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Análise de Risco e Crédito

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Curso de Pós-graduação a Distância 
 
 
 
 
Análise de 
Risco e 
Crédito 
 
 
 
 
 
Autor: 
Lucélia da Costa Nogueira Tashima 
 
 
 
 
Universidade Católica Dom Bosco Virtual 
www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 
 
 
 
 
 
 
2 
www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 
SUMÁRIO 
UNIDADE 1 – DECISÃO DE CRÉDITO ................................................................. 07 
1.1 Retornos esperados .......................................................................................... 08 
1.2 Crédito e risco de crédito .................................................................................. 09 
1.3 Informações para o Crédito .............................................................................. 11 
1.4 O Serviço Nacional de Proteção ao Crédito (SPC) ........................................... 12 
1.5 Banco Central ................................................................................................... 13 
 
UNIDADE 2 – AVALIAÇÃO DO RISCO DE CRÉDITO .......................................... 16 
2.1 6 Cs do crédito .................................................................................................. 17 
2.2 Ciclo Operacional e Ciclo Financeiro ................................................................ 21 
 
UNIDADE 3 – OPERAÇÕES DE CRÉDITO ........................................................... 27 
3.1 Linhas de Crédito .............................................................................................. 29 
3.2 Linhas de Crédito do Agronegócio .................................................................... 38 
3.3 Garantias .......................................................................................................... 40 
3.4 Garantias reais .................................................................................................. 43 
 
UNIDADE 4 – ESTRUTURA DE NEGÓCIO ........................................................... 47 
4.1 Análise do negócio ............................................................................................ 47 
4.2 Análise Financeira ............................................................................................ 50 
4.3 Análise Patrimonial ........................................................................................... 54 
4.4 Análise do Risco x Análise do Negócio ............................................................. 56 
4.5 Análise de Grupo Empresarial .......................................................................... 58 
4.6 Análise de Desempenho Bursátil ...................................................................... 60 
 
UNIDADE 5 – ATIVOS FINANCEIROS E MENSURAÇÃO DE RISCO ................. 69 
5.1 Cálculo do Valor de Ativos Financeiros e Técnica de Geração de Cenário ...... 69 
5.2 Mensuração do risco de mercado e avaliação do risco operacional ................. 76 
 
REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 81 
 
3 
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APRESENTAÇÃO 
 
Caro (a) aluno (a). 
 
Apresentamos aqui o material didático de Análise de Risco e Crédito com o 
objetivo de analisar as formas de análise de risco e crédito, considerando que é 
uma tarefa indispensável para a seleção de clientes que efetivamente apresentam 
capacidade de pagamento pontual de suas dívidas. 
Trata-se de um recurso didático que tem o objetivo de subsidiar o seu 
trabalho docente e contribuir para o seu desenvolvimento profissional. 
Considerando esse princípio, as expectativas de aprendizagem definidas 
nesse material foram analisadas, revisadas e ajustadas para oferecer a você um 
conjunto de indicações para o aprimoramento da prática docente no âmbito da 
gestão administrativa para análise do cliente e da atividade empresarial. 
O objetivo deste material é subsidiar o processo de discussões e reflexões 
para que as empresas possam reduzir suas exposições ao risco de insolvência, 
dispor de uma política de crédito que oriente seus profissionais para que concedam 
financiamento aos clientes, mas apenas para aqueles que comprovadamente 
apresentem capacidade de pagamento evidenciada pela idoneidade, viabilidade da 
fonte geradora de renda e atuação em atividade de baixa sensibilidade a evento 
sistêmico adverso, experiência adquirida e disponibilidade de patrimônio de liquidez 
imediata. 
Na primeira unidade – Decisão de crédito, analisamos as alternativas 
pontuais na escolha do crédito e a avaliação do risco do negócio. 
Na segunda unidade – Avaliação do Risco de Crédito - trazemos os 
métodos de avaliação do risco para as organizações de forma a vincular o cadastro 
com os possíveis clientes desejados pela organização empresarial. 
Na terceira unidade – Operações de Crédito - propomos um estudo sobre 
a situação financeira e patrimonial do cliente com a finalidade de oferecer-lhe uma 
linha de crédito compatível com suas necessidades de financiamento e capacidade 
de amortização. 
Na quarta unidade – Estrutura de Negócio – analisamos a organização por 
meio das demonstrações contáveis e índices financeiros para avaliar a empresa 
como um todo e emitir parecer sobre as condições em que se encontram e se 
 
4 
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dentro do contexto atual a empresa está apta a receber e realizar novos 
investimentos. 
Na quinta unidade – Ativos Financeiros e Mensuração de Risco – 
propomos o conhecimento dos ativos financeiros pertencentes a empresa e com 
base na liquidez, endividamento e rentabilidade mensurar o risco do negócio. 
. 
Bom estudo 
Prof. Me. Lucélia Tashima 
 
5 
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INTRODUÇÃO 
 
Você sabe o que é crédito? Crédito é um termo que traduz confiança e 
deriva da expressão “crer”, acreditar em algo ou em alguém. E Risco de Crédito? 
Risco de Crédito é consequência de uma transação 
financeira contratada entre duas partes, por exemplo, 
um banco e um investidor, um fundo e um cotista, 
governos e investidores institucionais como fundos de 
pensão. Hoje a cultura do crédito evoluiu bastante e 
permeia um elevado número de transações, sejam 
comerciais, ou financeiras. O comportamento do 
crédito tem seu próprio ciclo, estendendo-se de 
conservadorismo defensivo a agressividade 
irresponsável. 
 Fonte: http://migre.me/rfqBO 
Em cada sistema há uma camada de atitudes, resposta e padrões 
comportamentais. Em outras palavras, a cultura de crédito é um processo 
subjetivo. Foi com o conceito de crédito que surgiram outras expressões muito 
conhecidas hoje em dia, tais como, juros, que nada mais é do que a remuneração 
paga pelo uso do dinheiro no tempo e inadimplência, que nada mais é do que o não 
pagamento ou dos juros ou do principal contratado. 
Com estas simples definições, podemos dizer que crédito, ou melhor, o 
gerenciamento do risco de crédito é um dos maiores desafios não só dos mercados 
financeiros, mas também de empresas industriais, comerciais, seguradoras e 
porque não, de países. 
Com o passar dos tempos o termo crédito foi ganhando mais envergadura e 
hoje temos diversos modelos que nada mais são do que formas de se medir o 
quanto uma aplicação, ou um empréstimo valerá no futuro, ou ainda qual o risco de 
que os fluxos de caixa prometidos não venham a ocorrer. Assim temos: 
1. Crédito ao consumidor; 
2. Crédito para Pequenas Empresas; 
3. Crédito Imobiliário; 
4. Crédito para Empresas baseados em dados Contábeis e Valor de 
Mercado; 
 
6 
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5. Risco País. 
A palavra crédito tem vários significados. Crédito é a entrega de um valor 
presente mediante uma promessa de pagamento. Isto significa, em termos 
financeiros, a expectativa de recebimento de um montante de dinheiro numa data 
futura. Enquanto promessa de pagamento há um risco de a mesma não ser 
cumprida. Desta forma, o risco de créditoé a probabilidade de que o recebimento 
não ocorra. “É fácil visualizar o crédito como parte integrante da atividade bancária”, 
porque o banco capta recursos junto aos clientes aplicadores e os empresta aos 
clientes tomadores, porém “o conceito de crédito como parte integrante do próprio 
negócio aplica-se a qualquer atividade” (SILVA, 2000, p. 94). 
 
Figura 1 - Representação do Crédito 
 
Fonte: Silva (2000, p. 94) 
 
 
 
 
7 
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UNIDADE 1 - DECISÃO DE CRÉDITO 
 
Nesta unidade, objetivamos analisar as alternativas pontuais na escolha do 
crédito e a avaliação do risco de negócio. A tomada de decisão pode ser entendida 
como a escolha entre alternativas. Todas as pessoas, todos os dias, tomam 
decisões optando entre as alternativas que conhecem e dispõem. 
O processo decisório pode requerer experiência anterior, conhecimento 
sobre o que está sendo decidido, bem como o uso de métodos, de instrumentos e 
de técnicas que auxiliem na tomada de decisão. No crédito, ao se tomar a decisão 
escolhendo entre as alternativas de emprestar ou não, haverá um impacto sobre o 
lucro do banco e sobre o relacionamento com o cliente. 
No banco há alguns objetivos concorrentes entre si, pois poderá não ser 
possível maximizar as vendas e minimizar os incobráveis ao mesmo tempo. A 
decisão de conceder crédito 
numa empresa comercial ou 
industrial está muito 
relacionada ao volume de 
vendas que se atingir em 
determinado produto e época. 
 Fonte: http://migre.me/rfqSf 
 As instituições financeiras precisam identificar as oportunidades e 
ameaças do ambiente externo, pois o mercado fica cada vez mais exigente, 
havendo um aumento geral da eficiência das organizações. Existe uma mudança na 
forma de decidir nas instituições bancárias, com uma transformação nos modelos 
decisórios. 
Estes modelos são extremamente planejados, passando de uma análise 
determinística para uma abordagem probabilística. A tomada de decisão começa a 
ser estruturada por um planejamento, por meio do uso das informações apuradas 
por sistemas de apoio à decisão. O negócio do crédito começa a transformar seus 
modelos, que vêm sendo incorporados por sistemas, com o objetivo de agilizar a 
atividade da decisão na organização. 
As formas de classificação de clientes, por meio do uso de modelos que os 
classificam em faixas, é de extrema importância nos processos de análise de 
crédito nas instituições. 
 
8 
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A Teoria da Análise Discriminante Múltipla de Altman (1979), continua 
sendo a base no processo decisório do crédito. Porém existem hoje teorias capazes 
de assimilar os modelos de análise de crédito de forma quantitativa e qualitativa, 
otimizando o processo decisório. A decisão, no contexto da análise do risco de 
crédito, passa a ser estruturada por meio do apoio de sistemas de informação à 
decisão. São os chamados sistemas neurais, capazes de incorporar as ações 
decisórias, otimizando o tempo e os resultados da ação da decisão. 
 
