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Distribuição de Renda
Núcleo de Educação a Distância 
www.unigranrio.com.br
Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 
25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ
Reitor
Arody Cordeiro Herdy
Pró-Reitor de Administração Acadêmica
Carlos de Oliveira Varella
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação
Emilio Antonio Francischetti
Produção: Fábrica de Soluções Unigranrio Desenvolvimento do material: Anderson Sampaio Ferreira
Copyright © 2018, Unigranrio
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, 
mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio.
Pró-Reitora de Ensino de Graduação
Virginia Genelhu de Abreu Francischetti
Pró-Reitora de Pós-Graduação Lato Sensu e Extensão
Nara Pires
Sumário
Distribuição de Renda
Objetivo ........................................................................................... 04
Introdução ........................................................................................ 05
1. Distribuição de Renda ........................................................... 06
1.1 Grau de Progressividade ...................................................... 06
1.2 Despesas Públicas ................................................................ 08
2. Federalismo Fiscal ............................................................... 10
2.1 Características ..................................................................... 12
2.2 Problemas do Federalismo Fiscal ........................................... 15
Síntese ........................................................................................... 16
Referências ....................................................................................... 17
Objetivo
Definir os conceitos sobre distribuição de renda e federalismo fiscal.
4 Finanças Públicas
Introdução
Qual é a sua importância e como o governo atua combatendo a 
desigualdade social? Como a tributação e o orçamento fiscal são divididos 
entre os entes da federação (governo, estados e municípios) e quais são suas 
consequências?
Iniciaremos esta unidade abordando o papel do estado na distribuição 
de renda. Veremos que, tanto a forma como ele tributa (seja a renda ou o 
consumo) quanto a forma como ele emprega seus recursos podem influenciar 
a distribuição de renda do país. Em seguida, veremos como funciona o tão 
questionado federalismo fiscal, que é subproduto do federalismo brasileiro, de 
onde veio o poder sobre descentralização, com a elaboração da Constituição 
de 1988; o federalismo fiscal emprega a mesma lógica para o campo fiscal. 
Veremos tanto as suas características como os problemas causados por ele.
5Finanças Públicas
1. Distribuição de Renda
Apesar da discussão que envolve a influência do Estado sobre o fato de 
a distribuição de renda geralmente girar em torno da esfera tributária, muito 
pode ser extraído a partir da forma como ele gasta o dinheiro arrecadado. E 
o Programa Bolsa Família é um dos melhores exemplos existentes sobre a 
importância dos gastos governamentais na distribuição de renda do país.
Países em desenvolvimento, muitas vezes, possuem forte participação 
da tributação indireta no financiamento das contas públicas. Entretanto, 
muitas vezes, cria-se um problema, pois esta forma de tributação acaba 
incidindo mais sobre as classes sociais mais pobres – a chamada carga tributária 
regressiva. Por outro lado, isso poderia ser corrigido beneficiando mais estas 
classes na aplicação dos gastos governamentais. De forma semelhante, uma 
tributação progressiva (que afeta mais as classes ricas) também pode ter seus 
efeitos compensados por uma política fiscal que as beneficie mais.
É necessário analisar se o foco dos gastos orçamentários será combater fatores ligados às 
causas da pobreza ou os problemas que são consequência dela.
1.1 Grau de Progressividade 
A forma de tributação sobre o consumo pode ser o fator importante na 
forma como os impostos vão incidir. A premissa inicial deste raciocínio parte 
do pressuposto que o ônus dos tributos, que incidem sobre mercadorias e 
serviços, acaba muito frequentemente incidindo sobre os consumidores, o que 
impediria, por exemplo, o governo aumentar os impostos para as empresas e 
poupar a população. Isto ocorre porque os empresários acabam aumentando 
os preços das suas mercadorias, a fim de repassar o imposto que eles teriam 
de pagar. 
As classes sociais possuem diferentes padrões de consumo. Classes de renda 
mais baixa gastam um percentual maior da sua renda com produtos essenciais e 
aqueles que possuem maior renda vão gastar mais com produtos supérfluos. 
Importante
6 Finanças Públicas
Logo, quanto maior a participação dos impostos que incidem sobre os 
produtos que as classes mais pobres consomem, maior será a regressividade 
dos impostos, ou seja, maior será o ônus dos impostos que recai sobre as 
classes de menor renda. O contrário (progressividade da carga tributária) 
ocorreria se o peso dos tributos arrecadados sobre os produtos que as classes 
mais ricas consomem fosse maior no valor total arrecadado pelo governo.
