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3. METABOLISMO DOS AMINOÁCIDOS E PROTEÍNAS DE IMPORTÂNCIA CLÍNICA Os aminoácidos são unidades estruturais das proteínas, desempenhando funções importantes em diversos processos biológicos. Diversas condições patológicas levam ao aumento ou diminuição da tradução de diversas proteínas, bem como condições genéticas e/ou nutricionais podem levar a alteração da incorporação de aminoácidos nas proteínas, modificando sua síntese, secreção e metabolismo. Essas alterações podem ser analisadas laboratorialmente no contexto da bioquímica clínica, utilizando-se dos conhecimentos de fisiopatologia associados aos princípios das técnicas analíticas. 3.1 Estrutura e metabolismo dos aminoácidos Os aminoácidos são moléculas formadas por um carbono assimétrico, ligado a um grupo amina (-NH2), uma carboxila (-COOH), um hidrogênio e um radical variável, chamado cadeia lateral. Geralmente, a cadeia lateral é responsável pelas características físico-químicas secundárias de um aminoácido, como polaridade e hidrofilicidade, carga, pka, ponto isoelétrico, implicando assim em suas funções bioquímicas. Baseado em sua cadeia lateral, os aminoácidos são divididos em quatro grupos: apolares, polares sem carga, polares com carga positiva e polares com carga negativa. Os aminoácidos são substâncias opticamente ativas, ou seja, possuem estereoisômeros por possuírem, pelo menos, um carbono alfa, existindo as conformações D ou L, no entanto, as enzimas só são capazes de adicionar isômeros L às proteínas. Os aminoácidos exercem uma gama de atividades biológicas de interesse, como neurotransmissores (glutamato) e substratos para a produção endógena de hormônios (adrenalina e serotonina) e como tampões biológicos. Além disso, da variedade de aminoácidos existentes na natureza, 20 aminoácidos específicos (chamados aminoácidos proteicos) são utilizados pelas células para a produção de peptídeos e proteínas, que desempenham diversas funções nos organismos vivos. Em um indivíduo saudável, a principal fonte de aminoácidos são as proteínas da dieta, o corpo humano não é capaz de sintetizar de 8 a 10 dos 22 aminoácidos mais comuns, estes são chamados aminoácidos essenciais. Os aminoácidos adquiridos podem ser usados diretamente ou ainda para a produção de outros aminoácidos. No metabolismo dos aminoácidos, o fígado exerce um papel importante, uma vez que, além de utiliza-los para síntese de proteínas, também realiza a sua degradação por reações de desaminação e transaminação. A desaminação produz íon amônio, o qual é convertido em uréia e é eliminado pelos rins. Nos rins, os aminoácidos podem ser filtrados pelos capilares glomerulares, sofrendo reabsorção tubular. Algumas condições provocam alterações na concentração endógena de aminoácidos, como distúrbios nutricionais e distúrbios metabólicos genéticos ou adquiridos, dentre as causas de hipoaminoacidemia destacam-se a desnutrição e as perdas provocadas pela lesão renal tubular proximal. Níveis aumentados de aminoácidos estão associados a distúrbios genéticos e ao aumento da ingesta. Os erros inatos do metabolismo dos aminoácidos envolvem defeitos enzimáticos que podem envolver excesso de precursores tóxicos, excesso de metabólitos tóxicos e deficiência de metabólitos essenciais. Dentre os distúrbios genéticos do metabolismo dos aminoácidos destacam-se a fenilcetonúria e o albinismo, por exemplo. A fenilcetonúria caracteriza-se como uma deficiência genética parcial ou total da enzima fenilalanina hidroxilase que converte fenilalanina em tirosina no fígado e rim. Dessa forma, o indivíduo se torna incapaz de metabolizar o aminoácido fenilalanina obtido na dieta, com a produção de metabólitos neurotóxicos. O albinismo, por sua vez, é causado pela deficiência de tirosinase, enzima envolvida na conversão de tirosina em feomelanina e eumelanina. As diferenças estruturais e bioquímicas dos aminoácidos são utilizadas como fundamento para os métodos laboratoriais utilizados no diagnóstico clínico. Dentre os métodos mais usados para o diagnóstico laboratorial dos distúrbios do metabolismo de aminoácidos, destacam-se a eletroforese, cromatografia de troca iônica, cromatografia de partição e espectrometria de massa. Além disso, de acordo com as características conferidas pela cadeia lateral, reações espectrofotométricas também podem ser utilizadas em alguns casos. 