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Cap 1 - O que é Gramática_ (1)

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GRAMÁTICA
Capítulo 1 - O que é Gramática?
Profª Socorro Cardoso
Aulas 1 e 2
OBJETIVOS
Refletir sobre o 
conceito de 
Gramática
1
Entender a diferença 
entre gramática 
Natural e Gramática 
Normativa
2
Entender os conceitos 
de gramaticalidade e 
agramaticalidade
3
Começo de conversa
O que a relação afetiva com lugares pode ensinar sobre Geografia
 Já parou para pensar em quais sentimentos os lugares que você frequenta despertam? Parece uma pergunta 
simples, mas foi a partir dela que a professora de Geografia Ana Paula Mello desenvolveu um trabalho para falar sobre 
Educação patrimonial com alunos do 6º e 7º ano da Escola Municipal Levi Carneiro, de Niterói (RJ). Ao ressignificar 
bens culturais e naturais da cidade, ela não só mostrou aos estudantes a importância de ocuparem espaços públicos 
como a relevância de se reconhecerem como indivíduos neles e, assim, preservá-los. O projeto O Meu Lugar: Educação e 
Memória de Niterói deu a Ana Paula o Prêmio Educadora Nota 10 em 2018. 
A ideia surgiu depois que a professora percebeu que seus alunos, moradores do bairro Sapê, na periferia, não 
conheciam outros lugares do município, tampouco haviam ido a museus. Ana Paula também notou que, quando 
questionava o que eles gostavam de fazer na região, ouvia respostas desanimadas de que não havia nada 
interessante para descobrir nos arredores. A professora comenta que há apenas duas linhas de ônibus no Sapê e, 
devido à falta de recursos e até mesmo de um olhar cultural da comunidade, os alunos acabavam não frequentando 
outros espaços que são deles também.
Depois da fase das percepções, ela passou a trabalhar o conceito de lugar por meio de uma abordagem interdisciplinar 
que ligava arqueologia, História e meio ambiente. As atividades de campo foram parar na Praia de Itaipu, lugar frequentemente 
visitado pela maioria dos alunos. Eles não conheciam a importância desse lugar e achavam que a praia era só um espaço de 
lazer, mas ao utilizarem a arqueologia eles descobriram que ali mesmo há um sítio arqueológico, bem como a existência de 
sambaquis. “Muitos iam beber água no Museu de Arqueologia de Itaipu e não sabiam que era um museu com uma riqueza 
histórica”, conta. 
O projeto deu tão certo que virou um grupo de pesquisa no qual os alunos são arqueólogos e protagonistas do próprio 
processo de aprendizagem. “Quando notamos que o aprendizado é significativo o mais fantástico é ouvir os alunos contando que 
hoje vão à praia e apresentam o lugar para seus familiares. Aquele lugar deixa de ser só um espaço de lazer e passa a ser um 
lugar de conhecimento”, reforça. 
https://fvc.org.br/educador-nota-10/ana-paula-mello/
Questões:
Ex-alunos voltam às suas escolas e contam ao iG o que mudou
 Três gerações de estudantes de uma escola pública e de uma privada revelam semelhanças e diferenças 
na maneira de aprender
 “No meu tempo a escola era muito diferente". O veredicto está entre os mais comuns em qualquer conversa que 
coloque a educação em perspectiva. A imagem que se forma do ensino atual, a partir de relatos de terceiros ou 
reportagens – quase sempre com enfoque específico –, inevitavelmente é comparada com aquela guardada na memória 
afetiva da época de estudos de cada um. Mas será que muita coisa realmente mudou? Para ver o que corresponde à 
realidade e quais transformações foram essas, o iG convidou seis ex-alunos a fazer a comparação in loco.
Estudantes dos anos 1970, 1980 e 1990 visitaram as escolas em que se formaram, uma pública e outra 
particular, ambas entre as mais tradicionais da cidade de São Paulo. Caminharam pelos corredores, foram 
recebidos pela direção e professores, reviram as salas de aula e encontraram a nova geração de estudantes. E 
reconheceram muitos cantos exatamente como lembravam.
