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315-1274 Psicologia da Educação

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Universidade do Sul de Santa Catarina
Palhoça
UnisulVirtual
2007
Psicologia da Educação I
Disciplina na modalidade a distância
psicologia_da_educacao.indb 1psicologia_da_educacao.indb 1 26/4/2007 15:01:1826/4/2007 15:01:18
Créditos
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Tecnologia
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Rodrigo de Barcelos Martins
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pedagógica
Capacitação e Apoio 
Pedagógico à Tutoria
Angelita Marçal Flores
(Coordenadora)
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Vanessa Francine Corrêa
Design Instrucional
Daniela Erani Monteiro Will 
(Coordenadora)
Carmen Maria Cipriani Pandini
Carolina Hoeller da Silva Boeing
Dênia Falcão de Bittencourt
Flávia Lumi Matuzawa
Karla Leonora Dahse Nunes
Leandro Kingeski Pacheco
Ligia Maria Soufen Tumolo
Márcia Loch
Viviane Bastos
Viviani Poyer
Núcleo de Avaliação da 
Aprendizagem
Márcia Loch (Coordenadora)
Cristina Klipp de Oliveira
Silvana Denise Guimarães
Pesquisa e Desenvolvimento
Dênia Falcão de Bittencourt 
(Coordenadora)
Núcleo de Acessibilidade
Vanessa de Andrade Manoel
psicologia_da_educacao.indb 2psicologia_da_educacao.indb 2 26/4/2007 15:01:5826/4/2007 15:01:58
Apresentação
Este livro didático corresponde à disciplina Psicologia da 
Educação I.
O material foi elaborado visando a uma aprendizagem autônoma, 
abordando conteúdos especialmente selecionados e adotando uma 
linguagem que facilite seu estudo a distância. 
Por falar em distância, isso não signifi ca que você estará sozinho. 
Não esqueça que sua caminhada nesta disciplina também 
será acompanhada constantemente pelo Sistema Tutorial da 
UnisulVirtual. Entre em contato sempre que sentir necessidade. 
Nossa equipe terá o maior prazer em atendê-lo, pois sua 
aprendizagem é nosso principal objetivo.
Bom estudo e sucesso!
Equipe UnisulVirtual
psicologia_da_educacao.indb 3psicologia_da_educacao.indb 3 26/4/2007 15:01:5926/4/2007 15:01:59
psicologia_da_educacao.indb 4psicologia_da_educacao.indb 4 26/4/2007 15:02:0026/4/2007 15:02:00
Maria da Glória Silva e Silva
Palhoça
UnisulVirtual
2007
Design instrucional
Viviani Poyer
Psicologia da Educação I
Livro didático
psicologia_da_educacao.indb 5psicologia_da_educacao.indb 5 26/4/2007 15:02:0026/4/2007 15:02:00
Copyright © UnisulVirtual 2007 
N enhum a parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer m eio sem a prévia autorização desta instituição. 
 
 
 
 
Edição --- Livro Didático 
 
 
Professor Conteudista 
Maria da Glória Silva e Silva 
 
 
Design Instrucional 
Viviani Poyer 
 
 
ISBN 978-85-60694-55-6 
 
 
Projeto Gráfico e Capa 
Equipe UnisulVirtual 
 
 
Diagram ação 
Vilson Martins Filho 
 
 
Revisão Ortográfica 
B2B 
 
 
 
 
 
 
 
370.15 
S58 Silva, Maria da Glória Silva e 
 Psicologia da educação I : livro didático / Maria da Glória Silva e Silva ; 
 design instrucional Viviani Poyer. – Palhoça : UnisulVirtual, 2007. 
 124 p. : il. ; 28 cm. 
 