3.2. Estrutura e metabolismo das proteínas As proteínas são macromoléculas formadas a partir de uma ligação covalente entre o grupo amino de um aminoácido e o grupo carboxila do aminoácido adjacente, liberando água. Essa ligação é chamada ligação peptídica (amídica). São consideradas proteínas sequências formadas por 30 ou mais resíduos de aminoácido. Moléculas menores são chamadas de peptídeos, de acordo com o número de aminoácidos (dipeptídeos, tripeptídeos, oligopeptídeos, polipeptídeos etc.). As proteínas (acima de 4 aminoácidos) classificam-se quanto à sua forma em fibrosas (menos solúveis, comumente proteínas estruturais como o colágeno e a miosina) e globulares (mais solúveis, como as proteínas presentes no plasma), estas de maior interesse clínico, as quais mantém suas características dentro de faixa estreitas de temperatura e pH que, quando superadas, geram a desnaturação. A estrutura das proteínas é dividida em quatro classificações: a) Estrutura primária: Relativa à sequência de resíduos de aminoácidos componentes da cadeia peptídica na ordem em que eles foram adicionados na tradução proteica. b) Estrutura secundária: Relativa à interação entre os aminoácidos próximos em uma cadeia peptídica, através de pontes de hidrogênio e/ou pontes dissulfeto, e formando estruturas específicas como alfa-hélice e folha-beta-pregueada, bem como estruturas ao acaso. c) Estrutura terciária: Corresponde ao dobramento tridimensional observado pela interação de diferentes estruturas secundárias em uma cadeia polipeptídica compacta. d) Quaternária: Corresponde à interação entre diferentes estruturas terciárias em proteínas compostas por duas ou mais cadeias polipeptídicas, formando complexos macromoleculares. Muitas proteínas apresentam componentes que não são aminoácidos, os chamados grupos prostéticos, tais proteínas são denominadas como proteínas conjugadas e são classificadas como metaloproteínas, lipoproteínas, glicoproteínas, mucoproteínas e fosfoproteínas, por exemplo. As proteínas exibem inúmeras funções biológicas, dentre elas: (1) enzimas, (2) hormônios, (3) anticorpos e componentes do sistema complemento, (4) proteínas com função osmótica, (5) proteínas da coagulação, (6) proteínas de transporte e armazenamento, (7) proteínas estruturais e (8) proteínas de fase aguda. A concentração de proteínas plasmáticas é determinada por três fatores principais: velocidade de síntese, velocidade de catabolismo e o volume de líquido no qual as proteínas estão distribuídas. 3.3. Proteínas plasmáticas de importância clínica Apesar de existirem centenas de proteínas circulantes no sangue, algumas são consideradas clinicamente relevantes e, consequentemente, são usadas para o diagnóstico e acompanhamento de diversas condições fisiopatológicas. As alterações dos níveis plasmáticos de proteínas são classificadas em hiperproteinemina e hipoproteinemia. A hiperproteinemia está associada a condições como a desidratação, processos infecciosos, processos imunomediados e após a vacinação. A hipoproteinemia pode ocorrer por desnutrição, insuficiência hepática ou pancreática, hemorragias agudas ou crônicas, enfermidades exudativas e nefropatias. Alterações na concentração das proteínas plasmáticas podem indicar diversas doenças, como: câncer, doenças genéticas, dislipidemias e processos agudos. Algumas dessas proteínas, inclusive, são úteis pelo fato de suas concentrações se alterarem significativamente em determinadas condições, como as proteínasde fase aguda. Proteínas de fase aguda são definidas como proteínas cuja concentração plasmática é alterada como resposta a infecção, lesão tecidual ou outros processos agudos. Algumas dessas proteínas, chamadas de proteínas de fase aguda positivas, tem sua concentração aumentada, como alfa1glicoproteina ácida, proteína C reativa, ceruloplasmina e alfa1antitripsina. Outras, por sua vez, como a albumina e a transtiterrina são consideradas proteínas de fase aguda negativa, pois sua produção é reduzida em processos agudos. As proteínas plasmáticas são separadas de acordo com suas características eletroforéticas. 