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Universidade do Sul de Santa Catarina Noções de Direito Constitucional, Penal e Administrativo Disciplina na modalidade a distância Palhoça UnisulVirtual 2010 Créditos Universidade do Sul de Santa Catarina – Campus UnisulVirtual – Educação Superior a Distância Reitor Unisul Ailton Nazareno Soares Vice-Reitor Sebastião Salésio Heerdt Chefe de Gabinete da Reitoria Willian Máximo Pró-Reitora Acadêmica Miriam de Fátima Bora Rosa Pró-Reitor de Administração Fabian Martins de Castro Pró-Reitor de Ensino Mauri Luiz Heerdt Campus Universitário de Tubarão Diretora Milene Pacheco Kindermann Campus Universitário da Grande Florianópolis Diretor Hércules Nunes de Araújo Campus Universitário UnisulVirtual Diretora Jucimara Roesler Equipe UnisulVirtual Diretora Adjunta Patrícia Alberton Secretaria Executiva e Cerimonial Jackson Schuelter Wiggers (Coord.) Bruno Lucion Roso Marcelo Fraiberg Machado Tenille Catarina Assessoria de Assuntos Internacionais Murilo Matos Mendonça Assessoria DAD - Disciplinas a Distância Enzo de Oliveira Moreira (Coord.) Carlos Alberto Areias Franciele Arruda Rampelotti Luiz Fernando Meneghel Assessoria de Inovação e Qualidade da EaD Dênia Falcão de Bittencourt (Coord.) Rafael Bavaresco Bongiolo Assessoria de Relação com Poder Público e Forças Armadas Adenir Siqueira Viana Assessoria de Tecnologia Osmar de Oliveira Braz Júnior (Coord.) Felipe Jacson de Freitas Jefferson Amorin Oliveira José Olímpio Schmidt Marcelo Neri da Silva Phelipe Luiz Winter da Silva Priscila da Silva Rodrigo Battistotti Pimpão Coordenação dos Cursos Auxiliares das coordenações Fabiana Lange Patricio Maria de Fátima Martins Tânia Regina Goularte Waltemann Coordenadores Graduação Adriana Santos Rammê Adriano Sérgio da Cunha Aloísio José Rodrigues Ana Luisa Mülbert Ana Paula R. Pacheco Bernardino José da Silva Carmen Maria C. Pandini Catia Melissa S. Rodrigues Charles Cesconetto Diva Marília Flemming Eduardo Aquino Hübler Eliza B. D. Locks Fabiano Ceretta Horácio Dutra Mello Itamar Pedro Bevilaqua Jairo Afonso Henkes Janaína Baeta Neves Jardel Mendes Vieira Joel Irineu Lohn Jorge Alexandre N. Cardoso José Carlos N. Oliveira José Gabriel da Silva José Humberto D. Toledo Joseane Borges de Miranda Luciana Manfroi Marciel Evangelista Catâneo Maria Cristina Veit Maria da Graça Poyer Mauro Faccioni Filho Moacir Fogaça Myriam Riguetto Nélio Herzmann Onei Tadeu Dutra Raulino Jacó Brüning Rogério Santos da Costa Rosa Beatriz M. Pinheiro Tatiana Lee Marques Thiago Coelho Soares Valnei Campos Denardin Roberto Iunskovski Rose Clér Beche Rodrigo Nunes Lunardelli Coordenadores Pós-Graduação Aloisio Rodrigues Anelise Leal Vieira Cubas Bernardino José da Silva Carmen Maria Cipriani Pandini Daniela Ernani Monteiro Will Giovani de Paula Karla Leonora Nunes Luiz Otávio Botelho Lento Thiago Coelho Soares Vera Regina N. Schuhmacher Gerência Administração Acadêmica Márcia Luz de Oliveira (Gerente) Fernanda Farias Financeiro Acadêmico Marlene Schauffer Rafael Back Vilmar Isaurino Vidal Gestão Documental Lamuniê Souza (Coord.) Clair Maria Cardoso Janaina Stuart da Costa Josiane Leal Marília Locks Fernandes Ricardo Mello Platt Secretaria de Ensino a Distância Karine Augusta Zanoni (Secretária de Ensino) Giane dos Passos (Secretária Acadêmica) Alessandro Alves da Silva Andréa Luci Mandira Cristina Mara Shauffert Djeime Sammer Bortolotti Douglas Silveira Fabiano Silva Michels Felipe Wronski Henrique Janaina Conceição Jean Martins Luana Borges da Silva Luana Tarsila Hellmann Maria José Rossetti Miguel Rodrigues da Silveira Junior Monique Tayse da Silva Patricia A. Pereira de Carvalho Patricia Nunes Martins Paulo Lisboa Cordeiro Rafaela Fusieger Rosângela Mara Siegel Silvana Henrique Silva Vanilda Liordina Heerdt Gerência Administrativa e Financeira Renato André Luz (Gerente) Naiara Jeremias da Rocha Valmir Venício Inácio Gerência de Ensino, Pesquisa e Extensão Moacir Heerdt (Gerente) Aracelli Araldi Hackbarth Elaboração de Projeto e Reconhecimento de Curso Diane Dal Mago Vanderlei Brasil Extensão Maria Cristina Veit (Coord.) Pesquisa Daniela Will (Coord. PUIP, PUIC, PIBIC) Mauro Faccioni (Coord. Nuvem) Pós-Graduação Clarissa Carneiro Mussi (Coord.) Biblioteca Soraya Arruda (Coord.) Paula Sanhudo da Silva Renan Felipe Cascaes Rodrigo Martins da Silva Capacitação e Assessoria ao Docente Angelita Marçal Flores (Coord.) Adriana Silveira Alexandre Wagner da Rocha Cláudia Behr Valente Elaine Cristiane Surian Juliana Cardoso Esmeraldino Patrícia da Silva Meneghel Simone Perroni da Silva Zigunovas Monitoria e Suporte Rafael da Cunha Lara (Coord.) Anderson da Silveira Angélica Cristina Gollo Bruno Augusto Zunino Claudia Noemi Nascimento Débora Cristina Silveira Ednéia Araujo Alberto Francine Cardoso da Silva Karla F. Wisniewski Desengrini Maria Eugênia Ferreira Celeghin Maria Lina Moratelli Prado Mayara de Oliveira Bastos Patrícia de Souza Amorim Poliana Morgana Simão Priscila Machado Gerência de Desenho e Desenvolvimento de Materiais Didáticos Márcia Loch (Gerente) Acessibilidade Vanessa de Andrade Manoel (Coord.) Bruna de Souza Rachadel Letícia Regiane Da Silva Tobal Desenho Educacional Carmen Maria Cipriani Pandini (Coord. Pós) Carolina Hoeller da S. Boeing (Coord. Ext/DAD) Silvana Souza da Cruz (Coord. Grad.) Ana Cláudia Taú Cristina Klipp de Oliveira Eloisa Machado Seemann Flávia Lumi Matuzawa Gabriella Araújo Souza Esteves Giovanny Noceti Viana Jaqueline Cardozo Polla Lis Airê Fogolari Lygia Pereira Luiz Henrique Milani Queriquelli Marina Cabeda Egger Moellwald Marina Melhado Gomes da Silva Melina de la Barrera Ayres Michele Antunes Correa Nágila Cristina Hinckel Roberta de Fátima Martins Sabrina Paula Soares Scaranto Viviane Bastos Gerência de Logística Jeferson Cassiano A. da Costa (Gerente) Andrei Rodrigues Logística de Encontros Presenciais Graciele Marinês Lindenmayr (Coord.) Ana Paula de Andrade Cristilaine Santana Medeiros Daiana Cristina Bortolotti Edesio Medeiros Martins Filho Fabiana Pereira Fernando Oliveira Santos Fernando Steimbach Marcelo Jair Ramos Logística de Materiais Carlos Eduardo D. da Silva (Coord.) Abraão do Nascimento Germano Fylippy Margino dos Santos Guilherme Lentz Pablo Farela da Silveira Rubens Amorim Gerência de Marketing Fabiano Ceretta (Gerente) Alex Fabiano Wehrle Sheyla Fabiana Batista Guerrer Victor Henrique M. Ferreira (África) Relacionamento com o Mercado Eliza Bianchini Dallanhol Locks Walter Félix Cardoso Júnior Gerência de Produção Arthur Emmanuel F. Silveira (Gerente) Francini Ferreira Dias Design Visual Pedro Paulo Alves Teixeira (Coord.) Adriana Ferreira dos Santos Alex Sandro Xavier Alice Demaria Silva Anne Cristyne Pereira Diogo Rafael da Silva Edison Rodrigo Valim Frederico Trilha Higor Ghisi Luciano Jordana Paula Schulka Nelson Rosa Patrícia Fragnani de Morais Multimídia Sérgio Giron (Coord.) Cristiano Neri Gonçalves Ribeiro Dandara Lemos Reynaldo Fernando Gustav Soares Lima Sérgio Freitas Flores Portal Rafael Pessi (Coord.) Luiz Felipe Buchmann Figueiredo Comunicação Marcelo Barcelos Andreia Drewes Carla Fabiana Feltrin Raimundo Produção Industrial Francisco Asp (Coord.) Ana Paula Pereira Marcelo Bittencourt Gerência Serviço de Atenção Integral ao Acadêmico James Marcel Silva Ribeiro (Gerente) Atendimento Maria Isabel Aragon (Coord.) Andiara Clara Ferreira André Luiz Portes Bruno Ataide Martins Holdrin Milet Brandao Jenniffer Camargo Maurício dos Santos Augusto Maycon de Sousa Candido Sabrina Mari Kawano Gonçalves Vanessa Trindade Orivaldo Carli da Silva Junior Estágio Jonatas Collaço de Souza (Coord.) Juliana Cardoso da Silva Micheli Maria Lino de Medeiros Priscilla Geovana Pagani Prouni Tatiane Crestani Trentin (Coord.) Gisele Terezinha Cardoso Ferreira Scheila Cristina Martins Taize Muller Avenida dos Lagos, 41 – Cidade Universitária Pedra Branca | Palhoça – SC | 88137-900 | Fone/fax: (48) 3279-1242 e 3279-1271 | E-mail: cursovirtual@unisul.br| Site: www.unisul.br/unisulvirtual Paulo Calgaro de Carvalho Noções de Direito Constitucional, Penal e Administrativo Livro didático 4ª edição revista e atualizada Design instrucional Carmen Maria Cipriani Pandini Palhoça UnisulVirtual 2010 Edição – Livro Didático Professor Conteudista Paulo Calgaro de Carvalho Design Instrucional Carmen Maria Cipriani Pandini Assistente Acadêmico Pâmella Rocha Flores da Silva (4ª edição revista e atualizada) Projeto Gráfico e Capa Equipe UnisulVirtual Diagramação Pedro Teixeira Jordana Paula Schulka (4ª edição revista e atualizada) Revisão Simone Rejane Martins Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul Copyright © UnisulVirtual 2010 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. 341 C32 Carvalho, Paulo Calgaro de Noções de direito constitucional, penal e administrativo : livro didático / Paulo Calgaro de Carvalho ; design instrucional Carmen Maria Cipriani Pandini ; [assistente acadêmico Pâmella Rocha Flores da Silva. – 4. ed. rev. e atual. – Palhoça : UnisulVirtual, 2010. 173 p. : il. ; 28 cm. Inclui bibliografia. 1. Direito. 2. Direito constitucional. 3. Direito penal. 4. Direito administrativo. I. Pandini, Carmen Maria Cipriani. II. Silva, Pâmella Rocha Flores da. III. Título. Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7 Palavras do professor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9 Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 UNIDADE 1 – Noções de Direito Constitucional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 UNIDADE 2 – Noções de Direito Penal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 UNIDADE 3 – Noções de Direito Administrativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121 Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163 Sobre o professor conteudista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167 Respostas e comentários das atividades de autoavaliação . . . . . . . . . . . . . 169 Biblioteca Virtual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173 Sumário 7 Apresentação Este livro didático corresponde à disciplina Noções de Direito Constitucional, Penal e Administrativo. O material foi elaborado, visando a uma aprendizagem autônoma. Neste sentido aborda conteúdos especialmente selecionados e adota uma linguagem que facilite seu estudo a distância. Por falar em distância, isto não significa que você estará sozinho(a). Não esqueça que sua caminhada nesta disciplina também será acompanhada constantemente pelo Sistema Tutorial da UnisulVirtual. Entre em contato sempre que sentir necessidade. Nossa equipe terá o maior prazer em atendê-lo(a), pois sua aprendizagem é nosso principal objetivo. Bom estudo e sucesso! Equipe UnisulVirtual Palavras do professor Caro(a) aluno(a), na disciplina Noções de Direito Constitucional, Penal e Administrativo você encontrará algumas informações sobre o ordenamento jurídico brasileiro relacionadas à segurança pública no Brasil. Inicialmente, alguns conceitos serão necessários para compreender o Direito Constitucional, base dos demais direitos (Penal e Administrativo) que compõem um complexo sistema jurídico, do qual se ditam as regras de convivência social. Assim, você irá estudar no Direito Constitucional os direitos e garantias fundamentais, essenciais no Estado Democrático de Direito, pois são tais direitos e garantias constitucionais que orientam o legislador (aqueles que fazem as leis) na realização de normas condizentes com uma sociedade justa e solidária, além de assegurar a dignidade da pessoa e garantir a segurança pública. Em seguida, você terá oportunidade de estudar os principais crimes e as contravenções penais existentes na sociedade e que desafiam a segurança pública no Brasil. Para tanto, a Unidade 2 será dedicada a noções de Direito Penal, cujas principais regras são de imposição por meio de sanções (penas) àqueles que não preservam a segurança pública e nem observam as leis existentes. A segurança pública é um assunto recorrente nos dias de hoje e o direito de alguns não pode prejudicar o direito de outros, servindo as leis para limitar as condutas das pessoas e possibilitar a vida em comum. O Direito Constitucional e o Direito Penal são importantes para tal convivência harmônica, tendo a administração pública como a responsável pela aplicação das leis e as medidas necessárias a tornar realidade o conjunto de normas, denominado de ordenamento jurídico. 10 Por fim, para entender administração pública, no Direito Administrativo você irá deparar-se com os conceitos e a estrutura existente para tornar realidade a segurança pública. Conhecer um pouco mais detalhadamente a configuração desse assunto é fundamental para o estudante deste curso. Você terá ainda a oportunidade de expor suas ideias, realizar pesquisas, socializar e interagir com seus colegas e participar desta importante caminhada. Então, caro(a) aluno(a), ingresse em mais uma etapa com entusiasmo na busca de novos horizontes do conhecimento. Bom estudo! Plano de estudo O plano de estudos visa a orientá-lo(a) no desenvolvimento da disciplina. Possui elementos que o(a) ajudarão a conhecer o contexto da disciplina e a organizar o seu tempo de estudos. O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva em conta instrumentos que se articulam e se complementam, portanto a construção de competências se dá sobre a articulação de metodologias e por meio das diversas formas de ação/mediação. São elementos desse processo: � o livro didático; � o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA); � as atividades de avaliação (a distância, presenciais e de autoavaliação); � o Sistema Tutorial. Ementa Princípios constitucionais relacionados às atividades da segurança pública. Direitos e garantias fundamentais. Direito penal e inter-relações com a criminologia e política criminal. Poderes administrativos. Atos administrativos inerentes à segurança pública e princípios informadores. 12 Objetivos Geral: Identificar os principais conceitos e definições do ordenamento jurídico brasileiro, constantes na Constituição Federal, Código Penal, na administração pública, relacionados à segurança pública no Brasil. Específicos: Proporcionar o aprendizado do conteúdo proposto, evoluindo gradativamente, ao longo do curso, de forma que o aluno adquira uma base de conceitos jurídicos, a fim de aplicá-los na vida prática. Capacitá-lo a interpretar algumas normas especialmente previstas na Constituição Federal e Código Penal, além de outras leis relacionadas à administração pública, induzindo a reflexão sobre a segurança pública no Brasil. Carga Horária A carga horária total da disciplina é de 60 horas-aula. Conteúdo programático/objetivos Veja, a seguir, as unidades que compõem o livro didático desta disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos resultados que você deverá alcançar ao final de uma etapa de estudo. Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de conhecimentos que você deverá possuir para o desenvolvimento de habilidades e competências necessárias à sua formação. Unidades de estudo: 3 13 Unidade 1 - Noções de Direito Constitucional A Unidade 1 tem por finalidade abordar a organização do Estado, dos poderes e as constituições brasileiras e discutir os principais direitos fundamentais, previstosna Constituição Federal de 1988 e suas cláusulas pétreas. Aborda também o controle da constitucionalidade e o processo legislativo com o intuito de dar a conhecer um pouco de como funciona o legislativo. Unidade 2 - Noções de Direito Penal A unidade 2 aborda definições de infração penal e crime levando em consideração as atribuições das polícias estaduais e os crimes previstos no Código Penal que mais ocorrem no dia-a-dia. Unidade 3 - Noções de Direito Administrativo A Unidade 3 tem por finalidade analisar os princípios e as normas que se destinam a ordenar a estrutura, o pessoal (órgãos e agentes), os atos e as atividades da administração pública, entendendo essa como o conjunto de órgãos instituídos para a consecução dos objetivos do Governo, quais sejam o bem comum da coletividade. 14 Universidade do Sul de Santa Catarina Agenda de atividades/ Cronograma � Verifique com atenção o EVA, organize-se para acessar periodicamente a sala da disciplina. O sucesso nos seus estudos depende da priorização do tempo para a leitura, da realização de análises e sínteses do conteúdo e da interação com os seus colegas e professor. � Não perca os prazos das atividades. Registre no espaço a seguir as datas, com base no cronograma da disciplina disponibilizado no EVA. � Use o quadro para agendar e programar as atividades relativas ao desenvolvimento da disciplina. Atividades obrigatórias Demais atividades (registro pessoal) UNIDADE 1 Noções de Direito Constitucional Objetivos de aprendizagem � Conhecer a organização do Estado, dos poderes e as constituições brasileiras. � Identificar os principais direitos fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988 e suas cláusulas pétreas. � Conhecer o controle da constitucionalidade e o processo legislativo nacional. Seções de estudo Seção 1 Contextualizando o tema Seção 2 As constituições brasileiras Seção 3 As constituições e suas classificações Seção 4 O poder constituinte Seção 5 O processo legislativo Seção 6 As cláusulas pétreas Seção 7 O controle da constitucionalidade Seção 8 Os direitos e os deveres individuais Seção 9 As garantias constitucionais Seção 10 Os direitos sociais ou coletivos Seção 11 Da nacionalidade Seção 12 Os direitos políticos 1 16 Universidade do Sul de Santa Catarina Para início de estudo Esta Unidade trata de noções de Direito Constitucional. Tem como objetivo abrir as portas do conhecimento jurídico, com a compreensão da principal norma do Estado, que é a Constituição Federal, conhecida como a lei das leis, ou Carta Magna. A partir dos preceitos constitucionais, são moldadas as normas jurídicas de uma sociedade, isto é, as leis somente têm validade quando estão em conformidade com a Constituição Federal. Contextualizando o tema, você encontrará os conceitos principais e necessários para compreensão da unidade, seguindo pelo processo legislativo, controle da constitucionalidade e, finalmente, os direitos individuais, coletivos e políticos. Ainda: você confirmará que compreender o poder constituinte e processo legislativo é imprescindível para entender o controle da constitucionalidade das normas jurídicas. Desse modo, você perceberá que a Constituição Federal é a representação do contrato social, no qual cedemos parte de nossas liberdades para possibilitar a convivência na sociedade com o outro, eis que ninguém conseguiria viver em comunidade na mais absoluta liberdade. Trata-se de uma breve caminhada no conhecimento dos direitos e deveres fundamentais da pessoa. Boa sorte e conheça a nossa Carta Magna. 