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AULA 2

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17 de fevereiro de 2021 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito 
Processual Penal 
I - DRN 502 
Prof. Eduardo Helfer 
 
 17 de fevereiro de 2021 
Disciplina: Direito Processual Penal I 
Turma: DRN 602 
Prof. Eduardo Helfer de Farias 
Data: 12/02/2021 
Email: 0174046@professor.unig.edu.br 
 
Unidade VI – Jurisdição e Competência 
 
1.1. O que é jurisdição e competência? Jurisdição é a função do Estado, consistente na resolução 
dos conflitos que lhe são apresentados. É una, não é fragmentada. No entanto, o seu exercício 
pode ser dividido. A competência é a quantidade de jurisdição cujo exercício é atribuído por lei 
a cada órgão ou grupo de órgãos (Liebman). As regras de competência estão em consonância 
com o princípio do juiz natural, o qual proíbe a nomeação de juízes pós-fato (ad-hoc) para 
julgamento. 
1.2. Quais são as espécies de competência? 
1.2.1. Ratione personae ou Ratione funcionae – competência por prerrogativa de função; 
 
"AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA. PLEITO INCIDENTAL FORMULADO PELO MINISTERIAL POSTULANDO O 
DECLÍNIO DA COMPETÊNCIA DESTE COLEGIADO AO JUÍZO DE PRIMEIRO GRAU. 1. Trata-se de ação 
penal originária por meio da qual se apura a suposta prática de crimes do art. 312 e 316 do Código Penal, por 
vereador e servidor público do município de Paraíba do Sul. 2. Requerimento ministerial pelo declínio de 
competência deste Tribunal de Justiça, para processar e julgar os fatos, para o juízo de primeiro grau, que 
merece prosperar. 3. Competência originária por prerrogativa de foro conferida aos vereadores que está 
calcada especialmente no art. 161, IV, ¿d¿, ¿3¿ da Constituição Estadual, e art. 7º, parágrafo único, ¿e¿, do 
RITJERJ. 4. Ocorre que, nos autos do Recurso Ordinário no HC 181.895, a Suprema Corte decidiu pela 
incompetência deste Tribunal para o processamento e julgamento de crime atribuído a vereador, ¿tendo em 
vista que o art. 349 (antigo art. 346), da Carta Política Fluminense, que estende aos Vereadores dos municípios 
do Estado do Rio de Janeiro as prerrogativas processuais de Deputado Estadual previstas no art. 102, §§1º, 
2º, 3º, 5º e 6º, da mesma Carta, acha-se com a sua eficácia suspensa¿. 5. Como restou consignado na 
sobredita decisão, este Tribunal de Justiça contava com jurisprudência que, inobstante desprovida de eficácia 
erga omnes, reconhecia que a prerrogativa de foro conferida a vereadores e outros não se coadunava com a 
Constituição de 1988, consignando-se que ¿qualquer ampliação ou acréscimo à norma constitucional maior 
cogitada pelo poder constituinte derivado dos Estados, para criar novo caso de competência especial por 
prerrogativa de função está eivada de inconstitucionalidade¿, e que o ¿SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
confirmou o entendimento do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro sobre a matéria, ao conceder 
liminar em controle concentrado¿ (ADI 558). 6. Ressalte-se que a matéria já foi apreciada pelo Colendo Órgão 
Especial deste Tribunal de Justiça, por intermédio da arguição de inconstitucionalidade 0039837-
53.2006.8.19.0000, suscitada nos autos da apelação criminal de nº 26269/2005, tendo aquele órgão, por 
unanimidade de votos, declarado a inconstitucionalidade do art. 161, IV, "d" da Constituição Estadual que criou 
prerrogativa de foro para Vereadores 7. Declínio da competência deste Colegiado para processamento e 
julgamento dos fatos ao juízo de primeiro grau, em observância à imperiosidade de uniformização das decisões 
judiciais. 8. Por fim, devem ser mantidas íntegras as decisões até aqui proferidas por este Colendo Grupo de 
Câmaras Criminais ¿ e, por conseguinte, por este Relator ¿ até que sejam reapreciadas pelo juízo de primeiro 
grau. Precedentes da Cortes Superiores. 9. Adota-se, aqui, a teoria do juízo aparente, ou seja, o juízo que até 
então era aparentemente competente para decidir pode ter as suas decisões convalidadas pelo juízo que, 
posteriormente, veio a ser declarado competente, em homenagem à segurança jurídica. DECLÍNIO DA 
COMPETÊNCIA PARA O JUÍZO DE PRIMEIRO GRAU." TJRJ, 3 Grupo de Câmaras Criminais, Des. Rel. 
PAULO BALDEZ, Ação Penal 0059382-26.2017.8.19.0000, julgado em 13/10/2020 
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1.2.2. Ratione materiae – competência em razão da natureza da infração (serve para fixar a 
justiça competente); 
 
" CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. TRIBUTÁRIO. JUIZADO ESPECIAL FAZENDÁRIO. 1) A 
competência ratione materiae para alcançar matéria tributária nos Juizados Especiais Fazendários, nos termos 
da Lei Estadual 5.781/2010 (artigo 49, inciso II) e do Ato Executivo TJ n° 6.340/2010 (artigo 10), deve ser 
observada a partir do Ato Executivo TJ n° 195/2017, que definiu o seguinte marco temporal 12/12/2017. 2) Os 
referidos Juizados, no âmbito da organização judiciária deste e. Tribunal, passaram a ostentar competência 
funcional para examinar matéria tributária, nos termos definidos por ato da Administração deste Tribunal de 
Justiça, ante a necessidade de melhor organização e estruturação dos Juizados da Fazenda Pública. 3) Assim, 
a competência funcional do Juizado Especial Fazendário, em matéria tributária deve ser verificada pelo critério 
temporal, o que alcança apenas as ações ajuizadas a partir de 12/12/2017, o que encontra amparo na 
interpretação do disposto nos artigos 23 e 24 da Lei 12.153/2009. 4) A ação objeto do conflito de competência 
foi distribuída em 13/03/2017, o que atraí a competência do Juízo de Direito da 17ª Vara da Fazenda Pública 
da Comarca da Capital. Precedente da Quinta Câmara Cível. 5) Procedência do conflito para fixar a 
competência do Juízo suscitado." TJRJ, 5 Câmara Criminal, Des. Rel. HELENO RIBEIRO PEREIRA NUNES, 
Conflito de Competência 0002058-39.2021.8.19.0000, julgado em 22/01/2021 
 
" EMENTA: CONSTITUCIONAL - PENAL - PROCESSO PENAL - HOMICÍDIO TENTADO - PORTE DE ARMA 
DE FOGO - PRONÚNCIA - DESCLASSIFICAÇÃO - SENTENÇA CONDENATÓRIA - NULIDADE - ARTIGO 
419 DO CPP - SENTENÇA ANULADA Sendo imputada ao acusado a prática dos delitos de homicídio tentado 
e porte de arma de fogo, tratando-se o primeiro de crime doloso contra a vida, deve ser observado o rito 
estabelecido nos artigos 406 e seguintes do CPP, ou seja, o relativo aos crimes da competência do Tribunal 
do Júri. Como é sabido, ao final da primeira fase daquele sistema bifásico, o juiz se convencendo da 
inexistência de crime doloso contra a vida, deve operar sentença desclassificatória na forma do artigo 419 do 
CPP, remetendo-se os autos ao juiz competente, que, segundo a doutrina, deverá adotar o procedimento 
orientado pelo artigo 384 do CPP. No caso presente, o juiz, operou a desclassificação e na mesma 
oportunidade proferiu a condenação por crime diverso do tipificado na inicial, sob o fundamento de não ter 
restado provado o indispensável animus necandi na ação do acusado, o que não poderia ter ocorrido, impondo-
se a declaração da nulidade da sentença, de ofício, eis que não reclamado por qualquer das partes, tendo o 
MP apenas se insurgido com a absolvição do delito da Lei 10826/03, da nulidade da decisão." TJRJ, 1 Câmara 
Criminal, Des. Rel. MARCUS HENRIQUE PINTO BASÍLIO, Apelação 0209292-90.2018.8.19.0001, julgado 
em 09/02/2021 
 