3.4. Eletroforese de proteínas séricas Com o objetivo de estudar as proteínas séricas de interesse clínico, é importante discutir o seu método de separação e identificação. A eletroforese de proteínas é um método simples que permite separar proteínas em frações de acordo com as suas respectivas cargas elétricas, tamanho e forma. A amostra preferível é a de soro, para evitar interferências da banda do fibrinogênio. Essa técnica pode ser uma ferramenta importante quando existem condições específicas como cirrose, síndrome nefrótica e mieloma múltiplo. A identidade de cada proteína se dá pela sequência de aminoácidos presentes na proteína, a interação entre eles e pelas características conferidas individualmente pela cadeia lateral de cada aminoácido, conferindo a cada proteína forma, peso e carga elétrica distinta. A eletroforese é uma técnica de separação de proteínas utilizando-se de forças eletroforéticas e eletroendosmóticas presentes no sistema por meio de um campo elétrico. A amostra de soro rica em proteínas é aplicada sobre um meio composto por acetato de celulose ou gel de agarose e, em seguida, sofre a ação de um potencial elétrico gerado por um pólo positivo (ânodo) e outro negativo (cátodo). O potencial elétrico gerado provoca a migração das proteínas em direção ao ânodo e, de acordo com o peso molecular e carga elétrica, eles percorrem distâncias distintas, gerando diferentes bandas, representadas em pH = 8,6 por por pré-albumina, albumina e as globulinas alfa1 e alfa2, beta e gama. As frações (bandas) separadas são visibilizadas a partir de corante sensível à proteínas, comumente o comassie blue. As bandas são quantificadas por densitometria ou eluição, gerando um gráfico de histograma característico no qual as bandas podem ser comparadas, possibilitando melhor evidência de alguma anormalidade. Os resultados devem ser expressos sob forma percentual, de concentração das frações (g/dL) ou em forma gráfica. Cada banda obtida pela eletroforese é constituída de proteínas individuais que podem ser determinadas por vários métodos como nefelometria, imunodifusão radial, imunoeletroforese, etc. Segue informações acerca das diferentes bandas de proteínas plasmáticas isoladas na eletroforese. a) Albumina: Inicialmente, na região da pré albumina, temos a transtiterrina (pré-albumina) e a proteína de ligação ao retinol, ambas possuem meia-vida plasmática mais curta; consequentemente, estas avaliações fornecem indicadores simples e sensíveis de desnutrição ou disfunção hepática. Os níveis caem rapidamente nas reduções calóricas e protéicas na dieta. Já a albumina é a proteína mais abundante no plasma, pesando 66 kDa, corresponde a cerca de metade da massa de proteínas plasmáticas. Por conta do seu tamanho relativamente pequeno e sua concentração plasmática, também é o componente proteico majoritário da maioria dos líquidos biológicos. É sintetizada exclusivamente nas células parenquimais do fígado, é solúvel em meio aquoso devido às cargas negativas em pH fisiológico. Possui funções importantes no organismo, como manutenção da pressão oncótica e transporte de substâncias. É uma proteína relativamente pequena e, consequentemente, tende a se perder na urina quando ocorre dano glomerular. A síntese de albumina é controlada pela taxa osmótica e pelo consumo de proteínas. A hipoalbuminemia é uma condição inespecífica que na eletroforese se manifesta como diminuição do pico; esse fato é relacionado a fatores como: (1) síntese prejudicada (cirrose hepática e hepatite viral), (2) aumento do catabolismo (infecção bacteriana grave, neoplasias malignas, insuficiência cardíaca congestiva, doenças inflamatórias e infecções crônicas), (3) ingesta protéica inadequada e (4) perdas (via glomerular ou intestinal) ou desvios (edema e ascite). Concentrações plasmáticas aumentadas de albumina (hiperalbuminemia) são comumente observadas na desidratação, mas pode ser observada em alguns carcinomas, diarreia, estresse, febre reumática, uremia e outras condições específicas. A albumina possui diversas funções biológicas, destacando-se a manutenção da pressão coloidosmótica e o transporte de ácidos graxos, fosfolipídios, íons metálicos, drogas, hormônios e bilirrubina, ao conjugar-se com estes. A meia-vida plasmática média