1.1 Retornos esperados 
 
Crédito, numa empresa comercial ou industrial, quanto mais rigorosos 
sejam seus critérios para seleção de clientes, menor poderá ser seu volume de 
vendas a prazo, podendo chegar ao extremo de só vender à vista. Entretanto, à 
medida que seus concorrentes forem mais 
flexíveis, estes poderão ganhar parte do 
mercado que seria da empresa. O 
comportamento do mercado, em termos de 
oferta e procura, também é importante, 
uma vez que o mercado como um todo 
afeta a empresa. 
 
 Fonte: http://migre.me/rfr0W 
Em um banco comercial, também a decisão de crédito abrange aspectos 
ligados ao nível de risco, ao prazo de operação, às taxas de juros e até mesmo às 
garantias. Considerando a premissa de que o objetivo da administração financeira é 
a maximização do lucro, respeitados os demais objetivos sociais, deve a política de 
crédito ser orientada nessa direção. Sendo assim, o objetivo não é somente 
maximizar as vendas ou minimizar as perdas com devedores. 
Para maximizar as vendas, a empresa venderia a prazo a qualquer pessoa, 
para minimizar as perdas com valores incobráveis não venderia a ninguém. Este 
raciocínio pode ser aplicado a um banco, isto é, se o objetivo é maximizar as 
aplicações, empresta dinheiro a quem aparecer, até o limite da disponibilidade de 
recursos. Com isto o banco em uma proposta de negócio, tem que comparar o 
custo de conceder com o custo de negar. 
 
 
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1.2 Crédito e risco de crédito 
O crédito, já foi discutido anteriormente e, por isso, agora abordamos o risco 
de crédito, que se trata da 
possibilidade de não 
receber o valor principal 
negociado por causa da 
inadimplência, que não 
pode ser evitada, mas que 
pode ser prevenida ou 
controlada pela análise de 
crédito. 
 Fonte: http://migre.me/rfrjQ 
A facilidade de comprar a prazo seduz o cliente, que deixa de fazer um 
investimento à vista, ou compra simplesmente sem a intenção de pagar. 
Futuramente, poderá sofrer imprevistos, deixando de honrar compromissos 
financeiros, e a empresa ficará com o prejuízo conforme temos visto 
frequentemente. 
Sabemos que crédito envolve riscos, afinal, confiamos na palavra do cliente 
e acima de tudo nas provas que ele nos apresenta. Sabemos também que as 
provas muitas vezes podem ser diferentes da realidade vivida por este cliente. Por 
isso, é preciso desenvolver bem a técnica de ouvir, “ouça primeiro e fale depois”, 
aprenda a ouvir o que a outra pessoa tem a dizer, e não o que seus ouvidos já 
receberam do cérebro em forma de conclusões precipitadas. Isso vale para todos 
os clientes, pessoas físicas ou jurídicas, pois quando vão ao setor de cadastro e 
crédito, estão preparados para falar de sua realidade ou de sua empresa. 
Não conhecemos ainda essa realidade ou essa empresa, portanto, 
precisamos conhecer sua necessidade e saber de suas preferências, para poder 
atender melhor. 
O analista de crédito também é uma espécie de vendedor, tendo ou não 
contato direto com o cliente. Ele não está interessado, como muitas vezes outros 
profissionais possam imaginar, em barrar vendas, diminuir comissões ou sabotar 
salários alheios. O analista é o vendedor dos prazos e condições; seu setor visa 
lucratividade através do valor do dinheiro em determinado período de tempo. 
 
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Porém, como não pode prever se todos os clientes terão condições de 
honrar seus compromissos financeiros, deve cercar-se de cuidados e garantias 
antes de autorizar a venda a prazo, ou seja, conceder crédito. Por meio da audição 
é possível antever os problemas que o cliente pode enfrentar futuramente, e as 
dificuldades de receber os valores solicitados, caso sejam concedidos. Quem fala 
demais não consegue ouvir e avaliar, portanto, o ideal é ouvir mais e falar menos. 
 
 
Exercício 1 
 
1. De acordo com o texto, qual o significado de crédito? 
a) Valor presente mediante promessa de pagamento. 
b) Valor Futuro, mediante crédito autorizado. 
c) Recurso Aplicado junto aos Fornecedores. 
d) Valor futuro mediante promessa de recebimento. 
 
2. O crédito envolve Riscos e, muitas vezes devemos confiar na palavra 
do cliente. Por isso, recomendam-se algumas técnicas, tais como: 
a) “Ouça primeiro e fale depois”. 
b) “Fale depois escute seu Cliente”. 
c) “Ouça depois, mas fale primeiro”. 
d) “Cliente sempre tem razão”. 
 
 
 
É muito comum também encontrar clientes muito simpáticos e falantes. O 
funcionário não deve ser antipático, mas deve acautelar-se para não se desviar do 
objetivo principal de estarem frente a frente. Em uma negociação qualquer deve 
haver ganhos para as partes envolvidas, se uma das partes não vai lucrar nada 
então não há vantagem, significa que algum risco, por menor que seja existe. 
Normalmente os riscos são classificadosem duas categorias básicas, 
segundo Assaf Neto (1999). São eles: 
(1) Riscos de primeira categoria e; 
(2) Riscos de segunda categoria. 
Os riscos de primeira categoria representam o maior nível de risco de 
crédito, ou seja, a possibilidade maior de perdas e de não recuperar os valores 
perdidos em operações de crédito. Por isso, é muito importante pedir garantias para 
 
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assegurar o recebimento, seja um avalista, entrada em dinheiro (representando um 
percentual do valor do bem à vista) ou o penhor de algum bem. 
Os riscos de segunda categoria equivalem a bens tangíveis como móveis, 
veículos, casas, terrenos, apartamentos, máquinas. Isso quer dizer que, em caso de 
não pagamento é possível recuperar o bem e tentar ganhar algum dinheiro com ele, 
pelo valor de mercado que ele apresenta no momento de seu resgate. Outra forma 
de garantia são as altas taxas de juros. 
Os juros formam uma ciranda, os clientes tomam empréstimos ou 
financiamentos e pagam parcelas acrescidas de generosas taxas de juros, assim o 
mercado fica assegurado de que quando alguns falham com o pagamento, outros 
pagam por essa falha. 
Um cliente compensa a falta de outro. Vejamos alguns fatores que interna 
ou externamente podem influenciar de forma prejudicial à análise de crédito: 
profissionais desqualificados; política de crédito inadequada e altas taxas de juros. 
 
1.3 Informações para o crédito 
 
As informações utilizadas para 
avaliação de risco de empresas são a data de 
fundação, o tempo de relacionamento com 
fornecedores, a demanda por crédito, os 
padrões de comportamento, os balanços, os 
registros em cartórios, os protestos, as 
falências, as concordatas e ações judiciais. 
 Fonte: http://migre.me/rfrqz 
Para a análise de risco de pessoas físicas a Serasa reúne informações 
sobre uso de cheques, protestos, ações judiciais, pendências financeiras, dívidas 
vencidas, informações sobre veículos, quitação de multas e impostos. 
As principais fontes de informação utilizadas são os cartórios de distribuição 
judicial, as varas cíveis, os cartórios de protestos, as juntas comerciais, o Banco 
Central, as instituições financeiras e não financeiras, o banco de dados de 
duplicatas e cheques cedidos às factorings, o banco de informações sobre apólices 
e sinistros e o sistema de informações do registro nacional de veículos. 
 
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A SERASA funciona também com base em reciprocidade, ou seja, as 
empresas que recebem informações também devem repassar seus cadastros ao 
banco de dados da Serasa, que armazena 90 milhões de informações negativas de 
20 milhões de correntistas de contas bancárias (SEBRAE, 2007, p.71). Mas, 
segundo informação da própria SERASA (SEBRAE, 2007, p.71), ela não se limita a 
trabalhar com informação negativa, mas sim agregar serviços de processamento de 
informações positivas para subsidiar a tomada de decisões de seus clientes. 
 
1.4 O Serviço Nacional de Proteção ao Crédito (SPC) 
 
O Serviço Nacional de Proteção ao Crédito (SPC) é um órgão de serviços 
da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), que reúne 
estabelecimentos comerciais de todo o país e tem como objetivo principal 
centralizar os bancos de dados dos SPCs das Câmaras de Dirigentes Lojistas 
(CDLs), que normalmente têm abrangência municipal. 
As CDLs possuem uma rede que atinge praticamente todo o País. O foco 
do SPC é a gestão de risco na venda e crédito de consumo. Por meio de consultas 
por telefone ou internet, as lojas acessam informações sobre os seus clientes para 
tomar decisões sobre pagamento com cheques e vendas a prazo. 
As informações mais utilizadas são identificação do consumidor, 
identificação de CPF, confirmação de dados cadastrais, participação em empresas, 
registros de inadimplência nas empresas filiadas (contratos, carnês, duplicatas, 
condomínios, cartões de crédito, mensalidades, anuidades, empréstimos, 
financiamentos, prestações e cheques pagos a outros usuários do sistema), 
cadastro de cheques sem fundo, roubados, sustados ou extraviados, protestos, 
ações judiciais, identificação de dados telefônicos, créditos concedidos e outras. 
Para a análise de crédito para pessoas jurídicas são utilizadas informações 
sobre a inadimplência de empresas, os cheques sem fundo, a identificação da 
empresa, as informações dos sócios, a ocorrência de fraudes, os protestos, as 
ações judiciais, a identificação de dados telefônicos, os créditos concedidos, o 
número de consultas realizadas ao CPF em questão, entre outras. 
O SPC controla também informações de pessoas jurídicas, através de 
confirmação de dados cadastrais (nome da empresa, composição societária, 
endereço e telefone), informações sobre extravio ou roubo de documentos, registros 
 
