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2a edição | Nead - UPE 2010 Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) Núcleo de Educação à Distância - Universidade de Pernambuco - Recife Silva, Francisca Núbia Bezerra e Oliveira, Maria das Graças Alves de. Letras: morfossintaxe II / Francisca Núbia Bezerra e Silva, Maria das Graças Alves de Oliveira - Recife: UPE/NEAD, 2010. 60 p. il. ISBN 1. Morfossintaxe. 2. Língua Portuguesa. 3. Gramática. 4. Sintaxe. I. II. Universidade de Pernambuco - UPE. II. Título. S586l CDU 801.5 Impresso no Brasil - Tiragem 150 exemplares Av. Agamenon Magalhães, s/n - Santo Amaro Recife - Pernambuco - CEP: 50103-010 Fone: (81) 3183.3691 - Fax: (81) 3183.3664 Reitor Vice-Reitor Pró-Reitor Administrativo Pró-Reitor de Planejamento Pró-Reitor de Graduação Pró-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Pró-Reitor de Extensão e Cultura Prof. Carlos Fernando de Araújo Calado Prof. Reginaldo Inojosa Carneiro Campello Prof. José Thomaz Medeiros Correia Prof. Béda Barkokébas Jr. Profa. Izabel Cristina de Avelar Silva Profa. Viviane Colares S. de Andrade Amorim Prof. Álvaro Antônio Cabral Vieira de Melo UNIVERsIDADE DE PERNAmbUCo - UPE NEAD - NÚCLEo DE EDUCAÇÃo A DIsTÂNCIA Coordenador Geral Coordenador Adjunto Assessora da Coordenação Geral Coordenação de Curso Coordenação Pedagógica Coordenação de Revisão Gramatical Administração do Ambiente Coordenação de Design e Produção Equipe de design Coordenação de suporte EDIÇÃo 2010 Prof. Renato Medeiros de Moraes Prof. Walmir Soares da Silva Júnior Profa. Waldete Arantes Profa. Silvania Núbia Chagas Profa. Maria Vitória Ribas de Oliveira Lima Profa. Patrícia Lídia do Couto Soares Lopes Profa. Angela Maria Borges Cavalcanti Profa. Eveline Mendes Costa Lopes. José Alexandro Viana Fonseca Prof. Marcos Leite Anita Sousa Gabriela Castro Rodrigo Sotero Afonso Bione Prof. Jáuvaro Carneiro Leão 5 Morfossintaxe ii eMenta Estudo reflexivo da Língua Portuguesa: gramática da frase, da oração e do texto, objeto da sintaxe, relações sintáticas e meios de expressão dessas relações. Grupos de palavras e elementos frásicos. Ordem dos termos nas orações. Frases compos- tas e frases conjuntamente referentes. Sistemas de correspondência. Flexibilida- de sintática da língua. objetivo Geral Compreender a morfossintaxe como uma abordagem diferente da gramática normativa, fazendo com que o acesso e o domínio sobre a sintaxe viabilize uma aprendizagem reflexiva a respeito de um dos pilares estruturais da Língua Portu- guesa. apresentação da disciplina Caro estudante! Você já teve um contato anterior com a Morfossintaxe I, e agora estamos aden- trando ao mundo da Morfossintaxe II. É um mundo amplo, cheio de estruturas e, para entendê-las, precisamos de uma intimidade com a linearidade dos discur- sos, da forma como eles surgem no processo da comunicação e a unidade básica desses processos, que são dois: a parataxe (coordenação), que se presta melhor para o nivelamento das ideias, fazendo com que todas as ideias emitidas tenham (ou pareçam ter) o mesmo grau de importância, e hipotaxe (subordinação) mere- cendo uma atenção especial, porque é aqui que se situa o plano de hierarquiza- ção das ideias, ou seja, mostra o predomínio de uma ideia sobre a outra – o que conduz nosso interlocutor a entender, de forma cabal e com riqueza de detalhes, nossa mensagem. Profa. Ms. Francisca Núbia bezerra e silva Profa. maria das Graças Alves de oliveira Carga Horária | 60 horas 7Capítulo 1 77Capítulo 1 objetivos específicos • Reconhecer a importância factual e pontual da sintaxe como prerrogativa para o ensino e aprendizagem da Língua Portuguesa; • Desenvolver um conjunto de saberes úteis e necessários à análise sintática das frases, da oração e do texto; • Refletir sobre grupos de palavras, elementos frásicos e a importância da or- dem dos termos como aparece na oração, objetivando o conhecimento das relações de sua aplicabilidade e relevância na prática do professor da Língua Portuguesa; • Fornecer meios mais adequados para que a compreensão de que não há fronteiras entre a gramática da palavra e a gramática da frase e do texto; • Trabalhar aspectos da morfossintaxe da Língua Portuguesa do ponto de vista produtivo, de forma que o aluno tenha melhor conhecimento e domínio das estruturas frasais do português pra melhor desempenho oral e escrito do aluno; • Iniciar os alunos em prática de análise que tomam o componente sintático como paradigma, desenvolvendo os conhecimentos sobre os componentes lexical, semântico e pragmático da língua. introdução Este capítulo vai nos levar a um aprofundamento sobre a coordenação, unindo orações independentes do ponto de vista sintático, mas que, na verdade, se rela- cionam pelo sentido, é o que se chama coordenação gramatical – que GARCIA (1980) denomina de “falsa coordenação”. Assim, ele diz que há uma perspectiva do âmbito da coordenação, e há outra perspectiva da subordinação que ele cha- ma de psicológica. Na subordinação, as orações se encaixam – ocorre uma dependência tanto do ponto da sintaxe como do ponto do semântico, já que a relação entre elas mostra um perfil de complexidade, pois precisamos ficar atentos aos parágrafos e ao uso dos conectivos para que a junção das orações obedeça a uma lógica e haja coerência no texto. eixo teMático: sintaxe, seu objeto Profa. Ms. Francisca Núbia bezerra e silva Profa. maria das Graças Alves de oliveira Carga Horária | 15 horas 8 Capítulo 1 Sintaxe ocupa um lugar de destaque em muitas gra- máticas da língua portuguesa, porque grande parte das normas do bem dizer e do bem escrever recaem sobre essa estrutura, isto é, sobre a organização das palavras na sentença. Nenhuma regra de conduta da língua culta tem sentido sem uma análise sintá- tica da sentença que se estuda. Por isso, antes que se aplique qualquer norma gramatical, é preciso compreender de que forma os elementos sintáticos estão dispostos naquela sentença especial. Por conseguinte, pretendemos propor um ensino da Sintaxe de forma global, estrutural e coerente, mediante a fixação dos padrões frasais, sem frag- mentar ou isolar os seus elementos constituintes, estudando-os separadamente. Procedendo assim, o estudo da Sintaxe será fácil, racional e, sobretudo, útil, devido ao resultado prático que o aprendiz ob- terá já nas primeiras lições, em termos de melhor inteligibilidade dos textos lidos e facilidade para a expressão escrita dos seus pensamentos. Quando se fala em morfossintaxe, alguns estudio- sos separam a morfologia da sintaxe, colocando- as em níveis distintos, enquanto outros preferem englobá-las num só nível, a morfossintaxe, já que uma não se poderia explicar sem a outra. Ex.: a função(1) é explicada pela classe(2) e pela po- sição que ocupa nos diferentes níveis e vice-versa. LN (locução nominal) = + Det.: art. + Mod.: adje- tivo + N.: substantivo. – O belo rapaz. Não podemos trabalhar estes dois conceitos de ma- neira estanque, porque para definirmos uma classe de vocábulos, precisamos definir qual o papel do vocábulo na unidade sintagmática(3) em que ele ocorre. Então, entremos de CABEÇA nessas construções que são o aparato maior do saber e do conhecer melhor o nosso idioma. 1. objeto da sintaxe Estudar a sintaxe de uma língua significa identifi- car as maneiras como se associam as palavras para formar frases, as sentenças para formar as orações e os processos de produção e compreensão para formar os textos. Isso ocorre, porque os enuncia- dos da língua constituem unidades linguísticas que possuem uma estrutura nas relações de concordân- cia, de subordinação e de ordem. A sintaxe é entendida como o conjunto das pro- priedades das estruturas, que estão subjacentes aos enunciados existentes (possíveis) numa dada lín- guaparticular, como no português, e à descrição dessas estruturas. Mesmo havendo um consenso geral sobre a definição de sintaxe, não há uma perspectivação do seu objeto. Não consideramos que o assunto – sintaxe – seja pertinente só à frase, mas que dá suporte a várias outras construções que são muito além de qualquer frase. KOCH e VILELA (2001, p. 285) assentam que “a sintaxe ocupa-se assim da construção do discurso linea- rizado, como ele surge no processo de comunicação, com- preendendo a frase – a unidade básica do processo -, o gru- po de palavras e os respectivos meios formais que servem para construir a frase e o grupo de palavras.” Se tivermos diferentes ideias para comunicarmos a alguém, precisamos de um bom domínio de análise sintática que nos possibilitará hierarquizar nossos pensamentos nos mais diferentes contex- tos, porque análise sintática é a espinha dorsal do nosso idioma, ou seja, 70% (no mínimo). Essa análise é uma técnica empregada no estudo da estrutura sintática de uma língua. Ela é útil quan- do se pretende: 1. descrever as estruturas sintáticas possíveis ou aceitáveis da língua; ou 2. decompor o texto em unidades sintáticas, a fim de compreender a maneira pela qual os elementos sintáticos são organizados na sen- tença. A sintaxe já foi considerada um conteúdo difícil pelos estudantes de Língua Portuguesa, rejeitada como conhecimento inútil e equivocado, contu- do, a verdade é que esse é um estudo de maior im- portância, se quisermos empreender uma viagem (1) É um princípio organizacional da linguagem. (2) É uma propriedade que se atribui a um elemento fora do contexto. (3) É quando um ou mais vocábulos reúnem-se em sintagmas para formar uma unidade maior que é a oração. 