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Curso de Pós-graduação a Distância Análise de Risco e Crédito Autor: Lucélia da Costa Nogueira Tashima Universidade Católica Dom Bosco Virtual www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 2 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 SUMÁRIO UNIDADE 1 – DECISÃO DE CRÉDITO ................................................................. 07 1.1 Retornos esperados .......................................................................................... 08 1.2 Crédito e risco de crédito .................................................................................. 09 1.3 Informações para o Crédito .............................................................................. 11 1.4 O Serviço Nacional de Proteção ao Crédito (SPC) ........................................... 12 1.5 Banco Central ................................................................................................... 13 UNIDADE 2 – AVALIAÇÃO DO RISCO DE CRÉDITO .......................................... 16 2.1 6 Cs do crédito .................................................................................................. 17 2.2 Ciclo Operacional e Ciclo Financeiro ................................................................ 21 UNIDADE 3 – OPERAÇÕES DE CRÉDITO ........................................................... 27 3.1 Linhas de Crédito .............................................................................................. 29 3.2 Linhas de Crédito do Agronegócio .................................................................... 38 3.3 Garantias .......................................................................................................... 40 3.4 Garantias reais .................................................................................................. 43 UNIDADE 4 – ESTRUTURA DE NEGÓCIO ........................................................... 47 4.1 Análise do negócio ............................................................................................ 47 4.2 Análise Financeira ............................................................................................ 50 4.3 Análise Patrimonial ........................................................................................... 54 4.4 Análise do Risco x Análise do Negócio ............................................................. 56 4.5 Análise de Grupo Empresarial .......................................................................... 58 4.6 Análise de Desempenho Bursátil ...................................................................... 60 UNIDADE 5 – ATIVOS FINANCEIROS E MENSURAÇÃO DE RISCO ................. 69 5.1 Cálculo do Valor de Ativos Financeiros e Técnica de Geração de Cenário ...... 69 5.2 Mensuração do risco de mercado e avaliação do risco operacional ................. 76 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 81 3 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 APRESENTAÇÃO Caro (a) aluno (a). Apresentamos aqui o material didático de Análise de Risco e Crédito com o objetivo de analisar as formas de análise de risco e crédito, considerando que é uma tarefa indispensável para a seleção de clientes que efetivamente apresentam capacidade de pagamento pontual de suas dívidas. Trata-se de um recurso didático que tem o objetivo de subsidiar o seu trabalho docente e contribuir para o seu desenvolvimento profissional. Considerando esse princípio, as expectativas de aprendizagem definidas nesse material foram analisadas, revisadas e ajustadas para oferecer a você um conjunto de indicações para o aprimoramento da prática docente no âmbito da gestão administrativa para análise do cliente e da atividade empresarial. O objetivo deste material é subsidiar o processo de discussões e reflexões para que as empresas possam reduzir suas exposições ao risco de insolvência, dispor de uma política de crédito que oriente seus profissionais para que concedam financiamento aos clientes, mas apenas para aqueles que comprovadamente apresentem capacidade de pagamento evidenciada pela idoneidade, viabilidade da fonte geradora de renda e atuação em atividade de baixa sensibilidade a evento sistêmico adverso, experiência adquirida e disponibilidade de patrimônio de liquidez imediata. Na primeira unidade – Decisão de crédito, analisamos as alternativas pontuais na escolha do crédito e a avaliação do risco do negócio. Na segunda unidade – Avaliação do Risco de Crédito - trazemos os métodos de avaliação do risco para as organizações de forma a vincular o cadastro com os possíveis clientes desejados pela organização empresarial. Na terceira unidade – Operações de Crédito - propomos um estudo sobre a situação financeira e patrimonial do cliente com a finalidade de oferecer-lhe uma linha de crédito compatível com suas necessidades de financiamento e capacidade de amortização. Na quarta unidade – Estrutura de Negócio – analisamos a organização por meio das demonstrações contáveis e índices financeiros para avaliar a empresa como um todo e emitir parecer sobre as condições em que se encontram e se 4 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 dentro do contexto atual a empresa está apta a receber e realizar novos investimentos. Na quinta unidade – Ativos Financeiros e Mensuração de Risco – propomos o conhecimento dos ativos financeiros pertencentes a empresa e com base na liquidez, endividamento e rentabilidade mensurar o risco do negócio. . Bom estudo Prof. Me. Lucélia Tashima 5 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 INTRODUÇÃO Você sabe o que é crédito? Crédito é um termo que traduz confiança e deriva da expressão “crer”, acreditar em algo ou em alguém. E Risco de Crédito? Risco de Crédito é consequência de uma transação financeira contratada entre duas partes, por exemplo, um banco e um investidor, um fundo e um cotista, governos e investidores institucionais como fundos de pensão. Hoje a cultura do crédito evoluiu bastante e permeia um elevado número de transações, sejam comerciais, ou financeiras. O comportamento do crédito tem seu próprio ciclo, estendendo-se de conservadorismo defensivo a agressividade irresponsável. Fonte: http://migre.me/rfqBO Em cada sistema há uma camada de atitudes, resposta e padrões comportamentais. Em outras palavras, a cultura de crédito é um processo subjetivo. Foi com o conceito de crédito que surgiram outras expressões muito conhecidas hoje em dia, tais como, juros, que nada mais é do que a remuneração paga pelo uso do dinheiro no tempo e inadimplência, que nada mais é do que o não pagamento ou dos juros ou do principal contratado. Com estas simples definições, podemos dizer que crédito, ou melhor, o gerenciamento do risco de crédito é um dos maiores desafios não só dos mercados financeiros, mas também de empresas industriais, comerciais, seguradoras e porque não, de países. Com o passar dos tempos o termo crédito foi ganhando mais envergadura e hoje temos diversos modelos que nada mais são do que formas de se medir o quanto uma aplicação, ou um empréstimo valerá no futuro, ou ainda qual o risco de que os fluxos de caixa prometidos não venham a ocorrer. Assim temos: 1. Crédito ao consumidor; 2. Crédito para Pequenas Empresas; 3. Crédito Imobiliário; 4. Crédito para Empresas baseados em dados Contábeis e Valor de Mercado; 6 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 5. Risco País. A palavra crédito tem vários significados. Crédito é a entrega de um valor presente mediante uma promessa de pagamento. Isto significa, em termos financeiros, a expectativa de recebimento de um montante de dinheiro numa data futura. Enquanto promessa de pagamento há um risco de a mesma não ser cumprida. Desta forma, o risco de créditoé a probabilidade de que o recebimento não ocorra. “É fácil visualizar o crédito como parte integrante da atividade bancária”, porque o banco capta recursos junto aos clientes aplicadores e os empresta aos clientes tomadores, porém “o conceito de crédito como parte integrante do próprio negócio aplica-se a qualquer atividade” (SILVA, 2000, p. 94). Figura 1 - Representação do Crédito Fonte: Silva (2000, p. 94) 7 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 UNIDADE 1 - DECISÃO DE CRÉDITO Nesta unidade, objetivamos analisar as alternativas pontuais na escolha do crédito e a avaliação do risco de negócio. A tomada de decisão pode ser entendida como a escolha entre alternativas. Todas as pessoas, todos os dias, tomam decisões optando entre as alternativas que conhecem e dispõem. O processo decisório pode requerer experiência anterior, conhecimento sobre o que está sendo decidido, bem como o uso de métodos, de instrumentos e de técnicas que auxiliem na tomada de decisão. No crédito, ao se tomar a decisão escolhendo entre as alternativas de emprestar ou não, haverá um impacto sobre o lucro do banco e sobre o relacionamento com o cliente. No banco há alguns objetivos concorrentes entre si, pois poderá não ser possível maximizar as vendas e minimizar os incobráveis ao mesmo tempo. A decisão de conceder crédito numa empresa comercial ou industrial está muito relacionada ao volume de vendas que se atingir em determinado produto e época. Fonte: http://migre.me/rfqSf As instituições financeiras precisam identificar as oportunidades e ameaças do ambiente externo, pois o mercado fica cada vez mais exigente, havendo um aumento geral da eficiência das organizações. Existe uma mudança na forma de decidir nas instituições bancárias, com uma transformação nos modelos decisórios. Estes modelos são extremamente planejados, passando de uma análise determinística para uma abordagem probabilística. A tomada de decisão começa a ser estruturada por um planejamento, por meio do uso das informações apuradas por sistemas de apoio à decisão. O negócio do crédito começa a transformar seus modelos, que vêm sendo incorporados por sistemas, com o objetivo de agilizar a atividade da decisão na organização. As formas de classificação de clientes, por meio do uso de modelos que os classificam em faixas, é de extrema importância nos processos de análise de crédito nas instituições. 