13 
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de inadimplência. Atualmente está em fase de criação a Rede Nacional de Proteção 
ao Crédito, que vai interligar as informações das 2.072 associações comerciais 
existentes em todo o País. 
Estas associações são representativas de 700 mil empresas. As principais 
fontes de informação utilizadas pelo SPC, tanto sobre pessoa física quanto pessoa 
jurídica, são as entidades e empresas associadas e fornecedores de informações 
de juntas comerciais, cartórios, Banco Central, instituições financeiras e cadastro da 
Receita Federal. 
A SERASA e o SPC são grandes centrais de informação que utilizam 
modernos sistemas tecnológicos de processamento de informações e de 
comunicação, avançadas técnicas estatísticas de análise de risco e possuem 
grandes e diversificadas fontes de informação. Porém, estas centrais apresentam 
três grandes limitações para a gestão do risco na concessão de crédito para 
pessoas de baixa renda. 
A principal crítica das instituições de microfinanças ao funcionamento 
destas centrais é que se restringem ao uso dos chamados cadastros negativos 
(ocorrências de inadimplência). O objetivo de um cadastro positivo (histórico de 
adimplência) é o de possibilitar a identificação de bons pagadores, mesmo que 
tenha apresentado eventualmente alguma ocorrência negativa. Segundo o Banco 
Central o uso dos dois serviços de cadastro permite um cálculo mais preciso das 
probabilidades de inadimplência. 
O SPC trabalha no mesmo sentido da Serasa, tendo a possibilidade de 
reunir também as informações de comportamento positivo dos clientes por meio de 
um cadastro de informações gerais ligadas ao CPF consultado, mas o maior 
problema para o acesso a esses dados é que a empresa precisa contratar o serviço 
de acesso aos estabelecimentos conveniados. 
 
1.5 Banco Central 
 
Foi criado pelo Banco Central do Brasil, o Sistema de Informações de 
Crédito em 1997, inicialmente como Central de Risco de Crédito, com a finalidade 
de: 
[...] aumentar capacidade de monitoramento dos riscos de crédito 
dentro das carteiras das instituições financeiras, antecipar e prevenir 
crises no Sistema Financeiro Nacional, supervisionar as carteiras de 
 
14 
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crédito das instituições financeiras, subsidiar a análise e pesquisa 
sobre o mercado de crédito, disponibilizar informações de melhor 
qualidade para o gerenciamento de risco e com isto, reduzir a 
inadimplência e o spread bancário. (BRASIL, 1965) 
 
De acordo com a Resolução 63/1965, artigo 7º, o sistema trabalha com 
informações negativas e positivas de “operações de crédito, financiamento, fiança e 
aval, a partir do valor mínimo de cinco mil reais e permite uma avaliação precisa do 
nível de endividamento de todos os clientes de instituições financeiras” (BRASIL, 
1965). O valor mínimo será gradativamente reduzido, mas dificilmente alcançará 
valor próximo à média das operações de microcrédito. 
A Central de Risco do Banco Central opera com informações de operações 
ativas com característica deconcessão de crédito, créditos baixados como prejuízo, 
coobrigações e riscos assumidos pela IF, repasses interfinanceiros e créditos a 
liberar. 
A Central reúne também informações de diversos bancos de dados, como a 
Secretaria da Receita Federal (SRF), as Câmaras de Compensação, Liquidação e 
Custódia, o Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público 
Federal (CADIN), Departamento de Capitais Estrangeiros e Câmbio (DECEC), 
Departamento de Supervisão Direta (Desup), Departamento de Supervisão Indireta 
(DESIN), Balancetes Cosif, Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundo (CCF), 
Informações sobre Entidades de Interesse do Banco Central (UNICAD) e 
Instituições Financeiras e Assemelhadas. 
O avanço no uso de informações de crédito positivas é, porém, restrito às 
grandes operações e não abrange a população de baixa renda. As informações se 
limitam às operações realizadas por instituições financeiras no uso das suas 
atribuições. Com esse formato, os objetivos principais da Central de Risco de 
Crédito do Banco Central são manter a segurança do sistema financeiro e reduzir o 
spread nas grandes operações de crédito. 
No Brasil o problema da abrangência é ainda mais grave, segundo Carvalho 
e Abramovay (2004, p. 39). 
 
Devido ao enorme peso da economia informal no mercado de 
crédito e do grande número de pequenos estabelecimentos 
comerciais que não estão associados às associações de lojistas e 
que, portanto, suas operações não compõem nem têm acesso ao 
banco de dados da Serasa e SPC. 
 
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Nenhum dos três grandes sistemas de informação de crédito 
existentes no Brasil oferece um recurso adequado para a gestão de 
risco de operações de crédito realizadas por pessoas de baixa 
renda. (CARVALHO; ABRAMOVAY, 2004, p.39). 
 
O desafio está em construir situações em que o histórico positivo dos 
clientes de baixa renda possa ser incorporado às práticas das organizações 
financeiras. 
 
Exercício 2 
 
Quais são as Informações que são utilizadas para Avaliação de um 
crédito com o mínimo de risco possível, relacionado a pessoas jurídicas? 
a) Serasa, SPC, operações realizadas por instituições financeiras e seu uso é 
também limitado às instituições financeiras. 
b) Data de fundação, tempo de relacionamento com fornecedores, demanda 
por crédito, padrões de comportamento, balanços, registros em cartórios, 
protestos, falências, concordatas e ações judiciais. 
c) Uso de cheques, protestos, ações judiciais, pendências financeiras, dívidas 
vencidas, informações sobre veículos, quitação de multas e impostos. 
d) Serasa, SPC, operações realizadas por instituições financeiras, balanços, 
registros, informações sobre veículos. 
 
 
 
 
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UNIDADE 2 - AVALIAÇÃO DO RISCO DE CRÉDITO 
 
É a atribuição de valores aos parâmetros anteriores - e aos inúmeros que 
cada um destes inclui - para emitir um parecer sobre determinada operação de 
concessão de crédito. A cada fator emite-se um valor subjetivo - "positivo" ou 
"negativo". Se, no final, o número de fatores com classificações positivas for 
superior ao dos negativos, então o parecer tenderá a ser favorável à concessão de 
crédito. São vários os fatores a ter em conta na análise de crédito. 
Os indicadores incluídos nos parâmetros "caráter do cliente" e "capacidade 
de gestão" são dos mais importantes, pois dão uma ideia muito concreta do 
provável comportamento do cliente. Analisando o seu passado, é possível prever o 
seu comportamento futuro, procurando só conceder crédito a quem demonstre 
maiores e melhores hipóteses para honrar os seus compromissos. 
É possível representar o risco de crédito de um cliente por meio de 
equações como: (CARVALHO; ABRAMOVAY, 2004, p. 40). 
 
 
 
 
Caráter do cliente = Pontualidade nos pagamentos + Cadastros restritivos 
+ Identificação do perfil. 
Capacidade de gestão = Análise das demonstrações financeiras da 
empresa é um bom indicador + Cálculo dos índices de liquidez, de solvabilidade e 
de sensibilidade (MARION, 2012). 
Valor do patrimônio = comprovação patrimonial de seus bens e outros 
ativos de grande valor + Valor de mercado (só se o cliente for uma empresa; é o 
valor a que o capital da empresa seria vendido em determinado momento). 
Garantias de crédito = os valores líquidos geradores de caixa da 
organização, clientes, valores a receber + Valor de mercado (quando o cliente é 
uma empresa) + Correta formalização do contrato (as cláusulas do contrato podem 
exigir determinadas garantias de pagamento das dívidas, por exemplo, a existência 
de um fiador ou avalista). 
Envolvente contextual = análise da qualidade da empresa que busca o 
serviço nas condições de mercado em que ela se encontra. 
Risco de crédito = Caráter do cliente + Capacidade de gestão + Valor do 
patrimônio + Garantias de crédito + Envolvente contextual. 
 
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2.1 6 Cs do crédito 
 
É um famoso modelo de concessão de crédito, utilizado por Barrickman e 
Michael (1995), mas que na verdade, cada instituição tem a sua forma de 
interpretação dos C’S do crédito. Esse fato se torna interessante porque o referido 
modelo assume uma abordagem bem personalizada da empresa que quer 
implantá-lo em sua organização. 
 No começo se ouvia falar dos 4 C’s, mas com o passar do tempo 
transformaram-se em 5, depois 6 e, hoje, temos autores e instituições que falam em 
mais de 10 C’s (além dos 6 tradicionais, acrescentam consistência, controle, custos, 
comunicação, etc.). Mas vamos focar nas atuais aplicabilidades propostas por 
Barrickman e Michael (1995): 
– Caráter 
– Capital 
– Capacidade 
– Colateral 
– Condições 
– Conglomerado 
 
2.1.1 Cadastro das empresas 
Brito e Assaf Neto (2008), afirmam que o mais lembrado dos “C’s”, diz 
respeito ao caráter da empresa proponente, descrito por meio do caráter dos sócios 
e seus administradores. 
Essa percepção é obtida muito através de uma boa pesquisa de mercado, 
como também através do feeling obtido quando da visita, quando da entrevista aos 
sócios/administradores. 
Segundo Leoni e Leoni (1997, p 201), o cadastro da empresa é [...] como 
ela se comporta junto aos fornecedores, aos bancos que lhe emprestam recursos, 
junto aos seus funcionários, junto à praça em que atua de uma forma geral. 
Silva (2000), afirma que para uma análise mais segura é necessário realizar 
uma síntese da importância do cadastro do cliente de acordo com as necessidades 
da empresa contratante. 
 Leoni e Leoni (1997) e Pereira (2000), acreditam que a escolha dos 
fornecedores de quem a empresa compra pode determinar o andamento do 
 
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negócio, porque por meio deles é que são definidos os prazos de pagamentos e 
também os transtornos ocasionados por conta do atraso nos pagamentos. 
Pereira (2009), considera que o “C” do cadastro é o primeiro aspecto da 
lista como item avaliador de perfil, pois se o sócio e/ou a empresa não passar por 
este item, todos os demais serão desnecessários. 
 