Caso a alíquota de imposto seja igual sobre todos os produtos, teremos 
um caso de regressividade, visto que as classes mais humildes gastam um 
percentual maior de suas rendas com o consumo. 
Tomemos como exemplo um país cuja carga tributária é de 10% sobre 
qualquer produto. Uma família que tenha renda de R$1.000,00 e que tenha 
um gasto de R$900,00, vai ter uma carga tributária de 9% sobre a sua renda, 
já que gastou 90 por conta dos impostos (90/1.000). 
Já uma família de classe alta, com renda mensal de R$5.000,00, mas 
que gasta, mensalmente, R$2.000,00, vai ter pago R$200,00 com impostos e 
sua carga tributária será de 4% (200/5.000).
Visto que a carga tributária das classes com renda mais baixa (9%) foi 
superior à carga das classes altas (4%), podemos afirmar que os impostos são 
regressivos, pois incidem de forma mais pesada sobre a renda as classes mais 
pobres. Uma forma de contornar essa situação é diferenciar as cargas tributárias 
de acordo com o grau de essencialidade do produto ou do serviço. Entretanto, 
conforme pontua Silva (2001), existem duas dificuldades em colocar isso em 
prática: a primeira seria a redução da fonte de receita do governo, já que 
a parcela proveniente dos bens mais essenciais é bem significativa, afinal, 
possui maior consumo numa sociedade; a outra questão é que as regiões que 
possuem maior desenvolvimento são as que possuem maior consumo dos 
bens tidos como supérfluos. Como consequência, essas áreas seriam as mais 
afetadas com esse tipo de tributação e o seu desenvolvimento econômico 
ficaria prejudicado por conta disso. 
Ainda segundo Silva (2001), essa lógica também se aplica na tributação 
incidente sobre o faturamento ou lucro das empresas. Entretanto, conforme 
já dito anteriormente, as empresas acabam repassando o aumento de impostos 
para o custo dos seus produtos ou serviços, a fim de manterem suas margens 
7Finanças Públicas
de lucro. Assim, quem acaba arcando passa a ser o consumidor, por conta 
da alta dos preços; já no caso dos impostos que incidem, a carga tributária 
funciona de acordo com a renda. Atualmente, no Brasil, a alíquota de imposto 
de renda segue uma tabela regressiva. São cinco categorias diferentes: isentos, 
7,5%, 15%, 22,5% e 27,5%.
Tabela Progressiva do Imposto de Renda - Mensal 
Base de cálculo mensal, em R$ Alíquota Parcela a deduzir do IR, em R$
Até 1903,98 isento isento
De 1903,99 até 2826,65 7,5% 142,80
De 2.826,66 até 3.751,05 15% 354,80
De 3.751,06 até 4.664,68 22,5% 636,13
Acima de 4664,68 27,5% 869,36
Tabela 1: Tabela progressiva do Imposto de Renda mensal. Fonte: Receita Federal.
Entretanto, as isenções fiscais (como a de dividendos), incentivos 
fiscais e abatimentos oferecidos pelos governos acabam anulando parte dos 
efeitos da progressividade fiscal na renda.
Entenda o cálculodo IR e veja as alíquotas da tabela em vigor e 
exemplos de valores a serem pagos ou restituídos de acordo com a 
faixa salarial, por meio da leitura indicada. 
1.2 Despesas Públicas
Entre as funções do governo, está a redução da desigualdade social. 
Além de medidas referentes à tributação, o governo também pode atuar 
contra a desigualdade ao aplicar os seus recursos. O governo pode optar por 
transferir a renda diretamente aos necessitados ou lhes fornecer os bens e 
serviços que eles precisam, como o bolsa família. 