1.2.3. Ratione loci – competência territorial (serve para fixar o juízo competente – comarca/seção 
judiciária; 
 
" APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. LESÃO CORPORAL, AMEAÇA E VIAS DE FATO 
EM ÂMBITO DOMÉSTICO. A competência ratione loci, prevista no art. 70 do CPP, é de índole relativa e não 
absoluta, devendo ser arguida em momento processual oportuno, sob pena de prorrogação. A materialidade 
restou demonstrada pelo laudo de exame de corpo delito de lesão corporal e pela prova oral produzida. Já a 
autoria, essa restou claramente comprovada nos autos. Tanto a vítima e a testemunha afirmaram em juízo 
que os tapas, empurrões e enforcamento efetivamente ocorreram, destacando que após, o apelante ameaçou 
de matá-la, sendo certo que tais declarações se mostram coesas e harmônicas. Por outro lado, o estado de 
exaltaçãonão é capaz de afastar a tipicidade do crime de ameaça. Nos casos de violência contra a mulher 
praticados no âmbito doméstico e familiar, é possível a fixação de valor mínimo indenizatório a título de dano 
moral, desde que haja pedido expresso da acusação ou da parte ofendida, ainda que não especificada a 
quantia, e independentemente de instrução probatória. Entendimento consolidado através da sistemática dos 
Recursos Repetitivos. Exasperação da pena corretamente aplicada e bem fundamentada. Mostra-se 
adequada e compatível a condição estabelecida de frequência a grupo reflexivo, uma vez que não corresponde 
à pena restritiva de direitos, mas uma condição da suspensão condicional da pena. DESPROVIMENTO DO 
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APELO DEFENSIVO." TJRJ, 2 Câmara Criminal, Des. Rel. CELSO FERREIRA FILHO, Apelação 0000774-
66.2016.8.19.0001, julgado em 30/04/2019 
 
1.2.4. Competência funcional – competência em razão da função que cada órgão jurisdicional 
exerce por fase/objeto/grau de jurisdição do processo. 
 
" Reclamação correicional. Insurgência ministerial contra decisão que julgou extinta a ação penal de origem, 
por perda do interesse de agir, bem como extinguiu a punibilidade do Réu. Mérito que se resolve em favor do 
Reclamante. Investida correicional que se traduz em instrumento genérico e subsidiário de impugnação 
recursal, previsto no art. 219 do CODJERJ, destinado a hostilizar erro de ofício ou abuso de poder praticado 
por juiz de direito e capaz de gerar inversão da ordem legal do processo. Juízo Reclamado que, em vez de 
dar cumprimento ao acórdão proferido por esta Colenda 3ª Câmara Criminal (a qual deu provimento ao apelo 
ministerial e determinou a submissão do Réu a novo julgamento pelo Tribunal do Júri), entendeu por bem 
extinguir a ação penal proposta, reconhecendo a perda do interesse de agir estatal, em decorrência de 
concessão equivocada de indulto pela VEP. Benefício do indulto que fora concedido pela VEP em processo 
de execução provisória, com base em reprimenda desconstituída pela instância superior, cuja decisão 
implicaria novo julgamento e consequente majoração da pena. Decisão da VEP eivada de vício insanável, 
classificada como "juridicamente inexistente", vez que, assentada em decisão provisória, atravessou 
indevidamente a competência funcional hierárquica, ensejando patente afronta à garantia constitucional do 
duplo grau de jurisdição (art. 5º, LV). Advertência do STF enfatizando, em hipótese análoga, que "é 
juridicamente inexistente a sentença do Juízo das Execuções Criminais, que, inadvertidamente, extingue a 
pena imposta ao condenado, se ainda não havia transitado em julgado a condenação deste e a apelação do 
Ministério Público veio a ser provida, para ampliá-la". Concessão do indulto que igualmente encerra ato 
juridicamente inexistente, desprovido, assim, de qualquer eficácia idônea, o que impossibilita inclusive a 
formação de coisa julgada e a prefixação de limite temporal para sua impugnação. Decisão impugnada que, 
nesses termos, deve ser desconstituída, com o consequente prosseguimento do julgamento pelo Tribunal do 
júri. Reclamação correicional a que se dá provimento, para cassar a decisão impugnada, determinando-se o 
prosseguimento da ação penal de n. 0364191-90.2011.8.19.0001, encaminhando-se à VEP cópia do presente 
julgado." TJRJ, 3 Câmara Criminal, Des. Rel. CARLOS EDUARDO FREIRE ROBOREDO, Apelação 
0061001-83.2020.8.19.0000, julgado em 26/01/2021 
 