2.1.2 Capital 
O capital pode ser dividido em três partes, na visão de Schrickel (2000): 
1) Situação patrimonial: descrição da quantidade de bens de valor para a 
organização, quantificados monetariamente. 
2) Capacidade de pagamento: Marion (20012, p 83), define como “a 
capacidade de pagamento da empresa, a capacidade de liquidar seus 
compromissos com boa pontualidade”. 
 3) Performance econômico-financeira: Segundo Marion (20012, p 123), 
é definido como a “análise dos demonstrativos contábeis também, o ciclo financeiro, 
do faturamento, da alavancagem (quanto fatura por mês e quanto deve em bancos 
no curto prazo)”. 
 
2.1.3 Capacidade 
É descrita por Caduette, Altman, Narayanan (2000), como a soma dos itens 
agregado ao capital da empresa, destacando: 
 
O Market share da empresa 
Os níveis de qualidadee produtividade 
A carteira de clientes 
 A área de atuação 
A capacidade instalada da empresa 
Seus produtos 
 O grau de tecnologia 
A condição de superar os concorrentes 
 O currículo/histórico dos administradores 
Fonte: Adaptado de Caduette, Altman, Narayanan (2000, p. 53) 
 
Segundo Caduette, Altman, Narayanan (2000, p. 57), a capacidade implica 
em “dizer nas condições que a empresa tem, extraperformance econômico-
 
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financeira, em possuir um “sistema de negócios” eficiente para continuar suas 
operações de forma eficiente”. 
 
2.1.4 Colateral 
Schrickel (2000), defende que as garantias envolvidas no empréstimo 
proposto podem ser reais e pessoais. 
 
Quadro 1 – Tipos de garantias 
REAIS 
Incluem as máquinas e equipamentos, terrenos e construções, 
cauções de títulos e duplicatas. A garantia de qualquer um 
desses ativos é feita pelo registro de certos documentos num 
cartório público. Enquanto os itens referentes ao ativo 
permanente são registrados como hipoteca para os bancos 
financiadores, as cauções de títulos e duplicatas devem ser 
dadas em regimes permanentes em função do prazo do 
empréstimo. 
PESSOAIS 
Resumem à promessa de contraprestação. Na maioria dos 
casos, o credor contenta-se com a garantia comum representada 
pelo patrimônio presente e futuro do devedor, avalista ou fiador. 
Como exemplo de garantias pessoais pode-se citar: o aval, a 
carta de crédito e a carta de fiança. 
 Fonte: Adaptado de Schrickel (2000, p, 29) 
 
2.1.5 Condições 
As condições, que podem afetar a concessão do crédito de forma favorável 
ou desfavorável à organização, estão relacionadas ao ambiente externo da 
empresa (fornecedores e parceiros de trabalho) e internos (perfil do cliente para 
quem desejo vender). 
Segundo Silva (2000, p 34), os fatores internos englobam: 
– Fatores legais (legislação interna e externa) 
– Fatores econômicos (inflação, dólar, taxa de juros e etc.) 
– Fatores políticos (analisar as questões políticas e que impacto 
possam ter no sistema de negócios da empresa) 
– Fatores fiscais (observar de que forma o eventual desequilíbrio 
das contas do governo irão impactar no aumento da carga tributária 
da empresa, observar que estados concedem subsídios fiscais) 
– Mudança de hábitos de consumo 
– Análise setorial 
– Análise da concorrência 
 
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– Reformas macroeconômicas (dívida pública, tributos, previdência) 
– Reformas de infraestrutura (construção/modernização de estradas, 
investimentos em saúde e em educação) 
– Desempenho do mercado de capitais. 
 
Os fatores externos são descritos por Silva (2000), como os vários 
contextos que envolvem a empresa, desde o mercado internacional até mesmo os 
parceiros diretamente ligados ou não a ela. 
Contexto Internacional- compreende as causas e efeitos que os conflitos 
internacionais podem causar no sistema de negócios da empresa e ainda, as 
alterações das políticas externas e seus efeitos nos tomadores de crédito da 
carteira: 
– Analisar o preço da demanda mundial; 
– Analisar se o mercado está dinâmico e expansionista; 
– Analisar a situação econômico-financeira dos principais parceiros 
comerciais 
 – Verificar o impacto que seria causado na receita da empresa caso 
perdesse uma fatia considerável de exportações. 
– Acompanhar o movimento em relação a prováveis barreiras comerciais. 
 
2.1.6 Conglomerado 
 
Brito e Assaf Neto (2008), avaliam a empresa não de forma isolada, mas 
todo o seu conglomerado ou grupos dos quais ela faz parte. Na visão dos autores 
deve-se levar em conta as informações do grupo e o cruzamento das informações 
gerais para determinar o perfil da empresa, 
 
[...] pois há interações econômico-financeiras e de gestão com as 
demais controladas ou coligadas. As questões mais comuns e que 
requerem aprofundamento neste tipo de análise referem-se, 
principalmente, às famílias e acionistas, ao cruzamento de avais 
pelos administradores, e aos direitos e participações dos acionistas 
(BRITO; ASSAF NETO, 2008, p. 24). 
 
Segundo Brito e Assaf Neto (2008, p. 26), “essa é a visão dos cês do 
crédito”, mas pode se levar também em consideração as questões patrimoniais da 
empresa, a forma e controle acionário pertencente aos seus grupos, o seu mercado 
de atuação, sua performance e o cadastro geral bancário da empresa. 
 
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Exercício 3 
 
Analisando o 6cs do crédito podemos afirmar que é uma forma de 
concessão de crédito hoje muito utilizada. Neste caso, as empresas 
devem considerar: 
a) Factoring’s, Ciclo financeiro, Conglomerado, Crédito, Capital, Patrimônio. 
b) Conglomerado, Capital, Capacidade, Financeiro, Patrimônio, Caráter. 
c) Caráter, Capital, Capacidade, Colateral, Condições, Conglomerado. 
d) Caráter, Capital, Capacidade, Colateral, Condições, Crédito. 
 
2.2 Ciclo Operacional e Ciclo Financeiro 
 
Em termos de administração financeira, o Ciclo Operacional de uma 
empresa, segundo Marion (2012, p. 203), é a: 
 
[...] soma de todos os acontecimentos que ocorrem na empresa, 
inicia-se com a compra da matéria-prima, passa pelo período de 
estocagem, pagamento da matéria-prima, estocagem de produtos 
acabados, venda dos produtos e termina com o recebimento 
referente às vendas realizadas. 
 
Portanto é a soma do Prazo médio de estocagem PME + o Prazo médio de 
Recebimento PMR. 
O Ciclo Econômico da empresa, segundo Marion (2012), inicia-se no 
momento em que ela comprou a matéria-prima e termina quando ela vendeu os 
produtos acabados. 
O Ciclo Financeiro da empresa, segundo Marion (2012), inicia-se no 
momento do pagamento da matéria-prima e termina com o recebimento das 
vendas, ou seja, é o Ciclo Operacional da empresa (-) o PMP, Prazo médio de 
pagamento da empresa. 
O objetivo desse ciclo é mensurar o tempo em que as atividades da 
empresa são desenvolvidas, o que permite direcionar melhor o controle gerencial e 
gestão de negócios. Esse tipo de controle permite influenciar a cultura 
organizacional da empresa, dentro do seu ramo de negócios. 
 
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Seus valores dependem dos processos de produção, capacidade de vendas 
e recebimentos de clientes que estão diretamente ligados ao ciclo financeiro. 
Portanto, é necessário considerar também a questão do pagamento a fornecedores 
dentro desse ciclo financeiro. 
Vamos ao seguinte exemplo: 
Considere uma empresa onde as mercadorias permaneçam 42 dias em 
estoque, com uma média de recebimento de clientes igual a 60 dias, sendo o 
pagamento aos fornecedores em 30 dias. Teremos os seguintes valores para o 
cálculo dos ciclos: 
Prazo Médio de Estocagem (PME) = 42 dias 
Prazo Médio de Contas a Receber (PMCR) = 60 dias 
Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores (PMPF) = 30 dias 
 
 
 
 
 
O ciclo econômico é o tempo que a mercadoria permanece em estoque. 
Vai desde a aquisição dos produtos até o ato da venda, não levando em 
consideração o recebimento delas (encaixe) (GITMAN, 1997). 
Fórmula: 
Ciclo Econômico = Prazo Médio de Estocagem (PME) 
 Exemplo: Ciclo Econômico = 42 dias 
O ciclo operacional compreende o período entre a data da compra até o 
recebimento do cliente. Caso a empresa trabalhe somente com vendas à vista, o 
ciclo operacional tem o mesmo valor do ciclo econômico (MARION 2012). 
Fórmula: 
Ciclo Operacional = Ciclo Econômico + Prazo Médio de Contas a Receber (PMCR) 
Exemplo: 
Ciclo Operacional = 42 dias + 60 dias 
Ciclo Operacional = 102 dias 
O ciclo financeiro, também conhecido como Ciclo de caixa, é o tempo entre 
o pagamento aos fornecedores e o recebimento das vendas. Quanto maior o poder 
Neste momento estamos definindo os ciclos em que o dinheiro gira 
dentro da organização! 
 
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de negociação da empresa com fornecedores, menor o ciclo financeiro (MARION 
2012).Fórmula: 
Ciclo Financeiro = Ciclo Operacional - Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores 
(PMPF) 
 Exemplo: 
Ciclo Financeiro = 102 dias - 30 dias 
Ciclo Financeiro = 72 dias 
 
2.2.1 Análise Financeira 
 
É importante para a empresa, sempre criar alternativas que resultem em 
ciclos financeiros reduzidos. Não é uma tarefa fácil, mas observando sempre a 
estrutura de mercado na qual o negócio está inserido é possível determinar os 
fatores pontuais para melhorar o setor econômico da organização. 
A empresa pode, por exemplo, diminuir seu ciclo de giro de negócios, 
proporcionando maiores retornos sobre os investimentos. Como exemplo, temos um 
ciclo financeiro de 90 dias. Isso significa dizer que durante 1 ano (360 dias) a 
empresa gira 4 vezes (360 dividido por 90 dias). 
 Observe que após o pagamento a fornecedores, a empresa começa a 
financiar suas atividades com seu próprio capital de giro. Abaixo temos a diminuição 
do ciclo financeiro estendendo o pagamento aos fornecedores de x' para x''. Outras 
medidas seriam a antecipação de vendas e de seus respectivos recebimentos. 
 
