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SILVANA BÁRBARA GONÇALVES DA SILVA PROTOTIPAGM DE UMA PEÇA POR MANUFATURA ADITIVA CURITIBA 2016 Trabalho apresentado ao Programa de Pós- Graduação em Engenharia Mecânica e de Materiais, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Doutora em Engenharia Mecânica e dos Materiais. Prof.º Neri Volpato 1 Introdução A Manufatura Aditiva (Additive Manufacturing) pode ser definida como um processo de adição de material em forma de camadas. Estas camadas têm origem a partir de um modelo em CAD (Computer Aided Design), sendo que o processo se inicia com o fatiamento da peça, onde, de forma automática, são definidas as camadas. A deposição do material tem início na base da peça, onde começa o empilhamento das camadas, até o topo da peça (MARTINS, 2005). O trabalho a ser apresentado trata-se de uma proposta de processo para o desenvolvimento de um protótipo pelo princípio de adição de camadas. Para tanto, será realizado o planejamento do processo e a fabricação do protótipo. 1.1 Objetivo O objetivo do trabalho é propor um processo para a obtenção de um protótipo seguindo o princípio de adição de camadas, com a utilização de recursos e materiais tradicionais disponíveis. 2 Planejamento do Processo Para a definição da geometria da peça a ser prototipada, houve orientação para que a peça não apresentasse geometrias muito complexas, mas que fosse adequada, no nível de detalhes, para a impressão 3D. A peça selecionada para a realização do trabalho foi um mancal. O modelo digital da peça foi desenvolvido no AutoCAD, sendo que a geração da malha em arquivo STL também foi utilizado este software. Para o desenvolvimento do processo de construção do protótipo foram necessárias as seguintes etapas: 1) Seleção da peça para ser realizado o processo: Para a seleção da peça para a realização deste estudo, pensou-se em um produto não muito complexo, para que fosse possível obter um bom resultado no protótipo. Mesmo não sendo de alta complexidade, a peça deveria apresentar regiões relevantes para realizar inspeções dimensionais. 2) Análise das suas dimensões e alterações de algumas medidas: A peça original apresentava as seguintes dimensões: 90mm x 60mm x 33mm. Para que se adaptasse a impressão, suas dimensões foram reduzidas para: 70mm x 60mm x 33mm. Desta forma, outras medidas que se encontram no eixo x também tiveram que ser alteradas, para manter proporcionalidade da peça. 3) Modelagem 3D da peça no CAD: A peça foi modelada no software AutoCAD, por modelagem de sólidos, utilizando as operações booleanas de subtração e união. Segue abaixo a modelagem da peça: Figura 1 – Peça modelada no CAD 4) Geração de arquivo STL no CAD: O arquivo STL também foi gerado no próprio AutoCAD. 5) Importar arquivo STL em um software de fatiamento: Para abrir o arquivo STL, foi utilizado o software Cura 2.1.3. A peça já foi posicionada da forma como se havia pensado previamente, como mostrado abaixo: Figura 2 – Peça em arquivo STL no software Cura 6) Definir espessura das camadas, orientação da peça e demais parâmetros para a impressão 3D: A espessura das camadas foi definida em 0,1mm, e as espessuras da parede externa e inferior, definiu-se em 1mm. Para a geração das fatias, a peça foi posicionada em pé. 7) Selecionar opção de fatiamento e acioná-lo: O software Cura gera as fatias automaticamente, sendo que foi selecionado o método Hollow (0%) para o preenchimento. Como se tratou de um protótipo para estudos, sua baixa resistência não implicaria em problemas. 8) Gerar arquivo GCODE: Salvando o arquivo da peça fatiada, o software gera um arquivo GCODE para a impressão. 9) Enviar para impressão: Os arquivos STL e GCODE do modelo da peça fatiado foi enviado ao laboratório de prototipagem da UTFPR para a impressão 3D. Foram desenvolvidos suportes para a realização do processo de AM da peça. 10) Retirada da peça da máquina e retirada do material de suporte utilizado: A peça precisou de alguns suportes para a viabilidade da impressão 3D. Estas tiveram que ser retiradas com cuidado. 