8 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 A Teoria da Análise Discriminante Múltipla de Altman (1979), continua sendo a base no processo decisório do crédito. Porém existem hoje teorias capazes de assimilar os modelos de análise de crédito de forma quantitativa e qualitativa, otimizando o processo decisório. A decisão, no contexto da análise do risco de crédito, passa a ser estruturada por meio do apoio de sistemas de informação à decisão. São os chamados sistemas neurais, capazes de incorporar as ações decisórias, otimizando o tempo e os resultados da ação da decisão. 1.1 Retornos esperados Crédito, numa empresa comercial ou industrial, quanto mais rigorosos sejam seus critérios para seleção de clientes, menor poderá ser seu volume de vendas a prazo, podendo chegar ao extremo de só vender à vista. Entretanto, à medida que seus concorrentes forem mais flexíveis, estes poderão ganhar parte do mercado que seria da empresa. O comportamento do mercado, em termos de oferta e procura, também é importante, uma vez que o mercado como um todo afeta a empresa. Fonte: http://migre.me/rfr0W Em um banco comercial, também a decisão de crédito abrange aspectos ligados ao nível de risco, ao prazo de operação, às taxas de juros e até mesmo às garantias. Considerando a premissa de que o objetivo da administração financeira é a maximização do lucro, respeitados os demais objetivos sociais, deve a política de crédito ser orientada nessa direção. Sendo assim, o objetivo não é somente maximizar as vendas ou minimizar as perdas com devedores. Para maximizar as vendas, a empresa venderia a prazo a qualquer pessoa, para minimizar as perdas com valores incobráveis não venderia a ninguém. Este raciocínio pode ser aplicado a um banco, isto é, se o objetivo é maximizar as aplicações, empresta dinheiro a quem aparecer, até o limite da disponibilidade de recursos. Com isto o banco em uma proposta de negócio, tem que comparar o custo de conceder com o custo de negar. 9 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 1.2 Crédito e risco de crédito O crédito, já foi discutido anteriormente e, por isso, agora abordamos o risco de crédito, que se trata da possibilidade de não receber o valor principal negociado por causa da inadimplência, que não pode ser evitada, mas que pode ser prevenida ou controlada pela análise de crédito. Fonte: http://migre.me/rfrjQ A facilidade de comprar a prazo seduz o cliente, que deixa de fazer um investimento à vista, ou compra simplesmente sem a intenção de pagar. Futuramente, poderá sofrer imprevistos, deixando de honrar compromissos financeiros, e a empresa ficará com o prejuízo conforme temos visto frequentemente. Sabemos que crédito envolve riscos, afinal, confiamos na palavra do cliente e acima de tudo nas provas que ele nos apresenta. Sabemos também que as provas muitas vezes podem ser diferentes da realidade vivida por este cliente. Por isso, é preciso desenvolver bem a técnica de ouvir, “ouça primeiro e fale depois”, aprenda a ouvir o que a outra pessoa tem a dizer, e não o que seus ouvidos já receberam do cérebro em forma de conclusões precipitadas. Isso vale para todos os clientes, pessoas físicas ou jurídicas, pois quando vão ao setor de cadastro e crédito, estão preparados para falar de sua realidade ou de sua empresa. Não conhecemos ainda essa realidade ou essa empresa, portanto, precisamos conhecer sua necessidade e saber de suas preferências, para poder atender melhor. O analista de crédito também é uma espécie de vendedor, tendo ou não contato direto com o cliente. Ele não está interessado, como muitas vezes outros profissionais possam imaginar, em barrar vendas, diminuir comissões ou sabotar salários alheios. O analista é o vendedor dos prazos e condições; seu setor visa lucratividade através do valor do dinheiro em determinado período de tempo. 10 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Porém, como não pode prever se todos os clientes terão condições de honrar seus compromissos financeiros, deve cercar-se de cuidados e garantias antes de autorizar a venda a prazo, ou seja, conceder crédito. Por meio da audição é possível antever os problemas que o cliente pode enfrentar futuramente, e as dificuldades de receber os valores solicitados, caso sejam concedidos. Quem fala demais não consegue ouvir e avaliar, portanto, o ideal é ouvir mais e falar menos. Exercício 1 1. De acordo com o texto, qual o significado de crédito? a) Valor presente mediante promessa de pagamento. b) Valor Futuro, mediante crédito autorizado. c) Recurso Aplicado junto aos Fornecedores. d) Valor futuro mediante promessa de recebimento. 2. O crédito envolve Riscos e, muitas vezes devemos confiar na palavra do cliente. Por isso, recomendam-se algumas técnicas, tais como: a) “Ouça primeiro e fale depois”. b) “Fale depois escute seu Cliente”. c) “Ouça depois, mas fale primeiro”. d) “Cliente sempre tem razão”. É muito comum também encontrar clientes muito simpáticos e falantes. O funcionário não deve ser antipático, mas deve acautelar-se para não se desviar do objetivo principal de estarem frente a frente. Em uma negociação qualquer deve haver ganhos para as partes envolvidas, se uma das partes não vai lucrar nada então não há vantagem, significa que algum risco, por menor que seja existe. Normalmente os riscos são classificadosem duas categorias básicas, segundo Assaf Neto (1999). São eles: (1) Riscos de primeira categoria e; (2) Riscos de segunda categoria. Os riscos de primeira categoria representam o maior nível de risco de crédito, ou seja, a possibilidade maior de perdas e de não recuperar os valores perdidos em operações de crédito. Por isso, é muito importante pedir garantias para 11 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 assegurar o recebimento, seja um avalista, entrada em dinheiro (representando um percentual do valor do bem à vista) ou o penhor de algum bem. Os riscos de segunda categoria equivalem a bens tangíveis como móveis, veículos, casas, terrenos, apartamentos, máquinas. Isso quer dizer que, em caso de não pagamento é possível recuperar o bem e tentar ganhar algum dinheiro com ele, pelo valor de mercado que ele apresenta no momento de seu resgate. Outra forma de garantia são as altas taxas de juros. Os juros formam uma ciranda, os clientes tomam empréstimos ou financiamentos e pagam parcelas acrescidas de generosas taxas de juros, assim o mercado fica assegurado de que quando alguns falham com o pagamento, outros pagam por essa falha. Um cliente compensa a falta de outro. Vejamos alguns fatores que interna ou externamente podem influenciar de forma prejudicial à análise de crédito: profissionais desqualificados; política de crédito inadequada e altas taxas de juros. 1.3 Informações para o crédito As informações utilizadas para avaliação de risco de empresas são a data de fundação, o tempo de relacionamento com fornecedores, a demanda por crédito, os padrões de comportamento, os balanços, os registros em cartórios, os protestos, as falências, as concordatas e ações judiciais. Fonte: http://migre.me/rfrqz Para a análise de risco de pessoas físicas a Serasa reúne informações sobre uso de cheques, protestos, ações judiciais, pendências financeiras, dívidas vencidas, informações sobre veículos, quitação de multas e impostos. As principais fontes de informação utilizadas são os cartórios de distribuição judicial, as varas cíveis, os cartórios de protestos, as juntas comerciais, o Banco Central, as instituições financeiras e não financeiras, o banco de dados de duplicatas e cheques cedidos às factorings, o banco de informações sobre apólices e sinistros e o sistema de informações do registro nacional de veículos. 12 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 A SERASA funciona também com base em reciprocidade, ou seja, as empresas que recebem informações também devem repassar seus cadastros ao banco de dados da Serasa, que armazena 90 milhões de informações negativas de 20 milhões de correntistas de contas bancárias (SEBRAE, 2007, p.71). Mas, segundo informação da própria SERASA (SEBRAE, 2007, p.71), ela não se limita a trabalhar com informação negativa, mas sim agregar serviços de processamento de informações positivas para subsidiar a tomada de decisões de seus clientes. 