 
 Inclui bibliografia. 
 ISBN 978-85-60694-55-6 
 
 
 1. Psicologia educacional. I. Poyer, Viviani. II. Título. 
 
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul 
 
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
Palavras da professora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
UNIDADE 1 – Um pouco de história da Psicologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
UNIDADE 2 – Primeiras interfaces entre Psicologia e Educação: o 
escolanovismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
UNIDADE 3 – A Psicologia Cognitivista e a aprendizagem . . . . . . . . . . . . 55
UNIDADE 4 – Concepções de desenvolvimento e práticas 
pedagógicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
UNIDADE 5 – A Psicologia da Educação na realidade brasileira . . . . . . . 97
Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115 
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
Sobre a
professora conteudista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
Sumário
psicologia_da_educacao.indb 7psicologia_da_educacao.indb 7 26/4/2007 15:02:0026/4/2007 15:02:00
psicologia_da_educacao.indb 8psicologia_da_educacao.indb 8 26/4/2007 15:02:0026/4/2007 15:02:00
Palavras do professor ou professora
Caro aluno,
Seja bem-vindo à disciplina de Psicologia da Educação I!
Existem diferentes modos de entender o 
desenvolvimento e a aprendizagem de crianças, jovens 
e adultos na escola. Cada teoria psicológica eleita como 
referência para tratar destas questões traz em seu bojo 
uma série de implicações para o entendimento das 
relações estabelecidas entre o professor e os alunos e 
dos alunos entre si na realidade escolar.
Para compreender melhor tudo isso, é necessário 
conhecer como as teorias da Psicologia vêm abordando 
este assunto ao longo da história desta ciência. Os 
conteúdos estudados na disciplina Psicologia da 
Educação I são fundamentais para que você possa 
analisar o processo de ensino-aprendizagem a partir de 
diferentes pontos de vista.
Ingresse no conteúdo da Psicologia da Educação I e bons 
estudos! 
Profa. Maria da Glória Silva e Silva
psicologia_da_educacao.indb 9psicologia_da_educacao.indb 9 26/4/2007 15:02:0026/4/2007 15:02:00
psicologia_da_educacao.indb 10psicologia_da_educacao.indb 10 26/4/2007 15:02:0126/4/2007 15:02:01
Plano de estudo
O plano de estudos visa orientá-lo/la no desenvolvimento 
da Disciplina. Nele, você encontrará elementos que 
esclarecerão o contexto da Disciplina e sugerirão formas 
de organizar o seu tempo de estudos. 
O processo de ensino e aprendizagem na Unisul Virtual 
leva em conta instrumentos que se articulam e se 
complementam. Assim, a construção de competências 
se dá sobre a articulação de metodologias e por meio das 
diversas formas de ação/mediação.
São elementos desse processo:
o livro didático; 
o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem - 
EVA; 
as atividades de avaliação (complementares, a 
distância e presenciais). 
Ementa
Matrizes epistemológicas da Psicologia. As concepções 
de desenvolvimento, inatismo, comportamentalismo 
e cognitivismo, e suas implicações para a educação. 
Inserção histórica da Psicologia da Educação no Brasil. 
Projeto de prática de ensino.
Objetivos
identifi car as matrizes epistemológicas da 
Psicologia e suas implicações para a compreensão 
do desenvolvimento e da aprendizagem na 
escola;
„
„
„
„
psicologia_da_educacao.indb 11psicologia_da_educacao.indb 11 26/4/2007 15:02:0126/4/2007 15:02:01
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Universidade do Sul de Santa Catarina
descrever as características das concepções 
de desenvolvimento e aprendizagem inatista, 
comportamentalista e cognitivista, relacionando-as com 
diferentes práticas pedagógicas; 
compreender o processo de inserção da Psicologia da 
Educação na realidade brasileira;
fundamentar projetos de prática de ensino com 
conhecimentos da Psicologia.
Carga horária
A carga horária total da disciplina é 60 horas-aula.
Conteúdo programático/objetivos
Veja, a seguir, as unidades que compõem o livro didático desta 
disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos 
resultados que você deverá alcançar ao fi nal de uma etapa de 
estudo. Os objetivos de cada unidade defi nem o conjunto de 
conhecimentos que você deverá possuir para o desenvolvimento 
de habilidades e competências necessárias à sua formação. 
Unidade 1 - Um pouco de história da Psicologia
Nesta unidade, você conhecerá algumas teorias da Psicologia, 
também chamadas de escolas. Você observará que estas teorias 
fazem parte da história desta ciência e apresentam implicações 
umas para as outras, sendo que algumas delas trazem conceitos 
signifi cativos até hoje para a prática pedagógica. Estas teorias são: 
o Estruturalismo, o Funcionalismo, o Behaviorismo, a Psicologia 
da Gestalt, a Psicanálise e o Humanismo. 
„
„
„
psicologia_da_educacao.indb 12psicologia_da_educacao.indb 12 26/4/2007 15:02:0226/4/2007 15:02:02
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Nome da disciplina
Unidade 2 -Primeiras interfaces entre Psicologia 
e Educação: o escolanovismo
Esta unidade trata do escolanovismo, movimento que procurou 
renovar a educação tradicional colocando o aluno numa posição 
ativa no processo de ensino e aprendizagem. Você conhecerá 
a Escola Nova por meio do estudo do pensamento de dois 
pesquisadores de grande relevância: John Dewey e Edouard 
Claparède. 
Unidade 3 - A Psicologia Cognitivista e a aprendizagem
Na Unidade 3, você conhecerá as características dos processos 
mentais e o modo como o cognitivismo os estuda. Aprenderá 
sobre duas teorias da aprendizagem consideradas cognitivistas: a 
teoria da aprendizagem signifi cativa de David Ausubel e a teoria 
cognitivista de Jerome Bruner.
Unidade 4 - Concepções de desenvolvimento e práticas pedagógicas
Esta unidade trata de concepções de desenvolvimento e de 
aprendizagem relacionadas às teorias estudadas até este momento. 
Você conhecerá as concepções inatista, comportamentalista 
e cognitivista do desenvolvimento e da aprendizagem e suas 
implicações para a prática pedagógica.
Unidade 5 - A Psicologia da Educação na realidade brasileira
Nesta unidade, serão estudados alguns marcos importantes 
da história da Psicologia da Educação no Brasil. Você terá a 
oportunidade de caracterizar diferentes formas de entender 
o fracasso escolar das crianças pobres a partir de refl exões 
produzidas pela Psicologia no Brasil e de conhecer campos de 
atuação da Psicologia na aprendizagem escolar.
psicologia_da_educacao.indb 13psicologia_da_educacao.indb 13 26/4/2007 15:02:0226/4/2007 15:02:02
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Universidade do Sul de Santa Catarina
 Agenda de atividades/ Cronograma 
Verifi que com atenção o EVA, organize-se para acessar 
periodicamente o espaço da disciplina. O sucesso nos seus 
estudos depende da priorização do tempo para a leitura; da 
realização de análises e sínteses do conteúdo e da interação 
com os seus colegas e tutor. 
„
Não perca os prazos das atividades. Registre no espaço 
a seguir as datas, com base no cronograma da disciplina 
disponibilizado no EVA.
„
Use o quadro para agendar e programar as atividades relativas 
ao desenvolvimento da disciplina.
„
psicologia_da_educacao.indb 14psicologia_da_educacao.indb 14 26/4/2007 15:02:0226/4/2007 15:02:02
15
Atividades obrigatórias 
Demais atividades (registro pessoal)
psicologia_da_educacao.indb 15psicologia_da_educacao.indb 15 26/4/2007 15:02:0226/4/2007 15:02:02
psicologia_da_educacao.indb 16psicologia_da_educacao.indb 16 26/4/2007 15:02:0226/4/2007 15:02:02
UNIDADE 1
Um pouco de história da 
Psicologia 
Objetivos de aprendizagem
„ Defi nir os principais conceitos elaborados por algumas 
escolas psicológicas que fundaram a Psicologia como 
ciência.
„ Identifi car implicações de alguns dos conceitos 
psicológicos estudados para o pensamento educacional. 
Seções de estudo
Seção 1 A “era das escolas da Psicologia”
Seção 2 Psicologia da Forma ou Gestalt
Seção 3 O Behaviorismo
Seção 4 A Psicanálise e o Humanismo
1
psicologia_da_educacao.indb 17psicologia_da_educacao.indb 17 26/4/2007 15:02:0226/4/2007 15:02:02
18
Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de conversa
Para que você dê início ao seu percurso nesta disciplina, necessita 
conhecer um pouco da história do estudo dos processos de 
desenvolvimento e de aprendizagem pela Psicologia. Estudar 
a história de uma disciplina é importante, porque os conceitos 
que a constituem não nascem “do nada”. Toda idéia tem uma 
origem. O conhecimento dessa origem pode ser um importante 
subsídio para a compreensão dos caminhos pelos quais 
seguiram as
pesquisas sobre o processo de desenvolvimento e de 
aprendizagem de crianças, adolescentes e adultos. 
Como o objetivo principal é compreender de que forma as teorias 
psicológicas geraram implicações para o que acontece dentro da 
escola, não abordaremos todas as teorias existentes, mas apenas 
as que apresentam infl uências relevantes para o pensamento 
pedagógico sobre a aprendizagem e o desenvolvimento.
Você terá contato com muitos nomes, fatos e conceitos que, 
possivelmente, lhe serão novos. Você se sente preparado para esta 
jornada? Respire fundo, concentre-se e dê o próximo passo para 
este novo desafi o!
psicologia_da_educacao.indb 18psicologia_da_educacao.indb 18 26/4/2007 15:02:0326/4/2007 15:02:03
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Psicologia da Educação I
Unidade 1
SEÇÃO 1 – A “era das escolas da Psicologia”
A subjetividade e o comportamento são objeto de produção de 
conhecimento pelo ser humano desde a antiguidade. A Filosofi a 
clássica já se preocupava com temas psicológicos como a origem 
da alma e o modo como os sujeitos se relacionam com o mundo. 
Ainda assim, foi apenas a partir do fi nal do século XIX que 
estas questões tornaram-se objeto de estudo de uma disciplina 
científi ca independente: a Psicologia. 
Ao fi nal do século XIX e durante as primeiras décadas do 
século XX, a Psicologia passou a ter o status de ciência. 
Procurou-se, assim, desenvolver propostas metodológicas para 
verifi car se as teorias sobre o funcionamento da mente e o 
comportamento dos seres humanos, existentes já na Filosofi a 
