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TCC 2 - AMANDA SILVA FERNANDES - Finalizado

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AMANDA SILVA FERNANDES 
 
 
 
 
 
 
 
A (IN)CONVENCIONALIDADE DO CRIME DE DESACATO À VISTA DA 
CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PATOS DE MINAS 
2020 
 
 
AMANDA SILVA FERNANDES 
 
 
 
 
 
A (IN)CONVENCIONALIDADE DO CRIME DE DESACATO À VISTA DA 
CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
como requisito parcial de avaliação na disciplina 
de Trabalho de Conclusão de Curso II, do curso de 
Direito do Centro Universitário de Patos de Minas 
(UNIPAM), sob orientação do professor Me. 
Gabriel Gomes Canêdo Vieira de Magalhães. 
 
 
 
 
 
 
PATOS DE MINAS 
2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Se a liberdade significa alguma coisa, será sobretudo o direito de dizer 
às outras pessoas o que elas não querem ouvir. 
 
George Orwell
AGRADECIMENTOS 
 
 
Primeiramente, a Deus por abençoar cada caminho e cada escolha. Aos meus 
pais, Rosa Maria e Onilton César, por todo esforço, dedicação, amor e principalmente por 
não medirem esforços para ver sua filha bem e feliz, a todos os demais familiares que 
sempre buscam me apoiar e ajudar da melhor forma possível. 
Agradeço também a todos os meus amigos que estiveram comigo não só nesse 
momento, mas também em todos aqueles momentos de turbulência em que nada fazia 
sentido e tudo parecia desmoronar. Graças a todos vocês, em especial a Lorrany Alves, 
Lauanda Starley, Brenda Linkse e Brenda Linhares, eu pude ter a certeza de que 
conseguiria finalizar este trabalho e principalmente acreditar que tudo sairia da melhor 
forma possível. Ademais, além de agradecer pelo apoio gostaria de me desculpar pelas 
horas de reclamações, choros e desesperos. 
Além destes, não poderia deixar de agradecer e lembrar daqueles que já não 
estão aqui para partilhar este momento, mas que sempre foram pilares dessa caminhada e 
se fizeram fontes de inspiração, em especial a Dona Marli, por zelar sempre dos meus 
passos e clarear meus caminhos, e ao “Sô Hélio” por mesmo longe, ter acompanhado cada 
escolha, por ter sido do seu modo, o melhor avô que eu poderia ter e a quem eu dedico 
cada passo, cada conquista, cada crescimento e todo meu amor e admiração. 
Por fim, com muita gratidão e admiração, gostaria de agradecer ao meu 
orientador, Gabriel Gomes Cânedo Vieira de Magalhães, por ter sido, desde o início da 
graduação, uma fonte de inspiração, por todo apoio e auxilio no presente trabalho, além 
disso, deixo meu agradecimento especial a professora Wânia Alves Ferreira Fontes, por 
ter participado de forma efetiva de todo o desenvolvimento deste trabalho e por sempre 
estar disposta a ouvir, auxiliar e sanar dúvidas. 
 
 
 
 
 
 
 
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A (IN)CONVENCIONALIDADE DO CRIME DE DESACATO À VISTA DA 
CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS 
 
 Amanda Silva Fernandes1 
 
Sumário: 1 Introdução. 2 Contextualização histórica da criminalização do desacato. 2.1 
Desacato no ordenamento jurídico brasileiro. 3 Os contornos jurídico-constitucionais da 
Liberdade de expressão. 4 Origem do conflito de entendimentos. 4.1 Decisão da Quinta Turma 
do STJ no REsp 1.640.084-SP. 4.2 Decisão do STJ (Habeas corpus 379.269/MS). 4.3 ADPF 
496/DF proposta pela OAB. 4.4 Decisão do STF (Habeas corpus 141.949). 4.5 Julgamento da 
ADPF 496. 5 Previsão da CADH e sua aplicação jurídica no ordenamento jurídico brasileiro. 
6 A (in)convencionalidade do art. 331 do Código Penal. 7 Conclusão. Referências. 
 
Resumo: Objetiva-se, com o presente trabalho, realizar uma análise constitucional do tipo penal 
desacato expressamente tipificado no artigo 331 do Código Penal, bem como das decisões 
proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça acerca da 
aplicação de tal tipo penal. Deste modo, pretende-se também, investigar a possível 
(in)convencionalidade deste instituto tendo em vista as disposições presentes na Convenção 
Americana de Direitos Humanos e os direitos fundamentais previstos na Constituição Federal 
como a liberdade de expressão e de manifestação do pensamento. 
 
Palavras-chave: Desacato. Controle de Convencionalidade. Liberdade de expressão. 
Convenção Americana de Direitos Humanos. Constituição Federal. Supremo Tribunal Federal. 
Superior Tribunal de Justiça. 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Com altos índices de cometimento, o crime de desacato tem se tornado cada vez 
mais frequente no Brasil, por diversos fatores, dentre eles o recente histórico de 
descontentamento social, político e financeiro que traz por consequência um crescimento das 
manifestações sociais, sejam à favor ou contra quem está governando, ou no que diz respeito a 
atos do poder público que muitas vezes geram enormes divergências, ou também referentes à 
criação de leis e reformas que afetam diretamente os interesses da população. 
O desacato, no atual ordenamento jurídico brasileiro, tem previsão expressa no 
Código Penal, mais precisamente em seu artigo 331, fazendo parte portanto do título “Dos 
Crimes Contra a Administração Pública”, mais especificadamente do capítulo que trata dos 
 
