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Puerpério

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Fonte: Rezende Obstetrícia, Rotinas em Obstetrícia, Medcurso 2019 
Introdução 
 O puerpério é um período cronologicamente 
variável, de definição imprecisa, durante o qual se 
desenrolam todas as manifestações involutivas e 
de recuperação da genitália materna após o parto. 
 Em geral, a involução puerperal completa-se no 
prazo de 6 semanas e o período que se sucede ao 
parto pode ser dividido em: 
→ Pós parto imediato: do 1º ao 10º dia; 
→ Pós parto tardio: do 10º ao 45º dia; 
→ Pós parto remoto: além do 45º dia. 
Pós parto imediato 
 No pós-parto imediato, a crise genital predomina; 
prevalecem os fenômenos catabólicos e 
involutivos das estruturas hipertrofiadas ou 
hiperplasiadas pela gravidez, notadamente das que 
abrigavam o concepto, ao lado de alterações gerais 
e, sobretudo endócrinas, quase todas relacionadas 
com a regressão das modificações gestacionais do 
organismo. 
Involução uterina 
o A involução uterina ocorre principalmente por uma 
diminuição no tamanho das fibras musculares 
(miócitos) à custa de diminuição do citoplasma, 
mas não de seu número. 
o É mais rápida nas mulheres que amamentam. 
o Isso ocorre, pois a estimulação dos mamilos e da 
árvore galactófora acarreta a produção de 
ocitocina pela neuro-hipófise. 
o Este hormônio promove a ejeção do leite e desperta 
as contrações uterinas referidas pela paciente como 
cólicas. 
o Este fenômeno descreve o chamado reflexo útero-
mamário. 
 
 Útero 
→ O fundo uterino que se encontrava à altura do 
escavado epigástrico situa-se um pouco acima 
da cicatriz umbilical, firmemente contraído. 
→ O útero deve manter sua porção corporal 
firmemente contraída, e o segmento inferior 
acotovela-se ao limitar-se com o anel de 
contração do corpo da matriz na parte superior. 
→ No útero de consistência firme, o elemento 
primordial da hemostasia é o chamado globo de 
segurança, que promove as ligaduras vivas, de 
Pinard, relacionadas com a constrição dos vasos 
parietais pelo miométrio bem contraído, 
fenômeno que surge com a saída da placenta. 
Contração uterina x Hemostasia 
o As contrações uterinas vigorosas no pós-parto 
imediato respondem pela hemostasia da ferida 
placentária. 
o A cada contração uterina, o miométrio comprime 
os vasos uterinos parietais e contribui para a 
diminuição do sangramento. 
o Ao útero contraído, de consistência firme, damos o 
nome de “globo de segurança de Pinard” e a ação 
hemostática da contração miometrial sobre os 
vasos uterinos parietais é denominada de 
“ligaduras vivas de Pinard”. 
o A hemostasia é completada pela trombose dos 
orifícios vasculares abertos no sítio placentário. 
 
→ O ritmo da involução não é constante. Entre o 3 
o e o 10 o dia, os processos regressivos 
desenrolam-se em compasso acelerado, 
alentecendo-se depois. 
→ Até o 10 o dia, a matriz é órgão abdominal; 
depois retorna à pelve. 
 
→ Na lactante, a involução uterina é mais rápida, 
em decorrência da exacerbação da retração e 
contratilidade uterinas a cada amamentação. O 
reflexo uteromamário diz respeito à estimulação 
dos mamilos e da árvore galactófora que 
desperta as contrações uterinas, acusadas pela 
paciente como cólicas. 
→ O processamento da involução e da regeneração 
da ferida placentária, da caduca parietal e das 
demais soluções de continuidade sofridas pela 
genitália no parto, vincula-se à produção e à 
eliminação de considerável quantidade de 
exsudatos e transudados, os quais, misturados 
com elementos celulares descamados e sangue, 
são conhecidos pela designação de lóquios. 
→ Nos primeiros 3 ou 4 dias, os lóquios são 
sanguíneos (lochia cruenta, lochia rubra), depois 
tornam-se serossanguíneos (lochia fusca), de 
coloração acastanhada. 
Lóquios 
vermelhos 
Sangue vivo que é eliminado nos 
primeiros dias após o parto. 
Lóquios 
serosos 
Depois de 3 a 4 dias de pós-parto, a 
eliminação fica descorada. 
Lóquios 
claros 
Em torno do 10º dia após o parto, a 
eliminação fica esbranquiçada. 
 
