Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
© Os aminoácidos são moléculas imprescindíveis para a vida, sendo os principais componentes de todas as proteínas no nosso organismo. Eles se caracterizam por estruturas orgânicas formadas por cadeias de carbono, ligadas a átomos de hidrogênio, oxigênio, nitrogênio e, às vezes, enxofre. Obrigatoriamente contendo um grupo carboxila (COOH, que confere a eles a acidez) que se localiza na extremidade C- terminal e um grupo amina (NH2), presente na extremidade N-terminal. Os aminoácidos (aa) também podem ser quebrados para obtenção de energia, contudo essa quebra gera a liberação do nitrogênio no organismo. Este por sua vez, quando não em um aminoácido ou outros compostos importantes para o corpo, pode ser tóxico. Por isso, é necessário que ocorra sua excreção adequada. O tecido que mais fornece aa para o metabolismo energético é o músculo, a partir da quebra das proteínas durante um período de exercício intenso. Esses peptídeos degradados serão encaminhados para o fígado que irá realizar a metabolização do nitrogênio para a excreção, sob a forma de ureia. Como o nitrogênio é um composto nobre, e extremamente importante, é necessário que esteja presente em quantidades suficientes nos organismos. A esta relação entre obtenção e excreção de nitrogênio, se dá o nome de balanço nitrogenado (BN). Em crianças, adolescentes e mulheres grávidas, o BN é positivo, uma vez que para que ocorra o desenvolvimento correto do indivíduo, ou do feto, é necessário que se obtenha mais nitrogênio do que se elimine, a fim de promover os processos biossíntéticos necessários para o desenvolvimento. Em pessoas com dietas inadequadas - em quadros de jejum ou inanição prolongada - o BN é negativo, posto que para compensar a falta da fonte primária de energia – glicose – se faz necessária a quebra de proteínas. Em adultos saudáveis esse balanço é zero, pois a taxa de consumo e obtenção é equivalente. Alguns aminoácidos presentes no nosso organismo são obtidos pela dieta, e para que eles possam ser absorvidos, é necessário a degradação da proteína de origem deste aa. Quando o alimento chega no estômago, há um estímulo para secreção da gastrina que irá induzir a liberação de HCl e pepsinogênio, a fim de criar um pH ambiente na faixa de 2,5, favorável a desnaturação proteica. A pepsina, quando ativa, cliva as proteínas na extremidades N-Terminal, especialmente em resíduos de Tyr, Phe, Trp. Quando o bolo alimentar se encaminha para o intestino, ele traz resquícios de baixo pH, e a partir da ação da secretina, há o estímulo para a liberação de bicarbonato pelo pâncreas, com o intuito de elevar o pH para a faixa 7,0. Além disso, o pâncreas secretará também tripsinogênio quimiotripsinôgenio e procarboxipeptidase, que clivarão a extremidade C-terminal de resíduos contendo Lys, Arg Tyr, Phe, Trp. Os aminoácidos resultantes da degradação das proteínas serão desmembrados, tendo como © produto final um esqueleto carbônico – que gerará intermediários do ciclo de Krebs – e NH4+ - que poderá ser desviado para síntese de bases nitrogenadas ou outros aminoácidos -, que em última instância terá seu excesso eliminado do organismo pelo ciclo da ureia. Degrada o dos amino cidos A degradação dos aminoácidos começa por uma reação de transaminação, catalisada por transaminases (ou aminotransferases), também conhecida como desaminação oxidativa. Nesse processo um aminoácido transfere seu grupamento amino para o α- cetoglutarato, formando glutamato e um α- cetoácido, que será um intermediário do ciclo de Krebs. O glutamato produzido pela transminação será então oxidado - a partir da doação de seus elétrons ao NADP+ - tornando-se um intermediário instável, que será hidrolisado, liberando NH4+. gerando o α-cetoglutarato. Essa reação, que acontece na mitocôndria dos hepatócitos, é catalisada pela glutamato desidrogenase, e é regulada alostericamente por ATP/GTP (inibição da reação) e por ADP/GDP (estímulo a ração). O NH4+ é então retido na mitocôndria, uma vez que seu escape acarretaria consequência negativa, pois é extremamente tóxico. Como dito anteriormente, a reação de transminação produz glutamato, e ao contrário da oxidação do glutamato, que só ocorre nos hepatócitos, a transminação pode ser realizada por praticamente todos os tecidos, uma vez que a maioria realiza quebra de proteínas em seu metabolismo, principalmente durante momentos de jejum ou de atividade física intensa. Logo, o