antiga, correspondiam à realidade.
Nesta época, cinco principais pontos de vista 
tornaram-se foco do trabalho dos pesquisadores em 
Psicologia: o do Estruturalismo, o do Funcionalismo, 
o do Behaviorismo, o da Psicologia da Gestalt 
e o da Psicanálise. Este período é denominado 
pelos historiadores de “era das grandes escolas da 
Psicologia”. Os partidários de cada um desses cinco 
pontos de vista aglutinavam-se em grupos coesos que 
produziam pesquisa e digladiavam entre si.
Já em meados do século XX, muitas dessas escolas 
foram perdendo a força, mantendo-se ativos até hoje 
apenas o Behaviorismo e a Psicanálise. A partir da 
segunda metade daquele século, o Humanismo de 
Carl Rogers fez-se tão forte e com tantos adeptos 
que poderia também ser visto como uma escola 
da Psicologia. Surgiu ainda neste período o 
Cognitivismo, com o estudo do processamento das 
informações pela mente humana.
Nesta unidade, conheceremos um pouco do 
que foi produzido pelos defensores de cada uma 
dessas linhas de estudo, a fi m de identifi car, na história 
das pesquisas sobre a aprendizagem e o desenvolvimento humano 
pela Psicologia, elementos que infl uenciam o pensamento 
pedagógico até a atualidade. 
A palavra Psicologia deriva 
das palavras latinas psique 
(alma) e logos (razão ou 
conhecimento). 
psicologia_da_educacao.indb 19psicologia_da_educacao.indb 19 26/4/2007 15:02:0326/4/2007 15:02:03
20
Universidade do Sul de Santa Catarina
Nesta seção, iniciaremos pelo Estruturalismo e pelo 
Funcionalismo.
Estruturalismo
O Estruturalismo de Wilhelm Wundt (1832–1920) e 
de Edward Bradford Titchener (1867-1927) não teve 
implicações pedagógicas e extinguiu-se com a morte destes 
pesquisadores, de modo que dedicaremos apenas poucas 
palavras a esta escola da Psicologia, para que você possa 
compreender a relação desta com as demais. 
É interessante que você saiba que Wilhelm Wundt fundou o 
primeiro laboratório de estudos experimentais em Psicologia, o 
que o faz fundador desta ciência.
O objetivo do Estruturalismo era descobrir tudo 
sobre a estrutura e o conteúdo da mente humana. 
Seus partidários sustentavam que cada totalidade 
psicológica compõe-se de elementos (sensações, 
imagens e sentimentos) que se encontram 
justapostos, associados entre si. 
A tarefa do pesquisador seria descobrir como são estes elementos 
e como estes conteúdos mentais se combinam. O método eleito 
para este estudo era a introspecção. Buscando especifi car 
bem as características de cada um dos processos psicológicos 
básicos, especialmente os de atenção, percepção e memória, os 
estruturalistas fundaram os primeiros laboratórios de Psicologia 
na Europa, migrando, posteriormente, para os Estados Unidos.
Funcionalismo
O Funcionalismo desenvolveu-se nos Estados Unidos. 
Os funcionalistas preocupavam-se em entender o “porquê” 
da experiência e do comportamento. Em lugar de fazer isso 
buscando os elementos componentes da mente, como faziam 
os estruturalistas, buscavam examinar as atividades da mente, 
procurando compreender como ela realiza as funções de 
adaptação à realidade. 
A introspecção deveria ser realizada 
por observadores altamente 
treinados. Estes se concentrariam 
em analisar as suas próprias 
experiências vividas no contato 
com os estímulos do ambiente, 
procurando descrever o mais 
precisamente possível as sensações 
experienciadas e analisar as relações 
existentes entre elas.
psicologia_da_educacao.indb 20psicologia_da_educacao.indb 20 26/4/2007 15:02:0326/4/2007 15:02:03
21
Psicologia da Educação I
Unidade 1
O funcionalismo preocupa-se com a utilidade 
prática das idéias e dos comportamentos para a 
sobrevivência do organismo no meio ambiente. Essa 
busca de utilidade confere aos funcionalistas um 
modo pragmatista de ver o mundo, pois, para eles, só 
tem valor estudar os processos mentais que têm um 
sentido prático.
William James, médico, fi lósofo e psicólogo, professor da 
Universidade de Harvard, pode ser considerado o fundador 
do Funcionalismo em Psicologia. Observamos o seu forte 
pragmatismo quanto este afi rma que as idéias só tem sentido se 
tiverem efeitos ou conseqüências. Para James, idéias 
que não têm nenhuma implicação prática não têm 
por que existir. 
Outra idéia que identifi camos no pensamento de 
Willian James é a de que a evolução biológica fez 
com que o ser humano desenvolvesse a capacidade 
de refl exão, que permite que este se adapte ao 
ambiente em que está inserido. O pensamento 
permite que possamos reagir aos estímulos do meio 
de modo indireto, mediado pela inteligência, e 
não apenas por meio de respostas imediatas, como 
ocorre com os animais.
Assim, James valoriza muito a capacidade que 
o homem tem de desenvolver o auto-controle 
por meio da vontade, constituindo a sua própria 
consciência pela seleção de bons hábitos. A noção 
de hábito como constituinte da personalidade é expoente no 
pensamento de James. Para ele, a personalidade é constituída de 
inclinações orgânicas e do hábito. A atividade repetida muitas 
vezes produz uma trilha no cérebro. Esta seria a base fi siológica 
do hábito. Segundo sua visão, o principal objetivo da educação 
seria contribuir para a criação de bons hábitos. Desta forma, 
James defendia a aprendizagem por repetição ou memorização. 
psicologia_da_educacao.indb 21psicologia_da_educacao.indb 21 26/4/2007 15:02:0326/4/2007 15:02:03
22
Universidade do Sul de Santa Catarina
Atualmente, acredita-se que os conteúdos aprendidos 
desta forma são apenas decorados, mas não são 
aprendidos de modo signifi cativo. 
Na unidade 2, você conhecerá o trabalho de dois importantes 
teóricos funcionalistas que desenvolveram idéias sobre como 
ocorre a aprendizagem e qual é o papel da educação para o 
desenvolvimento humano: John Dewey (1859-1952) e Edouard 
Claparède. Você verá como o funcionalismo se desenvolveu 
inclusive no Brasil, dando fundamento científi co ao ideário 
educacional escolanovista. 
SEÇÃO 2 – Psicologia da Forma ou Gestalt
A escola gestaltista da Psicologia deu grande relevo ao 
estudo sistemático do processo psicológico da percepção e 
procurou esclarecer o papel deste processo na organização da 
aprendizagem. Foi uma reação à visão associacionista, presente 
no Estruturalismo e, de outro modo, no Funcionalismo
e no 
Behaviorismo, que você conhecerá na próxima seção. 
As teorias associacionistas vêem os fenômenos 
psicológicos como resultantes da soma de pequenas 
sensações, reações, percepções, enfi m, de um 
somatório de partes que se combinam de maneira 
mecânica. 
Para os psicólogos da Gestalt, não se pode analisar os fenômenos 
mentais e comportamentais em elementos pré-determinados 
arbitrariamente, pois o todo psicológico é mais do que a soma 
de suas partes. Assim, os fenômenos psicológicos merecem ser 
compreendidos em sua totalidade. 
O conceito de Gestalt, forma ou estrutura foi expresso 
como um conjunto de coisas que se prendem, se apóiam 
e se determinam reciprocamente.[...] Gestalt signifi ca 
psicologia_da_educacao.indb 22psicologia_da_educacao.indb 22 26/4/2007 15:02:0426/4/2007 15:02:04
23
Psicologia da Educação I
Unidade 1
um padrão ou todo organizado, ao invés de uma soma 
de partes. A maneira de ser de cada parte depende da 
estrutura do conjunto e das leis que o regem (CAMPOS, 
1997, p. 32). 
A Psicologia da Gestalt é representada historicamente pelos 
pesquisadores Wertheimer, Kohler e Koff ka. Wertheimer 
pesquisou os processos de percepção visual. Ele defendeu a idéia 
de que o todo é mais do que a soma das partes nos fenômenos 
psicológicos demonstrando-a por meio de experimentos, como o 
apresentado a seguir. Veja a fi gura:
Figura 1.1 – Triângulo 
Observando esta fi gura, uma pessoa pode interpretá-la como 
um triângulo. No entanto, não há nada em cada um dos pontos 
que remeta a tal fi gura geométrica. É a relação entre os pontos, 
estabelecida pelo observador, que leva a esta percepção total.
Wolfgang Kohler (1887-1967) concentrou-se no estudo do 
desenvolvimento da inteligência e da aprendizagem. Estudou 
chimpanzés em situações de resolução de problemas práticos e, 
dos resultados obtidos com estes animais, derivou idéias sobre a 
aprendizagem humana. 
Para Kohler, não é o treino ou o hábito, como proposto pelo 
Funcionalismo de William James, nem o condicionamento, como 
proposto pelo Behaviorismo, que explica a aprendizagem, mas 
sim o fenômeno do insight. 
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Figura 1.2 - Foto de experimento de Kohler com macacos
Fonte: http://www.ufrgs.br/faced/slomp/edu01135/chimpanze3.jpg
O insight é o momento em que o campo perceptivo se reorganiza 
frente a um conhecimento novo. Neste fenômeno, o animal 
compreende as relações entre as partes da situação-problema 
que lhe é apresentada, ao dar-se conta do todo, e age em 
conformidade com as relações percebidas. 
Num de seus experimentos, Kohler colocava do lado de fora 
da gaiola de um macaco um pedaço de uma vara que podia 
ser encaixado a outro pedaço, colocado dentro da jaula. Era 
colocado ainda um cacho de bananas a uma altura inacessível 
para o macaco, além de um caixote. A tarefa do macaco era 
pegar o cacho de bananas e, para isso, ele precisaria estabelecer 
as relações certas entre os objetos disponíveis, dando-se conta da 
solução a partir destas conexões. 
Kohler percebeu que todos os elementos envolvidos na solução 
do problema necessitavam estar dentro do campo de visão do 
macaco para que ele percebesse as relações possíveis, reunindo os 
objetos do modo adequado para alcançar suas bananas. 
Deriva-se deste experimento que a forma de apresentação dos 
estímulos num campo tem grande infl uência na organização 
subseqüente. 
Será que esta idéia se relaciona com a forma de 
apresentação dos materiais didáticos ao aluno? 
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Psicologia da Educação I
Unidade 1
Nos seres humanos, o insight provoca a sensação agradável da 
descoberta repentina da solução de um problema: Eureka! 
Veja as fi guras a seguir. Cada uma destas fi guras pode ser 
percebida de mais de um modo. Mais do que os traços das 
próprias fi guras, o que determina a interpretação que será dada a 
elas é o olhar do observador.
Figura 1.3 – Idosa e jovem
