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Sintaxe: Conceitos Básicos e Nomenclatura Gramatical Brasileira

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
FACULDADE DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES 
DEPARTAMENTO DE LETRAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 S I N T A X E 
 
 
 
 
 
Prof. Eduardo Kenedy 
 
(com base na apostila ROTEIROS DE LINGÜÍSTICA III, 
do prof. Dr. Humberto Peixoto Menezes, UFRJ) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1o período de 2008 
 2 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
 
I - Programa de Lingüística III 3 
 
II- A NGB nas Gramáticas escolares 4 
 
III - NGB - Texto resumido 5 
IV - NGB - termos da oração 6 
 
V - A Gramática Gerativa 7 
 
VI - Gramática Universal e aquisição da linguagem 10 
 
VII - A forma da gramática 16 
 
VIII - O conceito de estrutura 21 
 
IX - A estrutura sintática 24 
 
X - Teoria X-Barra 33 
 
XI - Léxico e Teoria Temática 39 
 
XII - Movimento, Estrutura Profunda e Estrutura Superficial 44 
 
XIII - Teoria do Caso 49 
 
XIV - Teoria da Ligação 54 
 
XV - Pequeno glossário de termos gramaticais 57 
 
XVI - Exercícios 62 
 
XVII - Bibliografia 69
 3 
 
I - PROGRAMA DE SINTAXE 
 
1- A sintaxe nas gramáticas escolares do português 
 
2- Conceitos básicos de gramática gerativa 
 
 1.1- Gramática Universal e Aquisição da Linguagem 
 1.2- Competência e Desempenho 
 1.3- Gramaticalidade e Aceitabilidade 
 1.4- Léxico e Sintaxe 
 1.5- Teoria Temática e Estrutura Argumental 
 1.6- Unidades Sintáticas e Teoria X-Barra 
 2.4- Estrutura Profunda e Estrutura Superficial 
 2.5- Regência e Teoria do Caso 
 2.6- Regras de Movimento 
 2.7- Teoria da Ligação 
 
 
 4 
 
II- A NGB NAS GRAMÁTICAS ESCOLARES 
 
 
 A terminologia adotada nas gramáticas escolares do português se baseia na 
Nomenclatura Gramatical Brasileira, elaborada por gramáticos e filólogos eminentes e 
publicada em 1959. Desde então, o ensino de gramática nas escolas passou a adotá-la, o 
que dava aos professores a garantia de que um determinado conceito gramatical passaria 
a ser nomeado sempre da mesma maneira, o que não acontecia antes, pois um mesmo 
conceito podia receber mais de uma denominação, criando problemas para professores 
e alunos. Exemplo típico é o do complemento nominal, que tinha as seguintes 
denominações: objeto nominal (Maximino Maciel), complemento restritivo (Carlos 
Góis), complemento terminativo (Eduardo Carlos Pereira) e adjunto restritivo (Alfredo 
Gomes). 
 A NGB divide a gramática em fonética, morfologia e sintaxe. Entende que o 
estudo sintático deve abranger a sintaxe de concordância, a sintaxe de regência e a 
sintaxe de colocação e classifica os termos sintáticos segundo a função exercida na 
oração. Assim, a análise de uma determinada sentença leva em conta essencialmente a 
função sintática de seus termos (sujeito, predicado, predicativo, complemento verbal, 
complemento nominal, adjunto adverbial, etc), desconsiderando quase sempre a 
constituição interna de cada um deles. Por isto, pode-se dizer que a doutrina sintática 
adotada pela NGB considera as funções sintáticas como a base para o conhecimento da 
estrutura da oração e do período. As limitações desta concepção de sintaxe serão 
discutidas no decorrer do curso. 
 5 
III - NOMENCLATURA GRAMATICAL BRASILEIRA 
(Texto resumido) 
 
 
Divisão da Gramática: Fonética, Morfologia e Sintaxe 
 
FONÉTICA 
 
I- A Fonética pode ser: Descritiva, Histórica, Sintática 
II- Fonemas: vogais, consoantes e semivogais 
 
MORFOLOGIA 
A Morfologia trata das palavras: a) quanto a sua estrutura e formação; b) quanto a suas 
 flexões; e c) quanto a sua classificação. 
 
I- A estrutura das palavras: raiz, radical, tema afixo (prefixo e sufixo), desinência 
(nominal 
 e verbal), vogal temática, vogal e consoante de ligação, e cognato. 
II- Formação das palavras: derivação, composição e hibridismo. 
III- Flexão das palavras: quanto a sua flexão, as palavras podem ser variáveis e 
invariáveis. 
IV- Classificação das palavras: substantivo, artigo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, 
 advérbio, preposição, conjunção e interjeição. 
 
SINTAXE 
I- Divisão da Sintaxe: a) de concordância (nominal e verbal); b) de regência (nominal 
e verbal); c) de colocação 
II- Análise Sintática 
 
Da oração 
1- Termos Essenciais: sujeito e predicado 
 Sujeito: simples, composto, indeterminado, oração sem sujeito 
 Predicado: nominal, verbal, verbo-nominal 
 Predicativo: do sujeito e do objeto 
 Predicação verbal: verbo de ligação, verbo intransitivo e verbo transitivo (direto e 
indireto) 
2- Termos integrantes da oração: complemento nominal, complemento verbal ( objeto 
 direto e indireto) e agente da passiva. 
3- Termos acessórios da oração: adjunto adnominal, adjunto adverbial e aposto 
 Vocativo 
Do Período 
1- Tipos de período: simples e composto 
2- Composição do período: coordenação e subordinação 
3- Classificação das orações: absoluta, principal, coordenada (sindética e assindética) e 
 subordinada (substantiva, adjetiva e adverbial) 
 6 
 
 
IV - NGB - TERMOS DA ORAÇÃO 
 
 
 
1- Termos essenciais 
 
 Sujeito Paulo saiu 
 Saímos. 
 Derrubaram algumas árvores. 
 Vive-se bem aqui. 
 
 Predicado Paulo [viu o menino]. 
 Paulo [estava triste]. 
 Paulo [chegou cansado]. 
__________________________________________ 
 
(Predicativo) Joana está [triste]. 
 Joana encontrou-o[ aborrecido]. 
__________________________________________ 
 
2- Termos integrantes 
 
 Complemento nominal Inspecionamos a construção [da ponte]. 
 
 Complemento verbal 
 objeto direto Construíram [a ponte]. 
 objeto indireto Ofereceram rosas [à moça]. 
 A moça gosta [de rosas]. 
 
 Agente da passiva A armadilha foi preparada [pelo caçador]. 
 
3- Termos acessórios 
 
 Adjunto adnominal A casa [do juiz] está sendo demolida. 
 Adjunto adverbial O trem partiu [ontem]. 
 Comemos um sanduíche [na praia]. 
 
 Aposto D. Pedro I, [Imperador do Brasil], proclamou a Independência. 
 
 Vocativo [Pedro], venha cá! 
 7 
V - A GRAMÁTICA GERATIVA 
 
 
 No estruturalismo, a língua era concebida como um sistema de unidades e 
relações, cujas características dependiam essencialmente de sua natureza coletiva, 
social. Saussure expõe claramente tal concepção no seguinte trecho do Curso de 
Lingüística Geral: 
 
 “Mas o que é a língua? Para nós, ela não se confunde com a linguagem; é somente uma 
 parte determinada, essencial dela, indubitavelmente. É, ao mesmo tempo, um produto social da 
 faculdade de linguagem e um conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social 
 para permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos.” (Saussure, CLG, p. 17) 
 
 
 Além de conceber a língua como um produto social, os estruturalistas não 
pretendiam dedicar-se ao estudo da faculdade da linguagem. Assim, Câmara Jr.(1977, p. 
24 ) se refere ao campo de estudo da lingüística: 
 
Nem lhe interessa [à lingüística], a rigor, a linguagem em si mesma, considerada como 
uma faculdade abstrata do homem. O seu objeto (já aqui se frisou antes) é o estudo dos sistemas 
de linguagem, ou línguas, as quais podemos assim definir: “conjunto de convenções necessárias, 
adotadas pelo corposocial, a fim de permitir o exercício da linguagem por parte do indivíduo” 
(Saussure, 1922, p. 25). 
 
 Deslocando o centro de interesse do social para o mental, Chomsky (1965) 
passou a focalizar a língua como um tipo de conhecimento tácito, específico, o qual 
todo ser humano é capaz de dominar desde os primeiros anos da infância. Estes dois 
pontos de vista no estudo das línguas e da linguagem estão ilustrados no esquema 
abaixo: 
 
 Esquema 1 
 
 LÍNGUA 
 qp 
 como produto social como conhecimento 
 ? ? 
 Saussure Chomsky 
 
 
 
 8 
 Desde a publicação dos seus primeiros livros, Chomsky tem-se preocupado com 
a elaboração de uma teoria lingüística que explique a natureza das línguas e da 
linguagem. Para ele, a teoria lingüística apropriada deve responder às seguintes 
perguntas: 
 
 a) O que constitui o conhecimento lingüístico de um falante? 
 b) Como esse conhecimento se desenvolve? 
 c) Como esse conhecimento é posto em uso? 
 
