realidade da qual este foi sacado, promovendo a constituição de uma rede de significações em torno dele e orientando as conexões entre ele e o meio social; É possível verificar o processo de ancoragem na associação que podemos fazer entre a prática religiosa católica da confissão e a Psicanálise, ambas ocorrendo num espaço reservado, com garantia de sigilo, possibilidade de se tratar de questões íntimas que o sujeito não traria para o espaço público. A prática psicanalítica, como conceito, viria ancorar-se, assim, no conceito já conhecido de “confissão”. Psicologia Social - Serviço Social Teoria das Representações Sociais e grupos: De acordo com Moscovici, as representações sociais são a função dos grupos, de sua experiência e daquilo que os identifica, a sua identidade; Pode-se considerar que variam de acordo com um determinado grupo; Moscovici e outros estudiosos da TRS têm recolhido exemplos de como, em um mesmo grupo, podem conviver diferentes representações sociais, o que foi chamado de polifasia cognitiva (MOSCOVICI, 1986); Psicologia Social - Serviço Social Outro aspecto diz respeito às relações entre as representações sociais e o comportamento do grupo; Segundo Moscovici (1986), a RS é compreendida também como comportando a preparação para a ação; O comportamento de um indivíduo ou grupo poderá ser entendido como referente ao universo da RS que os caracteriza, e o estudo de certa representação social refere-se a este universo, em relação ao qual o grupo se orienta; A RS apresenta-se e reproduz-se nas conversas do dia a dia, nas esquinas, nas praças e nos bares, instalando-se de maneira que subverta as normas e a rigidez habituais de aprendizagem. Psicologia Social - Serviço Social Moscovici tomou como ponto de partida a ideia de ___________ ____________, antes proposta pelo sociólogo francês Émile Durkheim. Preencha a frase assinalando a alternativa que a completa, corretamente, as lacunas: a) Buscas; coletivas. b) Representações; sociais. c) Tradição; científica. d) Representações; coletivas. e) Senso; comum. Interatividade Moscovici tomou como ponto de partida a ideia de ___________ ____________, antes proposta pelo sociólogo francês Émile Durkheim. Preencha a frase assinalando a alternativa que a completa, corretamente, as lacunas: a) Buscas; coletivas. b) Representações; sociais. c) Tradição; científica. d) Representações; coletivas. e) Senso; comum. Resposta Durkheim, considerado um dos fundadores da Sociologia como ciência, tem o seu trabalho sobre representações coletivas usado por Moscovici, que se apoia nos debates deste autor para iniciar os seus estudos. Justificativa Teoria das Representações Sociais, imaginário e grupos: Discutindo as ideias sobre osgrupos presentes na TRS, autores importantes, como Jorge Vala e Rom Harré, irão afirmar que estas ideias classificam os grupos como categorias; A partir daí, os autores apontam as consequências dessa caracterização para o estabelecimento da TRS como uma genuína teoria dos grupos sociais e, mais ainda, para a sua filiação à corrente sociológica da Psicologia Social; Em tais considerações, abrem caminho para a introdução do imaginário nessa concepção de grupo social; Psicologia Social - Serviço Social Segundo Vala (2004), fundamentados no processo de categorização, os psicólogos sociais teriam produzido, pelo menos, duas maneiras, relativamente distintas, de considerar um grupo; Na perspectiva cognitiva, como a de Tajfel e Turner, “um grupo só existe quando os indivíduos integram, na sua autodefinição, a inclusão numa categoria de pessoas produzida pelo processo de categorização” (ibidem, p. 381); Na perspectiva sociocognitiva de Doise, “um grupo existe quando os indivíduos integram, na sua autodefinição, a pertença a uma categoria social, sendo que esse processo é regulado pela interdependência dos grupos sociais” (ibidem, p. 381). Psicologia Social - Serviço Social Identidade: Identidade-metamorfose: A ideia de identidade, que provém do senso comum, contém o princípio da permanência, da essência, de algo que pretendemos cultivar como próprio de quem somos: sempre os mesmos; Neste caso, a identidade é um objeto que podemos “ter”, que pode ser “nosso”; Se nossa identidade se caracteriza pela mudança