" APELAÇÃO CRIMINAL. LESÃO CORPORAL EM ÂMBITO DOMÉSTICO. RECURSO DEFENSIVO. 
ALEGAÇÃO DE INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO. PROVIMENTO. AUSÊNCIA DA ELEMENTAR VIOLÊNCIA 
DOMÉSTICA. RECURSO MINISTERIAL PREJUDICADO. 1. No caso em análise, em que pese tratar-se de 
vítima do sexo feminino, a suposta violência contra a vítima não foi decorrente da fragilidade proveniente do 
seu gênero, mas sim em decorrência de desavenças familiares, tendo como causa o difícil convívio entre vítima 
e acusado, primos, que residem na mesma unidade habitacional multifamiliar. 2. Ausência da elementar do 
tipo "violência doméstica contra mulher", apta a atrair a competência do Juizado. 3. A competência do Juizado 
de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher é ratione materiae, e, portanto, absoluta. 4. Nos termos do 
art.567 do CPP, a incompetência do Juízo anula somente os atos decisórios, assim considerados aqueles que 
decidem pelo mérito, não comprometendo, em qualquer hipótese, as demais decisões - inclusive o 
recebimento da denúncia. Ainda nos casos de incompetência constitucional, que são aqueles em há 
incompetência de jurisdição, hierárquica ou funcional, a jurisprudência já firmou entendimento a respeito da 
possibilidade de ratificação daqueles atos no Juízo competente, de acordo com o que dispõe o artigo 108, §1º 
do CPP 5. Na espécie, entretanto, anula-se os atos processuais a partir do recebimento da denúncia, 
determinando-se a remessa do feito ao juízo competente pois, sendo este o Juizado Especial Criminal, da 
ausência de oportunidade de proposta de transação penal ou, ainda, suspensão condicional do processo, 
resulta evidente prejuízo ao apelante. Provimento ao recurso defensivo. Recurso ministerial prejudicado." 
TJRJ, 3 Câmara Criminal, Des. Rel. SUIMEI MEIRA CAVALIERI, Apelação 0017981-73.2019.8.19.0001, 
julgado em 09/02/2021 
 
1.2.5. Competência por Fase – o juiz de garantias (art. 3-B do CPP) atua até o art. 399 do CPP 
(recebimento da denúncia), após este momento, assume o juiz da instrução. Por sua vez, 
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o Tribunal do Júri se divide entre Iudicium Accusationis (Fase 1) e Iudicium Causae (Fase 
2). Há o juiz do processo de conhecimento e do processo de execução penal. 
 
"Recurso em Sentido Estrito. Artigo 121, § 2º, II c/c art. 14, II e art. 233, n/f do art. 69, todos do Código Penal. 
Comprovada a materialidade e presentes indícios suficientes da autoria, consubstanciados nos depoimentos 
prestados em sede judicial, impondo a remessa à Corte Popular. Na primeira fase do procedimento cabe 
apenas a verificação acerca da existência de crime da competência do Júri competindo ao Plenário do Tribunal 
do Júri apreciar todas as alegações que compõem as teses acusatórias e defensivas. Ao Júri cabe avaliar e 
decidir, após apreciação da prova produzida, se a facada desferida contra a vítima tinha a intenção de matar, 
bem como se foi realizada em decorrência de injusta agressão. Não se verifica no caso, prova segura e cabal 
da ausência de animus necandi, tampouco da presença de legítima defesa. Decisão de pronúncia que deve 
ser mantida. Recurso desprovido." TJRJ, 1 Câmara Criminal, Des. Rel. KATYA MARIA DE PAULA 
MENEZES MONNERAT, 0002917-35.2016.8.19.0031, julgado em 09/02/2021 
 