 A resposta à pergunta (a) implica a concepção de um modelo teórico que abranja 
os mecanismos especificamente lingüísticos que permitem ao falante de dada língua a 
produção e compreensão de todas as sentenças gramaticais da língua. Nos últimos 
quarenta anos, a gramática gerativa tem evoluído bastante na sua tentativa de responder 
apropriadamente à pergunta (a), tendo desenvolvido, nos anos oitenta, o modelo 
conhecido como Teoria da Regência e Ligação, o qual concebe a gramática de uma 
língua como um sistema formado por componentes autônomos, ou módulos. Cada um 
destes módulos tem funções específicas, mas pode interagir com os demais módulos da 
gramática para produzir descrições adequadas dos fatos lingüísticos. Na p. 16 da 
apostila, há um esquema representativo desta concepção de gramática, com a definição 
de cada um dos seguintes módulos: Teoria X-Barra, Teoria Temática, Teoria do Caso, 
Teoria da Ligação, Teoria do Controle e Teoria da Regência. 
 Além dos módulos contendo os princípios lingüísticos gerais (Critério Temático, 
Princípio de Projeção, Filtro de Caso, Princípios de Ligação, etc), este modelo de 
gramática apresenta um Léxico e quatro níveis de representação da estrutura das 
sentenças: Estrutura Profunda, Estrutura Superficial, Forma Fonética e Forma Lógica. 
 Na descrição dos fatos lingüísticos, os módulos interagem. Assim é que, para se 
descrever a construção passiva, por exemplo, deve-se fazer uso da Teoria do Caso ( o 
sintagma nominal fica sem Caso na posição de objeto do verbo, e, por isto, tem de 
mover-se para receber caso Nominativo na posição de sujeito), da Teoria Temática (a 
posição de sujeito da passiva não recebe papel temático na Estrutura Profunda) e da 
 9 
regra de Movimento de SN. A análise da sentença passiva A casa foi assaltada está 
esboçada na p. 33. 
 A resposta à pergunta (b) [como esse conhecimento se desenvolve?] está associada ao 
estudo da aquisição da linguagem pela criança. Este processo de aquisição é concebido 
pelos gerativistas como dependendo essencialmente de mecanismos lingüísticos 
biologicamente determinados, com os quais toda criança conta ao nascer. Assim, ao 
entrar em contato com o ambiente lingüístico circundante, a criança ativa tais 
mecanismos, e, após um período de tempo relativamente curto, passa a dominar a 
gramática de sua língua (Cf. os textos de Pinker e Langacker, bem como o esquema da 
p. 14 . Tal concepção de aquisição da linguagem se relaciona à visão de que a mente 
humana é composta de módulos, sendo a faculdade da linguagem um destes módulos. O 
termo usado pelos gerativistas para designar o conjunto inato de mecanismos 
lingüísticos é Gramática Universal (v. Pinker, p. 10). 
 Resumidamente, pode-se dizer que o processo de aquisição da linguagem, na 
visão gerativista, depende mais do organismo (mente/cérebro) do que do ambiente, isto 
é, grande parte dos mecanismos lingüísticos é fornecida pelo organismo (hipótese do 
inatismo), e o papel do ambiente é, essencialmente, o de ativar estes mecanismos 
durante o período em que a criança adquire sua língua materna. No esquema da p. 14, 
representa-se o processo de aquisição como concebido pelos gerativistas. 
 Encerrando este breve comentário sobre a Gramática Gerativa, valho-me das 
palavras do próprio Chomsky (1980, edição brasileira, p. 9 ): 
 
 Por que estudar a linguagem? Há muitas respostas possíveis e, ao focalizar algumas 
 delas, não pretendo, é claro, depreciar outras ou questionar sua legitimidade. Algumas pessoas, 
 por exemplo, podem simplesmente achar os elementos da linguagem fascinantes em si mesmos 
 e querer descobrir sua ordem e combina;cão, sua origem na história ou no indivíduo, ou os 
 modos de utilização no pensamento, na ciência ou na arte, ou no intercurso social normal. Uma 
 das razões para estudar a linguagem - e para mim, pessoalmente, a mais premente delas - é 
 a possibilidade instigante de ver a linguagem como um “espelho do espírito”, como diz a 
 expressão tradicional. Com isto não quero apenas dizer que os conceitos expressados e as 
 distinções desenvolvidas no uso normal da linguagem nos revelam os modelos do pensamento e 
 o universo do “senso comum” construídos pela mente humana. Mais instigante ainda, pelo 
 menos para mim, é a possibilidade de descobrir, através do estudo da linguagem, princípios 
 abstratos que governam sua estrutura e uso, princípios que são universais por necessidade 
 biológica e não por simples acidente histórico, e que decorrem de características mentais da 
 espécie. 
 
 10 
 
 
VI - GRAMÁTICA UNIVERSAL E AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM 
 
 
Entrevista com o psicolingüista norte-americano Steven Pinker publicada na Folha 
de São Paulo em 05/01/97 
 
Pergunta - O que o sr. quer dizer com o “instinto” da linguagem? 
 
Resposta - É claro que não estou me referindo à capacidade de falar inglês ou francês, 
mas a capacidade inata da espécie humana de adquirir e utilizar a linguagem. Já se 
descreveu a linguagem como uma faculdade psicológica, um órgão mental, um sistema 
neurológico. Prefiro o termo - meio fora de moda - instinto. Quer dizer, as pessoas 
falam como as aranhas tecem sua teia. A tecedura da teia não foi inventada por um 
gênio desconhecido e não depende de uma boa educação. As aranhas tecem as teias 
porque elas têm um cérebro de aranha, que lhes dá a pulsão de tecer e a competência 
para fazê-lo. 
 Do mesmo modo, uma criança de berçário sabe implicitamente mais sobre a 
linguagem do que o computador. E é assim com todos os seres humanos, inclusive os 
jogadores de futebol, célebres por maltratar a sintaxe, e os adolescentes do “e aí ?” O 
conceito de “instinto” pode parecer chocante para aqueles que pensam que a linguagem 
é o ápice do intelecto humano e que os instintos são pulsões brutas como as que levam 
os pássaros a fazer ninhos ou a voar para o sul. Mas ter instinto não quer dizer 
necessariamente que você vá agir como um autômato. 
 Meu argumento é que a linguagem é como a fome ou o sexo. Como nesses 
casos, não se compreendem as regras mas não é possível impedir que elas tenham 
efeitos sobre nós. Quando falo de regras da linguagem não estou me referindo às regras 
aprendidas na escola, mas a uma espécie de programa para a linguagem, colocado no 
cérebro. Como explicar que uma criança adquira a linguagem tão rapidamente senão 
pela hipótese de que o cérebro tem ligações para apreender certas estruturas e realizar 
certas operações? É o que Chomsky chamou de “gramática universal”. Isso posto, não 
aceito a oposição entre inato e adquirido. O aprendizado não é mágico, não ocorre no ar, 
no vazio. É preciso um circuito inato, uma máquina de aprender. 
 
Pergunta - Se a linguagem é um instinto, por que as crianças levam mais de dois 
anos para falar? 
 
Resposta - Em primeirolugar, porque o cérebro não está pronto. Os bebês humanos 
nascem antes de estarem prontos. Se eles ficassem no útero proporcionalmente tanto 
tempo como os outros primatas, eles não sairiam antes de 18 meses - a idade com a qual 
as crianças começam a falar. 
 Em um certo sentido, pode-se dizer que os bebês falam desde o nascimento. 
Uma grande parte das ligações cerebrais é feita depois do nascimento: o número de 
conexões entre os neurônios aumenta até a idade de quatro anos. Por outro lado, o 
aprendizado é essencial à linguagem, pois ela é um código que deve ser partilhado. Esse 
 11 
período permite sincronizar a capacidade inata de linguagem com a língua falada ao 
redor de si. Uma gramática inata que apenas você é capaz de possuir é inutilizável. É um 
tango que você dança sozinho. 
 
Pergunta - Como Chomsky, o sr. diz que existe uma gramática universal. Como o 
sr. a define? 
 
Resposta - É a estrutura subjacente que todas as línguas têm em comum. É também o 
que a criança tem no espírito e que lhe permite aprender a falar. Imagine que você 
precisasse criar um programa de computador no qual os dados que entram são uma série 
de frases dos pais e o resultado é uma série de regras para utilizar a linguagem. 
Programador algum poderia resolver esse problema antes de alguns anos. Mas todos os 
bebês se viram para compreender muito rapidamente a lógica da linguagem. É por isso 
que deve existir um programa muito sofisticado nas suas cabeças, o qual lhes permite 
converter as frases que eles ouvem em conhecimento inconsciente do funcionamento da 
linguagem. 
 Quando escutamos uma criança que está aprendendo a falar, pode-se observar 
que ela não se contenta em repetir o que ouviu - ela procura regras. Quando a criança 
fala de acordo com as regras da gramática não se percebe que ela faz uma análise, salta 
aos olhos quando a criança diz: “os pãos” em vez de “os pães”, ou “se eu isse”, em vez 
de “se eu fosse”. Ela utiliza uma forma não gramatical porque ela tenta aplicar uma 
regra. 
 
