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- -1 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E A LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL - -2 Olá! Ao final desta aula, o aluno será capaz de: 1. Compreender que a Orientação Educacional constituiu-se a partir de variadas legislações educacionais; 2. aprender que as atribuições da Orientação Educacional variam conforme as necessidades educacionais de cada época; 3. analisar a importância da compreensão da legislação educacional para a compreensão do atual papel da Orientação Educacional na prática educativa. 1 Para que serve o estudo da legislação? O estudo da orientação associado ao conhecimento da legislação educacional brasileira torna-se importante para os profissionais da área em formação como instrumento de compreensão do desenvolvimento e evolução da própria Orientação Educacional. A partir da leitura de documentos legais, tais como; a Constituição, as Leis Orgânicas de Ensino, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, é possível perceber como a Orientação Educacional é vista pelos legisladores. Além disso, vislumbrar os fundamentos que nortearam a prática da Orientação Educacional em sua trajetória histórica. Sendo assim, apresentamos como destaque deste estudo os documentos legais referentes à Educação e à Orientação Educacional de forma direta ou indireta. 1.1 A Educação presente na Constituição Entende-se a Constituição como um conjunto de regras governamentais que legisla sobre os poderes e funções de um país, aplicando-se aos variados níveis da organização política, inclusive sobre o campo educacional. Nosso país, em sua história, possui algumas constituições, sendo a atual promulgada em 1988 e única com a participação popular. Aspectos relevantes para o campo educacional presentes nestas constituições: Constituição de 1824 - Gratuidade da instrução primária. - -3 - Criação de colégios e universidades. Constituição de 1891 - Atribui ao Congresso Nacional a legislação sobre o ensino superior. - Atribui aos Estados a legislação sobre o ensino secundário e primário, assim como a manutenção das escolas primárias. Constituição de 1934 - Possui capítulo específico sobre a Educação e Cultura. - Atribui à União o estabelecimento das diretrizes da educação nacional. - Atribui à União e aos Estados a difusão da instrução pública em todos os seus graus. - Define a educação como um direito de todos, devendo ser ministrada pela família e pelos Poderes públicos. Constituição de 1937 - Institui que a educação integral da prole é o primeiro dever e o direito da família, sendo o Estado apenas colaborador para facilitar a sua execução ou suprir as deficiências e lacunas da educação particular. - O ensino pré-vocacional profissional destinado às classes menos favorecidas. - O ensino primário é obrigatório e gratuito. Constituição de 1946 - Fixa, como competência da União, o estabelecimento das diretrizes e bases da educação nacional. - A educação é direito de todos e será dada no lar e na escola. - O ensino primário é obrigatório. - Possui princípios de liberdade e ideais de solidariedade humana. Constituição de 1967 - A educação é direito de todos e será dada no lar e na escola. - Possui o princípio da unidade nacional e os ideais de liberdade e de solidariedade humana. - Amplia a obrigatoriedade do ensino no período de sete a catorze anos. Constituição de 1988 - A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. - -4 - Possui princípio democrático, valorizando o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas e a gestão democrática. - Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais. - Educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria. - Estabelece o Plano Nacional de Educação com duração plurianual. 1.2 As Leis Orgânicas do Ensino e Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Como forma de cumprimento dos dispositivos educacionais assinalados na Constituição de 1937, o então Ministro da Educação, Gustavo Capanema, institui um conjunto de reformas chamadas de Leis Orgânicas: • Lei Orgânica do Ensino Industrial em 1942 (Decreto-lei 4073) • Lei Orgânica do Ensino Secundário em 1942 (Decreto-lei 4244) • Lei Orgânica do Ensino Comercial em 1943 (Decreto-lei 6141) Em seguida, no governo de José Linhares, o então Ministro da Educação, Leitão Cunha, institui novas leis Orgânicas que complementam as anteriores: • Lei Orgânica do Ensino Primário em 1946 (Decreto-lei 8259) • Lei Orgânica do Ensino Normal em 1946 (Decreto--lei 8530) • Lei Orgânica do Ensino Agrícola em 1946 (Decreto-lei 9613) Tais medidas denotam relevância na instituição e desenvolvimento do ensino profissionalizante, como também Referências à Orientação Educacional. 