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MERITÍSSIMO JUÍZO DE DIREITO DA __ VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES 
DA COMARCA DE MONTE SANTO DE MINAS, ESTADO DE MINAS GERAIS. 
 
 
 
Processo n° 
 
 
 
PAOLO, (nacionalidade), (estado civil), empresário, portador do (RG n°) e inscrito no 
(CPF n°), residente e domiciliado (Endereço Completo), na cidade de São Paulo, estado de São 
Paulo, com endereço eletrônico (E-mail), vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, 
por seu advogado que esta subscreve (procuração anexa), apresentar CONTESTAÇÃO, com 
fundamento nos Artigos 335 e 336, ambos do Código de Processo Civil, em face da AÇÃO DE 
ALIMENTOS movida por José Carlos, já qualificado, pelas razões de fato e de direito a seguir 
aduzidas. 
 
I - SÍNTESE DA INICIAL 
 
O AUTOR ajuizou ação de alimentos combinado com pedido de tutela provisória de 
urgência antecipada para fixação de alimentos provisórios em face do CONTESTANTE, tendo 
em vista o grau de parentesco entre eles. 
Desenvolve na inicial, que o AUTOR estar passando por extrema dificuldade financeira, 
situação decorrente da imensa tristeza cometida após o falecimento de sua esposa. Assim, não 
conta com meios próprios para manter a sua dignidade, bem como a sua sobrevivência. 
Portanto, postula na referida ação, que o CONTESTANTE possui condições de manter a 
sobrevivência do AUTOR, arcando com pagamento no valor de R$_____ (valor por extenso) 
mensais. 
Ocorre que, não reflete tal situação a realidade dos fatos que passa a contestar. 
 
II - DOS FATOS 
 
O CONTESTANTE conforme já mencionado nos autos é filho do AUTOR, ou seja, existe 
o parentesco entre eles. Todavia, o que deve ficar claro, é que durante a sua vida jamais prestou o 
exercício de paternidade, ou seja, nunca supriu com as suas obrigações de um pai, sendo algumas 
delas: afetividade; convivência com o filho; participação em sua educação; relação de confiança; 
e, dentre outras. Vejamos que todas essas atribuições citadas são condições mínimas esperadas de 
um pai. 
No entanto, o AUTOR abriu mão de exercer esse papel considerado constitucional, sendo 
que, o entregou para sua irmã para que a mesma criasse e zelasse pelos cuidados da criança e 
jamais procurou notícias sobre o filho. 
 
III - DO DIREITO 
 
3.1. DA IMPOSSIBILIDADE DE PRESTAR ALIMENTOS. 
É de conhecimento comum que, no momento da fixação dos alimentos será 
observado o biônimo necessidade e possibilidade, ou seja, ao fixar a verba alimentar deve 
respeitar a proporcionalidade entre as necessidades de quem reclama o sustento e as 
possibilidades de quem vai arcar com a obrigação. 
Neste sentido, o Código Civil em seu Artigo 1.694, § 1°, assegura que os 
alimentos serão fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa 
obrigada. 
Ademais, o Artigo 1.695 do mesmo dispositivo legal, diz “que são devidos os 
alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, 
à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do 
necessário ao seu sustento.”. 
Assim, verifica-se, que somente a necessidade dos alimentos não é suficiente para 
configurar o dever de alimentar, precisando que exista a relação de possibilidade de quem fornece 
de fornecê-lo sem que haja prejuízo do necessário de seu sustento mínimo. 
Nesse sentido, ao contrário do que é alegado na inicial, o CONTESTANTE não é 
proprietário de uma rede de supermercados, mas sim, de uma mercearia que, mantem junto com a 
sua família, local de onde atribuem a sua fonte digna de sobrevivência. 
Ocorre que, o CONTESTANTE vem enfrentando problemas financeiros, os quais 
fazem relutar em manter o seu negócio em contínuo funcionamento, problemas esses, ocasionados 
pela pandemia vivida em nosso país, a qual foi decorrente do vírus SARS-CoV-2 (Covid-19). 
Sendo assim, o CONSTESTANTE ficou obrigado a investir em equipamentos de segurança e 
adotar protocolos que inibissem a possibilidade de contágio de sua família, bem como de seus 
clientes, situação essa, que prejudicou drasticamente em seu lucro. 
Portanto, no caso de Vossa Excelência entender pela procedência da presente ação, 
afetaria sobremaneira o sustento do CONSTESTANTE e de sua família, colocando-os à margem 
da pobreza. 
Posto que ausente a capacidade de fornecer os alimentos, condição sine qua non, 
requer-se a improcedência da presente ação. 
 