17 Noções de Direito Constitucional, Penal e Administrativo Unidade 1 SEÇÃO 1 - Contextualizando o tema Comecemos pela Constituição do Estado. Podemos defini-la sob os mesmos princípios da Constituição do Brasil? O que você pensa? Qual a sua importância no conjunto de leis? Você conhece a Constituição do Brasil? Você já precisou utilizá-la para defender algum direito? Tema interessante, não é? Vamos estudá-lo, então? Bem, primeiramente, podemos dizer que a Constituição é um sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regula a forma de Estado, a forma de seu Governo, o modo de aquisição e o exercício do poder, estabelece os seus órgãos e os limites de sua ação. A Constituição compõe-se no nascimento de um país, por meio de alguns elementos importantes. Analise as figuras a seguir, pois é sobre elas que discutiremos algumas questões importantes. Figura 1.1 - Organização Constitucional. Fonte: Elaboração do autor. 18 Universidade do Sul de Santa Catarina População compreende o conjunto de pessoas que compõem o Estado. Território é a área onde o Estado exerce sua soberania. Ordenamento jurídico é o conjunto de leis e normas jurídicas de um Estado. Poder é a imposição de força que o Estado utiliza para alcançar o bem comum (FÜHRER, 2005. p. 14). Veja que as duas pirâmides representam a importância de uma Constituição Federal para nossas vidas, porque ela é a lei das leis, ou seja, é a concretização do contrato social que as pessoas fazem, em comum acordo, para possibilitar a convivência em sociedade. Ora, ninguém conseguiria viver em sociedade na mais absoluta liberdade. Você concorda, não é? A vida em comum obriga o respeito ao direito de outrem, sendo tal direito e obrigação fundamentados na Constituição Federal. Se não fosse assim, todos iriam querer descansar, só haveria domingos, não se precisaria trabalhar, o furto seria rotineiro, as mortes seriam comuns, etc. Enfim, um verdadeiro caos. Logo, para iniciarmos a presente caminhada de estudo do Direito Constitucional, alguns conceitos são necessários. Vamos conhecê-los? ESTADO Você sabe o que esse elemento significa na contextualização do tema? Estado é uma sociedade organizada política e juridicamente, destinada a alcançar o bem comum (é uma criação humana que possibilita o controle da sociedade). Dessa definição surgem os elementos constitutivos, quais sejam: a população, o território, o ordenamento jurídico, o poder e o bem comum. É interessante você perceber que a atual Constituição Federal de 1988 estabelece a organização desse Estado, conforme preceitua o seu artigo 1º: A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I – a soberania; II – a cidadania; III – a dignidade da pessoa humana; IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V – o pluralismo político. Parágrafo único – Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. 19 Noções de Direito Constitucional, Penal e Administrativo Unidade 1 Os Estados e os municípios detêm autonomia local. Pela Constituição Federal de 1988, vê-se que o Brasil é uma República e também uma Federação. O Brasil é uma República Federativa, formada pela ligação indissolúvel dos Estados, municípios, do Distrito Federal e da União (artigo 18 da Constituição Federal). A União detém a soberania nacional. República é a forma de governo do povo, presumivelmente para o povo, cujo chefe do Poder Executivo e os integrantes do Legislativo têm investidura temporária, por meio de eleições. Ao contrário da Monarquia, que é outra forma de governo, esta caracterizada pela vitaliciedade do rei, rainha, imperador ou príncipe no poder. Federação é a forma de Estado composto por Estados-Membros (a exemplo de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) submissos a uma Constituição Federal, que institui a União Federal. Unitário é outra forma de Estado, que é centralizado, não existindo Estados-Membros com autonomia político-administrativa. Essa forma de Estado foi adotada pela Constituição do Império de 1824. Analise, a seguir, o segundo elemento. NACIONALIDADE Nacionalidade é o vínculo que a pessoa tem com o seu país, que podeser de modo originário, quando ela nasce aí (ius soli – onde nasceu), como por exemplo: brasileiro nato é quem nasce no Brasil; ou, de modo adquirido, com a adoção de outra nacionalidade (ius sanguinis – origem de sangue), independente do local de nascimento, como por exemplo: o italiano com ou sem renúncia à nacionalidade originária. E o terceiro elemento da pirâmide, o que significa? 20 Universidade do Sul de Santa Catarina ORGANIZAÇÃO DOS PODERES A organização dos poderes vem definida no artigo 2º da Constituição Federal: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo (que faz as leis), o Executivo (executa as leis) e o Judiciário (fiscaliza o cumprimento das leis).” Além destes conceitos que envolvem o Estado, há conceitos voltados às pessoas que vivem nele, quais sejam: os direitos e as garantias. DIREITOS E GARANTIAS Este é um elemento importante no conjunto da estrutura da pirâmide. Vamos analisá-lo conceitualmente. São os direitos e garantias fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988. Buscam assegurar às pessoas uma vida em paz e harmonia, ou seja, o bem comum. Os direitos e garantias são os seguintes: � direitos e deveres individuais e coletivos (tem por finalidade assegurar a vida, a liberdade, a igualdade, a segurança e a propriedade); � direitos sociais (são os deveres do Estado em promover o bem-estar social); � nacionalidade (o vínculo que a pessoa tem com suas origens); � direitos políticos (os direitos de participar da vida política do país). PROCESSO LEGISLATIVO É a previsão na Constituição Federal de como as leis são feitas. Todos obedecem às leis, porque elas representam a vontade do povo. É a Constituição Federal que regula o nascimento das leis e a forma de participação do povo na sua elaboração. Veja, a seguir, o controle de constitucionalidade. Por que você considera tratar-se de um elemento importante e necessário? 21 Noções de Direito Constitucional, Penal e Administrativo Unidade 1 CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE É interessante lembrar que a Constituição Federal deve ser observada e, por isso, há o controle da constitucionalidade, realizado, principalmente, pelo Poder Judiciário. Conseguiu visualizar os conceitos iniciais apresentados? Nesta caminhada, você terá a oportunidade de aprofundar esses elementos. Passaremos agora às constituições brasileiras. SEÇÃO 2 - As constituições brasileiras Não deve ser novidade para você que o Brasil teve, até hoje, as seguintes constituições federais: de 1824, de 1891, de 1934, de 1937, de 1946, de 1967 (emenda nº 1, de 1969) e de 1988. Mas consideramos importante abordar cada uma delas para dar uma visão geral da história das constituições. Você concorda? Melhor para compreender o contexto, não é? Então vamos lá. Comecemos com a Constituição de 1824. � A Constituição do Império do Brasil, de 25 de março de 1824, foi outorgada por D. Pedro I, sendo a primeira Constituição Brasileira. Nela estavam previstos quatro poderes, quais sejam: o Legislativo, o Executivo, o Judiciário e o Moderador, este exercido pelo imperador. As eleições eram indiretas, e havia previsão de poucos direitos fundamentais. � A Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, de 24 de fevereiro de 1891, nasceu em virtude da Proclamação da República e estabeleceu três poderes: o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. � A Constituição de 16 de julho de 1934, a segunda Constituição Republicana, teve como ênfase os direitos sociais, com a inclusão de direitos trabalhistas, de previdência social, de educação e cultura. Manteve- se, também, a tripartição dos poderes. 22 Universidade do Sul de Santa Catarina � A Constituição de 10 de novembro de 1937 foi outorgada por Getúlio Vargas, que dissolveu a Câmara dos Deputados e o Senado. Ela instituiu o Estado Novo. O Poder Executivo foi fortalecido e passou a legislar por decretos-leis. Houve nacionalização das indústrias básicas (siderurgias) e proteção ao trabalho nacional. Você sabia? Que a Câmara dos Deputados é integrada pelos representantes do povo, e o Senado Federal pelos representantes dos Estados-Membros? E que a Câmara dos Deputados e o Senado Federal formam o Congresso Nacional? E que o Congresso Nacional tem sua sede em Brasília, Distrito Federal? � A Constituição de 18 de setembro de 1946 foi consequência do término da II Guerra Mundial e a deposição de Getúlio Vargas. Ela prestigiou os princípios democráticos, a separação dos poderes, e os direitos e garantias fundamentais foram ampliados. Instituiu-se o parlamentarismo, com a emenda constitucional nº 04, de 02 de setembro de 1961, o qual foi abolido após um plebiscito, com a emenda constitucional nº 06, de 23 de janeiro de 1963, voltando a vigorar o presidencialismo. Você sabia? Que o plebiscito é uma consulta prévia feita à população sobre projeto de lei ou medida administrativa? O parlamentarismo é o sistema de governo em que a chefia do Estado é exercida pelo Presidente da República, mas o governo é exercido por um gabinete de ministros, liderado por um Primeiro Ministro. O Presidente da República é mera peça decorativa e representa o país no exterior? E o presidencialismo é o sistema de governo em que a chefia do Estado e do Governo está reunida nas mãos do Presidente da República? 