3 Materiais e Métodos para o protótipo manual Foi construído um protótipo de forma tradicional, manualmente, para comparar com o resultado da peça prototipada em Manufatura Aditiva. Para este protótipo, foi utilizado a modelagem em AutoCAD já desenvolvida, sendo que os fatiamentos foram feitos neste mesmo software, para se obter os desenhos das fatias. Foram então impressas 60 partes da peça em 2D em três folhas tamanho A3, representando seu fatiamento. As fatias foram transferidas para um Papelão Paraná de 1mm de espessura, sendo que todo o processo de corte foi feito de forma manual, utilizando estilete e tesoura. O alinhamento foi feito com régua e a colagem das fatias foi realizada com cola branca multiuso. Figura 3 - Modelo manual em Papelão Paraná sem pintura Uma lixa fina foi utilizada apenas para alinhar melhor as fatias. Também houve a pintura da peça com tinta guache preta, para criar um conjunto com a peça prototipada na impressora 3D. Como não houve outro tipo de acabamento (pois o objetivo do trabalho foi o de fazer a comparação do protótipo manual com o protótipo em AM) não foram realizados acabamentos mais avançados, como aplicação de massa plástica, primer, entre outros. Foi escolhido o Papelão Paraná como material para fazer a peça pois já havia um conhecimento prévio do mesmo para elaboração de modelos. E, como a ideia inicial era comparar o manual com a máquina, principalmente qualidade e tempo de realização, este papelão apresenta facilidade de corte com estilete e tesoura, pois não se pretendeu utilizar a técnica de corte a laser. O protótipo manual foi feito por adição de camadas, em cortes longitudinais, para representar o método proposto para a realização em AM. Figura 4 - Modelo manual finalizado com tintura guache 4 Resultados e Discussões A peça prototipada manualmente apresentou dimensões alteradas da peça modelada no CAD. Devido ao processo de empilhamento por adição de camadas, o modelo final com 75mm, ao invés de 60mm. Mas este resultado alarmante se deu somente nesta medida, sendo que nas demais, houve erros considerados aceitáveis em um modelo construído manualmente. A peça apresentou também algumas desproporções, devido a não precisão no corte. Os efeitos de degrau de escada ficaram visíveis nas partes circulares da peça, como os detalhes superiores centrais e os quatro raios de 5mm que formam os cantos da peça. O tempo gasto para realização da peça manual foi em torno de 14h, devido aos detalhes da peça, quantidade e a dificuldade de corte. Porém, os custos foram baixos, sendo gastos R$20,09 no total, incluindo materiais e deslocamentos. O processo proposto acusa melhores resultados na automatização com a utilização da Manufatura Aditiva. O protótipo em AM foi realizado de forma mais rápida, sendo 2h10min o tempo total de prototipagem. Também houve precisão com relação as medidas das peças, inclusive nos detalhes. O que causou certa dificuldade foi a retirada dos suportes, sendo que esta etapa teve que ser realizada com cuidado para não danificar a peça. A retirada do material de suporte foi realizado com o uso de alicate e tesoura. Figura 5a – Protótipo por AM com os suportes; Figura 5b – Protótipo por AM finalizado 5 Considerações Finais Este trabalho foi muito relevante para se obter na prática como funciona o método de prototipagem por Manufatura Aditiva. Houve algumas limitações quanto ao tipo de peça a ser executada, pois tratou-se de um desafio. A novidade não conhecida foi a utilização de um software específico para fazero fatiamento automático e enviar o arquivo pronto para a impressora. Foi muito relevante a construção também do modelo manual, para ser comparado com o realizado por AM. Desta forma, pode-se considerar que para a realização de modelos/protótipos por adição de camadas, a maneira manual não é viável pelo tempo gasto e as alterações nas medidas da peça, também pecando na qualidade da peça final. Mesmo tendo um custo maior, a AM se torna como uma opção muito eficaz neste tipo de processo de construção de modelos/protótipos. Com relação às dificuldades, depois da peça pronta, a retirada do material de suporte teve que ser realizada de forma que a peça não fosse danificada, o que deu um certo trabalho. Este trabalho contribuiu para um maior conhecimento do processo de AM e suas vantagens com relação aos métodos manuais de construção de modelos/protótipos. A rapidez e a precisão nas dimensões da peça são qualidades apresentadas na peça final, que podem servir de contrapartida aos custos provenientes das tecnologias de Manufatura Aditiva. REFERÊNCIA MARTINS, J.R. Manufatura rápida: avaliação das tecnologias de impressão 3D e FDM na fabricação de moldes rápidos. Dissertação (Mestrado) – Escola de Engenharia de São Carlos. Universidade de São Paulo, São Carlos, 2005. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA VOLPATO, N. et al. Prototipagem Rápida: tecnologias e aplicações. São Paulo: Edgard Blücher, 2007.
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