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LUCAS ALBERTO Treino Livre FUTEBOL AMERICANO Belo Horizonte 2020 LUCAS ALBERTO Lucas Alberto Amarante Dias, formado em Educação Física e Pós-Graduado em Musculação e Sistemas de Treinamento pela UFMG, atualmente Fisiologista do Galo Futebol Americano. LUCAS ALBERTO Sumário Apresentação V Característica do Esporte 6 Mobilidade 7 Aquecimento 8 CORE 9 Treino de Força 10 Específico por posição 11 Exemplos de Treinos 15 Capacidade Aeróbica 21 Referências 23 LUCAS ALBERTO Apresentação Este material tem como objetivo criar alternativas de treinamento que possibilitem aos atletas manter e elevar o nível de rendimento através de exercícios com peso do próprio corpo, trazendo evidência científica sobre a demanda do esporte. V LUCAS ALBERTO Característica do Futebol Americano Composto principalmente de ações repetidas e em intensidade máxima, o esporte exige capacidades físicas específicas mais desenvolvidas como a Força (principalmente Força Explosiva), Velocidade e Resistência Anaeróbica, permitindo que os atletas tenham seu melhor desempenho até o final da partida (Hoffman, 2015). O jogo é separado por uma série de jogadas que de acordo com nossa base de dados (2018/2019) duram em média 5,07 segundos e intervalos médios entre as jogadas de 47,6 segundos (considerando o tempo exato do final de uma jogada e o início da jogada seguinte). Devido aos fatores apresentados, pesquisadores constataram que a curta duração das ações dependem primariamente de fontes rápidas de produção de energia (Via Fosfagênica e Via Glicolítica), porém, a quantidade de ações repetidas, os curtos períodos de intervalos e a duração total de jogo, também exigem uma grande contribuição do Sistema Aeróbico. Portanto, para manter-se em alto nível e estar preparado para as demandas deste esporte, é importante treinar mais de uma capacidade e a seguir, apresentarei alternativas para melhorar o desempenho, mesmo sem uso de equipamentos. 6 LUCAS ALBERTO Mobilidade: Tecnicamente também conhecida como amplitude de movimento, a flexibilidade foi definida por Blank (1994) como a habilidade de mover as articulações do corpo usando a amplitude de movimento que foram projetadas. Pesquisadores apontam que o treino dessa capacidade auxilia na prevenção de lesões, preparação para esforços, recuperação pós esforço e reparação pós lesão. Tendo em vista esses benefícios, apresento a seguir alguns exercícios capazes de melhorar a mobilidade e preparar para a prática esportiva. 7 LUCAS ALBERTO Aquecimento Este tipo de atividade que precede a prática esportiva, auxilia na preparação psicológica e fisiológica, reduzindo os riscos de lesões articulares e musculares. O Exercício Preliminar pode incluir movimentos gerais e/ou específicos, direcionando para habilidades a serem usadas na modalidade, reduzindo a tensão dos músculos e tendões diante uma carga externa. O aquecimento eleva a temperatura muscular, disponibiliza mais oxigênio ao músculo, permitindo contrações mais rápidas, maior economia de movimento e recrutamento de unidades motoras necessárias para a prática. Apresento a seguir, exercícios alternativos para aquecimento: 8 LUCAS ALBERTO CORE: É um termo utilizado para incluir músculos capazes de desenvolver estabilidade para o tronco, permitindo suportar sobrecargas esportivas e auxiliar em uma carreira duradoura. Esse grupo muscular permite uma forte ligação entre membros superiores e inferiores, reduzindo movimentações excessivas e como a maioria dos esportes exige, é importante maior força abdominal isométrica e menores graus de rotação. Abaixo, será listado exercícios para o trabalho de CORE. 9 LUCAS ALBERTO Treino de Força: Todo movimento que fazemos exige certo nível de força muscular, porém o desenvolvimento dessa capacidade é de extrema importância para o Futebol Americano. Um modelo apresentado por Schmidtblicher em 1980 apontou a manifestação de força de duas formas, a Força Rápida e a Resistência de Força, sendo que ambas teriam relação entre si e também, com a Força Máxima e Explosiva. Na sequência, serão apresentados exercícios capazes de melhorar a “Força Especial” (Weinek,1989) para o Futebol Americano que permitem manipulação de variáveis para diferentes manifestações da força. LUCAS ALBERTO Específicos por Posição No Futebol Americano, há muitas posições diferentes e com demandas específicas, por isso, há também a possibilidade de exercícios direcionados para cada exigência. QB Necessidade de Concentração, curto Tempo de Reação, Força Explosiva para Ombros, Braço de lançamento e também, Força Rápida de Membros Inferiores. 