23 Noções de Direito Constitucional, Penal e Administrativo Unidade 1 � A Constituição de 24 de janeiro de 1967 e a emenda constitucional nº 01, de 17 de outubro de 1969, foram outorgadas após o Golpe Militar de 31 de março de 1964 e a deposição do Presidente João Goulart. A Constituição Federal de 1967 foi adequada à nova ordem política do país. A referida Constituição sofreu uma grande alteração com a emenda constitucional nº 01/1969 e vários atos institucionais passaram, então, a estabelecer as normas do país. � A Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de outubro de 1988, é a atual Constituição do Brasil. Foi promulgada pela Assembleia Constituinte e é chamada de “Constituição-Cidadã”. A presente unidade é dedicada a ela. Você sabia? Que o nome do Brasil mudou conforme as constituições federais? O nome do Brasil na Constituição Federal durante o Império era Império do Brasil, conforme a Constituição de 1824. Depois o nome passou para República dos Estados Unidos do Brasil, nas constituições federais de 1891, 1934, 1937 e 1946. E, finalmente, República Federativa do Brasil, nas constituições federais de 1967, com a emenda constitucional nº 01/1969 e a Constituição Federal de 1988 (FÜHRER, 2005. p. 60). 24 Universidade do Sul de Santa Catarina SEÇÃO 3 - As constituições e suas classificações Como podemos classificar as constituições? As constituições podem ser classificadas de cinco formas. a) Quanto à origem � Promulgada ou votada: esta é fruto de um processo democrático (portanto, democrática). Exemplo: as constituições brasileiras de 1891, 1934, 1946 e 1988. � Outorgada: esta é fruto do autoritarismo. Exemplo: as constituições brasileiras de 1824, 1937 e a de 1967. b) Quanto à mutabilidade � Flexível: não exige, para sua alteração, qualquer processo mais solene. � Rígida: exige, para sua alteração, um critério mais solene e difícil do que o processo de elaboração da lei ordinária (comum). � Semirrígida ou semiflexível: apresenta uma parte que exige mutação por processo mais difícil e solene do que o da lei ordinária. c) Quanto à forma � Escrita ou dogmática: é aquela que está representada por um texto completo e organizado. � Costumeira ou histórica: é aquela formada por textos esparsos. d) Quanto ao conteúdo � Material: são as Constituições que identificam a forma e a estrutura do Estado e o sistema de governo. � Formal: são as Constituições colocadas no texto constitucional, que não fazem parte da estrutura mínima e essencial de qualquer Estado. 25 Noções de Direito Constitucional, Penale Administrativo Unidade 1 e) Quanto à sistemática � Reduzida: é representada por um código único. � Variada: os textos estão espalhados em diversos diplomas legais. E você? Saberia situar a Constituição Brasileira na sua respectiva classificação? Use o espaço a seguir para fazer seus registros. Se você respondeu que a Constituição de 1988 é escrita (é redigida), legal (pois tem força normativa), rígida (é mutável, desde que observado o processo legislativo especial), democrática (promulgada, uma vez que decorreu da manifestação popular), material (traz em seu texto a forma e estrutura do Estado e o sistema de Governo) e reduzida (a um único texto constitucional), acertou na classificação. Parabéns! 26 Universidade do Sul de Santa Catarina SEÇÃO 4 - O poder constituinte O que é o poder constituinte. Você já teve oportunidade de ler a respeito ou estudar o assunto? Perceba como ele é importante na organização social de um país. O poder constituinte é a manifestação soberana da suprema vontade popular de um povo social e juridicamente organizado. Seu titular é o povo, que deve manifestar sua vontade de constituir um país. Modernamente, quem exerce o poder são os representantes do povo. É o poder constituinte que dá origem à Constituição Federal. Além do poder originário que dá origem à Constituição Federal, existe também o poder derivado (ou reformador), que é o poder dos representantes do povo de modificar a Constituição Federal, por meio de emendas constitucionais, naquilo que a própria Constituição Federal autoriza. Veja a representação a seguir: Figura 1.2 - Classificação do poder constituinte. Fonte: Elaboração do autor. 27 Noções de Direito Constitucional, Penal e Administrativo Unidade 1 SEÇÃO 5 - O processo legislativo O processo legislativo está previsto na Constituição Federal de 1988, em seus artigos 59 a 69, e consiste na sequência de atos para a elaboração de normas jurídicas. Espécies de normas jurídicas � Emendas à Constituição Federal � Leis complementares � Leis ordinárias � Medidas provisórias � Leis delegadas � Decretos legislativos � Resoluções Agora vamos ver o que cada uma significa? � Emendas constitucionais – são manifestações do poder constituinte derivado (ou reformador) e, como tal, estão limitadas, condicionadas e subordinadas às regras da própria Constituição Federal. As emendas têm a mesma hierarquia constitucional das normas constitucionais originárias, porém podem ser objeto de controle da constitucionalidade, na medida em que devem respeitar as cláusulas pétreas (art. 60, § 4º, I a IV, da Constituição Federal). � As leis complementares são normas jurídicas intermediárias entre as leis ordinárias e as emendas constitucionais. Há duas justificativas para sua existência: a) uma, que diz respeito à importância constitucional, cuja relevância impediria a sua constante alteração por meio de leis ordinárias; e 28 Universidade do Sul de Santa Catarina b) outra, para assegurar poucas alterações diante da alta mutabilidade política, social e econômica, o que, apesar da relevância, impediria sua mudança constante e também impediria seu engessamento no texto constitucional. Exemplos: Sistema Financeiro Habitacional (art. 192, caput); Ministério Público (art. 128, § 5º); art. 22, parágrafo único; etc. � As leis ordinárias são as leis comuns aprovadas por maioria simples de cada casa legislativa (isto é, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal). Você sabia? Que a diferença entre a lei complementar e a lei ordinária está no quorum de votação, pois o da lei complementar depende de maioria absoluta (art. 69) das casas legislativas (Câmara dos Deputados e Senado Federal), enquanto o quorum da lei ordinária é maioria simples (art. 47). Se for lei estadual, maioria absoluta da Assembleia Legislativa para complementar; ou maioria simples para a lei ordinária. O mesmo ocorre no caso das Câmaras de Vereadores dos municípios. � As medidas provisórias são uma novidade constitucional. Surgiram na Constituição Federal de 1988 e vieram para substituir os antigos decretos- leis. A ideia inicial era limitar o poder presidencial que existia em razão desses decretos-leis. Porém, como se sabe, houve total desvirtuamento dessa ideia, em face do grande número de medidas provisórias editadas até hoje (quase duas mil desde a criação pela Constituição Federal de 1988). É pacífica a necessidade de uma espécie normativa que seja editada pelo chefe de Governo (no Brasil, é também o chefe de Estado – sistema presidencialista), pois o Parlamento (Congresso Nacional) é muito moroso, e pode existir uma situação de urgência a ser disciplinada, daí a criação das medidas provisórias. São características das medidas provisórias: 29 Noções de Direito Constitucional, Penal e Administrativo Unidade 1 É importante você perceber que as medidas provisórias têm força de lei imediatamente, isto é, assim que são editadas pelo Presidente da República, têm vigência pelo prazo de 60 (sessenta) dias, sendo uma norma jurídica temporária. A reedição é possível, quando houver motivos autônomos de necessidade e urgência, quando reeditada em sessão legislativa seguinte e quando arquivada e reeditada em seguida. Justamente por isso é que algumas vêm com a seguinte numeração: nº 375-6 (o dígito corresponde ao número de vezes que a matéria foi reeditada). Deve ser remetida ao Presidente do Congresso Nacional, o qual terá o prazo de 48 horas para formar uma comissão temporária mista (7 senadores e 7 deputados) para analisá-la. A cada nova medida provisória editada, será formada uma nova comissão, que emite um parecer, o qual é levado ao plenário do Congresso Nacional. A sessão é conjunta (fisicamente), mas bicameral, e o plenário do Congresso Nacional pode tomar quatro posturas: duas pela aprovação e duas pela rejeição. Tal procedimento é regulamentado pelas resoluções nº 01 e 02/89, do Congresso Nacional. Veja, a seguir, quais os passos para a conversão de uma medida provisória em lei: CARACTERÍSTICAS DAS MEDIDAS PROVISÓRIAS: I) só podem ser editadas em situações emergenciais, pois a função legislativa é do Parlamento; II) são sempre temporárias, pois quem pode fazer uma norma jurídica definitiva é o Congresso Nacional; III) responsabilidade política dessa norma jurídica é do chefe do Poder Executivo. 30 Universidade do Sul de Santa Catarina Conversão da medida provisória em lei ordinária 1) Aprovação integral da medida provisória: o Congresso Nacional converte a medida provisória em lei, por maioria simples na Câmara e no Senado (sessão fisicamente conjunta, mas bicameral). Após, vai para a promulgação pelo Presidente do Senado, que determinará sua publicação. 