 Vagina 
→ As transformações regressivas de maior 
evidência desenrolam-se no epitélio escamoso 
de revestimento. 
→ A partir do 3 o ou 4 o dia os esfregaços vaginais 
vão se tornando nitidamente atróficos e, ao final 
do pós-parto imediato (10 o dia), à metade, ou 
menos, o epitélio fica abreviado das 30 a 35 
carreiras celulares achadas à ocasião do parto 
Pós parto tardio 
 É o circuito biológico em que todas as funções 
começam de ser influenciadas pela lactação, que no 
estádio seguinte, pós-parto remoto, domina 
francamente o panorama puerperal. 
 Útero 
→ Continua a regredir, porém muito lentamente 
até 6 semanas, sem retornar, nunca mais, às 
proporções encontradas nas nulíparas. 
→ O corrimento loquial prossegue comumente até 
meados do pós-parto tardio, passando de 
serossanguíneo a seroso (lochia flava). 
 Vagina 
→ Objetivada pela descamação do epitélio, 
reduzido às camadas profundas, a crise vaginal 
alcança, pelo geral, sua regressão máxima em 
torno do 15 o dia pós-parto; a partir de então se 
esboçam as primeiras manifestações 
regenerativas. 
→ Nas mulheres que não amamentam, a citologia 
mostra aceleração do processo vaginal 
evolutivo, quando comparadas às nutrizes. 
 
Pós parto remoto 
 Nas mulheres que não amamentam, a 
menstruação retorna, em média, com 1,5 mês e 
precedida de ovulação, ao contrário do que se 
pensava anteriormente. 
 Nas lactantes os prazos dependem da duração do 
aleitamento. 
Assistência pós parto 
 Hemorragia pós parto (melhor visto em resumo 
reparado) 
→ A hemorragia puerperal permanece como uma 
das principais causas de mortalidade materna 
em todo o mundo. 
→ É definida e diagnosticada clinicamente como 
um sangramento excessivo que torna a 
paciente sintomática (vertigem, síncope) e/ou 
que resulta em sinais de hipovolemia 
(hipotensão, taquicardia ou oligúria). 
→ As quatro principais causas de hemorragia pós 
parto são: atonia uterina, laceração do trajeto 
de parto, retenção placentária ou fragmentos, 
coagulopatia. 
 Episiorrafia 
→ Caso seja executada, é preciso analgesia 
adequada, que pode ser feita com paracetamol 
500 mg 6/6 h, VO e/ou dipirona 600 mg 6/6h, 
VO e/ou codeína 30 mg 6/6h, VO, se necessário, 
para se evitar o aparecimento da dor, que deverá 
melhorar a cada dia. 
→ Não necessita de curativo, e orienta-se às 
pacientes que façam a higienização com água 
corrente e sabonete após eliminações. 
→ Ao se examinarem as episiorrafias, devem-se 
afastar hematomas, infecções e deiscências. 
→ Hematomas: se presente, deve ser avaliado 
quanto à necessidade de drenagem e, caso seja 
necessária, esta deve ser feita sob anestesia 
regional ou geral. 
→ Infecção: é rara e ocorre em 0,1% dos casos, 
aumentando para 1 a 2% quando for após 
lacerações de 3º e 4º graus. Nesses casos de 
infecção, a ferida operatória necessita ser 
desbridada, com intensa lavagem, e, se houver 
presença de celulite, uma cobertura 
antimicrobiana de amplo espectro pode ser 
utilizada com posterior fechamento por segunda 
intenção. 
Infecção 
superficial de 
episiotomia 
Analgesia e observação da 
evolução; 
Infecção de fáscia 
superficial 
Antibiótico de amplo espectro 
(ampicilina + aminoglicosídeo + 
clindamicina) com cicatrização 
por segunda intenção. 
Está indicada exploração 
cirúrgica se: eritema e edema 
que se estendam além da incisão 
com flutuação e/ou necrose, 
não houver melhora clínica após 
24/48 horas de 
antibioticoterapia, a paciente 
apresentar manifestações 
sistêmicas. 
Fascite 
necrosante 
Amplo desbridamento cirúrgico 
+ antibioticoterapia de amplo 
espectro; 
Mionecrose Extremamente rara. Necrose 
que se estende até o músculo. 
Amplo desbridamento cirúrgico 
+ penicilina. 
 
