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1 Stephane D’arc – Saúde da Mulher Doença hipertensiva específica da gravidez Introdução É uma das complicações mais frequentes da gravidez. Na maioria dos casos, as pacientes cursam com o quadro leve da doença, porém uma parcela pode desenvolver a forma grave (eclâmpsia e síndrome HELLP) que constituem importante causa de morbidade materna grave. ➢ A DHEG é a maior causa de mortalidade materna no Brasil. ➢ 90% é manifestada após 34 semanas gestacional, e os 10% que se manifestam de forma precoce tendem a ser mais graves. Classificação Pré-eclâmpsia: Hipertensão arterial com proteinúria e/ou edema de mãos e face. Considerada hipertensão: → PAs de pelo menos 140mmHg + PAd de pelo menos 90 mmHg A proteinúria significante é definida como pelo menos 0,3g/L em urina de 24 horas ou de pelo menos 1+ pelo método quantitativo de fita (Hanna explicará no resumo dela). Eclâmpsia: paciente que possui pré-eclâmpsia e cursa com convulsões. Hipertensão crônica: hipertensão arterial persistente anterior a gravidez ou anterior a 20 semanas que se mantém após o puerpério. Pré-eclâmpsia ou eclampsia associada á hipertensão arterial crônica: é o aparecimento de pré-eclâmpsia ou eclampsia em paciente com antecedente de hipertensão arterial crônica. Hipertensão transitória: é quando a paciente tem elevação dos níveis pressóricos no final da gestação ou no início do puerpério (24 horas de pós-parto), sem proteinúria e que retorna aos valores normais em até 10 dias após o parto. Doença hipertensiva não classificável: quando não há informação suficiente para classifica-la. Fisiopatologia O Zugaib fala de forma bem resumida sobre a fisiopatologia, então vou explicar da forma que o sanar aborda. Ok.. como é que a DHEG se desenvolve? Primeiro precisamos ter em mente que a pré-eclâmpsia é uma doença endotelial que surge como consequência de uma má placentação. Presta atenção aqui para entender. Tá vendo essa imagem ai?? O ultimo quadro é uma para identificar o que ocorre em uma paciente que não possui pré-eclâmpsia. O diâmetro da artéria uterina torna-se muito avantajado, ou seja, o fluxo chega a aumentar 16x para receber a gestação. Contudo, quando temos fatores: • Oxidativos • Imunológicos • Genéticos Eles criam dificuldade para que haja uma boa placentação. Além disso, eles fazem com que o diâmetro da artéria espiralada/arqueada não aumente o suficiente, consequentemente o fluxo também não aumenta de maneira esperada para que se tenha 2 Stephane D’arc – Saúde da Mulher uma gestação comum. Porém, a placenta vai fazer de TUDO para levar nutrientes e oxigênio para o feto. A placenta passa a produzir fatores que ao caírem na corrente sanguínea geram espasmo arteriolar e coagulação intravascular disseminada. Entendendo isso ai fica fácil perceber o porquê da pré-eclâmpsia ter capacidade de atingir qualquer órgão. Não entendeu ainda?? Resumindo: ela é uma doença gerada devido a uma má placentação que acaba levando a uma lesão endotelial que gera o que eu falei ai em cima – espasmo arteriolar e coagulação intravascular disseminada. Alterações Cardiovasculares Sabemos que a pressão arterial nada mais é que o resultado do débito cardíaco e da resistência periférica total. Além disso, sabemos também que apesar do debito cardíaco aumentar cerca de 50% durante a gestação normal, pelo aumento correspondente do volume plasmático, o nível da pressão arterial normalmente não se eleva. (isso é o normal, mas e na mulher com DHEG?) Na DHEG, o volume plasmático é menor em comparação com a gestação normal. Com a lesão endotelial temos aumento da permeabilidade capilar, havendo extravasamento do plasma para o meio extravascular o que dá origem ao edema e à hemoconcentração. ❖ Com o aumento da viscosidade sanguínea surgem os fenômenos trombóticos. Em decorrência dos espasmo generalizado, a resistência periférica total torna-se elevada, com consequente isquemia em todos os órgãos. Então lembre-se: O aumento da resistência periférica total é o principal responsável pela elevação da pressão arterial na DHEG. O zugaib fala de alguns estudos que tentam avaliar como possíveis fatores humorais podem causar o vasoespasmo. Entre os vasoconstritores endógenos mais estudados, temos: • Catecolaminas • angiotensina II • endotelina As catecolaminas possuem ação mínima. As concentrações de angiotensina II são menores em mulheres com pré-eclâmpsia. LEMBROU DO MÓDULO DE FUNÇÕES????? A importância da angiotensina II no controle da pressão arterial. entendeu agora??? Se a taxa de angiotensina II está diminuída nessa mulher ela terá um problemão. A endotelina