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PDT Síndromes clínicas 1 Conceitos - Sintoma = sensação subjetiva anormal percebida pelo paciente e não observada pelo examinador (inspeção, palpação, percussão e ausculta) - Sinal = é um dado objetivo notado pelo paciente e observado pelo examinador através do método clínico ou de exames complementares - Síndrome = é um conjunto de sintomas e/ou sinais que ocorrem associadamente e que podem ter diferentes causas - Volemia arterial efetiva = volume de sangue necessário para manter o retorno venoso, a perfusão tecidual e o débito cardíaco dentro dos valores normais (é a estimativa da eficiência com que os principais órgãos internos, especialmente os rins, recebem necessário aporte sanguíneo). Depende do volume sistólico, que é diretamente influenciado pelo retorno venoso que, por sua vez, depende do tônus e vascular e do volume intravascular Síndrome edemigênica - É um acúmulo de líquido no espaço intersticial - Decorre de uma desregulação dos mecanismos responsáveis pela manutenção do volume de líquido nos diferentes compartimentos corporais - O edema resulta do aumento do movimento de líquido do meio intravascular ao intersticial ou da diminuição do movimento de água do interstício aos capilares/vasos linfáticos Fisiopatologia 1- Aumento da P hidrostática capilar 2- Diminuição da pressão oncótica plasmática 3- Aumento da permeabilidade capilar 4- Obstrução do sistema linfático 5- Desequilíbrio da retenção de sódio e água 6- Excesso de albumina 7- Alteração do tônus vascular * Edema de início capilar = pressão hidrostática supera a pressão oncotica e o líquido sai do vaso * Edema de final capilar = pressão oncotica supera a pressão hidrostática e o líquido entra no vaso PDT Causas - Renal - Cardíaca - Hepática - Nutricional - Vascular Sintomas - Inchaço ou sensação de peso - Roupas, sapatos, anéis, relógios apertados - Diminuição da flexibilidade das articulações nos braços e pernas - Pele mais brilhante - Aumento de peso - Diminuição da quantidade de urina Anamnese 1- Localização e distribuição Edema localizado - Desencadeado por trombose venosa profunda, infecção, angioedema e obstrução linfática - Situado em apenas um segmento do corpo Edema generalizado - Desencadeado por insuficiência cardíaca, hepática e nefropatias - Situado em todos os segmentos do corpo * MMII são os principais locais de edema, porém sacral e peri-orbitária devem ser sistematicamente avaliadas 2- Intensidade - Técnica da digitopressão = compressão firme e sustentada com a polpa digital do polegar ou indicador, de encontro com uma estrutura rígida subjacente (tíbia, ossos do sacro ou ossos da face) - Quando houver edema de 3+ ou 4+ há sinal de cacifo/godet positivo * Outras formas de avaliação = pesar o paciente diariamente ou medir o perímetro da região afetada diariamente 3- Consistência - É analisada através da técnica da digitopressão (mesma técnica da intensidade) - Classifica o edema em: . Edema mole = mais recente, decorrente de retenção hídrica de curta duração (comum em pessoas com doenças crônicas) . Edema duro = mais antigo, decorrente de proliferação fibroblástica (comum em doenças como elefantíase, linfedema) 4- Elasticidade - É avaliada junto á consistência - Classifica o edema em: . Edema elástico = a pele volta imediatamente à posição anterior, ou seja, a fóvea dura segundos (indicativo de processos inflamatórios) . Edema inelástico = a pele comprimida demora a voltar a posição anterior, ou seja, a fóvea perdura por mais tempo PDT 5- Temperatura da pele circunjacente . Normal (maioria dos edemas) . Quente (sinal de inflamação) . Fria (decorrente de dificuldade de irrigação) 6- Sensibilidade . Edema doloroso (sinal de inflamação) . Edema não doloroso 7- Coloração da pele . Palidez (sinal de distúrbio de irrigação sanguínea) . Cianose (sinal de alteração venosa localizada) . Vermelhidão (sinal de inflamação) 8- Textura e espessura da pele . Lisa e brilhante = indica edema recente e intenso . Pele espessa = indica edema de longa duração . Pele