Pergunta - Se existe uma gramática universal, porque as línguas são tão 
diferentes? 
 
Resposta - A gramática universal é como a estrutura do corpo que podemos observar 
em todos os animais da mesma família. Todos os vertebrados, por exemplo, têm uma 
arquitetura comum: a coluna, quatro membros, um crânio. Mas todas essa partes podem 
definhar ou ser distorcidas de maneira grotesca. A asa de um morcego é uma mão, o 
cavalo trota sobre seus dedos do meio e os membros anteriores da baleia se tornaram 
nadadeiras. 
 As diferenças se devem a mínimas variações na duração do desenvolvimento 
embrionário. O mesmo ocorre com as línguas. Mesmo quando elas parecem ser 
radicalmente diferentes podem ser observados os mesmos elementos estruturais - regras 
de sintaxe e de fonologia e alguns parâmetros cuja variação pode levar a grandes 
diferenças superficiais. 
 
Pergunta - Quais são as características comuns a todas as línguas? 
 
Resposta - Um ponto comum é a utilização do canal boca/ouvido. A percepção é um 
dos milagres biológicos desse instinto, a linguagem. Há vantagens evidentes em utilizar 
a boca e o ouvido e jamais se soube de grupos de pessoas que prefiram utilizar a 
linguagem dos sinais, mesmo ela sendo tão expressiva. A palavra não exige nem boa 
iluminação, nem contato face-a-face, nem monopolização das mãos e dos olhos. É 
 12 
possível gritar, para alcançar alguém distante, ou sussurrar para esconder uma 
mensagem. 
 Entre outros traços comuns: um código simétrico para a produção e a percepção, 
palavras de sentido estável e ligadas a convenções arbritárias, categorias como os nomes 
e os verbos, “auxiliares”para indicar um tempo ou negação, mudanças de estrutura que 
permitem formular perguntas. São coisas que encontramos em todas as línguas, mas 
não nas linguagens artificiais, como as de computador ou na notação musical. 
 
Pergunta - Como são feitas as ligações da linguagem no cérebro? 
 
Resposta - Isso é pouco conhecido, ao contrário da visão, pois não é possível estudá-lo 
nas drosófilas (mosca de frutas) ou em ratos. A maior parte das informações vêm de 
pessoas que têm lesões neurológicas. Nós sabemos que, nos destros, a linguagem está no 
hemisfério esquerdo, ao longo da fissura de Sylvius. Aí é possível imaginar grupos de 
neurônios instalados de maneira inata. 
 O aprendizado corresponde ao reforço de certas sinapses (conexões entre 
neurônios) para as regras de uma certa linguagem - as outras ficam adormecidas. 
 
Pergunta - Já foi encontrado o gene da gramática? 
 
Resposta - Há o registro de casos de famílias inteiras que têm gandes dificuldades com 
a linguagem, pessoas que, apesar de terem uma inteligência normal, enfrentam graves 
problemas com a gramática em particular. Essas pessoas são incapazes de descobrir o 
plural de “wug”, uma palavra inventada. Uma criança de quatro anos não tem problemas 
com isso. A causa dessa deficiência familiar é provavelmente genética. Isso não quer 
dizer de modo algum que exista UM gene de gramática, das regras da linguagem. Os 
genes implicados são necessariamente numerosos. Por outro lado, pode haver um gene 
responsável por um problema de linguagem. 
 Esses genes talvez estruturem partes do cérebro, coordenem informações entre a 
boca e a memória, organizem os neurônios em redes capazes de extratir as formas 
gramaticais. Essas conexões nervosas tornam possível um talento extraordinário: a 
capacidade de transmitir um número infinito de pensamentos precisos de uma cabeça a 
outra modulando o ar expirado. 
 
 Entenda a tese do lingüista (do “Libération”) 
 
 Quando uma língua nasce ela segue as regras da gramática universal inata, 
segundo as teses do psicolingüista do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) 
Steven Pinker. 
 “A linguagem é para o homem a mesma coisa que a capacidade de fazer a teia é 
para a aranha. Uma pulsão que se exprime, quaisquer que sejam os obstáculos e as 
circunstâncias”, afirma o pesquisador. 
 Para sustentar sua tese ele descreve o caso do crioulo (língua nativa deformada a 
partir da mistura e da reelaboração de outros sistemas lingüísticos) e da linguagem de 
sinais utilizadas pelos surdos. 
 
 13 
 Crioulo 
 
 Quando pessoas que falam línguas diferentes precisam se comunicar umas com 
as outras elas inventam, aos pedaços, um jargão (língua alterada ou rompida, conjunto 
de partes não coordenadas pela mesma estrutura), conhecido na lingüística como 
“pidgin” (em inglês, jargão resultante da mistura de inglês e chinês). 
 Esse foi o caso da população das Antilhas Francesas, do Caribe inglês e do 
Havaí. Mas as crianças que nascem nesse ambiente “pidgin”o transformam, no espaço 
de uma geração, em algo completamente diferente. Ao aplicarem sobre o “pidgin” as 
regras da gramática universal, elas fazem com que surja um crioulo. 
 Ao contrário do “pidgin”, o crioulo tem todas as características de uma 
verdadeira língua. No crioulo é possível ver claramente todas as tendências naturais da 
espécie humana. Iso é interessante cientificamente porque as contribuições dos filhos e 
dos pais são separadas. 
 
 
 Surdos 
 
 Originalmente inventadas por educadores, as linguagens de sinais são 
espontaneamente transformadas pelas crianças que a utilizam. Cada comunidade tem 
sua língua de signos. Aquela utilizada nos Estados Unidos não se assemelha nem ao 
inglês falado nem à linguagem de sinais britânica. Seu sistema de concordância e de 
conjugação se aproxima mais do navajo (grupo indígena da América do Norte) e do 
banto (africano). 
 O exemplo mais recente vem da Nicarágua. Até 1979, os surdos nicaraguenses 
viviam isolados, sem linguagem de sinais. Com o governo sandinista, as primeiras 
escolas para crianças surdas foram criadas e uma língua de sinais foi inventada por 
educadores. 
 “Essa primeira linguagem era, de modo geral,um “pidgin” , que é falado hoje 
em dia pelos mais velhos. Mas as crianças que chegaram à escola com quatro anos têm 
uma linguagem diferente: mais fluida, mais compacta, mais expressiva”. Os linguistas 
que a estudaram encontraram nessa nova linguagem dos surdos reelaborada pelas 
crianças instrumentos gramaticais que não existiam na linguagem inventada pelos 
educadores. É um crioulo, criado pelas crianças. 
 14 
ENTREVISTA CONCEDIDA POR MARTIN NOWAK 
 
 À REVISTA CIÊNCIA HOJE – JUNHO DE 2003 
 
 
Falemos um pouco sobre a evolução das línguas. Como biologia e matemática 
podem ajudar a entender a complexidade das línguas humanas? 
 
Podemos encarar a linguagem sob diferentes perspectivas – literatura, 
gramática, filosofia. [O lingüista norte-americano Noam] Chomsky 
inventou o campo moderno da lingüística, que pretende estudar a 
linguagem não como material posto sobre a mesa, com sentenças e dados, 
mas do ponto de vista da capacidade que está no falante. Ou seja, 
Chomsky quer estudar a competência lingüística de uma pessoa – a 
língua interna ao invés da externa.Ele propõe que se faça isso 
matematicamente, o que deu origem a esse campo da lingüística formal. 
A base do trabalho de Chomsky é a relação entre biologia e linguagem, 
e o entendimento desta pode ser integrado ao da evolução. Mais 
recentemente, Chomsky tem enfatizado que sua abordagem da linguagem é 
biolingüística, e que a gramática universal é um produto da evolução. 
 Chimpanzés, apesar de muito simi,ares aos homens, não têm 
linguagem humana. Queremos entender e descrever os princípios que 
diferenciam esses processos. A teoria evolutiva como foi descrita 
desde o início é, na verdade, uma teoria matemática. É uma descrição 
matemática de adaptabilidade, seleção e mutação. Queremos usar essa 
expressão matemática para falar da evolução da linguagem. 
 
Como podemos definir a gramática universal? 
 
A gramática universal pode ser resumida como uma descrição 
de todas as línguas que podem ser aprendidas pelo cérebro 
humano. É impossível que o cérebro possa aprender todas as 
línguas que alguém venha a criar. Ele tem um grupo muito 
restrito de línguas que pode aprender. Uma coisa que as 
pessoas entendem errado nesse conceito é que as crianças 
não têm todas aas línguas armazenadas em seu cérebro. O que 
elas possuem é a capacidade de aprender todas as seis mil 
línguas do mundo. 
 
E essa capacidade só existe na infância? 
 
Essa é uma boa pergunta. Existe um período de aquisição da linguagem 
que termina em uma determinada idade. Se a criança não recebe estímulo 
lingüístico até essa idade, ela nunca aprenderá direito. Outra questão 
interessante é por que isso acontece. Não sei o número máximo de 
línguas que uma criança pode aprender. Mas ela pode aprender centenas 
facilmente. Não conheço os experimentos, no entanto. 
 