1 Aluna do 8° Período do curso de Direito do Centro Universitário de Patos de Minas – UNIPAM 
E-mail: amandasilvaf123@gmail.com 
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crimes praticados por particulares contra a Administração em geral, deste modo, de acordo com 
texto legal, comete desacato quem: “Desacatar funcionário público no exercício da função ou 
em razão dela”, contudo, em uma análise as condutas que podem se enquadrar no verbo 
“desacatar” é possível observar que trata-se de um tipo penal de forma livre e extremamente 
aberto que portanto pode ser executado por meio de incontáveis condutas, o que tende a 
comportar diversas formas de interpretação no caso concreto, tornando-se portanto perigoso à 
ordem jurídica, uma vez que tal amplitude tem o condão de dar margem a subjetividades no 
momento da análise da conduta e de gerar uma insegurança jurídica, podendo inclusive admitir 
arbitrariedades em sua aplicação. 
Neste sentido, crescem as discussões acerca deste tipo penal, uma vez que para 
muitos a sua tipificação como crime não condiz com os preceitos fundamentais do Estado 
Democrático de Direito e nem mesmo com a ordem jurídica brasileira, tal posicionamento é 
pautado na tese de que a sua tipificação estaria em sentido contrário à previsão constitucional 
do direito à liberdade de expressão e a livre manifestação do pensamento, bem como, traria 
violações ao princípio da isonomia, uma vez que estar-se-ia colocando o funcionário público 
em um prisma de proteção superior aos particulares. 
Assim, a pesquisa ora proposta é de suma importância diante das recentes 
discussões a respeito da temática, fazendo-se necessário um estudo mais detalhado a respeito 
dos aspectos principais do crime de desacato, de sua criação e incidência na sociedade no 
decorrer dos tempos e, é indispensável discutir se no cenário social e jurídico atual existe espaço 
para a sua criminalização, buscando a responder a seguinte indagação: estaria o desacato na 
contramão do humanismo? Seria este crime uma forma de ressaltar e garantir a preponderância 
do Estado – personificado em seus agentes – sobre o indivíduo? 
Visando uma resposta a estas indagações serão analisadas decisões proferidas pelo 
Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça que deram início ao conflito de 
entendimentos, de modo especial as decisões da Quinta Turma do STJ no REsp 1.640.084-SP, 
do STF no Habeas corpus 141.949, a ADPF 496/DF proposta pela OAB e a decisão proferida 
pelo STJ no Habeas Corpus 379.269/MS, bem como dos argumentos que fundamentaram tais 
decisões, discorrendo também a respeito dos fundamentos do Estado Democrático de Direito, 
do respeito à liberdade de expressão e à livre manifestação do pensamento, e dos bensjurídicos 
protegidos pela norma do artigo 331 do Código Penal que trata do desacato. 
A presente pesquisa é do tipo téorico-bibliográfica, visto que foi desenvolvida com 
base no estudo de matérias doutrinários e jurisprudenciais, sendo realizada com a utilização do 
método dedutivo. 
7 
 
2 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA CRIMINALIZAÇÃO DO DESACATO 
 
Tendo em vista, que o assunto principal deste trabalho se relaciona ao tipo penal 
desacato, atualmente previsto expressamente no artigo 331 do Código Penal, como ponto de 
partida faz-se necessário uma breve análise do surgimento deste delito na sociedade, bem como 
de como se deu suas primeiras tipificações no ordenamento jurídico brasileiro. 
Desde a antiguidade, já era possível notar a existência de punições referentes à 
prática de atos que tivessem o condão de atingir a integridade física ou a moral da autoridade 
pública, inicialmente tais condutas não eram tratadas como um delito autônomo mas, como uma 
causa majorante do crime de injúria nos casos em que a vítima era uma autoridade pública 
específica. 
Neste mesmo sentido, no direito romano existiam as chamadas injuria atrox, 
expressão que ao ser traduzida tem o significado voltado a retratar situações em que ocorriam 
lesões terríveis, e que por consequência lógica, também traziam penas de caráter graves, de 
forma que são encontrados registros de penas de deportação e até mesmo de pena de morte para 
alguns casos. Essa previsão foi mantida com advento da Idade Média onde foi inclusive, 
estendida, de modo a proteger também os sacerdotes que viessem a ser vítimas de tais atos. 
Assim, a partir dos Códigos penais franceses de 1791 e 1810 ocorrera uma 
ampliação de codificação do delito de desacato, como explica o doutrinador: 
 
A partir dos Códigos Penais franceses de 1791 e 1810, já na era da codificação 
(seguidos pelos códigos de diversos países), ampliaram, de modo geral, essa 
figura delituosa para alcançar a todos os funcionários públicos, com a 
denominação de autrage, e, de modo geral, fundamentaram a criminalização 
dessas condutas na necessidade de assegurar aos agentes públicos a 
possibilidade de exercerem de modo eficaz suas funções e, assim, atingir a 
finalidade superior, de caráter eminentemente social, que a Administração 
procura. . (BITENCOURT, 2019, p.216) 
 
Desta forma e levando em consideração o contexto social, político e ideológico das 
referidas épocas, é possível notar que o objetivo da criminalização das condutas que viessem a 
configurar o desacato era diferente do que motiva a criminalização no dias atuais, ou seja, 
garantir o prestígio da função pública, como Cesare Beccaria demonstra, em tempos mais 
remotos criminalizar o desacato não era uma forma de proteger a função ou a administração 
pública: 
 
8 
 
Um governo autoritário, para se manter no poder, inicia sua dominação pelo 
controle de opinião, pois tem receio de que as pessoas que tem coragem de 
falar mal do governo influenciem outros com suas ideias e, assim, consigam 
tirar do poder quem lá está. (BECCARIA, 2013, p.79 apud MOURA, 2017, 
p.14).2 
 
Logo, em se tratando da antiguidade, tal tipo penal estava relacionado a um meio 
de se assegurar a moral e o poder de grupos considerados privilegiados e superiores, e que 
muitas vezes tinha por resultado a intimidação e o controle das classes menos favorecidas, de 
modo que, o tipo penal desacato estava na grande maioria dos casos ligado a ações arbitrárias 
de quem estava no poder, contra aqueles que com ele discordava. 
 
2.1 Desacato no ordenamento jurídico brasileiro 
 
No Brasil, os primeiros contornos históricos da criminalização do desacato foram 
ser percebidos com o advento das Ordenações do Reino Português que estiveram vigentes até 
o ano de 1830. Nelas estavam previstas a incriminação de injúrias que fossem praticadas contra 
os julgadores e seus oficiais. 
Também é possível encontrar resquícios de tipificação no Código Criminal de 1830 
que tratava da calúnia ou injúria agravadas “quando fossem cometidas contra qualquer 
depositário ou agente da autoridade pública, em razão de seu ofício” (Bitencourt, 2019, p. 216). 
Esteve o desacato presente também no Código Penal de 1890, que apesar de trazer 
a nomenclatura atual, adotava um conceito diferente do adotado pelo Código de 1940, uma vez 
que conforme seu artigo 134, era punida a conduta de: “desacatar qualquer autoridade, ou 
funcionário público, em exercício de suas funções, ofendendo-o diretamente por palavras ou 
atos, ou faltando à consideração devida e à obediência hierárquica” . 
Deste modo, chega-se a atual previsão do desacato, que foi dada pelo advento do 
Código Penal de 1940 em seu artigo 331, e que estendeu sua aplicação às ofensas proferidas 
contra o funcionário público no exercício da função ou em razão dela, de modo que, “a ação 
nuclear consiste no ato de desacatar, ou seja, ofender, humilhar, menosprezar ou desprezar” 
(Estefam, 2019, p. 659). 
Já no que diz respeito a quais condutas podem caracterizar o cometimento do crime 
de desacato, o texto legal continuou pecando, uma vez que manteve a abstração e 
 