1.4 O Serviço Nacional de Proteção ao Crédito (SPC) O Serviço Nacional de Proteção ao Crédito (SPC) é um órgão de serviços da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), que reúne estabelecimentos comerciais de todo o país e tem como objetivo principal centralizar os bancos de dados dos SPCs das Câmaras de Dirigentes Lojistas (CDLs), que normalmente têm abrangência municipal. As CDLs possuem uma rede que atinge praticamente todo o País. O foco do SPC é a gestão de risco na venda e crédito de consumo. Por meio de consultas por telefone ou internet, as lojas acessam informações sobre os seus clientes para tomar decisões sobre pagamento com cheques e vendas a prazo. As informações mais utilizadas são identificação do consumidor, identificação de CPF, confirmação de dados cadastrais, participação em empresas, registros de inadimplência nas empresas filiadas (contratos, carnês, duplicatas, condomínios, cartões de crédito, mensalidades, anuidades, empréstimos, financiamentos, prestações e cheques pagos a outros usuários do sistema), cadastro de cheques sem fundo, roubados, sustados ou extraviados, protestos, ações judiciais, identificação de dados telefônicos, créditos concedidos e outras. Para a análise de crédito para pessoas jurídicas são utilizadas informações sobre a inadimplência de empresas, os cheques sem fundo, a identificação da empresa, as informações dos sócios, a ocorrência de fraudes, os protestos, as ações judiciais, a identificação de dados telefônicos, os créditos concedidos, o número de consultas realizadas ao CPF em questão, entre outras. O SPC controla também informações de pessoas jurídicas, através de confirmação de dados cadastrais (nome da empresa, composição societária, endereço e telefone), informações sobre extravio ou roubo de documentos, registros 13 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 de inadimplência. Atualmente está em fase de criação a Rede Nacional de Proteção ao Crédito, que vai interligar as informações das 2.072 associações comerciais existentes em todo o País. Estas associações são representativas de 700 mil empresas. As principais fontes de informação utilizadas pelo SPC, tanto sobre pessoa física quanto pessoa jurídica, são as entidades e empresas associadas e fornecedores de informações de juntas comerciais, cartórios, Banco Central, instituições financeiras e cadastro da Receita Federal. A SERASA e o SPC são grandes centrais de informação que utilizam modernos sistemas tecnológicos de processamento de informações e de comunicação, avançadas técnicas estatísticas de análise de risco e possuem grandes e diversificadas fontes de informação. Porém, estas centrais apresentam três grandes limitações para a gestão do risco na concessão de crédito para pessoas de baixa renda. A principal crítica das instituições de microfinanças ao funcionamento destas centrais é que se restringem ao uso dos chamados cadastros negativos (ocorrências de inadimplência). O objetivo de um cadastro positivo (histórico de adimplência) é o de possibilitar a identificação de bons pagadores, mesmo que tenha apresentado eventualmente alguma ocorrência negativa. Segundo o Banco Central o uso dos dois serviços de cadastro permite um cálculo mais preciso das probabilidades de inadimplência. O SPC trabalha no mesmo sentido da Serasa, tendo a possibilidade de reunir também as informações de comportamento positivo dos clientes por meio de um cadastro de informações gerais ligadas ao CPF consultado, mas o maior problema para o acesso a esses dados é que a empresa precisa contratar o serviço de acesso aos estabelecimentos conveniados. 1.5 Banco Central Foi criado pelo Banco Central do Brasil, o Sistema de Informações de Crédito em 1997, inicialmente como Central de Risco de Crédito, com a finalidade de: [...] aumentar capacidade de monitoramento dos riscos de crédito dentro das carteiras das instituições financeiras, antecipar e prevenir crises no Sistema Financeiro Nacional, supervisionar as carteiras de 14 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 crédito das instituições financeiras, subsidiar a análise e pesquisa sobre o mercado de crédito, disponibilizar informações de melhor qualidade para o gerenciamento de risco e com isto, reduzir a inadimplência e o spread bancário. (BRASIL, 1965) De acordo com a Resolução 63/1965, artigo 7º, o sistema trabalha com informações negativas e positivas de “operações de crédito, financiamento, fiança e aval, a partir do valor mínimo de cinco mil reais e permite uma avaliação precisa do nível de endividamento de todos os clientes de instituições financeiras” (BRASIL, 1965). O valor mínimo será gradativamente reduzido, mas dificilmente alcançará valor próximo à média das operações de microcrédito. A Central de Risco do Banco Central opera com informações de operações ativas com característica deconcessão de crédito, créditos baixados como prejuízo, coobrigações e riscos assumidos pela IF, repasses interfinanceiros e créditos a liberar. A Central reúne também informações de diversos bancos de dados, como a Secretaria da Receita Federal (SRF), as Câmaras de Compensação, Liquidação e Custódia, o Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal (CADIN), Departamento de Capitais Estrangeiros e Câmbio (DECEC), Departamento de Supervisão Direta (Desup), Departamento de Supervisão Indireta (DESIN), Balancetes Cosif, Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundo (CCF), Informações sobre Entidades de Interesse do Banco Central (UNICAD) e Instituições Financeiras e Assemelhadas. O avanço no uso de informações de crédito positivas é, porém, restrito às grandes operações e não abrange a população de baixa renda. As informações se limitam às operações realizadas por instituições financeiras no uso das suas atribuições. Com esse formato, os objetivos principais da Central de Risco de Crédito do Banco Central são manter a segurança do sistema financeiro e reduzir o spread nas grandes operações de crédito. No Brasil o problema da abrangência é ainda mais grave, segundo Carvalho e Abramovay (2004, p. 39). Devido ao enorme peso da economia informal no mercado de crédito e do grande número de pequenos estabelecimentos comerciais que não estão associados às associações de lojistas e que, portanto, suas operações não compõem nem têm acesso ao banco de dados da Serasa e SPC. 15 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Nenhum dos três grandes sistemas de informação de crédito existentes no Brasil oferece um recurso adequado para a gestão de risco de operações de crédito realizadas por pessoas de baixa renda. (CARVALHO; ABRAMOVAY, 2004, p.39). O desafio está em construir situações em que o histórico positivo dos clientes de baixa renda possa ser incorporado às práticas das organizações financeiras. Exercício 2 Quais são as Informações que são utilizadas para Avaliação de um crédito com o mínimo de risco possível, relacionado a pessoas jurídicas? a) Serasa, SPC, operações realizadas por instituições financeiras e seu uso é também limitado às instituições financeiras. b) Data de fundação, tempo de relacionamento com fornecedores, demanda por crédito, padrões de comportamento, balanços, registros em cartórios, protestos, falências, concordatas e ações judiciais. c) Uso de cheques, protestos, ações judiciais, pendências financeiras, dívidas vencidas, informações sobre veículos, quitação de multas e impostos. d) Serasa, SPC, operações realizadas por instituições financeiras, balanços, registros, informações sobre veículos. 16 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 UNIDADE 2 - AVALIAÇÃO DO RISCO DE CRÉDITO É a atribuição de valores aos parâmetros anteriores - e aos inúmeros que cada um destes inclui - para emitir um parecer sobre determinada operação de concessão de crédito. A cada fator emite-se um valor subjetivo - "positivo" ou "negativo". Se, no final, o número de fatores com classificações positivas for superior ao dos negativos, então o parecer tenderá a ser favorável à concessão de crédito. São vários os fatores a ter em conta na análise de crédito. Os indicadores incluídos nos parâmetros "caráter do cliente" e "capacidade de gestão" são dos mais importantes, pois dão uma ideia muito concreta do provável comportamento do cliente. Analisando o seu passado, é possível prever o seu comportamento futuro, procurando só conceder crédito a quem demonstre maiores e melhores hipóteses para honrar os seus compromissos. É possível representar o risco de crédito de um cliente por meio de equações como: (CARVALHO; ABRAMOVAY, 2004, p. 40). Caráter do cliente = Pontualidade nos pagamentos + Cadastros restritivos + Identificação do perfil. Capacidade de gestão = Análise das demonstrações financeiras da empresa é um bom indicador + Cálculo dos índices de liquidez, de solvabilidade e de sensibilidade (MARION, 2012). Valor do patrimônio = comprovação patrimonial de seus bens e outros ativos de grande valor + Valor de mercado (só se o cliente for uma empresa; é o valor a que o capital da empresa seria vendido em determinado momento). Garantias de crédito = os valores líquidos geradores de caixa da organização, clientes, valores a receber + Valor de mercado (quando o cliente é uma empresa) + Correta formalização do contrato (as cláusulas do contrato podem exigir determinadas garantias de pagamento das dívidas, por exemplo, a existência de um fiador ou avalista). Envolvente contextual = análise da qualidade da empresa que busca o serviço nas condições de mercado em que ela se encontra. Risco de crédito = Caráter do cliente + Capacidade de gestão + Valor do patrimônio + Garantias de crédito + Envolvente contextual. 