Como se pode compreender a aquisição da linguagem? 
 
O processo de aprendizado que, nos humanos, resulta na aquisição de 
linguagem é um processo evolutivo. A gramática universal é a 
maquinaria biológica que as crianças trazem para o problema de 
aquisição da linguagem, e se aplica a um grupo restrito de línguas que 
podem ser aprendidas pelo cérebro humano. Ela é uma consequência da 
arquitetura do cérebro, que é uma consequência dos genes. Dessa 
maneira, a gramática universal está relacionada aos genes. 
 15 
 Uma maneira de entender o processo de aquisição das línguas é 
entender todas essas línguas que podem ser aprendidas pelo cérebro. 
Mas é preciso compreender quão importantes são os fatores 
codificadospelos genes, o que é muito difícil e não está resolvido. Em 
seguida, é preciso entender como a arquitetura determina o 
funcionamento. São dois problemas difíceis. 
 
 A respeito da conexão entre linguagem e mente, eis as palavras do próprio Chomsky: 
 
 É difícil evitar a conclusão de que uma parte do equipamento 
biológico humano é um “órgão de linguagem” especializado: a faculdade 
da linguagem (FL). Seu estado inicial é uma expressão dos genes, 
comparável ao estado inicial do sistema visual humano.... Assim, uma 
criança típica, em condições apropriadas, adquirirá qualquer língua, 
mesmo com deficit severo e em “ambientes hostis”. O estado inicial 
muda em razão do efeito desencadeador e modelador da experiência, e de 
processos de maturação internamente determinados, obtendo estados 
posteriores que parecem estabilizar-se em vários estados, alcançando, 
finalmente,sua estabilidade na puberdade. 
 Conforme já se notou, do ponto de vista biolingüístico que me 
parece apropriado ....podemos entender uma língua particular L como um 
estado de FL. L é um procedimento recursivo que gera uma infinidade de 
expressões. Cada expressão pode ser considerada como uma coleção de 
informações para outros sistemas da mente/cérebro. A concepção 
tradicional, desde Aristóteles, é que a informação se divide em duas 
categorias: a fonética e a semântica; informação usada, 
respectivamente, pelos sistemas sensório-motores e pelos sistemas 
conceptuais-intencionais.... Cada expressão, então, é um objeto 
interno consistindo de duas coleções de informações: fonéticas e 
semânticas. Estas coleções são chamadas “representações” (fonéticas e 
semânticas), mas não há isomorfismo estabelecido entre as 
representações e aspectos do ambiente. 
 (Chomsky (2002)- On nature and language, Cambridge, 
Cambridge University Press. Ed. Por Rizzi& Belletti) 
 
 16 
VII - A FORMA DA GRAMÁTICA 
 
 
1- Aquisição da linguagem e gramática universal 
 
 O esquema abaixo representa o processo de aquisição de uma língua pela 
criança. Segundo a hipótese racionalista de aquisição da linguagem, defendida pelos 
lingüistas gerativistas, toda criança já nasce com um equipamento biológico específico 
para a linguagem conhecido como faculdade da linguagem ou gramática universal. Esta 
é composta de princípios (são rígidos e compreendem as características comuns a todas 
as línguas) e parâmetros (são flexíveis, determinando a variação entre as línguas), os 
quais vão sendo ativados à medida que o organismo interage com o ambiente. 
 No estágio inicial a criança tem um conhecimento tácito dos princípios e 
parâmetros da gramática universal. Ao entrar em contato com determinada comunidade 
de falantes (falantes de português, de turco, de russo, de japonês, etc), ela fixa os 
parâmetros pertinentes e aprende as idiossincrasias da língua, atingindo, assim, o estágio 
estacionário, no qual estará dominando plenamente a língua (Cf. Passos & Passos, cap. 
1). 
 
Esquema de Aquisição da Linguagem 
 
 fixação de parâmetros + características de dada língua 
Estágio Inicial Estágio Estacionário 
(geneticamente determinado) 
 
 
Gramática Universal Gramática de dada língua 
 
(princípios e parâmetros) 
 
 
 Princípio de Projeção Parâmetro do Núcleo idiossincrasias, empréstimos 
 Critério Temático Parâmetro do Suj Nulo e vestígios históricos 
Princípio de Dependência de Estrutura 
 
1.1- PRINCÍPIOS 
 
1.1.1- O princípio da Dependência de Estrutura: As regras lingüísticas são sensíveis 
às propriedades estruturais das sentenças em que elas operam. 
 
 A- Anteposição do auxiliar e do verbo to be 
 
 1)a. The letter will arrive tomorrow. 
 b. Will the letter arrive tomorrow? 
 
 
 
 
 17 
 Hipótese: antecipar o primeiro auxiliar da sentença. 
 
Contra-exemplo: 
 c. [The letter which I will receive] will arrive tomorrow. 
 d. * Will [theletter which I receive] will arrive tomorrow? 
 e. Will [the letter which I will receive] arrive tomorrow? 
 
 2)a. John is tall. 
 b. Is John tall? 
 c. [The man who is tall] is John. 
 
Hipótese: antecipar a primeira ocorrência de be na sentença. 
 Contra-exemplo: 
 d. * Is [the man who tall] is John? 
 e. Is [ the man who is tall] John? 
 
 B- Movimento do objeto na construção passiva 
 
 1)a. Os pivetes assaltaram [a velhota]. 
 b. [A velhota] foi assaltada pelos pivetes. 
 2)a. Os pivetes assaltaram [a velhota que veio de Minas]. 
 b. [A velhota que veio de Minas] foi assaltada pelos pivetes. 
 
 Obs.: Todo sintagma é uma unidade coerente e significativa da sentença. 
 
 1) [João e Pedro] trabalham juntos. 
 2) Maria viu [João] e [Pedro] encontrou Jorge. 
 
1.1.2- Princípio de Subordinação: uma sentença gramatical pode-se tornar uma 
 sentença subordinada num período composto. 
 . 
 Ex.: 1) Jonas é inteligente. 
 2) Paulo disse que Jonas é inteligente. 
 
1.2- PARÂMETROS 
 
 1.2.1- Parâmetro do Núcleo 
 Há um grupo de línguas em que o núcleo precede o complemento, e outro 
grupo em que o complemento precede o núcleo. 
 
Ex.: Línguas VO -- português, inglês, francês, espanhol, italiano 
 Línguas OV -- japonês, coreano tibetano, turco 
 
 
 
 
 18 
 
 1.2.2- Parâmetro do Sujeito Nulo 
 
Há línguas, como o português, o italiano e o espanhol, que se caracterizam pela 
possibilidade da omissão de um pronome na posição de sujeito; e outras, como o inglês 
e o francês, que têm sempre de expressar o sujeito pronominal. 
 
 Ex.: 1)a. Eu tomei o sorvete. 
 b. Tomei o sorvete. (pronome nulo na posição de sujeito) 
 2)a. Io compro um gelato. [italiano] 
 b. Compro um gelato. (pron. nulo na posição de sujeito) 
 3)a. I buy an ice cream. [inglês] 
 b. *Buy an ice cream. 
 
 
2- A organização da gramática 
 
 O conhecimento lingüístico (competência), ou gramática internalizada, inclui 
informações lexicais, sintáticas, fonológicas e semânticas. A versão mais recente da 
Teoria dos Princípios e Parâmetros, denominada Programa Minimalista, propõe o 
seguinte modelo de gramática: 
 
 
 
 LÉXICO ---> Informações fonológicas 
 semânticas 
 sintáticas 
 (categoriais e de seleção) 
 SINTAXE ( operações: concatenação e movimento) 
 
 
 
 
 
 FORMA FONÉTICA FORMA LÓGICA 
 Sistema Sistema 
 articulatório-perceptual conceptual-intencional 
 
2.1- O Léxico 
 “Repositório de todas as propriedades (idiossincráticas) de itens lexicais 
individuais. Estas propriedades incluem a representação da forma fonológica de cada 
item, a especificação de sua categoria sintática e suas categorias semânticas”. (Chomsky e 
Lasnik, 1991) 
 Entradas Lexicais 
 
 LAVAR [+ V] SORRIR [+V] - informação categorial 
 [ __SN] [ __ ] - subcategorização 
 Jorge [lavou o carro] Jorge [sorriu] 
 
 19 
 COMER [+V] DIZER [+V] - informação categorial 
 [ __ SN] [ __S] - subcategorização 
 Jorge [comeu o sanduíche] Jorge [disse que o livro era estrangeiro] 
 
 
 2.2- Unidades sintáticas e concatenação 
 
 a) LAVOU + [o carro] b) JORGE + [lavou o carro] 
 
 a') SV b') S 
 3 3 
 V SN SN SV 
 ! ! ! 3 
 lavou o carro Jorge V SN 
 ! ! 
 c) Jorge lavou o carro. lavou o carro 
 
 2.3- Movimento de sintagmas 
 
 a) Que livro Paulo leu? 
 b) Quem Maria conheceu na festa? 
 c) Aquele livro foi perdido. 
 d) Esse bolo, eu não vou comer. 
 