1.2.6. Competência por Objeto – o júri dá o veredicto, mas a dosimetria da pena é do juiz togado. 
1.2.7. Competência por Grau de Jurisdição – original ou recursal. 
1.2.8. Competência Absoluta – tem fundamento no interesse público. Não pode ser 
modificada/prorrogada. O descumprimento gera nulidade absoluta. Ela pode ser alegada a 
qualquer tempo, desde que antes do trânsito em julgado. Tratando-se de sentença 
condenatória absolutória imprópria, pode ser alegada mesmo após o trânsito em julgado 
(revisão criminal ou habeas corpus). Tratando-se de sentença absolutória, somente até o 
trânsito em julgado. O prejuízo é presumido e pode ser reconhecido de ofício pelo Juiz. 
Envolve casos de Ratione Materiae, Ratione Funcionae e Competência Funcional. 
1.2.9. Competência Relativa – tem fundamento principalmente no interesse das partes. Ela pode 
ser modificada/prorrogada (ex: conexão ou continência). O descumprimento gera nulidade 
relativa. Deve ser alegada no momento oportuno (se for pelo réu, deve ser na resposta à 
acusação). O prejuízo não é presumido. No processo penal prevalece que também pode 
ser reconhecida de ofício, uma vez que o art. 109 do CPP não faz distinção entre 
competência absoluta e relativa. A Súmula 33 do STJ torna esse entendimento inaplicávelao processo civil. Há precedentes do STJ no sentido de que a incompetência relativa não 
pode ser declarada de ofício pelo juiz (HC 9572/BA, Min. Rel. Arnaldo Esteves Lima, 5 
Turma, julgado em 01/12/2009). As regras para competência relativa são (i) territorial; (ii) 
prevenção; (iii) distribuição; (iv) conexão e continência. 
1.3. Anulação por Incompetência: o art. 567 do CPP dispõe que são anulados pela incompetência 
apenas os atos decisórios, devendo o processo ser remetido ao juiz competente. A 
interpretação literal do art. 567 do CPP entende que os atos decisórios são nulos, mas podem 
ser ratificados pelo juiz competente, enquanto que os atos decisórios são válidos (STF, HC 
83.006/SP, Pleno, Min. Rel. Ellen Gracie, DJ 29/08/2003). Em uma interpretação restritiva, os 
atos decisórios e probatórios são nulos para a incompetência absoluta, mas preservam-se os 
atos probatórios para a incompetência relativa. 
 
1.4. Como fixar a competência? 4 passos: (i) verificar se o agente tem foro ou prerrogativa de 
função (art. 69, VII do CPP), pois é critério definitivo e regra de competência ratione funcionae 
absoluta, se tiver, encerra a discussão, previsão normativa na CF, CE, CPP, lei 8.038/90 e lei 
8.658/93; (ii) natureza da infração: fixa a justiça (federal, estadual, etc); (iii) qual o lugar da 
infração/domicílio ou residência do réu – serve para fixar o foro (comarca/seção judiciária); (iv) 
conexão e continência não fixam a competência, mas as modificam/prorrogam. Art. 69 do CPP 
traz uma ordem de critérios. 
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1.4.1. Súmula 394 STF – Cometido o crime durante o exercício funcional, prevalece a 
competência especial por prerrogativa de função, ainda que o inquérito ou ação penal 
sejam iniciados após a cessação daquele exercício. 
1.4.2. Em 1999, a Súmula 394 do STF foi cancelada pelo próprio. O legislativo introduziu o art. 
84 § 1 do CPP para dispor que a competência especial por prerrogativa de função, relativa 
a atos administrativos do agente, prevalece ainda que o inquérito ou a ação judicial sejam 
iniciados após a cessação do exercício de função pública. Foi declarada inconstitucional 
pelo STF. 
1.4.3. Súmula 451 do STF. A competência especial por prerrogativa de função não se estende a 
crime cometido após a cessação definitiva do exercício funcional. Se o crime for antes do 
exercício funcional, há o deslocamento de competência (regra da atualidade). 
1.5. Quais fatores podem ensejar modificação/prorrogação de competência? 
 
 
 
 
 
Principais Referências: 
 
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 17ª edição, São Paulo: Saraiva 2010

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