9Capítulo 1 no mundo da interpretação correta dos textos, orientar-nos dentro dos melhores parâmetros reda- cionais. Sabemos que tais estudos não são apreciados, por- que são ministrados mediante uma metodologia equivocada que expõe o fenômeno linguístico de modo fragmentado e quase sempre incoerente. 2. relações sintáticas e Meios de expressão dessas relações 2.1. relações sintáticas As línguas necessitam de uma sintaxe que permita e ‘regule’ as relações entre as palavras, sem o que fica inviável comunicar o que se deseja. É na or- dem do enunciado e na organização que damos às palavras que se pode inferir um entendimento coerente. Quando eu digo enunciado, refiro-me a qualquer produção linguística, considerada como resultado de uma enunciação. Ex. O galo subiu no telhado e quebrou a perna. E o que seria uma enunciação? É o ato individual de utilização da língua, é o evento constituído da produção de um enunciado, é o dito. Por isso, por meio do estudo da sintaxe de uma língua, podemos identificar todas as possibilidades que as palavras possuem para formar frases, uma vez que é na sintaxe que encontramos os consti- tutivos linguísticos de sua estrutura. Não é possí- vel unirmos, de forma aleatória, as palavras sem considerarmos, além da ordem destas, o espaço da morfologia, a pontuação e outros fatores gráficos. A língua envolve relações paradigmáticas e relações sintagmáticas. Há uma ligação desses elementos com várias possibilidades de, num mesmo con- texto, se incluírem e se excluírem, porque aqui se realizam as relações paradigmáticas, mas há limites para essas modificações. Numa representação gráfica, é costume colocar o sintagma como um eixo horizontal em que os ele- mentos linguísticos combinam-se em um sintagma, e há eixos verticais para cada posição do sintagma, sobre o qual se dispõem os elementos linguísticos que podem, por meios de relações paradigmáticas, ocupar essa posição. Podemos assim representar esse exemplo: Paradigma Paulo conheceu Emília. João desconhece Emília Sintagma Mario reconhece Emília Paradigma Conhec-e-re-mos Estud-a-ria-s Sintagma Part-í-sse-is Este é um exemplo claro de relações paradigmáti- cas e sintagmáticas, ocorridas em todos os níveis da língua: dos sons, dos morfemas e das palavras. Observe que os elementos linguísticos contraem essas relações dentro dos níveis paradigmáticos e sintagmáticos – sons com sons, morfemas com morfemas, palavras que formam a frase. • fonemas: /m/, /a/, /t/, /u/ • morfemas: des-mat-a-r • palavras que formam a frase: o + lenhador + desmatou + o + terreno Assim, relação sintagmática é aquela que ocorre entre os termos de um sintagma, ou seja, um enun- ciado. Eles estão tão intimamente ligados que não pode ser modificado um e mantido o outro. Paradigmático: admite uma série de variações muito complexas de gênero, pessoa, tempo, modo, conjugação, voz, aspecto e derivação. Ex.: Eu moro na minha casa com meus pais. Ele mora sua seus Tu moras tua teus Eu moro na minha casa com meus pais Vós morais vossa vossos Nós moramos nossa nossos Eles moram sua seus Nossa tendência natural é a de seguir a ordem direta de colocação, quando o sujeito antecede o verbo, e este, os complementos – os substantivos antepõem-se aos adjetivos – daí precisamos conhe- cer bem as relações e as funções sintáticas. Cabe às relações sintáticas a “mobilidade” das ex- pressões dentro das frases e, portanto, a atenção ao se inverterem esses termos. 10 Capítulo 1 As relações sintagmáticas, por sua vez, são as rela- ções gramaticais. Vejamos os exemplos nessas frases como essas rela- ções se estabelecem: a. A combinação predicativa é a combinação en- tre o sujeito e o predicado na frase, em que ambos os elementos se condicionam pela con- cordância que há entre pessoa e número. Nem todos os alunos ficaram reprovados na disciplina de Linguística. b. A subordinação ou combinação hipotáctica ocorre numa relação de dependência com uma orientação única. Vejamos nos exemplos das frases abaixo como essas relações se estabe- lecem: - subordinante e subordinada O carro em que ele chegou é modelo 2010. - relação sujeito e objeto Falamos a verdade. - verbo (ou enunciado) e uma determinação adverbial Eles chegaram ontem mesmo. - Núcleo frásico, seus elementos e relações atri- butivas A nova loja. c. Coordenação ou combinação paratática ocor- re entre palavras, grupos e frases com o mesmo valor sintático. E isso se realiza: - por seriação de palavras: Andamos por ruas, bairros e praças - por seriação de grupos frásicos: Nós solicitamos a todos os moradores da cidade para cultivarem fruteiras em seus quintais, para colaborarem, de alguma forma, com o novo projeto de urbanização de nossa cidade. - por meio da seriação de frases: Temos várias empresas de ônibus, os azuis vão para um destino, os verdes, para as universidades, e os amarelos, para o centro da cidade. A coordenação apresenta formas diferentes de ligar-se e tudo tem a ver com a palavra que produz essa união ou coordenação, que pode ser: • assindética – é feita sem qualquer partícula de ligação Ele é inteligente, humano, uma pessoa com quem se pode contar. • monossindética – feita com um elemento de ligação Ele é inteligente e humano. Um ser com quem se pode contar. • polissindética – aqui ocorrem vários elemen- tos de ligação Ele é uma pessoa inteligente, humana e atenciosa. Vejamos o que se entende por relações sintáticas “A lição de português” completa o sentido de “estudar” Maria estudou a lição de português “Maria”: agente da ação expressa pelo verbo “estudar” “de português “ especifica o tipo de “lição” estudada Observe que quando dizemos algo como: “Maria estuda a lição de português”, afirmamos que Maria foi o agente da ação de estudar. Dizemos também que “a lição de português” completou o sentido de estudou. Há, então, uma relação sintática entre “estudar” e “de português”. Relacionamos também “estudou” à “a lição de português”, porque “a lição de português” completa o sentido de estudou.Da mesma forma, existe uma relação sintática entre “a lição” e “de português”, porque “de português” es- pecifica o tipo de lição que foi estudada. 11Capítulo 1 De certa forma são, exatamente, as relações sintá- ticas que definem as estruturas possíveis na sinta- xe da língua e da função sintática se diz a mesma coisa. Retomando os elementos desse enunciado, podemos dizer que se estabelecem uma relação sintática, porque cada um deles tem uma função sintática específica, nas quais entram em relação. Faça você mesmo a observação: função sintática vras e com as palavras que são os constituintes de frases. 1) Agora você vai criar três exemplos em que se estabeleçam todas essas relações sintagmáticas nessa ordem: fonemas – morfemas - frase. Fonemas: Morfemas: Frases: 2) Vamos agora identificar relações paradig- máticas já que são reconhecíveis, permutáveis por outras unidades, mas, com mudança de significado: Fonemas: / p/, /a/, /t/,/ u/ – do fonema ini- cial P /K/, /a/, /M/, /a/ – do fonema medial Morfema: infeliz, substituição da desinência in Estudamos, substituição da desinência núme- ro- pessoal, desinência modo temporal O /estudante/ é/ a/ sustentabilidade/ desse país. Substituição do sujeito, predicado e com- plemento nominal 3. GraMática da frase 3.1. caracterização da frase Como você caracteriza uma frase? Após a tentativa, vejamos o que temos a dizer, ba- seado em alguns autores, sobre a característica da frase. Kouri (1993, p. 13) diz que “a frase possui melodia, ritmo, entoação peculiar que a escrita procura su- gerir por meio dos sinais de pontuação e que lhe empresta sentido completo na situação em que é proferida ou escrita.” Outra caracterização proposta por CEREJA e MA- GALHÃES (1999, p. 211) é a de que “frase interage por meio de enunciado; - palavras ou con- junto de palavras – que constituem a unidade menor do texto.” “A lição de português”: Objeto direto de” estuda” “Estudou a lição de português”: predicado verbal do sujeito “Maria” Maria estudou a lição de português “Maria”: sujeito do verbo “estudar” “a” e “de estudar”: adjuntos adnominais do objeto direto Tanto na frase, em nível sintático, quanto na pala- vra, em nível morfológico, podem ser determina- das as relações sintagmáticas e paradigmáticas. Observamos que, na própria sintaxe, há paradig- mas, e estes podem ser entendidos a partir de de- terminados critérios e valores e do contexto no qual estão inseridos. Assim, partindo de determi- nados critérios e valores, temos os paradigmas de frase, segundo VILELA e KOCH (2001, p. 289). Critérios Paradigmas frásicos intenção do discurso frases declarativa, interrogati- va, imperativa, etc afirmação/negação frase afirmativa / negativa modalidade frase da possibilidade, realida- de, irrealidade, etc. Exemplo: Após apresentarem o resultado do Vestibular de 2010, os aprovados saíram para comemorar. = (frase declarativa, afirmativa, realidade) atividades | Voltemos às relações sintagmá- ticas – a forma oral de comunicação em que sons se combinam numa sequência linear, que ocorre em diferentes níveis e fundamenta-se no que