Saiba Mais
Leia mais
8 Finanças Públicas
https://g1.globo.com/economia/imposto-de-renda/2018/noticia/imposto-de-renda-2018-entenda-como-e-calculado-o-valor-devido-e-formula-da-restituicao.ghtml
No primeiro caso, são estabelecidos critérios para definir aqueles que 
irão receber os benefícios de acordo, geralmente, com a classe de renda. No caso 
do Bolsa Família, o alvo são famílias que se encontram em situação de pobreza 
ou pobreza extrema. São consideradas famílias extremamente pobres aquelas 
cuja renda mensal é de até R$ 89,00 por pessoa. Já para ser considerada como 
família pobre, a renda mensal deve estar situada entre R$ 89,01 e R$ 178,00 por 
pessoa. Neste caso, para participar do programa, é necessário que seja composta 
por alguma gestante, criança ou adolescente até a idade de 17 anos.
O valor do benefício básico concedido às famílias em situação de 
pobreza extrema é de R$ 89,00. Os valores dependem da composição da 
família, se existem gestantes, nutrizes (mães que estão amamentando), 
crianças ou adolescentes de até 15 anos. O valor máximo que se pode receber, 
nesse caso, é de R$ 205,00. Existem também outros adicionais referentes às 
gestantes, jovens entre 16 e 17 anos, nutrizes e extrema pobreza. Nesses casos, 
o benefício máximo pode chegar até R$ 372,00 por mês.
Em agosto, o palácio do planalto abriu uma licitação para contratar 
serviços de jardinagem, cuja previsão de gasto é de R$ 6 milhões de reais. 
Com esse dinheiro, é possível pagar um mês de bolsa família para quase 30.000 
famílias que recebem R$ 205,00 ou, aproximadamente, 120.000 pessoas. 
Já a opção de fornecer diretamente os bens e serviços à população de 
baixa renda apresenta mais dificuldade para quantificar e segregar os benefícios 
gerados. A mensuração dos benefícios gerados pelos bens públicos também 
pode encontrar dificuldades por conta das suas características. Isto se deve ao 
fato de que certos serviços não podem ter seus benefícios quantificados por 
pessoa. Como exemplos, podemos citar os programas governamentais para 
redução da poluição ou até mesmo os gastos com defesa nacional.
Não é possível quantificar quanto alguma pessoa obteve de benefício vindo da manutenção 
da defesa nacional, já que toda a sociedade se beneficia por ela; o mesmo se aplica a 
diversos outros bens e serviços. Existem também os casos em que o Estado fornece bens e 
serviços de natureza privada, como os Correios, a Petrobras e o Banco do Brasil. Estas três 
empresas atuam em mercados em que é possível efetuar a exclusão do consumo e atuam, 
como no caso do Banco do Brasil, em concorrência com os outros participantes do mercado.
Importante
9Finanças Públicas
De acordo com Silva (2001), o lucro dessas empresas poderia ser 
entendido como um imposto e o prejuízo como um imposto negativo. 
Tivemos a oportunidade de observar esse acontecimento nos últimos anos 
na Petrobras.
Visto que a produção da empresa não consegue suprir toda a demanda 
interna, a Petrobras precisa importar petróleo e derivados para atender essa 
demanda. Como é de conhecimento, os preços do petróleo no mercado 
internacional flutuam bastante e a forma como a empresa repassa essas 
flutuações para o consumidor irá se refletir no seu balanço. Com a alta do 
petróleo no exterior, além das pressões inflacionárias internas, a empresa foi 
impedida de repassar a alta do petróleo que comprava no exterior ao preço 
que pratica no mercado interno, obtendo assim prejuízos em seus balanços. 
Com as mudanças ocorridas na direção da empresa este ano, a 
política de reajustes da empresa passou a repassar com frequência maior os 
preços praticados no exterior. Com isso, gerou-se instabilidade nos preços 
dos combustíveis, que passaram a flutuar de acordo com o mercado. Então, 
os balanços da empresa tenderam a melhorar, mas acabou desencadeando 
a tão falada greve dos caminhoneiros, que ocorreu em maio de 2018, por 
conta dos aumentos constantes nos preços do diesel. Quanto menos a 
empresa repassar as altas do petróleo aos seus preços, menor será o impacto 
na inflação e no bolso do cidadão, entretanto, a companhia tenderá a ter 
prejuízo nos seus balanços.
Leia o livro indicado, que apresenta o balanço de 10 anos de existência 
do programa Bolsa Família. 
 
2. Federalismo Fiscal
Segundo a Constituição de Federal de 1988, a República Federativa do 
Brasil é formada pela união dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, 
Saiba Mais
Leia mais
10 Finanças Públicas
http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/bolsa_familia/Livros/Bolsa10anos.pdf
conforme diz seu artigo 1°: “A República Federativa do Brasil, formada pela 
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-
se em Estado Democrático de Direito (...)”.