glutamato produzido nos tecidos extrahepáticos tem de ser transportado para o fígado pela corrente sanguínea. Toxicidade da amônia A amônia é um composto abundante na natureza, mas para muitos animais ela é tóxica. Especialmente nos mamíferos, a amônia em excesso possui muitas implicações no SNC. O íon amônio, NH4+, é liberado pela membrana plasmática, e tem a capacidade de alterar o potencial de membrana. Isso é prejudicial, pois as células sinápticas precisam de polaridade para exercerem suas funções, e sem ela a transmissão de sinal pelo SNC seria afetada. Além disso, para que o amônio seja eliminado do organismo, é necessária a produção de glutamina, que é um osmólito, e em grandes concentrações é capaz de atrair água para dentro dos astrócitos, por conseguinte causando um edema e um possível coma. Outro viés, é que para formação de glutamina é necessário glutamato, que é um neurotransmissor - e precursor de outros neutrotransmissores -, logo sua depleção pela sueperatividade da glutamina sintase, debilita a manutenção da homeostase do SNC. © Ao chegar no fígado, o glutamato extra- hepático adquire um grupamento fosfato, pela ação da glutamina sintetase, de uma molécula de ATP. É convertido a γ-glutamilfosfato. Este por sua vez, “atacado” pelo íon amônio no local de sua ligação com o fosfato, liberando-o, e formando enfim a glutamina, novamente pela ação da glutamina sintetase. Então, a glutamina sofrerá ação da glutaminase, que irá retirar o NH4+, de sua estrutura a partir de uma hidrólise, convertendo-a a glutamato novamente. Esse NH4+ será desviado para o ciclo da ureia, afim de ser eliminado do organismo. Ciclo glicose-alanina O músculo apresenta uma diferença em relação aos outros tecidos, pois ao invés de glutamato, libera alanina no sangue. Isso ocorre, porque o glutamato da primeira transminação, sofrerá outra transminação, gerando piruvato e alanina. Esta por sua vez, será transportada até o fígado, onde será transminada, produzindo glutamato (liberando NH4+, que será encaminhado ao ciclo da ureia) e piruvato, que poderá ser utilizado na gliconeogênese. O ciclo, então, leva esse nome por ser capaz de fornecer substrato para obtenção de nova glicose, a partir da quebra do aminoácido alanina. Ciclo da ureia O ciclo da ureia ocorre em cinco etapas, e tem como objetivo final eliminar a amônia do organismo, sob a forma de ureia. Esse processo é custoso energeticamente, e libera consigo uma grande quantidade de água. 1° etapa: durante a primeira etapa ocorre a formação de carbamoil fosfato, que é o primeiro doador de nitrogênio da ureia. O íon bicarbonato (HCO3-) recebe um gruapamento fosfato do ATP, formando o ácido carboxifosfórico. Este será ‘’atacado’’ pela amônia, que entrará no lugar do fosfato, formando o carbamato, que irá receber um grupamento fosfato de outro ATP, enfim formando o carbamoil fosfato. 2° etapa: na segunda reação ocorre a transferência do grupo carbamoil para a ornitina. © A ornitinatranscarbomoilase, catalisa a junção do grupamento carbamoil para a ornitina com a liberação de fosfato inorgânico, gerando a citrulina. Até então ambas as reações haviam ocorrido na mitocôndria dos hepatócitos,passando a ocorrer no citosol, a partir do transporte da citrulina para lá. 3° etapa: nessa etapa, há a condensação da citrulina com o aspartato, que será o segundo doador de átomos de nitrogênio para a ureia. A citrulina se condensará com o aspartato - através da arginosuccinato sintetase- formando arginoscuccinato. 4° reação: durante essa etapa, há a eliminação do fumarato, com a liberação da arginina. O argninosuccinato é convertido a arginina e fumarato, pela ação da argino succinase, e este será reconvertido a aspartato – através da ‘’mini-conversão” que forma malato para formar oxaloacetato - retornando ao ciclo de Krebs. Acredita-se que como forma compensatória ao alto gasto energético de formação da ureia. 5° etapa: na última reação, há a hidrólise da arginina e a produção da ureia. A arginina será hidrolisada, a partir da arginase, formando ureia e ornitina. A última, sendo levada de volta para a mitocôndria. OBS: O α-cetoácido formado depende do aminoácido que sofre a transaminação. OBS2: Os aminoácidos cetogênicos dão origem ao acetil-CoA ou acetoacetato, mas não formam glicose. Já os aminoácidos glicogênicos, dão origem a intermediários do ciclo de Krebs (piruvato, oxaloacetato, α-cg, succinil-CoA e fumarato). podendo formar glicose).
Compartilhar