Fonte: http://www.ufrgs.br/faced/slomp/edu01135/idosa-jovem2.gif
Figura 1.4 - Perfi s e taça
Fonte: http://www.ufrgs.br/faced/slomp/edu01135/perfi s-taca1.gif
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Figura 1.5 – Pato e coelho
Fonte: http://www.ufrgs.br/faced/slomp/edu01135/patocoelho1.gif
Você conseguiu ver mais de uma possibilidade 
de interpretação para cada uma das fi guras 
apresentadas? Como você se sentiu ao descobrir a 
segunda possibilidade, que você não viu logo no 
primeiro olhar? Esta é a sensação do insight. 
A Psicologia da Gestalt defende o isomorfi smo entre os 
fenômenos psíquicos e os processos cerebrais a eles subjacentes. 
Isso signifi ca que o funcionamento psicológico apresenta 
propriedades semelhantes às do funcionamento cerebral. 
Qualquer estado de consciência tem propriedades 
estruturais semelhantes no córtex. Se vemos um 
quadrado, haveria uma parte topologicamente 
igual formada de quatro lados no córtex visual 
(ENGELMANN, 1978, p.17).
Para os gestaltistas, os estímulos não atingem o córtex cerebral 
de modo isolado. Pelo contrário, o cérebro os organiza em formas 
que os inter-relacionam, sendo que a forma a ser percebida 
depende das características do cérebro em questão. 
Para a Psicologia da Gestalt, o olhar do observador é mais 
importante do que as características do estímulo. Assim, 
quando falamos em percepção ou compreensão de uma situação 
problema, haveria uma propensão do sujeito para perceber as 
fi guras ou situações desta ou daquela forma. É por isso que 
a Psicologia da Gestalt é apontada como apriorística, ou 
inatista, na medida em que características inatas do cérebro 
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Psicologia da Educação I
Unidade 1
determinariam as diferenças individuais de percepção, de 
aprendizagem e de resolução de problemas.
Você estudará mais sobre as implicações da concepção inatista da 
aprendizagem para a educação na unidade 4. 
Neste momento, cabe ressaltar que esta visão inatista 
da aprendizagem sustentada pela Psicologia da 
Gestalt enfrentou fortes oposições representadas 
pelas teorias ambientalistas e pelas teorias 
interacionistas. 
As teorias interacionistas, como a de Jean Piaget, por exemplo, 
sustentaram que o importante para que se aprenda nunca é 
somente o que é inato, quer dizer, o que nasce com o indivíduo. 
Também nunca é somente o que se encontra no ambiente, o que 
vem de fora, mas a interação de aspectos inatos e ambientais. 
Voltaremos a este assunto mais tarde. 
O Behaviorismo, por sua vez, não valoriza aspectos inatos do 
ser humano como importantes para que ocorra a aprendizagem, 
e sim os comportamentos adquiridos a partir da estimulação 
externa, isto é, a partir dos estímulos encontrados no ambiente. 
Você estudará o Behaviorismo na próxima seção.
SEÇÃO 3 - O Behaviorismo
O Behaviorismo é considerado uma teoria ambientalista. Os 
behavioristas procuram estudar os aspectos objetivos, observáveis 
e mensuráveis da atividade psicológica, deixando de lado aspectos 
subjetivos, considerados não mensuráveis. Por isso, seus 
partidários deixaram de lado o estudo da mente e voltaram-
se para o estudo do comportamento. 
O estudo do comportamento animal é parte importante 
do behaviorismo. O comportamento dos animais não 
pode ser pesquisado por introspecção, já que os animais, 
naturalmente, não podem narrar o que estão sentindo se 
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Universidade
do Sul de Santa Catarina
questionados sobre isso. Para conhecer a psicologia animal, o 
método da observação, defendido pelos behavioristas, acaba 
sendo o caminho possível. Este método foi também usado por 
estes pesquisadores para o estudo dos seres humanos.
Para conhecer esta escola da Psicologia, é interessante evidenciar 
que desde 1860 pesquisadores russos chamados de refl exologistas, 
como I. M. Sechenov (1829-1905), Ivan P. Pavlov (1849-1936) e 
Vladimir Bechterev (1857-1927), já sustentavam que o caminho 
adequado para estudar a aprendizagem era a investigação 
fi siológica dos refl exos. Destes pesquisadores, o que fi cou mais 
conhecido foi Ivan Pavlov. 
Você já ouviu falar de Pavlov?
Estudando secreções digestivas em seu laboratório, Pavlov 
observou eventos interessantes que ocorriam com a salivação dos 
cães utilizados em seus experimentos e, a partir disso, passou a 
pesquisar o que chamou de refl exos condicionados. 
Em seu experimento mais famoso, demonstrou que um estímulo 
inicialmente neutro, como o som de uma campainha, que não 
está associado à salivação dos cães, poderia passar a produzir 
esta resposta se a campainha fosse tocada juntamente com a 
apresentação do alimento por repetidas vezes. 
O processo de associação da campainha (estímulo 
- S) à salivação (resposta - R) foi denominado 
condicionamento.
John B. Watson (1878-1958) foi o principal divulgador do 
Behaviorismo. Ele entendia que, se a observação objetiva era um 
método adequado para conhecer o comportamento animal, por 
que não utilizá-la com seres humanos? 
Para Watson, o processo de condicionamento, isto é, a associação 
de um estímulo inicialmente neutro a uma resposta, por meio 
do treinamento ou repetição, era a chave para a compreensão do 
comportamento. A afi rmação a seguir é famosa, e foi feita por 
este pesquisador num de seus livros – “O Behaviorismo” (1925): 
Refl exo é o nome dado a 
comportamentos que disparam 
quando o indivíduo se encontra em 
determinadas situações. No bebê, 
por exemplo, o desconforto dispara 
o choro. Nos animais em geral, a 
presença do alimento dispara a 
salivação.
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Unidade 1
Dêem-me uma dúzia de crianças sadias e bem formadas 
e o mundo por mim especifi cado dentro do qual criá-las, 
e garanto que tomarei uma delas ao acaso e treina-la-ei 
para que se torne um especialista em qualquer tipo que 
eu escolha – médico, advogado, dentista, comerciante, 
bem como mendigo ou ladrão, - quaisquer que sejam 
seus talentos, tendências, capacidade ou vocação. (apud 
WERTHEIMER, 1989, p.154).
Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) foi o pesquisador 
behaviorista mais conhecido. Suas idéias, originadas no 
Behaviorismo clássico de Watson e nas pesquisas sobre 
condicionamento de Pavlov, aprimoraram o estudo do 
comportamento pelo Behaviorismo, e estão vivas até hoje. 
Skinner ultrapassou o condicionamento clássico, 
desenvolvendo o que chamou de condicionamento 
operante. O condicionamento clássico, como 
você pôde verifi car estudando as idéias de Pavlov 
e de Watson, diz respeito à reprodução de 
respostas naturais, como salivação ou medo, em 
situações que antes não produziam estas reações. 
A associação é feita diretamente entre estímulos 
e respostas, e nenhuma outra variável é incluída. 
No condicionamento operante, o comportamento 
do sujeito é modelado por suas conseqüências, que 
se constituem numa terceira variável, além do estímulo e da 
resposta. Você compreenderá melhor isso se entender o conceito 
de reforço. 
Reforço é tudo aquilo que aumenta a probabilidade 
de uma resposta associada anteriormente a um 
estímulo acontecer novamente. É a conseqüência 
dos comportamentos, como as recompensas, por 
exemplo, que costuma fazer com que eles se repitam. 
Quando desejamos que um organismo tenha um comportamento 
que não lhe é peculiar, começamos por reforçar o desempenho 
que se aproxime do esperado, premiando-o. Posteriormente, 
premiam-se somente respostas mais específi cas e relacionadas 
ao objetivo, deixando de lado as respostas próximas, porém não 
Figura 1.6 - Burrhus 
Frederic Skinner
Fonte: www.psychology.
uiowa.edu 
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exatas. A premiação tende a funcionar muito bem. Prêmios são 
denominados, na teoria, de reforços positivos. 
Comportamentos indesejáveis tendem a extinguir-se quando não 
são premiados ou quando a conseqüência deles se apresenta como 
um estímulo aversivo, isto é, um castigo ou punição.
No condicionamento operante de Skinner, é possível 
também reforçar um comportamento pela retirada 
de um estímulo aversivo da situação em questão. 
A retirada de estímulos aversivos é chamada de 
reforço negativo. Esta retirada também aumenta a 
probabilidade de a resposta desejada ocorrer.
Para chegar a estes conceitos, Skinner utilizou-se de 
experimentos que fi caram famosos realizados com 
ratos de laboratório num equipamento que ganhou o 
nome de Caixa de Skinner. Cada rato era colocado 
sozinho no interior da caixa, a qual era equipada com um 
bebedouro acionável pelo experimentador ou pelo próprio rato, 
na medida em que pressionasse numa pequena barra existente no 
interior do equipamento. 
Como ensinar o rato a pressionar a barra?
A estratégia era deixá-lo privado de água, isto é, com sede, 
antes da realização do experimento. Em seguida, buscava-
se treinar o rato para pressionar a barra. A água lhe era 
oferecida cada vez que este realizava comportamentos que 
se aproximavam da pressão à barra. Mais adiante, a água 
era oferecida ao rato somente se ele pressionasse a barra de 
fato. Observando as conseqüências de seus comportamentos 
anteriores, o rato passava a pressionar a barra com mais 
freqüência do que antes.
Este tipo de método, chamado de reforçamento, é muito usado 
com os alunos na educação. 
Figura 1.7 – Caixa de Skinner
Fonte: http://www.str.com.br
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Unidade 1
Aliás, dentre os behavioristas, o trabalho de Skinner é 
o que tem mais implicações educacionais. 
Sua abordagem teve profundo impacto nas tecnologias de 
ensino, especialmente no que se refere à instrução programada. 
O sujeito que se submete a este tipo de instrução vai passando por 
etapas curtas de exposição a conteúdos com grau de difi culdade 
crescente. Recebe o conteúdo, responde exercícios e verifi ca os 
resultados obtidos com suas respostas para, só então, passar à 
etapa seguinte. O resultado das respostas, positivo ou negativo, 
funciona como incentivo para continuar o estudo, isto é, um 
reforço positivo. O objetivo é levar o aluno a acumular o maior 
número possível de respostas corretas em seu “repertório”. 
É o material instrucional que orienta todo o processo de 