da albumina é de 15 a 19 dias, quando sofre pinocitose, é degradada pelas células em seus respectivos aminoácidos que são reutilizados. Em algumas condições, pode-se encontrar mais de um tipo de albumina no soro, mesmo sem manifestação clínica, esse evento se manifesta com o aumento do gráfico na faixa correspondente e até mesmo a formação e duas faixas distintas. A quantificação usual da albumina em amostras de soro, comumente, se dá utilizando corantes de bromocresol, como o verde de bromocresol, mais utilizado por apresentar maior especificidade pela albumina e menor interferência, e o vermelho de bromocresol, menos específico. O soro é preferível ao plasma, a fim de evitar interferência do fibrinogênio e da heparina. Recomenda-se que o paciente não ingira uma dieta rica em gorduras em até 48 horas antes do teste. Amostras de soro são preferíveis, devendo-se evitar a estase prolongada (garrote) na coleta, pois a pode haver hemoconcentração. Em adultos, a albumina sérica está em torno de 3,5 a 5 g/dL. b) Alfa-1 globulinas: Proteínas como alfa-1-antitripsina, alfa-1-glicoproteína ácida e alfa-1-fetoproteína compõem este grupo. Em geral, há aumento dessa fração em processos inflamatórios, infecciosos e imunes, de forma inespecífica. A alfa-1-antitripsina corresponde a 90% do pico normal dessa banda. Ela é uma das várias proteínas que inibem atividade de proteases, particularmente da elastase dos neutrófilos, limitando a proteólise nos sítios de inflamação. Pode estar diminuída no enfisema pulmonar e doenças hepáticas. A alfa-1-glicoproteína ácida é composta em grade parte por açúcares. Sua função primária é inativar a progesterona, mas também afeta a farmacocinética de muitas drogas, inativando-as. Está aumentada em doenças como artrite reumatoide e lúpus e sua redução se dá em doença hepática severa, síndrome nefrótica e uso de anticoncepcionais. A alfa-1-fetoproteína é uma glicoproteína sintetizada no fígado fetal. Níveis aumentados são encontrados principalmente na gestação e no câncer hepático. Pode ser usada para rastrear más-formações como a deficiência no fechamento do tubo neural e até mesmo na Síndrome de Down. c) Alfa-2 globulinas: constituem esse grupo alfa-2-macroglobulina, ceruloplasmina e haptoglobina. Também se comportam como proteínas de fase aguda. A haptoglobina é sintetizada nos hepatócitos e células do sistema reticuloendotelial e tem função de transportar hemoglobina livre do plasma de volta para o sistema reticuloendotelial, onde é degradada pois a hemoglobina não complexada com haptoglobina é filtrada nos glomérulos e pode causar enfermidade renal e perda de ferro. A alfa-2-macroglobulina é uma inibidora da protease, é uma molécula grande que não se difunde do espaço periplasmático para ao líquido extravascular, ao contrário de outras alfaglobulinas. Estrógenos podem aumentar suas concentrações, na síndrome nefrótica suas concentrações estão aumentadas como resultadoda perda de proteínas pequenas e síntese de muitas proteínas como compensação. A ceruloplasmina é sintetizada no fígado e transporta 90% do cobre do plasma. Está aumentada em processos agudos como infecções, doenças malignas e trauma. O defeito autossômico da sua produção é a doença de Wilson, fazendo com que o cobre se deposite nos rins, no fígado e no cérebro, onde é tóxico. d) Beta-1 globulinas: betalipoproteínas, transferrina e componente C3 e C4 do complemento compõem essa banda. A transferrina é a principal proteína transportadora de ferro no plasma. Íons férricos provenientes da degradação da heme no fígado e obtidos na dieta são transportados pela transferrina até os locais de produção de eritrócitos na medula óssea. Sua avaliação é usada no diagnóstico diferencial das anemias. As frações C3 e C4 participam da ativação das vias alternativa e clássica do complemento, atuando na resposta imunológica humoral. e) Beta-2-globulinas: A beta-2-microglobulina é uma proteína de baixa massa molecular, facilmente filtrada nos glomérulos e reabsorvida pelos túbulos renais. Níveis elevados acontecem na insuficiência renal, inflamação e neoplasias. f) Gamaglobulinas: Composta pelas pela proteína C reativa (PCR) e pelas imunoglobulinas, ou seja, anticorpos produzidos pelos plasmócitos como resposta