2 BECCARIA, Cesare. Dos Delitos e das Penas. 7. ed. São Paulo: Martin Claret, 2013. 
 
9 
 
indeterminação acerca de como delimitar o que pode ou não configurar desacato, consoante as 
preleções abaixo transcritas: 
 
Pode o ato ser cometido por qualquer meio, tais como por meio de palavras 
(p. ex., xingamentos, sarcasmo), gestos (p.ex., apontar o dedo médio), risos 
debochados, vias de fato (p.ex., tapa na cara) etc. que deverão ser 
detalhadamente descritos na denúncia, sob pena de inépcia. Não se admite, 
contudo, a forma escrita. (ESTEFAM, 2019, p.659). 
 
No que se refere ao sujeito ativo, prevalece o entendimento de que se trata de um 
crime comum, logo qualquer pessoa poderá figurar no polo ativo da infração, desde que tenha 
o dolo específico de ofender o funcionário ou a função exercida. Apesar das discussões, o 
entendimento consolidado é no sentido de que, até mesmo o próprio funcionário público poderá 
cometer desacato, esse entendimento se consolidou por meio de uma decisão da Sexta Turma 
do Superior Tribunal de Justiça prevendo que: 
 
O crime em questão, de natureza comum, pode ser praticado por qualquer 
pessoa, inclusive, funcionário público, seja ele superior ou inferior hierárquico 
à vítima. Isto porque o bem jurídico a ser tutelado é o prestígio da função 
pública, portanto, o sujeito passivo principal é o Estado e, secundariamente, o 
funcionário ofendido. (STJ, HC 104.921/SP, Relatora: MIN. JANE SILVA, 
Data de julgamento: 21/05/2009, Sexta Turma) 
 
Para que a conduta praticada se caracterize como desacato, também será, segundo 
Estefam, (2019, p.661), “indispensável a ciência de que o destinatário da ofensa seja 
funcionário público”. Ademais, no que diz respeito a consumação, a doutrina entende que se 
trata de um crime formal, que consequentemente, se torna consumado no momento em que o 
funcionário toma conhecimento das ofensas ou atos. 
Por fim, no que se refere a possibilidade de admitir-se ou não a forma tentada, ainda 
não existe uma unanimidade doutrinária, de modo que para alguns doutrinadores, como Estefam 
(2019, p.662), “não é admitida a forma tentada, uma vez que o delito é unissubsistente”, ou 
seja, que se configura mediante um único ato de execução e não admite tentativa. 
Porém, existem entendimentos em sentido contrário, dentre eles é possível destacar 
o posicionamento de Bitencourt (2019, p.232) prevendo que: “A tentativa é, teoricamente, 
admissível, embora, por vezes, de difícil caracterização. Será admissível, contudo, quando o 
desacato for praticado oralmente” e de Andreucci (2018, p.540) entendendo que: “em tese, é 
admissível a tentativa”. Há também aqueles que, como Nucci (2020, p.1494), defendem que a 
tentativa “é admissível na forma plurissubsistente”, onde o crime para seconfigurar necessitará 
10 
 
de dois ou mais atos, e é justamente essa pluralidade de atos executórios que assegura a 
possbilidade de admissão da forma tentada. 
 
2 OS CONTORNOS JURÍDICO-CONSTITUCIONAIS DA LIBERDADE DE 
EXPRESSÃO 
 
Um dos elementos cruciais que fomentam e, devem sempre ser observados quando 
se refere à discussão acerca da (in) convencionalidade da tipificação do desacato como um 
ilícito penal, é o direito a liberdade de expressão e a livre de manifestação do pensamento. 
Porém, em primeira análise, cumpre destacar que embora o referido direito tenha 
sido verdadeiramente efetivado apenas no atual texto constitucional, já era possível encontrar 
resquícios de sua previsão desde a Carta Imperial de 1824 cujo artigo 179, IV, prevendo que 
todos poderiam comunicar seus pensamentos desde que respondessem pelos abusos que 
cometessem no exercício de seu direito. 
Ademais, não só nesse momento, mas também é possível encontrar disposições a 
respeito da liberdade de manifestação de pensamento na Constituição de 1891 e 1934, ambas 
regulamentando seu exercício, vedando a censura e responsabilizando os titulares pelos seus 
excessos, porém, nesta também era assegurado o direito de resposta. 
Assim, a previsão do direito à liberdade de expressão e de manifestação de 
pensamento continuou sendo prevista constitucionalmente com diferentes contornos a depender 
do contexto social de cada época, como por ser visto no artigo 122, n.15 alíneas a, b e c da 
Constituição de 1937, onde a ideologia trazia preceitos menos liberais e admitia maiores 
restrições ao direito. 
Limitações também existiram na Constituição de 1946 e na de 1967 e de 1969, nas 
quais o direito seguia assegurado, a cesura permanecia sendo vedada e assegurado o direito de 
resposta, porém não eram toleradas propagandas de guerra, de subversão da ordem ou de 
preconceitos de raça ou de classe. Nesta última também é necessário destacar a restrição da 
manifestação do pensamento no que diz respeito a diversões e espetáculos públicos, e a 
proibição de publicações e exteriorizações de pensamentos que fosses contrários a moral e aos 
costumes da época. 
À vista disso, é possível notar a grande importância desse direito no decorrer dos 
tempos e que atualmente pode ser verificada pela leitura do texto constitucional, mais 
especificadamente, do artigo 5°, IV da Constituição Federal, de modo que estar-se-á diante de 
11 
 
um direito e uma garantia fundamental que asseguram um dos princípios basilares do Estado 
Democrático de Direito brasileiro. 
Desta forma, não só a expressa previsão constitucional da liberdade de expressão, 
mas também a sua observância e aplicação tem sido um dos argumentos basilares daqueles que 
defendem a tese de que a criminalização do desacato afronta diretamente tal direito. 
Assim, extrai-se das preleções de Nunes Júnior que: 
 
