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1. O homem e o animal A história do homem e do animal se inicia no período pré-histórico – que antecede a invenção da escrita – e permanece até os dias atuais de maneira mais evoluída. Durante a pré-história, os animais eram utilizados como fonte de alimento através da caça, ainda não havendo um contato mais íntimo entre eles o homem. A domesticação foi iniciada com a ideia principal de torná-los uma fonte alimentícia mais acessível, o que foi evoluindo ao longo do tempo. Ou seja, animais domésticos não são necessariamente de estimação. São exemplos: cachorro, cavalo, gado bovino, galinha, gato etc. São três os tipos de animais domésticos: de estimação ou companhia; de fazenda/gado e animais de carga/trabalhadores. De acordo com estudo publicado pelo Programa Brasileiro de Conservação de Recursos Genéticos Animais, muitas das raças de animais domésticos no Brasil se desenvolveram a partir de espécies e raças que foram trazidas pelos invasores colonizadores portugueses e após um processo de seleção natural foram aperfeiçoando características adaptadas ao ambiente. Os primeiros animais a serem domesticados foram animais predadores – aqueles que se alimentam de outros animais para sobreviver. Os lobos, antepassados dos cachorros, foram domesticados há pelo menos 33 mil anos, sendo o principal animal domesticado pelo homem. Já os gatos, domesticados no período Neolítico (ou Idade da Pedra Polida). Daí, perceberam que a utilização desses animais poderia ser extensa. Lobos eram utilizados para ajudar na caça, para guarda. Porcos se reproduziam facilmente em cativeiro. Outros animais serviam para vestimenta, transporte. Com a aproximação do homem com esses animais, compartilhando o mesmo ambiente, havendo a criação de laços afetivos e sentimentos, a necessidade de manter o bem-estar desses animais aumentou, uma vez que interfere diretamente em sua relação com o ser humano e existe mais preocupações com esses seres não humanos que, para muita gente, são considerados como parte da família. 2. Conceito e surgimento do Bem-Estar Animal (BEA) O conceito de bem-estar animal é bastante diversificado, dessa forma, existem significados diferentes para pessoas diferentes. Entretanto, compreende-se por bem-estar o reconhecimento das necessidades – físicas, psicológicas, sociais e ambientais – dos animais. Segundo David Fraser, no livro Compreendendo o Bem-estar Animal: a ciência no seu contexto cultural (2008), há três conceitos sobreponíveis relativos ao bem-estar animal: Estado físico e funcional; Estado psicológico e mental (afetivo); Capacidade para executar comportamentos naturais e viver em conformidade com o estado natural para a espécie. 2.1 Senciência animal Com o avanço da ciência ao longo dos anos, tem se tornado possível compreender mais o mundo animal. Dessa forma, afirmasse que os animais são seres sencientes, ou seja, são capazes de sentir sensações e sentimentos de forma consciente, sejam elas positivas ou negativas; ter percepções conscientes do que lhe acontece e do que o rodeia. A descoberta da senciência presente nos animais foi de extrema importância para as aplicações do bem-estar, de medidas que possibilitam diminuir o desconforto animal, seja ele físico ou psicológico. O Tratado de Lisboa (2009) da União Europeia reconhece os animais como seres sencientes. No Brasil, em agosto de 2019, foi aprovado, no Senado, um projeto de lei (PLC 27/2018) que reconhece os animais como seres sencientes, resguardando-lhes mais proteção pelo ordenamento jurídico brasileiro. Em 1978, em uma sessão realizada em Bruxelas (Bélgica), foi proclamada A Declaração Universal dos Direitos dos Animais (D.U.D.A) na Unesco, contudo, a declaração nunca foi adotada por nenhuma organização internacional de caráter oficial. A D.U.D.A é uma declaração de ordem ética e moral, que não possui nenhuma força normativa ou regulamentar, trata-se de uma visão filosófica que deve reger as relações entre humanos e animais não humanos. Nela, encontra-se 14 artigos, sendo eles: ARTIGO 1: Todos os animais nascem iguais diante da vida e têm o mesmo direito à existência; ARTIGO 2: a) Cada animal tem direito ao respeito; b) O homem, enquanto espécie animal, não pode atribuir-se o direito de exterminar os outros animais ou explorá-los, violando esse direito. Ele tem o dever de colocar a sua consciência a serviço dos outros animais; c. Cada animal tem direito à consideração, cura e proteção do homem; ARTIGO 3: a) Nenhum animal será submetido a maus tratos e atos cruéis; b) Se a morte de um animal é necessária, deve ser instantânea, sem dor ou angústia; ARTIGO 4: a) Cada animal que pertence a uma espécie selvagem tem o direito de viver livre no seu ambiente natural terrestre, aéreo e aquático, e tem o direito de