17 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 2.1 6 Cs do crédito É um famoso modelo de concessão de crédito, utilizado por Barrickman e Michael (1995), mas que na verdade, cada instituição tem a sua forma de interpretação dos C’S do crédito. Esse fato se torna interessante porque o referido modelo assume uma abordagem bem personalizada da empresa que quer implantá-lo em sua organização. No começo se ouvia falar dos 4 C’s, mas com o passar do tempo transformaram-se em 5, depois 6 e, hoje, temos autores e instituições que falam em mais de 10 C’s (além dos 6 tradicionais, acrescentam consistência, controle, custos, comunicação, etc.). Mas vamos focar nas atuais aplicabilidades propostas por Barrickman e Michael (1995): – Caráter – Capital – Capacidade – Colateral – Condições – Conglomerado 2.1.1 Cadastro das empresas Brito e Assaf Neto (2008), afirmam que o mais lembrado dos “C’s”, diz respeito ao caráter da empresa proponente, descrito por meio do caráter dos sócios e seus administradores. Essa percepção é obtida muito através de uma boa pesquisa de mercado, como também através do feeling obtido quando da visita, quando da entrevista aos sócios/administradores. Segundo Leoni e Leoni (1997, p 201), o cadastro da empresa é [...] como ela se comporta junto aos fornecedores, aos bancos que lhe emprestam recursos, junto aos seus funcionários, junto à praça em que atua de uma forma geral. Silva (2000), afirma que para uma análise mais segura é necessário realizar uma síntese da importância do cadastro do cliente de acordo com as necessidades da empresa contratante. Leoni e Leoni (1997) e Pereira (2000), acreditam que a escolha dos fornecedores de quem a empresa compra pode determinar o andamento do 18 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 negócio, porque por meio deles é que são definidos os prazos de pagamentos e também os transtornos ocasionados por conta do atraso nos pagamentos. Pereira (2009), considera que o “C” do cadastro é o primeiro aspecto da lista como item avaliador de perfil, pois se o sócio e/ou a empresa não passar por este item, todos os demais serão desnecessários. 2.1.2 Capital O capital pode ser dividido em três partes, na visão de Schrickel (2000): 1) Situação patrimonial: descrição da quantidade de bens de valor para a organização, quantificados monetariamente. 2) Capacidade de pagamento: Marion (20012, p 83), define como “a capacidade de pagamento da empresa, a capacidade de liquidar seus compromissos com boa pontualidade”. 3) Performance econômico-financeira: Segundo Marion (20012, p 123), é definido como a “análise dos demonstrativos contábeis também, o ciclo financeiro, do faturamento, da alavancagem (quanto fatura por mês e quanto deve em bancos no curto prazo)”. 2.1.3 Capacidade É descrita por Caduette, Altman, Narayanan (2000), como a soma dos itens agregado ao capital da empresa, destacando: O Market share da empresa Os níveis de qualidadee produtividade A carteira de clientes A área de atuação A capacidade instalada da empresa Seus produtos O grau de tecnologia A condição de superar os concorrentes O currículo/histórico dos administradores Fonte: Adaptado de Caduette, Altman, Narayanan (2000, p. 53) Segundo Caduette, Altman, Narayanan (2000, p. 57), a capacidade implica em “dizer nas condições que a empresa tem, extraperformance econômico- 19 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 financeira, em possuir um “sistema de negócios” eficiente para continuar suas operações de forma eficiente”. 2.1.4 Colateral Schrickel (2000), defende que as garantias envolvidas no empréstimo proposto podem ser reais e pessoais. Quadro 1 – Tipos de garantias REAIS Incluem as máquinas e equipamentos, terrenos e construções, cauções de títulos e duplicatas. A garantia de qualquer um desses ativos é feita pelo registro de certos documentos num cartório público. Enquanto os itens referentes ao ativo permanente são registrados como hipoteca para os bancos financiadores, as cauções de títulos e duplicatas devem ser dadas em regimes permanentes em função do prazo do empréstimo. PESSOAIS Resumem à promessa de contraprestação. Na maioria dos casos, o credor contenta-se com a garantia comum representada pelo patrimônio presente e futuro do devedor, avalista ou fiador. Como exemplo de garantias pessoais pode-se citar: o aval, a carta de crédito e a carta de fiança. Fonte: Adaptado de Schrickel (2000, p, 29) 2.1.5 Condições As condições, que podem afetar a concessão do crédito de forma favorável ou desfavorável à organização, estão relacionadas ao ambiente externo da empresa (fornecedores e parceiros de trabalho) e internos (perfil do cliente para quem desejo vender). Segundo Silva (2000, p 34), os fatores internos englobam: – Fatores legais (legislação interna e externa) – Fatores econômicos (inflação, dólar, taxa de juros e etc.) – Fatores políticos (analisar as questões políticas e que impacto possam ter no sistema de negócios da empresa) – Fatores fiscais (observar de que forma o eventual desequilíbrio das contas do governo irão impactar no aumento da carga tributária da empresa, observar que estados concedem subsídios fiscais) – Mudança de hábitos de consumo – Análise setorial – Análise da concorrência 20 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 – Reformas macroeconômicas (dívida pública, tributos, previdência) – Reformas de infraestrutura (construção/modernização de estradas, investimentos em saúde e em educação) – Desempenho do mercado de capitais. Os fatores externos são descritos por Silva (2000), como os vários contextos que envolvem a empresa, desde o mercado internacional até mesmo os parceiros diretamente ligados ou não a ela. Contexto Internacional- compreende as causas e efeitos que os conflitos internacionais podem causar no sistema de negócios da empresa e ainda, as alterações das políticas externas e seus efeitos nos tomadores de crédito da carteira: – Analisar o preço da demanda mundial; – Analisar se o mercado está dinâmico e expansionista; – Analisar a situação econômico-financeira dos principais parceiros comerciais – Verificar o impacto que seria causado na receita da empresa caso perdesse uma fatia considerável de exportações. – Acompanhar o movimento em relação a prováveis barreiras comerciais. 2.1.6 Conglomerado Brito e Assaf Neto (2008), avaliam a empresa não de forma isolada, mas todo o seu conglomerado ou grupos dos quais ela faz parte. Na visão dos autores deve-se levar em conta as informações do grupo e o cruzamento das informações gerais para determinar o perfil da empresa, [...] pois há interações econômico-financeiras e de gestão com as demais controladas ou coligadas. As questões mais comuns e que requerem aprofundamento neste tipo de análise referem-se, principalmente, às famílias e acionistas, ao cruzamento de avais pelos administradores, e aos direitos e participações dos acionistas (BRITO; ASSAF NETO, 2008, p. 24). Segundo Brito e Assaf Neto (2008, p. 26), “essa é a visão dos cês do crédito”, mas pode se levar também em consideração as questões patrimoniais da empresa, a forma e controle acionário pertencente aos seus grupos, o seu mercado de atuação, sua performance e o cadastro geral bancário da empresa. 21 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Exercício 3 Analisando o 6cs do crédito podemos afirmar que é uma forma de concessão de crédito hoje muito utilizada. Neste caso, as empresas devem considerar: a) Factoring’s, Ciclo financeiro, Conglomerado, Crédito, Capital, Patrimônio. b) Conglomerado, Capital, Capacidade, Financeiro, Patrimônio, Caráter. c) Caráter, Capital, Capacidade, Colateral, Condições, Conglomerado. d) Caráter, Capital, Capacidade, Colateral, Condições, Crédito. 2.2 Ciclo Operacional e Ciclo Financeiro Em termos de administração financeira, o Ciclo Operacional de uma empresa, segundo Marion (2012, p. 203), é a: [...] soma de todos os acontecimentos que ocorrem na empresa, inicia-se com a compra da matéria-prima, passa pelo período de estocagem, pagamento da matéria-prima, estocagem de produtos acabados, venda dos produtos e termina com o recebimento referente às vendas realizadas. Portanto é a soma do Prazo médio de estocagem PME + o Prazo médio de Recebimento PMR. O Ciclo Econômico da empresa, segundo Marion (2012), inicia-se no momento em que ela comprou a matéria-prima e termina quando ela vendeu os produtos acabados. O Ciclo Financeiro da empresa, segundo Marion (2012), inicia-se no momento do pagamento da matéria-prima e termina com o recebimento das vendas, ou seja, é o Ciclo Operacional da empresa (-) o PMP, Prazo médio de pagamento da empresa. O objetivo desse ciclo é mensurar o tempo em que as atividades da empresa são desenvolvidas, o que permite direcionar melhor o controle gerencial e gestão de negócios. Esse tipo de controle permite influenciar a cultura organizacional da empresa, dentro do seu ramo de negócios. 22 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Seus valores dependem dos processos de produção, capacidade de vendas e recebimentos de clientes que estão diretamente ligados ao ciclo financeiro. Portanto, é necessário considerar também a questão do pagamento a fornecedores dentro desse ciclo financeiro. Vamos ao seguinte exemplo: Considere uma empresa onde as mercadorias permaneçam 42 dias em estoque, com uma média de recebimento de clientes igual a 60 dias, sendo o pagamento aos fornecedores em 30 dias. Teremos os seguintes valores para o cálculo dos ciclos: Prazo Médio de Estocagem (PME) = 42 dias Prazo Médio de Contas a Receber (PMCR) = 60 dias Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores (PMPF) = 30 dias O ciclo econômico é o tempo que a mercadoria permanece em estoque. Vai desde a aquisição dos produtos até o ato da venda, não levando em consideração o recebimento delas (encaixe) (GITMAN, 1997). Fórmula: Ciclo Econômico = Prazo Médio de Estocagem (PME) Exemplo: Ciclo Econômico = 42 dias O ciclo operacional compreende o período entre a data da compra até o recebimento do cliente. Caso a empresa trabalhe somente com vendas à vista, o ciclo operacional tem o mesmo valor do ciclo econômico (MARION 2012). Fórmula: Ciclo Operacional = Ciclo Econômico + Prazo Médio de Contas a Receber (PMCR) Exemplo: Ciclo Operacional = 42 dias + 60 dias Ciclo Operacional = 102 dias O ciclo financeiro, também conhecido como Ciclo de caixa, é o tempo entre o pagamento aos fornecedores e o recebimento das vendas. Quanto maior o poder Neste momento estamos definindo os ciclos em que o dinheiro gira dentro da organização! 