O engenheiro Carlos Caldas, de 56 anos, a comerciante Rossana Scuderi, 44, e o jornalista esportivo, 
Everaldo Marques, 32, voltaram à escola estadual Ministro Costa Manso , no Itaim Bibi. Enquanto ao Colégio 
Dante Alighieri , nos Jardins, retornaram o empresário Roberto Klabin, 55, a chef Silvia Percussi, 46, e o 
publicitário Bruno Cardinali, 29.
[...] A maioria das diferenças acompanha o contexto histórico, que inclui o surgimento e a retirada de 
aulas ligadas à Ditadura Militar (1964-1985), a adoção de um modelo educacional voltado à preparação para o 
mercado profissional durante o boom econômico dos anos 1970 e a chegada de novas camadas sociais aos 
bancos escolares, com a universalização do ensino que começou na década seguinte.
http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/para+exalunos+escola+publica+preservouse+ate+no+que+nao+devia/n1597043316559.html
http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/para+exalunos+escola+mantem+tradicao+mas+inova+com+tecnologia/n1597049062463.html
http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/para+exalunos+escola+mantem+tradicao+mas+inova+com+tecnologia/n1597049062463.html
Ex-alunos voltam às suas escolas e contam ao iG o que mudou
 Três gerações de estudantes de uma escola pública e de uma privada revelam semelhanças e diferenças na 
maneira de aprender
 
Cont.
Na época do engenheiro Carlos, a escola pública que ensinava francês e inglês era disputada a ponto de ele 
se lembrar da ansiedade ao visitar a recepção com a mãe dia após dia, até que sua vaga aparecesse. “Ficava 
pendurado neste balcão, torcendo”, conta ele. Hoje, há salas vazias e o endereço dos alunos – quase todos 
vindos de outros bairros – mostra que dá para escolher a instituição pública onde estudar, embora muitas famílias 
que podem optar entre o ensino do Estado e privado ficam com as escolas pagas. 
“A minha educação era muita ´decoração´. Matéria, matéria, matéria, aprende, decora, prova. Ponto e 
acabou”
O empresário Roberto Kablin, que frequentou o colégio Dante entre 1961 e 1973, lembra que o governo militar 
não era questionado nas salas de aula. “A escola não falava sobre isso. Pra mim, a Ditadura só passou a existir na 
faculdade”, conta, ao afirmar que o ensino, diferentemente de hoje em dia, não estimulava o aluno a entender o 
porquê das coisas, a pensar e a tomar decisões. “A minha educação era muita ´decoração´. Matéria, matéria, 
matéria, aprende, decora, prova. Ponto e acabou”, conta.
Já para a chef Silvia Percussi, a grande diferença não está tão relacionada ao ensino, mas sim a falta de 
integração entre meninos e meninas no Dante. “A gente ficava de bobes na sala e soltava na hora do recreio, 
quando veria os meninos”, lembra.
Questões:
Conceito de Gramática
Sistema de relações próprios de uma língua.Gramática Natural
Livro em que se expõe sistematicamente as 
regras que presidem o uso normativo culto 
da língua.
Gramática 
Normativa
Estudo dos elementos e dos processos de 
formação e de expressão que caracteriza um 
sistema.
Gramática Descritiva
Teoria Linguística
Teoria Gramatical
A Gramática é o próprio mecanismo da língua que está em 
nossa mente e nos permite usar a língua tanto para dizer o que 
queremos como para compreender o que os outros dizem.
Gramatical e Agramatical
Observe a tirinha:
Comente sobre a relação entre a fala, o cenário, os interlocutores e suas 
expressões faciais como elementos fundamentais para a construção de 
sentido do texto.
Gramatical e Agramatical
As mesa é amarela. 
Tu vai ao jogo amanhã?
Entrei e saí do metrô pelo lado errado.
Fazem três meses que ela partiu.
Considera-se as diferentes fases dos exames. 
Amarelas as são mesas.
As diferentes exames fases consideram-se dos.