11 LUCAS ALBERTO RB e LB Maior demanda de Agilidade, Tomada de Decisão, Força Geral, capaz de correr e mudar de direção em curto espaço de tempo, além de bloquear quando necessário. WR e CB Atletas velocistas que também apresentam demanda de Agilidade, Estabilidade e Atenção para recepção de passe (no cados dos Wrs) ou bloqueio, Tackle e Interceptação (no caso dos Corners). 12 LUCAS ALBERTO OL e DL Atletas mais pesados com maior exigência de Força Máxima, podendo passar o tempo de uma ação do jogo (média 5,07s) bloqueando o adversário. Jogadores defensivos (DL) apresentam também necessidade de agilidade, já que buscam passar a Linha Ofensiva e atingir o Quaterback. Para esse grupo, é importante estar atento à quantidade de saltos e exercícios de potência de Membros Inferiores, devido ao peso dos atletas e excesso de sobrecarga para articulações despreparadas. 13 LUCAS ALBERTO Kicker Alta exigência de concentração e Força Explosiva de Membros Inferiores. 14 LUCAS ALBERTO Exemplos de Treino De acordo com Chagas e Lima (2015), há 14 variáveis que podem ser manipuladas para realização de um mesmo exercício, além da manipulação de componentes da carga de treinamento que podem ser alterados visando respostas específicas. Diante desse fato, serão apresentadas alternativas para a estruturação do treinamento de força. Tendo em vista as demandas esportivas, é importante que seja dedicado um tempo para a preparação da prática, sendo um bom momento para atividades de mobilidade e aquecimento. A seguir, uma possível sequência para estruturação do programa: Seguindo a sugestão de divisão do treino acima, serão apresentadas na sequência, sugestões para a estruturação do treinamento, levando em consideração as diferentes respostas esperadas ao estímulo. 15 LUCAS ALBERTO É importante ressaltar que as sugestões em questão não são as únicas possíveis, cabendo aos Profissionais de Educação Física, manipular as cargas e buscar alternativas para os diferentes objetivos. Treino para Força Explosiva (Potência) Grande importância nas ações esportivas, a Força Explosiva se manifesta através de Saltos, Chutes, Lançamentos, Golpes entre outros. Nesse modelo, é possível que exercícios de mesma cor sejam realizados de forma conjugada (9 e 10 juntos, por exemplo), tendo em vista que a diferença dos grupos musculares poderia auxiliar a manter o bom desempenho na tarefa. 16 LUCAS ALBERTO Treino para Resistência de Força Manifestando em tarefas motoras estáticas ou dinâmicas, a Resistência de Força está relacionada a “capacidade do sistema neuromuscular de produzir maior somatória de impulsos possível sob condições metabólicas predominantemente anaeróbicas e de fadiga” (Frick, 1993 apud. Chagas e Lima, 2015). Seguindo a divisão semelhante ao modelo anterior, nesse programa, os exercícios de mesmo grupo muscular foram agrupados (membros inferiores em sequência, por exemplo), o número de repetições foi aumentado e os intervalos reduzidos, com objetivode permitir menos tempo de intervalo e assim direcionar para o objetivo de resistir à fadiga. 17 LUCAS ALBERTO Um outro fator importante para esse modelo é a redução da intensidade (Peso, neste caso, apresentado como % de RM (Repetição Máxima)). Treino de Força (Máxima e Submáxima) Por se tratar de um esporte com demandas variadas, como já foi citado, torna-se uma alternativa plausível, o treinamento de tipos diferentes de manifestação da força em uma mesma sessão de treino, podendo apresentar Formas de Contração Máxima e Sumáxima (termo utilizado por Schmidtbleicher, 1999 apud Chagas e Lima, 2015). O modelo proposto a seguir poderá auxiliar também para as adaptações morfológicas (como a hipertrofia muscular), utilizando também a duração da repetição para manipular este programa. 