23 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 de negociação da empresa com fornecedores, menor o ciclo financeiro (MARION 2012).Fórmula: Ciclo Financeiro = Ciclo Operacional - Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores (PMPF) Exemplo: Ciclo Financeiro = 102 dias - 30 dias Ciclo Financeiro = 72 dias 2.2.1 Análise Financeira É importante para a empresa, sempre criar alternativas que resultem em ciclos financeiros reduzidos. Não é uma tarefa fácil, mas observando sempre a estrutura de mercado na qual o negócio está inserido é possível determinar os fatores pontuais para melhorar o setor econômico da organização. A empresa pode, por exemplo, diminuir seu ciclo de giro de negócios, proporcionando maiores retornos sobre os investimentos. Como exemplo, temos um ciclo financeiro de 90 dias. Isso significa dizer que durante 1 ano (360 dias) a empresa gira 4 vezes (360 dividido por 90 dias). Observe que após o pagamento a fornecedores, a empresa começa a financiar suas atividades com seu próprio capital de giro. Abaixo temos a diminuição do ciclo financeiro estendendo o pagamento aos fornecedores de x' para x''. Outras medidas seriam a antecipação de vendas e de seus respectivos recebimentos. 24 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Figura 2 – Ciclo financeiro Fonte: Marion (2012, p. 98) Segundo Marion (2012, p. 245): A própria essência de um negócio é aumentar a riqueza por meio de seu ciclo produtivo, já que no momento da venda de produtos finais e serviços há entrada de valores e através de despesas como o consumo de matéria-prima ou bens para revenda, uso de trabalho, serviços externos como transporte, pagamento de impostos e outras obrigações, esses valores são despendidos. O ciclo de produção é a conversão de matéria-prima em produto final e vendas. Essa noção de ciclo de produção e a classificação contábil de acordo com a maturidade é uma noção estática (MARION, 2012). Marion (2012) faz o seguinte questionamento: Marion (2012), explica que no decorrer da atividade, a empresa transforma seu estoque em vendas (à vista ou a prazo), e suas vendas em dinheiro ou em direitos a receber, que serão usados para pagar fornecedores por bens e serviços. A duração desse período entre armazenar e vender, receber as vendas para pagar seus fornecedores faz parte de um ciclo financeiro organizacional, ou seja, é o tempo necessário para converter dinheiro em matéria-prima, matéria-prima O que é o ciclo financeiro de uma empresa e como ele interfere nas ações da organização? 25 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 em produto final, produto final em recebíveis, e por fim, recebíveis de volta a dinheiro (MARION, 2012). Em sentido amplo, o ciclo físico de produção compreende três fases principais, segundo Assaf Neto (2007). Armazenagem de matérias-primas, transformação das matérias- primas em produtos acabados e armazenagem dos produtos acabados. Os custos de produção incorridos em uma fábrica são aplicados à produção, à medida que esta flui através das suas seções, departamentos ou centros de custo. (ASSAF NETO, 2007, p.371) Assaf Neto (2007, p. 375), afirma que “o fluxo dos custos de produção acompanha o movimento físico das matérias-primas, à medida que estas são recebidas, armazenadas, retiradas dos estoques e transformadas em produtos acabados”. Os ciclos de produção e financeiros estão relacionados aproximadamente pela equação seguinte, conforme Marion (2012): Para Marion (2012, p. 249), o “ciclo financeiro começa com a compra” das matérias-primas e com o período de tempo necessário para pagar os fornecedores, “continua com o armazenamento dos estoques”, os produtos finalizados em Clientes a Receber e por fim, recebíveis de novo em dinheiro. O ciclo financeiro pode ser representado graficamente pela combinação do ciclo econômico e dos prazos de estocagem, pagamento e recebimento. É essencial isolar no balanço patrimonial, ativos cíclicos e passivos cíclicos que logicamente aumentarão e diminuirão em relação com os negócios da empresa para definir a Necessidade de Capital de Giro (NCG). Podemos expressar o ciclo financeiro em dias de vendas, normalmente chamado no exterior de C2C (cash to cash). C2C = PME x {CDBV/Vendas} + PMR – PMP x {Compras/Vendas} Ciclo financeiro= Ciclo de produção + período médio de arrecadação das contas a receber – tempo médio de pagamento dos Fornecedores. 26 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Exercício 4 O Ciclo Financeiro da empresa inicia-se no momento do pagamento da matéria-prima e termina com o recebimento das vendas, ou seja: a) É o Ciclo Operacional da empresa (-) o PMP, Prazo médio de pagamento da empresa. b) PME x CDBV / VENDAS + PMR – PMP x Compras/ Vendas. c) Ciclo Operacional = Ciclo Econômico + Prazo Médio de Contas a Receber (PMCR). d) Ciclo Econômico (-) o PMP, Prazo médio de pagamento da empresa. 27 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 UNIDADE 3 - OPERAÇÕES DE CRÉDITO Nesta unidade, buscamos conhecer a situação financeira e patrimonial do cliente com a finalidade de oferecer-lhe uma linha de crédito compatível com suas necessidades de financiamento e capacidade de amortização. Segundo Santos (2015, p. 76), [...] a finalidade do crédito deve estar diretamente vinculada com a necessidade do cliente, sendo necessário conhecê-lo detalhadamente quanto à situação financeira e patrimonial para oferecer uma linha de crédito compatível com suas necessidades de financiamento e capacidade de amortização. As linhas de crédito, segundo o autor, podem atender três necessidades básicas que são destinadas às pessoas físicas e pessoas jurídicas. Quadro 2 – Créditos para Pessoas Físicas PESSOA FÍSICA Créditos Emergenciais Destinado a cobrir eventuais desequilíbrios orçamentários ou financiamentos de compras de curtíssimo prazo (prazo até um mês) Financiamentos de Compras Permite ao cliente adquirir produtos e serviços para consumo e bem-estar como alimentos, vestuários e bens eletrodomésticos. Esses recursos são operações de curto prazo de até 12 meses, com amortização parcelada ou concentrada na data do vencimento. Investimentos Permite ao cliente adquirir maior valor para integrar seu patrimônio ou mesmo desempenhar suas atividades profissionais, tais como: imóveis, veículos, máquinas e equipamentos. Os investimentos são operações de longo prazo (geralmente superior a 12 meses). Fonte: Adaptado de Santos (2015, p. 68) As necessidades empresariais não são diferentes, mas o tipo de crédito está relacionado aos negócios empresariais. 28 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Quadro 3 - Créditos para Pessoas Jurídicas PESSOA JURÍDICA Hot money Destina-se a cobrir eventuais desequilíbrios de caixa entre os prazos de recebimento e pagamento, ocorrido por poucos dias. Capital de giro Recursos para financiar o ciclo operacional das empresas – período que vai desde a aquisição da matéria-prima até o recebimento da venda do produto acabado ou serviço prestado. Durante o ciclo operacional, empresas com desequilíbrio de caixa buscam financiamento para amortizar dívidas com os fornecedores, funcionários e entidades governamentais. Investimentos Recursos para financiar imobilizados (instalações, máquinas, equipamentos e veículos), visando aumentar a capacidade produtiva das empresas. Fonte: Adaptado de Santos (2015, p. 69) As linhas de crédito oferecidas às empresas são direcionadas ao financiamento do capital de giro e de investimento. As necessidades de capital de giro compreendem os gastos operacionais para financiar a produção. Entre alguns exemplos podemos citar a matéria-prima e a mão de obra direta. Já as necessidades de investimentos compreendem os gastos com imobilização. Entre eles temos as instalações, os equipamentos e os veículos. Exercício 5 Quais são as linhas de crédito que podematender três necessidades básicas que são destinadas às pessoas físicas e pessoas jurídicas? a) Fiança Bancária, Leasing, Hot Money. b) Carta de Crédito, Hot Money, Capital de giro. c) Capital de Giro, Investimentos, Leasing. d) Hot Money, Capital de Giro, Investimentos. 29 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 A seguir apresentamos exemplos de modalidades de linhas de créditos praticados pelas empresas e autorizados pelo Banco Central (2012). São 14 linhas apresentadas que explicaremos cada uma, a seguir. Contratos de Capital de Giro; Descontos de recebíveis ou valores a receber; Cédula de crédito bancário; Compror; Vendor; Adiantamento sobre contrato de Câmbio (ACC); Adiantamento sobre cambiais entregues (ACE); Carta de Crédito; Financiamento à importação (FINIMP); Assunção de dívidas em moeda estrangeira; Resolução 63; Leasing; Fiança Bancária Linhas de Crédito ao Agronegócio: Cédula de produção rural (CPR), Cédula de produção rural financeira (CPRF), Certificado de depósito agropecuário (CDA) e warrant agropecuário (WA). 3.1 Linhas de crédito Contratos de capital de giro: são linhas de crédito direcionadas ao financiamento das necessidades operacionais da empresa em curto prazo. As instituições financeiras oferecem os contratos para financiamentos de capital de giro na modalidade de créditos rotativos ou créditos pontuais (BRASIL, 2012). Desconto de recebíveis ou valores a receber: é a antecipação do recebimento das vendas a credito mediante a cessão de seus direitos ao contratante. O desconto comercial é a forma tradicional de financiamento de capital de giro, que incorpora, além da taxa de desconto paga à vista, o IOF e despesas bancárias de administração. Esses desembolsos são geralmente cobrados sobre o valor nominal do título (valor de resgate), e pagos ou descontados, no momento da liberação dos recursos (BRASIL, 2012). 