Estamos diante de um direito e de uma garantia fundamental, previstos ambos 
na primeira e na segunda parte do inciso, respectivamente. A primeira parte 
(“é livre a manifestação do pensamento”) é um direito individual, ou liberdade 
pública ou direito negativo, ou seja, o Estado não poderá, em regra, interferir 
em nossa liberdade de expressão. (NUNES JÚNIOR, 2019, p.981) 
 
Cabe destacar que, é justamente a excepcional interferência do Estado na liberdade 
de manifestação da população que fomenta a discussão acerca do desacato, visto que ser livre 
para manifestar seus pensamentos, é essencial não só para a individualização e formação da 
personalidade do indivíduo e de assegurar a própria dignidade da pessoa humana, como também 
é extremamente importante para garantir a democracia e a pluralidade de ideias e 
posicionamentos. 
Porém, apesar de tamanha importância do referido direito, cumpre ressaltar que o 
mesmo não pode ser considerado como um fim em si mesmo, e nem mesmo aplicado de maneira 
absoluta, visto que, a depender do caso concreto, até mesmo os direitos fundamentais de maior 
importância podem sofrer relativizações, o que ocorre também com a liberdade de expressão. 
Assim sendo, “a liberdade de expressão há de se prestar à realização pessoal, à 
formação individual, à livre opção de cada um. Com efeito, não pode ser ela instrumento 
contrário à realização pessoal” (TAVARES, 2020, p. 628) e por isso mesmo e por não se tratar 
de um direito de caráter absoluto, as relativizações a este direito são admitidas. Assim é que “a 
liberdade de expressão comporta restrições, desde que previstas em lei, proporcionais e 
respeitadoras do seu núcleo essencial” (STF, ADPF 496, Voto do Min. e Rel. BARROSO, Data 
de Julgamento: 19/06/2020). 
 
3 A ORIGEM DO CONFLITO DE ENTENDIMENTOS 
 
As discussões referentes a existência do crime de desacato e de sua possível 
(in)convencionalidade com a Convenção Americana de Direitos Humanos e com o 
ordenamento jurídico brasileiro, surgem principalmente quando tal delito é colocado frente ao 
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direito à liberdade de expressão e da manifestação do pensamento bem como quando analisado 
tendo por base não só o ordenamento jurídico pátrio como também os tratados e convenções 
internacionais referentes aos direitos humanos. 
Assim, sendo o Brasil um país democrático, adepto do Estado Democrático de 
Direito e com enorme pluralidade de ideais e culturas, é comum a existência de divergências de 
posicionamentos não só da população mas também de seus representantes, e quando o assunto 
é o crime de desacato, tais divergências de posicionamentos parecem estar longe de se 
encerrarem. 
Conforme já mencionado, o desacato está previsto no âmbito jurídico mundial 
desde as épocas mais remotas, o que também ocorreu no ordenamento jurídico brasileiro. 
Atualmente, sob a égide do Código Penal de 1940, a tipificação penal passou a ser ampliada de 
modo a abranger ofensas proferidas contra o funcionário público no exercício da função ou em 
razão dela, e segundo Cleber Masson, a razão de ser e a justificativa principal para a criação do 
tipo penal previsto no artigo 331 do Código Penal, está ligada basicamente a proteção do 
exercício legitimo do cargo, de modo que: 
 
Todo funcionário público, do mais humilde ao mais graduado, representa o 
Estado, agindo em seu nome e em seu benefício, buscando sempre a 
consecução do interesse público. Consequentemente, no exercício legítimo do 
seu cargo, o agente público deve estar protegido contra investidas violentas 
ou ameaçadoras. Esta é a razão da criação do crime de desacato pelo art. 331 
do Código Penal. (MASSON,2018, p. 805) 
 
Tal justificativa para a criminalização da conduta de desacatar foi aceita por muito 
tempo, porém, considerando que não são apenas as leis internas que regem um país, e que o 
Brasil é adepto de diversos tratados e convenções de direito internacional. Dentre esses tratados 
e convenções, e que tem enorme importância no debate acerca do desacato, é necessário 
destacar a Convenção Americana de Direitos Humanos que, ao ser incorporada no ordenamento 
jurídico brasileiro e reconhecida como uma norma de caráter supralegal, pelo STF no 
julgamento do Recurso Extraordinário de número 466.343, trouxe e deu ainda mais força à tese 
de que o artigo 331 do Código Penal seria incompatível com os princípios basilares do Estado 
Democrático de Direito e também da própria CADH, em especial ao seu artigo 13 que assegura 
o direito à liberdade de expressão. 
Neste prisma surgem diversas indagações a respeito do desacato e das recentes 
decisões a ele referentes, uma vez que, em se tratando de um delito destinado a proteger a honra 
e a função administrativa, seria realmente necessária à sua tipificação como um ilícito penal? 
13 
 
Ademais, tendo por parâmetro o famoso binômio necessidade e proporcionalidade, seria o 
desacato uma restrição necessária e proporcional à liberdade de expressão? Além disso, sendo 
o direito penal a ultima ratio, e tendo por basea já existente tipificação dos delitos contra a 
honra, é imprescindível para a boa atuação e exercício da função do funcionário público a 
existência de um delito específico para tais condutas? Essas e outras questões fomentam ainda 
mais o debate dos tribunais brasileiros acerca da convencionalidade do desacato. 
 
4.1 Decisão da Quinta turma do STJ no REsp 1.640.084 – SP 
 
O primeiro e um dos marcos principais da discussão envolvendo o crime de 
desacato e a sua aplicação no ordenamento jurídico atual foi a tese acolhida pelo Superior 
Tribunal de Justiça ao julgar o Recurso Especial número 1.640.084, em 15 de dezembro de 
2016. Tal importância se dá porque em se tratando do desacato, esta foi a primeira manifestação 
de um tribunal superior no sentido de buscar o afastamento de sua aplicação. 
O recurso ora analisado, decorre de um processo penal instaurado em desfavor do 
senhor Alex Carlos Gomes que, teria subtraído mediante grave ameaça, através do emprego de 
um vergalhão de ferro, uma garrafa de conhaque “Dreher”, configurando o crime de roubo. 
Posteriormente, ao ser preso em flagrante teria o réu desacatado os policiais militares no 
exercício de sua função, por meio de gestos e palavras além do que teria, posteriormente, se 
exaltado ainda mais dificultando a sua prisão chegando inclusive a ameaçar e agredir 
fisicamente os policiais. 
Inicialmente cumpre ressaltar que, apesar de certa feita ter sido considerada válida 
a tese de que haveria exclusão do crime de desacato nos casos em que o autor proferisse as 
ofensas sob influência do estado de embriaguez ou agisse movido por forte exaltação e estado 
de fúria, sendo tal entendimento pautado no fundamento de que o núcleo do tipo penal desacato 
pressupõe que o autor tenha o propósito de humilhar a função pública exercida pelo agente 
estatal, o que não seria possível caso nos casos de embriaguez e alteração do estado emocional, 
atualmente tal entendimento encontra-se superado, como explica o autor: 
 