chamamos de eixo sintagmático da linguagem (linearidade da fala). Essas relações ocorrem com fonemas que constituem as síla- bas; com morfemas – que constituem as pala- 12 Capítulo 1 Para VILELA e KOCH (2001, p. 296), “a frase configura numa proposição, num estado de coisas que ocorrem num texto transformado em enunciado ou em parte de um enunciado. Já o enunciado, como fato de discurso, pode ocorrer como uma palavra apenas, como uma frase ou como um texto composto de várias frases.” GARCIA (1992, p. 06) caracteriza “a frase para expressar um juízo, indicar uma ação, estado ou fenômenos, transmitir um apelo, uma ordem ou exte- riorizar emoção.” Essas características coincidem com a sua? Senão, tente produzir uma nova caracterização para a frase. Resposta: Baseado na caracterização da frase, produza uma definição sobre esta. Resposta: Acertou? Que bom! Vamos ter agora a oportunidade de observar con- ceitos de outros autores. KOURI afirma que “frase é a unidade de comunicação entre falante e ouvinte, entre escritor e leitor.” CEREJA e MAGALHÃES dizem que “frase é a unidade de texto que, numa situação de comu- nicação, é capaz de transmitir um pensamento completo.” Para VILELA e KOCH, a frase pode ser entendida como coisas bem diferentes. “A frase pode ser autônoma ou parte de uma frase comple- xa (subordinante, subordinada, coordenada, frase-elemen- to de frase)” Exemplos: O João foi à pesca [=frase autônoma] O João disse [= subordinante] que ia à pesca [= subordinada] O João saiu e foi à pesca [= coordenadas] O homem que saiu [= frase-elemento frase(4) }foi à pesca GARCIA diz que “frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para esta- belecer comunicação.” E agora, como você definiria frase? Resposta: Esperamos que diante de tantos conceitos de frase, nos mais variados quadrantes, tenhamos ampliado esse enunciado linguístico capaz de transmitir uma ideia – essa é a ideia correta que queremos que che- gue até você. 3.2. forMas apresentadas pela frase As formas de frases tradicionais são determinadas pelo número de predicações (ou unidades para- digmáticas) e segundo as relações sintáticas entre essas predicações; no entanto, é preciso adiantar que frase e oração são diferentes na sua estrutura interna. A frase simples apresenta uma única uni- dade predicativa, e a frase composta, várias unida- des predicativas. Essas relações sintáticas ficam bem claras nesses exemplos: • a combinação de frase simples (seriação de fra- ses): Todos precisam de atividade física, pois assim mantemos a saúde. • a combinação de frase composta a uma subor- dinante: Se você souber dessa nova data, mande por escrito. O conceito de frase é muito abrangente, incluindo desde estruturas linguísticas bem simples, como: Ai! que num dado contexto, é suficiente para transmi- tir, com clareza, determinado conteúdo. Já a oração tem como característica uma palavra fundamental, que é o verbo (ou sintagma verbal), em que resumimos, quase sempre, duas unidades predicativas entre as quais se estabelece a relação predicativa – o sujeito e o predicado. (4) A frase-elemento de frase é a frase que representa a expansão de qualquer elemento de uma frase. Aqui – a frase relativa: que saiu – forma com O homem o sujeito da frase. (Vilela e Koch). 13Capítulo 1 sujeito predicado Nós jantamos agora Após estabelecermos a diferença entre oração e frase, precisamos agora falar sobre período, que, na linguagem, representa toda e qualquer manifes- tação com o objetivo de propiciar a comunicação entre os indivíduos; pode ser constituído de uma ou mais orações e concluído por uma pontuação definida. Vemos, pois, que frase, oração e período têm seus constructos diferentes – e agora mãos-à-obra, é seu momento de mostrar seu talento ao compor um texto de cordel com definições de frase, oração e período. Resposta 3.3. tipo de entoação da frase O acento, a entoação e o ritmo são os constitutivos do que chamamos prosódia, que está na interface do domínio privilegiado entre a fonologia, a mor- fologia e o léxico. Segundo o Dicionário de Termos Linguísticos, vol. 1 (Edições Cosmos) prosódia diz respeito ao “estu- do da natureza e funcionamento das variações de tom, intensidade e duração na cadeia “falada”. A entoação tem a ver com a inter-relação, ao nível do texto, entre o acento da palavra, o acento frásico ou nuclear, que constituem a unidade tonal. Entoação tem um significado muito importante na frase falada, porque dá a exata dimensão do que se deseja comunicar. Da formacomo falamos, inferimos os vários senti- dos e intenções do que está sendo dito, para que se diz e indicar constatação, dúvida, surpresa, indig- nação, decepção, etc. A entoação se constrói na melodia frásica, na ar- ticulação interna da frase (pausa ou ausência de pausa), o ritmo, o acento da palavra ou da frase. Nossa tradição gramatical nos dá o suporte para manifestar e realizar muitos dos aspectos de ento- ação por meio da pontuação, aos quais correspon- dem os elementos orais, tais como: ponto [.], ponto de interrogação [?], de admira- ção/exclamação[!], vírgula [,], ponto e vírgula [;], dois pontos[:], reticências[...], vírgulas altas[ ‘ ] as- pas[“ ”], parêntesis [( )], travessão[ - ]. A pontuação indica valores individuais de cada um dos elementos, como você observará nos exemplos a seguir: • O ponto final – indica o fim de uma frase do tipo assertivo- declarativo. Hoje eu irei ao parque. • A vírgula – emprega-se para destacar segmen- tos da frase deslocáveis, como sujeito e com- plementos; é um dos meios privilegiados para distinguir as relativas explicativas das restriti- vas. Nós ouvimos as músicas pela Internet vs Pela internet, ouvimos as músicas. Ele trabalha todas as noites vs Ele trabalha, todas as noites. Agora, tudo mudou com o inverno. O aluno, que trabalha à noite, dorme durante o dia. • Ponto e vírgula – separa, na frase, orações da mesma natureza ou destaca, no caso de enu- meração, os vários elementos, ou os núcleos de uma enumeração: Nós temos muitos trabalhos para hoje; para daqui a dez dias também. Nós temos muitos trabalhos para hoje e para amanhã: para quatro semanas ao todo; para todo mês e para todo semestre. já chegou? já chegou!!!! já chegou?! já chegou. já chegou... 14 Capítulo 1 • Reticências – possuem o valor de etc... Ela não deve comer doces, mas come goiabada, mel, quebra queixo, marmelada... - A reticência, presta-se, pois, a implícitos, alusões, à intertextualidade, pertencentes ao mundo do falante e do ouvinte. Essa é uma questão de honestidade... de clareza... de atitude... • Parênteses – permite isolar expressões dis- pensáveis, que o leitor pode não ler, ou ele- mentos acrescidos na relação locutor/ falante, escrevente e revela cumplicidades assumidas, porém aparentemente deixadas de lado, mas consabidas. Depois que começou a trabalhar (e já faz tantos anos), anda todo feliz e muito prosa. Diante de tanta injustiça (e isso não é de hoje), conseguiu vencer aquela causa finalmente. • Dois pontos – introduzem, no enunciado, uma expressão, uma enumeração, explicitação ou provoca um relacionamento de segmentos que se seguem e exprimem causalidade numa consequência. avalanche que ocorreu em Niterói foi séria: uma tragédia anunciada. • Ponto de exclamação – denota uma enorme gama de sentimentos, de emoções. Parabéns! você é o vencedor. Ah! Por que não me avisou antes? Hoje? Impossível!! • Ponto de interrogação – manifesta o desejo de se ter uma resposta ou fazer uma pergunta cuja resposta pode ser clara ou não ter a possibilida- de de resposta. Você acha tudo isso muito fácil? Você tem as respostas para todas as perguntas até hoje? A vida é feita de perguntas ou de respostas? • Travessão – indica a alteração de registro ou enunciação, introduz o discurso direto, indica que os intervenientes no discurso mudaram, pode equivaler a parênteses e, ainda, pode ser- vir para sublinhar e destacar certos elementos da frase. Vou repetir tal qual ouvi – na próxima quarta- feira, não haverá aula - não sei o porquê. • Aspas – apontam para uma explicação suple- mentar ou distanciamento do autor ou tam- bém uma chamada de atenção para uma classi- ficação ou desclassificação, etc.: Quando ele fala “Nós somos todos solidários”, isso não representa uma totalidade, mas uma expectativa pessoal da empresa em questão. “Do alto dessas pirâmides”, reconhecemos ser uma frase de Napoleão Bonaparte. 