O modelo federalista do Estado Brasileiro distribui o poder entre os 
entes da federação, garantindo-lhes certa autonomia, com Estados, Municípios 
e União possuindo Poder Legislativo, Poder Executivo e Poder Judiciário 
(exceto municípios) executando suas atribuições que são estabelecidas na 
Carta Magna. Assim, essa forma de Estado promove a descentralização do 
poder, tendo seus entes da federação a prerrogativa de se auto-organizar e 
normatizar, autogovernar e autoadministrar, mas com certos limites.
Outra característica marcante é que, apesar de o governo federal 
possuir a exclusividade no exercício de certas funções (segurança nacional, 
por exemplo), não existe hierarquia em relação aos poderes Estaduais 
ou Municipais.
Ainda segundo a Constituição, no que diz respeito ao nosso federalismo, 
a sua união é indissolúvel, o que significa dizer que nenhuma das partes 
poderá romper o pacto federativo. Uma das cláusulas pétreas que constam na 
Constituição é a impossibilidade de dissolução da federação. Assim, tentativas 
de separação que ponham em risco a unidade da federação podem sofrer 
intervenção do governo federal, com o propósito da manutenção do federalismo.
Os princípios federativos também se aplicam a termos tributários, e a 
Constituição também estabelece os tipos de tributos e as competências que 
cada um possui em termos tributários. Sobre esse assunto, ela possui um 
capítulo com seis seções, estabelecendo as regras tributárias que devem ser 
seguidas por todas as partes, o que envolve receitas próprias de cada ente da 
federação e transferências, sendo obrigados a fazerem uns com os outros; são 
ainda estabelecidas isenções tributárias como as aplicadas a templos religiosos, 
partidos políticos e jornal.
Podemos concluir, então, que o federalismo fiscal é um subproduto 
do princípio do Federalismo, ao particionar entre Governo, Estados e 
Municípios, as competências de cada um no que se refere à tributação, assim 
como também está estabelecida na Constituição essa repartição do poder 
referente a outras matérias. Esse compartilhamento de poder estabelecido 
na Constituição foi fruto de um movimento que há muito tempo já existia, 
mas que ganhou força no período de transição da ditadura para a democracia, 
moldando a elaboração da nossa Carta Magna.
11Finanças Públicas
É preciso entender o momento político que o país se encontrava naquele 
momento. A ditadura militar instaurada em 1964 tinha aproximadamente 
20 anos e o país encontrava-se em dificuldades. Os estados e municípios 
alcançaram autonomia política em 1982, e em 1985, ocorreram as eleições 
indiretas que elegeram Tancredo Neves como presidente e José Sarney seu 
vice. Em 1986, ocorreram as eleiçõesque escolheram os parlamentares 
que elaboraram a nova Constituição. Entretanto, essa descentralização das 
responsabilidades culminou em desequilíbrios que ainda necessitam de 
ser equacionados. Podemos citar também a má utilização da autonomia 
financeira de Estados e Municípios. Eles acabaram gerindo suas contas de 
forma irresponsável, ficando, por fim, endividados.
2.1 Características
De acordo com Silva (2001), as duas características marcantes 
do federalismo fiscal brasileiro são as disparidades regionais e a forte 
tradição municipalista. 
No meio destes dois lados opostos, encontra-se o governo federal, 
que busca reduzir as disparidades no desenvolvimento das diferentes regiões. 
Nesse sentido, a maneira como tributa e como emprega seus recursos 
pode ser utilizada para alcançar essa finalidade. As fortes disparidades de 
desenvolvimento das regiões levam a posições divergentes entre elas mesmas. 
De um lado, as regiões mais desenvolvidas economicamente clamam por mais 
autonomia em termos tributários; já os Estados menos desenvolvidos desejam 
sempre mais recursos vindos do poder central.