 
3- A forma da gramática segundo a Teoria da Regência e Ligação 
 
 3.1- O modelo de gramática 
 
 Representações Restrições 
 
 Léxico 
 
Estrutura P <---------- Teoria-X, Teoria θ 
 <---------------------- Mova α Princípio de Projeção 
 
Estrutura S <---------- Teoria do Caso Critério θ 
 PCV 
 Teoria da Ligação 
 Teoria do controle 
 Forma Forma 
 Fonética Lógica 
 Mova α -FL 
 
 (v. Dillinger, 1991, p. 58) 
 
 3.2- Os módulos da gramática 
 20 
 
 No modelo da Teoria da Regência e Ligação, a gramática é concebida como um 
conjunto de módulos, tendo cada um funções específicas, mas interagindo para a 
formação de sentenças gramaticais. São eles os seguintes: 
 
(a) Teoria X-Barra: define as configurações estruturais permissíveis dentro das 
sentenças. 
 
(b) Teoria-θ : trata da especificação das relações temáticas dentro das sentenças e da 
preservação destas relações no curso de uma derivação. 
 
(c) Teoria do Caso: determina as condições de licenciamento para constituintes que em 
muitas línguas se manifestam por meio da presença de marcação morfológica de caso. 
 
(d) Teoria da Ligação: determina quando um constituinte é ligado a um outro 
constituinte da mesma sentença por uma relação de identidade de referência. 
 
(e) Teoria do Controle: determina as relações possíveis de correferência para certos 
tipos de categorias vazias, especialmente para sujeitos não expressos de sentenças sem 
tempo. 
 
(f)Teoria da Regência: define a relação estrutural entre o núcleo de um constituinte e 
os constituintes que este inclui. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VIII - O CONCEITO DE ESTRUTURA 
 21 
Akmajian (1993) , p. 139-141 
 
 Em todas as línguas, as sentenças são estruturadas de modos específicos. O que é 
estrutura sintática, e o que significa dizer que as sentenças são estruturadas? Como 
muitas outras questões que podem ser formuladas a respeito da linguagem humana, é 
difícil responder a esta questão de um modo direto. De fato, é impossível responder à 
pergunta O que é estrutura? sem construir, realmente, uma teoria da sintaxe, e, de fato, 
uma das preocupações centrais das teorias sintáticas correntes é dar uma resposta a esta 
pergunta. Assim, deve-se acentuar que não se pode definir o conceito de estrutura antes 
de se estudar sintaxe; deste modo, nosso estudo da sintaxe será uma tentativa deencontrar uma definição (bem elaborada) deste conceito. 
 Para começar, adotaremos a seguinte estratégia: vamos assumir que as sentenças 
são meras sequências de palavras não estruturadas, isto é, considerando que podemos 
reconhecer que as sentenças são formadas de palavras (as quais podemos isolar), parece 
que a hipótese que poderíamos formular é que as sentenças não passam de palavras 
ordenadas linearmente, umas depois das outras. Se examinarmos algumas das 
propriedades formais das sentenças à luz desta estratégia, descobriremos rapidamente se 
nossa hipótes da sequência não estruturada pode-se manter, ou se seremos forçados a 
adotar uma hipótese que atribui maior complexidade às sentenças, isto é, nós não 
queremos assumir simplesmente que as sentenças são estruturadas, mas sim verificar se 
esta hipótese é sustentada por evidências. 
 Se adotarmos a hipótese de que as sentenças são sequências não estruturadas de 
palavras, então, quase imediatamente, devemos acrescentar uma qualificação 
importante. Uma das primeiras coisas qque percebemos sobre as sentenças das línguas 
humanas é que as palavras ocorrem numa certa ordem linear. Embora algumas línguas 
apresentem uma considerável liberdade na ordem vocabular ( o latim, o russo e algumas 
línguas indígenas australianas são os exemplos mais conhecidos), em nenhuma língua as 
palavras podem ocorrer numa ordem aleatória. Não importa quão livre uma língua é em 
termos de ordem vocabular, pois ela terá inevitavelmente que obedecer a algumas 
restrições sobre a ordem de palavras. Além disso, em muitas línguas a ordem linear das 
palavras assume um papel crucial na determinação do significados das sentenças: em 
 22 
português, O cavalo feriu o cachorro significa algo bem diferente de O cachorro feriu o 
cavalo, apesar de as mesmas palavras terem sido empregadas em ambas. Portanto, nós 
poderíamos dizer que as sentenças são sequências não estruturadas de palavras, mas 
devemos assegurar que é necessário especificar, pelo menos, uma ordem linear para 
aquelas palavras. 
 
AMBIGÜIDADE ESTRUTURAL 
 
 Mesmo com a importante qualificação já feita sobre a ordem vocabular, nossa 
hipótese da seqüência não estruturada se desfaz diante de um interessante quebra-
cabeças. Considere a seguinte sentença: 
 
 (1) A empresa contratou homens e mulheres fortes. 
 
 Esta sentença é ambígua, isto é, ela tem mais de um significado: ela fala sobre o 
conjunto de homens e mulheres fortes ou sobre dois conjuntos, um de homens, e outro 
de mulheres fortes. A característica interessante desta sentença é que sua ambigüidade 
não pode ser atribuída à ambigüidade de algumas de suas palavras, isto é, não é possível 
atribuir a ambigüidade da sentença à ambigüidade de empresa, homens ou mulheres. Em 
contrapartida, considere a sentença: 
 (2) Esta pena é muito grande. 
 
Ela também é ambígüa, mas , neste caso, a ambigüidade se deve ao fato de a palavra 
pena ser ambígua, a qual pode significar "punição" ou "cada uma das peças que 
revestem o corpo das aves". Para a sentença (1), no entanto, não podemos dar uma 
explicação deste tipo. 
 Neste ponto, então, estamos diante de um quebra-cabeças: como é que uma 
sentença formada inteiramente de palavras não ambíguas pode ser ambígua? Nossa 
hipótese da seqüência não estruturada não nos faz esperar este tipo de ambigüidade, nem 
fornece mecanismos para explicar o fenômeno. Se abandonarmos a hipótese da 
seqüência não estruturada, teremos se assumir que as palavras em (1) são agrupadas e 
 23 
que podem ser agrupadas de mais de uma forma. Se formularmos esta hipótese, a qual é 
motivada pelo nosso exemplo, poderemos dar conta do tipo de ambigüidade presente em 
sentenças como (1), dizendo simplesmente que, embora, a sentença consista de um 
conjunto de palavras não ambíguas, tais palavras podem , de fato, ser agrupadas de duas 
maneiras: 
 (3)a. A empresa contratou ((homens e mulheres) fortes). 
 b. A empresa contratou (homens) e (mulheres fortes). 
 
 Quando homens e mulheres fortes se agrupam como em (3a), entendemos que a 
sentença significa que tanto os homens quanto as mulheres são fortes. Quando, por 
outro lado, o agrupamento é feito como em (3b), entendemos que apenas as mulheres 
são fortes. Assim, dependendo de como as palavras são agrupadas (como elas são 
estruturadas), apenas uma das duas interpretações é possível. Uma seqüência de 
palavras pode ter mais do que um agrupamento bem formado, criando um tipo de 
ambigüidade que se distingue totalmente da abigüidade lexical (vocabular). 
 Por afirmar que as palavras de uma sentença podem ser agrupadas, nós 
começamos a definir o conceito de estrutura de sentença. Deve-se notar que, apelando 
para a noção de agrupamento, nós estamos, mesmo com este exemplo simples, indo 
além das observações superficiais sobre as propriedades das sentenças, chegando a 
postular propriedades abstratas ou teóricas. Embora a ordem linear das palavras seja 
algo que podemos verificar por meio da observação direta de uma sentença, o 
agrupamento de palavras naquela sentença não é diretamente observável. Ao invés 
disso, o agrupamento de palavras é uma propriedade teórica à qual recorremos a fim de 
explicar as características abstratas das sentenças, como a ambigüidade estrutural. 
 Considerando o que foi dito até aqui, parece que, ao especificar a estrutura de 
uma sentença, nós especificamos (a) a ordem linear das palavras e (b) os possíveis 
sgrupamentos de palavras. De fato, estas são duas importantes propriedades da estrutura 
das sentenças, mas não são suas únicas propriedades importantes. 
 24 
 IX - A ESTRUTURA SINTÁTICA 
 
 
 1- FUNÇÕES, CLASSES E SINTAGMAS 
 
 A gramática tradicional considera as funções sintáticas como elementos 
primitivos da gramática. No entanto, para definirmos a função de sujeito (termo com o 
qual o verbo concorda), temos de nos valer de noções mais básica, como as de verbo e 
de concordância. Por causa disto, os lingüistas gerativistas formularam uma teoria 
sintática incluindo apenas as classes gramaticais (Nome, Verbo, Adjetivo, Preposição, 
Advérbio) nas representações sintáticas (árvores) das sentenças. 
 