aprendizagem, e não o interesse ou a atividade do aluno, ou as 
características do conteúdo, entre tantas outras possibilidades. 
Os professores costumam, tradicionalmente, utilizar 
punições para modelar o comportamento dos 
sujeitos. Com a instrução programada, vai se tornando 
desnecessário utilizar estímulos aversivos ou punições 
para levar o aluno a desenvolver o comportamento 
desejado, pois ele mesmo vai modelando suas 
respostas de acordo com o que é solicitado pelo 
material instrucional. O planejamento do professor 
torna-se fundamental para o sucesso do processo de 
ensino e aprendizagem.
A instrução programada pode ser realizada por meio das 
chamadas máquinas de ensinar. Nelas, são apresentadas fi chas 
com sentenças que contêm lacunas a serem preenchidas com a 
resposta correta.
O conteúdo das fi chas pode ser apresentado 
também em programas de computador.
Em entrevista dada a uma revista brasileira, em 1974, Skinner 
defi niu sua máquina de ensinar da seguinte maneira:
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Minha “máquina de ensinar” consiste, muito 
simplesmente, em programar o material didático de 
maneira que o estudante seja recompensado pelos seus 
esforços não no fi m do curso ou de seus estudos – o que 
é causa de baixa produtividade –, mas em cada uma das 
etapas de sua aprendizagem. Isto é, ao aprender uma 
lição, o aluno não é recompensado pelos seus esforços um 
mês depois, quando recebe a nota X, mas enquanto está 
trabalhando na lição. Se um aluno pode ver a resposta 
de um problema matemático apenas quando terminou 
de resolvê-lo, ele é estimulado por vários fatores: o 
triunfo de ter resolvido o problema corretamente ou o 
descobrimento da resposta correta. Se ele fi ca esperando 
a nota do professor, que deve ter um valor punitivo, ele 
não tem verdadeiras razões positivas para se interessas 
por problemas matemáticos. É fundamental entender 
que o organismo humano, em relação com o seu 
comportamento, é reforçado pela sua capacidade de 
efetividade. (SKINNER, 1974) 
Estudando o conteúdo desta seção, você pode concluir que, para 
o Behaviorismo, a aprendizagem se refere a mudanças observáveis 
no comportamento das pessoas, causadas unilateralmente pela 
ação sobre elas do ambiente material e social. São as mudanças 
de comportamento, ou aprendizagens acumuladas, que 
correspondem ao desenvolvimento do sujeito. Assim, nesta teoria, 
aprendizagem e desenvolvimento são termos sinônimos, pois se 
referem ao mesmo processo coordenado por agentes externos ao 
sujeito, estudante ou aprendiz. 
Skinner é criticado até hoje por sua visão 
ambientalista da aprendizagem. As críticas 
tomam a proposta de Skinner de modelagem 
do comportamento como algo autoritário, 
que desconsidera o que se passa na mente do 
aprendiz, impondo a ele o desenvolvimento dos 
comportamentos socialmente valorizados. Isso 
retiraria do sujeito a sua liberdade de escolha. 
Aos críticos, num texto muito importante publicado em 1971, 
Skinner responde que a liberdade é um mito. Por causa deste 
texto e da contribuição que suas idéias deram para o ensino 
tecnicista no Brasil, Skinner fi cou associado ao posicionamento 
político de direita.
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Unidade 1
SEÇÃO 4 – A Psicanálise e o Humanismo
A Psicanálise desenvolveu-se a partir do trabalho de 
Sigmund Freud (1856-1939). Este médico propôs a 
Psicanálise, com suas técnicas de hipnose, expressão 
e associação livre de idéias pelos pacientes, como uma 
proposta terapêutica para os distúrbios emocionais, e 
também como uma via de investigação dos processos 
mentais. 
Sigmund Freud distinguiu três zonas do 
funcionamento mental: o consciente, o subconsciente 
e o inconsciente. 
No inconsciente, situam-se as representações 
inacessíveis voluntariamente. Seus conteúdos aparecem 
disfarçados nos sonhos, nos atos falhos, nos sintomas, 
mas nunca em forma pura. Os conteúdos do inconsciente estão 
relacionados ao que foi denominado por Freud de Id. 
O consciente e o subconsciente estão reunidos numa 
região psíquica denominada Ego. 
O ego administra a relação do indivíduo com o meio, 
coordenando os seus processos mentais e dando-lhe a unidade de 
uma identidade. Os conteúdos conscientes e subconscientes são 
acessíveis voluntariamente pelo sujeito. É possível para ele saber 
razoavelmente o que está pensando ou sentindo a respeito dos 
conteúdos que estão em sua consciência. 
A instância psíquica responsável pela censura gratuita aos 
conteúdos do id é o Superego. Esta instância é constituída a 
partir do moralismo e das repressões da sociedade. 
A Psicanálise preocupa-se com o funcionamento 
do inconsciente, diferentemente de outras linhas 
psicológicas que se debruçam sobre o funcionamento 
da mente tomando-a exclusivamente como 
consciência.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Freud apontou a existência de instintos inatos no ser humano 
quando do seu nascimento, que o estimulam internamente a 
buscar a satisfação de necessidades como fome, sede e liberação 
de energia sexual. Os instintos são os propulsores da dinâmica 
de desenvolvimento da personalidade. Como Freud identifi ca 
o termo “instinto” com as características animais, prefere usar 
os termos “impulso” ou “pulsão” para tratar destes estímulos 
internos quando se refere aos seres humanos. 
Devido ao funcionamento do id, os seres 
humanos estariam sempre em busca de 
satisfação para seus impulsos, pois o id ignora 
juízos de valor, a moral, o bem e o mal, sendo 
regido pelo princípio do prazer. 
O ego desempenha o papel de mediador entre 
o id e o mundo exterior, sendo regido pelo 
princípio da realidade. Toda vez que o ego se 
sente ameaçado pelas exigências de satisfação 
imediata do id, este produz a sensação de 
angústia. Tanto o id quanto o ego confl itam 
com o superego, a instância moralista que já foi citada.
Para não sucumbir à sensação de angústia provocada pela pressão 
das pulsões, o ego se utiliza de certos mecanismos de defesa, que 
acabam por constituir em grande parte a personalidade. 
São exemplos destes mecanismos: a negação, a fantasia, a 
projeção, a racionalização, a regressão, entre outros.
Procure saber mais sobre os mecanismos de defesa. 
Pesquise na internet o signifi cado de cada um destes 
termos e procure criar exemplos que os ilustrem. 
Discuta esses exemplos com seus colegas no EVA.
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Psicologia da Educação I
Unidade 1
Estágios do desenvolvimento psicossexual
Na teoria psicanalítica, o desenvolvimento da personalidade passa 
pelos seguintes estágios psicossexuais: 
Estágio oral – se estende do nascimento até o segundo 
ano de vida. Neste estágio, a estimulação da boca é a 
fonte primária de satisfação erótica;
Estágio anal – coincide com o período de treinamento 
para aprender a ir ao banheiro autonomamente e de 
desenvolvimento de competências para a higiene pessoal. 
Neste estágio as crianças derivam prazer da zona anal;
Estágio fálico – acontece por volta do quarto ano de 
idade. A satisfação erótica está relacionada à região 
genital e surge muita curiosidade em torno das diferenças 
entre os sexos e da origem dos bebês. É quando costuma 
ocorrer o chamado Complexo de Édipo, que consiste na 
identifi cação com o genitor do sexo oposto. É também 
o estágio em que se desenvolve o superego, que infl ige à 
criança vergonha e culpa;
Período de latência – ocorre dos cinco aos dez anos, 
aproximadamente. Caracteriza-se por maior interesse em 
questões intelectuais e pela sublimação do interesse por 
questões sexuais que caracterizava o estágio anterior. A 
sublimação também é um mecanismo de defesa;
Estágio genital – preparação para a formação de 
família, início dos relacionamentos amorosos e da 
heterossexualidade.
A partir desta estrutura teórica proposta por Freud, muitos 
trabalhos vêm se desenvolvendo até hoje no sentido da 
compreensão do ser humano. No campo da educação, os 
conceitos propostos por Freud são largamente utilizados para a 
compreensão e intervenção sobre as difi culdades de aprendizagem 
pela Psicopedagogia Clínica. 
„
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do Sul de Santa Catarina
A Psicopedagogia Clínica, ao inspirar-se na Psicanálise, 
entende as difi culdades de aprendizagem como 
sintomas. Como vimos, os sintomas são uma das 
formas de expressão dos conteúdos do id, conteúdos 
estes que não são conscientes e, portanto, não podem 
ser controlados pelo sujeito. 
A Psicanálise também é acionada para a compreensão das 
questões subjetivas que envolvem o relacionamento 
professor-aluno. O conceito de transferência, tomado da 
psicoterapia psicanalítica, costuma ser utilizado para 
tratar desta relação. A transferência é entendida como 
uma repetição pelo sujeito, em suas relações atuais, de 
modalidades de relacionamento vividas por ele com outras 
fi guras signifi cativas e outros espaços. Pelo processo de 
transferência, relações infantis carregadas de afetividade podem 
ser revividas no relacionamento com outras pessoas, mesmo 
muito tempo depois, ou num contexto completamente diferente. 
Assim, um professor pode ser um suporte dos 
investimentos de seu aluno, porque é objeto de uma 
transferência. Então, mais além da fi gura pessoal do 
professor, o educador vai representar, para o aluno, uma 
função, substituindo, nesse momento, as fi guras parentais 
e/ou pessoas que lhe foram importantes, representando 
então esse lugar de ‘saber’, de idealização, de poder 
(NUNES, 2004. p.12). 
O professor que conhece o conceito de transferência pode 
compreender atitudes agressivas ou despropositadamente 
amorosas que partam de um aluno para com ele. Nem sempre 
essas atitudes são realmente pessoais para com o professor, mas 
sim correspondentes a um estilo de relacionamento que o aluno 
está repetindo, resgatado de relações passadas, vividas em outros 
espaços ou ainda que o aluno gostaria de viver e não consegue 
na relação com outras pessoas. Desta forma, seus desejos 
inconscientes acabam por projetar-se na fi gura do professor. É 
interessante lembrar ainda que tal processo também pode se dar 
da parte do professor em relação ao aluno.
 