Igualmente, a emoção e a paixão não excluem a imputabilidade penal (CP, art. 
28, inc. I). Estará configurado o crime de desacato nas situações em que o 
sujeito se encontra acometido de um estado de cólera ou de ira, até porque é 
justamente nesses momentos de descontrole que as pessoas em regra se 
revelam e atentam contra bens jurídicos alheios. (MASSON, 2018, p. 812) 
 
14 
 
Posto isso, para melhor entendimento acerca da decisão, faz-se necessário uma 
breve análise dos fundamentos da tese acolhida. De modo inicial, o recorrente ao interpor o 
recurso especial baseou-se no fundamento de que haveria uma incompatibilidade entre o tipo 
desacato com a Convenção Americana de Direitos Humanos, convenção esta que traz em seu 
texto legal um conjunto de normas a serem usadas para solucionar divergências que tendem a 
comportar limitações ao livre exercício de direitos e a garantias fundamentais. 
Neste cenário, destaca-se o julgamento do REsp 914.253/SP3 e do RE 466.3434 que, 
ao tratarem da prisão do depositário infiel acabaram por reconhecer pontos importantes para a 
celeuma por ora discutida, dentre eles a tese de que os tratados internacionais de direitos 
humanos tem hierarquia superior às leis ordinárias, de modo que: “ Tendo em vista o caráter 
supralegal desses diplomas normativos internacionais, a legislação infraconstitucional posterior 
que com eles seja conflitante também tem sua eficácia paralisada.” (STF, RECURSO 
EXTRAORDINÁRIO n° 466.343 – SP, Rel. Min. CEZAR PELUSO, Data de julgamento: 
03/12/2008, Tribunal Pleno). 
Outro pilar fundamental da discussão acerca do desacato, citado na presente decisão 
é a possibilidade de realização do controle de convencionalidade, com o intuito de buscar uma 
compatibilização das normas pátrias com os tratados e convenções internacionais de direitos 
humanos, controle este que, conforme explica o Nunes Júnior (2019, p. 577): “O controle de 
verificação da compatibilidade das leis com os tratados e convenções supralegais é o controle 
de convencionalidade.” 
Neste cenário, o Ministro Relator partindo do pressuposto da supralegalidade do 
Pacto San José da Costa Rica aduz que o referido Pacto seria hierarquicamente superior ao 
Código Penal onde está previsto o crime de desacato e que possui natureza de lei ordinária, 
razão pela qual não haveria empecilho à realização do controle de convencionalidade com 
intuito de sanar a divergência ora exposta. 
Ademais, fora citado pelo relator que, a liberdade de expressão é um dos 
mecanismos essenciais para se garantir uma democracia, de modo que assegurar aos 
funcionários públicos uma proteção especial que, no caso seria a tipificação do desacato como 
ilícito penal é na verdade uma grave violação ao sistema democrático, uma vez que, de acordo 
com o Ministro e Relator, “ Não há dúvida de que a criminalização do desacato está em 
contramão ao humanismo, porque ressalta a preponderância do Estado – personificado em seus 
 
3 https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/8606935/recurso-especial-resp-914253-sp-2006-0283913-8/inteiro-
teor-13677531 
4 http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=595444 
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/8606935/recurso-especial-resp-914253-sp-2006-0283913-8/inteiro-teor-13677531
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/8606935/recurso-especial-resp-914253-sp-2006-0283913-8/inteiro-teor-13677531
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=595444
15 
 
agente- sobre o indivíduo” (STJ, Recurso Especial n. 1.640.084/SP, Relator: MIN. RIBEIRO 
DANTAS, Data de Julgamento:15/12/2016), ademais, seria também uma legitimação da 
desigualdade entre particulares e funcionários públicos, o que fere diretamente o Estado 
Democrático de Direito assegurado na Constituição Federal de 1988. 
Por fim, fora citado ainda um importante aspecto na presente discussão, de modo 
que reconhecendo-se a incompatibilidade do crime de desacato em face dos parâmetros da 
Convenção Americana de Direitos Humanos, de modo especial com seu artigo 13, não ficaria 
o funcionário público desprotegido em sua atuação, de modo que excluindo-se o desacato, 
haveria ainda a possibilidade de responsabilização do ofensor no âmbito civil e até mesmo na 
espera criminal, visto que, a depender do caso, os abusos no exercício da liberdade de 
manifestação, seja por gestos, palavras ou atos, poderão resultar em uma adequação típica às 
figuras que protegem a honra como calúnia, injúria e difamação. 
 
4.2 Decisão do STJ (Habeas Corpus 379.269-MS) 
 
Porém, a decisão de afastar a aplicação do desacato não encontrou aceitação por 
muito tempo, sendo que, em nova decisão proferida em 24 (vinte e quatro) de maio de 2017 a 
Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, ao analisar o Habeas Corpus n° 379.269 de 
Mato Grosso do Sul, decidiu que a criminalização do desacato “preenche de forma plena todos 
os requisitos exigidos para que se admita a restrição ao direito de liberdade de expressão” (STJ, 
HC: 379.269/MS, Relator: Min. REYNALDO SOARES DA FONSECA, Voto do Min. 
Antônio Saldanha Palheiro. Data de Julgamento: 24/05/2017, Terceira Seção). 
Neste sentido, o Ministro Rogerio Schietti Cruz, acompanhando o voto vencedor 
ressalta que a manutenção do crime de desacato no ordenamento jurídico brasileiro não implica 
em descumprimento do artigo 13 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos e do 
princípio da liberdade e expressão, visto que para ele os servidores ao exercerem sua função 
pública necessitam de uma proteção especial, de modo a garantir o respeito os funcionários que 
representam o estado. 
Além disso, pondera que os precedentes invocados para afastar a aplicação do 
desacato não se assemelham com os casos concretos analisados, o que consequentemente 
resultaria em um tratamento desigual a casos desiguais, neste sentido, o Ministro Nefi Cordeiro 
também optou por acompanhar o votovencedor expondo que não existe incompatibilidade do 
desacato com a liberdade de expressão, tendo em vista que, muitas vezes o caso concreto não 
16 
 