enrugada = indica edema em resolução Classificação do edema • Quanto á etiologia: 1. Insuficiência cardíaca . Local = generalizado . Período = vespertino . Consistência = mole . Elasticidade = elástico . Temperatura = normal ou reduzida . Sensibilidade = indolor . Pele e coloração = lisa e brilhante 2. Insuficiência venosa . Local = localizado . Período = vespertino . Consistência = mole . Elasticidade = elástico . Temperatura = normal ou reduzida . Sensibilidade = indolor . Pele e coloração = dermatite de estase 3. Insuficiência renal . Local = generalizado . Período = matutino . Consistência = mole . Elasticidade = elástico . Temperatura = normal ou reduzida . Sensibilidade = indolor . Pele e coloração = Sem alteração 4. Cirrose . Local = generalizado . Período = sem variação . Consistência = mole . Elasticidade = elástico . Temperatura = normal ou reduzida . Sensibilidade = indolor . Pele e coloração = pele seca e descamativa (pode haver presença de ascite) 5. Inflamatório . Local = localizado . Período = sem variação . Consistência = mole . Elasticidade = elástico . Temperatura = aumentada . Sensibilidade = doloroso . Pele e coloração = avermelhada 6. Linfedema . Local = localizado . Período = vespertino . Consistência = duro . Elasticidade = inelástico . Temperatura = normal . Sensibilidade = indolor . Pele e coloração = pele grossa e áspera 7. Mixedema . Local = generalizado . Período = sem variação . Consistência = duro . Elasticidade = inelástico PDT . Temperatura = reduzida . Sensibilidade = indolor . Pele e coloração = pele seca, fina e descamativa • Quanto á origem: 1. Edema renal - Características = edema generalizado, predominantemente facial, que se acumula nas regiões subpalpebrais (olhos empapuçados) - É mais evidente no período matutino - Envolve 2 síndromes: nefrótica (edema underfilling e overflow) e nefrítica (edema overflow) Fisiopatologia . Underfilling = envolve redução da pressão oncótica (lesão glomerular -> aumento da permeabilidade á macromoléculas -> perda de albumina -> hipoalbuminemia -> eextravasamento de fluido para o espaço intersticial -> hipovolemia -> edema) . Overflow = envolve aumento da pressão hidrostática (lesão glomerular -> retenção primária de NA e H2O -> expansão do volume plasmático -> hipoalbuminemia -> extravasamento de fluidos para o espaço intersticial -> edema) Sinais e sintomas síndrome nefrótica . Proteinúria >3.5g/dia . Hipoalbuminemia <3.5g/dl . Urina espumosa . Edema facial matinal . Edema de MMII vespertino ou anasarca . Pode haver derrames cavitários (derrame pleuralo, derrame pericárdico, ascite) Sinais e sintomas síndrome nefrítica . Hematúria . Edema discreto . Proteinúria . Hipertensão . Oligúria . Diminuição da função renal 2. Edema cardíaco - Características = varia de intensidade, é mole, inelástico, indolor, e a pele adjacente pode apresentar-se lisa e brilhante Fisiopatologia . Overflow = envolve aumento da pressão hidrostática (lesão glomerular -> retenção primária de NA e H2O -> expansão do volume plasmático -> hipoalbuminemia -> extravasamento de fluidos para o espaço intersticial -> aumento da PH no leito venoso e ausência de gradiente para retorno de fluído do interstício para o intravascular -> edema) Sinais e sintomas . Dispnéia progressiva aos esforços . Ortopnéia . Dispnéia paroxística noturna . Antecedentes de doença cardiovascular . Edema gravitacional (acentuação em ortostase e ao longo do dia) . Desvio do ictus cordis . Estase jugular . Crepitações pulmonares . Hepatomegalia 3. Edema hepático - Características = edema generalizado (mas quase sempre discreto), mole, inelástico e indolor - Predomina nos membros inferiores e é habitual a ocorrência de ascite concomitante Sinais e sintomas . Icterícia . Eritema palmar PDT . Encefalopatia hepática . Hálito hepático. Equimoses . Hematêmese/melena . Esplenomegalia . Aranhas vasculares . Hipotrofia muscular . Alopecia, ginecomastia e atrofia testicular . Ascite . Circulação colateral Síndrome ictérica - É a coloração amarelada da pele e mucosas resultante do acúmulo de