 FUNÇÕES CLASSES SINTAGMAS 
 LEXICAIS 
 
 SUJEITO NOME → SINTAGMA NOMINAL 
 PREDICADO VERBO → SINTAGMA VERBAL 
 OBJETO DIRETO ADJETIVO → SINTAGMA ADJETIVAL 
 OBJETO INDIRETO PREPOSIÇÃO → SINTAGMA PREPOSICIONAL 
 PREDICATIVO ADVÉRBIO → SINTAGMA ADVERBIAL 
 
 
 
1.1- Funções 
 
 Perini (1985) faz um comentário crítico sobre as descrições das gramáticas 
escolares tradicionais, mostrando que há, em tais gramáticas, uma doutrina gramatical 
explícita (DGEx.), a que é exposta na gramática e que, por exemplo, “conceitua o 
sujeito como otermo sobre o qual se faz uma declaração” (p. 16), e uma doutrina 
gramatical implícita (DGImp.), “que não é nunca explicitada, nem reconhecida como 
existente, mas que na verdade guia nossas decisões dentro da prática da análise 
gramatical” (p.17). Para desqualificar a definição de sujeito da DGEx, Perini faz a 
seguinte análise: 
 
 (1) “O sujeito é o termo sobre o qual se faz uma declaração.” 
 
 Digamos que se peça a uma pessoa gramaticalmente treinada para identificar os 
sujeitos das orações abaixo: 
 
 (2) Carlinhos corre como um louco 
 (3) Carlinhos machucou Camilo 
 (4) esse bolo eu não vou comer 
 (5) em Belo Horizonte chove um bocado 
 
Ela dirá que o sujeito de (2) e de (2) é Carlinhos; o de (4) é eu; e 5) não tem 
sujeito. Essas análises estão de acordo com a prática corrente, e creio que são de 
aceitação universal. Mas até que ponto se harmonizam com a definição(I), também 
geralmente aceita? É surpreendente verificar como são numerosos os choques entre a 
 25 
definição e a análise. Em (2) pode-se dizer sem problemas que a oração veicula uma 
declaração sobre Carlinhos, e sobre ninguém mais. Já em (3) isso não fica assim tão 
evidente: não haverá aí também uma declaração sobre Camilo? Quando chegamos a (4) 
a situação se torna ainda mais desconfortável: como defender a tese de que (4) é uma 
afirmação acerca de mim, e não acerca do bolo? Finalmente, (4), que é uma oração sem 
sujeito, necessariamente (segundo a definição) não deveria estar declarando nada sobre 
coisa alguma; no entanto, (5) exprime claramente uma declaração sobre Belo Horizonte. 
 
Feita a desqualificação da definição (1), pertencente à DGEx., Perini propõe a 
definição abaixo para sujeito: 
 
(7) Sujeito é o termo com o qual o verbo concorda. 
 
E comenta: 
 
 A prática gramatical observada sugere que (7) seja, pelo menos, parte da 
definição de sujeito existente na DGImp. Com efeito, (7) nos permite não só identificar 
Carlinhos como sujeito de (2) e de 3), mas também, inequivocamente, eu como sujeito 
de (4). Já (5) não tem sujeito porque o verbo não concorda com nenhum dos termos da 
oração. A definição (7) abrange qualquer ocorrência de sujeito, mesmo que este termo 
esteja em outra posição na sentença que não seja a usual, como nos exemplos abaixo: 
 
 (a) Chegaram de São Paulo ontem de manhã aqueles três estudantes italianos. 
 (b) Apareceu lá em casa no sábado o cachorrinho pequinês da Maria. 
 
 Estas sentenças revelam que se deve levar em conta, também, no estudo do 
sujeito, a sua posição canônica de ocorrência (como muitas outras línguas, o português é 
uma língua SVO). Chomsky (1965) foi o primeiro lingüista a formalizar 
apropriadamente as estruturas sintáticas, indicando que as funções derivam das relações 
entre os sintagmas (unidades sintáticas construídas em torno de um núcleo). Segundo 
este modelo, o sujeito é o sintagma nominal que, juntamente com o sintagma verbal, 
compõe a sentença. Analisando a sentença (c) abaixo num diagrama em árvore, temos 
(d): 
 
 (c) O aluno fez o exercício. 
 
 (d) S 
 3 
 SN SV 
 ! 3 
 o aluno V SN 
 ! ! 
 fez o exercício 
 
 A sentença (c) tem dois sintagmas nominais, mas apenas o SN o aluno está 
diretamente ligado à sentença (S). O outro sintagma nominal, contido no SV, é o objeto 
 26 
direto. Na seção X, formalizaremos apropriadamente as estruturas sintáticas, usando os 
recursos da Teoria X-Barra. 
 27 
1.2 - Classes e sintagmas 
 
 Classes como nomes, verbos, adjetivos, preposições e advérbios são chamadas 
lexicais, porque se referem a elementos do mundo objetivo, extralingüístico. Assim, os 
nomes se referem a entidades, os verbos denotam eventos, os adjetivos referem-se a 
estados, os advérbios correspondem a circunstâncias e as preposições representam 
relações. 
 Como vimos no texto de Akmajian, a estrutura sintática deriva dos 
agrupamentos de palavras hierarquicamente combinados. Estes agrupamentos formam 
as unidades sintáticas básicas, também conhecidas como sintagmas,.os quais são 
construídos em torno de núcleos lexicais, como os mencionados acima, ou em torno de 
núcleos funcionais, como flexão, complementador e determinante. Estes últimos serão 
analisados mais detalhadamente na seção X. 
 
1- Exemplos de sintagmas nominais: 
 
1) [O estudante de Física] comprou [aquele computador]. 
2) [Aquele computador] enguiçou. 
3) Eu encontrei [o estudante de Física]. 
 
2- Exemplos de sintagmas verbais: 
 
4) Paulinho [comprou aquele computador]. 
5) Jonas [encontrou Paulinho]. 
6) Jonas [ofereceu os doces ao menino]. 
 
3- Exemplos de sintagmas preposicionais: 
 
7) Joana correu [no calçadão] [com o surfista]. 
8) Joana colocou o livro [sobre a mesa]. 
9) Joana comeu os biscoitos [com alegria]. 
10) Joana quebrou uma xícara [de porcelana]. 
 
4- Exemplos de sintagmas adjetivais: 
 
 11) Almino está [muito triste]. 
 12) O deputado é [favorável ao emendão]. 
 13) Ele está [consciente da situação]. 
 
 
2- A ESTRUTURA INTERNA DOS SINTAGMAS 
 
Nesta seção, apresentam-se exemplos dos diferentes sintagmas, com expansões 
à esquerda e à direita, ou compostos apenas pelos respectivos núcleos. Estes últimos 
estão grafados em negrito. 
 
 28 
 SINTAGMA NOMINAL (SN) 
 
 a) Carminha 
 a Carminha 
 
 b) os porquinhos 
 os três porquinhos 
 os três rechonchudos porquinhos 
 
 c) contratação de empregados 
 apresentação da peça 
 entrega do prêmio ao estudante 
 fornecimento de água à população 
 
 d) aquela moça do terceiro andar 
 uma funcionária da Universidade que eu encontrei 
 
 SINTAGMA VERBAL (SV) 
 
 [Dormíamos]. 
 [Compramos um apartamento]. 
 [Entregamos o prêmio ao estudante]. 
 [Encontramos o rapaz no botequim às três horas]. 
 [Comíamos bolachas com imenso prazer]. 
 
 SINTAGMA ADJETIVAL (SA) 
 
 Rapunzel ficou [triste]. 
 Rapunzel ficou [muito triste]. 
 Ele está [consciente da situação]. 
 Ele está [muito consciente da situação]. 
 
 SINTAGMA PREPOSICIONAL (SP) 
 
 Ele agiu [com rapidez]. 
 Rapunzel ficou presa [no castelo]. 
 A livraria vende livros [sobre a China]. 
 O livro estava [sobre a mesa]. 
 O prefeito contava [com os vereadores]. 
 É preciso interromper a mortandade [de peixes]. 
 
 SINTAGMA ADVERBIAL 
 
 Paulo corria [cedo]. 
 Ele chegou [muito tarde]. 
 Jonas correu na praia [ontem]. 
 29 
3- FUNÇÕES SINTÁTICAS DOS SINTAGMAS 
 
 Um mesmo sintagma pode ter diversas funções sintáticas, dependendo de sua 
distribuição na sentença. Assim, por exemplo, um SN pode ser sujeito, objeto direto, 
predicativo do sujeito, predicativo do objeto, etc. Veja, a seguir, exemplos com 
sintagmas nominais e sintagmas preposicionais exercendo diferentes funções sintáticas. 
 
3.1- SN 
 
 SUJEITO 
 
 1- Minha secretária corre no Ibirapuera. 
 2- O torcedor do Flamengo corre no calçadão. 
 3- Aquele atleta que encontramos no botequim ganhou uma medalha de ouro. 
 4- A construção da casa durou três meses. 
 
 
 OBJETO DIRETO 
 
 5- Jonas encontrou minha secretária no Ibirapuera. 
 6- O ministro viu o torcedor do Flamengo no calçadão. 
 7- Jonas admira aquele atleta que encontramos no botequim. 
 8- O banqueiro financiou a construção da casa. 
 
 
 PREDICATIVO DO SUJEITO 
 
 9- Paulo é um estudante inteligente. 
 10- A Terra é um planeta. 
 