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Unidade 1
A Psicanálise é uma abordagem muito interessante 
da subjetividade, com diversas implicações ainda 
não exploradas. Desde a década de 1950, no entanto, 
enfrenta a oposição do Humanismo. 
O Humanismo surgiu como uma reação, tanto ao Behaviorismo, 
quanto à Psicanálise. A Psicologia humanista concentra-se 
no conceito de pessoa, e não no de comportamento, como o 
Behaviorismo, e enfatiza a liberdade, em oposição ao controle. 
O Humanismo rejeita a Psicanálise pela ênfase 
excessiva que dá ao inconsciente. 
Acredita que as pessoas são seres 
conscientes, capazes de dirigir a própria 
vida. Enfatiza a espontaneidade e o 
poder criador do ser humano.
O mais famoso representante deste 
movimento é Carl Rogers. Para 
ele, o principal fator promotor do 
desenvolvimento da personalidade é 
uma tendência inata dos seres humanos 
para a auto-realização. As pessoas que 
vivem todo o seu potencial são aquelas que vivem plenamente 
cada momento, deixando-se guiar por seus próprios instintos, 
em lugar de levar em consideração opiniões alheias. São 
pessoas de pensamento livre e alta criatividade. 
O pensamento de Carl Rogers infl uenciou a educação centrada 
no aluno e espontaneísta, sendo mais uma contribuição da 
Psicologia à busca por uma escola renovada. 
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Atividades de auto-avaliação
Efetue as atividades de auto-avaliação e, a seguir, acompanhe as 
respostas e comentários. Para melhor aproveitamento do seu estudo, 
confi ra suas respostas somente depois de fazer as atividades propostas.
1) Verifi que se você captou os conceitos apresentados na descrição das 
diferentes teorias psicológicas. Que tal sistematizar o seu conhecimento 
com a ajuda do quadro a seguir? 
ESCOLA OU TEORIA PALAVRAS-CHAVE
ESTRUTURALISMO
FUNCIONALISMO
PSICOLOGIA DA FORMA/GESTALT
BEHAVIORISMO
PSICANÁLISE
HUMANISMO
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Psicologia da Educação I
Unidade 1
2) Caracterize e diferencie os conceitos de condicionamento clássico e de 
condicionamento operante, que compõem as teorias behavioristas.
3) Relacione dois motivos que podem justifi car o fato de a Psicologia da 
Gestalt ser considerada uma teoria inatista.
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4) Pesquise no livro didático e responda: quais são as formas pelas quais 
os conteúdos do inconsciente dos sujeitos se manifestam, de acordo 
com a Psicanálise? Cite exemplos de cada uma destas formas.
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Psicologia da Educação I
Unidade 1
Síntese
Nesta unidade, você estudou os principais conceitos de 
importantes teorias que fazem parte da história da Psicologia: 
Estruturalismo, Funcionalismo, Psicologia da Gestalt, 
Behaviorismo e Psicanálise. O Estruturalismo pensou a 
mente humana como uma estrutura composta por elementos 
associados, e procurou estudar cada um destes elementos por 
meio do método de introspecção. Seu principal representante é 
considerado o fundador da Psicologia científi ca: Wilhelm Wundt. 
O Funcionalismo, em lugar de defi nir a estrutura da mente, 
preocupa-se com o seu funcionamento em situações reais de 
adaptação do sujeito ao ambiente. Seu principal representante é 
William James. A Psicologia da Gestalt é considerada uma teoria 
inatista da aprendizagem, pois valoriza a idéia de que a percepção 
do sujeito sobre as coisas se baseia em modelos já existentes em 
sua mente a priori. O Behaviorismo é oposto à Psicologia da 
Gestalt e valoriza a ação modeladora dos estímulos existentes no 
meio sobre o comportamento do sujeito. Das escolas psicológicas 
estudadas nesta unidade, é a que tem mais implicações para a 
prática pedagógica até hoje. A Psicanálise tem como “pai” o 
famosíssimo Sigmund Freud. Suas idéias são muito utilizadas 
na compreensão da personalidade e na clínica psicológica, 
mas também têm implicações educacionais, especialmente na 
compreensão da relação professor-aluno e no entendimento 
das difi culdades de aprendizagem. O Humanismo se opõe à 
Psicanálise e ao Behaviorismo, pois valoriza a consciência da 
pessoa como motor de sua existência, e não o inconsciente ou os 
estímulos do ambiente apenas.
psicologia_da_educacao.indb 41psicologia_da_educacao.indb 41 26/4/2007 15:02:1226/4/2007 15:02:12
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Saiba mais
Existem diversos sites na internet com informações interessantes 
sobre as escolas psicológicas. Para saber mais, consulte os links 
relacionados em http://www.ufrgs.br/faced/slomp/psico.htm.
psicologia_da_educacao.indb 42psicologia_da_educacao.indb 42 26/4/2007 15:02:1226/4/2007 15:02:12
UNIDADE 2
Primeiras interfaces entre 
Psicologia e Educação: o 
escolanovismo
Objetivos de aprendizagem
„ Caracterizar a proposta de escola democrática de John 
Dewey e a visão organicista do desenvolvimento de 
Edouard Claparède e identifi car as infl uências destas 
propostas na realidade escolar.
Seções de estudo
Seção 1 A escola democrática de John Dewey
Seção 2 A educação funcional de Edouard 
Claparède
2
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
Na primeira unidade, você estudou diversas teorias psicológicas
que buscaram compreender a mente e o comportamento do ser 
humano, sua personalidade, seu desenvolvimento e suas formas 
de interação com os outros. Nesta unidade, discutiremos as 
primeiras relações mais signifi cativas estabelecidas entre a 
Psicologia e a Educação no ensino escolar, que ocorreram 
com o movimento da Escola Nova. Este movimento foi 
fundamental para a constituição da Psicologia da Educação 
como campo de estudo. 
Entre os marcos históricos que ajudaram a determinar o percurso 
da Psicologia da Educação, identifi camos, numa fase inicial, os 
pensadores da Escola Nova. Eles buscaram renovar a educação 
num tempo em que a aprendizagem escolar era vista como 
a capacidade de repetir e memorizar conteúdos acadêmicos 
geralmente distantes da experiência de vida das crianças. O 
bom professor era aquele que dominava os conteúdos, e o bom 
aluno era aquele que os decorava. O movimento da Escola Nova 
defendeu que o ensino deveria tomar como ponto de partida 
a ação do aluno. A educação deveria oportunizar às crianças 
condições de experimentar, produzir, fazer, manipular e refl etir 
sobre os resultados obtidos.
John Dewey e Edouard Claparède foram importantes expoentes 
do pensamento escolanovista na Psicologia da Educação. 
Dedicaremos esta unidade ao aprofundamento dos seus 
conhecimentos sobre as idéias destes pesquisadores. Neste estudo, 
você perceberá que, apesar de ambos teóricos serem identifi cados 
com o movimento da Escola Nova, existem algumas diferenças 
em seus modos de compreender o desenvolvimento humano e o 
papel da educação.
Que tal conhecer um pouco mais sobre as idéias 
destes pesquisadores?
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Psicologia da Educação I
Unidade 2
SEÇÃO 1 – A escola democrática de John Dewey 
John Dewey (1859-1952), fi lósofo, educador e participante da 
vertente funcionalista da Psicologia, cunhou uma proposta 
de como deveria funcionar uma escola que rompesse com os 
métodos de ensino tradicionais e educasse para a democracia. Seu 
trabalho nos Estados Unidos repercutiu no mundo todo e tem, 
até hoje, implicações para o pensamento pedagógico.
A noção de movimento é central no pensamento de Dewey. Para 
ele, a sociedade está em constante transformação. 
Para Dewey, a Filosofi a não deve pretender se colocar como 
o “farol da sabedoria”, impondo dogmas imutáveis e verdades 
absolutas que conduzam a humanidade. Pelo contrário, a 
Filosofi a deve se colocar sempre na transitoriedade em que se 
encontra a realidade, norteando a busca dos homens para soluções 
para os problemas vividos em sua experiência cotidiana. O ponto 
de vista de Dewey confere um caráter essencialmente pragmático 
e instrumental à Filosofi a.
Para os seguidores de Dewey, aceitar a mudança, a 
transitoriedade, a alteração das coisas signifi cava colocar a 
produção de conhecimento à disposição do bem-estar coletivo. A 
busca do modo de vida cooperativo em benefício de todos era o 
que daria signifi cado à democracia. 
A educação proposta por Dewey tinha como princípios a 
iniciativa, a originalidade e a cooperação. Deveria liberar as 
potencialidades dos indivíduos rumo a uma ordem social que, 
por sua vez, deveria ser progressivamente aperfeiçoada (mas não 
totalmente transformada). Seria um processo de reconstrução 
da experiência da realidade, para torná-la melhor, e 
um processo de melhoria permanente da efi ciência 
individual segundo os próprios interesses. 
Além disso, a proposta de John Dewey pode se 
caracterizar ainda pelas seguintes oposições:
À imposição de cima para baixo, opõe-se a expressão e 
cultivo da individualidade; 
à disciplina externa, opõe-se a atividade livre; 
É interessante perceber 
que a difusão do tema 
transformação constante 
da realidade, que assumiu 
posição de centralidade 
no discurso pedagógico 
nessa primeira metade 
do século XX, estava 
relacionada à necessidade 
de aceitação das 
mudanças tecnológicas 
e das mudanças sociais 
atreladas ao processo 
de modernização e 
industrialização. Era 
necessário que as pessoas 
estivessem dispostas a 
viver com otimismo essas 
mudanças. 
 