4. tipos de frases Temos a compreensão de que frase é a menor uni- dade comunicativa quando o falante tem uma in- tenção bem definida. Essa definição se prende a determinados aspectos funcionais da frase, como veremos a seguir: • Frases declarativas – o principal objetivo é o de comunicar algo. E este tipo de frases é, do ponto de vista comunicativo, a forma normal, não marcada da frase. Eu já comprei os lápis de cor. • Frases interrogativas – ocorrem quando se está inseguro acerca da existência de um esta- do de coisas. Eu já comprei os lápis de cor? • Frases imperativas – procura-se fazer com que o destinatário faça algo. A forma mais marca- da, neste tipo, é a imperativa do verbo. Vá comprar os lápis de cor! • Frases optativas – exprimem a intenção do fa- 15Capítulo 1 lante dirigindo-se a um emissor ao expressar um desejo. Tomara que alguém tenha ido comprar os lápis de cor! • Frases imprecativas – o emissor expõe uma sú- plica por meio de uma maldição. Que eu perca as vistas, se isso não for verdade! • Frase não- idiomáticas – do ponto de vista de uma tradução, é a que pode ser traduzida lite- ralmente para uma língua. Olho por olho, dente por dente (an eyes for eyes, tooth for tooth) • Frase idiomática ou expressão idiomática – é a frase não traduzida literalmente para outro idioma. Em cada língua que surge, expressa-se com palavras diferentes: Ele está na pior. He’s down and out (literalmente: Ele está abaixo e fora). • Frase clichê – reproduz formas de discrimina- ção social e formas de pensar a relação social. Ela é uma preta de alma branca. Em terra de cego, quem tem um olho é rei. Lugar de mulher é na cozinha. Todo homem calça 40. • Frase feita – é a que, a fim de expressar deter- minada ideia, é dita sempre de forma invariá- vel. Ele foi pego com a boca na botija • Frase formal – (não coloquial, não popular) – é dita de acordo com as normas gramaticais padrão do idioma, com palavras que não são do conhecimento da população. Esse som está tão alto que fere os meus tímpanos auriculares. • Frase coloquial – nesta, são usados termos simples, textos resumidos e informais, poden- do ter erro de gramática; é falada por qualquer pessoa, não importando o nível social. Te ligo depois. Tá certo, concordo. Visse aquele discurso? Terminamos esta significativa etapa que aprofunda nosso conhecimento sobre frases, o que comunica, a quem comunica, como comunica. É um conhecimento indispensável para que to- dos nós possamos atingir nosso objetivo maior: a comunicação e o entendimento no plano oral e escrito – quer seja nas relações sintagmáticas ou paradigmáticas. atividades | Queremos lhe fazer um convite: vamos pôr em prática o que nós aprendemos? 1) Retiramos os sinais de pontuação que in- dicam o final dos períodos que formam os pa- rágrafos seguintes. Recoloque-os: SAIBA MAIS! Desejando um aprofund amento maior, você poderá encontrar nas p áginas seguintes da Web: http://pt.wikipedia.org/w iki/Sintaxe http://www.soportugues .com.br/secoes/sint/ h t t p : / / w w w . y o u t u b e . c o m / watch?v=obGnfvtdA_g resuMo Neste capítulo, estudamos a fundamen- tação teórica sobre sintaxe, em que po- demos entender as relações sintáticas e os meios de expressões dessas relações dentro de uma subdivisão nos níveis pa- radigmáticos e sintagmáticos nos quais podemos observar a importância deste estudo para uma compreensão maior sobre coordenação e subordinação. 16 Capítulo 1 (...) A ideia de que é preciso aportuguesar os vocá- bulos estrangeiros segundo os especialistas está ul- trapassada o que determina o aportuguesamento ou não de palavras estrangeiras é a forma como a população se familiariza com elas de acordo com a lexicógrafa Thereza Possoli da equipe do dicioná- rio Larousse alguns vocábulos graças à semelhan- ça com a morfologia e a fonética brasileiras são adaptados para o idioma com naturalidade (...) Revista Veja, 21 de abril de 2010, p. 97. 2) Conforme a realidade designadada ento- ação, os enunciados se apresentam de formas variadas. Pontue e justifique a entoação das frases abaixo: Por que você chegou tão tarde Não é tarde Mas o seminário começou pela manhã Qual é mesmo a nossa justificativa para esse atraso Essa ideia é correta mas ( ) vamos dizer a ver- dade tal qual ocorreu ( ) a chuva atrasou tudo e que chuva ( ) Os jornais confirmarão o que estamos falando ( ) Então vamos ao trabalho ( ) mãos-à-obra ( ) vamos compensar o atraso ( ) Atenção: E diante de tão variadas formas por que se apresentam os enunciados, há traços comuns que você precisa descobri-los: a) São mensagens completas e de acordo com o que se acha o falante e o ouvinte; b) São unidades sequenciais delimitadas por um silêncio precedente a ele e uma pausa fi- nal; c) São preferidos com um contorno melódico particular. 3) Agora produza frases dentro de uma mo- dalidade de intenção comunicativa do enun- ciado em que o falante transmita ao seu inter- locutor a mensagem desejada: a) para lhe expor afirmando ou negando cer- tos fatos; b) para indagar sobre algo; c) para apelar-lhe em geral atuando sobre ele; d) para chamar-lhe atenção; e) para traduzir-lhe os próprios pontos de vista ou sentimentos; f) para expor uma súplica através de uma mal- dição; referÊncias AZEREDO, José Carlos. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo: Publifolha, 2008. CEREJA, William Roberto & MAGALHÂES, The- reza Cochar. Português Linguagens. São Paulo : atual, 2003. DANTAS, Janduir. Lições de Gramática em ver- sos de cordel. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Por- tuguesa. Rio de janeiro: Lucerna, 2001. KOCH, Ingedore Villaça; Vilela Mário. Gramá- tica da língua Portuguesa: gramática da pala- vra, gramática da frase, gramática do texto/ discurso. Portugal: livraria Almerinda, 2001. MACAMBIRA, José Rebouças. A estrutura mor- fo-sintática do português. São Paulo: Pioneira, 1987. PERINE, Mário Alberto. Gramática do portu- guês brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, 2010. 17Capítulo 2Capítulo 2 eixo teMático: terMos da oração objetivos específicos • Reconhecer a importância dos termos da oração como um dos pressupostos de compreensão estrutural do nosso idioma; • Estabelecer as diferenças e o lugar a que pertence a predicação e as categorias do verbo; • Trabalhar as questões pertinentes ao sintagma verbal, a predicação e sua relação com o verbo - eixo estrutural da oração; • Refletir sobre a gramaticalização dos verbos no que concerne ao aspecto ver- bal, suas distinções e conceitos. introdução O estudo dos termos da oração tem uma vital importância para a compreensão falada e escrita de nosso idioma. Vamos trabalhar com esse constructo de forma eficaz, tranquila porque aprender Português não é o mesmo que aprender análise sintática – vai muito além desse assunto, mas passa por esse conhecimento, quando ele estabelece vínculos desse saber com domínio da língua. Assim, sem dúvida, quanto maior for o seu domínio sobre esses assuntos, maio- res são as expectativas de sucesso e como você nasceu para vencer, vamos entrar no mundo dos termos da oração, do verbo-eixo, porque tudo é uma questão de encadeamento. Vamos estabelecer esses elos. 1. terMos da oração Como vemos o sujeito? O que você sabe sobre o sujeito da oração? SUJEITO é elemento frásico,(1), sintaticamente obrigatório e que juntamente com o predicado constitui a frase mínima, estabelecendo a concordância entre pessoa e número e a forma verbal. Profa. Ms. Francisca Núbia bezerra e silva Profa. maria das Graças Alves de oliveira Carga Horária | 15 horas 18 Capítulo 2 O sujeito quase sempre vem em primeiro lugar e pode ser substituído por sua forma pronominal su- jeito (= ele/eu/tu). Então, a oração se caracteriza fundamentalmente pelo verbo – ou sintagma verbal, que, na maioria das vezes, reúne duas unidades significativas, entre as quais se estabelece a relação predicativa - o sujei- to e o predicado. Nós vamos trabalhar esse assunto pela perspectiva do idioma diante desses dois ter- mos, logo após, uma primeira exposição com argu- mentos explícitos sobre a oração. Oração e frase - a oração tem uma estrutura pró- pria e representa o objeto mais propício - a análise gramatical, porque exibe as relações que os com- ponentes mantêm entre si. Quando falamos em oração, estamos falando, portanto, de seu alicerce, que é a gramática. Porém precisamos falar, também, sobre frase, por- que sua estrutura interna difere da oração, já que não apresenta uma relação predicativa – são, às ve- zes, simples palavras – outras vezes, uma reunião delas, como já vimos no primeiro capítulo. Estabelecidas essas diferenças, vamos agora passar a algumas definições que vão pormenorizar esses tipos de elementos frásicos: sujeito, predicado e demais complementos. O primeiro grupo natural identificado de forma correta exerce uma função sintático-semântica cha- mada SUJEITO, e o segundo grupo exerce uma função, também semântico-sintática, chamada PREDICADO. Veja esses exemplos: sujeito / predicado Os bombeiros/ apagaram o fogo. Nós/ trabalhamos como pedreiros. Nós/ vimos o esforço de todos. O cidadão/ compreende as normas de trânsito. Diante da colocação dos sujeitos acima, podemos, com certeza, dizer que o sujeito é a unidade ou sin- tagma nominal(2), que estabelece uma relação pre- dicativa com o núcleo verbal para construir uma oração. O sujeito se realiza por nome ou equivalente, o sujeito fica integrado (ou incorporado) na forma verbal. Mas há também uma outra maneira de rea- lizar o sujeito: por meio dos pronomes da primeira e da segunda pessoa, a menos que haja o risco de ambiguidade. Quando nós viajamos, eu, ela e você chegamos cedo. Sujeito é uma noção gramatical e não, semântica, ou seja, é uma referência à realidade designada. Quando explicitado, ou, claro na oração, o sujei- to está representado – e só pode sê-lo – por uma expressão substantiva exercida por um substantivo ou pronome ou equivalente. José de Alencar escreveu grandes romances. agente Grandes romances foram escritos por José de Alencar. paciente (1) Elementos frásicos podem ser assim constituídos, segundo KOCH e VALENÇA - o conceito de “elemento frásico” está primariamente comprome- tido com as relações sintáticas entre os constituintes da frase; - está ainda envolvido nos diferentes tipos de frase. Por exemplo, os tipos de frase, como são entendidos na gramática como ordem canônica da frase, apresentam-se como modelo para a combinação de determinantes unidades linguística em frase; - desempenha ainda um importante papel no estudo dos elementos frásicos na descrição de regras de ordenação dos consti- tuintes da frases. (2) Sintagma nominal é uma unidade com operadores determinantes. SAIBA MAIS! http://www3.unisul.br/ paginas/en- sino/pos/linguagem/040 1/10.htm SAIBA MAIS! MORFOSSINTAXE DO SU JEITO O núcleo do sujeito é se mpre um substan- tivo (ou um equivalente dele: pronome ou palavra substantivada). Por isso, quando o falante constrói uma or ação, sempre en- caixa um substantivo na função de núcleo do sujeito. Suj. Todas as manhãs, eu e meus alunos faze- mos uma caminhada. Apresento-lhe a pessoa que lhe deixou essa referência. 