2) Aprovação com alterações: a medida provisória é aprovada com alterações (supressivas ou aditivas). É a hipótese que se verificou no Plano Real. Neste caso, a medida provisória não se converte em lei, mas sim em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional. A partir daí, segue-se o processo legislativo ordinário (lei ordinária), com a deliberação executiva e posterior promulgação pelo Presidente da República, caso seja sancionada. 3) Rejeição expressa: ocorre quando o plenário não aprova a medida provisória. Essa rejeição tem efeitos “ex tunc”, retroagindo até a data da edição, como se essa medida provisória nunca tivesse existido. No caso de rejeição expressa, a medida provisória só poderá ser reeditada na próxima sessão legislativa (art. 67 da CF). 4) Inércia do Congresso Nacional: rejeição tácita. Se, em 60 dias (prazo de vigência de uma medida provisória), o Congresso Nacional não converter a medida provisória em lei, há rejeição tácita. Baseia-se na ideia de que não pode haver uma espécie normativa, com vigência por muito tempo, editada por uma só pessoa (Presidente da República) e, assim, a medida provisória, se não for reeditada, perde sua vigência. Registre no espaço a seguir umexemplo concreto do que foi abordado. Você conhece uma medida provisória que foi convertida em lei ou que está em discussão? Levante esta questão com seus colegas na ferramenta Fórum. 31 Noções de Direito Constitucional, Penal e Administrativo Unidade 1 Legislatura compreende o mandato do parlamentar. Assim, o mandato dos deputados – quatro anos – tem uma legislatura, e a Câmara se renova integralmente de quatro em quatro anos. Já o mandato dos senadores, por sua vez, tem duas legislaturas – oito anos – e o Senado renova um terço e dois terços de seus membros, respectivamente, de quatro em quatro anos. � As leis delegadas estão previstas no artigo 68 da Constituição Federal, e são utilizadas mais no sistema parlamentarista do que no presidencialista. Justamente por isso que, de 1988 (com a promulgação da Constituição Federal) até hoje, foi editada apenas uma lei delegada. É norma jurídica editada pelo Presidente da República mediante solicitação ao Congresso Nacional (iniciativa solicitadora exclusiva do Presidente) e autorização desse. Algumas matérias são insuscetíveis de delegação: a) de competência exclusiva do Congresso Nacional (art. 49 – por meio de decretos legislativos); b) de competência privativa da Câmara e do Senado (arts. 51 e 52 – por meio de resoluções); c) de lei complementar (previstas taxativamente na Constituição Federal); d) relacionadas à organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, à nacionalidade, à cidadania e aos direitos individuais, políticos e eleitorais; e) referentes ao orçamento (são três as espécies de leis orçamentárias: a lei do plano plurianual; a lei de diretrizes orçamentárias e as próprias leis orçamentárias). Note que o Congresso Nacional só pode delegar uma matéria que, em princípio, pode ser disciplinada por lei ordinária, respeitadas as limitações anteriores. O instrumento formal que concede a delegação é resolução aprovada por maioria simples dos votos das casas do Congresso Nacional. Nesta resolução vai constar a própria delegação, os limites de conteúdo dela e os limites de exercício (prazo para edição da lei pelo Presidente). O prazo máximo para delegação é o término da legislatura. 32 Universidade do Sul de Santa Catarina � O decreto legislativo é uma norma jurídica utilizada para regulamentar as competências exclusivas do Congresso Nacional. O Presidente da República não participa de sua elaboração (art. 49 da Constituição Federal). A rejeição de uma medida provisória implica regulamentação das relações jurídicas decorrentes, por meio de decreto legislativo (artigo 62, parágrafo único, da Constituição Federal). � As resoluções (art. 49, VII, da Constituição Federal) são espécies normativas utilizadas para regulamentar os assuntos de competência do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. O processo legislativo da resolução do Congresso Nacional é idêntico ao processo legislativo de feitura do decreto legislativo. Só utiliza o decreto legislativo se for matéria do art. 49 ou do art. 62, parágrafo único, da Constituição Federal. Qualquer outra matéria que o Congresso Nacional queira regulamentar (que não esteja no art. 49 e também não no art. 62, parágrafo único, da Constituição Federal) será por meio de resolução do Congresso Nacional. Há as resoluções da Câmara (artigo 51) e do Senado (artigo 52) nos assuntos de competência privativa de cada uma dessas casas. Portanto, há espécie normativa unicameral, que são as resoluções da Câmara e do Senado Federal. A primeira é promulgada pelo Presidente da Câmara; e a segunda pelo Presidente do Senado. Como se classifica o processo legislativo? O processo legislativo ordinário (ou comum) se destina à feitura de uma lei ordinária; mais completo, com maior número de fases. Além dele, há também outros processos legislativos, que podem ser: 33 Noções de Direito Constitucional, Penal e Administrativo Unidade 1 � sumário (regime de urgência) – único processo com prazo certo para terminar. Próprio para leis ordinárias e complementares. É a hipótese do artigo 64, § 1º, da Constituição Federal, em que o Presidente da República pode solicitar urgência para apreciação de projeto de sua iniciativa; � especial – é o processo legislativo diferenciado da lei ordinária, como por exemplo, emenda constitucional, leis complementares, medidas provisórias, leis delegadas, resoluções e decretos legislativos. A elaboração das leis também compreende fases. Vamos conhecer as fases de elaboração da lei ordinária? 1) Iniciativa – é a apresentação do projeto à casa legislativa. Na esfera federal, cabe aos membros ou às comissões do Poder Legislativo, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao procurador-geral da República e também aos cidadãos (art. 61, da Constituição Federal). 2) Aprovação – consiste nos estudos, debates, redações, emendas e votação do projeto. A aprovação final dá- se por maioria simples ou relativa, abrangendo apenas os parlamentares presentes à votação. Não há prazo para a aprovação ou rejeição do projeto de lei. Mas o Presidente da República poderá solicitar urgência nos projetos enviados por ele, conforme art. 64, § 1º, da Constituição Federal. 3) Sanção – é o ato pelo qual o chefe do Executivo manifesta sua concordância com o projeto de lei aprovado pelo Legislativo. Pode ser expressa ou tácita. Será tácita quando não houver manifestação no prazo de 15 dias, contados do recebimento do projeto. 4) Veto – quando manifesta sua discordância. Pode ser total ou parcial. O veto pode ser derrubado pelo Congresso em voto da maioria absoluta dos deputados e senadores, conforme art. 66, § 4º, da Constituição Federal. 34 Universidade do Sul de Santa Catarina 5) Promulgação – decorre da sanção e tem o significado de proclamação. A sanção e a promulgação se dão ao mesmo tempo, com a assinatura do Presidente da República. 6) Publicação – é a última fase. Com a publicação, a lei se presume conhecida de todos, tornando-se obrigatória na data indicada para sua vigência. Se for omitida a data para sua vigência, a lei se torna obrigatória em 45 dias após a publicação, dentro do território nacional; e, em três meses, fora dele (art. 1º, da Lei de Introdução ao Código Civil). Veja a sequência da elaboração de forma esquemática: FASES DE ELABORAÇÃO DA LEI ORDINÁRIA - Iniciativa - Aprovação - Sanção - Promulgação - Publicação Atente-se à ideia de recepção, desconstitucionalização, repristinação. Vamos ver o que é isso? Além destes conceitos acima, há necessidade de compreender os efeitos jurídicos decorrentes da substituição de uma Constituição Federal por outra, como por exemplo, da substituição da Constituição Federal de 1967 (com sua emenda constitucional nº 01/1969) pela Constituição Federal de 1988. Nesses casos, teremos basicamente três efeitos no mundo das leis, quais sejam: a recepção, a desconstitucionalização e a repristinação. 35 Noções de Direito Constitucional, Penal e Administrativo Unidade 1 Detalhadamente: � recepção é o recebimento de todo ordenamento jurídico (ou seja, de todas as leis existentes) editado na vigência das constituições anteriores e que ainda estiver em vigor pela nova Constituição Federal, desde que presente um único requisito: a compatibilidade com as novas normas constitucionais. Exemplo disso é o Código Penal, uma norma jurídica de 1940 e que ainda continua em vigor, apesar da vigência da Constituição Federal de 1988. Isso quer dizer que o Código Penal existe porque foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988; � desconstitucionalização é a recepção da Constituição anterior por parte da nova ordem constitucional, porém com força de lei, desde que apresente o requisito da compatibilidade (sentido técnico-jurídico). Não é adotada no Brasil, pois uma nova Constituição significa o rompimento com a anterior, mantendo-seapenas as normas infraconstitucionais compatíveis com a nova Constituição (ou seja, no Brasil há a recepção e não há a desconstitucionalização, conforme acima relatado); � repristinação significa a revalidação de norma revogada pela Constituição anterior, mas que viesse a apresentar compatibilidade com a atual. Figure-se a hipótese de norma editada sob a égide da Constituição de 1946, que tenha sido revogada, por incompatibilidade, pela Constituição de 1967. Admitir a repristinação significaria que, caso essa fosse compatível com a atual Constituição, ela estaria automaticamente revalidada, o que, como se disse, não é possível, pois essa norma já desapareceu, não podendo, assim, ser ressuscitada sem previsão expressa. (ARAUJO; NUNES JÚNIOR, 2005. p. 17-18). 