psicologia_da_educacao.indb 45psicologia_da_educacao.indb 45 26/4/2007 15:02:1326/4/2007 15:02:13
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Universidade do Sul de Santa Catarina
a aprender por livros e professores, aprender por 
experiência; 
à aquisição por exercício e treino de habilidades técnicas 
isoladas, a sua aquisição como meios de atingir fi ns que 
respondam a apelos diretos e vitais do aluno; 
à preparação para um futuro mais ou menos remoto 
opõe-se aproveitar ao máximo as oportunidades do 
presente; 
a fi ns e conhecimentos estáticos opõe-se a tomada de 
contato com o mundo em mudança. (DEWEY apud 
GADOTTI, 1999, p.150.) 
Para Dewey (apud GADOTTI, 1999), o ato de pensar ocorre 
sempre que estamos diante de um problema. Nesta situação, o 
pensamento passa por cinco estágios:
1) uma necessidade sentida que coloque o sujeito numa 
situação de experiência real e atividade contínua que o 
interesse por si mesmo;
2) a análise da difi culdade do problema por meio do 
pensamento;
3) as alternativas de solução do problema – neste momento 
é necessário buscar informações para agir na situação, 
fazendo as observações necessárias para este fi m;
4) a experimentação de várias soluções, desenvolvendo-as 
de modo bem ordenado até que o teste mental aprove 
uma delas;
5) a ação como prova fi nal para a solução proposta, que 
deve ser verifi cada de maneira científi ca. Pondo à prova 
as próprias idéias, aplicando-as e tornando clara sua 
signifi cação, o sujeito descobre por si mesmo o valor das 
soluções desenvolvidas.
A vida real e as experiências que nela vivemos estão repletas 
de problemas a serem resolvidos. A educação proposta por 
Dewey deveria se aproximar da realidade e defrontar-se com os 
problemas que os homens nela encontram, desencadeando o ato 
de pensar na busca de soluções. 
psicologia_da_educacao.indb 46psicologia_da_educacao.indb 46 26/4/2007 15:02:1426/4/2007 15:02:14
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Psicologia da Educação I
Unidade 2
No funcionalismo de John Dewey, “o ensino não é uma tarefa 
do acaso ou da rotina, e deve-se considerá-lo uma atividade 
consciente, intencional, com método e processo defi nidos” 
(CARVALHO, 2002, p.53). O professor e o conteúdo, nesta 
perspectiva, assumem grande importância para a formação 
mental e moral da criança, pois o pensamento depende de fontes 
informativas e de alguém que as organize adequadamente, sem 
oferecer soluções prontas para os problemas, pois o aspecto ativo 
de aprendizagem não pode ser esquecido. 
Carvalho (2002, p.53) mostra que a escola de John Dewey teria 
três funções: 
a) proporcionar um ambiente simplifi cado, selecionando 
experiências úteis e estabelecendo uma progressão, com 
o objetivo de conduzir os alunos à compreensão real das 
coisas mais complexas;
b) eliminar os aspectos desvantajosos do meio ambiente 
que exercem infl uência sobre os hábitos mentais;
c) coordenar, na vida mental de cada indivíduo, as 
diversas infl uências dos vários meios sociais em que vive. 
Ao partir da idéia de que o conhecimento verdadeiro a ser 
aprendido é o que funciona como solução na vida prática, 
Dewey traz uma concepção utilitária da educação. “À escola é 
atribuído um papel fundamental de selecionar as experiências 
úteis realizadas pela humanidade para construir os conteúdos 
cognitivos necessários a uma sociedade futura mais perfeita, uma 
sociedade democrática” (CARVALHO, 2002, p.53). 
A cooperação na resolução de problemas práticos 
no contexto escolar ensinaria sobre a convivência 
democrática, sem questionar as desigualdades sociais, 
naturalizando-as. A busca de soluções contribuiria 
tanto para a formação dos alunos quanto para 
o desenvolvimento da sociedade.
Assim, Dewey 
traduzia para o campo da educação a ideologia liberal 
dos Estados Unidos.
William Kilpatrick (1871-1965) foi um dos principais discípulos 
de John Dewey. Ele desenvolveu o “método dos projetos”, que era 
centrado na atividade prática dos alunos, de preferência manual. 
psicologia_da_educacao.indb 47psicologia_da_educacao.indb 47 26/4/2007 15:02:1426/4/2007 15:02:14
48
Universidade do Sul de Santa Catarina
Os projetos poderiam ser: manuais, como a produção 
de uma maquete; de descoberta, como a realização 
de um passeio; de competição, como um jogo; de 
comunicação, como contar uma história; entre outros. 
As etapas de execução do projeto envolveriam a determinação 
do objetivo, a preparação do projeto, a execução e a 
apreciação do resultado. Os projetos poderiam envolver a 
produção de algo, a aprendizagem sobre como utilizar algo 
que já foi produzido, a resolução de algum problema ou o 
aperfeiçoamento de alguma técnica. 
De preferência, o projeto deveria ser realizado num ambiente 
natural, próximo da situação real em que a prática em questão 
ocorre na sociedade.
SEÇÃO 2 - A educação funcional de Edouard Claparède
O médico Edouard Claparède (1873-1940) nasceu em Genebra, 
na Suíça. Em 1912, fundou o Instituto Jean-Jacques Rousseau 
nesta cidade. Esta instituição voltava-se para o desenvolvimento 
de estudos na área da Psicologia Infantil e suas aplicações na 
educação. Da mesma forma que John Dewey fez nos Estados 
Unidos, Edouard Claparède procurou defender uma nova escola, 
diferente da tradicional, no contexto europeu. 
Enquanto Dewey ingressou nas questões educacionais por meio 
da Filosofi a, Claparède o fez por meio de estudos em biologia, o 
que faz diferença na constituição de seus pontos de vista. 
Claparède defendia que se conhecessem as características 
“naturais” da criança, por meio da pesquisa experimental 
psicológica, numa visão claramente organicista, e via a Psicologia 
como a única ciência que poderia de fato trazer informações úteis 
para o direcionamento da educação. 
 Jean Piaget veio a ser chefe de 
trabalhos deste instituto a convite 
de Edouard Claparède e lá realizou a 
maior parte de suas pesquisas.
psicologia_da_educacao.indb 48psicologia_da_educacao.indb 48 26/4/2007 15:02:1526/4/2007 15:02:15
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Psicologia da Educação I
Unidade 2
A educação deveria adaptar-se às aptidões naturais do aluno e 
estimular seus interesses para a busca de resolução de problemas 
da vida prática nos conteúdos escolares. Nessa perspectiva, o 
interesse do sujeito tem muito mais peso do que os conteúdos 
escolares em si, ainda que estes sejam organizados a partir dos 
problemas que a vida coloca.
Para Claparède, assim como para os demais 
representantes do movimento da Escola Nova, o 
desenvolvimento de cada ser humano e de toda 
a espécie signifi ca uma luta ou uma procura pela 
conservação da vida, o que ocorre pela interação com 
o ambiente. 
A vida corresponde a um processo de adaptação contínuo, 
guiado pela lógica da utilidade e da efi ciência. O pensamento 
seria uma atividade biológica a serviço do organismo humano, 
que ocorre para confrontar situações com as quais não se pode 
lidar por meio de comportamento aprendido, automático, ou 
simples refl exo característico dos animais. Quando a pessoa se 
defronta com uma situação nova, a tensão resultante a leva a 
proceder por tentativa e erro, refi nando a experimentação da 
situação. Este processo seria o pensamento. 
Se a infância tem uma signifi cação biológica, é necessário 
estudar as manifestações naturais das crianças e ajustar a 
ação educativa a elas. Os métodos e os programas devem 
girar em torno das crianças, e não as crianças girarem em 
torno de um programa. 
De acordo com Claparède, a atividade educacional deveria 
ser individualizada, correspondendo sempre à função vital do 
homem, à expressão natural de sua atividade e desenvolvimento. 
A escola deve estimular a independência intelectual da criança, 
fazendo-a atuar sobre o que aprende, diferentemente da postura 
passiva exigida do aluno na educação tradicional.
Claparède acusou a escola de não saber tirar o máximo 
rendimento das inteligências, desperdiçando o capital intelectual 
das nações, num contexto em que o investimento em educação 
vinha sendo alto na Europa. 
psicologia_da_educacao.indb 49psicologia_da_educacao.indb 49 26/4/2007 15:02:1526/4/2007 15:02:15
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Valorizava os testes de inteligência e o diagnóstico psicológico 
como meios para conhecer as aptidões naturais dos sujeitos e 
direcioná-los para uma educação mais adequada. 
Para ele, as melhores inteligências seriam pouco desenvolvidas 
na escola por se verem obrigadas a adaptarem-se ao ritmo do 
grande número de alunos medianos. Recomendava a criação 
de classes diferentes para os estudantes mais inteligentes e 
para aqueles com maior difi culdade de aprendizado. Assim, 
os estudantes que se revelassem mais aptos poderiam ser 
submetidos a exigências maiores em classes constituídas apenas 
de bons alunos.
Ao defender uma escola sob medida, Claparède dizia que, na 
impossibilidade de haver uma escola para cada criança ou para 
cada tipo de inteligência, o sistema mais próximo disso seria o 
que permitisse a cada aluno reagrupar o mais livremente possível 
os elementos favoráveis ao desenvolvimento de suas condutas 
pessoais. Para isso, pregava a redução do currículo obrigatório a 
conteúdos sufi cientes para a transmissão de um conhecimento 
que constituísse uma espécie de legado espiritual de uma mesma 
geração, deixando a maior parte do período letivo para atividades 
escolhidas pelo próprio aluno. 
Propôs ainda que um mesmo aluno pudesse 
acompanhar diferentes disciplinas em ritmos 
diferentes, mais acelerados ou mais lentos, de acordo 
com suas aptidões.
Outra contribuição importante de Claparède é a defesa que fez 
da atividade pedagógica como atividade lúdica. O jogo é uma 
das principais necessidades da criança. Por isso, serviria como um 