18 LUCAS ALBERTO Assim como no modelo proposto para o Treino de Força Explosiva, uma alternativa para reduzir o tempo de treino é agrupar um exercício de Membro Inferior com um de Membro Superior, possibilitando maior intervalo entre as séries para mesmo grupo. Nesse modelo está sendo proposto uma duração mais lenta da Contração Excêntrica (momento de alongamento após o encurtamento gerado pela força, ou seja, retorno da contração concêntrica). Usando o Agachamento Livre com Salto para exemplificar, o movimento se inicia com um salto rápido e em seguida, ao tocar o chão o movimento deverá ser frenado lentamente durante um agachamento de 4 segundos. 19 LUCAS ALBERTO Como já informado anteriormente, essas são algumas sugestões de modelos, cabendo ainda diversas manipulações para diferentes objetivos. 20 LUCAS ALBERTO Capacidade Aeróbica Apesar de maior parte das jogadas do Futebol Americano durarem menos de 6 segundos, esse fato não isenta a importância de uma Capacidade Aeróbica mais apurada. Evidências apontam que atletas que apresentam melhor capacidade aeróbica conseguem se manter mais tempo em altas intensidades em competições, além de proporcionar maior recuperação entre os jogos. Dan Gordon, pesquisador de Cambridge afirma que “uma maior capacidade aeróbica está relacionada com o quão longo você consegue dispor de energia e não o quão rápido”. Então, no Futebol Americano essa capacidade também se mostra de extrema importância, devido aos curtos períodos de intervalo entre as jogadas e ao longo tempo de duração de uma partida. Portanto, na sequência serão apresentados dois modelos para Treinamento Aeróbico, sendo um deles mais próximo de uma realidade de jogo (Método Fracionado Intervalado) e outro capaz de auxiliar na manutenção da capacidade aeróbica, com uma intensidade menor e maior duração (Método Contínuo Estável). 21 LUCAS ALBERTO Método Fracionado Intervalado Este método é caracterizado por intervalos incompletos de recuperação, sendo apresentado um modelo de volume mais baixo e alta intensidade durante os estímulos: Método Contínuo Estável Exercício de intensidade constante que possibilitam aumentar os estoques de glicogênio muscular, melhorar o transporte de oxigênio entre outros benefícios que auxiliam no desempenho duradouro do atleta. Portanto, todos os modelos apresentados nesse documento, tem como objetivo principal, permitir que atletas de Futebol Americano possam treinar e aprimorar seu desempenho físico mesmo com a disponibilidade de poucos implementos. 22 LUCAS ALBERTO Referências: BLANKE, D. Flexibility. In: MELLION, M. B. (Ed.). Sports medi cine secrets. Philadelphia: Hanley e Belfus, 1994. p.71-77. BOYLLE M. O Novo Modelo de Treinamento Funcional. Artmed; 2018 CHAGAS, M. e LIMA, F. Musculação: Variáveis estruturais: Programa de Treinamento Força Muscular. Belo Horizonte, 2012. GRECO, P. J.; BENDA, R . Iniciação Esportiva Universal. Belo Horizonte: Editora UFMG, v. 2, 1998. HALL, Brendon.All of the Football Positions, Explained. Stack. Colorado. Disponível em: <https://www.stack.com/a/football-positions>. Acesso em: 21, Março de 2020. Hoffman JR. The Applied Physiology of American Football. International Journal of Sports Physiology and Performance. 2008 Hoffman JR, Im J, Kang J, et al. The effect of a competitive collegiate football season on power performance and muscle oxygen recovery kinetics. J Strength Cond Res. 2005 Keiller D, Gordon D. Confirming Maximal Oxygen Uptake:. Int J Sports Med 2018; 39: 198–203 Lima FV, Chagas MH, Corradi EFF, Silva GF e Souza BB: Análise de dois treinamentos com diferentes durações de pausa entre séries baseadas em normativas previstas para hipertrofia muscular em indivíduos treinados. Ver. Bras. Med. Esporte- Vol. 12, N° 4- Jul/Ago, 2006 Samulski D, Menzel HJ, Prado SP, editors. Treinamento esportivo. São Paulo: Manole; 2013. SCHMIDTBLEICHER, D. Maximalkraft und Bewegungsschnelligkeit Beitraege zur Bewegungsforschung im Sport - Band 3. Bad Homburg Verlag Limpert, 1980. WEINECK, J. Manual de treinamento esportivo. São Paulo: Manole, 1989 SCHMIDTBLEICHER, D. Strukturanalyse der motorischen Eigenschaft Kraft. Lehre der Leichtathletik, n.30, p.1785-1792, 198 23 LUCAS ALBERTO https://www.stack.com/a/football-positions
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