Podemos citar como exemplo dessas posições divergentes o movimento 
de viés separatista “O Sul é o Meu País”, que busca viabilizar a emancipação 
do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, em termos políticos e 
administrativos. Na página do movimento, entre os fatores de motivação, 
estão a insatisfação com a maneira como os recursos federais são distribuídos 
entre os Estados:
A abominável sangria tributária da região Sul, sempre submetida 
à má distribuição do bolo tributário, que privilegia regiões, 
discriminando outras, bem como a má distribuição do nosso esforço 
12 Finanças Públicas
tributário que apenas contempla o fortalecimento das oligarquias 
políticas clientelistas do Norte e Nordeste, em prejuízo das 
próprias populações daquelas regiões. A permanente discriminação 
orçamentária, que relega a Região Sul à quase inexistência de 
investimentos federais. (SUL LIVRE, 2018, n.p)
A outra característica marcante é a forte tradição municipalista, 
que é fruto do poder que é garantido pela Constituição e lhes coloca de 
forma igual aos Estados, no que se refere a direitos e deveres, o que lhes 
garante competências em cobranças tributárias e transferências federais de 
caráter compensatório. Não só as fontes de receita foram incrementadas, mas 
também as responsabilidades, e com isso, foram ampliadas as despesas, como 
por exemplo, os programas sociais.
A complexidade dos tributos e a sua repartição entre os entes da 
Federação geram dificuldades e desequilíbrios, que, somados ao desequilíbrio 
da representação dos Estados no Congresso, dificultam a votação e adoção de 
propostas que visam o equacionamento de diversos problemas. No Quadro 1, 
temos os tipos de impostos que são cobrados.
 Competências Tributárias Transferências intergovernamentais e partilhas de receitas
 1967 1988 1967 1988
UNIÃO
Renda - IR
Produção Industrial - IPI
Combustíveis e Lubrificantes
Energia elétrica
Transporte e 
Telecomunicações
Minerais - IVM
Operações Finaceiras
Importação
Exportação
Propriedade Rural - ITR
Renda
Produção Industrial
- 
-
 -
 -
Operações Finaceiras
Importação
Exportação
Propriedade Rural 
Grandes Fortunas
Lucro (Contribuição 
Social)
Faturamento 
(Contribuição Social)
Fundo de participação dos 
Estados (10% do IR+IPI)
Fundo de participação 
dos Municípios (10% do 
IR+IPI)
40% do IUCI, 60% do 
IUEE e 90% do IUM, 
transferido a Estados, 
Distrito Federal e 
Municípios
Receita do ITR atribuída 
aos Municípios
Fundo de participação dos 
Estados (21,5% do IR+IPI)
Fundo de participação dos 
Municípios (22,5% do IR+IPI)
Fundo de ressarcimento das 
exportações (10% do IPI)*
50% da receita do ITR 
atribuída aos Municípios
Fundos de Desenvolvimento 
Regional (No, Ne e C.O.), 3% 
da Receita do IR+IPI
13Finanças Públicas
ESTADOS
Circulação de mercadorias 
- ICM
Transmissão de propriedade 
imobiliária
Circulação de 
mercadorias e serviços 
- ICMS
Transmissão de 
propriedade imobiliária 
causa-mortis
Propriedade de 
Veículos - IPVA
Adicional do IR Federal
20% do ICM atribuído aos 
Municípios
50% do IPVA atribuído 
aos Municípios
25% do ICMS atribuído aos 
Municípios
50% do IPVA atribuído aos 
Municípios
MUNICÍPIOS
Prestação de serviços
Propriedade Imobiliária 
Urbana
Prestação de serviços
Propriedade Imobiliária 
Urbana
Transmissão de 
Propriedade Imobiliária 
inter-vivos
*Compensação pela imunidade tributária à exportação de manufaturados.
Quadro 1: Federalismo fiscal no Brasil: 1967 e 1988. Fonte: Constituições Federais de 1967 e 1988
Entre os entraves à reforma tributária, também podemos citar a falta de 
entendimento em questões que giram em torno da redução das desigualdades 
regionais, da autonomia financeira dos estados e municípios e dos papéis 
dos entes federativos quanto aos programas sociais. Se, por um lado, a 
descentralização favorece que as diferenças regionais reflitam, por exemplo, 
em suas leis penais, por outro lado, ela pode acabar gerando dificuldades. 
Para a ilustração desse raciocínio, podemos imaginar que determinada ação 
pode ser considerada crime em determinado estado, mas não ser encarada da 
mesma maneira em outro estado.