30 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Cédula de crédito bancário: trata-se de linha de crédito rotativa disponibilizada em conta corrente que poderá ser utilizada parcial ou integralmente de acordo com a necessidade da empresa, sendo um empréstimo cumulativo até o limite e prazo do contrato. A cédula é nos termos da lei uma promessa de pagamento em dinheiro, líquida, certa e exequível pela instituição financeira e diferencia-se de outros contratos de crédito por permitir execução mais rápida e fácil (BRASIL, 2012). Compror; operação de financiamento de compras que permite à empresa o pagamento a prazo e ao fornecedor o recebimento à vista. Qualquer bem ou serviço pode ser financiado, desde que amparado por uma nota fiscal (BRASIL, 2012). Quadro 4 – Características e Benefícios do Crédito Características básicas Benefícios para o comprador Benefícios para o fornecedor O comprador é financiado através de crédito bancário; Banco redita o fornecedor à vista. Menor risco do credito e custo da operação; Melhores condições de compra, como preço menor e prazo de financiamento maior, em função do recebimento à vista por parte do fornecedor. Recebimento à vista; Diminuição do passivo, melhorando os índices financeiros; A base de cálculo de impostos é menor, pois a cobrança de IPI, ICMS, COFINS e ISS passa a incidir sobre o valor da nota fiscal à vista. Fonte: Adaptado de Santos (2015, p.72) 31 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Segue o fluxograma do Compror. Figura 3 – Fluxograma do Compror 1. Clientes efetua pedido de compra ao fornecedor; 2. Fornecedor fatura à vista e entrega bem e/ou serviço ao cliente; 3. Cliente envia planilha de financiamento negociado com o banco; 4. Banco libera recursos diretamente ao Fornecedor; 5. Banco envia boleto de cobrança ao Cliente; 6. Cliente paga o Banco no vencimento. Fonte: Adaptado de Santos (2015) Vendor: é a operação de financiamento que permite às empresas fazer suas vendas a prazo e receber à vista de um banco o valor a ser pago pelos seus clientes. Qualquer bem ou serviço pode ser financiado, desde que amparado por uma nota fiscal ou um recibo de venda à vista ou a prazo. Nesse caso, o fornecedor é fiador da dívida dos mutuários – indústrias, empresas comerciais e consumidores finais, pessoas jurídicas e físicas. Por essa razão condiciona-se que a empresa compradora seja cliente tradicional da vendedora, pois será esta quem assumirá o risco, como intermediadora, do negócio junto ao banco. Quadro 5 – Benefícios para o Fornecedor e o Comprador Benefícios para o Fornecedor Benefícios para o Comprador Possibilidade de dilatar o prazo de financiamento a seus clientes, obtenção do aumento de liquidez, devido ao recebimento de suas vendas à vista; Diminuição do passivo, melhorando os índices financeiros; A base de cálculo de impostos é menor, pois a cobrança de IPI, ICMS, Cofins e ISS passa a incidir sobre o valor da nota fiscal à vista. Menor risco do crédito e custo da operação; Melhores condições de compra, como preço menor e prazo de financiamento maior, em função do recebimento à vista por parte do fornecedor. Fonte: Adaptado de Santos (2015, p. 75). FORNECEDOR BANCO CLIENTE (INTERVENIENTE) 32 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Com esses benefícios fiscais o fornecedor pode tornar o preço de seu produto ainda mais competitivo no mercado global. No que se refere ao Adiantamento sobre contratos de câmbio (ACC); o Banco Central do Brasil (BRASIL, 2012, p. 32), define “que esse instrumento de financiamento é um pré-embarque mais utilizado pelos exportadores, pois está condicionado à aprovação de crédito baseado na idoneidade, solidez e pontualidade de pagamento do exportador”. Sobre o adiantamento são cobrados juros variáveis em função do prazo de entrega dos documentos de embarque, valor da operação, modalidade de entrega (cobrança, carta crédito e etc.), tudo isso de acordo com a instituição contratada, conceito do importador e situação econômica do país do importador. Para a concessão do adiantamento, o banco utiliza como recursos as linhas em moedas estrangeiras captadas de bancos correspondentes no exterior. O prazo máximo para a contratação do ACC é de 180 dias da data prevista para o embarque. Excepcionalmente, o Banco Central pode autorizar operações de prazo superior a 180 dias. A vantagem para a empresa exportadora decorre da possibilidade de captação de recursos mais atrativa (mais barata) com a finalidade de financiamento da produção. Por outro lado, pode obter receitas com arbitragem dos recursos no mercado financeiro. O público-alvo são empresas exportadoras que necessitam de financiamento e que já disponham de um contrato firmado para exportação futura, sendo a garantia formal do ACC, o crédito documentário, seguro de crédito à exportação e outras a critério da instituição financeira. Fonte: http://migre.me/ry1SG 33 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 BENEFÍCIOS PARA O CLIENTE O recebimento à vista das vendas ao exterior realizadas a prazo. Caso não haja o embarque e nem a sua prorrogação, o exportador deverá devolver ao banco o valor correspondente ao adiantamento, convertido em reais, mais encargos, e proceder ao respectivo cancelamento da operação. Fonte: Adaptado de Santos (2015, p. 78) Adiantamento sobre cambiais entregues (ACE): esse tipo de financiamento ocorre após o embarque da mercadoria que, pela operação, serão cobrados juros pelo período da operação. A responsabilidade do exportador cessa somente quando o importador efetua o pagamento das dívidas no exterior. Segundo Banco Central (BRASIL, 2010, p. 3), “[...] a concessão do ACE está condicionada à aprovação de crédito baseada na idoneidade, solideze pontualidade de pagamento do exportador”. Ainda segundo o Banco Central (BRASIL, 2010), sobre o adiantamento são cobrados juros variáveis em função do prazo de entrega dos documentos de embarque, valor da operação, modalidade de entrega (cobrança, carta de crédito e etc.), conceito de importador e situação econômica do país do importador. Algumas garantias são destacadas pelo Banco Central (BC) (2010), como: Crédito documentário, seguro de crédito à exportação e outras que dependerão da pendência cambial ou da instituição vinculada ao contratante. Apresentamos, a seguir, o fluxograma de contratos de exportações nas fases pré e pós-embarques da mercadoria. 34 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Figura 4 - Fluxograma de contratos de exportações Fonte: Adaptado de Banco Central (2010) Carta de Crédito: modalidade de crédito em que a instituição financeira, a pedido de seu cliente importador, emite documento garantido ao exportador estrangeiro o recebimento pela venda externa, desde que atendidas as condições e os prazos estipulados. Há descrição do fluxo básico desse financiamento, antes do embarque da mercadoria conforme veremos, a seguir: O importador e exportador negociam venda comercial, prevendo cobrança por meio de saque avalizado por um banco no Brasil, com ou sem cobertura (confirmação) de risco político por outro banco no exterior. O importador solicita ao banco brasileiro a concessão de aval de saque de importação sem ou com confirmação. No primeiro caso (sem confirmação), o importador solicita apenas o aval do banco brasileiro, cobrindo seu risco comercial. No segundo caso (com confirmação), o exportador requer a confirmação do aval do banco brasileiro por um banqueiro de primeira linha no exterior, visando garantir-se quanto ao risco do banco brasileiro. A vantagem dessa modalidade de crédito é a flexibilidade e agilidade da negociação com o exportador, principalmente quanto há agravamento do risco político brasileiro, uma vez que sendo o contrato feito direto com o fornecedor, as barreiras ou negociações políticas não interferem no negócio. Financiamento à importação (FINIMP): Segundo a Circular 3.691/13, Art. 4º o “financiamento de Importação brasileira é a modalidade de crédito em EMBARQUE ACE Depois Liquidação Antes ACC Contratação 35 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 que a instituição financeira paga à vista o exportador no exterior em moeda estrangeira e recebe a prazo do importador brasileiro”. A linha caracteriza-se como um repasse, ou seja, é captada no exterior pela instituição financeira e repassada ao importador brasileiro permitindo ao importador no Brasil obter recursos a custos compatíveis aos praticados nos mercados internacionais e, na maior parte das vezes, mais atraentes que outros financiamentos no mercado doméstico. Outra característica é a obtenção de maior prazo para pagamento/comercialização do bem importado, além da possibilidade de o importador obter desconto na negociação comercial, uma vez que o exportador recebe os recursos à vista. Assunção de dívidas em moeda estrangeira: A Assunção de Dívida é uma operação de hedge cambial controlada e registrada pelo BC mediante Circular 3.607/2012, por meio da qual uma empresa brasileira possuidora de uma dívida em moeda estrangeira, oriunda de um empréstimo externo contraído legalmente, repassa essa dívida a um terceiro. O doador dos recursos é o devedor originário, que para evitar o risco de uma variação cambial efetua a cessão de dívida, ou seja, cede sua dívida em US$ e o seu caixa em R$ para um cliente tomador em troca de um prêmio. Resolução 63/1967 – Banco Central do Brasil: Consiste no empréstimo de recursos captados no exterior por instituição financeira, por meio da emissão de títulos. O repasse do empréstimo somente é feito em moeda nacional, indexado à variação cambial, acrescido de juros pré ou pós-fixados e com datas fixas de pagamento. A Resolução 63/1967, Art. 1, resolve: I - Facultar aos bancos de investimento ou de desenvolvimento