reproduz manifestações do direito a liberdade de expressão ou de crítica à atuação estatal mas 
sim, claras ofensas ao funcionário público. 
Por fim, destaca-se o voto vencido do Relator Ministro Reynaldo Soares da 
Fonseca, no sentido de que, conforme a manifestação da Comissão Interamericana de Direitos 
Humanos (CIDH), a criminalização do desacato contraria os princípios previstos na Convenção 
Americana sobre os Direitos Humanos em especial o princípio 11 que trata da liberdade de 
expressão, ademais em se tratando de conflito entre normas internas e tratados incorporados ao 
direito interno com natureza supralegal, este prevaleceria em relação àquele. 
 
4.3 ADPF 496/DF proposta pela OAB 
 
Assim, diante de um cenário com muitas controvérsias no âmbito dos tribunais 
superiores, coube ao Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil de Brasília através 
da propositura da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental número 496, 
manifestar sua discordância em ralação a manutenção da previsão da conduta de desacatar como 
um ilícito penal e buscar uma pacificação para a celeuma hora apresentada. 
Deste modo, tendo como fundamentos principais para a propositura da referida 
ação, e que foram alvo de discussões na presente pesquisa, cabe destacar a abstração do texto 
legal previsto no artigo 331 do Código Penal, uma vez que o dispositivo em momento algum 
especifica quais condutas se enquadram no verbo “desacatar’, de modo que tal amplitude acaba 
por conferir aos intérpretes um leque de possibilidades de interpretação e que portanto tende a 
acarretar a possibilidade de severas reprimendas ao direito que os cidadãos tem de expressar 
frente as condutas praticadas pelos agentes públicos, de modo que: 
 
Trata-se, portanto de norma que viola preceitos fundamentais, 
destacadamente, da liberdade de expressão (art. 5º, incs. IX e 220, da CF), 
republicano (art. 1º, parágrafo único), da legalidade (art. 5º, inc. XXXIX), da 
igualdade (art. 5º, caput, da CF) e do Estado Democrático de Direito (art. 1º, 
da CF). ADPF 496, CONSELHO FEDERAL DA OAB- BRASÍLIA-DF, data 
da propositura: 27/10/2017) 
 
Ademais, fora abordado a previsão do já mencionado artigo 13 da Convenção 
Americana de Direitos Humanos, demonstrando que a liberdade de expressão garante aos 
cidadãos o direito de participar e de manifestar acerca dos atos dos agentes públicos visto que 
tal atuação é extremamente importante para controlar a atuação dos servidores públicos, e que 
17 
 
portanto, a tipificação do desacato como ilícito penal seria uma clara forma de restringir tais 
manifestações. 
Por fim, partindo das decisões acima analisadas, em especial do Recurso Especial 
n. 1.640.084 – SP e do Habeas Corpus n. 379.269-MS, a ADPF 496 ressalta ainda a importância 
de se estabelecer uma tese firme e se encerrar as divergências com relação ao desacato, de modo 
a principalmente preservar e garantir a segurança jurídica além de proteger a liberdade de 
expressão e manifestação do pensamento dos indivíduos. 
 
4.4 Decisão do STF (Habeas Corpus 141.949-DF) 
 
Frente a um cenário de incertezas e contraditórias decisões, a celeuma em torno da 
criminalização do desacato e de sua possível (in)convencionalidade frente à Convenção 
Americana de Direitos Humanos, também foi apreciada pelo Superior Tribunal Militar ao julgar 
por maioria de votos o Habeas Corpus 141.949 no Distrito Federal. 
O julgado em questão, discute de modo especial se a condenação de um indivíduo 
pela Justiça Militar por cometimento do crime de desacato, estaria ou não ofendendo o previsto 
no artigo 13 da CADH, bem como os artigos 5°, incisos IV, V e IX e do artigo 220, ambos da 
Constituição Federal, que garantem o direito à liberdade de expressão e manifestação do 
pensamento. 
Tal condenação resultou de uma situação fática em que o réu proferiu ofensas a um 
Sargento do Exército que se encontrava no exercício da função, inclusive chamando-o de 
“palhaço”, o que resultou em sua condenação pelo STM, pelo crime de desacato a militar, nos 
termos do artigo 229. 
Deste modo, partindo da tese de que os tratados de direitos humanos podem 
equivaler a emendas constitucionais ou a normas supralegais, a depender da forma com que 
forem aprovados, e baseando-se ainda, na análise do texto do artigo 13 da CADH como 
parâmetro para o controle de convencionalidade, o relator proferiu seu voto no sentido de que 
a criminalização do desacato não afrontaria tal Convenção. 
Em seguida, prossegue o Ministro Gilmar Mendes, no sentido de que a liberdade 
de expressão mesmo estando assegurada na Constituição Federal e na Convenção Americana 
de Direitos Humanos, não possui um caráter absoluto em relação aos outros direitos, de modo 
que, seriam admitidas restrições à liberdade de manifestação do pensamento para fazer valer 
também os demais direitos. 
18 
 
Dentre essas limitações permitidas estaria a previsão no desacato, de modo que: “A 
ninguém é lícito usar de sua liberdade de expressão para ofender, espezinhar, vituperar a honra 
alheia.” (STF, HABEAS CORPUS n° 141.949 – DF, voto do Rel. Min. GILMAR MENDES, 
Data de julgamento: 13/03/2018, Segunda Turma), concluindo assim que a criminalização do 
desacato é compatível com Estado Democrático de Direito e que não haveria constrangimento 
ilegal que fundamentasse a procedência do Habeas corpus impetrado, voto este que fora 
acompanhado pelos Ministros Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli, que também participaram 
do julgamento. 
Em sentido contrário cumpre destacar o voto vencido do Ministro Edson Fachin, 
que está alicerçado na previsão do artigo 13 da Convenção Americana de Direitos Humanos e 
na incompatibilidade da criminalização do desacato com o direito fundamental à liberdade de 
expressão e manifestação do pensamento. 
E por fim, partindo do pressuposto de que o Brasil adotou o Estado Democrático de 
Direito e o princípio republicano o Ministro demonstrou que um dos motivos para que o 
desacato seja considerado incompatível com a ordem jurídica é a busca histórica por meios de 
repelir quaisquer privilégios que tenham o condão de dar aos funcionários públicos privilégios 
e tratamentos diferenciados em relação às demais pessoas, e que deste modo, “a justificativa 
dada para a criminalização da conduta não encontra respaldo na ordem democrática brasileira, 
seja ela analisada sob o prisma do texto constitucional ou do bloco de constitucionalidade.”. 
(STF, HABEAS CORPUS n° 141.949 – DF, voto do Min. EDSON FACHIN, Data de 
julgamento: 13/03/2028, Segunda Turma). 
 