 Ferida operatória (cesariana) 
→ A ferida operatória tem de ser diária e 
cuidadosamente examinada, buscando-se sinais 
de seroma, hematoma e infecção. 
→ Nesses casos, são feitasa abertura dos pontos e 
a drenagem da secreção serosa ou purulenta 
com observação rigorosa quanto à área de 
eritema ou ao aparecimento de necrose. 
→ Devem ser feitos curativos diários com soro 
fisiológico e gaze inserida. 
→ Utiliza-se antibioticoterapia quando houver área 
de celulite ou sinais de infecção. 
 Infecção pós parto 
→ De acordo com a definição de infecção 
puerperal, o aumento da temperatura corporal 
pode ser considerado fisiológico se iniciar nas 
primeiras 24h e durar menos do que 48h. 
→ Além disso, é importante lembrar que a ausência 
de febre não significa ausência de infecção. Da 
mesma forma, a ocorrência de pico febril isolado 
é frequente no puerpério e normalmente 
apresenta resolução espontânea, sobretudo 
após parto normal. 
Portanto, a febre não é parâmetro único da infecção 
puerperal, mas sim um sinal objetivo que deve ser 
observado e avaliado cuidadosamente. 
→ Infecção puerperal ou morbidade febril 
puerperal pode ser definida como um quadro 
febril (temperatura corporal superior a 38ºC) 
com duração superior a 48h, dentro dos 
primeiros dez dias do puerpério, excluindo-se 
as primeiras 24 horas. 
A cesariana é isoladamente o principal fator de risco 
para infecção puerperal. Em comparação aos partos 
vaginais, a cesárea eleva o risco de endomiometrite 
em 5-30 vezes, o de bacteremia em 2-10 vezes, o de 
abscesso e tromboflebite pélvica séptica em duas 
vezes e o de morte por infecção em cerca de 80 vezes. 
→ A maioria dos processos infecciosos febris no 
pós-parto é causada por infecção do trato genital 
inferior. 
→ A endometrite é considerada a forma clínica 
mais frequente de infecção puerperal e, 
provavelmente, constitui o início de quase todos 
os processos infecciosos do útero e anexos. 
Endometrite 
o Os sintomas se restringem ao útero 
subinvoluído, hipersensível, amolecido, colo 
entreaberto com lóquios piossanguinolentos e 
fétidos. Não há empastamento dos paramétrios 
ou massas palpáveis. Normalmente, cursa com 
febre alta. 
o É geralmente uma infecção polimicrobiana 
causada por bactérias que atingem o útero por 
via ascendente e que encontram no endométrio 
e no sítio de implantação da placenta bons meios 
de cultura. 
o As complicações da endometrite se relacionam à 
extensão da infecção para as cavidades pélvica e 
peritoneal com parametrite, salpingite, 
peritonite, abscesso pélvico, fascite necrotizante 
e choque séptico. 
o A antibioticoterapia deve ser iniciada logo após 
o diagnóstico e deve ser mantida até a paciente 
se tornar afebril, por 72 horas, e assintomática. 
o Esquema: Clindamicina: 900 mg IV 8/8h; + 
Gentamicina: 1,5 mg/kg IV a cada 8 horas. 
Infecções de episiorrafia 
o As infecções geralmente resultam de 
traumatismos e hematomas contaminados pela 
microflora vaginal. 
o Normalmente, as pacientes referem dor intensa 
na região perineal associada a hipertermia, calor 
e sinais de abscesso em formação. 
o A ferida operatória deve ser lavada diariamente 
com soro fisiológico 0,9%. 
o A antibioticoterapia deve ser mantida por sete a 
dez dias. 
o Esquema: Gentamicina 240 mg/dia (até 70 kg) ou 
320 mg/ dia (acima de 70 kg), IV, em dose única 
diária + Clindamicina: 600 mg IV 6/6h ou 900 mg 
IV 8/8h. 
Infecção da parede abdominal 
o A ferida operatória apresenta-se com 
hiperemia, calor, celulite e secreção purulenta. 
o O tratamento consiste no uso de antibióticos por 
sete a dez dias. 
o Esquema: Gentamicina 240 mg/dia (até 70 kg) ou 
320 mg/ dia (acima de 70 kg), IV, em dose única 
diária + Oxaciclina: 1 g IV 4/4h, por 24h; depois 
trocar para cefalexina de 500 mg VO de 8/8h OU 
Cefadroxil 500 mg VO 8/8h. 
 