permanente (processo de transformação), é preciso reconhecer que a própria palavra “identidade” não dá conta do que ela representa quando significa “aquilo que é idêntico a si mesmo”. Psicologia Social - Serviço Social Identidade e ideologia: De acordo com Ciampa (1983), a ideia de identidade diz respeito a certa existência que caracteriza cada um de nós e refere-se, também, a um lugar social pela nossa vinculação a um determinado grupo; A identidade corresponde a uma construção social e é, portanto, histórica; Forjada nas relações entre os indivíduos e nos grupos, dependente dos outros, ela se faz e se refaz nas relações, de tal modo que podemos dizer que somos, nas relações e, assim, como sugere Ciampa (1983), metamorfoses ambulantes. Psicologia Social - Serviço Social Identidade e grupos: A identidade, que se presta a marcar uma existência particular, tem a dimensão de uma coisa, de um bem, quando os grupos deixam de carregar a sua dimensão imaginária; Resultado de circunstâncias históricas, econômicas, políticas e, em última instância, sociais, esta identidade tende a ser algo que possuímos, por herança ou por esforço próprio, mas esforço de empresário, não de autor. Psicologia Social - Serviço Social Processos grupais: Lane (2006) insiste em tratar o grupo como processo, ao caracterizá-lo como uma unidade que não se faz como permanente, que se constitui, fundamentalmente, de pessoas e relações, e que está inserida num determinado contexto histórico e social; Ora, tudo isso, que irá compor a concepção e a materialidade dos grupos, é sujeito à passagem do tempo, muda, transforma-se por conta dessa passagem; É por isso que se poderá, assim, falar em processo, porque o grupo só existe sendo; não é uma coisa que possa ser abstraída de sua condição histórica. Psicologia Social - Serviço Social Classificando os grupos sociais: Microgrupos ou grupos primários, como a família, são importantes para a produção da subjetividade, e para a manutenção de ideias e ideais sociais. Sua presença é praticamente universal; os indivíduos têm experiências de si, simultaneamente vinculadas à presença de outras pessoas; Macrogrupos ou grupos secundários, são grupos de outra ordem e não se diferenciam dos microgrupos, necessariamente, pelo tamanho. Do ponto de vista dinâmico, substituem progressivamente os grupos primários, contribuindo para que a socialização se faça com mais intensidade, a partir dos macrogrupos. Psicologia Social - Serviço Social Os grupos operativos: Pensada como teoria e técnica que se presta à formação de equipes (grupos), por meio da Teoria dos Grupos Operativos, Enrique Pichon-Rivière procurava responder basicamente a algumas questões: O que é preciso para trabalhar em grupo? Como contribuir para a elaboração de uma tarefa em grupo? Para tentar respondê-las, propôs a prática dos grupos operativos, instituída, inicialmente, no horizonte do seu trabalho como professor e educador; Psicologia Social - Serviço Social Tendo como ponto de partida uma definição mínima do que é um grupo social, ou seja, conjunto de pessoas com um objetivo comum que procura trabalhar em equipe, o grupo operativo pode ser, assim, compreendido como um treinamento para trabalhar como equipe, incluída, aqui, a retificação das posições estereotipadas que sustentam esse grupo; Uma ideia importante para a compreensão do trabalho grupal é o Esquema Conceitual, Referencial e Operativo (ECRO) grupal. Os participantes do grupo trazem para o encontro um esquema, uma série de saberes, de conhecimentos e entendimentos do mundo que, no grupo, irão se atualizar, confrontando os esquemas uns dos outros. Psicologia Social - Serviço Social Psicologia Social e mudança: Grupos e transformação social: O enfrentamento de questões típicas dos indivíduos envolvidos em grupos e instituições sociais tem sido alvo constante da Psicologia, encampando as áreas como o trabalho, a educação, a saúde e a assistência social; Experiências de ação com grupos sociais, indicam que as ações que promovem mudanças se dão tanto nos espaços macro, do formato e da organização do grupo, quanto nos micro, da dinâmica dos relacionamentos e afetos nos grupos; Psicologia Social - Serviço Social A literatura sobre as ações com grupos sociais