 
 
 
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Figura 2 – Ciclo financeiro 
 
Fonte: Marion (2012, p. 98) 
 
Segundo Marion (2012, p. 245): 
 
A própria essência de um negócio é aumentar a riqueza por meio de 
seu ciclo produtivo, já que no momento da venda de produtos finais 
e serviços há entrada de valores e através de despesas como o 
consumo de matéria-prima ou bens para revenda, uso de trabalho, 
serviços externos como transporte, pagamento de impostos e outras 
obrigações, esses valores são despendidos. O ciclo de produção é a 
conversão de matéria-prima em produto final e vendas. 
 
Essa noção de ciclo de produção e a classificação contábil de acordo com a 
maturidade é uma noção estática (MARION, 2012). 
Marion (2012) faz o seguinte questionamento: 
 
 
 
 
 
Marion (2012), explica que no decorrer da atividade, a empresa transforma 
seu estoque em vendas (à vista ou a prazo), e suas vendas em dinheiro ou em 
direitos a receber, que serão usados para pagar fornecedores por bens e serviços. 
A duração desse período entre armazenar e vender, receber as vendas 
para pagar seus fornecedores faz parte de um ciclo financeiro organizacional, ou 
seja, é o tempo necessário para converter dinheiro em matéria-prima, matéria-prima 
O que é o ciclo financeiro de uma empresa e 
como ele interfere nas ações da 
organização? 
 
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em produto final, produto final em recebíveis, e por fim, recebíveis de volta a 
dinheiro (MARION, 2012). 
Em sentido amplo, o ciclo físico de produção compreende três fases 
principais, segundo Assaf Neto (2007). 
 
Armazenagem de matérias-primas, transformação das matérias-
primas em produtos acabados e armazenagem dos produtos 
acabados. Os custos de produção incorridos em uma fábrica são 
aplicados à produção, à medida que esta flui através das suas 
seções, departamentos ou centros de custo. (ASSAF NETO, 2007, 
p.371) 
 
Assaf Neto (2007, p. 375), afirma que “o fluxo dos custos de produção 
acompanha o movimento físico das matérias-primas, à medida que estas são 
recebidas, armazenadas, retiradas dos estoques e transformadas em produtos 
acabados”. 
Os ciclos de produção e financeiros estão relacionados aproximadamente 
pela equação seguinte, conforme Marion (2012): 
 
 
 
 
 
Para Marion (2012, p. 249), o “ciclo financeiro começa com a compra” das 
matérias-primas e com o período de tempo necessário para pagar os fornecedores, 
“continua com o armazenamento dos estoques”, os produtos finalizados em 
Clientes a Receber e por fim, recebíveis de novo em dinheiro. 
O ciclo financeiro pode ser representado graficamente pela combinação do 
ciclo econômico e dos prazos de estocagem, pagamento e recebimento. 
É essencial isolar no balanço patrimonial, ativos cíclicos e passivos cíclicos 
que logicamente aumentarão e diminuirão em relação com os negócios da empresa 
para definir a Necessidade de Capital de Giro (NCG). 
Podemos expressar o ciclo financeiro em dias de vendas, normalmente 
chamado no exterior de C2C (cash to cash). C2C = PME x {CDBV/Vendas} + PMR 
– PMP x {Compras/Vendas} 
 
Ciclo financeiro= Ciclo de produção + período médio de arrecadação das 
contas a receber – tempo médio de pagamento dos Fornecedores. 
 
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Exercício 4 
 
O Ciclo Financeiro da empresa inicia-se no momento do pagamento da 
matéria-prima e termina com o recebimento das vendas, ou seja: 
a) É o Ciclo Operacional da empresa (-) o PMP, Prazo médio de pagamento 
da empresa. 
b) PME x CDBV / VENDAS + PMR – PMP x Compras/ Vendas. 
c) Ciclo Operacional = Ciclo Econômico + Prazo Médio de Contas a Receber 
(PMCR). 
d) Ciclo Econômico (-) o PMP, Prazo médio de pagamento da empresa. 
 
 
 
 
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UNIDADE 3 - OPERAÇÕES DE CRÉDITO 
 
Nesta unidade, buscamos conhecer a situação financeira e patrimonial do 
cliente com a finalidade de oferecer-lhe uma linha de crédito compatível com suas 
necessidades de financiamento e capacidade de amortização. 
Segundo Santos (2015, p. 76), 
 
[...] a finalidade do crédito deve estar diretamente vinculada com a 
necessidade do cliente, sendo necessário conhecê-lo 
detalhadamente quanto à situação financeira e patrimonial para 
oferecer uma linha de crédito compatível com suas necessidades de 
financiamento e capacidade de amortização. 
 
As linhas de crédito, segundo o autor, podem atender três necessidades 
básicas que são destinadas às pessoas físicas e pessoas jurídicas. 
 
Quadro 2 – Créditos para Pessoas Físicas 
PESSOA FÍSICA 
Créditos Emergenciais 
Destinado a cobrir eventuais desequilíbrios 
orçamentários ou financiamentos de compras de 
curtíssimo prazo (prazo até um mês) 
Financiamentos de 
Compras 
Permite ao cliente adquirir produtos e serviços 
para consumo e bem-estar como alimentos, 
vestuários e bens eletrodomésticos. Esses 
recursos são operações de curto prazo de até 12 
meses, com amortização parcelada ou 
concentrada na data do vencimento. 
Investimentos 
Permite ao cliente adquirir maior valor para 
integrar seu patrimônio ou mesmo desempenhar 
suas atividades profissionais, tais como: imóveis, 
veículos, máquinas e equipamentos. Os 
investimentos são operações de longo prazo 
(geralmente superior a 12 meses). 
Fonte: Adaptado de Santos (2015, p. 68) 
 
As necessidades empresariais não são diferentes, mas o tipo de crédito 
está relacionado aos negócios empresariais. 
 
 
 
 
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Quadro 3 - Créditos para Pessoas Jurídicas 
PESSOA JURÍDICA 
Hot money 
Destina-se a cobrir eventuais desequilíbrios de caixa 
entre os prazos de recebimento e pagamento, 
ocorrido por poucos dias. 
Capital de giro 
Recursos para financiar o ciclo operacional das 
empresas – período que vai desde a aquisição da 
matéria-prima até o recebimento da venda do produto 
acabado ou serviço prestado. Durante o ciclo 
operacional, empresas com desequilíbrio de caixa 
buscam financiamento para amortizar dívidas com os 
fornecedores, funcionários e entidades 
governamentais. 
Investimentos 
Recursos para financiar imobilizados (instalações, 
máquinas, equipamentos e veículos), visando 
aumentar a capacidade produtiva das empresas. 
 Fonte: Adaptado de Santos (2015, p. 69) 
 
As linhas de crédito oferecidas às empresas são direcionadas ao 
financiamento do capital de giro e de investimento. As necessidades de capital de 
giro compreendem os gastos operacionais para financiar a produção. Entre alguns 
exemplos podemos citar a matéria-prima e a mão de obra direta. 
Já as necessidades de investimentos compreendem os gastos com 
imobilização. Entre eles temos as instalações, os equipamentos e os veículos. 
 
 
Exercício 5 
 
Quais são as linhas de crédito que podematender três necessidades 
básicas que são destinadas às pessoas físicas e pessoas jurídicas? 
a) Fiança Bancária, Leasing, Hot Money. 
b) Carta de Crédito, Hot Money, Capital de giro. 
c) Capital de Giro, Investimentos, Leasing. 
d) Hot Money, Capital de Giro, Investimentos. 
 
 
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A seguir apresentamos exemplos de modalidades de linhas de créditos 
praticados pelas empresas e autorizados pelo Banco Central (2012). São 14 linhas 
apresentadas que explicaremos cada uma, a seguir. 
 Contratos de Capital de Giro; 
 Descontos de recebíveis ou valores a receber; 
 Cédula de crédito bancário; 
 Compror; 
 Vendor; 
 Adiantamento sobre contrato de Câmbio (ACC); 
 Adiantamento sobre cambiais entregues (ACE); 
 Carta de Crédito; 
 Financiamento à importação (FINIMP); 
 Assunção de dívidas em moeda estrangeira; 
 Resolução 63; 
 Leasing; 
 Fiança Bancária 
 Linhas de Crédito ao Agronegócio: Cédula de produção rural (CPR), 
Cédula de produção rural financeira (CPRF), Certificado de depósito 
agropecuário (CDA) e warrant agropecuário (WA). 
 
3.1 Linhas de crédito 
 
Contratos de capital de giro: são linhas de crédito direcionadas ao 
financiamento das necessidades operacionais da empresa em curto prazo. As 
instituições financeiras oferecem os contratos para financiamentos de capital de giro 
na modalidade de créditos rotativos ou créditos pontuais (BRASIL, 2012). 
Desconto de recebíveis ou valores a receber: é a antecipação do 
recebimento das vendas a credito mediante a cessão de seus direitos ao 
contratante. O desconto comercial é a forma tradicional de financiamento de capital 
de giro, que incorpora, além da taxa de desconto paga à vista, o IOF e despesas 
bancárias de administração. Esses desembolsos são geralmente cobrados sobre o 
valor nominal do título (valor de resgate), e pagos ou descontados, no momento da 
liberação dos recursos (BRASIL, 2012). 
 