Partiu que ela meses três faz.
ATIVIDADES PROPOSTAS - Questão 1
No primeiro e terceiro quadrinhos, as expressões licencinha, tô 
passando e lascou exemplificam o emprego de
a) uma modalidade agramatical.
b) uma variante considerada padrão.
c) uma linguagem vulgar e ofensiva.
d) um discurso neutro e formal.
e) um registro coloquial e informal.
ATIVIDADES PROPOSTAS - Questão 2
Entre ideia e tecnologia
 
O grande conceito por trás do Museu da Língua é apresentar o idioma como algo vivo e 
fundamental para o entendimentodo que é ser brasileiro. Se nada nos define com clareza, a forma 
como falamos o português nas mais diversas situações cotidianas é talvez a melhor expressão da 
brasilidade.
SCARDOVELI, E. Revista Língua Portuguesa, São Paulo: Segmento, Ano II, n o 6, 2006.
O texto propõe uma reflexão acerca da língua portuguesa, ressaltando para o leitor a
a) inauguração do museu e o grande investimento em cultura no país.
b) importância da língua para a construção da identidade nacional.
c) afetividade tão comum ao brasileiro, retratada através da língua.
d) relação entre o idioma e as políticas públicas na área de cultura.
e) diversidade étnica e linguística existente no território nacional.
ATIVIDADES PROPOSTAS - Questão 3
O léxico e a cultura
Potencialmente, todas as línguas de todos os tempos podem candidatar-se a expressar qualquer 
conteúdo. A pesquisa linguística do século XX demonstrou que não há diferença qualitativa entre os idiomas do 
mundo — ou seja, não há idiomas gramaticalmente mais primitivos ou mais desenvolvidos.
Entretanto, para que possa ser efetivamente utilizada, essa igualdade potencial precisa realizar-se na 
prática histórica do idioma, o que nem sempre acontece.
Teoricamente, uma língua com pouca tradição escrita (como as línguas indígenas brasileiras) ou uma 
língua já extinta (como o latim ou o grego clássico) podem ser empregadas para falar sobre qualquer assunto, 
como, digamos, física quântica ou biologia molecular.
Na prática, contudo, não é possível, de uma hora para outra, expressar tais conteúdos em camaiurá ou 
latim, simplesmente porque não haveria vocabulário próprio para esses conteúdos. É perfeitamente possível 
desenvolver esse vocabulário específico, seja por meio de empréstimos de outras línguas, seja por meio da 
criação de novos termos na língua em questão, mas tal tarefa não se realizaria em pouco tempo nem com 
pouco esforço.
BEARZOTI FILHO, P. Miniaurélio: o dicionário da língua portuguesa. Manual do professor. Curitiba: Positivo, 2004 (fragmento).
 
Estudos contemporâneos mostram que cada língua possui sua própria complexidade e dinâmica 
de funcionamento. O texto ressalta essa dinâmica, na medida em que enfatiza
a) a inexistência de conteúdo comum a todas as línguas, pois o léxico contempla visão de 
mundo particular específica de uma cultura.
b) a existência de línguas limitadas por não permitirem ao falante nativo se comunicar 
perfeitamente a respeito de qualquer conteúdo.
c) a tendência a serem mais restritos o vocabulário e a gramática de línguas indígenas, se 
comparados com outras línguas de origem europeia.
d) a existência de diferenças vocabulares entre os idiomas, especificidades relacionadas à 
própria cultura dos falantes de uma comunidade.
e) a atribuição de maior importância sociocultural às línguas contemporâneas, pois permitem 
que sejam abordadas quaisquer temáticas, sem dificuldades.