privados, Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e aos bancos comerciais autorizados a operar em câmbio a contratação direta de empréstimos externos destinados a ser repassados a empresas no país, quer para financiamento de capital fixo, quer de capital de movimento, observado o disposto nesta Resolução e nas demais normas legais e regulamentares em vigor; (BRASIL, 1967) O público-alvo desse financiamento são as empresas de primeira linha (industriais, comerciais ou de serviços) que necessitam de recursos para capital de giro ou para financiar investimentos. A vantagem desse financiamento ao 36 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 cliente decorre da possibilidade de representar custo final menor do que o custo dos empréstimos em moeda nacional. Arrendamento Mercantil (LEASING): Trata-se de uma operação, regulada pelo BC por meio da Lei n. 6.099/75 e pela Resolução 2.309/96, da Comissão Mobiliária Nacional (CMN), de arrendamento ou aluguel destinada ao financiamento de veículos, máquinas, equipamentos e imóveis. A amortização dessa modalidade de financiamento ocorre de forma mensal e em longo prazo, opcionalmente, em 24 ou 36 meses. Após a aprovação de crédito, o bem é adquirido pela arrendadora, seguindo as especificações técnicas fornecidas pelo cliente. Ao final do contrato, o cliente arrendatário poderá optar por uma das três alternativas, segundo a Lei n. 6.099/75: • comprar o bem pelo valor residual; • apresentar interessados na compra do bem pelo valor residual; • devolver o bem à arrendadora. Em face das características dos bens financiados, os arrendadores condicionam a aprovação do leasing à vinculação de contrato de seguro do bem, o qual pode ser efetivado com o banco financiador ou com um banco concorrente, conforme designação do cliente. Repasses do BNDES: São recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) disponibilizados às empresas para financiar projetos com imobilizações e expansão fabril regulamentado pela Circular nº 06/2015/BNDES. Entre as modalidades de crédito descritas pela Circular nº 06/2015, destacam-se as voltadas para financiar: • a comercialização de máquinas e equipamentos novos, de fabricação nacional; • a aquisição, modernização e manutenção de máquinas, tratores e implementos agrícolas de fabricação nacional; • projetos e investimentos com empreendimentos de pequeno e médio porte, incluindo a aquisição de máquinas e equipamentos nacionais, obras e instalações, despesas operacionais, informatização, inclusive aquisição e desenvolvimento de softwares nacionais, treinamento e uma parcela de capital de giro associado ao investimento; • projetos industriais de grande porte e investimentos com infraestrutura 37 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 econômica e social. Após o repasse dos recursos do BNDES, o papel do banco é agir como um intermediário ao receber parceladamente do cliente (assumindo o risco de crédito) e repagar o BNDES. Ao banco cabe a realização de ganhos financeiros sobre os recursos repassados pelo BNDES, mediante a retenção e aplicação desses recursos no curtíssimo prazo. O bem financiado sempre fica em garantia, além de outras que o banco negociar com o cliente. O percentual financiado pelo BNDES é variável, dependendo da modalidade de financiamento, do porte da empresa e do tipo de investimento. Fiança bancária: É uma obrigação escrita assumida por uma instituição financeira, conforme regulamentação do BC, pela Resolução n. 2.325/96, que passa a se responsabilizar, total ou parcialmente, pelo cumprimento da obrigação de seu cliente, caso ele não possa cumpri-la. Os principais motivos para a emissão de uma carta de fiança são, segundo a Resolução n. 2.325, Art.1º: • obtenção de empréstimos efinanciamentos; • habilitação em concorrência pública; • locação; • garantia de execução fiscal. Embora represente inicialmente risco por assinatura, as instituições finan- ceiras somente a concedem àqueles clientes que tenham histórico favorável de relacionamento, inexistência de restrições de idoneidade no mercado e situação financeira que ateste índices positivos de liquidez, endividamento, lucratividade e cobertura de juros. Exercício 6 Assinale a alternativa correta. a) Modalidade de crédito em que a instituição financeira, a pedido de seu cliente importador, emite documento garantido ao exportador estrangeiro o recebimento pela venda externa, desde que atendidas as condições e os prazo estipulados. b) Obtenção de maior prazo para pagamento/comercialização do bem importado, além da possibilidade de o importador obter desconto na 38 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 negociação comercial, uma vez que o exportador recebe os recursos à vista. c) Trata-se de uma operação, regulada pelo B.C por meio da Lei 6.099/75 e pela Resolução da Comissão Mobiliária Nacional (CMN) 2.309/96, de arrendamento ou aluguel destinada ao financiamento de veículos, máquinas, equipamentos e imóveis. d) É uma obrigação escrita assumida por uma instituição financeira, conforme regulamentação do B.C Resolução 2.325/96, que passa a se responsabilizar, total ou parcialmente, pelo cumprimento da obrigação de seu cliente, caso ele não possa cumpri-la. 3.2 Linhas de crédito ao agronegócio A definição dessa linha é indicada pelo BNDES e assim como os títulos de crédito rural, são promessas de pagamento sem ou com garantia real cedularmente constituída, isto é, no próprio título. A garantia pode ser ofertada pelo próprio financiado ou por um terceiro. O recebimento antecipado pelo produtor rural, suas associações e cooperativas, está condicionado à comprovação formal de produção de bens de natureza agrícola, extrativa ou pastoril. A seguir, são apresentados exemplos de títulos e modalidades de financiamentos destinados ao setor do agronegócio. 3.2.1 Cédula de produção rural (CPR) A Cédula de Produção Rural (CPR) é um título pelo qual o emitente, produtor rural (pessoa física ou jurídica) ou cooperativa de produção, vende antecipadamente certa quantidade de mercadoria, recebendo o valor negociado no ato da venda e comprometendo-se a entregá-la na qualidade e no local acordado em data futura (BNDES, 2012). Pode ser emitida em qualquer fase do empreendimento pecuário ou agrícola (pré-plantio, desenvolvimento, pré-colheita ou mesmo produto colhido) (BNDES, 2012). O emissor (produtor rural ou cooperativa de produção) deve procurar uma instituição (banco ou seguradora) que dê garantia à CPR. Essa instituição, após análise do cadastro e das garantias do emissor, acrescenta seu aval ou 39 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 agrega um seguro. De posse da CPR avalizada ou segurada, o emissor pode negociá-la no mercado. A negociação pode ser feita por intermédio do mercado de balcão ou da Bolsa Brasileira de Mercadorias. Pode-se utilizar também o leilão eletrônico do Banco do Brasil, que interliga as bolsas de mercadorias regionais. No caso de o emitente não cumprir o compromisso de entrega por motivo de frustração de safra, a instituição avalista garantirá a liquidação da operação com o comprador da CPR. Posteriormente, cobrará do emissor um acordo para a próxima safra ou, em casos extremos, executará suas garantias. 3.2.2 Cédula de produção rural financeira (CPRF) A Cédula de Produção Rural Financeira (CPRF) difere da cédula de produto rural (CPR) pela forma de pagamento (BNDES, 2012). Na CPRF, o pagamento se dá em dinheiro, enquanto na cédula de produto rural o pagamento se perfaz com o produto prometido e devidamente especificado na cédula (BNDES, 2012). Portanto, a CPRF é um título representativo de uma obrigação em dinheiro cujo índice de apuração do débito é o valor da cotação do produto especificado na cédula (BNDES, 2012). Na CPRF, cabe execução de título extrajudicial, por quantia certa, enquanto na Cédula de Produto Rural comum cabe ação de execução de título extrajudicial para entrega de coisa incerta. 3.2.3 Certificado de depósito agropecuário (CDA) e warrant agropecuário (WA) Trata-se de títulos de crédito unidos, de natureza executiva extrajudicial. São emitidos simultaneamente pelos depositários (armazenadores) a pedido do depositante (BNDES, 2012). O Certificado de Depósito Agropecuário (CDA) tem como lastro o produto agropecuário, ou seja, representa a promessa de entrega do produto agropecuá- rio, seus derivados, subprodutos e resíduos depositados, que regula a armazena- gem de produtos agropecuários. O Warrant Agropecuário (WA) confere o direito de penhor do produto cor- respondente ao Certificado de Depósito Agropecuário conjuntamente emitido. 40 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Esses títulos podem ser negociados e a entrega dos títulos conjugados constitui- se em troca da propriedade sobre o produto. 3.2.4 Certificado de direitos creditórios do agronegócio (CDCA) O Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA) é um título de crédito nominativo e permite a execução extrajudicial, representando promessa de pagamento em dinheiro no prazo determinado (BNDES, 2012). Embora seja de livre negociação, pode ser emitido, exclusivamente, por cooperativas de produtores rurais e pessoas jurídicas que atuem na armazenagem, comercialização, beneficiamento e processamento de produtos e insumos agropecuários ou de máquinas e implementos da produção agropecuária (BNDES, 2012). O CDCA representa título vinculado a direitos creditórios oriundos dos negócios realizados entre produtores rurais, ou suas cooperativas, e terceiros, inclusive financiamentos ou empréstimos relacionados com a produção, comercialização ou industrialização de produtos ou insumos agropecuários ou de máquinas e implementos utilizados na atividade agropecuária. 