a antígenos ou devido à desordem clonal maligna dessas células. Há diferentes classes de imunoglobulinas, todas elas em formato de “Y” que são formadas por duas cadeias leves (kappa e lambda) e duas pesadas (G, A, M, D e E), formando a banda eletroforética pelas cinco maiores classes de imunoglobulinas que, por ordem decrescente de concentração no soro são: IgG, IgA, IgM, IgD e IgE, respectivamente. As alterações dos padrões eletroforéticos da fração gama podem se policlonais ou monoclonais. O pico policlonal representa resposta imunológica simultânea de diversos clones plasmocítários a determinado estímulo antigênico inflamatório, imune ou infeccioso. Esse padrão aparece como um aumento difuso da fração gama, representado pela presença de uma curva de base larga, demonstrando a produção de todas as classes de imunoglobulinas. O pico monoclonal (paraproteinemia) consiste no aumento homogêneo da fração gama, gerando pico estreito e pontiagudo, que representa a proliferação de um único clone plasmocitário de um tipo específico de imunoglobulina. A proteína monoclonal geralmente gera pico na fração gama, no entanto esse pico pode estar deslocado na fração beta se houver envolvimento de IgA. No mieloma múltiplo, principal entidade entre as gamopatias monoclonais, é essencial a aplicação de eletroforese de proteínas como critério diagnóstico, onde se encontra paraproteínas de cadeias leves (proteínas de Bence Jones). Outra alteração encontrada é a hipogamaglobulinemia ou agamaglobulinemia, que consiste na redução dos níveis de gamaglobulinas, geralmente sem alteração nas outras regiões de globulina. Pode surgir como complicações do mieloma múltiplo ou por condições congênitas. A proteína C reativa (PCR) é sintetizada no fígado e está presente no plasma de pacientes com doenças agudas. É um marcador não-específico da resposta imune, infecção, lesão tecidual, infarto e malignidade. A PCR está envolvida com o sistema auto- imune, te capacidade de se ligar no polissacarídeo C da parede celular de Streptococcus pneumoniae e atua na ativação do complemento e na fagocitose. Assim, é importante conhecer e interpretar corretamente a eletroforese de proteínas, uma vez que esse exame facilita o diagnóstico de diversas doenças. 3.5. Dosagem de proteínas totais Para dosagem de proteínas totais em amostras de soro, recomenda-se que o paciente não ingira uma dieta rica em gorduras em até 8 horas antes do teste. Existem diversos testes para a dosagem de proteínas totais em amostras de soro, como o método de Kjeldahl e refratrometria, no entanto, o método do reagente de biureto, o produto de decomposição da uréia pelo calor, permite avaliação de alterações do metabolismo de proteínas, que na presença de íons cobre desenvolve coloração violeta por interação deste com as ligações peptídicas. A partir da determinação de proteínas totais, facilita-se a análise da causa da alteração de proteínas plasmáticas a partir correlação matemática que diz que: Proteínas totais = albumina + globulinas. Em adultos, a proteína sérica está em torno de 7 g/dL. Proteínas totais também são determinadas em outros líquidos corporais, sendo a determinação da massa de proteínas em um volume de urina de 24 horas um teste laboratorial realizado em diversas condições clínicas. Para esse teste, diversas técnicas são usadas, como a utilização de corantes como o vermelho de pirogalol e o comassie blue, além da própria técnica do biureto. No entanto, a técnica suficientemente precisa e exata e mais utilizada é a turbidimetria usando ácido tricloroacético e ácido sulfossalicílico ou cloreto de benzetônio em meio alcalino. Nessa técnica, o reagente precipitante é adicionado à urina e a proteína desnaturada é quantificada turbidimetricamente. Portanto, existem diversos tipos de proteínas no nosso organismo, com funções variadas. O conhecimento bioquímico acerca de suas estruturas, distribuição no organismo, funções fisológicas, concentrações e alterações destas permitem ao farmacêutico e a equipe de saúde, no contexto do laboratório clínico, gerar dados relevantes acerca da saúde do paciente. Mas para isso, é essencial a correta realização e interpretação dos testes laboratoriais.
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