ATIVIDADES PROPOSTAS - Questão 4
A substituição do haver por ter em construções existenciais, no português do Brasil, corresponde a 
um dos processos mais característicos da história da língua portuguesa, paralelo ao que já ocorrera em 
relação à ampliação do domínio de ter na área semântica de posse, no final da fase arcaica. Mattos e 
Silva (2001:136) analisam as vitórias de ter sobre haver e discute a emergência de ter existencial, 
tomando por base a obra pedagógica de João de Barros. Em textos escritos nos anos quarenta e 
cinquenta do século XVI, encontram-se evidências, embora raras, tanto de ter “existencial”, não 
mencionado pelos clássicos estudos de sintaxe histórica, quanto de haver como verbo existencial com 
concordância, lembrado por Ivo Castro, e anotado como “novidade” no século XVIII por Said Ali.
Como se vê, nada é categórico e um purismo estreito só revela um conhecimento deficiente da 
língua. Há mais perguntas que respostas. Pode-se conceber uma norma única e prescritiva? É válido 
confundir o bom uso e a norma com a própria língua e dessa forma fazer uma avaliação crítica e 
hierarquizante de outros usos e, através deles, dos usuários? Substitui-se uma norma por outra?
CALLOU, D. A propósito de norma, correção e preconceito linguístico: do presente para o passado. In: Cadernos de Letras da UFF, n. 36, 2008.
 
Para a autora, a substituição de “haver” por “ter” em diferentes contextos evidencia que
a) o estabelecimento de uma norma prescinde de uma pesquisa histórica.
b) os estudos clássicos de sintaxe histórica enfatizam a variação e a mudança na língua.
c) a avaliação crítica e hierarquizante dos usos da língua fundamenta a definição da norma.
d) a adoção de uma única norma revela uma atitude adequada para os estudos linguísticos.
e) os comportamentos puristas são prejudiciais à compreensão da constituição linguística.
ATIVIDADES PROPOSTAS - Questão 5
Há certos usos consagrados na fala, e até mesmo na escrita, que, a depender do estrato 
social e do nível de escolaridade do falante, são, sem dúvida, previsíveis. Ocorrem até mesmo em 
falantes que dominam a variedade padrão, pois, na verdade, revelam tendências existentes na 
língua em seu processo de mudança que não podem ser bloqueadas em nome de um “ideal 
linguístico” que estaria representado pelas regras da gramática normativa. Usos como ter por 
haver em construções existenciais (tem muitos livros na estante), o do pronome objeto na 
posição de sujeito (para mim fazer o trabalho), a não-concordância das passivas com se 
(aluga-se casas) são indícios da existência, não de uma norma única, mas de uma pluralidade de 
normas, entendida, mais uma vez, norma como conjunto de hábitos linguísticos, sem implicar juízo 
de valor. 
CALLOU, D. Gramática, variação e normas. In VIEIRA, S. R.; BRANDÃO, S. (orgs). Ensino de gramática: descrição e uso. São Paulo: 
Contexto, 2007 (fragmento). 
Considerando a reflexão trazida no texto a respeito da multiplicidade do discurso, verifica-se que:
a) estudantes que não conhecem as diferenças entre língua escrita e língua falada empregam, 
indistintamente, usos aceitos na conversa com amigos quando vão elaborar um texto escrito.
b) falantes que dominam a variedade padrão do português do Brasil demonstram usos que confirmam a 
diferença entre a norma idealizada e a efetivamente praticada, mesmo por falantes mais escolarizados.
c) moradores de diversas regiões do país enfrentam dificuldades ao se expressarem na escrita revelam a 
constante modificação das regras de empregos de pronomes e os casos especiais de concordância.
d) pessoas que se julgam no direito de contrariar a gramática ensinada na escola gostam de apresentar 
usos não aceitos socialmente para esconderem seu desconhecimento da norma padrão.
e) usuários que desvendam os mistérios e sutilezas da língua portuguesa empregam forma do verbo ter 
quando, na verdade, deveriam usar formas do verbo haver, contrariando as regras gramaticais.
ATIVIDADES PROPOSTAS - Questão 6
Entrevista com Marcos Bagno
 
Pode parecer inacreditável, mas muitas das prescrições da pedagogia tradicional da língua até hoje se baseiam nos usos 
que os escritores portugueses do século XIX faziam da língua. Se tantas pessoas condenam, por exemplo, o uso do verbo ter no 
lugar de haver, como em “hoje tem feijoada”, é simplesmente porque os portugueses, em dado momento da história de sua 
língua, deixaram de fazer esse uso existencial do verbo ter.