36 Universidade do Sul de Santa Catarina São cláusulas pétreas e, por isso, não podem ser modificadas por emendas constitucionais. SEÇÃO 6 - As cláusulas pétreas Você sabe o que são cláusulas pétreas? Já ouviu falar? Bem, as cláusulas pétreas previstas na Constituição Federal são aqueles artigos da Constituição Federal que não podem ser modificados por emendas constitucionais Emendas à Constituição Federal A Constituição Federal prevê, nos artigos 59, I e 60, a permissão de emendas constitucionais, ou seja, ela é mutável. Uma Constituição Federal mutável divide-se em: I) rígida – atual Constituição Federal, posto que exige um processo legislativo especial mais dificultoso para sua alteração. Apesar disso, ela possui um núcleo imodificável (art. 60, § 4º), que são as cláusulas pétreas; II) semirrígida ou semiflexível – a Constituição Federal de 1824 é um exemplo, as normas têm mesma hierarquia, porém o legislador confere a algumas maior importância, determinando a essas um processo legislativo especial para alteração; III) flexível – é aquela que pode ser modificada a qualquer momento. Exemplo: a Constituição Inglesa. Uma emenda constitucional é a manifestação do poder constituinte derivado (ou reformador) e, como tal, está limitada, condicionada e subordinada às regras da Constituição Federal. As emendas constitucionais têm a mesma hierarquia constitucional das normas constitucionais originárias, porém podem ser objeto de controle de constitucionalidade, na medida em que devem respeitar as cláusulas pétreas, como previsto no artigo 60, § 4º, I a IV, da Constituição Federal. 37 Noções de Direito Constitucional, Penal e Administrativo Unidade 1 Isso porque o artigo 60, § 4º, I a IV, da Constituição Federal, descreve as cláusulas pétreas e impede que as emendas constitucionais venham modificar os artigos da Constituição Federal de 1988, relacionados os temas seguintes. � Forma federativa do Estado – disposta a forma federativa é a estrutura política do Brasil, em União, Estados-Membros e municípios, e que não pode ser modificada por emendas constitucionais. � Voto direto, secreto, universal e periódico – significa que o regime democrático no Brasil é cláusula pétrea. Em face dessa cláusula, não seriam possíveis mandatos vitalícios. Todos os mandatos devem ser periódicos no regime democrático, isto é, de tempos em tempos o povo deve ser chamado para escolher seus representantes. O voto direto tem seu substrato no artigo 1º da Constituição Federal (princípio da soberania popular) e significa que o representado deve votar no seu representante. Na ausência do Presidente da República, assume o Vice-Presidente; depois o Presidente da Câmara dos Deputados (“casa do povo”), seguido do Presidente do Senado (“casa dos Estados- Membros”), que é sempre o Presidente do Congresso Nacional; por fim, o Presidente do Supremo Tribunal Federal. Todos assumem, mas apenas o Vice- Presidente pode assumir o cargo de forma definitiva, já que foi eleito juntamente com o Presidente. � Separação dos poderes – é a separação da estrutura consagrada no artigo 2º da Constituição Federal. Os poderes da República são independentes (Teoria da Separação dos Poderes) e harmônicos (Teoria dos Freios e Contrapesos norte-americana, que prega controles recíprocos de um poder por outro). � Direitos e garantias fundamentais – os direitos individuais são espécie do gênero direito e garantias fundamentais. 38 Universidade do Sul de Santa Catarina Como os direitos fundamentais são classificados? Os direitos fundamentais podem ser de cinco espécies: 1. direitos e garantias individuais e coletivos (art. 5º); 2. direitos sociais (arts. 6º a 11); 3. direitos de nacionalidade (art. 12); 4. direitos políticos (art. 14); e 5. relacionados com a criação, organização e participação em partidos políticos (art. 17). Os direitos e garantias fundamentais são cláusulas pétreas. Cite um exemplo de cláusula pétrea. Use a Constituição e descreva uma situação concreta, até mesmo da área em que você atua. Use o espaço a seguir para registrar suas considerações. Vamos a diante? Agora vamos analisar como nasce uma emenda constitucional. Você sabe? 39 Noções de Direito Constitucional, Penal e Administrativo Unidade 1 Você viu o que significa uma emenda constitucional: trata-se de manifestações do poder constituinte derivado, que, como tal, está limitado, condicionado e subordinado às regras da própria Constituição Federal. Você se lembra, não é? Bem, agora veja como nasce uma emenda constitucional. Analise como se dá esse processo. Iniciativa A iniciativa de uma proposta de emenda constitucional (PEC) pode ser de iniciativa do Presidente da República, ou de um terço dos Deputados Federais, ou de mais da metade das Assembleias Legislativas, ou de um terço dos Senadores da República. Art. 60, § 5º: a matéria constante em proposta de emenda constitucional rejeitada só pode ser objeto de deliberação na próxima sessão legislativa, sem exceção. É importante que você perceba, neste contexto, que as leis não podem nascer de uma vontade ou de um interesse individual, portanto é necessário que se exerça um controle efetivo, com o intuito de garantir os princípios e preceitos constitucionais e as garantias individuais e coletivas, ou seja, os direitos e deveres do cidadão e das instituições para a manutenção do equilíbrio social, exercido por meio do contrato social. Você concorda? Então, vejamos, agora, o que significa o controle de constitucionalidade. As Assembleias Legislativas são os poderes legislativos dos Estados-Membros. As Câmaras de Vereadores são os poderes legislativos dos municípios. Ambas as casas legislativas têm por função a edição de leis estaduais e municipais. 40 Universidade do Sul de Santa Catarina SEÇÃO 7 - O controle da constitucionalidade O controle da constitucionalidade consiste no exame de leis com o fim de excluir aquelas leis que são contrárias ao disposto na Constituição Federal de 1988. O controle pode ser preventivo ou repressivo. a) Controle da constitucionalidade preventivo é aquele feito pelo Poder Legislativo e Executivo em não editar e não aplicar as leis claramente inconstitucionais. Já imaginou se fosse editada uma lei de cortar as mãos de todo ladrão?? Tal lei seria claramente inconstitucional, pois são proibidas pela Constituição Federal as torturas e as penas degradantes. b) Controle da constitucionalidade repressivo é aquele feito pelo Poder Judiciário. Pode ser por defesa (difuso), aquele discutido em processo judicial, e o feito por ação, neste caso, por ação direta de inconstitucionalidade. Assim temos: Figura 1. 3 - Controle de constitucionalidade. Fonte: Elaboração do autor. O controle da constitucionalidade é aplicável nos sistemas jurídicos que se caracterizam pela supremacia das normas constitucionais, como o Brasil. Logo, no mínimo, deve ser para uma Constituição rígida ou semirrígida. Nos países onde a Constituição é flexível e não escrita, como a Inglaterra, não há que se falar em controle de constitucionalidade, já que não existe hierarquia entre a Constituição eas leis. 41 Noções de Direito Constitucional, Penal e Administrativo Unidade 1 Perceba que uma das formas do controle da constitucionalidade realizado pelo Poder Judiciário é a ação direta de inconstitucionalidade, que consiste numa ação que pode ser proposta no Supremo Tribunal Federal para a obtenção de declaração de inconstitucionalidade de uma lei ou de ato administrativo normativo. Com a ação direta de inconstitucionalidade, busca-se retirar de vigência uma lei inconstitucional. Só pode ser proposta no Poder Judiciário por algumas autoridades, como o procurador-geral da República ou partido político, entre outros, conforme o artigo 103 da Constituição Federal. Qual a sua impressão sobre a matéria até aqui? Está conseguindo acompanhar? Não se esqueça de marcar as partes mais importantes, fazer anotações dos pontos-chaves: isto ajudará você a compreender melhor os conteúdos mais complexos. SEÇÃO 8 - Os direitos e os deveres individuais O artigo 5º da Constituição Federal arrola os direitos e deveres individuais e coletivos. Os direitos são as faculdades atribuídas aos indivíduos, e as garantias são as disposições que asseguram tais direitos. A Constituição Federal de 1988 classifica os direitos e as garantias como sendo os referentes à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, conforme se vê do artigo 5º: Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 42 Universidade do Sul de Santa Catarina Veja que a Constituição buscou garantir uma igualdade jurídica. Dessa forma, clama-se pela igualdade substancial (iguais oportunidades para todos, a serem propiciadas pelo Estado), a qual significa, em síntese, tratar de maneira igual os iguais e de maneira desigual os desiguais, na medida de sua desigualdade. A aparente quebra do princípio da isonomia (igualdade das partes) no ordenamento jurídico (por exemplo: vagas reservadas para deficientes físicos nos estacionamentos de veículos) obedece exatamente ao princípio da igualdade real e proporcional, que impõe tratamento desigual aos desiguais, justamente para que, supridas as diferenças, se atinja a igualdade substancial. O artigo 5º possui vários incisos. Observe, em destaque, alguns em especial. I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; Homens e mulheres são tratados com igualdade, mas por natureza são desiguais. Assim, a legislação deve adequar tais diferenças naturais para estabelecer a igualdade material. Veja um exemplo: O prazo de licença maternidade de 120 dias e licença paternidade de cinco dias. O que no primeiro momento parece um tratamento desigual, na verdade se dá devido à natureza de cada um. As mulheres, por natureza, dedicam-se mais ao recém-nascido, que carece mais da mãe. O próximo inciso obriga o respeito à lei. As pessoas estão obrigadas a fazer ou deixar de fazer alguma coisa somente por meio de leis estabelecidas pelo legislador. 