4.5 Julgamento da ADPF 496 
 
Neste cenário e diante das diversas decisões ora analisadas faz-se necessário 
ressaltar a recente e importante decisão proferida, em uma sessão virtual, devido à pandemia 
mundial da Covid 19, pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da já analisada ADPF 496, 
decisão na qual, por 9 votos favoráveis e apenas 2 em sentido contrário, decidiu-se pela fixação 
da tese de que: “Foi recepcionada pela Constituição de 1988 a norma do art. 331 do Código 
Penal, que tipifica o crime de desacato ”(STF, ADPF 496. Relator: Min. LUÍS ROBERTO 
BARROSO, Data de Julgamento: 19/06/2020). 
Os votos vencidos, dos Ministros Edson Fachin e Rosa Weber, defendendo a não 
recepção do art. 331 do Código Penal, foram pautados na tese de que: “Não há, pois, 
fundamento constitucional para a criminalização do desacato, seja pela relevância do direito à 
19 
 
liberdade de expressão, seja pela desnecessidade de se renovar a tipificação de condutas já 
criminalizadas.” (STF, ADPF 496, Voto do Min. EDSON FACHIN, Data de Julgamento: 
19/06/2020). 
Neste sentido, dentre os fundamentos em sentido contrário à tese fixada, coube ao 
Ministro Edson Fachin esclarecer que a ADPFdeveria ser julgada procedente principalmente 
porque a manutenção do desacato como ilícito penal seria uma ofensa não só ao texto 
constitucional como também aos tratados internacionais, tratados esses que para ele, assim 
como para o Ministro Celso de Mello possuem hierarquia constitucional, e neste ponto cumpre 
ressaltar que: 
 
Não se invocam direitos fundamentais para descumprir direitos humanos. 
Direitos humanos são direitos fundamentais. Os valores democráticos 
almejados pelo constituinte de 1988 ecoam as experiências democráticas de 
outras nações e de outros povos e se alinham a elas. Não por acaso, a mesma 
constituição que prevê, entre os seus princípios, a prevalência dos direitos 
humanos impõe às autoridades públicas o dever de propugnar pela criação de 
um tribunal internacional de direitos humanos. (STF, ADPF 496, Voto do 
Min. EDSON FACHIN, Data de Julgamento: 19/06/2020). 
 
Em seguida, ressalta que em decorrência da própria função, os funcionários 
públicos devem estar sujeitos a maiores críticas e consequentemente demonstrar uma maior 
tolerância a tais críticas de modo que criminalizar tais manifestações de descontentamento seria 
uma grave forma de se evitar o uso legítimo da liberdade de expressão. Além disso, segundo 
Fachin, para que exista uma compatibilidade do desacato com a Constituição Federal e com os 
tratados de direitos humanos é necessário um fundamento normativo que tenha o condão de 
amparar a especial proteção concedida aos funcionários públicos, o que não foi apresentado em 
nenhum momento. Deste modo, o Ministro demonstra que: 
 
O exercício da tolerância com opiniões negativas é mais do que simples dever 
da Administração Pública: a tolerância é parte constitutiva de sua 
legitimidade. Por essa razão, em uma sociedade democrática, não há como 
justificar a maior reprovabilidade da conduta que atinge a honra da 
Administração ou de seus funcionários. Não há como defender que os agentes 
privados tenham menor proteção da lei. O que desonra a Administração 
Pública não é a crítica, mas a conduta de seus funcionários. (STF, ADPF 496, 
Voto do Min. EDSON FACHIN, Data de Julgamento: 19/06/2020). 
 
Em sentido contrário, faz-se necessário destacar os principais aspectos do voto do 
Ministro e Relator Luís Roberto Barroso inicialmente destacando que os precedentes muitas 
vezes invocados não podem ser aplicados no âmbito nacional, uma vez que tratam-se contextos 
20 
 
fáticos e concretos diferentes, e que o próprio texto da convenção admite limitações a liberdade 
de expressão nos casos em que seja necessária uma maior proteção a honra principalmente para 
assegurar a ordem e a moral pública. 
Assim sendo, o Relator demonstra que, assim como qualquer outro direito 
fundamental previsto constitucionalmente, a liberdade de expressão também não pode ser vista 
e aplicada de forma absoluta, sendo que, desde que exista previsão legal, são admitidas 
restrições proporcionais e que não violem o núcleo essencial do direito. 
Deste modo, o desacato não violaria a liberdade de expressão principalmente 
porque não haveria crime nos casos em que a ofensa não for relacionada com o exercício da 
função e nem mesmo bastaria para a configuração do desacato que o funcionário se sentisse 
ofendido em sua honra, logo, apenas se configuraria desacato caso o ato menosprezasse a 
função pública de modo a perturbar e obstruir a execução da função pública. 
 