 Imunizações: a paciente Rh-negativa, não 
sensibilizada (teste de Coombs indireto negativo), 
cujo recém-nascido for Rh-positivo, deve receber 
imunoglobulina anti-D na dose de 300 mg por via 
intramuscular em até 72 horas após o nascimento. 
 Cefaleia pós punção de dura-máter 
→ Uma complicação relativamente comum é a 
punção acidental da dura-máter com perda de 
líquido cerebrospinal e redução da pressão 
liquórica com o surgimento de cefaleia frontal 
com irradiação occipital, com piora na postura 
ortostática, que pode ser acompanhada de 
tonturas, náuseas, vômitos, distúrbios visuais, 
dor interescapular, rigidez de nuca e sintomas 
auditivos. 
→ O tratamento consiste em repouso no leito, 
hidratação e analgesia. 
→ Em casos graves, pode-se utilizar até injeção de 
sangue da própria paciente no espaço peridural 
(blood patch) para se fechar o orifício por onde 
houve o vazamento de líquido cerebrospinal. 
 Normas higiênicas e dietéticas, exercícios e 
deambulação 
→ A vulva e o períneo devem ser higienizados 
várias vezes ao dia, após as micções e 
evacuações, utilizando-se, por exemplo, 
triclosana. 
→ A genitália externa deve ser sempre protegida 
por absorvente higiênico pós-parto descartável, 
a ser substituído sempre que necessário. 
→ As normas dietéticas são as mesmas da gravidez, 
um pouco alteradas nas lactantes, com maior 
liberdade, sobretudo, na ingesta líquida. 
→ Deve-se estimular a paciente a mover-se 
livremente no leito, logo após o parto, e a 
exercitar os membros inferiores com frequência. 
Deambular, preferencialmente, 6 h após o parto 
vaginal evita riscos de tromboembolismo e 
acelera a recuperação puerperal. 
 Cuidado com as mamas 
→ Recomenda-se o uso de sutiãs apropriados. 
→ No 3 o dia pós-parto, é comum ocorrer 
apojadura, com desconforto considerável às 
pacientes. As mamas ficam ingurgitadas e 
dolorosas. 
→ Nesse caso, é possível aliviá-las suspendendo-as, 
aplicando-lhes bolsa de gelo e administrando 
ocitocina por via nasal, que provoca ejeção 
láctea, amenizando a congestão. 
Ocitocina spray nasal – 1 jato em cada narina 30 min 
antes das mamadas ou Ocitocina IM podem ajudar no 
estímulo a amamentação. 
Contraindicações para a amamentação 
HIV + Absoluta 
Lesões 
herpéticas 
mamárias 
Não devem amamentar na mama 
afetada até que as lesões sumam, 
porque o contato direto com as lesões 
pode transmitir o herpes-vírus simples 
para a criança. As mães devem ter 
higiene cuidadosa das mãos e cobrir 
eventuais lesões com as quais a criança 
possa entrar em contato; 
Tuberculose 
ativa 
Não devem amamentar até que não 
estejam contagiosas (geralmente duas 
semanas após o início da terapia 
antituberculostática), porque a 
tuberculose é transmitida por meio de 
gotículas respiratórias, e não do leite 
materno. As mães podem bombear o 
leite materno e dá-lo à criança; 
Varicela 
desenvolvida 
até 5 dias 
antes e 2 
dias após o 
parto 
Devem ser separadas de seus filhos, mas 
o seu leite ordenhado pode ser usado 
para alimentá-los; 
H1N1 Devem ser separadas de seus filhos até 
que estejam afebris. As mães podem 
bombear o leite para ser dado à criança; 
Hepatite 
materna 
É compatível com a amamentação após 
imunoprofilaxia adequada; 
Abuso de 
substâncias 
O abuso de substâncias pelas lactantes 
não é uma contraindicação categórica à 
amamentação. No entanto, a 
amamentação é contraindicada em 
mães que estejam fazendo uso de 
drogas ilícitas, como fenciclidina, 
cocaína ou cannabis; 
Álcool Pode mascarar a resposta da prolactina 
à amamentação e pode afetar o 
desenvolvimento motor da criança. 
Tabagismo Apesar de o tabagismo materno não ser 
uma contraindicação absoluta para a 
amamentação, deve ser fortemente 
desencorajado, pois ele está associado a 
risco aumentado de síndrome da morte 
súbita do lactente e alergia respiratória 
infantil; 
Galactosemia Absoluta. 
 