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Cédula de crédito bancário: trata-se de linha de crédito rotativa 
disponibilizada em conta corrente que poderá ser utilizada parcial ou integralmente 
de acordo com a necessidade da empresa, sendo um empréstimo cumulativo até o 
limite e prazo do contrato. A cédula é nos termos da lei uma promessa de 
pagamento em dinheiro, líquida, certa e exequível pela instituição financeira e 
diferencia-se de outros contratos de crédito por permitir execução mais rápida e fácil 
(BRASIL, 2012). 
Compror; operação de financiamento de compras que permite à empresa o 
pagamento a prazo e ao fornecedor o recebimento à vista. Qualquer bem ou serviço 
pode ser financiado, desde que amparado por uma nota fiscal (BRASIL, 2012). 
 
Quadro 4 – Características e Benefícios do Crédito 
Características 
básicas 
Benefícios para o 
comprador 
Benefícios para o 
fornecedor 
 O comprador é 
financiado através de 
crédito bancário; 
 Banco redita o 
fornecedor à vista. 
 Menor risco do credito e 
custo da operação; 
 Melhores condições de 
compra, como preço 
menor e prazo de 
financiamento maior, em 
função do recebimento à 
vista por parte do 
fornecedor. 
 Recebimento à vista; 
 Diminuição do 
passivo, melhorando os 
índices financeiros; 
 A base de cálculo de 
impostos é menor, pois 
a cobrança de IPI, 
ICMS, COFINS e ISS 
passa a incidir sobre o 
valor da nota fiscal à 
vista. 
 Fonte: Adaptado de Santos (2015, p.72) 
 
 
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Segue o fluxograma do Compror. 
 
Figura 3 – Fluxograma do Compror 
 
 
 
 
 
 
1. Clientes efetua pedido de compra ao fornecedor; 
2. Fornecedor fatura à vista e entrega bem e/ou serviço ao cliente; 
3. Cliente envia planilha de financiamento negociado com o banco; 
4. Banco libera recursos diretamente ao Fornecedor; 
5. Banco envia boleto de cobrança ao Cliente; 
6. Cliente paga o Banco no vencimento. 
 
Fonte: Adaptado de Santos (2015) 
 
Vendor: é a operação de financiamento que permite às empresas fazer 
suas vendas a prazo e receber à vista de um banco o valor a ser pago pelos seus 
clientes. Qualquer bem ou serviço pode ser financiado, desde que amparado por 
uma nota fiscal ou um recibo de venda à vista ou a prazo. Nesse caso, o fornecedor 
é fiador da dívida dos mutuários – indústrias, empresas comerciais e consumidores 
finais, pessoas jurídicas e físicas. Por essa razão condiciona-se que a empresa 
compradora seja cliente tradicional da vendedora, pois será esta quem assumirá o 
risco, como intermediadora, do negócio junto ao banco. 
 
Quadro 5 – Benefícios para o Fornecedor e o Comprador 
Benefícios para o Fornecedor Benefícios para o Comprador 
 Possibilidade de dilatar o prazo de 
financiamento a seus clientes, obtenção 
do aumento de liquidez, devido ao 
recebimento de suas vendas à vista; 
 Diminuição do passivo, melhorando os 
índices financeiros; 
 A base de cálculo de impostos é 
menor, pois a cobrança de IPI, ICMS, 
Cofins e ISS passa a incidir sobre o valor 
da nota fiscal à vista. 
 Menor risco do crédito e custo da 
operação; 
 Melhores condições de compra, como 
preço menor e prazo de financiamento 
maior, em função do recebimento à vista 
por parte do fornecedor. 
 Fonte: Adaptado de Santos (2015, p. 75). 
FORNECEDOR 
BANCO 
CLIENTE 
(INTERVENIENTE) 
 
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Com esses benefícios fiscais o fornecedor pode tornar o preço de seu 
produto ainda mais competitivo no mercado global. 
No que se refere ao Adiantamento sobre contratos de câmbio (ACC); o 
Banco Central do Brasil (BRASIL, 2012, p. 32), define “que esse instrumento de 
financiamento é um pré-embarque mais utilizado pelos exportadores, pois está 
condicionado à aprovação de crédito baseado na idoneidade, solidez e 
pontualidade de pagamento do exportador”. Sobre o adiantamento são cobrados 
juros variáveis em função do prazo de entrega dos documentos de embarque, valor 
da operação, modalidade de entrega (cobrança, carta crédito e etc.), tudo isso de 
acordo com a instituição contratada, conceito do importador e situação econômica 
do país do importador. 
Para a concessão do adiantamento, o banco utiliza como recursos as linhas 
em moedas estrangeiras captadas de bancos correspondentes no exterior. O prazo 
máximo para a contratação do ACC é de 180 dias da data prevista para o 
embarque. Excepcionalmente, o Banco Central pode autorizar operações de prazo 
superior a 180 dias. A vantagem para a empresa exportadora decorre da 
possibilidade de captação de recursos mais atrativa (mais barata) com a finalidade 
de financiamento da produção. Por outro lado, pode obter receitas com arbitragem 
dos recursos no mercado financeiro. 
O público-alvo são empresas exportadoras que necessitam de 
financiamento e que já disponham de um contrato firmado para exportação futura, 
sendo a garantia formal do ACC, o crédito documentário, seguro de crédito à 
exportação e outras a critério da instituição financeira. 
 
 
 Fonte: http://migre.me/ry1SG 
 
 
 
 
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BENEFÍCIOS PARA O CLIENTE 
 O recebimento à vista das vendas ao exterior realizadas a prazo. 
 Caso não haja o embarque e nem a sua prorrogação, o exportador 
deverá devolver ao banco o valor correspondente ao adiantamento, 
convertido em reais, mais encargos, e proceder ao respectivo 
cancelamento da operação. 
Fonte: Adaptado de Santos (2015, p. 78) 
 
Adiantamento sobre cambiais entregues (ACE): esse tipo de 
financiamento ocorre após o embarque da mercadoria que, pela operação, serão 
cobrados juros pelo período da operação. A responsabilidade do exportador cessa 
somente quando o importador efetua o pagamento das dívidas no exterior. 
Segundo Banco Central (BRASIL, 2010, p. 3), “[...] a concessão do ACE 
está condicionada à aprovação de crédito baseada na idoneidade, solideze 
pontualidade de pagamento do exportador”. 
Ainda segundo o Banco Central (BRASIL, 2010), sobre o adiantamento são 
cobrados juros variáveis em função do prazo de entrega dos documentos de 
embarque, valor da operação, modalidade de entrega (cobrança, carta de crédito e 
etc.), conceito de importador e situação econômica do país do importador. 
Algumas garantias são destacadas pelo Banco Central (BC) (2010), como: 
 Crédito documentário, seguro de crédito à exportação e outras que 
dependerão da pendência cambial ou da instituição vinculada ao 
contratante. 
Apresentamos, a seguir, o fluxograma de contratos de exportações nas 
fases pré e pós-embarques da mercadoria. 
 
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Figura 4 - Fluxograma de contratos de exportações 
 
 
Fonte: Adaptado de Banco Central (2010) 
 
Carta de Crédito: modalidade de crédito em que a instituição financeira, a 
pedido de seu cliente importador, emite documento garantido ao exportador 
estrangeiro o recebimento pela venda externa, desde que atendidas as condições e 
os prazos estipulados. Há descrição do fluxo básico desse financiamento, antes do 
embarque da mercadoria conforme veremos, a seguir: 
O importador e exportador negociam venda comercial, prevendo cobrança 
por meio de saque avalizado por um banco no Brasil, com ou sem cobertura 
(confirmação) de risco político por outro banco no exterior. 
O importador solicita ao banco brasileiro a concessão de aval de saque de 
importação sem ou com confirmação. No primeiro caso (sem confirmação), o 
importador solicita apenas o aval do banco brasileiro, cobrindo seu risco comercial. 
No segundo caso (com confirmação), o exportador requer a confirmação do aval do 
banco brasileiro por um banqueiro de primeira linha no exterior, visando garantir-se 
quanto ao risco do banco brasileiro. 
A vantagem dessa modalidade de crédito é a flexibilidade e agilidade da 
negociação com o exportador, principalmente quanto há agravamento do risco 
político brasileiro, uma vez que sendo o contrato feito direto com o fornecedor, as 
barreiras ou negociações políticas não interferem no negócio. 
Financiamento à importação (FINIMP): Segundo a Circular 3.691/13, 
Art. 4º o “financiamento de Importação brasileira é a modalidade de crédito em 
EMBARQUE 
ACE 
Depois 
Liquidação 
Antes 
ACC 
Contratação 
 
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que a instituição financeira paga à vista o exportador no exterior em moeda 
estrangeira e recebe a prazo do importador brasileiro”. 
A linha caracteriza-se como um repasse, ou seja, é captada no exterior 
pela instituição financeira e repassada ao importador brasileiro permitindo ao 
importador no Brasil obter recursos a custos compatíveis aos praticados nos 
mercados internacionais e, na maior parte das vezes, mais atraentes que outros 
financiamentos no mercado doméstico. 
Outra característica é a obtenção de maior prazo para 
pagamento/comercialização do bem importado, além da possibilidade de o 
importador obter desconto na negociação comercial, uma vez que o exportador 
recebe os recursos à vista. 
Assunção de dívidas em moeda estrangeira: A Assunção de Dívida é 
uma operação de hedge cambial controlada e registrada pelo BC mediante Circular 
3.607/2012, por meio da qual uma empresa brasileira possuidora de uma dívida 
em moeda estrangeira, oriunda de um empréstimo externo contraído legalmente, 
repassa essa dívida a um terceiro. 
O doador dos recursos é o devedor originário, que para evitar o risco de 
uma variação cambial efetua a cessão de dívida, ou seja, cede sua dívida em 
US$ e o seu caixa em R$ para um cliente tomador em troca de um prêmio. 
Resolução 63/1967 – Banco Central do Brasil: Consiste no empréstimo 
de recursos captados no exterior por instituição financeira, por meio da emissão 
de títulos. O repasse do empréstimo somente é feito em moeda nacional, 
indexado à variação cambial, acrescido de juros pré ou pós-fixados e com datas 
fixas de pagamento. 
 A Resolução 63/1967, Art. 1, resolve: 
 