19Capítulo 2 Dizemos, assim, que uma palavra só pode ser sujei- to, porque é um substantivo ou equivalente. Uma característica fundamental do sujeito explíci- to é estar em consonância com o sujeito gramatical do verbo do predicado, ou seja, que se adapte, que concorde ao seu número, pessoa e gênero (aqui fa- lamos quando há particípio no predicado). Eu cheguei. Nós chegamos. Eles não haviam chegado ainda. Estudando o sujeito, vamos ter a oportunidade de contactar novas terminologias que darão acesso a um entendimento melhor, porque a língua é um organismo vivo, evolui e nós precisamos, claro, acompanhar esses avanços. Quando se pressupõeum “sujeito humano”, deno- minamos, então, de sujeito indeterminado, e isso se dá nas construções reflexivas de terceira pessoa. Veja este exemplo: Vive-se bem nesta cidade e estuda-se melhor ainda. Entretanto, diante de um OD, há uma reflexiva normal (passiva reflexa): Vendem-se flores. Alugam-se apartamentos para estudantes. É comum no uso popular construções do gênero: Vende-se flores. O sujeito indeterminado ocorre também nas ter- ceiras pessoas do plural. Falam (= fala-se) de fatos impressionantes sobre esse sítio histórico. Fique atento! Neste tipo de construção sintática, a palavra se é denominada índice de indeterminação do sujeito. E a velha oração sem sujeito? Aqui há uma expli- cação coerente que foge à classificação tradicional. Orações sem sujeito-sujeito psicológico – é assim que vamos abordar esse conjunto à parte na sin- taxe do português. Quando o sujeito gramatical não existe – o que ocorre é um sujeito psicológico (Macambira, pág. 164-1997) que não interessa em análise sintática, representado pelas circunstâncias presentes, isto é, pelo contexto em que são enun- ciadas. A oração: Fogo! quando dita pelo chefe aos sol- dados, que apontam a carabina ao prisioneiro de mãos amarradas... apresenta circunstâncias muito diversas dessa outra construção: Fogo! pronuncia- da por um espectador durante a projeção de um filme. Temos duas circunstâncias diferentes que podem ser traduzidas dessa forma: Soldados, façam fogo! No segundo, a tradução seria diferente: Pessoal, a casa está pegando fogo! Assim, orações desprovidas de sujeito são forma- das pelos chamados verbos “impessoais”, integran- tes de uma lista finita. Verbos que denotam “fenômenos da natureza” que não são atribuídos, em nossa cultura, a um dado ser, indivíduo ou entidade; são a única sub- classe de verbos que reconhecidamente denotam essas construções: Anoitecia naquela ilha. Hoje está ventando demais. Choveu durante a semana. atividade | 1. Leia este trecho: Em São Paulo, implantaram uma indústria da multa que fica cada vez mais faminta. Agora, em um trecho de uma avenida, o limite é 70 km/h e, duas quadras mais à frente, cai para 60km/h. E o motorista, além de ficar atento à confusão do trânsito, tem que se prevenir contra essas arma- dilhas. Trecho Novas palavras: língua portuguesa. Emília Amaral.. [et al.]. – 2 ed. Renov. - São Paulo: FTD, 2005. Para compreender com clareza o conteúdo do texto, o leitor (ou ouvinte) deve identificar, na sequência textual, sobre que ou de quem o autor está falando. Assim, encontre os termos solicitados. a) O que teria levado o falante a empregar o verbo implantar na 3ª pessoa do plural? Jus- 20 Capítulo 2 tifique. b) Em cada período, há sujeito – classifique- os e identifique-os. c) Qual a função sintática de limite para o verbo ser e o verbo cair. 2. Leia a tira, a seguir, de Fernando Gonsales: a) No primeiro quadrinho, incomoda está no singular. A que se deve esse fato? b) No 2º quadrinho, incomodam está no plu- ral - por quê? c) Qual é a função sintática da expressão EI, RAPAZES? 2. vozes verbais Voz é a forma sintática, que o predicado assume para atribuir um papel semântico ao sujeito. A voz é expressa por um sistema de recursos sintáti- cos, que definem certos padrões formais do verbo, distinguindo-se tradicionalmente em voz ativa, pas- siva e reflexiva, exemplificadas nas frases abaixo: • Na letra a, temos um caso de voz ativa – o su- jeito é o agente do processo verbal. • Na letra b, temos um caso de voz passiva – o sujeito é paciente do proces- so verbal. • Na letra c, temos um sujeito que é, ao mesmo tempo, agente e paciente do processo verbal. Precisamos agora ver os constituintes do PREDICADO (e predicativos), expres- são linguística de uma função assertiva no sentido de que ele configura a pro- priedade de um indivíduo ( ou classe de indivíduos) ou a relação entre dois ou mais indivíduos. Assim, o predicado compõe-se de um lexema, cuja semântica representa lin- guisticamente esta função assertiva, e dos morfemas gramaticais, que, ligados à forma do verbo conjugado, exprimem pessoa, número, tempo, modo do verbo. De acordo com o que acabamos de ver, a PREDI- CAÇÃO é um ato de afirmar alguma coisa, con- figura um acontecer, um estado, uma relação ou a propriedade de um acontecimento (ou de uma classe de acontecimentos). A predicação se realiza por meio do verbo – pelo ato de predicar - porque o ser humano associa um atri- buto a um objeto, circunscrevendo essa associação a alguma fase da linha do tempo, respectivamente atual, anterior e posterior ao momento da fala. 3. o predicado verbal Pode ser definido e entendido a partir de um ver- bo de ação e que não pode ser retirado porque faz falta à frase: O Ministro da Fazenda anunciará um pacote de medidas breve. a) Os acróbatas alcançaram o topo do circo. b) O topo do circo foi alcançado pelos acrobatas. c) Um dos acróbatas feriu-se levemente no braço. sujeito agente objeto diretoVTD sujeito paciente agente da passiva locução verbal Fo nt e: F ol ha d e Sã o Pa ul o, 1 1/ 1/ 98 21Capítulo 2 A Escola de Informática bloqueou o acesso ao MST. Dubai possui os maiores prédios da Terra. Aqui o enunciado deixa evidente o que é predicado verbal e o que significa “fazer falta”. Temos a predicação verbal, que ocorre nas seguin- tes formas: • forma (finita) simples do verbo: Ela caminha. • formas compostas do verbo: Ela tem caminha- do, de caminhar, deve caminhar. • fraseologia verbal: ter em mente, ter respeito por etc... • forma verbal + predicativo. O predicativo pode ser: • um substantivo: Ela é atleta. • um adjetivo: O dia está ótimo. • um grupo preposicional: Essa marca está fora de prazo. Falou antes de pensar. Os verbos que servem de suporte ao predicativo são chamados de VERBOS COPULATIVOS – ser, estar, parecer, permanecer, continuar, ficar. Há verbos que, eventualmente, funcionam como COPULATIVO, é o caso de ANDAR (+ adjetivo) ex: Ele anda contente., ACABAR / terminar + nome(ele acabou senador outra vez), TORNAR- SE / FAZER-SE + nome (Ele tornou-se vice-presi- dente aos setenta anos/ Ele se fez ouvinte na hora certa). Nós vimos a predicação verbal, mas temos agora o cuidado, a atenção de chegar à intimidade do pre- dicado, do núcleo e de seus determinantes. Sabendo que sujeito e predicado organizam a rela- ção predicativa, podendo ser simples ou comple- xos, esses delimitadores semânticos verbais serão denominados ARGUMENTOS ou COMPLE- MENTOS VERBAIS. É no estabelecimento des- sas delimitações semânticas que os verbos recebem o nome de transitivos: O guarda viu o acidente. TD Eles necessitam de ajuda. TI A transitividade dos verbos representa realidades bem concretas e não necessitam de outros signos léxicos. Assim, dizemos que um predicado simples na tradição gramatical é chamado de intransitivo: Todos aqui trabalham. Int. Nós chegamos cedo. Int. As árvores cresceram rapidamente. Int. Agora vamos ver como identificar os tipos de argu- mentos determinantes do predicado, complemen- to direto ou objeto direto. Observamos, de início, que há uma terminologia bem interessante para objeto direto que envolve a definição e facilita a identificação. Objeto é um complemento da com- binação predicativa, sendo determinado quanto à forma – direto, indireto, preposicional, adverbial. Pela transitividade dos verbos, chegaremos facil- mente aos seus complementos transitivos diretos (TD), quando seguidos de objeto direto. Limpar a casa / limpá-la. Dividir o espaço / dividi-lo. Transitivo indireto (TI), quando seguido de um objeto indireto (OI). Essa peça agradou a todos. Quando são seguidos de dois termos adjacentes, que assim se dividem. Intransitivos diretos e indi- retos (TDI), seguidos