No entanto, temos registros escritos da época medieval em que aparecem centenas desses usos. Se nós, brasileiros, 
assim como os falantes africanos de português, usamos até hoje o verbo “ter” como existencial é porque recebemos esses 
usos de nossos ex-colonizadores. Não faz sentido imaginar que brasileiros, angolanos e moçambicanos decidiram se juntar para 
“errar” na mesma coisa. E assim acontece com muitas outras coisas: regências verbais, colocação pronominal, concordâncias 
nominais e verbais etc. Temos uma língua própria, mas ainda somos obrigadosa seguir uma gramática normativa de outra 
língua diferente. Às vésperas de comemorarmos nosso bicentenário de independência, não faz sentido continuar rejeitando o 
que é nosso para só aceitar o que vem de fora.
Não faz sentido rejeitar a língua de 190 milhões de brasileiros para só considerar certo o que é usado por menos de dez 
milhões de portugueses. Só na cidade de São Paulo temos mais falantes de português que em toda a Europa!
Informativo Parábola Editorial, s/d.
Na entrevista, o autor defende o uso de formas linguísticas coloquiais e faz uso da norma padrão em toda a 
extensão do texto. Isso pode ser explicado pelo fato de que ele
a) adapta o nível de linguagem à situação comunicativa, uma vez que o gênero entrevista requer o uso 
da norma padrão.
b) apresenta argumentos carentes de comprovação científica e, por isso, defende um ponto de vista 
difícil de ser verificado na materialidade do texto.
c) propõe que o padrão normativo deve ser usado por falantes escolarizados como ele, enquanto a 
norma coloquial deve ser usada por falantes não escolarizados.
d) acredita que a língua genuinamente brasileira está em construção, o que o obriga a incorporar em 
seu cotidiano a gramática normativa do português europeu.
e) defende que a quantidade de falantes do português brasileiro ainda é insuficiente para acabar com a 
hegemonia do antigo colonizador.
ATIVIDADES PROPOSTAS - Questões 7,8 e 9
Sou feliz pelos amigos que tenho. Um deles muito sofre pelo meu descuido com o vernáculo. Por alguns anos 
ele sistematicamente me enviava missivas eruditas com precisas informações sobre as regras da gramática, que eu 
não respeitava, e sobre a grafia correta dos vocábulos, que eu ignorava. Fi-lo sofrer pelo uso errado que fiz de uma 
palavra no último “Quarto de Badulaques”. Acontece que eu, acostumado a conversar com a gente das Minas Gerais, 
falei em varreção do verbo varrer.
De fato, tratava-se de um equívoco que, num vestibular, poderia me valer uma reprovação. Pois o meu amigo, 
paladino da língua portuguesa, se deu ao trabalho de fazer um xerox da página 827 do dicionário [...]. O certo é 
varrição e não varreção. Mas estou com medo de que os mineiros da roça façam troça de mim porque nunca os vi 
falar de varrição. E se eles rirem de mim não vai me adiantar mostrar-lhes o xerox da página do dicionário [...]
Porque para eles não é o dicionário que faz a língua. É o povo. E o povo, lá nas montanhas de Minas Gerais, fala 
varreção quando não barreção. O que me deixa triste sobre esse amigo oculto é que nunca tenha dito nada sobre o 
que eu escrevo, se é bonito ou se é feio. Toma a minha sopa, não diz nada sobre ela, mas reclama sempre que o 
prato está rachado.
ALVES, R. Mais badulaques. São Paulo: Parábola, 2004 (fragmento).
ATIVIDADES PROPOSTAS - Questão 7
Ao manifestar-se quanto ao que seja "correto" ou "incorreto" no uso da língua portuguesa, 
o autor revela sua preocupação em
a) atender ao padrão culto, em fi-lo, e ao registro informal, em varrição.
b) corrigir formas condenáveis, como no caso de barreção, em vez de varreção.
c) valer-se o tempo todo de um registro informal, de que é exemplo a expressão "missivas 
eruditas".
d) ponderar sobre a validade de diferentes usos da língua, em diferentes contextos.
e) negar que costume cometer deslizes quanto à grafia dos vocábulos.