I - Facultar aos bancos de investimento ou de desenvolvimento 
privados, Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e aos 
bancos comerciais autorizados a operar em câmbio a contratação 
direta de empréstimos externos destinados a ser repassados a 
empresas no país, quer para financiamento de capital fixo, quer de 
capital de movimento, observado o disposto nesta Resolução e nas 
demais normas legais e regulamentares em vigor; (BRASIL, 1967) 
 
O público-alvo desse financiamento são as empresas de primeira linha 
(industriais, comerciais ou de serviços) que necessitam de recursos para capital 
de giro ou para financiar investimentos. A vantagem desse financiamento ao 
 
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cliente decorre da possibilidade de representar custo final menor do que o custo 
dos empréstimos em moeda nacional. 
Arrendamento Mercantil (LEASING): Trata-se de uma operação, 
regulada pelo BC por meio da Lei n. 6.099/75 e pela Resolução 2.309/96, da 
Comissão Mobiliária Nacional (CMN), de arrendamento ou aluguel destinada ao 
financiamento de veículos, máquinas, equipamentos e imóveis. A amortização 
dessa modalidade de financiamento ocorre de forma mensal e em longo prazo, 
opcionalmente, em 24 ou 36 meses. 
Após a aprovação de crédito, o bem é adquirido pela arrendadora, 
seguindo as especificações técnicas fornecidas pelo cliente. Ao final do contrato, 
o cliente arrendatário poderá optar por uma das três alternativas, segundo a Lei 
n. 6.099/75: 
• comprar o bem pelo valor residual; 
• apresentar interessados na compra do bem pelo valor residual; 
• devolver o bem à arrendadora. 
Em face das características dos bens financiados, os arrendadores 
condicionam a aprovação do leasing à vinculação de contrato de seguro do 
bem, o qual pode ser efetivado com o banco financiador ou com um banco 
concorrente, conforme designação do cliente. 
Repasses do BNDES: São recursos do Banco Nacional de 
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) disponibilizados às empresas para 
financiar projetos com imobilizações e expansão fabril regulamentado pela Circular 
nº 06/2015/BNDES. Entre as modalidades de crédito descritas pela Circular nº 
06/2015, destacam-se as voltadas para financiar: 
• a comercialização de máquinas e equipamentos novos, de fabricação 
nacional; 
• a aquisição, modernização e manutenção de máquinas, tratores e 
implementos agrícolas de fabricação nacional; 
• projetos e investimentos com empreendimentos de pequeno e médio 
porte, incluindo a aquisição de máquinas e equipamentos nacionais, obras e 
instalações, despesas operacionais, informatização, inclusive aquisição e 
desenvolvimento de softwares nacionais, treinamento e uma parcela de capital de 
giro associado ao investimento; 
• projetos industriais de grande porte e investimentos com infraestrutura 
 
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econômica e social. 
Após o repasse dos recursos do BNDES, o papel do banco é agir como um 
intermediário ao receber parceladamente do cliente (assumindo o risco de 
crédito) e repagar o BNDES. Ao banco cabe a realização de ganhos financeiros 
sobre os recursos repassados pelo BNDES, mediante a retenção e aplicação 
desses recursos no curtíssimo prazo. 
O bem financiado sempre fica em garantia, além de outras que o banco 
negociar com o cliente. O percentual financiado pelo BNDES é variável, 
dependendo da modalidade de financiamento, do porte da empresa e do tipo 
de investimento. 
Fiança bancária: É uma obrigação escrita assumida por uma instituição 
financeira, conforme regulamentação do BC, pela Resolução n. 2.325/96, que 
passa a se responsabilizar, total ou parcialmente, pelo cumprimento da obrigação 
de seu cliente, caso ele não possa cumpri-la. Os principais motivos para a 
emissão de uma carta de fiança são, segundo a Resolução n. 2.325, Art.1º: 
• obtenção de empréstimos efinanciamentos; 
• habilitação em concorrência pública; 
• locação; 
• garantia de execução fiscal. 
Embora represente inicialmente risco por assinatura, as instituições finan-
ceiras somente a concedem àqueles clientes que tenham histórico favorável de 
relacionamento, inexistência de restrições de idoneidade no mercado e situação 
financeira que ateste índices positivos de liquidez, endividamento, lucratividade e 
cobertura de juros. 
 
Exercício 6 
 
Assinale a alternativa correta. 
a) Modalidade de crédito em que a instituição financeira, a pedido de seu 
cliente importador, emite documento garantido ao exportador estrangeiro o 
recebimento pela venda externa, desde que atendidas as condições e os 
prazo estipulados. 
b) Obtenção de maior prazo para pagamento/comercialização do bem 
importado, além da possibilidade de o importador obter desconto na 
 
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negociação comercial, uma vez que o exportador recebe os recursos à 
vista. 
c) Trata-se de uma operação, regulada pelo B.C por meio da Lei 6.099/75 
e pela Resolução da Comissão Mobiliária Nacional (CMN) 2.309/96, de 
arrendamento ou aluguel destinada ao financiamento de veículos, 
máquinas, equipamentos e imóveis. 
d) É uma obrigação escrita assumida por uma instituição financeira, conforme 
regulamentação do B.C Resolução 2.325/96, que passa a se responsabilizar, 
total ou parcialmente, pelo cumprimento da obrigação de seu cliente, caso 
ele não possa cumpri-la. 
 
 
3.2 Linhas de crédito ao agronegócio 
 A definição dessa linha é indicada pelo BNDES e assim como os títulos de 
crédito rural, são promessas de pagamento sem ou com garantia real 
cedularmente constituída, isto é, no próprio título. A garantia pode ser ofertada 
pelo próprio financiado ou por um terceiro. 
O recebimento antecipado pelo produtor rural, suas associações e 
cooperativas, está condicionado à comprovação formal de produção de bens de 
natureza agrícola, extrativa ou pastoril. A seguir, são apresentados exemplos de 
títulos e modalidades de financiamentos destinados ao setor do agronegócio. 
 
3.2.1 Cédula de produção rural (CPR) 
A Cédula de Produção Rural (CPR) é um título pelo qual o emitente, 
produtor rural (pessoa física ou jurídica) ou cooperativa de produção, vende 
antecipadamente certa quantidade de mercadoria, recebendo o valor negociado 
no ato da venda e comprometendo-se a entregá-la na qualidade e no local 
acordado em data futura (BNDES, 2012). 
Pode ser emitida em qualquer fase do empreendimento pecuário ou 
agrícola (pré-plantio, desenvolvimento, pré-colheita ou mesmo produto colhido) 
(BNDES, 2012). 
O emissor (produtor rural ou cooperativa de produção) deve procurar 
uma instituição (banco ou seguradora) que dê garantia à CPR. Essa instituição, 
após análise do cadastro e das garantias do emissor, acrescenta seu aval ou 
 
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agrega um seguro. De posse da CPR avalizada ou segurada, o emissor pode 
negociá-la no mercado. 
A negociação pode ser feita por intermédio do mercado de balcão ou da 
Bolsa Brasileira de Mercadorias. Pode-se utilizar também o leilão eletrônico do 
Banco do Brasil, que interliga as bolsas de mercadorias regionais. 
No caso de o emitente não cumprir o compromisso de entrega por motivo 
de frustração de safra, a instituição avalista garantirá a liquidação da operação 
com o comprador da CPR. Posteriormente, cobrará do emissor um acordo para a 
próxima safra ou, em casos extremos, executará suas garantias. 
 
3.2.2 Cédula de produção rural financeira (CPRF) 
A Cédula de Produção Rural Financeira (CPRF) difere da cédula de 
produto rural (CPR) pela forma de pagamento (BNDES, 2012). 
Na CPRF, o pagamento se dá em dinheiro, enquanto na cédula de produto 
rural o pagamento se perfaz com o produto prometido e devidamente 
especificado na cédula (BNDES, 2012). Portanto, a CPRF é um título 
representativo de uma obrigação em dinheiro cujo índice de apuração do débito é 
o valor da cotação do produto especificado na cédula (BNDES, 2012). 
Na CPRF, cabe execução de título extrajudicial, por quantia certa, 
enquanto na Cédula de Produto Rural comum cabe ação de execução de título 
extrajudicial para entrega de coisa incerta. 
 
3.2.3 Certificado de depósito agropecuário (CDA) e warrant agropecuário 
(WA) 
Trata-se de títulos de crédito unidos, de natureza executiva extrajudicial. 
São emitidos simultaneamente pelos depositários (armazenadores) a pedido do 
depositante (BNDES, 2012). 
O Certificado de Depósito Agropecuário (CDA) tem como lastro o produto 
agropecuário, ou seja, representa a promessa de entrega do produto agropecuá-
rio, seus derivados, subprodutos e resíduos depositados, que regula a armazena-
gem de produtos agropecuários. 
O Warrant Agropecuário (WA) confere o direito de penhor do produto cor-
respondente ao Certificado de Depósito Agropecuário conjuntamente emitido. 
 
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Esses títulos podem ser negociados e a entrega dos títulos conjugados constitui-
se em troca da propriedade sobre o produto. 
 
3.2.4 Certificado de direitos creditórios do agronegócio (CDCA) 
O Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA) é um título de 
crédito nominativo e permite a execução extrajudicial, representando promessa 
de pagamento em dinheiro no prazo determinado (BNDES, 2012). 
Embora seja de livre negociação, pode ser emitido, exclusivamente, por 
cooperativas de produtores rurais e pessoas jurídicas que atuem na 
armazenagem, comercialização, beneficiamento e processamento de produtos e 
insumos agropecuários ou de máquinas e implementos da produção 
agropecuária (BNDES, 2012). 
O CDCA representa título vinculado a direitos creditórios oriundos dos 
negócios realizados entre produtores rurais, ou suas cooperativas, e terceiros, 
inclusive financiamentos ou empréstimos relacionados com a produção, 
comercialização ou industrialização de produtos ou insumos agropecuários ou de 
máquinas e implementos utilizados na atividade agropecuária. 
 