bilirrubina no sangue (hiperbilirrubinemia) - Pode ser generalizada ou, no início, somente ser detectada na mucosa conjuntival ocular, no ângulo pálpebroocular - Ocorre quando a dosagem plasmática de bilirrubina ultrapassa 2 mg/100 mL Fisiopatologia 1- Quando envelhecidas, as hemácias são captadas principalmente pelo baço, e o heme, presente na hemoglobina é metabolizado formando a bilirrubina a partir de diversas reações enzimáticas 2- O anel do heme (ferroprotoporfirina) sofre ação da heme-oxigenase dando origem à biliverdina 3- A seguir, a biliverdina-redutase catalisa a formação da bilirrubina não conjugada (indireta) 4- A bilirrubina indireta se une à albumina, já que é insolúvel em água, e é transportada para o fígado 5- No fígado, a bilirrubina indireta é captada e conjugada em sua maior parte com o ácido glicurônico, formando a bilirrubina conjugada (direta) 6- A bilirrubina direta é secretada para os canalículos biliares e, a seguir, para o intestino delgado 7- No intestino delgado, ocorre a transformação pelas bactérias intestinais da bilirrubina direta em urobilinogênio Sinais e sintomas . Pele, olhos e mucosas amareladas . Pode-se notar pigmento amarelado no freio da língua . Coceira intensa (desencadeada pela deposição do pigmento amarelo na pele) PDT Classificação • Quanto a fisiopatologia . Icterícia hemolítica/pré-hepática = ocorre por falha na produção e/ou captação) . Icterícia hepatocelular ou hepática = ocorre por falha na conjugação . Icterícia obstrutiva ou pós hepática = ocorre por falha na excreção • Quanto ao perfil da hiperbilirrubinemia . Predominantemente não conjugada . Predominantemente conjugada Causas da hiperbilirrubinemia • Hiperbilirrubinemia indireta . Defeitos da membrana dos eritrócitos (ex: microesferocitose hereditária, eliptocitose hereditária, estomatocitose hereditária) . Defeitos metabólicos dos eritrócitos (ex: deficiência de glicose 6 PD, deficiência de piruvatouinase, deficiência de gluatation redutase) . Hemoglobinopatias (ex: talassemia, anemia falciforme) . Fragmentação eritrocitária (ex: valvopatias, malária) . Hereditárias (ex: síndrome de gilbert) . Metabólicas (ex: hipotireoidismo, drogas, hipoglicemia) . Redução no transporte de bilirubina (ex: ICC, choque, hipoxia, desidratação, hipoalbuminemia) • Hiperbilirrubinemia direta Alterações na excreção intra-hepática . Hereditárias (ex: colestase intra-hepática recorrente) . Adquiridas (ex: doença hepatocelular, colestase induzida por medicamentos, gravidez) Alterações na obstrução biliar extra-hepática . Congênita (ex: atresia das vias biliares) . Adquiridas (ex: cálculos, estenose, neoplasia das vias biliares ou do pâncreas) Principais tipos de icterícia . Anemias hemolíticas (decorre do aumento da oferta de bilirrubina indireta) . Doença de gilbert (decorre de um déficit na captação da bilirrubina indireta pelo hepatócito) . Cirrose hepática e hepatites (decorre da dificuldade no metabolismo da bilirrubina dentro do hepatócito) . Icterícias induzidas por medicamentos, por exemplo, anabolizantes (decorrem da excreção de bilirrubina conjugada pelo polo excretor do hepatócito e pelos canalículos biliares) . Colecolitíase e neoplasia da cabeça do pâncreas e das vias biliares (decorrem da obstrução das vias biliares extra-hepáticas) Temperatura corporal - É a quantidade de calor de um corpo - É regulada pelo centro termorregulador no hipotálamo (quando a temperatura atinge 37 graus inicia-se a sudorese e quando a temperatura cai abaixo de 37 graus ocorre vasoconstrição e piloereção) PDT - Pode ser: . Interna = se mantém constante (apresenta pequenas variações) . Externa = sofre variações de acordo com as condições ambientais Locais de verificação - A temperatura pode variar de acordo com local em que é registrada - Podem ser aferidas as temperaturas: . Axilar . Oral . Retal . Timpânica . Arterial pulmonar . Esofágica . Nasofaríngea . Vesical Procedimento 1- Limpar termômetro 2- Com o paciente em repouso colocar o termômetro em íntimo contato com a pele por 3 minutos (no caso do termômetro