43 Noções de Direito Constitucional, Penal e Administrativo Unidade 1 II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; Isto significa que qualquer ordem do Poder Estatal em suas funções executivas, por meio de decretos, de portarias ou de qualquer forma de direito administrativo, só terá valor se estiver amparada e de acordo com a lei. Tem-se por lei, a regra, o modelo, o paradigma, a convenção para servir como um padrão de comportamento. III - ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante; O dispositivo tem endereço certo: as autoridades públicas e seus agentes. A Lei nº 9.455/1997 define os crimes de tortura. Qualquer prática de tortura é crime e deve ser punida pelo Poder Judiciário. IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; Exteriorizar o pensamento por meio de palavras, imagens, símbolos, gestos, fotografias e desenhos é garantido pela Constituição Federal. Porém não é admitido o anonimato. A livre manifestação do pensamento não é um direito absoluto, pois é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem (art. 5º, V, CF). Desta forma, a manifestação do pensamento não pode violar a lei, como por exemplo, o ato obsceno (como se apresentar nu na praça pública ou numa janela, ou urinar na via pública), que não pode ser considerado como livre manifestação do pensamento, pois é crime previsto no artigo 233 do Código Penal. 44 Universidade do Sul de Santa Catarina VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; A inviolabilidade da liberdade de consciência e crença também não é absoluta. Tal liberdade não pode violar outros direitos fundamentais como a vida, eis que, sob o manto de inviolabilidade de crença, não há como legitimar sacrifícios humanos (por exemplo) em adoração a deuses. X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; As pessoas possuem intimidade, honra e vida privada, que são invioláveis e asseguradas pela Constituição Federal. Constituem crimes a divulgação de segredo (artigo 153 do Código Penal) e a violação da honra (calúnia, difamação e injúria), artigo 138 do Código Penal. XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; Conforme a Constituição Federal dispõe, a casa é asilo inviolável do indivíduo, e ninguém pode penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de prisão de flagrante delito ou desastre, para prestar socorro, ou durante o dia, por determinação judicial. Portanto, há duas situações distintas para violação da casa: durante a noite e durante o dia. Durante a noite, somente se pode entrar no domicílio alheio em quatro hipóteses: com consentimento do morador; em caso de flagrante delito; desastre; e, para prestar socorro. Durante o dia, cinco são as hipóteses: consentimento do morador; flagrante delito; desastre; para prestar socorro; mediante mandado judicial de prisão ou de busca e apreensão. 45 Noções de Direito Constitucional, Penal e Administrativo Unidade 1 Havendo mandado de prisão, a captura, no interior da casa, somente pode ser efetuada durante o dia (do amanhecer até o anoitecer), dispensando-se, nesse caso, o consentimento do morador. Durante a noite, na oposição do morador ou da pessoa a ser presa, o executor do mandado de prisão não poderá invadir a casa, devendo aguardar até o amanhecer, e, então, arrombar a porta e cumprir o mandado. A violação do domicílio à noite, para cumprir o mandado, sujeita o violador a crime de abuso de autoridade, consistente em “executar medida privativa de liberdade individual sem as formalidades legais ou com abuso de poder” (Lei nº 4898/65, art. 4º, a). XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; Sigilo é o segredo. Assim, ninguém pode abrir a correspondência para conhecer o seu conteúdo. A inviolabilidade do sigilo impede que o receptor o divulgue, ocasionando dano a outrem. Constitui crime previsto nos artigos 151 e 152 do Código Penal violar correspondência alheia. XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidasas qualificações profissionais que a lei estabelecer; Quer dizer que qualquer pessoa pode exercer a profissão que quiser. Porém a liberdade profissional está limitada aos requisitos que a lei ordinária estabelecer. Advocacia, medicina e policia, cujas profissões exigem cursos de capacitação, provas, concursos, etc. 46 Universidade do Sul de Santa Catarina O artigo 47 da Lei de Contravenções Penais trata do exercício ilegal de profissão ou atividade que consiste em exercer, realizar, desempenhar ato próprio de profissão, ou atividade econômica ou anunciar, dar notícias, publicar, revelar tal mister, sem ter a devida qualificação profissional. XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; A criação de associações independe de autorização do Poder Público, e o texto constitucional assegura a não interferência do Estado. Assim, não pode haver obrigatoriedade de associação. A pessoa é livre em associar-se ou não a alguma entidade, clube, associação, igreja, etc. XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; Todos têm direito de receber informações dos órgãos públicos, quer sejam de interesse particular, quer sejam de interesse coletivo. O prazo de resposta da administração pública é de 15 dias contados do registro do pedido no órgão expedidor, nos termos da Lei Federal nº 9.051, de 18 de maio de 1995, que dispõe sobre a expedição de certidões para a defesa de direitos e esclarecimentos. Contudo há informações de caráter reservado que não podem ser divulgadas a terceiros, como por exemplo, o CPF, o número de carteira de identidade, etc. XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direito ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal; 47 Noções de Direito Constitucional, Penal e Administrativo Unidade 1 É assegurado a todos o direito de petição, que é o direito de demandar, de apresentar sua pretensão à administração pública. A administração não pode recusar o fornecimento de informações, salvo se forem consideradas sigilosas por lei ordinária. A Lei Federal nº 8.159, de 8 de janeiro de 1999, dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e privados, e estabelece no § 1º do artigo 23: Os documentos cuja divulgação ponha em risco a segurança da sociedade e do Estado, bem como aqueles necessários ao resguardo da inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas são originariamente sigilosos. XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; Basta qualquer indivíduo invocar uma lesão ou ameaça para contar com o pronunciamento do Judiciário, o qual, por sua vez, garante sempre o acesso à justiça. Nenhuma norma jurídica pode impedir a pessoa de ter acesso ao Poder Judiciário para resolver seus conflitos, isto é, seus litígios. XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; � Direito adquirido é o direito de qualquer natureza que já se incorporou ao patrimônio da pessoa. O que foi realizado de acordo com a lei antiga não será modificado pela lei nova. � Ato jurídico perfeito é a manifestação da vontade do agente segundo as prescrições de direito. A lei também assegura, em sua plenitude, o ato jurídico perfeito, ou seja, a lei nova não pode atingir situações já consolidadas sob o império da lei antiga, resguardando-se o ato jurídico perfeito. � Coisa julgada é a situação decorrente da sentença judicial contra a qual não caiba recurso. Não se permite, portanto, que a lei nova venha interferir no direito adquirido, no ato jurídico perfeito e na coisa julgada. 