A descentralização garantiria que as leis se adaptassem à cultura e 
costumes locais, entretanto, ela gera maior complexidade sobre esse assunto 
em termos nacionais. Assuntos como distribuição e renda e emissão de moeda, 
caso fossem descentralizados, poderiam trazer grandes desequilíbrios, se 
obedecessem a lógica da descentralização. Já a centralização, além de favorecer 
o entendimento legal a nível nacional, visto que faz com que todos tenham 
o mesmo entendimento, também faz com que o entendimento legal seja o 
mesmo para estados desenvolvidos e os menos desenvolvidos, forçando assim 
o seu desenvolvimento. Entretanto, se olharmos para matérias como licitações 
14 Finanças Públicas
e contratos, veremos que tais características são as mesmas tanto para a União 
quanto para os municípios.
É razoável supor que, não necessariamente, as mesmas regras que se 
aplicam a um município como o Rio de Janeiro devam ser as mesmas para 
municípios menores como Teixeira de Freitas, na Bahia.
2.2 Problemas do Federalismo Fiscal
União, estados e municípios se queixam da atual configuração do 
federalismo fiscal. Na visão dos municípios, sobram encargos em relação às 
poucas receitas para atendê-los e a maior fatia ficaria com estados e a União. 
Apesar de terem suas próprias fontes de tributos, elas correspondem a apenas 
6% do total de receitas. Os estados se queixam da forma como as receitas 
privilegiam os mais pobres em detrimento dos mais ricos. Já a União necessita 
fazer frente à indisciplina fiscal dos demais com maior controle orçamentário.
Existem conflitos verticais em que União, Estados e Municípios 
disputam entre si recursos e responsabilidades. E há também os conflitos 
horizontais, em que os estados disputam com outros estados e municípios 
disputam entre si. Tais disputas, muitas vezes, se traduzem em guerras fiscais 
para atrair investimentos privados; no meio do fogo cruzado, encontram-se 
os contribuintes. Se, em 1988, ano em que nossa Constituição foi celebrada, 
buscou-se atender ao clamor que era por descentralização e que gerou a atual 
complexidade e variedade de tributos, nos dias atuais, o clamor é por redução 
e simplificação de impostos. Muito se fala da responsabilidade do peso e 
complexidade dos diversos impostos existentes e na dificuldade de crescimento 
econômico do país, que por sua vez, diminui a arrecadação de impostos.
15Finanças Públicas
Síntese 
Iniciamos esta unidade falando do papel do governo na desigualdade 
de renda do país. Abordamos tanto a forma como é feita a tributação da renda 
e do consumo e como isso afeta a distribuição de renda. Em seguida, vimos o 
impacto que a forma como o governo gasta seu orçamento pode influenciar adistribuição de renda do país.
Posteriormente, vimos os mecanismos de funcionamento do tão 
falado federalismo fiscal, e aprendemos que ele é consequência do federalismo 
brasileiro, que tem por objetivo a descentralização do poder, sendo fortemente 
influenciado pelo momento político em que se encontrava o país na 
elaboração da Constituição de 1988. Por fim, vimos que o federalismo fiscal 
emprega a mesma lógica para o campo fiscal para promover a descentralização 
das receitas. 
16 Finanças Públicas
Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/
Constituicao.htm>. Acesso em: 08 out. 2018.
______. Constituição da República Federativa do Brasil de 1967. Disponível 
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao67.
htm>. Acesso em: 08 out. 2018.
______. Receita Federal. Ministério da Fazenda. Disponível em: <http://
idg.receita.fazenda.gov.br/>. Acesso em: 08 out. 2018.
G1. Imposto de Renda 2018: entenda como é calculado o valor devido e 
fórmula da restituição. Disponível em:
<https://g1.globo.com/economia/imposto-de-renda/2018/noticia/imposto-
de-renda-2018-entenda-como-e-calculado-o-valor-devido-e-formula-da-
restituicao.ghtml>. Acesso em: 08 out. 2018.
IPEA. Programa Bolsa Família: Uma década de inclusão e cidadania. 2013. 
Disponível em: <http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/bolsa_
familia/Livros/Bolsa10anos.pdf>. Acesso em: 08 out. 2018.
SILVA, Fernando Antonio da. Finanças Públicas. 2 ed. São Paulo: Atlas, 
2001. [Minha Biblioteca].