preconiza diferentes momentos; O primeiro deles diz respeito à caracterização, o que vai acontecer, de fato, durante todo o processo da intervenção; Consiste em localizar quais são os seus membros e os lugares por eles ocupados, o mapeamento das posições relativas empregadas pelos atores institucionais, a localização das forças de coesão e afastamento envolvidas nesses relacionamentos e a identificação das fantasias associadas a esses lugares; Tal reconhecimento implica conhecer e analisar a própria história do grupo como parte daquilo que determina a sua dinâmica de lugares e afetos. Psicologia Social - Serviço Social De acordo com Neiva (2010), as intervenções psicossociais como práticas de transformação e de pesquisa têm uma presença recente no âmbito da Psicologia, embora a preocupação com o bem-estar de indivíduos e grupos tenha estado sempre no horizonte dos interesses dos psicólogos. Características básicas das intervenções psicossociais: seu caráter científico, unindo a pesquisa à ação; preocupação em gerar mudança e desenvolvimento; foco em grupos, instituições e comunidades; ação sobre os problemas atuais da sociedade e as necessidades psicossociais de grupos, instituições e/ou comunidades; intervenção focada; caráter predominantemente preventivo; levar em conta o contexto social e cultural; e incluir a diversidade do grupo, da instituição e/ou da comunidade. Psicologia Social - Serviço Social De acordo com Ciampa (1983), a ideia de identidade diz respeito a certa existência que caracteriza cada um de nós e refere-se, também, a um lugar social pela nossa vinculação a um determinado grupo. Assim, podemos afirmar que a identidade: a) É uma invenção social. b) Surge das expectativas do sujeito. c) Corresponde a uma construção social e histórica. d) Nasce da convivência da pessoa com o seu grupo. e) Parte do imaginário do grupo familiar. Interatividade De acordo com Ciampa (1983), a ideia de identidade diz respeito a certa existência que caracteriza cada um de nós e refere-se,também, a um lugar social pela nossa vinculação a um determinado grupo. Assim, podemos afirmar que a identidade: a) É uma invenção social. b) Surge das expectativas do sujeito. c) Corresponde a uma construção social e histórica. d) Nasce da convivência da pessoa com o seu grupo. e) Parte do imaginário do grupo familiar. Resposta A identidade corresponde a uma construção social e é, portanto, histórica. Forjada nas relações entre os indivíduos e os grupos, dependente dos outros, ela se faz e se refaz nestas relações. Justificativa A comunidade: Associada à vida comum e solidária, a comunidade está em oposição à vida típica do mundo globalizado, individualista e competitiva, entendimento que guarda um saudosismo de volta às origens; Em contrapartida, deve-se considerar que, na história deste entendimento, a ideia de comunidade também foi combatida quando, desde o iluminismo, a comunidade e a tradição foram tomadas como inimigas das mudanças sociais e do progresso; Tais utopias comunitárias seriam reativas ao individualismo e à modernidade; Psicologia Social - Serviço Social Em meados do século XX, especialmente na Psicologia, o termo “comunidade” foi associado, com grande ênfase, a um modelo de intervenção social de origem americana, cujo mote era a melhoria das condições de vida por meio da “modernização” cultural e econômica; A fragilidade deste entendimento estava tanto na sua definição espacial – comunidade associada a bairros pobres e proletários – quanto na ideia de normatização, como forma de integração; Guareschi (1996) afirma que é preciso buscar a presença da comunidade nos grupos. A comunidade não é uma decorrência necessária do fenômeno grupal; nem sempre havendo grupo, há a comunidade. Psicologia Social - Serviço Social Psicologia Social Comunitária: Histórico da Psicologia Social Comunitária: De acordo com Sawaia (1999), a Psicologia Comunitária é a ciência que tem por objeto a exclusão, numa perspectiva que nega a neutralidade científica e que pretende não apenas interpretar o mundo teoricamente, mas transformá-lo; Os primeiros trabalhos que lidaram com as práticas comunitárias no Brasil foram realizados no meio rural, e seus propositores eram, em sua maioria, cientistas sociais