reproduzir-se; b) A privação da liberdade, ainda que para fins educativos, é contraria a este direito; ARTIGO 5: a) Cada animal pertencente a uma espécie, que vive habitualmente no ambiente do homem, tem o direito de viver e crescer segundo o ritmo e as condições de vida e de liberdade que são próprias de sua espécie; b) Toda a modificação imposta pelo homem para fins mercantis é contraria a esse direito; ARTIGO 6: a) Cada animal que o homem escolher para companheiro tem o direito a uma duração de vida conforme sua longevidade natural; b) O abandono de um animal é um ato cruel e degradante; ARTIGO 7: Cada animal que trabalha tem o direito a uma razoável limitação do tempo e intensidade do trabalho, e a uma alimentação adequada e ao repouso; ARTIGO 8: a) A experimentação animal, que implica em sofrimento físico, é incompatível com os direitos do animal, quer seja uma experiência médica, científica, comercial ou qualquer outra; b) As técnicas substitutivas devem ser utilizadas e desenvolvidas; ARTIGO 9: Nenhum animal deve ser criado para servir de alimentação, deve ser nutrido, alojado, transportado e abatido, sem que para ele tenha ansiedade ou dor; ARTIGO 10: Nenhum animal deve ser usado para divertimento do homem. A exibição dos animais e os espetáculos que utilizem animais são incompatíveis com a dignidade do animal; ARTIGO 11: O ato que leva à morte de um animal sem necessidade é um biocídio, ou seja, um crime contra a vida; ARTIGO 12: a) Cada ato que leve à morte um grande número de animais selvagens é um genocídio, ou seja, um delito contra a espécie; b) O aniquilamento e a destruição do meio ambiente natural levam ao genocídio; ARTIGO 13: a) O animal morto deve ser tratado com respeito; b) As cenas de violência de que os animais são vítimas, devem ser proibidas no cinema e na televisão, a menos que tenham como fim mostrar um atentado aos direitos dos animais; ARTIGO 14: a) As associações de proteção e de salvaguarda dos animais devem ser representadas a nível de governo; b) Os direitos dos animais devem ser defendidos por leis, como os direitos dos homens. No Brasil, a principal lei que protege os animais é a Lei Federal 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais) em seu artigo 32. ‘Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa. § 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos. § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.’ A Carta Magna Brasileira (Constituição Federal) de 1988 determinou a proteção a fauna em seu artigo 225, paragrafo 1. ‘Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1° Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: VII – proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica,provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.’ 3. As Cinco Liberdades Em 1965, o Comitê de Brambell, formado por diversos pesquisadores e profissionais da agricultura e pecuária do Reino Unido, apresentou pela primeira vez o conceito, estabelecendo um conjunto de estados ideias chamados de as cinco liberdades com o objetivo de criar melhores padrões de bem-estar para os animais de todos os sistemas de produção. Então, em 1967, o Conselho de Bem-Estar de Animais de Produção (Farm Animal Welfare Council – FAWAC) aperfeiçoou esses conceitos. As “5 liberdades” são o meio pelo qual se faz a identificação dos elementos que determinam a percepção do bem-estar dos animais pelo próprio animal, tanto os de fazenda como os de companhia e selvagens, e vão definir quais as condições necessárias para promover esse estado. Para que o bem-estar animal seja alcançado de acordo com esses princípios, é necessário que ocorra a aplicação de práticas de criação e produção adequadas, não apenas no meio científico, ou só por médicos veterinários e zootecnistas, mas também pelos proprietários de animais. Essas práticas devem levar em conta não apenas a espécie animal em si, suas características, mas também o sistema de criação e produção, as condições edafoclimáticas do local (temperatura, umidade, clima) as instalações e alojamentos, os métodos de manejo e, sobremaneira os status sanitário, nutricional e alimentar dos animais. Bibliografia: http://www.parquefranciscodeassis.com.br/leis/#:~:text=A%20principal%20lei%20que%20protege,ou%20domesticados%2C%20nativos%20ou%20ex%C3%B3ticos. file:///C:/Users/J%C3%BAlia/Pictures/WSAVA-Animal-Welfare-Guidelines-2018-PORTUGUESE.pdf https://super.abril.com.br/ciencia/animais-domesticos/#:~:text=Antes%20de%20o%20c%C3%A3o%20se,de%20alimento%2C%20criada%20em%20casa.&text=Os%20primeiros%20bichos%20a%20serem,predadores%2C%20como%20raposas%20e%20lobos. https://www.peritoanimal.com.br/49-animais-domesticos-definicao-e-especies-23221.html https://petvet.ufra.edu.br/images/radar/radarpetvet003.pdf
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