de OD e OI. Entreguei os diplomas ao secretário. Nesses exemplos, oscomplementos em itálico li- gam-se, diretamente, aos verbos e são substituíveis pelas formas átonas o/a/os/as. Temos exceções, quando o objeto direto pode ser preposicionado e não raro; esse objeto inicia já por essa preposição: • antes do pronome átono: A mim, não me coube falar sobre o assunto, a ele coube explicar tudo. • antes de quem: A quem ele respeitava era a mim. 22 Capítulo 2 • antes do nome de Deus: Amar a Deus/ temer a Deus. • quando houver a coordenação entre um OD pronome átono e um grupo nominal: Ela estava a preservar-se a si e à família. • para desfazer a ambiguidade ou tematizar o OD: Ao filho poucas vezes o ajudou, mas sentia sempre esse peso. • se o predicativo ocorrer antes do OD: Ele quis empregar seu irmão a um dos cargos vetados. • na frase comparativa reduzida a OD: Ela aprecia-os como a seus sobrinhos. Mas precisamos evidenciar agora as diferenças factuais entre objeto direto e objeto indireto ple- onástico para que tenhamos mais segurança nessa abordagem sintática: Veja estes exemplos: Essa turma, já a encontrei na formatura. OD OD OI OI Pleon. Às suas apresentações, não lhes é permitido faltar ninguém. Não podemos ir adiante sem citar quando a prepo- sição é facultada diante de pronomes indefinidos designativos de pessoa: Preteria a uns e aceitava outros. Agora podemos ir ao chamado complemento in- direto ou OI. • O complemento indireto é regido pela prepo- sição a (eventualmente por, para): Foi chamada para atender uma emergência. • e ocorre com alguns verbos transitivos indire- tos (obedecer, agradar, etc.): Precisamos obedecer aos nossos pais. Eu não posso agradar a todos. • transitivos diretos e indiretos (dar, responder, perguntar, etc.): Vou dar esse privilégio a você. Não quero responder a esses questionamentos. Eu perguntei tudo pela ordem de chamada. • alguns adjetivos (obediente, agradável, etc.): Todas as crianças eram obedientes ao monitor. Essa é uma situação muito agradável ao público. Obs.: O emprego de lhe/lhes referidos à terceira pessoa (ele/ela/eles/elas/) quase sempre se restrin- ge ao Brasil, à modalidade escrita formal. Vejamos os exemplos: Pertence ao depositante/ Pertence-lhe. Agradar a todos/ Agradar-lhes. Referir aos mesários/ Referir-lhes. É o momento de situar a posição e importância do que cabe aos verbos biobjetivos, quando existe, na oração, transitivo direto e indireto ao mesmo tempo. Vejamos estes exemplos: Preciso devolver o livro à biblioteca. Ele revelou um novo conceito ao escritor. Aquela firma oferece primeiro emprego a todos. Aqui apresentamos a combinação do verbo tran- sitivo direto (em itálico) e outro preposicionado (sublinhado). A esses verbos unem-se aqueles que expressam ou implicam alguma espécie de “transfe- rência” ou “mudança” de posse, como dar, empres- tar, mostrar, entregar, etc. Esses exemplos vão ajudar na fixação desses verbos: Eles deram o resultado errado ao monitor. Ele emprestou muitos livros ao estudante. Aqui mostramos as diferenças aos participantes, depois entregamos o resumo ao coordenador-geral. 4. predicado verbo-noMinal Como identificá-lo de imediato? É fácil, muito fá- cil. O predicado verbo-nominal contém dois núcle- os – um verbo significativo, nocional e um nome predicativo. Achei a banda super clean. núcleo núcleo Mas não podemos esquecer que o predicado verbo- nominal ocorre também quando além de um ver- bo significativo, apresenta predicativo do sujeito. 23Capítulo 2 A professora caminhava apressada. núcleo núcleo PVN a) Você é louco? b) Eu amo o mundo! c) Eu creio em Deus. 5. adjunto adverbial Em seu conteúdo, não oferece maiores problemas já que seu comportamento sintático na oração é heterogêneo e requer assim uma atenção por parte de quem procura descrever este termo. O adjunto adverbial é o termo da oração que indi- ca circunstâncias em que se desenvolve o processo verbal (noções como tempo, lugar, modo, causa, finalidade, etc...) ou intensifica em verbo, adjetivo ou advérbio. Na realidade, o adjunto adverbial da oração é uma função desenvolvida por advérbios e locuções adverbiais. Todas as urnas chegaram ontem à noite, ao Fórum. • ontem à noite é adjunto adverbial de tempo. • ao Fórum é adjunto adverbial de lugar. Então, os adjuntos adverbiais expressam diferen- tes valores semânticos. Os adjuntos adverbiais de intensidade podem acompanhar o verbo, substan- tivos, adjetivos e advérbios. Os principais tipos de adjuntos adverbiais serão aqui exemplificados, observando-se os seus aspec- tos mais interessantes quanto à descrição gramati- cal e aos esquemas pertinentes as funções exercidas nas circunstâncias concretas do discurso. • Adjunto adverbial de lugar – a característi- ca essencial dos adjuntos é a pergunta onde, precedido ou não de preposição (donde, por onde? aonde, até onde, etc.) Todos trabalhavam na clínica – (onde?) Observamos do viaduto aquele trânsito – (donde?) O maratonista correu até a vitória – (até onde?) • Adjuntos adverbiais temporais – responde às perguntas quando? desde quando? até quan- do? durante quanto tempo? e podem referir-se ao verbo, ao sintagma verbal ou a toda a ora- ção. As cerejeiras florescem durante a primavera – (referida ao verbo) SAIBA MAIS! v i d e o l o g . u o l . c o m . b r / v i d e o . php?id=366496 – MORFOSSINTAXE DOS O BJETOS Na estrutura sintática d os enunciados, a função de núcleo do obje to (direto e indire- to) é sempre desempenh ada por substanti- vo (ou por um equivale nte dele: pronome ou palavra substantivad a) Como prometido, recebe u um talvez. VTD OD Entregou o simpósio a m im. VTDI OD OI atividade | 1. Leia esses versos: (...) Sei que a vida vale a pena, Mesmo que o pão seja caro E a liberdade pequena. Ferreira Gullar a) Nesse trecho de poema, há um verbo suben- tendido. Reescreva o verso em que ele ocorre, explicitando-o. b) Caro está no masculino, pequena no femi- nino, por quê? c) Que função sintática têm as palavras referi- das em b? 2. Leia este poema de Mário Quintana: Simultaneidade - Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo! Eu creio em Deus! Deus é um absurdo! Eu vou me matar! Eu quero viver! - Você é louco? - Não sou poeta. Agora, compare o predicado destas orações, justificando-as. 24 Capítulo 2 As famílias colhem seus legumes pela manhã – (referida ao sintagma verbal colhe seus legumes) Chegamos ao entardecer – (quando?) Ficaremos no aeroporto até às 18h – (até quando) Permanecemos 6 horas esperando o voo – (durante quanto tempo?) • Adjuntos adverbiais modais – respondemos à pergunta como? de que modo ou maneira? e se reportam ao verbo ou ao sintagma da oração para qualificar ou descrever como o processo se realiza. Este livro está vendendo bem. Ela saiu de forma imperceptível. Os torcedores falaram do resultado com alegria. Entraram no estádio aos empurrões. Saímos sem que fôssemos percebidos. • Adjuntos adverbiais de fim, de causa, de ins- trumento e de companhia – as características comuns a essas quatro circunstâncias adver- biais é que não podem ser representadas por meros advérbios, mas sim, por sintagmas pre- posicionados, com exceção do de companhia. Dançou com todas. (companhia) Tremia com frio. (causa) Fechou a porta de cadeado. (instrumento) Estudou para médico. (fim) • Adjunto adverbial de quantidade – tais ad- juntos adverbiais respondem a perguntas do tipo quanto? até quanto? em que medida? Nesta região, chove intensamente no outono. (quando) Esses livros custam até 400 reais. (até quanto) Estudamos bastante aos domingos. (em que medida) Esperamos que, com todos esses casos e exemplos, tudo tenha ficado a contento e você não precise descabelar-se, tentando aprender de cor depois de contactar com mais essa riqueza expressiva de nos- sa sintaxe. atividade | Numa aula de gramática, o pro- fessor propôs ao aluno indicar a funçãosintá- tica do termo grifado na seguinte oração: Os jogadores saíram do campo irados após o jogo. Veja a resposta do aluno – irado é adjunto ad- verbial de modo. Agora é sua vez. Está correta ou não essa res- posta. Justifique. aGente da passiva Dizemos que agente da passiva é o termo que, lida a oração às avessas, transforma-se em sujeito da voz ativa. O relógio de pulso foi idealizado por Santos Dumont. Por Santos Dumont é o agente da passiva, porque lida a oração às avessas, Santos Dumont pode transformar-se no sujeito. Santos Dumont idealizou o relógio de pulso. Por essa razão, o agente da passiva é um sujeito dis- farçado ou camuflado – assim a leitura às avessas deve ser feita de tal modo que gere três fenômenos indispensáveis: a. transformação do particípio em forma finita; b. desaparecimento do verbo ser; c. desaparecimento da preposição: por ou de. Em: (O homem foi criado por Deus), o agente da passiva é por Deus, porque a oração pode ser lida às avessas. Deus criou o homem. Ao transformar criado em criou, desapareceu foi e a pre- posição. O verbo ser aparece como elemento secundário da passiva participial, podendo haver agente da passiva sem a presença do verbo ser. O homem, criado por Deus, aspira à imortalidade. SAIBA MAIS! http://www.scribd.com/A dverbio/d/12663707 MORFOSSINTAXE DO AD JUNTO ADVERBIAL Os adjuntos adverbiais são representados unica mente por palavras (ou locuções), que integr am a classe gramatical d os advérbios. O artista subiu cuidados amente ao palco. adj. adv. de modo As boas palavras entram diretamente no coração . 