ATIVIDADES PROPOSTAS - Questão 8
O amigo é chamado de “paladino da língua portuguesa” porque
a) costuma escrever cartas em que aponta incorreções gramaticais do autor.
b) sofre com os constantes descuidos dos leitores de “Quarto de Badulaques”.
c) julga igualmente válidas todas as variedades da língua portuguesa.
d) comenta criteriosamente os conteúdos dos textos que o autor publica.
e) é tolerante com os equívocos que poderiam causar reprovação no vestibular.
ATIVIDADES PROPOSTAS - Questão 9
“Toma a minha sopa, não diz nada sobre ela, mas reclama sempre que o prato está rachado.”
Considerada no contexto, essa frase indica, em sentido figurado, que, para o autor,
a) a forma e o conteúdo são indissociáveis em qualquer mensagem.
b) a forma é um acessório do conteúdo, que é o essencial.
c) o conteúdo prescinde de qualquer forma para se apresentar.
d) a forma perfeita é condição indispensável para o sentido exato do conteúdo.
e) o conteúdo é impreciso, se a forma apresenta alguma imperfeição.
ATIVIDADES PROPOSTAS - Questão 9
A língua tupi no Brasil
[...]
Há 300 anos, morar na vila de São Paulo de Piratininga (peixe seco, em tupi) era quase sinônimo de falar língua de índio. Em 
cada cinco habitantes da cidade, só dois conheciam o português. Por isso, em 1698, o governador da província, Artur de Sá e Meneses, 
implorou a Portugal que só mandasse padres que soubessem “a língua geral dos índios”, pois “aquela gente não se explica em outro 
idioma”.
Derivado do dialeto de São Vicente, o tupi de São Paulo se desenvolveu e se espalhou no século XVII, graças ao isolamento 
geográfico da cidade e à atividade pouco cristã dos mamelucos paulistas: as bandeiras, expedições ao Sertão em busca de escravos 
índios. Muitos bandeirantes nem sequer falavam o português ou se expressavam mal. Domingos Jorge Velho, o paulista que destruiu o 
Quilombo dos Palmares em 1694, foi descrito pelo bispo de Pernambuco como “um bárbaro que nem falar sabe”. Em suas andanças, 
essa gente batizou lugares como Avanhandava (lugar onde o índio corre), Pindamonhangaba (lugar de fazer anzol) e Itu (cachoeira). E 
acabou inventando uma nova língua. “
“Os escravos dos bandeirantes vinham de mais de 100 tribos diferentes”, conta o historiador e antropólogo John Monteiro, da 
Universidade Estadual de Campinas. “Isso mudou o tupi paulista, que, além da influência do português, ainda recebia palavras de 
outros idiomas.” O resultado da mistura ficou conhecido como língua geral do sul, uma espécie de tupi facilitado.
[...]
ÂNGELO, C. Disponível em: <http://super.abril.com.br>. Acesso em: 8 ago. 2012. (Adaptado).
O texto trata de aspectos sócio-históricos da formação linguística nacional. Quanto ao papel do tupi 
na formação do português brasileiro, depreende-se que essa língua indígena
a) contribuiu efetivamente para o léxico, com nomes relativos aos traços característicos dos 
lugares designados.
b) originou o português falado em São Paulo no século XVII, em cuja base gramatical também 
está a fala de variadas etnias indígenas.
c) desenvolveu-se sob influência dos trabalhos de catequese dos padres portugueses, vindos de 
Lisboa.
d) misturou-se aos falares africanos, em razão das interações entre portugueses e negros nas 
investidas contra o Quilombo dos Palmares.
e) expandiu-se paralelamente ao português falado pelo colonizador, e juntos originaram a língua 
dos bandeirantes paulistas.
Bom dia!

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