 
Problemas mais comuns em relação à amamentação 
o Ingestão de leite inadequada: pode ser devida a 
uma falha da criança para extrair leite ou a 
insuficiente produção de leite. Para se determinar a 
causa da ingestão de leite inadequada são 
necessárias história completa, observação direta da 
amamentação e determinação do volume de leite 
antes e após a alimentação. Asintervenções são 
fundamentadas no problema específico 
identificado; 
o Dor no mamilo e/ou mama incluem a lesão do 
mamilo ou vasoconstrição, ingurgitamento, dutos 
obstruídos e infecções de mama. Esses problemas 
se devem, normalmente, em parte, a técnicas de 
amamentação incorretas. 
o O importante é identificar e corrigir qualquer 
técnica inadequada. 
o A dor deve ser distinguida da sensibilidade dos 
mamilos que normalmente se resolvem até o 
quarto dia pós-parto. 
 
Ingurgitamento mamário 
o Caracteriza-se por estase láctea repentina em 
puérperas com bom estado geral, acompanhada 
de desconforto e hiperdistensão mamária e de 
hipertermia local e sistêmica. 
o A maioria dos casos de ingurgitamento ocorre 
entre 48 e 72 horas pós-parto e reflete a 
apojadura. 
o São várias as causas envolvidas neste processo: 
pega mamilar inadequada, sucção ineficiente, 
dificuldade de ejeção láctea, produção excessiva 
de leite e obstrução do ducto mamário resultante 
da formação intraductal de cristais, que 
possivelmente decorre de dieta rica em cálcio. 
o Sua gênese está envolvida com: 
 
Aumento da vascularização da mama e 
congestão vascular secundária à saída da 
placenta 
+ 
Acúmulo de leite nas mamas 
+ 
Edema secundário à obstrução da drenagem 
linfática causada pela estase do leite e por 
aumento da vascularização dos alvéolos 
 
o Tratamento: manutenção do aleitamento, o 
apoio físico e psicológico à puérpera. As mamas 
devem ser erguidas com sutiãs adequados. A 
frequência das mamadas deve ser aumentada e a 
ordenha do excesso de leite após a 
amamentação, manual (preferível) ou com 
bombas elétricas adequadas, é recomendável. 
Fissuras mamárias 
o São erosões alongadas em torno dos mamilos 
resultantes, na maioria das vezes, da pega 
inadequada do recém-nascido por má técnica ou 
por ingurgitamento mamário. 
o Permitem a entrada de germes no parênquima e 
predispõem à ocorrência de mastites, pois as 
fissuras são soluções de continuidade. 
o A prevenção das fissuras consiste na exposição 
das mamas ao sol e na lubrificação das mamas 
com o próprio leite antes e após cada mamada. 
o A paciente deve evitar o uso de pomadas ou 
cremes nos mamilos. 
o Na presença dessas lesões, a paciente não deve 
suspender a lactação e deve realizar ordenha 
frequente para evitar e/ou tratar o 
ingurgitamento mamário. 
 