de mercúrio) ou até apitar (no caso do termômetro eletrônico) 3- O bulbo deve estar em contato com a prega axilar (não no cavo) 4- Limpar novamente o termômetro Valores normais - Axilar = 35,5 a 37 graus - Bucal = 36 a 37,4 graus - Retal = 36 a 37,5 graus Síndrome febril - Febre é a temperatura corporal que se encontra acima da faixa de normalidade - Pode ser causada por um distúrbio central ou por substâncias tóxicas e pirogênios (ex: toxinas bacterianas) Fisiopatologia da febre 1- Pirogênios (substâncias secretadas por bactérias ou liberadas por tecidos em degeneração) agem sobre o centro termorregulador do hipotálamo elevando o limiar térmico 2- Quando a temperatura ultrapassa o limiar são desencadeados mecanismos de dissipação de calor (vasodilatação periférica e sudorese) • Os pirogênios podem agir através de 3 vias: . Via humoral 1 (via associada á infecções) = ocorre ativação de receptores na barreira hematoencefálica pelos fatores exógenos resultando na liberação de pirogênios endógenos (IL-1 e TNF) que vão agir no hipotâlamo . Via humoral 2 direta (via que não tem associação com infecções) = ocorre ação de citocinas diretamente no núcleo pré-óptico do hipotâlamo . Via humoral 2 indireta = citocinas ativam os receptores da barreira hematoencefálica produzindo substâncias que vão agir no hipotâlamo Sintomas - Elevação da temperatura - Astenia - Inapetência - Cefaleia - Taquicardia - Taquipneia - Taquisfigmia - Oligúria - Mialgia - Calafrios - Sudorese - Náuseas - Vomito - Delirio - Confusão mental PDT - Convulsão Causas - Infecções (ex: tuberculose, endocardite, malária) - Lesões teciduais - Processos inflamatórios - Neoplasias malignas - Doenças do sistema nervoso - Anemias hemolíticas - Medicamentos - Doenças reumatológicas Características 1- Início . Súbito = de uma hora para outra, geralmente acompanhado por outros sinais e sintomas da síndrome febril . Gradual = foi aumentando a temperatura 2- Intensidade . Normal = 35,5 a 37 graus . Febre leve/febrícula = 37,1 até 37,5 graus . Febre moderada = 37,6 a 38,5 graus . Febre alta ou elevada = a partir de 38,6 graus 3- Duração . Febre recente = início há menos de 7 dias . Febre prolongada = início há mais de uma semana (ex: ocorre em casos de tuberculose, malária, endocardite e linfomas) 4- Evolução (quadro térmico) . Febre contínua = sempre acima do normal, com variações de até 1grau (ex: ocorre em casos de pneumonia e endocardite) . Febre irregular = picos muito altos intercalados com períodos sem febre (ex: ocorre em casos de sepse, tuberculose, abscesso pulmonar) . Febre remitente = sempre elevada, mas com variações de mais de 1grau (ex: ocorre em casos de tuberculose, pneumonia) . Febre intermitente = a hipertermia é ciclicamente interrompida por um período de temperatura normal. Pode ocorrer todo dia de manhã (cotidiana) ou um dia com febre e no outro sem (febre terçã) ou 1 dia com febre e 2 dias sem (febre quartã) (ocorre em casos de malária, linfomas) PDT . Febre recorrente = marcado por um período de temperatura normal que dura dias ou semanas. Durante a fase de febre não há grandes oscilações (ex: ocorre em casos de doença de Hodgkin e outros linfomas) 5- Término . Em crise = desaparece de repente . Em lise = vai desaparecendo gradualmente Hipertermia - É o aumento da temperatura corporal por aumento da produção de calor ou diminuição de sua perda - Nesta o termostato hipotalâmico não está alterado (diferente da febre) - Causas = produção excessiva de calor emexercício físico intenso, hipertireoidismo e hipertermia maligna (síndrome hipermetabólica de causa desconhecida deflagrada por anestésicos gerais, relaxantes musculares e estresse) Hipotermia - É a diminuição da temperatura abaixo de 35 graus na axila ou 36 graus no reto - Ocorre pela redução da produção de calor ou aumento de sua perda - Causas = situações de frio intenso, infecções graves, hipotireoidismo, choque, síncope, hemorragias graves, coma diabético, politraumatismos, abuso de álcool e drogas ilícitas
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