3.2. DO PODER FAMILIAR E A SUA RECIPROCIDADE. 
De fato o direito aos alimentos é constitucional, tendo sua previsão instituída nos 
Artigos 227 e 229, ambos da Carta Magna de 1988, bem como especificados pelos Artigos 1694 e 
seguintes do Código Civil. 
Ocorre que, o referido genitor se ausentou da responsabilidade de exercer a 
paternidade, além de ser ética e moral, sendo, a família o princípio de todo ser humano, por isso 
indispensável, até porque, nesse meio que se terão os primeiros contatos com a vida em sociedade, 
que se exteriorizarão as emoções e aprender-se-á sobre a vida. 
Nesse sentido, necessário se faz mencionar o entendimento da ilustre Maria 
Berenice Dias acerca da reciprocidade no poder familiar, que assevera: 
“Ainda que exista o dever de solidariedade da obrigação alimentar, a reciprocidade 
só é invocável respeitando um aspecto ético. Assim, o pai que deixou de cumprir 
com os deveres inerentes ao poder familiar não pode invocar a reciprocidade da 
obrigação alimentar para pleitear alimentos dos filhos.”. – copiado da DIAS, Maria 
Berenice. Manual de Direito das Famílias, 10ª Ed., Editora Revista dos Tribunais, 
2015, página 563, GRIFEI. 
Verifica-se que o não cumprimento da obrigação de auxílio moral, afetivo e 
financeiro por parte dos pais libera, por conseguinte, os filhos de uma contraprestação posterior, 
deixando de prevalecer o princípio da reciprocidade supracitado. 
Os Tribunais Pátrios já se manifestaram a respeito, corroborando com tal 
afirmativa, conforme pode se verificar através dos julgados que se seguem: 
Ementa: ALIMENTOS. SOLIDARIEDADE FAMILIAR. DESCUMPRIMENTO DOS 
DEVERES INERENTES AO PODER FAMILIAR. É descabido o pedido de 
alimentos, com fundamento no dever de solidariedade, pelo genitor que nunca 
cumpriu com os deveres inerentes ao poder familiar, deixando de pagar alimentos e 
prestar aos filhos os cuidados e o afeto de que necessitavam em fase precoce do seu 
desenvolvimento. Negado provimento ao apelo. (SEGREDO DE JUSTIÇA) 
(Apelação Cível Nº 70013502331, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, 
Relator: Maria Berenice Dias, Julgado em 15/02/2006) - GRIFEI. 
 
AÇÃO DE ALIMENTOS. AGRAVO RETIDO NÃO CONHECIDO. SENTENÇA 
QUE FIXOU O PAGAMENTO PELA FILHA EM FAVOR DA GENITORA DE 
VERBA ALIMENTÍCIA NO PATAMAR DE 60% DO SALÁRIO MÍNIMO. 
PRETENSÃO DE EXONERAÇÃO OU REDUÇÃO DOS ALIMENTOS. ALEGAÇÃO 
DE AUSÊNCIA DE VÍNCULO AFETIVO ENTRE AS PARTES. DEVER DE 
AMPARO PREVISTO NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA, ART. 229 E NO 
CÓDIGO CIVIL DE 2002, ARTS. 1.695 E 1.696. RELATIVIZAÇÃO DA 
OBRIGAÇÃO. GENITORA QUE NÃO PRESTOU ASSISTÊNCIA AOS FILHOS 
DESDE SUAS TENRAS IDADES. INADMISSIBILIDADE DO PLEITO INICIAL. 
RECURSO PROVIDO. (Apelação Cível n. 2006.010332-8, de Itajaí, Tribunal de 
Justiça de Santa Catarina rel. Des. Nelson Schaefer Martins, j. 22/04/2010 – 
GRIFEI. 
Frente a tal contexto, é possível identificar que o princípio da reciprocidade no 
dever de prestar alimentos entre parentes e do princípio de solidariedade familiar não decorre tão 
somente do inadimplemento da obrigação alimentar, mas, principalmente, da não prestação de 
cuidados e afeto aos descendentes no momento em que mais necessitavam. 
 
IV - DOS PEDIDOS 
 
Diante de todo exposto, requer a Vossa Excelência: 
 a) Seja concedido ao CONTESTANTE o benefício da Justiça Gratuita por se 
tratar de pessoa pobre na acepção jurídica da palavra, conforme declaração anexa, nos 
termos do Artigo 98 e seguintes do Código de Processo Civil e da Lei n° 1.060, de 5 de 
fevereiro de 1950;b) Que seja julgado improcedente o pedido formulado pelo AUTOR na presente 
ação e, em caso de procedência, que se acolham as teses defensivas para aplicação de um 
valor que condiz com a realidade do CONSTESTANTE, nos termos expostos; 
 c) A condenação da parte contrária ao pagamento das custas processuais, bem 
como os honorários advocatícios, conforme o Artigo 85, § 2°, do Código de Processo Civil; 
 d) Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, 
especialmente, juntada de novos documentos, depoimento pessoal e prova testemunhal, 
cujo rol será apresentado oportunamente. 
 
Nestes termos, 
Pede deferimento 
 
Local, data 
 
Advogado, OAB nº

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