Mastite puerperal 
o A mastite é um processo infeccioso, agudo ou 
crônico, que pode acometer todos os tecidos 
mamários (glandular, subcutâneo ou pele). 
o Em geral, a presença de fissuras mamárias resulta 
em quebra dos mecanismos de defesa do 
organismo e em aumento do número de 
bactérias sobre a pele da mama. 
o A penetração dos germes ocorre pelos linfáticos 
superficiais, expostos pelas fissuras mamilares. 
o O principal agente etiológico é o Staphylococcus 
aureus. Pode ser encontrado com menor 
frequência o Staphylococcus epidermidis e o 
Streptococcus do grupo B. 
o Possui como fatores de risco: a primiparidade e 
idade menor que 25 anos, ingurgitamento 
mamário, fissura mamilar, episódio anterior de 
mastite, traumas diretos sobre as mamas, 
infecção da rinofaringe do lactente, má higiene e 
anormalidades mamilares. 
o O processo tem início com a estase láctea. 
o Depois surgem os sinais clássicos de inflamação: 
dor, calor, rubor, de início súbito associado à 
febre alta (39º a 40ºC), calafrios e turgência 
mamária extensa. 
o Como medidas profiláticas, citam-se a higiene 
vigorosa, a prevenção do ingurgitamento 
mamário e de fissuras. 
o O tratamento das pacientes envolve o uso de 
analgésicos, antitérmicos, suspensão adequada 
das mamas (sutiãs adequados), esvaziamento 
completo das mamas para evitar a estase 
(preferencialmente por ordenha manual) e 
antibioticoterapia. 
o As cefalosporinas de primeira geração são boa 
escolha (cefalexina). Outras opções são a 
ampicilina, eritromicina e lincomicina. 
o A amamentação deve ser mantida em ambas as 
mamas, com início preferencialmente pela mama 
não afetada. 
*A evolução arrastada da mastite está 
frequentemente associada à presença de germes 
resistentes aos antibióticos utilizados, dose 
insuficiente ou evolução para abscesso mamário. 
 
Abscesso mamário 
o Corresponde à presença de coleção purulenta no 
parênquima mamário. 
o A antibioticoterapia deve ser instituída, e a 
drenagem cirúrgica sob anestesia está indicada 
se houver flutuação. 
o A incisão cirúrgica deve ser radial e o mais 
distante possível da aréola para que se possa 
preservar a lactação e para se evitar a secção dos 
ductos principais. 
o Em linhas gerais, a amamentação deve ser 
mantida, exceto nos casos de drenagem 
purulenta espontânea pela papila e de incisão 
cirúrgica muito próxima do mamilo. 
o Nessas situações, a amamentação na mama 
contralateral deve prosseguir normalmente, e a 
mama afetada deve ser esvaziada por ordenha 
manual ou por bomba elétrica adequada. 
o A amamentação deve ser restabelecida tão logo 
o processo infeccioso tenha se resolvido. 
 
 
 Micção e função intestinal 
→ Ao início, muitas pacientes têm dificuldades na 
micção, que podem ser, por vezes, superadas, 
recorrendo-se a meios simples. 
→ A constipação intestinal é frequente, 
principalmente, quando não há o levantar 
precoce, ou a paciente permanece por longo 
período em jejum ou já tem constipação crônica. 
→ Após o 3 o dia sem evacuação espontânea, 
deve-se prescrever laxativos como sorbitol + 
laurilsulfato de sódio, 1 bisnaga por via retal, ou 
bisacodil, 1 comprimido por via oral. 
→ Ingesta de líquidos (2.000 mℓ/dia) e dieta rica 
em frutas e fibras vegetais devem ser 
estimuladas. 
 Exames diários até o 2º dia 
→ Temperatura, pulso e pressão: nas primeiras 24 
h, pode haver certa pirexia, o normal é a 
ausência de febre, caracterizada pela 
temperatura abaixo de 38°C. A chamada “febre 
do leite”, concomitantemente com a 
apojadura, no 3º dia, é considerada fisiológica 
por alguns, embora outros a encarem como 
resultante da ascensão de germes vaginais à 
cavidade uterina, habitual nessa época. O pulso 
tende a ser bradicárdico, 60 a 70 bpm, em 
virtude, provavelmente, do repouso 
experimentado pela puérpera. 
→ Palpação do útero e da bexiga: o útero 
puerperal tem consistência firme, é indolor e 
altamente móvel decorrente da flacidez dos 
seus elementos de fixação. Ao examiná-lo, é 
necessário palpar sempre a bexiga; em razão de 
suas conexões anatômicas com a matriz, a 
bexiga cheia pode deslocar o útero para cima, 
falseando o resultado das medidas. Nas 
primeiras 12 h do sobreparto, a altura do fundus 
uteri está ao redor da cicatriz umbilical. Do 2 o 
dia em diante, diminui progressivamente, na 
média de 1 cm. 
 