 
PREDICATIVO DO OBJETO 
 
 11- Eu considero Paulo um atleta. 
 12- Maria julga Paulo um rapaz moderno. 
 13- Maria julga-o um rapaz moderno. 
 
 3.2- SP 
 
 OBJETO INDIRETO 
 
 15- Jonas entregou o livro ao bibliotecário. 
 16- Josefina deu presentes aos meninos de rua. 
 17- Paulinho ofereceu bombons ao irmão. 
 18- Joaquim gostava de balas de hortelã. 
 
 30 
 4- A SENTENÇA E SUA ESTRUTURA 
 
4.1- Toda sentença é formada por sintagmas (unidades sintáticas) estruturados 
hierarquicamente. 
 
4.2- SINTAGMA- unidade sintática organizada em torno de um núcleo. 
 
 SN (sintagma nominal) > N 
 SV (sintagma verbal) > V 
 SA (sintagma adjetival) > A 
 SP (sintagma preposicional) > P 
 
4.3- Testes para a determinação das unidades sintáticas (sintagmas): 
 
 4.3.1- Antecipação 
 
 (1)a. Eu não vou comer essa torta. 
 b. Essa torta, eu não vou comer. 
 (2)a. Paulo enviou flores à namorada.b. À namorada, Paulo enviou flores. 
 (3)a. Chove muito em Manaus. 
 b. Em Manaus chove muito. 
 
 4.3.2- Interrogação 
 
 (4)a. Jonas comeu o sanduíche na cantina. 
 b. O que Jonas comeu na cantina? 
 c. Quem comeu o sanduíche na cantina? 
 d. Onde Jonas comeu o sanduíche? 
 
4.3.3- Substituição por pronome 
 
(5)a. O escritor carioca escreveu um romance sobre crianças abandonadas. 
 b. Ele escreveu um romance sobre crianças abandonadas. 
 c. O escritor carioca escreveu-o . 
 
4.4- Teste para a determinação da estrutura hierárquica do SV 
 
4.4.1- Elipse 
 
(6) a. Jonas escreveu a carta no escritório e Helena [ ], na varanda. 
 b. Jorge consertou o carro na garagem e Jonas [ ], na oficina. 
 Estruturas subentendidas: em (6a): escreveu a carta 
 em (6b): consertou o carro 
 
 31 
 Estrutura hierárquica do SV: escreveu a carta na varanda 
 3333 
 escreveu a carta na varanda 
 3333 
 escreveu a carta 
 
 
4.5- A formação de estruturas sintáticas 
 
4.5.1- Complementos formam estruturas com os núcleos que os selecionam: 
 Ex.: Jonas escreveu a carta. 
 Jorge consertou o carro. 
 A construção da igreja levou muitos anos. 
 Os deputados são favoráveis ao projeto. 
 Eu coloquei o livro sobre a mesa. 
 __ 
 V 
 3 
 V SN 
 ! 6 
 Jonas escreveu a carta 
 __ 
 V 
 3 
 V SN 
 ! 6 
 Jorge consertou o carro 
 
 __ 
 N 
 3 
 N SP 
 ! 6 
 a construção da igreja levou muitos anos 
 __ 
 A 
 3 
 A SP 
 ! 6 
 os deputados são favoráveis ao projeto 
 __ 
 P 
 3 
 P SN 
 ! 6 
 eu coloquei os livros sobre a mesa 
 32 
Usa-se uma barra sobre a letra que abrevia a classe gramatical do núcleo do 
sintagma, para indicar-se que se trata de estrutura formada a partir da concatenação 
deste núcleo com seu complemento (V+SN = V). Assim, nos exemplos dados, temos 
estruturas formadas, respectivamente, de verbo + SN ( V = escreveu a carta), de nome + 
SP (N = construção da igreja), de adjetivo + SP ( A = favoráveis ao projeto) e de 
preposição + SN ( P = sobre a mesa). O mesmo processo de concatenação pode ser 
usado para acrescentarmos adjuntos à estrutura formada por núcleo + complemento. 
Neste caso, também, a estrutura resultante é marcada com uma barra: ([V SN] + SP = V 
): 
Ex.: Jorge consertou o carro na oficina. 
 A construção da igreja pelos operários levou muitos anos 
 __ 
 V 
 __ qp 
 V SP 
 3 6 
 V SN na oficina 
 ! 6 
 Jorge consertou o carro 
 __ 
 N 
 __ qp 
 N SP 
 3 6 
 N SP pelos operários levou muitos anos 
 ! 6 
 a construção da igreja 
 
 
Quando um núcleo atinge sua expansão máxima, dizemos que ele forma um 
sintagma. Sendo assim, podemos afirmar que todo sintagma é a expansão (projeção) 
máxima de um dado núcleo. 
Ex.: SV = Projeção Máxima 
 ! 
 __ 
 V 
 __ qp 
 V SP 
 3 6 
 V SN na oficina 
 ! 6 
 Jorge consertou o carro 
 
 
 
 33 
 
SN = Projeção Máxima 
 qp __ 
 D N 
 ! __ qp 
 a N SP 
 3 6 
 N SP pelos operários levou muitos anos 
 ! 6 
 construção da igreja 
 
Na seção seguinte, formalizaremos a estrutura das sentenças usando a Teoria X-Barra, 
um dos módulos da gramática segundo a concepção gerativista.
 34 
X - TEORIA X-BARRA 
 
 1- Definição: “é a parte da gramática que regula a estrutura dos sintagmas”. 
 (Cf. Haegeman, 1992) 
 
2- Categorias lexicais e funcionais 
 
 Classes como nomes, verbos, adjetivos, preposições e advérbios são chamadas 
lexicais, porque se referem a elementos do mundo objetivo, extralingüístico. Assim, os 
nomes se referem a entidades, os verbos denotam eventos, os adjetivos referem-se a 
estados, os advérbios correspondem a circunstâncias e as preposições representam 
relações. 
 Além destas classes, ou categorias lexicais, existem as categorias funcionais, as 
quais referem-se unicamente a elementos do sistema gramatical, como a flexão e o 
complementador. Veremos, a seguir, que a Teoria X-Barra dá um tratamento unificado 
às categorias lexicais e funcionais. 
 
3- Regras 
 1- SX ----> ESP X` 
 2- X` ----> X` ADJUNTO 
 3- X` ----> X COMPLEMENTO 
 
4- Estrutura básica dos sintagmas 
 
 SX 
 3 
 Esp X ' 
 3 
 X ' Adjunto 
 3 
 X Complemento 
 
Princípio de Endocentricidade 
 Todo sintagma deve ser estruturado em torno de um núcleo da mesma classe. Assim, 
 temos: SN >N, SV > V, SA > A, SP > P, SF > F, SC > C. 
 
5- Estrutura dos sintagmas lexicais 
 
a) V`` = SV b) N`` = SN c) A`` = SA d) P`` = SP 
 2 22 2 
 ESP V` ESP N` ESP A` ESP P` 
 2 2 2 2 
 V` ADJUNTO N` ADJUNTO A` COMPL P COMPL 
 2 2 
 V COMPL N COMPL 
 
Obs.: X`` (SX) = projeção máxima X` = projeção intermediária X = núcleo 
 
 6- Estrutura dos sintagmas funcionais 
 35 
 
 SF SC 
 3 3 
 Esp F' Esp C' 
 3 3 
 F SV C SF 
 
 
 a) O detetive quase investigou o crime 
 EX. b) O detetive [quase investigou o crime após o jantar] 
 c) a investigação do crime após o jantar 
 
a) S 
 qp 
 SN SV 
 6 qp 
 o detetive ESP V` 
 ! 3 
 quase V SN 
 ! 6 
 investigou o crime 
b) S 
 3 
 SN SV c) SN 
 ! 3 3 
 o detetive ESP V` ESP N` 
 ! 3 ! 3 
 quase V` SP a N` SP 
 3 ! 3 ! 
 V SN após o jantar N SP após o jantar 
 ! ! ! ! 
 investigou o crime investigação do crime 
 
Construções endocêntricas (com núcleo): Construção exocêntrica (sem núcleo) 
 
 SN SV SA SP S 
 ! ! ! ! qp 
 N` V` A` P` SN SV 
 ! ! ! ! 
 N V A P 
 
 Se a sentença for diagramada em árvore, conforme se vê acima, tendo SN e SV 
como componentes, não haverá meios de analisá-la dentro da Teoria X-Barra, já que 
esta se pauta pelo Princípio de Endocentricidade, isto é, exige que todo sintagma tenha 
um núcleo lexical ou funcional. Neste diagrama , S é uma unidade sem núcleo, violando 
este princípio. Para resolver tal problema, é necessário levar em conta o papel das 
categorias funcionais na estrutura da sentença. 
 36 
7- As informações lexicais e funcionais na sentença 
 
 Toda sentença contém três tipos de informações; as lexicais – representadas 
pelas categorias lexicais, como nome, verbo, etc. --, as gramaticais, contidas nas 
desinências verbais, e as discursivas, associadas à força ilocucionária. As informações 
lexicais ocorrem no domínio do SV, as gramaticais no domínio do SF, e as discursivas, 
no domínio do SC. Assim, a estrutura de uma sentença pode ser diagramada da seguinte 
forma: 
 
 (1) SC informações discursivas 
 6 
 SF informações gramaticais 
 6 
 SV informações lexicais 
 6 
 
 7.1- Informações discursivas 
 
 Nas sentenças subordinadas os complementadores que e se ( as conjuncões 
integrantes das gramáticas escolares) são selecionados pelo verbo da oração principal e 
se associam à força ilocucionária (interrogação, declaração) da sentença subordinada. 
Desse modo, o complementador que introduz sentença declarativa, e o complementador 
se, sentença interrogativa indireta. Considerem-se os exemplos abaixo: 
 
 (2) Pedrinho afirmou [que Paulo tinha cortado a grama]. 
 (3) Pedrinho perguntou [se Paulo tinha cortado a grama]. 
 