3.3 Garantias Define-se garantia, em seu aspecto de risco, como a vinculação de um bem ou de uma responsabilidade conversível em numerário que assegure a liquidação do crédito. A finalidade da garantia é evitar que fatores imprevisíveis impossibilitem a liquidação do crédito. Esses fatores são de natureza sistemática ou externa à atividade da pessoa física ou da empresa, podendo ser resultantes de medidas governamentais (exemplo: política fiscal, monetária, creditícia, cambial, etc.), concorrenciais, climáticas ou acidentais (exemplo: incêndio, inundações, morte do cliente ou do principal dirigente da empresa, etc.). O Banco Central estabelece que as instituições financeiras, na realização de operações de crédito, devem exigir dos clientes garantias adequadas e suficientes para assegurar o retorno sobre o capital aplicado. Mais além, determina que a garantia seja adequada ao tipo, ao montante e ao prazo do crédito. As melhores garantias são as de maior liquidez, especialmente as 41 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 chamadas autoliquidáveis, ou seja, aquelas cuja conversão em caixa, e respectiva liquidação do contrato de crédito, independem de sentença judicial. Os profissionais de crédito devem considerar que nenhum financiamento seja concedido exclusivamente em função da garantia, por melhor que seja. Como regra básica, todo profissional deve ter a convicção de que o financiamento foi concedido baseando-se na capacidade de pagamento do cliente, partindo do princípio de que não será necessário utilizar a garantia para liquidar o crédito. A decisão de conceder crédito deve ser baseada na capacidade de reembolso do cliente e não sobre as garantias. 3.3.1 Formalização Mesmo uma boa concessão de crédito pode resultar em não recebimento futuro, em face da ocorrência de fatores sistemáticosinesperados que podem reverter a situação financeira do cliente. Para eliminar ou reduzir o risco de crédito, os concessores de financiamento devem formalizar corretamente as garantias vinculadas às operações de crédito, além de registrá-las em cartório. A formalização da garantia é requisito essencial para que apresente validade e sirva de prova eficaz contra terceiros. 3.3.2 Garantias pessoais São as garantias que, em vez de serem constituídas sobre coisas específicas, repousam sobre pessoas (físicas ou jurídicas). Essa modalidade de garantia não vincula nenhum bem específico do cliente ou do garantidor, mas recai sobre a totalidade dos bens que ambos possuírem, no momento da liquidação do crédito. Com isso, os credores expõem-se aos elevados riscos de crédito, em situações em que o valor de mercado do patrimônio do devedor for inferior ao valor da dívida. A situação torna-se pior ainda para os credores quando, numa execução judicial, os devedores comprovarem a inexistência de bens livres para serem penhorados. Nesse caso, o resultado para os credores é o reconhecimento de perdas (totais ou parciais) com o não recebimento de principal e juros. Essa modalidade de garantia é constituída basicamente sobre o aval e a fiança, conforme diferenciação apresentada, a seguir. Aval é uma garantia pessoal do pagamento de um título de crédito, dada por pessoa (física ou jurídica), que fica solidariamente responsável com o devedor 42 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 pelo pagamento do crédito, normalmente atrelado a todas as operações de crédito por ser a forma de garantia mais comum. O aval concretiza-se pela simples assinatura do avalista ou de seu procurador com poderes específicos feita no anverso (frente) do título. Se não houver espaço suficiente na frente, pode ser feita no verso, após a expressão avalista ou por aval. Seguem alguns cuidados a serem tomados sobre garantias em aval: • o título de crédito deve estar bem formalizado (preenchimento, valores, endereços, dados corretos, ausência de rasuras); • conferência das assinaturas, com a colocação do visto de conferência; • conferência dos poderes de quem assinou (procuração e estatutos ou contrato social); • que o(s) avalista(s) seja(m) o(s) mesmo(s) citado(s) no contrato a que o título estiver vinculado e que os dados sejam os mesmos citados no contrato; • que o valor do título de crédito seja suficiente para cobrir o valor do crédito com os respectivos encargos; • se quem assinou é pessoa física casada - caso em que se recomenda que o outro cônjuge deva também assinar; • que normalmente as promissórias tenham vencimento à vista, porque, em caso de vencimento antecipado do contrato, o título poderá ser protestado e cobrado, sem a necessidade de aguardar um vencimento posterior. 3.3.3 Fiança Podemos dizer que a fiança é garantia pessoal, mediante a qual uma pessoa (fiador) garante, no todo ou em parte, o cumprimento de obrigação que outra pessoa (afiançado/devedor) assumiu com um concessor de financiamento (beneficiário). Para ser válida, a fiança deve contar com a anuência escrita do outro cônjuge, concordância do outro cônjuge, mesmo no caso de casamento com separação de bens, a fiança será nula. A fiança normalmente compreende, além do principal e juros, todas as despesas acessórias, como juros de mora, comissão de permanência, multa, despesas judiciais, etc. 43 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Quanto à execução, é mais lenta que o aval. O fiador, demandado pelo pagamento da dívida, tem o direito de exigir, até a contestação do processo, que primeiramente sejam penhorados os bens do devedor. No entanto, perde essa unidade caso tenha concordado expressamente em renunciar ao benefício de ordem e obrigar-se como devedor solidário nos casos em que o devedor principal tornar-se comprovadamente insolvente ou falido. Seguem alguns cuidados a serem tomados sobre garantias em fianças: • verificar se a fiança foi prestada por escrito; • se é suficientemente clara quanto à obrigação assumida pelo fiador; • se tem vencimento compatível com a obrigação garantida; • se houve renúncia expressa aos benefícios de ordem; • se quem assinou tinha poderes suficientes para assumir a obrigação; • se a(s) assinatura(s) é(são) autêntica(s); • se quem assinou é pessoa física casada - caso em que o outro cônjuge deve também assinar o contrato; • se o limite garantido é corrigido ou não, e de que forma, para que a dívida esteja suficientemente coberta ao longo do tempo. 3.4 Garantias reais São as garantias que se constituem sobre a vinculação de bens tangíveis do cliente, como, veículos, imóveis, máquinas, equipamentos, mercadorias e duplicatas. Quando se constitui uma garantia sobre determinado bem, esse bem estará comprometido legalmente com o contrato de crédito ao qual se vincula. Caso o cliente não apresente condições financeiras de amortizar o valor total do crédito, o bem estará à disposição do credor, que, mediante processo, poderá recorrer à recuperação do financiamento, via venda judicial. As garantias reais são indivisíveis, isto é, mesmo que o devedor pague uma parcela da dívida, a garantia continua por inteiro. Como não há necessidade ou mesmo possibilidade (em certos casos) de liberação da garantia, à medida que o devedor pagar sua dívida, o valor da garantia teoricamente irá aumentando em relação ao saldo do contrato. 44 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 3.4.1 Caução de modalidades de aplicações financeiras de renda fixa A caução de modalidades de aplicações financeiras de renda fixa é usualmente conhecida no mercado como garantia autoliquidável, ou seja, a que representa a inexistência ou a menor exposição de risco de crédito aos credores. Para a sua efetiva formalização, é indispensável que, paralelamente à liberação do crédito pleiteado, existam saldos em aplicações financeiras, revertidos em benefícios dos credores, que sejam suficientes para cobrir situações de inadimplência. A formalização dessa garantia deve efetivar-se através de contrato ou aditivo, onde devem constar os seguintes dados: - A modalidade, o valor e o vencimento da dívida; - A descrição detalhada da modalidade de aplicação financeira, destacando o valor da aplicação, valor da quota de aplicação, data da aplicação, taxa e valor de resgate. Na caução de aplicações financeiras de renda fixa deve-se cuidar para que a modalidade de aplicação financeira seja de emissão de instituição financeira confiável e que as condições de remuneração não impliquem em defasagem entre o valor da dívida e o da garantia; 3.4.2 Alienação fiduciária É uma garantia real constituída sobre veículos, máquinas e equipamentos. Consiste na transferência, para o credor, do domínio do bem, embora o devedor permaneça com a posse. Nessa situação, o devedor assume a figura de "fiel depositário", não podendo vendê-lo, aliená-lo ou onerá-lo sem a prévia concordância do credor, sob pena de prisão administrativa. Seguem alguns cuidados a serem observados na alienação fiduciária. Certificar-se de que os bens alienados pertencem realmente a quem os está alienando. Isso poderá ser feito por meio da apresentação da res- pectiva nota fiscal, onde o credor poderá apor um carimbo ou escrever a menção alienado fiduciariamente; Verificar se os bens alienados apresentam-se registrados; Receber e arquivar uma cópia da apólice de seguro dos bens alienados, com cláusula de benefício em favor do credor; 45 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Ter e arquivar um laudo de avaliação dos bens alienados, ou, pelo menos, um documento confiável que ateste o valor deles; Verificar os estatutos, contrato social e procuração do garantidor para saber se há restrições. 3.4.3 Penhor mercantil Consiste na entrega ao credor de bem
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