preocupados com a organização de grupos que pudessem gestar as práticas assistenciais, especialmente na educação (LANE, 2002); Psicologia Social - Serviço Social Em março de 1964, instaura-se o regime militar no país, que contribui para um recrudescimento dessas condições, assim como para a instalação de um regime de terror na sociedade; O Brasil é obrigado a conviver com um sistema de governo que põe fim a vários direitos civis, enquanto as contradições existentes na realidade social vão criando situações concretas na vida das pessoas, sobre as quais vários profissionais passam a atuar (IGLESIAS apud FREITAS, 2002, p. 58-59); De acordo com Lane (2002), a Psicologia Comunitária, no Brasil, é uma prática que se iniciou por volta da década de 1960, a partir de uma aproximação dos profissionais e das populações carentes; Psicologia Social - Serviço Social A Psicologia Social Comunitária precisa ser pensada, segundo Lane (2002), como uma prática inserida na conjuntura econômico-política da América Latina e do Brasil daquela época; Durante as décadas de 1960 e 1970, o país, particularmente, passou por um momento político bastante conturbado, no qual, sob o domínio dos militares, a violência e a repressão eram praticadas de forma institucionalizada, “quando uma reunião de cinco pessoas já era considerada subversão” (LANE, 2002, p. 17). Psicologia Social - Serviço Social O papel da formação profissional para a ação comunitária: O contexto histórico pode ser caracterizado, ao longo da década de 1960, por confrontos entre o Estado e as forças capitalistas, de um lado, e a sociedade civil e as suas reivindicações em prol de suas necessidades básicas, de outro; As greves espalham-se por vários setores da produção e dos serviços, o desemprego atinge números assustadores, e a inflação e o custo de vida são insuportáveis para as classes trabalhadoras e para a população em geral; A profissão de psicólogo encontrava-se em seu processo de regulamentação e a sua atuação na sociedade vinha crescendo em diversos segmentos do mercado de trabalho. Psicologia Social - Serviço Social As práticas da Psicologia em comunidades: Os primeiros trabalhos chamados de comunitários foram realizados por cientistas sociais em comunidades da zona rural, por volta da década de 1940, na América Latina; Foram criados, na época, os chamados “centros sociais”, precursores dos centros comunitários atuais, mas que duravam pouco tempo e: “[...] contavam com o apoio da Igreja Católica, de assistentes sociais e órgãos governamentais, criando equipes itinerantes interdisciplinares (médicos, agrônomos, assistentes sociais e outros) que procuravam organizar grupos locais que dessem continuidade aos trabalhos propostos – basicamente educativos” (LANE, 2002, p. 26). Psicologia Social - Serviço Social Os fundamentos da Psicologia Social Comunitária: A Psicologia Comunitária dedica-se a estudar e a compreender o cenário das questões psicossociais que caracterizam uma comunidade, assim como intervir nele. Salienta-se por sua praticidade, e pela diversidade das opções teóricas e das intencionalidades que estruturam os seus fazeres (SCARPARO; GUARESCHI, 2007). A Psicologia Social Comunitária e o Serviço Social no mundo globalizado: As mudanças de ordem global têm consequências muito importantes também no âmbito cultural, porque são capazes de promover transformações intensas na vivência mais direta das pessoas; Psicologia Social - Serviço Social É fundamental que o AS conheça com maior profundidade os trabalhos da Psicologia Comunitária, como forma de auxiliar na diluição dos preconceitos e das fantasias do senso comum, acerca do trabalho do psicólogo e dos métodos que utiliza em sua prática, para que, a partir disso, possa aproveitar e assimilar contribuições que ele é capaz de oferecer. Psicologia nas políticas públicas de saúde e desenvolvimento social: Psicologia e políticas públicas; A questão social, é tratada por meio de políticas sociais setorizadas (saúde, educação, desenvolvimento social, segurança etc.) que procuram tratar das suas sequelas, cenário no qual virão atuar as profissões do setor de... (cont.) Psicologia Social - Serviço Social ... bem-estar, como a Psicologia, para lidar com a importância e os