meio para despertar o seu interesse pelo conhecimento escolar. 
Assim, seja qual for a atividade que se queira realizar na sala 
de aula, deve-se encontrar um meio de apresentá-la como um 
jogo, partindo da necessidade da criança de brincar. Conforme 
a criança cresce, a idéia de jogo vai sendo substituída pela de 
trabalho, seu complemento natural.
A necessidade é o que movimenta os indivíduos. Toda atividade 
desenvolvida pela criança é sempre suscitada por uma necessidade 
a ser satisfeita e pela qual ela está disposta a mobilizar energias. 
psicologia_da_educacao.indb 50psicologia_da_educacao.indb 50 26/4/2007 15:02:1526/4/2007 15:02:15
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Psicologia da Educação I
Unidade 2
É isso que se pode notar em todo lugar e sempre, exceto, é 
verdade, nas escolas, porque estas estão fora da vida, dizia 
Claparède. 
Para fazer um indivíduo agir devemos colocá-lo nas condições 
próprias ao aparecimento da necessidade, em que ação que 
se deseja despertar tem a função de satisfazer. Cabe então 
ao professor colocar o aluno na situação adequada para que 
seu interesse seja despertado e permitir que ele adquira o 
conhecimento que vá ao encontro do que procura. Desta forma, 
está se aproximando à escola da vida. 
O educador, segundo Claparède (apud CARVALHO, 2002, 
p.55):
Em vez de tornar-se um plasmador de espíritos, tornar-
se-á um estimulador de interesses; em vez de fi car 
no meio do palco (onde muitas vezes pontifi ca, sem 
outros resultados tangíveis, a não ser a satisfação de 
suas tendências autoritárias), deverá, daí em diante, 
permanecer nos bastidores, de onde disporá e organizará 
o meio da maneira mais favorável ao despertar das 
necessidades intelectuais e sociais da criança.
A escola, assim, deve ser ativa, um laboratório e não um 
auditório. E, se o interesse
é o motor da educação, são 
desnecessários castigos ou recompensas, bastando a adequação 
entre o que se há de fazer e o sujeito que faz. Deste modo a 
disciplina vem de dentro do sujeito, e não de fora dele.
psicologia_da_educacao.indb 51psicologia_da_educacao.indb 51 26/4/2007 15:02:1626/4/2007 15:02:16
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Atividades de auto-avaliação
Efetue as atividades de auto-avaliação e, a seguir, acompanhe as 
respostas e comentários. Para melhor aproveitamento do seu estudo, 
confi ra suas respostas somente depois de fazer as atividades propostas.
1) Para Claparède, os conceitos de necessidade e de interesse aparecem 
relacionados no contexto da prática pedagógica. Defi na e estabeleça 
relações entre estes conceitos, procurando ser fi el ao pensamento do 
pesquisador.
2) Você estudou o funcionalismo na seção 1. Explique por que Edouard 
Claparède e John Dewey são tidos como funcionalistas.
psicologia_da_educacao.indb 52psicologia_da_educacao.indb 52 26/4/2007 15:02:1626/4/2007 15:02:16
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Psicologia da Educação I
Unidade 2
3) Existem diferenças sutis entre o ponto de vista de John Dewey e o de 
Edouard Claparède sobre o papel da educação e do trabalho docente 
para o desenvolvimento humano. Você identifi cou essas diferenças? 
Procure caracterizá-las, indo além do exposto na síntese da unidade. 
psicologia_da_educacao.indb 53psicologia_da_educacao.indb 53 26/4/2007 15:02:1726/4/2007 15:02:17
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Síntese
Nesta unidade, você conheceu o pensamento de dois 
representantes da escola nova: John Dewey e Edouard Claparède. 
Embora ambos tenham uma visão do desenvolvimento e da 
aprendizagem caracterizada pelo funcionalismo, pois preocupam-
se com a adaptação do sujeito ao ambiente em que vive, 
naturalizando este ambiente, Dewey tem um olhar mais aguçado 
para o papel do ensino sobre o desenvolvimento. Edouard 
Claparède, por outro lado, enfatiza mais o processo natural de 
desenvolvimento humano, valorizando uma educação que não 
interfi ra muito no processo de desenvolvimento – educação esta 
que poderia ser interpretada como espontaneísta.
Saiba mais
Para saber mais sobre o pensamento escolanovista, sobre John 
Dewey e sobre Edouard Claparède, leia o livro de Moacir 
Gadotti denominado História das Idéias Pedagógicas. É uma 
sugestão interessante. Ele traz um capítulo específi co deste 
assunto. Você encontra a referência completa ao fi nal do livro 
didático.
psicologia_da_educacao.indb 54psicologia_da_educacao.indb 54 26/4/2007 15:02:1726/4/2007 15:02:17
UNIDADE 3
A Psicologia Cognitivista e a 
aprendizagem
Objetivos de aprendizagem
„ Descrever os principais conceitos de algumas teorias 
psicológicas consideradas cognitivistas, identifi cando 
suas implicações para a prática pedagógica.
Seções de estudo
Seção 1 Os processos mentais
Seção 2 A teoria da aprendizagem signifi cativa de 
David Ausubel
Seção 3 A teoria cognitivista de Jerome Bruner
3
psicologia_da_educacao.indb 55psicologia_da_educacao.indb 55 26/4/2007 15:02:1726/4/2007 15:02:17
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
A Psicologia Cognitivista é um dos mais recentes ramos 
da investigação da mente e do comportamento humano. 
Desenvolveu-se como uma área separada desde os fi ns dos anos 
1950 e princípios dos anos 1960. O pesquisador americano 
Ulrich Neisser, nascido em 1928, foi um importante expoente 
desta linha da Psicologia. 
O Cognitivismo estuda os processos de processamento da 
informação e de organização do conhecimento pelo ser 
humano. Busca compreender os diferentes estilos de pensamento 
e estilos de aprendizagem. 
As investigações dos cognitivistas se baseiam na análise do 
funcionamento dos processos psicológicos cognitivos. Nesta 
unidade, vamos conhecer um pouco mais sobre cada um destes 
processos, que também são chamados de processos mentais. Você 
sabe o que são processos mentais? Se não sabe, corra para a Seção 
1 desta unidade, pois você vai descobrir! 
psicologia_da_educacao.indb 56psicologia_da_educacao.indb 56 26/4/2007 15:02:1726/4/2007 15:02:17
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Psicologia da Educação I
Unidade 3
SEÇÃO 1 – Os processos mentais
De certa forma, mesmo que nunca tenha ouvido falar deste 
termo, você sabe o que são processos mentais. Você sabe porque 
você os vive e, muitas vezes, refl ete sobre o seu funcionamento 
em seu cotidiano.
Quando dizemos para nós mesmos: “Hum, minha memória não 
anda boa! Esqueci de buscar meu fi lho na escola!” ou “Puxa, 
não posso me distrair, este assunto é importante! Vou concentrar 
minha atenção na leitura desta seção deste livro!”, estamos 
falando de nossos próprios processos mentais.
No Cognitivismo, os processos mentais são comparáveis aos 
softwares executados num computador que, neste caso, seria o 
cérebro. Os processos mentais são responsáveis pelo conjunto 
de competências cognitivas que diferenciam o ser humano dos 
outros animais. As capacidades cognitivas permitem que os 
humanos acessem e conheçam as características da realidade que 
os cerca, obtendo, armazenando e utilizando, de modo mais ou 
menos inteligente, a informação sobre esta realidade. 
São os processos mentais que, combinados e desenvolvidos 
de modo singular em cada ser humano, nos tornam capazes 
de resolver problemas de lógica, de lembrar de nossos entes 
queridos e de nossa história pregressa, de perceber diferenças 
sutis entre dois aromas ou dois padrões de cores. Entre 
estes processos, estão a atenção, a percepção, a memória, o 
pensamento, a linguagem e a imaginação.
O controle consciente do funcionamento de nossos próprios 
processos mentais e a refl exão sobre eles é chamada de 
metacognição. A capacidade de metacognição é fundamental 
para que o sujeito seja capaz de resolver os problemas que se 
apresentam a ele na realidade, e para realizar muitas das tarefas 
que se impõem no cotidiano. 
A atenção é um processo mental de grande importância para 
a aquisição de conhecimento. É este processo que confere ao 
sujeito a capacidade de concentrar o esforço mental num estímulo 
específi co, deixando de lado outros estímulos que não merecem 
ser considerados para a realização da tarefa em questão. Estes 
estímulos desconsiderados costumam permanecer como um 
psicologia_da_educacao.indb 57psicologia_da_educacao.indb 57 26/4/2007 15:02:1726/4/2007 15:02:17
58
Universidade do Sul de Santa Catarina
“pano de fundo”. Os psicólogos da Gestalt, que você estudou 
nesta disciplina, foram precursores do Cognitivismo e estudaram 
a fundo os processos mentais de atenção e de percepção. 
Os pesquisadores cognitivistas buscam compreender 
que fatores infl uenciam na concentração dos sujeitos. 
O tempo de concentração possível em cada fase 
da vida e em diferentes situações é um dos fatores 
pesquisados. As crianças da educação infantil, 
por exemplo, podem concentrar a atenção num 
determinado estímulo por menos tempo do que as 
crianças que já freqüentam o último ano das séries 
iniciais. A motivação para aprender sobre o estímulo, 
no entanto, faz diferença para a defi nição do tempo 
de concentração. 
A memória é outro processo mental, responsável por armazenar 
e recuperar no momento certo as nossas representações das 
experiências vividas ou transmitidas por outras pessoas. Isso 
pode acontecer de diferentes maneiras, por muito ou pouco 
tempo, o que depende da relevância da informação, do contexto 
em que foi aprendida, do signifi cado atribuído à informação, 
entre outros fatores. 
Os estudos dos cognitivistas sobre o processo mental 
da memória chegaram à formulação de diferentes 
conceitos: memória de curto e de longo prazo, 
memória episódica, memória semântica, memória 
autobiográfi ca, entre outros. 
O processo mental de

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