1.3 Quando é instituído oficialmente o serviço de Orientação Educacional? Na Lei Orgânica do Ensino Industrial de 1942, pela Reforma Capanema, é instituído oficialmente o Serviço de Orientação Educacional no Brasil, tendo o objetivo de correção e encaminhamento dos alunos-problemas, como pode ser visto em: “É instituído o Serviço de orientação Educacional, com a finalidade de correção e encaminhamento dos alunos-problemas e de elevação das qualidades morais, através de um regime de autonomia que facilita a educação social dos escolares. Referiu-se, ainda, a Lei, à facilitação da escolha profissional, esclarecendo e aconselhando, em cooperação com a família”. (MAIA; GARCIA, 1995, p. 15). Nesta perspectiva, observa-se seu caráter adaptador, visando à inserção e adaptação do indivíduo às necessidades da sociedade, mediante a sua incorporação de valores morais. • • • • • • • • - -5 • Lei Orgânica do Ensino Secundário de 1942 Na Lei Orgânica do Ensino Secundário de 1942, temos como destaque a apresentação da função da Orientação Educacional como apoio ao ensino e orientação profissional e de lazer a partir de aconselhamentos. Demonstra um caráter vocacional voltado para a escolha do Ensino Superior. • Lei Orgânica do Ensino Comercial de 1943 Na Lei Orgânica do Ensino Comercial de 1943 temos como destaque a apresentação da orientação com o caráter preventivo atuando também nas questões de ensino, saúde, ajustamento do indivíduo às normas estabelecidas na sociedade e orientação na escolha profissional, compreendendo a sua ação como meio de solução de problemas do aluno. • Lei Orgânica do Ensino Comercial de 1946 Na Lei Orgânica do Ensino Agrícola de 1946, a Orientação apresenta-se a partir do caráter preventivo, sendo a orientação profissional um ajustamento do indivíduo à profissão estabelecida pelo mercado de trabalho. Nesse decreto verificamos principalmente o aparecimento da expressão “Orientação Profissional”, a estipulação das funções do orientador e a indicação de articulação com o corpo docente. 1.4 Alguns aspectos relevantes Segundo Grinspun (2006), a Orientação Educacional revela-se como um mecanismo dos legisladores para ajustar a população no campo educacional às demandas do mercado de trabalho e da sociedade quanto à estratificação das classes sociais. Outro aspecto relevante na evolução histórica da Orientação Educacional no Brasil refere-se à própria legitimação do papel do orientador mediante a legislação brasileira, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação da Educação Nacional e outras relacionadas ao tema, seguindo os modelos americano e francês. 1.5 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e a Orientação Educacional Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1961 (Lei 4024/61) verifica-se um capítulo destinado à Orientação Educacional fixando a formação de orientadores para os cursos primários e secundários, porém com ênfase dela para o Ensino Médio. É instituída a Orientação Educativae Vocacional, em cooperação com a família, com a preocupação de ajustamento do indivíduo ao ambiente da escola, do trabalho e à própria sociedade. • • • - -6 No tocante à formação do orientador, sua fundamentação baseava-se em conteúdos psicológicos como forma de construção de uma prática voltada para uma ideologia liberal do desenvolvimento da individualidade e de aptidões. Logo, o orientador ocupa papel central dentro do ambiente escolar para a aplicabilidade da diretriz educacional do país. Em 1968 tem-se a regulação do exercício da profissão de Orientação Educacional a partir da Lei 5564/68, proporcionando a sua profissionalização baseada numa perspectiva psicológica e preventiva e tendo a finalidade não apenas de orientação profissional, mas também de auxiliador do desenvolvimento integral do indivíduo. Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1971 (Lei 5692/71), que possui como eixo norteador a qualificação para o trabalho, é declarada a obrigatoriedade da Orientação Educacional nos estabelecimentos de ensino de 1° e 2° graus em cooperação com professores, a família e a comunidade, visando um aconselhamento vocacional que favoreça a escolha profissional conforme as necessidades do mercado de trabalho. Nesse contexto, Grinspun (2006) acrescenta que: “O Decreto-lei 69.450/71 e a Res. 2/72 fixaram outras atividades para a Orientação Educacional; o Parecer 339/72 ressaltou a importância da sondagem de aptidões, com isso reforçando o uso de técnicas apropriadas para o conhecimento das “vocações” dos alunos”(BRASIL, Parecer 339/72, p. 146). A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 (Lei 9394/96), fundamentada em princípios democráticos, fixa a educação numa concepção abrangente, como vemos a seguir: “Art. 1º - A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.” (BRASIL, Lei 9394, 1996). Em seu corpo textual não encontramos menção objetiva sobre a Orientação Educacional como na lei anterior, exceto a abordagem dada para a formação deste profissional: “Art. 64. A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional.” (BRASIL, Lei 9394, 1996). - -7 Mediante a análise da evolução histórica da Orientação Educacional, não podemos descartar a atuação desta quanto à educação profissional assinalada na lei, tornando-a presente de forma indireta. Outro aspecto relevante refere-se à instituição da gestão democrática no ensino público, que em sua concepção preconiza a participação dos profissionais da educação na elaboração do Projeto Político Pedagógico da escola, possibilitando ao orientador uma prática educativa mais política no ambiente escolar. 2 A Prática da Orientação Educacional e a Legislação Educacional Com a leitura dos principais textos referentes à legislação educacional pertinentes à Orientação Educacional verificamos que a prática desta está vinculada à concepção de educação instituída. Logo, para a construção e compreensão da identidade desse profissional é necessária uma retrospectiva histórica do seu processo evolutivo. A Orientação Educacional foi durante muito tempo associado a um caráter preventivo e ajustamento do indivíduo tanto aos problemas detectados nas áreas de ensino, saúde e moral, às normas preestabelecidas pela a sociedade como também aos de orientação profissional, a partir de uma ideologia de individualidade e aptidões fundamentada em teorias psicológicas. Isso demonstra que sua presença no ambiente escolar não se institui a partir de uma necessidade da escola, mas sim como uma necessidade dos legisladores de implementar seus ideais e sua concepção de educação. Hoje, percebemos que a prática da Orientação Educacional faz-se presente no cotidiano escolar perante as necessidades desta como agente de transformação e mediação do fazer pedagógico e do processo de aprendizagem. Nesse aspecto, Grinspum (2006) diz que: Saiba mais Você sabia que o profissional da Orientação Educacional e o professor de Educação Física são os únicos que possuem a regulamentação da profissão por lei? - -8 “A Educação é uma prática social, e a orientação deve ser vista como uma prática que ocorre dentro da escola, mas cujas atividades podem e devem ultrapassar seus muros; uma prática que caminha no sentido da objetividade, da subjetividade da Educação” (GRINSPUM, 2006, p. 20). Sendo assim, destacamos que, atualmente, a Orientação não se limita a uma atuação burocrática, mas sim a uma atuação pedagógica com a finalidade de promover uma educação de qualidade pautada na cidadania e no desenvolvimento integral do aluno. Podemos destacar que além de ser instrumento de construção e da identidade do orientador educacional, o conhecimento da legislação no campo educacional é um eixo norteador de sua prática no cotidiano escolar, pois fundamenta sua ação quanto à organização das atividades e na garantia de uma educação de qualidade e acessível a todos. O que vem na próxima aula • A Orientação Educacional e as relações interpessoais no cotidiano da escola. CONCLUSÃO Nesta aula, você: • Compreendeu que a Orientação Educacional constituiu-se a partir de variadas legislações educacionais; • aprendeu que as atribuições da Orientação Educacional variam conforme as necessidades educacionais de cada época; • analisou a importância da compreensão da legislação educacional para a compreensão do atual papel da Orientação Educacional na prática educativa. • • • • Olá! 1 Para que serve o estudo da legislação? 1.1 A Educação presente na Constituição 1.2 As Leis Orgânicas do Ensino e Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 1.3 Quando é instituído oficialmente o serviço de Orientação Educacional? Lei Orgânica do Ensino Secundário de 1942 Lei Orgânica do Ensino Comercial de 1943 Lei Orgânica do Ensino Comercial de 1946 1.4 Alguns aspectos relevantes 1.5 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e a Orientação Educacional 2 A Prática da Orientação Educacional e a Legislação Educacional O que vem na próxima aula CONCLUSÃO
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