25Capítulo 2 Aqui por Deus é agente da passiva e não figura o verbo ser na oração: pode ler-se às avessas. Deus criou o homem – transformando-se o particípio em pretérito perfeito e omitindo-se a preposição. A posição normal do agente da passiva é após o verbo. O mundo foi criado por Deus. Podemos encontrar, também, outras percepções sobre esse termo argumental, não obrigatório, que a gramática tradicional chama de “agente da passi- va” e, modernamente, é chamada de complemen- to agente. Esse complemento agente pode ser opcional, pois são construções gramaticalmente corretas. As tarefas foram cumpridas por todos. O paciente foi atendido pelo hospital. Tradicionalmente, a gramática põe este agente en- tre os complementos verbais por conta do seu rela- cionamento com o sujeito e com o complemento direto. Com o sujeito, essa relação se dá porque, transformando essa estrutura da passiva à estrutu- ra ativa, o complemento agente passa a sujeito: Todos cumpriram suas tarefas. Já com o complemento direto, deve-se ao fato de que este vem exigido pela característica gramatical da construção ativa, o agente o da construção pas- siva: O hospital atendeu ao paciente. Definido o agente passiva é a hora de partirmos para o complemento nominal. Vamos lá?! 6. coMpleMento noMinal Nem só os verbos têm o privilégio da transitivida- de, também determinados substantivo, adjetivo e advérbio se fazem acompanhar de complementos. Esses complementos são nominais e quase sempre são introduzidos por uma preposição. Há, na língua portuguesa, sempre formas diferen- tes de se identificar a hierarquia sintática dos ter- mos oracionais: é quando se observa, por exemplo, adjunto adverbial e o termo primário, e o comple- mento nominal é termo secundário. Vamos observar o diferencial entre termos primá- rio e secundário (segundo Macambira, 1997, p. 152 – os termos primários envolvem como centro o predicado: objeto direto, objeto indireto, adjun- to adverbial e agente da passiva. Quanto aos termos secundários, podemos obser- var que estão no âmbito do adjunto adnominal, complemento nominal, aposto e vocativo. Há palavras que complementam verbos, e há pala- vras que complementam nomes - há palavras que servem, e outras que são servidas. Assim, o comple- mento nominal está incluído no segundo grupo. Complemento nominal é o termo sintático que complementa nomes, ou seja, dá uma amplitude de sentido aos substantivos, adjetivos e advérbios. Você provavelmente já encontrou estes avisos: Trecho impróprio para banho. Risco à saúde. Aqui o banho é a intenção real da informação – mesmo que saúde e risco se sobreponham como alvo primordial dessa informação aos banhistas. Nestas frases, os termos para banho e à saúde são complementos nominais. Agora, observemos um claro caso que confirma a transitividade dos nomes: SAIBA MAIS! http://wp.clicrbs.com .br/sualin- gua/2009/05/11/da-pa ssiva-sinteti- ca-para-a-ativa/ atividade | Vamos agora observar as vozes do verbo. Então pesquise na Internet, para um aprofundamento maior, e enriqueça com mais este conhecimento tão importante. Mãos-à- obra!!! SAIBA MAIS! http://eborret.sites.uol.c om.br/com- plemento.html 26 Capítulo 2 Complemento nominal está esclarecido, e o AD- JUNTO ADNOMINAL? Agora podemos ultra- passar quaisquer barreiras que possam existir nesse sentido. Reconhecemos que há um momento em que podemos não distinguir essa dupla. Vejamos como facilitar essa distinção. Só para lembrar: o complemento nominal complementa o sentido de um nome transitivo (substantivo, adjetivo ou advér- bio), enquanto o adjunto adnominal complemen- ta, caracteriza e ou define o nome sem intermedia- ção de um verbo. As classes de palavras que podem desempenhar a função de adjunto adnominal são adjetivos, locuções adjetivas, pronomes, numerais e artigos. É uma expressão que acompanha um ou mais nomes, conferindo-lhe um atributo. Vejamos estes exemplos que deixam bem mais cla- ro a posição e função de adjunto adnominal, de tal forma que não mais teremos dúvidas. Expressamos e entendemos o adjunto nas sequên- cias frásicas abaixo: a. numeral e adjetivo: Na loja, duas manequins vestiam calças e camisetas lilazes. b. nome adjetivo: olhos verdes, mãos delicadas. c. locução ou expressão adjetiva: mãos de fada, força de leão, morro de pedras, crista da onda. d. artigo: o tempo, os tempos. e. pronome adjetivo: • possessivo: teus esforços • demonstrativos: esses esforços • indefinido: tais questões, mais pesquisas, qualquer atlas, cada manhã • interrogativo: que pesquisa? qual desco- berta? • relativo (cujo e flexões): pesquisas cujos méritos creditamos... Vejamos como vai ficar esse assunto na SAIBA MAIS! MORFOSSINTAXE DO C OMPLEMENTO NOMINAL Na estrutura sintática da oração, o núcleo do complemento nomi nal pode ser ex- presso por palavras das seguintes classes: substantivo (ou palavr a substantivada), pronome e numeral. Estamos ansiosas pelo re sultado. CN Depositou todo crédito e m nós. CN SAIBA MAIS! MORFOSSINTAXE DO A DJUNTO ADNOMINAL O adjunto adnominal é um elemento se- cundário, que sempre se associa a um elemento principal, rep resentado por um substantivo. Assim send o, o adjunto ad- nominal é expresso po r palavras que se associam ao substantivo . São elas: artigo, adjetivo, locução adjetiv a, numeral e pro- nome. Pode comprar também este livro; meus alunos novos já leram o resumo do autor. Quando o termo é introduzido por preposição e estiver ligado a um adjetivo ou advérbio, ele será, sem dúvida, um complemento nominal. ADJETIVO Ela é perita em legislação. C N ADVÉRBIO Ela está longe da cidade. C N Se estiver transitivo e funcionando como o alvo para o qual tende um movimento, um sentimento ou uma disposição, será complemento nominal. Se isso não ocorrer, será adjunto adnominal. Observe estes exemplos: A resposta aos apelos não foi atendida. subst. trans. adj.adnom. sujeito A resposta dos chefes não os acalmou. subst./ adj. adnom. sujeito 27Capítulo 2 Na 1ª frase, o alvo foi – os apelos; na 2ª frase, dos chefes não é alvo, mas o agente locutor da respos- ta. Veja agora se você é capaz de fazer essa diferencia-ção. Ele tem um amor de mãe. Ele tem amor à mãe. Observou? Olha a dica: o adjunto adnominal só trabalha para o substantivo (concreto ou abstrato), enquanto o complemento nominal pode trabalhar para o substantivo abstrato, adjetivo e advérbio. Na dúvida, ao classificar uma estrutura, devemos observar se está trabalhando para um adjetivo ou advérbio, e aí saberemos se tratar de um comple- mento nominal. Mais uma explicação: quando a estrutura estiver relacionada dentro das funções de adjetivos, lo- cuções adjetivas, pronomes, numerais e artigos ligados a um substantivo e se este “existe” sem o auxílio de um complemento, será um adjunto ad- nominal. • necessidade de atenção – note que necessidade não “existe” sem o complemento de “de aten- ção”. Isso caracteriza o complemento nomi- nal. • chuva fria – note que chuva “existe” sem com- plemento, “fria” pode ser retirado, sem alterar o significado do substantivo – aqui teremos um adjunto adnominal. Note também que os adjuntos adnominais não de- terminam ou especificam o nome – eles conferem uma nova informação ao nome e, por isso, são cha- mados de modificadores. A mãe comprou dois perfumes. Em que momento o lugar do predicativo pode in- terferir nessa compreensão apresentada de adjunto adnominal e complemento nominal? Não há es- paço para a não - diferenciação entre esses termos e o predicativo, cada um tem seus constituintes e especificidades. No caso do predicativo, só o en- contramos no predicado, e dá uma característica momentânea do substantivo. E como estabelecer essa diferença? Podemos diferenciar um do outro substituindo a estrutura sintática por – o,-os,-a,-as. Exemplo: Procurei meus velhos amigos. Procurei-os. Observe que velhos amigos pode ser substituído por – os. Agora notemos esta outra estrutura: Considero sua decisão ótima. Considero-a ótima. A estrutura sua decisão ótima não pode ser intei- ramente substituída, caracterizando, assim, o pre- dicativo que, neste caso específico, é o predicativo do objeto, pois se refere ao substantivo decisão. Atenção: Essa referência rápida ao predicado foi ape- nas um “tira-dúvidas”. atividade | Temos aqui um anúncio que contém duas ora- ções: a) Essas orações são construídas com verbos transitivos diretos. Você sabe disso, claro. Qual seria o objeto direto de cada uma delas? b) Mas na oração “Declare seu amor por Per- nambuco”, a palavra amor é um complemento de declare; é um objeto direto. O termo Per- nambuco é complemento de que palavra? c) Reformule esta oração, trocando a expres- são declarar amor pelo verbo amar. Neste caso, qual seria o objeto do verbo amar? Obs.: Exercício adaptado do livro Português: Linguagens de Cereja e Magalhães. Fo nt e: h tt p: // br .o lh ar es .c om /p ra ia _d o_ sa n- ch o_ fe rn an do _d e_ no ro nh a_ fo to 11 81 92 9. ht m l Declare seu amor por Pernambuco 28 Capítulo 2 aposto É o outro componente do grupo sintagmático no- minal; é um substantivo ou expressão equivalente, que modifica um núcleo nominal, também conhe- cido como fundamental, sem necessitar de outro instrumento gramatical que marque essa função adnominal – pode ser marcada por vírgula ou si- nal equivalente (travessão e parêntese). Daí então deriva o fato de dizermos que a aposição pode ser específica ou especificativa, ou então, pode ser ex- plicativa. O aposto explicativo apresenta valores secundários que merecem descrição especial: • Enumerativo – é representado por um dos pronomes (ou locução) tudo, nada, ninguém, cada um, um e outro, etc., ou por substantivo. Tudo – ansiedades, medos e preocupações – foram tiradas de sua vida. Doces, bolos, sorvetes – nada – a apetecia. Professores, amigos e colegas – ninguém o convenceu a mergulhar. Políticos, funcionários e parentes, cada um, deu-lhes as boas vindas. Todos aceitaram a proposta, mas um e outro fez comentários desastrosos. A mãe de Chico Buarque de Holanda, dona Mimele, faleceu ontem. • Distributivo Irandé Antunes e Marcos Bagno são os meus escritores preferidos: ambos são linguísticos. • Circunstancial – comparação, tempo, causa, etc., precedido ou não de palavra que marca esta relação. O telescópio, grande olho curioso, observava o sol. “Escultor” – esculpe a sua musa em aço. José de Alencar, quando vice-presidente, dá exemplo de cidadania. 