SUL LIVRE. O sul é meu país. Disponível em: <https://www.sullivre.org/
carta-de-principios/#>. Acesso em: 08 out. 2018.
17Finanças Públicas
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao67.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao67.htm
http://idg.receita.fazenda.gov.br/
http://idg.receita.fazenda.gov.br/
https://g1.globo.com/economia/imposto-de-renda/2018/noticia/imposto-de-renda-2018-entenda-como-e-calculado-o-valor-devido-e-formula-da-restituicao.ghtml
https://g1.globo.com/economia/imposto-de-renda/2018/noticia/imposto-de-renda-2018-entenda-como-e-calculado-o-valor-devido-e-formula-da-restituicao.ghtml
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http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/bolsa_familia/Livros/Bolsa10anos.pdf
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	Título da Unidade
	Objetivos
	Introdução
	1.	Arquitetura no Brasil
	Fundamentos da Teoria do Estado
	Objetivos
	Introdução
	1.	Fundamentos da Teoria do Estado
	1.1	O Peso do Estado
	1.2	Os Serviços Públicos 
	1.3	Concessão Pública
	1.4	Permissão Pública
	1.5	Prestação de Serviço Mista
	2.	Atribuições Econômicas do Estado
	2.1	Função Alocativa
	2.2	Função Distributiva
	2.3	Função Estabilizadora
	Síntese
	Referências
	Estrutura Conceitual para Elaboração 
e Divulgação de Informação Contábil 
de Propósito Geral pelas Entidades do Setor Público
	Objetivos
	Introdução
	1. 	Classificação das Despesas Públicas
	1.1	Classificação Institucional
	1.2 	Classificação Funcional
	1.3 	Classificação por Programas
	1.4 	Classificação Segundo a Natureza
	Síntese
	Referências 
	_44sinio
	Estrutura Funcional 
das Despesas Federais
	Objetivos
	Introdução
	1. 	A Estrutura das Despesas Federais: Classificação de Despesas Segundo a Norma Federal
	2. Contratos Administrativos
	3. 	Concessão de Serviço Público
	Síntese 
	Referências 
	Natureza dos Bens Públicos
	Objetivos
	Introdução
	1. 	Natureza dos Bens Públicos
	2. 	Bens Semipúblicos
	3. 	Externalidades
	Síntese 
	Referências 
	Financiamento dos Gastos
	Objetivos
	Introdução
	1.	Conceitos e Estrutura das Receitas Públicas
	1.1	Estágios 
	2.	Receitas Orçamentárias
	2.1	Classificação por Natureza de Receita
	2.2	Classificação por Identificador de Resultado Primário
	2.3	Classificação por Fonte/Destinação de Recursos
	2.4	Classificação por Esfera Orçamentária
	3.	Principais Categorias de Tributo
	Síntese
	Referências 
	_gjdgxs
	_mbfcjna7gcs6
	Orçamento Público
	Objetivos
	Introdução
	1.	Princípios Orçamentários 
	1.1	Princípio da Unidade
	1.2	Princípio do Universalidade
	1.3	Princípio da Anualidade
	1.4	Princípio do Orçamento Bruto
	1.5	Princípio da não Afetação das Receitas
	1.6	Princípio da Discriminação ou Especialização
	1.7	Princípio da Exclusividade
	1.8	Princípio do Equilíbrio
	1.9	Princípio da Clareza
	1.10	Princípio da Publicidade
	1.11	Princípio da Exatidão
	2.	Conceitos e Classificação
	2.1	Planejamento Orçamentário
	3.	Processo Orçamentário no Brasil
	Síntese 
	Referências 
	_gjdgxs
	Princípios Teóricos de Tributação 
	Introdução
	1	Teoria da Tributação no Brasil
	1.1	Princípios Teóricos de Tributação
	2	Política Fiscal
	2.1	Efeitos da Política Fiscal na Economia
	3	Déficit e Dívida Pública
	3.1	Déficit Público
	3.2	Dívida Pública
	Síntese
	Referências
	Distribuição de Renda
	Objetivo
	Introdução
	1.	Distribuição de Renda
	1.1	Grau de Progressividade 
	1.2	Despesas Públicas
	2.	Federalismo Fiscal
	2.1	Características
	2.2	Problemas do Federalismo Fiscal
	Síntese 
	Referências

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