5 PREVISÃO DA CADH E SUA APLICAÇÃO NO ORDENAMENTO JURÍDICO 
BRASILEIRO 
 
Dentre os fundamentos essenciais e que foi alvo de debate em todas as decisões 
apresentadas sobre o desacato é necessário destacar a celeuma envolvendo a previsão e a 
aplicação da Convenção Americana de Direitos Humanos frente ao ordenamento jurídico 
brasileiro. 
De modo inicial, a análise acerca do assunto deve partir do pressuposto de que 
atualmente Constituição não se resume apenas ao texto constitucional, de modo que princípios 
previstos implicitamente e tratados internacionais de direitos humanos incorporados nos termos 
do artigo 5°, §3º da Constituição Federal, isto é, tratados aprovados por 3/5 dos membros das 
duas Casas do Congresso Nacional, por votação em dois turnos, também fazem parte das 
normas constitucionais, tendo portanto hierarquia e força constitucional e completando o 
chamado bloco de constitucionalidade. 
Porém, no que diz respeito a hierarquia assegurada aos tratados internacionais que 
tratem de direitos humanos e que não tenham sido aprovados nos termos citados, a Constituição 
foi omissa, e é justamente em decorrência desta omissão que surge o debate entorno da 
Convenção Americana de Direitos Humanos. 
Assim, uma corrente minoritária, formada pelos doutrinadores Celso de Mello, 
Flávia Piovesan, Valério Mazzuolli e outros, entende que todo e qualquer tratado internacional 
que verse sobre direitos humanos deem ter força e hierarquia se norma constitucional uma vez 
21 
 
que com base na previsão do artigo 5º, §2º da Constituição Federal: “Os direitos e garantias 
expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por 
ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”. 
Porém, a contrário senso, e segundo a maioria dos ministros do STF, os tratados 
internacionais que versem sobre direitos humanos e que não forem aprovados nos moldes do 
artigo 5º, §3º da Constituição, têm hierarquia de norma supralegal e infraconstitucional, logo 
estão acima das demais leis e abaixo da Constituição Federal. 
Portanto, sendo a Convenção Americana de Direitos Humanos um dos tratados 
internacionais que não foram aprovados nos termos do artigo 5º, §3º da Constituição, é possível 
concluir que, de acordo com entendimento do STF, e desde o julgamento do Recurso 
Extraordinário 349.703, de 2008, que julgou inválida a prisão civil do depositário infiel, ela 
possui força de norma supralegal e infraconstitucional estando portanto abaixo da Constituição 
e acima das demais leis brasileiras, inclusive do Código Penal. 
 
6 A (IN) CONVENCIONALIDADE DO ART. 331 DO CÓDIGO PENAL 
 
Verifica-se, pois, a existência de duas formas de controle de validade das leis, de 
modo que para que uma lei seja considerada válida, é preciso que esteja de acordo com as 
demais normas previstas na Constituição e no bloco de constitucionalidade, além de ser 
necessário que estejam de acordo com os tratados supralegais. 
Assim, a análise de compatibilidade e validade de uma lei tendo por base a 
Constituição Federal é feita através do controle de constitucionalidade, ao passo que a 
verificação da compatibilidade de leis com tratados supralegais, tem sido chamada pela doutrina 
e pela jurisprudência de Controle de Convencionalidade. Logo, para que uma lei seja válida, 
ela terá de ser compatível não só com a Constituição, mas também com os tratados 
internacionais. 
Assim, partindo da tese de que a Convenção Americana de Direitos Humanos tem 
caráter supralegal por não ter sido incorporada ao direito brasileiro nos moldes do artigo 5º, §3º 
da Constituição, a discussão em torno da previsão do desacato como um ilícito penal deve ser 
analisada a partir do Controle de convencionalidade, uma vez que este mecanismo busca 
adaptar os atos ou leis internas aos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil e que 
criam deveres no plano internacional e reflexos práticos no plano do direito interno, buscando 
portanto verificar se a tipificação do artigo 331 do Código Penal seria ou não uma forma de 
22 
 
restringir e violar o direito fundamental à liberdade de expressão previsto não só na 
Constituição, mas também no artigo 13 da Convenção Americana de Direitos Humanos. 
 
7 CONCLUSÃO 
 
Cumpre finalizar a presente pesquisa fazendo reflexões acerca da seguinte 
indagação: a criminalização do desacato é inconvencional? Em caráter inicial, é necessário 
destacarque tal indagação segue rendendo diversas discussões, isso porque, embora as últimas 
decisões proferidas no âmbito dos tribunais superiores tenham sido no sentido de que é 
plenamente constitucional a criminalização do desacato, ainda não é possível verificar uma 
unanimidade. 
Assim sendo, e tendo em vista os apontamentos das diversas decisões ora analisadas 
é possível verificar a existência de fortes argumentos tanto dentre aqueles que defendem a 
manutenção da tipificação do desacato como ilícito penal, quanto daqueles que entendem ser 
esse delito inconvencional por violar os preceitos fundamentais da Convenção Americana de 
Direitos Humanos. 
Deste modo, apesar das decisões proferidas no âmbito dos tribunais superiores, é 
necessário analisar o debate partindo de algumas ideias ainda não abordadas, de modo que, 
tendo por base o Direito Penal mínimo, defendido por grandes expoentes, dentre eles Ferrajoli, 
em especial o princípio da intervenção mínima, o Estado apenas deveria valer-se do direito 
penal como forma de intervir na autonomia e liberdade do indivíduo em situações de extrema 
necessidade, nas quais não houvessem outros meios de se exercer o controle estatal. 
Neste prisma, considerando que já existem tipos penais capazes de proteger a honra 
dos indivíduos, como por exemplo os artigos 138, 139 e 140, a manutenção do artigo 331, além 
de parecer desnecessária, se mostra inadequada, uma vez que sua utilização não tem 
demonstrado efeitos práticos e nem mesmo tem tido o condão de concretizar do objetivo 
pretendido, qual seja a proteção da administração pública. 
Verifica-se que o ato de criminalizar o desacato tem sido utilizado de forma 
arbitrária, se mostrando uma abertura perigosa para atuações desproporcionais e violadoras de 
direitos fundamentais do indivíduo. Assim sendo, além de sua tipificação violar a liberdade de 
expressão e manifestação do pensamento, se revela inconvencional frente à Convenção 
Americana de Direitos Humanos e desproporcional ao ordenamento jurídico, uma vez que os 
motivos que fundamentam sua criminalização não justificam as restrições a direitos 
fundamentais tão importantes aos cidadãos e a um Estado Democrático de Direito. 
23 
 
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Nº 914.253- SP (2006/0283913-8). Recorrente: Fazenda do Estado de São Paulo. Recorrido: 
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TAVARES, André Ramos, Curso de Direito Constitucional, 18ª.ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2020. 
 
https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/976055/principios-informadores-do-direito-penal-minimo#:~:text=O%20Direito%20Penal%20M%C3%ADnimo%20ou,interven%C3%A7%C3%A3o%2C%20com%20m%C3%A1ximas%20garantias%22.&text=Os%20princ%C3%ADpios%20informadores%20do%20Direito,ser%20tutelados%20pelo%20Direito%20Penal
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https://www.cidh.oas.org/basicos/portugues/c.convencao_americana.htm

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