3.3 Garantias 
 
Define-se garantia, em seu aspecto de risco, como a vinculação de um 
bem ou de uma responsabilidade conversível em numerário que assegure a 
liquidação do crédito. A finalidade da garantia é evitar que fatores imprevisíveis 
impossibilitem a liquidação do crédito. Esses fatores são de natureza sistemática 
ou externa à atividade da pessoa física ou da empresa, podendo ser resultantes 
de medidas governamentais (exemplo: política fiscal, monetária, creditícia, 
cambial, etc.), concorrenciais, climáticas ou acidentais (exemplo: incêndio, 
inundações, morte do cliente ou do principal dirigente da empresa, etc.). 
O Banco Central estabelece que as instituições financeiras, na realização 
de operações de crédito, devem exigir dos clientes garantias adequadas e 
suficientes para assegurar o retorno sobre o capital aplicado. Mais além, 
determina que a garantia seja adequada ao tipo, ao montante e ao prazo do 
crédito. As melhores garantias são as de maior liquidez, especialmente as 
 
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chamadas autoliquidáveis, ou seja, aquelas cuja conversão em caixa, e respectiva 
liquidação do contrato de crédito, independem de sentença judicial. 
Os profissionais de crédito devem considerar que nenhum financiamento 
seja concedido exclusivamente em função da garantia, por melhor que seja. 
Como regra básica, todo profissional deve ter a convicção de que o financiamento 
foi concedido baseando-se na capacidade de pagamento do cliente, partindo do 
princípio de que não será necessário utilizar a garantia para liquidar o crédito. A 
decisão de conceder crédito deve ser baseada na capacidade de reembolso do 
cliente e não sobre as garantias. 
 
3.3.1 Formalização 
Mesmo uma boa concessão de crédito pode resultar em não recebimento 
futuro, em face da ocorrência de fatores sistemáticosinesperados que podem 
reverter a situação financeira do cliente. Para eliminar ou reduzir o risco de 
crédito, os concessores de financiamento devem formalizar corretamente as 
garantias vinculadas às operações de crédito, além de registrá-las em cartório. A 
formalização da garantia é requisito essencial para que apresente validade e 
sirva de prova eficaz contra terceiros. 
 
3.3.2 Garantias pessoais 
São as garantias que, em vez de serem constituídas sobre coisas 
específicas, repousam sobre pessoas (físicas ou jurídicas). Essa modalidade de 
garantia não vincula nenhum bem específico do cliente ou do garantidor, mas 
recai sobre a totalidade dos bens que ambos possuírem, no momento da 
liquidação do crédito. Com isso, os credores expõem-se aos elevados riscos de 
crédito, em situações em que o valor de mercado do patrimônio do devedor for 
inferior ao valor da dívida. A situação torna-se pior ainda para os credores quando, 
numa execução judicial, os devedores comprovarem a inexistência de bens livres 
para serem penhorados. Nesse caso, o resultado para os credores é o 
reconhecimento de perdas (totais ou parciais) com o não recebimento de principal 
e juros. Essa modalidade de garantia é constituída basicamente sobre o aval e a 
fiança, conforme diferenciação apresentada, a seguir. 
Aval é uma garantia pessoal do pagamento de um título de crédito, dada 
por pessoa (física ou jurídica), que fica solidariamente responsável com o devedor 
 
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pelo pagamento do crédito, normalmente atrelado a todas as operações de 
crédito por ser a forma de garantia mais comum. O aval concretiza-se pela 
simples assinatura do avalista ou de seu procurador com poderes específicos feita 
no anverso (frente) do título. Se não houver espaço suficiente na frente, pode ser 
feita no verso, após a expressão avalista ou por aval. Seguem alguns cuidados a 
serem tomados sobre garantias em aval: 
• o título de crédito deve estar bem formalizado (preenchimento, valores, 
endereços, dados corretos, ausência de rasuras); 
• conferência das assinaturas, com a colocação do visto de conferência; 
• conferência dos poderes de quem assinou (procuração e estatutos ou 
contrato social); 
• que o(s) avalista(s) seja(m) o(s) mesmo(s) citado(s) no contrato a que o 
título estiver vinculado e que os dados sejam os mesmos citados no 
contrato; 
• que o valor do título de crédito seja suficiente para cobrir o valor do 
crédito com os respectivos encargos; 
• se quem assinou é pessoa física casada - caso em que se recomenda 
que o outro cônjuge deva também assinar; 
• que normalmente as promissórias tenham vencimento à vista, porque, 
em caso de vencimento antecipado do contrato, o título poderá ser 
protestado e cobrado, sem a necessidade de aguardar um vencimento 
posterior. 
 
3.3.3 Fiança 
Podemos dizer que a fiança é garantia pessoal, mediante a qual uma 
pessoa (fiador) garante, no todo ou em parte, o cumprimento de obrigação que 
outra pessoa (afiançado/devedor) assumiu com um concessor de 
financiamento (beneficiário). Para ser válida, a fiança deve contar com a 
anuência escrita do outro cônjuge, concordância do outro cônjuge, mesmo no 
caso de casamento com separação de bens, a fiança será nula. 
A fiança normalmente compreende, além do principal e juros, todas as 
despesas acessórias, como juros de mora, comissão de permanência, multa, 
despesas judiciais, etc. 
 
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Quanto à execução, é mais lenta que o aval. O fiador, demandado pelo 
pagamento da dívida, tem o direito de exigir, até a contestação do processo, que 
primeiramente sejam penhorados os bens do devedor. No entanto, perde essa 
unidade caso tenha concordado expressamente em renunciar ao benefício de 
ordem e obrigar-se como devedor solidário nos casos em que o devedor principal 
tornar-se comprovadamente insolvente ou falido. Seguem alguns cuidados a 
serem tomados sobre garantias em fianças: 
• verificar se a fiança foi prestada por escrito; 
• se é suficientemente clara quanto à obrigação assumida pelo fiador; 
• se tem vencimento compatível com a obrigação garantida; 
• se houve renúncia expressa aos benefícios de ordem; 
• se quem assinou tinha poderes suficientes para assumir a obrigação; 
• se a(s) assinatura(s) é(são) autêntica(s); 
• se quem assinou é pessoa física casada - caso em que o outro cônjuge deve 
também assinar o contrato; 
• se o limite garantido é corrigido ou não, e de que forma, para que a dívida 
esteja suficientemente coberta ao longo do tempo. 
 
3.4 Garantias reais 
São as garantias que se constituem sobre a vinculação de bens tangíveis 
do cliente, como, veículos, imóveis, máquinas, equipamentos, mercadorias e 
duplicatas. 
Quando se constitui uma garantia sobre determinado bem, esse bem 
estará comprometido legalmente com o contrato de crédito ao qual se vincula. 
Caso o cliente não apresente condições financeiras de amortizar o valor total do 
crédito, o bem estará à disposição do credor, que, mediante processo, poderá 
recorrer à recuperação do financiamento, via venda judicial. 
As garantias reais são indivisíveis, isto é, mesmo que o devedor pague 
uma parcela da dívida, a garantia continua por inteiro. Como não há necessidade 
ou mesmo possibilidade (em certos casos) de liberação da garantia, à medida que 
o devedor pagar sua dívida, o valor da garantia teoricamente irá aumentando 
em relação ao saldo do contrato. 
 
 
 
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3.4.1 Caução de modalidades de aplicações financeiras de renda fixa 
 
A caução de modalidades de aplicações financeiras de renda fixa é 
usualmente conhecida no mercado como garantia autoliquidável, ou seja, a que 
representa a inexistência ou a menor exposição de risco de crédito aos credores. 
Para a sua efetiva formalização, é indispensável que, paralelamente à 
liberação do crédito pleiteado, existam saldos em aplicações financeiras, 
revertidos em benefícios dos credores, que sejam suficientes para cobrir 
situações de inadimplência. A formalização dessa garantia deve efetivar-se 
através de contrato ou aditivo, onde devem constar os seguintes dados: 
- A modalidade, o valor e o vencimento da dívida; 
- A descrição detalhada da modalidade de aplicação financeira, 
destacando o valor da aplicação, valor da quota de aplicação, data da aplicação, 
taxa e valor de resgate. 
Na caução de aplicações financeiras de renda fixa deve-se cuidar para 
que a modalidade de aplicação financeira seja de emissão de instituição financeira 
confiável e que as condições de remuneração não impliquem em defasagem 
entre o valor da dívida e o da garantia; 
 
3.4.2 Alienação fiduciária 
É uma garantia real constituída sobre veículos, máquinas e 
equipamentos. Consiste na transferência, para o credor, do domínio do bem, 
embora o devedor permaneça com a posse. Nessa situação, o devedor assume a 
figura de "fiel depositário", não podendo vendê-lo, aliená-lo ou onerá-lo sem a 
prévia concordância do credor, sob pena de prisão administrativa. Seguem alguns 
cuidados a serem observados na alienação fiduciária. 
 Certificar-se de que os bens alienados pertencem realmente a quem os 
está alienando. Isso poderá ser feito por meio da apresentação da res-
pectiva nota fiscal, onde o credor poderá apor um carimbo ou escrever a 
menção alienado fiduciariamente; 
 Verificar se os bens alienados apresentam-se registrados; 
 Receber e arquivar uma cópia da apólice de seguro dos bens alienados, 
com cláusula de benefício em favor do credor; 
 
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 Ter e arquivar um laudo de avaliação dos bens alienados, ou, pelo menos, 
um documento confiável que ateste o valor deles; 
 Verificar os estatutos, contrato social e procuração do garantidor para 
saber se há restrições. 
 
3.4.3 Penhor mercantil 
Consiste na entrega ao credor de bem

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