Em (2), a força ilocucionária declarativa da sentença subordinada se associa ao 
complementador que, enquanto em (3), a força ilocucionária interrogativa da S 
subordinada está associada a se. Se trocarmos os complementadores, os resultados são 
agramaticais: 
 
 (2)a. *Pedrinho afirmou [se Paulo tinha cortado a grama]. 
 (3)a. * Pedrinho perguntou [que Paulo tinha cortado a grama]. 
 
Considerando as propriedades ilocucionárias dos complementadores, pode-se 
associá-los a um sintagma indepentente dentro da sentença, o sintagma complementador 
(SC), cuja estrutura é a seguinte: 
 
 (a) SC 
 3 
 ESP C’ 
 3 
 C [+QU-] SF 
 6 
 
 37 
A informação ilocucionária está representada pelo traço QU- ( +QU- = interrogação; 
-QU- = declaração). Exemplos: 
 
 Pedrinho disse SC 
 3 
 ESP C’ 
 3 
 C [-QU] SF 
 ! 6 
 que Paulo tinha cortado a grama 
 
 
 
 Pedrinho perguntou SC 
 3 
 ESP C’ 
 3 
 C [+QU] SF 
 ! 6 
 se Paulo tinha cortado a grama 
 
 
 7.2 – Informações gramaticais 
 
 
 7.2.1- O sintagma flexional 
 
(1)a. *Nós lavar o carro. 
 b. *Nós lavarmos o carro. 
 
As sentenças (1a) e (1b) são agramaticais porque não estão completas com 
respeito às informações gramaticais de Tempo e Concordância (pessoa e número): em (1 
a) faltam estas duas informações, e, em (1 b), embora o verbo tenha a desinência 
número-pessoal, falta-lhe a informação sobre o tempo da ação verbal. Numa sentença 
simples, então, as noções de tempo e concordância têm de estar presentes para que as 
informaçoes gramaticais estejam completas. Estas informações, por sua vez, podem 
manifestar-se de maneiras diferentes, conforme se vê nas sentenças abaixo: 
 
(2) Nós lavaremos o carro. 
(3) Nós vamos lavar o carro. 
 
Em (2) a noçáo de futuro é transmitida pela desinência verbal –re-, e a de concordância 
pela desinência número-pessoal –mos. Em (3), contudo, estas mesmas informações 
estão presentes no verbo auxiliar e não no principal. Tendo em vista, pois, que toda 
sentença simples só se completa se for dotada das informações de tempo e 
concordância, e, também, que tais informações podem estar presentes nos auxiliares, é 
 38 
possível propor que a sentença tenha como núcleo uma categoria funcional, a qual 
denominaremos Flexão, formando um sintagma flexional (SF) com um especificador e 
um complemento, como no esquema abaixo: 
 
(4) SF 
 3 
 Esp F’ 
 3 
 F SV 
 
Com base nesta proposta, as sentenças (3) e (4) podem ser representadas pelas seguintes 
árvores: 
 
(5) SF 
 3SN F’ 
 qp 
 F SV 
 [+T, + CONC] 6 
 Nós vamos lavar o carro 
 
 
 
 
 
(6) SF 
 3 
SN F’ 
 3 
 F SV 
 [+T, + CONC] 6 
Nós lavaremos o carro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 39 
 8- Exemplos de estruturas de sentenças 
 . 
 a) Os deputados são favoráveis ao projeto. 
 b) Paulo encontrou o colega no supermercado. 
 c) O governo patrocinou a construção da escola 
 
 
a) SC b) SC 
 2 2 
 ESP C` ESP C` 
 2 2 
 C SF C SF 
 3 3 
 SN F` SN F` 
 ! 3 ! 3 
 os deputados F SV Paulo F SV 
 ! ! 
 V` V` 
 2 3 
 V SA V` SP 
 ! ! 3 6 
 são A` V SN no supermercado 
 2 ! 6 
 A SP encontrou o amigo 
 ! 6 
 favoráveis ao projeto 
 c) SC 
 3 
 ESP C` 
 3 
 C SF 
 3 
 SN F` 
 6 3 
 o governo F SV 
 ! 
 V` 
 3 
 V SN 
 ! 3 
 patrocinou DET N` 
 ! 3 
 a N SP 
 ! ! 
 construção P` 
 3 
 P SN 
 ! 3 
 de DET N` 
 ! ! 
 a N 
 escola 
 40 
XI - LÉXICO E TEORIA TEMÁTICA 
 
1- Léxico - " Todo falante de uma língua tem acesso a informações detalhadas sobre as 
palavras da língua. Qualquer teoria da linguagem deve refletir este fato; assim, qualquer 
teoria da linguagem deve incluir algum tipo de léxico, o repositório de todas as 
propriedades (idiossincráticas) de itens lexicais particulares. Estas propriedades incluem 
a representação da forma fonológica de cada item, a especificação de sua categoria 
sintática, e suas características semânticas." (Chomsky e Lasnik (1991) 
 
2- Teoria temática - módulo da gramática que trata da atribuição de papel temático aos 
argumentos sintáticos. 
 
3- Argumentos sintáticos - "são os participantes minimamente envolvidos na atividade 
ou estado que o predicado expressa." (Haegeman, 1991, p. 36) 
 Ex.: a) Joana desmaiou. 
 b) Pedro tropeçou. 
 c) Marilda sorriu. 
 d) Jonas admira Marilda. 
 e) Pedro encontrou Joana. 
 f) O operário construiu a casa. 
 g) Jonas deu a rosa a Marilda. 
 h) Paulo entregou a carta a Joana. 
 
 DESMAIAR VERBO 1 
 SN 
 TROPEÇAR VERBO 1 
 SN 
 SORRIR VERBO 1 
 SN 
 ADMIRAR VERBO 1 2 
 SN SN 
 ENCONTRAR VERBO 1 2 
 SN SN 
 CONSTRUIR VERBO 1 2 
 SN SN 
 DAR VERBO 1 2 3 
 SN SN SP 
 ENTREGAR VERBO 1 2 3 
 SN SN SP 
 
OBS.: O sujeito é o argumento externo e os objetos são os argumentos internos. 
 
 f) [O operário] [construiu [a casa]]. 
 SN SV SN 
 1 2 
 A externo A interno 
 41 
OBS.: Os argumentos internos são selecionados categorialmente (c-selecionados) pelo 
verbo (informação lexical). 
 
 Ex.: DAR V [ _ SN SP] 
 
 CONSTRUIR V [ _ SN] SORRIR V [ _ ] 
 
4 - Eventos e participantes 
 
 a) Romário lançou a bola para Ronaldinho.. 
 
 E 
 
 P1 P2 P3 
 Agente Tema Alvo 
 
5 - Papéis temáticos 
 São as relações semânticas específicas entre os verbos e seus argumentos: 
 
 AGENTE, PACIENTE, TEMA, ORIGEM, ALVO, EXPERIENCIADOR, LOCATIVO, 
 BENEFICIÁRIO e INSTRUMENTO. 
 
5.1- Definições dos papéis temáticos 
 
AGENTE - aquele que intencionalmente inicia a ação expressa pelo predicado. 
PACIENTE - a pessoa ou coisa que sofre a ação expressa pelo predicado. 
TEMA - a pessoa ou coisa deslocada pela ação expressa pelo predicado. 
EXPERIENCIADOR - a entidade que experimenta algum estado (psicológico) 
expresso pelo predicado. 
BENEFICIÁRIO - a entidade que se beneficia da ação expressa pelo predicado. 
ALVO - a entidade em cuja direção a atividade expressa pelo verbo aponta. 
ORIGEM - a entidade da qual algo é movido como resultado da atividade expressa pelo 
predicado. 
LOCATIVO - o lugar em que se situa a ação ou estado expresso pelo predicado. 
 (Haegeman, 1994, p. 41) 
INSTRUMENTO - objeto com o qual se pratica uma ação. 
 
5. 2- Exemplos de papéis temáticos 
 
 AGENTE 
1- Paulo atirou a bola. 
2- Paulo escondeu o lápis. 
3- Paulo guardou o balde de tinta. 
4- O eletricista subiu na escada. 
 
 
 
 42 
 EXPERIENCIADOR 
5- Jorge enxergou os números pequenos. 
6- Pedro sentiu dor de cabeça. 
7- Asdrúbal ouviu ruídos de passos. 
8- Nós não entendemos o problema. 
 
 TEMA BENEFICIÁRIO

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