encontra-se elevada na pré- eclâmpsia. Caso você não lembre: as endotelinas são peptídeos que promovem constricção dos vasos sanguíneos e aumentam a pressão arterial. Mesmo com esse aumento de endotelina, o zugaib traz que a concentração plasmática dela nas mulheres com DHEG não são suficientes para produzir a contração da musculatura lisa. Sendo assim, ele traz que a melhor explicação para o vasoespasmo presente na DHEG seja uma resposta exacerbada á agentes vasopressores em comparação com a gestante normal. Prostaglandinas O desequilíbrio entre prostaglandinas vasodilatadoras (prostaciclinas) e vasoconstritoras (tromboxano A2 - TXA2), com predomínio destas últimas na circulação uteroplacentária, pode estar envolvido no desenvolvimento da DHEC. A lesão endotelial promove a diminuição da prostaciclina, potente vasodilatador e antiagregante O ZUGAIB resumiu isso aí em 5 linhas e logo depois trouxe as alterações em cada órgão. Então, abordarei isso agora. 3 Stephane D’arc – Saúde da Mulher plaquetário. O TXA2, por sua vez, liberado pelas plaquetas ativadas, é um importante vasoconstritor e agregante plaquetário. O aumento da relação TXA2/ prostaciclinas favorece o aumento da sensibilidade à infusão da angiotensina, ou seja, a vasoconstrição. Alterações de Coagulação Entre os indicadores mais sensíveis de coagulação intravascular disseminada destacam-se a plaquetopenia, o aumento dos produtos de degradação da fibrina e do fibrinogênio, a diminuição de antitrombina III e a redução da relação fração coagulante/fração antigênica do fator VIII. A etiologia dessas alterações da coagulação ainda é controversa. É provável que a lesão vascular secundária ao vasoespasmo seja a responsável direta pela coagulação intravascular disseminada. Alterações Renais Sabemos que na gestação normal, o fluxo plasmático renal e a filtração glomerular encontram-se aumentados em relação á mulher não grávida. Devido a isso e em consequência da hemodiluição, os níveis séricos de ureia, creatinina e ácido úrico diminuem. Ok... Na mulher com DHEG, a perfusão renal cai e isso gera uma diminuição no fluxo plasmático renal e na filtração glomerular. Consequentemente, os níveis de ureia e creatinina podem aumentar. ❖ A lesão glomerular na pré-eclâmpsia tem sido estuda· da desde o final do séc XIX. A presença de proteinúria significativa está na maioria das vezes relacionada a esse tipo de lesão, que é a responsável pelo aumento da permeabilidade a proteínas. Alterações Hepáticas Lesões hepáticas podem ser observadas em mulheres com pré-eclâmpsia grave e eclâmpsia e são secundárias ao vasoespasmo intenso. Em geral, ocorrem dois tipos de lesões: inicialmente., hemorragias periportais e, posteriormente. sinais de necrose, constituindo a necrose hemorrágica periportal. A elevação dos níveis séricos das transaminases é o reflexo de tais lesões. Alterações Pulmonares Na eclâmpsia, tanto o edema pulmonar como a broncopneumonia aspirativa são causas de insuficiência respiratória grave. Emvirtude de o território vascular estar diminuído pelo vasoespasmo, a infusão de soluções cristaloides ou coloides sem monitorização cuidadosa pode causar congestão e edema pulmonar, com insuficiência respiratória. Alterações Cerebrais As alterações cerebrais observadas na pré- eclâmpsia grave e na eclâmpsia podem ser explicadas por duas teorias: na primeira, a hipertensão grave levaria à vasoconstrição reflexa, com consequente queda do fluxo cerebral, edema citotóxico e eventuais áreas de infarto cerebral; e na segunda teoria a eclâmpsia representaria uma forma de encefalopatia hipertensiva na qual elevações abruptas da pressão arterial levariam à quebra dos mecanismos de autorregulação da circulação cerebral, com hiperperfusão disrupção dos capilares, extravasamento de plasma e eritrócitos, com edema vasogênico. Alterações uteroplacentárias O fluxo uteroplacentário encontra-se diminuído na DHEC, caracterizando o quadro de insuficiência placentária. O comprometimento da circulação uteroplacentária, com aumento da resistência, pode ser evidenciado de maneira direta pela Dopplervelocimetria de artérias uterinas e indiretamente pela Dopplervelocimetria de artéria umbilical. A invasão trofoblástica deficiente nas artérias espiraladas diminui o fluxo interviloso, e a vasoconstrição das arteríolas vilosas determina elevação da resistência vascular fetoplacentária, o que, por sua vez, repercute na Dopplervelocimetria umbilical com o achado de resistência vascular aumentada, diástole zero ou reversa. Referência ZUGAIB, M Obstetrícia. 2. ed. São Paulo Ed. Manole, 2012.
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