→ Exame dos lóquios: nos primeiros 3 ou 4 dias, 
observa-se corrimento abundante e sanguíneo. 
Os absorventes higiênicos pós-parto ficam 
embebidos de fluxo vermelhoescuro. O 
encarnado rutilante evidencia perda 
hemorrágica, que é anômala. Os lóquios 
serossanguíneos têm coloração acastanhada. 
Quando normais, seu cheiro é peculiar; a fetidez 
sugere decomposição do conteúdo vaginal por 
anaeróbios, e a parada do fluxo na 1 a semana 
do pós-parto, loquiometria, é sinal ominoso, 
indicativo de infecção. 
→ Inspeção do períneo: é sempre indicada para se 
fiscalizar a cicatrização das eventuais suturas de 
episotomia ou de perineorrafia, além de se 
verificar a existência de hemorroidas. 
→ Exame dos membros inferiores: objetiva 
reconhecer o aparecimento precoce das 
tromboses venosas. 
 Depressão pós parto 
→ De fato, durante os primeiros dias após o parto, 
as mães podem apresentar sintomatologia do 
blues pós parto: fadiga, ansiedade, sono 
desordenado e mudança de humor. 
→ A depressão pós-parto caracteriza-se por 
mudança de humor, ansiedade, irritabilidade, 
depressão, pânico e fenômenos obsessivos. 
→ Os primeiros sintomas geralmente aparecem 
entre a 4ª e a 6ª semana pós-parto. No entanto, 
a depressão pós-partopode começar a partir do 
momento do nascimento, ou pode resultar de 
uma evolução contínua desde a gravidez. 
→ São fatores de risco: história de depressão em 
gestações ou puerpérios anteriores, gestação 
indesejada, eventos traumáticos na gestação e 
no parto, baixo suporte social, baixo nível 
socioeconômico, adolescência, história de 
síndrome pré-menstrual com sintomas 
depressivos ou presença de transtornos de 
humor ou mentais prévios, tabagismo ou drogas 
ilícitas e hiperêmese gravídica. 
→ O tratamento consiste em aconselhamento com 
terapeutas treinados, grupos de ajuda e/ou 
medicações antidepressivas seguras para o 
período da amamentação. 
→ Os antidepressivos tricíclicos estão há muito 
tempo em uso, e sua segurança tem sido 
estabelecida ao longo dos anos, particularmente 
a amitriptilina. 
Blues puerperal 
o Se caracteriza por alterações de humor 
transitórias, benignas e autolimitadas. 
o Apesar da tristeza e do choro fácil, a puérpera 
afirma que gosta do recém-nascido e tem vontade 
de amamentar, o que a diferencia da depressão pós-
parto. 
o O quadro geralmente tem início no terceiro dia 
após o parto e desaparece espontaneamente por 
volta do 14º dia de puerpério. 
Orientações na alta hospitalar 
 Anticoncepção 
→ O momento da alta hospitalar é o momento 
adequado para se discutir com o casal o 
planejamento familiar. 
→ Podem ser estimulados métodos de barreira, 
como o condom e o dispositivo intrauterino 
(DIU), como também hormonais, contendo 
apenas progestágenos, como o desogestrel 75 
mg por via oral em administração contínua (sem 
intervalos entre as cartelas) ou por via 
intramuscular como o acetato de 
medroxiprogesterona 150 mg por via 
intramuscular 90/90 dias. 
Métodos hormonais combinados com estrogênios 
não devem ser utilizados, a fim de não prejudicar a 
amamentação. 
 Vida sexual 
→ Não há momento definido como ideal para o 
retorno às relações sexuais, e a recomendação é 
de que, após duas semanas de puerpério 
normal com adequada cicatrização e desejo da 
paciente, elas podem ser reiniciadas. 
→ No puerpério imediato, como nas últimas 
semanas da gravidez, a libido está, em geral, 
adormecida. 
→ A resposta sexual, 6 a 8 semanas após o parto, 
ainda não é satisfatória, pois há congestão 
vascular lenta após o estímulo, subordinada à 
turgência da vulva e à lubrificação excessiva da 
vagina, com distensão concomitante desse 
órgão, rugosidades ausentes e constricção 
muscular reduzida. 
→ No pós-parto imediato, além de ausência de 
atração sexual e dispareunia – sequela habitual 
das episiotomias e dos diversos 
tocotraumatismos resultantes da passagem do 
feto –, muitas pacientes têm elemento negativo 
na amamentação. 
Deve-se esclarecer ao casal que relação sexual não 
é apenas um ato genital e que o carinho, o apoio e 
o conforto devem ser valorizados. 
→ Não raro, é importante a prescrição de 
lubrificantes vaginais para se amenizar algum 
desconforto, evitando-se, assim, a dor.

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