48 Universidade do Sul de Santa Catarina XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; O princípio da legalidade já existia no artigo 1º do Código Penal, que foi elevado à categoria constitucional e quer dizer que somente existe crime se houver previsão legal anterior à conduta criminosa. Só existe crime de furto, porque já existe lei anterior fazendo a previsão. E, ainda, somente existe cominação de pena, porque já tem previsão legal. XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; A lei só pode retroagir para beneficiar o réu. Tal preceito já vinha definido no artigo 2º do Código Penal. Por exemplo, se alguém foi preso por crime de sedução (artigo 217 do Código Penal) deverá ser posto em liberdade a partir da Lei nº 11.106, de 28 de março de 2005, que revogou o artigo 217 do Código Penal, deixando de considerar a sedução como crime. Aquele que tinha praticado o crime de sedução deixa de ser criminoso, pois a lei nova retroage no tempo para abranger as situações passadas. XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais; A Lei nº 8.081/90 estabeleceu os crimes e as penas aplicáveis aos atos discriminatórios ou de preconceito de raça, cor, religião, etnia ou procedência nacional praticados pelos meios de comunicação ou por publicação de qualquer natureza. XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; A Lei nº 7.716/89, alterada pela Lei nº 9.459/97, estabelece os crimes resultantes de raça ou cor, constituindo tal crime inafiançável e imprescritível. Inafiançável quer dizer que se a pessoa for presa em flagrante não poderá pagar fiança para responder pelo crime em liberdade. Imprescritível quer dizer que 49 Noções de Direito Constitucional, Penal e Administrativo Unidade 1 A pena de morte só é permitida pela Constituição Federal, em caso de guerra declarada, e sua execução será feita por fuzilamento, conforme o Código Penal Militar. o crime jamais será prescrito. Podem passar 20, 30 ou 40 anos da prática delituosa, que o criminoso estará sujeito a responder a processo de crime de racismo e à cominação das penas. Por exemplo, supondo que alguém pratique crime de racismo e resolva passar 20 anos (escondido) no país vizinho do Uruguai para fugir do processo criminal. Ora, mesmo passado tanto tempo, quando pisar no Brasil estará sujeito às penas de crime de racismo, pois tal crime é imprescritível. XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos; XLVII - não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis; Pena é uma sanção aplicada pelo Estado ao infrator penal como retribuição de seu ato ilícito e para prevenir a prática de novos delitos. Também serve como aviso às pessoas para não praticarem infrações penais, pois estarão sujeitas às penas previstas nas leis penais. A Constituição Federal prevê penas permitidas e proibidas. XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação; 50 Universidade do Sul de Santa Catarina A pena poderá ser cumprida na penitenciária, ou na colônia agrícola, industrial ou semelhante, ou em casa de albergue, conforme o condenado e a natureza do crime praticado. Ao preso deve ser garantida a sua integridade física e moral.Afinal, o preso mantém todos os direitos, exceto a liberdade. As mulheres não cumprem pena privativa de liberdade junto com homens. Para as mulheres, há condições especiais, conforme a Lei de Execuções Penais. LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; O presente inciso trata do princípio do juiz natural, quer dizer que só pode exercer a jurisdição aquele órgão a que a Constituição atribui o Poder Jurisdicional. Só da Constituição Federal de 1988 pode emanar o Poder Jurisdicional (de julgar), de modo que não é dado ao legislador ordinário criar juízes ou tribunais de exceção (art. 5º, XXXVII, da Constituição Federal). LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; Processo legal é o instrumento de que se serve o Estado para, no exercício da sua função jurisdicional, com participação das partes e obedecendo ao estabelecido na legislação processual, resolver os conflitos, solucionando-os. O processo, como conhecemos atualmente, teve sua origem na arbitragem compulsória do período clássico do Império Romano, em que o Pretor escolhia o árbitro para dar solução aos conflitos (litígios). O processo será penal ou civil, conforme a pretensão sobre a qual incide, uma vez que o Processo penal é aquele em que existe uma pretensão punitiva do Estado. E civil é o processo que não é penal (ou seja, o resto) e por meio do qual se resolvem conflitos do Direito Privado, Direito Constitucional, Administrativo, Tributário, Trabalhista. Disciplinando um e outro processo, temos respectivamente o Direito Processual Civil e o Direito Processual Penal. 51 Noções de Direito Constitucional, Penal e Administrativo Unidade 1 Artigo 9º da Lei nº 9.099/99, e artigo 36, in fine, do Código de Processo Civil. LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; A ampla defesa se caracteriza principalmente pela oportunidade do acusado, ou do litigante, de apresentar a sua defesa, por si ou por seu procurador constituído (artigo 133 da Constituição Federal e artigo 38 do Código de Processo Civil) de solicitar qualquer meio de prova, de ser ouvido, de ter vistas ao processo antes da decisão final da autoridade judiciária, de participar de todos os atos: mediante perguntas às testemunhas, de quesitos na perícia, enfim, de estar presente no processo. Por sua vez, o contraditório tem por escopo a oportunidade do acusado, ou do litigante, em rebater as alegações da acusação, ou da parte contrária, de apresentar todos os elementos probatórios, manifestar-se e ser ouvido sobre todos os elementos que constituem a acusação e/ou processo, antes da decisão final da autoridade judiciária. Os princípios do contraditório e da ampla defesa são garantias constitucionais aos acusados em geral e aos litigantes em processo judicial e administrativo. Por tudo isso, a ampla defesa e o contraditório são aplicados em todos os processos judiciais e administrativos. Cabe lembrar que no inquérito policial (art. 5º, CPP), no inquérito policial militar (art. 9º do Código de Processo Penal Militar) e na prisão em flagrante (art. 301 do CPP e art.243, do Código de Processo Penal Militar), não há contraditório e ampla defesa, pois tais procedimentos administrativos visam a colher indícios de prova, para possibilitar o exercício da ação penal pelo Ministério Público. LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; A regra é a da inadmissibilidade das provas ilícitas ou das ilegítimas, sob pena de infirmar de nulidade o processo. São consideradas provas ilícitas, por exemplo, obter confissão de crime com o uso da tortura ou interceptação telefônica sem autorização judicial. 52 Universidade do Sul de Santa Catarina LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; Até o trânsito em julgado, o acusado é considerado inocente. Isto é, o acusado de um crime deve ser considerado inocente até que a sentença condenatória transite em julgado (ou seja, até que não caiba mais discussão da causa por meio recurso). LVIII - o civilmente identificado não será submetido à identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; A Constituição Federal proíbe a identificação datiloscópica (que consiste em borrar os dedos com tinta escura e colocar as digitais em papéis como forma de identificação), desde que a pessoa esteja identificada para os efeitos da vida civil, por meio de carteira de identidade, CIC, carteira do trabalho entre outros documentos de identidade. A Lei nº 10.054, de 07 de dezembro de 2000, que dispõe sobre a identificação criminal, prevê as hipóteses de identificação datiloscópica (criminal), por exemplo, quando houver fundada suspeita de falsificação ou adulteração do documento de identidade, ou houver registro de extrativo do documento de identidade. LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; Prisão é a privação da liberdade de locomoção determinada por ordem escrita da autoridade competente ou em caso de flagrante delito. 53 Noções de Direito Constitucional, Penal e Administrativo Unidade 1 Conheça as espécies de prisão. a) Prisão-pena ou prisão penal – é a decorrente do trânsito em julgado da sentença condenatória em que se impôs pena privativa de liberdade. Tem finalidade repressiva. A prisão-pena é, em regra, executada na penitenciária, ou colônia agrícola ou industrial, ou casa de albergue, conforme a natureza do crime e a quantidade da pena aplicada. b) Prisão sem pena ou prisão processual – é a prisão cautelar, também conhecida como prisão provisória, que possui a seguinte classificação: prisão em flagrante (arts. 301 a 310 do Código de Processo Penal - CPP); prisão preventiva (arts. 311 a 316 do CPP); prisão resultante da pronúncia (arts. 282 e 408, § 1º, do CPP); prisão resultante de sentença penal condenatória não transitada em julgado (arts. 393, I, do CPP); prisão temporária (Lei nº 7.960, de 21 de dezembro de 1989). A prisão processual, em regra, é executada nas cadeias públicas (também chamadas de presídios) e nas delegacias de polícia (estas últimas, quando não existem vagas nas cadeias públicas). Cabe lembrar, ainda, que algumas pessoas têm prisões especiais e que ficam em salas separadas ou em quartéis. c) Prisão civil – é a decretada em casos de devedor de alimentos e depositário infiel (art. 5º, LXVII, da Constituição Federal de 1988). d) Prisão disciplinar – permitida pela Constituição para o caso de transgressões militares e crimes militares (art. 5º, LXI, da Constituição Federal de 1988). e) Prisão administrativa – é aquela decretada pela autoridade administrativa. Essa modalidade foi abolida pela nova ordem constitucional. A partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, deixou de ser permitida, em nosso sistema jurídico, a prisão administrativa (CF 1988, art. 5º, LXI) – (Diário da Justiça da União de 31-3-1989, p. 4329 – RHC 66.730-9, DF, 2ª T, 2-2-1989). 54 Universidade do Sul de Santa Catarina f) Prisão para averiguações – é a privação momentânea da liberdade fora das hipóteses de flagrante e sem ordem escrita da autoridade competente, com a finalidade de investigação. Tal prisão é ilegal, pois além de ser inconstitucional, configura crime de abuso de autoridade, nos termos do art. 3º da Lei nº 4.898/65. “É ilegal e inconstitucional a prisão para averiguações, constituindo abuso de autoridade, por mais que se queira justificar a sua aplicabilidade na repressão preventiva ao crime (RT 425/325).” LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente
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