limites dessa atuação; É preciso elaborar políticas públicas que levem em conta a historicidade das experiências subjetivas e que não podem ser construídas para sujeitos universais – ou únicos –, sob o perigo de, estas, contribuírem para a manutenção da desigualdade. Subjetividade e práticas de prevenção em saúde coletiva: As ações de saúde desenvolvidas sob o espírito pioneiro e transformador do SUS, presentes nos programas de atenção à saúde, como o Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Paism) ou na Estratégia Saúde da Família (ESF), ... (cont.) Psicologia Social - Serviço Social ... são exemplos de como o profissional de Psicologia pode ser solicitado a sair de seu invólucro teórico-técnico. A contribuição da Psicologia para as ações no Sistema Cras/Suas: O objetivo das políticas públicas, compreendido como ir ao encontro do sujeito e acompanhar o fundamental, quando se fala das políticas públicas de assistência e desenvolvimento social; A participação dos psicólogos nas políticas públicas, indicados como os profissionais que atuariam com os AS, reflete o reconhecimento das contribuições técnicas e políticas que esses profissionais poderiam trazer para a associação na consolidação da PNAS. Psicologia Social - Serviço Social Formação profissional do psicólogo social: O lugar e a contribuição da Psicologia para as políticas públicas e a questão social devem ser considerados a partir, tanto da sua inserção profissional quanto da produção de conhecimento – e das escolhas envolvidas nessa produção; A formação de profissionais é um elemento central desse embate, ensejando a discussão sobre a partir de quais referenciais os futuros profissionais devem ser capacitados e inseridos, isso tanto na Psicologia quanto nas outras carreiras que fazem interface com as políticas de bem-estar – na saúde, na educação e na assistência social. Psicologia Social - Serviço Social Os primeiros trabalhos que lidaram com as práticas comunitárias no Brasil foram realizados: a) Nas grandes cidades. b) No meio rural. c) Nas escolas públicas. d) Nas cidades de pequeno porte. e) Nos centros universitários. Interatividade Os primeiros trabalhos que lidaram com as práticas comunitárias no Brasil foram realizados: a) Nas grandes cidades. b) No meio rural. c) Nas escolas públicas. d) Nas cidades de pequeno porte. e) Nos centros universitários. Resposta Foi no meio rural que os primeiros trabalhos comunitários foram realizados, que contavam com o apoio da Igreja Católica, dando início, na década de 1940, aos centros comunitários. Justificativa CIAMPA, A. C. A estória do Severino, a história da Severina: um ensaio de Psicologia Social. São Paulo: Brasiliense, 1983. DURKHEIM, E. As formas elementares de vida religiosa. São Paulo: Paulinas, 1989. FARR, R. As raízes da Psicologia Social moderna. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 2006. FREITAS, M. F. Q. Psicologia na comunidade, Psicologia da Comunidade e Psicologia (Social) Comunitária: práticas da Psicologia em comunidade nas décadas de 60 a 90, no Brasil. In: CAMPOS, R. H. F. (Org.). Psicologia Social Comunitária: da solidariedade à autonomia. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 2002. Referências GUARESCHI, P. A. Relações comunitárias – relações de dominação. In: CAMPOS, R. H. F. Psicologia Social Comunitária: da solidariedade à autonomia. Petrópolis: Vozes, 1996. p. 81-99. GUATTARI, F. Psicanálise e transversalidade. São Paulo: Ideias e Letras, 2005. HARRÉ, R. Some Reflections on the Concept of Social Representation. Social Research, v. 5, n. 4, p. 927-938, 1984. LANCETTI, A. Para uma reformulação da experiência grupal. In: BAREMBLITT, G. Grupo: teoria e técnica. Rio de Janeiro: Graal, 1994. p. 83-88. Referências LANE, S. T. M. O processo grupal. In: LANE, S. T. M.; CODO, W. (Org.). Psicologia Social: o homem em movimento. 13. ed. São Paulo: Brasiliense, 2006, p. 32-39. LANE, S. T. M. Histórico e fundamentos da Psicologia Comunitária no Brasil. In: LANE, S. T. M. (Org.). Psicologia Social Comunitária: da solidariedade à autonomia. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 2002. p. 17-34. MOSCOVICI, S. A representação social da Psicanálise. 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