7. vocativo Gente, vocativo é uma unidade à parte. Por quê? Está desligado da estrutura argumental da oração, possui uma entoação exclamativa, cumpre a fun- ção apelativa de 2ª pessoa, pois, por seu intermé- dio, chamamos ou pomos em evidência a pessoa ou coisa a que nos dirigimos. Raphael, vem aqui! Você, minha filha, precisa estudar mais! Paciência, onde tu estás? Obs.: Algumas vezes é precedido de ó Ó gente, onde será a festa? Temos ainda o vocativo com função apelativa, não há, neste caso, necessidade de marcar o sujeito. Deixe-me! Deixe-me resolver sozinho... SAIBA MAIS! MORFOSSINTAXE DO A POSTO O núcleo do aposto po de ser expresso por substantivo (ou palavra s substantivadas) e pronome. Aposto Substan tivo Ayrton Senna, brilhante piloto de fórmula 1, morreu tragicamente. SAIBA MAIS! MORFOSSINTAXE DO V OCATIVO O núcleo do vocativo po de ser o nome que o falante utiliza para cha mar diretamente seu interlocutor, sendo sem pre apresentado por um substantivo (ou pala vra substantivada) ou pronome. Minha bela filha, tudo p assa na vida. vocativo substantivo 29Capítulo 2 ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito de nos torturar com um aposto. Casou com uma regência. Foi infeliz. Era possessivo como um pronome. E ela era bitransitiva. Tentou ir para os Estados Unidos. Não deu. Acharam um artigo indefinido em sua bagagem. A interjeição do bigode declinava partículas expletivas, corretivos e agentes da passiva, o tempo todo. Um dia matei-o com um objeto direto na cabeça. atividade | resuMo No capítulo 2, constatamos os ter- mos da oração e sintagmas, quan- do respondemos às questões sobre esses elementos frásicos, e a ordem que se apresentam na frase. Mos- tramos as diferenças significativas e por que conhecer essas estruturas de nosso idioma que são tão impor- tantes para fundamentar esse estu- do. Identificar como sujeito, frase e sin- tagmas interagem e contribuirá para que essa interação melhore em nos- sa língua e, coincidentemente, nos ajudará a conduzir, com maior cla- reza, nossa fala e o nosso discurso com as pessoas com as quais nos comunicamos no nosso dia a dia. Sujeito e predicado são os construc- tos do nosso idioma, carecendo, sempre, de uma atenção maior por parte dos falantes da língua nativa e de todos os que desejam se apro- fundar e dominar uma linguagem. Explicitada a intenção deste capítulo que você pode aprofundar com vá- rios autores e, especialmente, Kock e Valença, daremos continuidade ao nosso estudo. Fo nt e: B ra nt P ar ke r e Jo hn ny H ar t. O m ag o W iz . S ão P au lo : H er m us , 1 97 3, p .4 3) Observe que, no 1º quadro, temos a palavra cabeludo, e senhor no 3º. Temos um cavalheiro sem mancha e sem medo, como você classifi- caria estes termos? Explique-os. Para concluirmos este conteúdo, vamos ler esta poesia para fazermos uma descontração, pois este capítulo foi uma labuta... O Assassino Era o Escriba Paulo Leminski Meu professor de análise sintática era o tipo de sujeito inexistente. Um pleonasmo. O principal predicado de sua vida, regular com um paradigma de 1ª conjugação. Entre uma oração subordinada e um adjunto ad- verbial, 30 Capítulo 2 referÊncias AZEREDO, José Carlos. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo: Publifolha, 2008. KOCH, Ingedore Villaça; Vilela Mário. Gramá- tica da Língua Portuguesa: gramática da pala- vra, gramática da frase, gramática do texto/ discurso. Portugal: livraria Almerinda, 2001. MACAMBIRA, José Rebouças. A estrutura mor- fo-sintática do português.São Paulo: Pioneira, 1987. PERINE, Mário Alberto. Gramática do portu- guês brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, 2010. www.mundovestibular.com.br/.../SUJEITO-E- PREDICADO/Paacutegina1.html - h t t p : / / v i d e o l o g . u o l . c o m . b r / v i d e o . php?id=366496 http://www.scribd.com/doc/19827718/Resu- mo-de-Sintaxe 31Capítulo 3Capítulo 3 eixo teMático: sintaGMas objetivos específicos • Construir uma noção referencial de terminologias diferentes e de aborda- gem dos sintagmas oracionais; • Identificar, no interior dos sintagmas, as classes conforme se distribuem e a posição que ocupam diretamente na oração ou em outros sintagmas mais amplos e seus constitutivos; • Selecionar as informações necessárias para eventuais contextualizações com a terminologia sintagmática atual na Língua Portuguesa. introdução Nós vamos entrar no universo Sintagmático, tão atual e paradoxalmente tão antigo, sem o que nosso estudo sobre Morfossintaxe inexistiria. Para tudo, vamos necessitar dos sintagmas - desse conjunto de elementos que constituem uma unidade significativa dentro da oração e que mantêm entre si relações de dependência e de ordem. Conhecer a natureza dos sintagmas vai lhe dar uma relação de intimidade com seu idioma que só esse saber pode lhe proporcionar. Sintagma é uma “comunidade linguística”, que interage o tempo todo, o que deixa você bem à vontade, ao transitar por nosso idioma. O sintagma consiste num conjunto de elementos que constituem uma unidade significativa dentro da oração e que mantêm entre si relações de dependência e de ordem, organizados em torno de um elemento fundamental, denominado núcleo, que pode, por si só, constituir o sintagma. Não poderíamos terminar essa apresentação sem lem- brar o grande linguista Noam Chomsky, um dos maiores estudiosos do caráter sintático, semântico e fonológico que é a premissa de todas as frases e de todas as línguas. Pelo exposto acima, dá para perceber a importância desse assunto. Então, bom estudo, boa compreensão e sucesso! Profa. Ms. Francisca Núbia bezerra e silva Profa. maria das Graças Alves de oliveira Carga Horária | 15 horas 32 Capítulo 3 1. os constituintes oracionais – os sintaGMas Vamos trabalhar alguns aspectos da sintaxe da língua portuguesa do ponto de vista produtivo – quanto maior o conhecimento e o domínio das estruturas frasais do português, mais eficiente será o desempenho oral e escrito do falante da língua. “Chama-se sintagma uma sequência de palavras que constituem uma unidade (sintagma vem de uma palavra grega que comporta o prefixo sin-, que significa com, que encontramos, por exemplo, em simpatia e sincronia). Um sintagma é uma associa- ção de elementos compostos num conjunto, orga- nizados num todo, funcionando conjuntamente. (…) sintagma significa, por definição, organização e relações de dependência e de ordem à volta de um elemento essencial. “(Dubois-Charlier. Bases de Análise Linguística) • valor variado do comportamento sintático apresentado pelas relações de ordem, concor- dância e regência; • percepção das estruturas sintáticas simples e de como, a partir destes, podemos produzir as mais complexas, baseando-se nas ampliações. Vamos utilizar dois procedimentos que irão ajudar a compreensão do conceito de sintagma onde quer que ele coloque: 1. deslocável para outra posição na oração; 2. substituível por uma unidade simples. A menina desatou o nó das fitas com muita alegria. No caso 1, as sequências a menina, o nó das fitas e com muita alegria são sintagmas, porque podere- mos também dizer: • O nós das fitas, a menina desatou com muita alegria. • Com muita alegria, a menina desatou o nó das fitas. • Com muita alegria, desatou a menina o nó das fitas. No caso 2, essa sequência é confirmada, porque podemos substituí-la, conforme os exemplos abai- xo: • Ela (= a menina) desatou o nó das fitas com muita alegria. • A menina desatou-o (= o nó das fitas com mui- ta alegria). • A menina desatou o nó das fitas alegremente (= com muita alegria) Reconhecemos prontamente como sintagmas, por- que ocupam certos lugares nessa estrutura grama- tical e, ainda, uma vez que ocupam o mesmo lugar na estrutura, recebem a mesma classificação: • sintagma nominal (SN) – Ela e a menina • sintagma adverbial (Sadv) – alegremente e com muita alegria • sintagma verbal (SV) – desatou o nó das fitas Então, dos exemplos citados, temos as seguintes conclusões: O especialista não respondeu todas as perguntas. O especialista sintagma nominal não respondeu todas as perguntas. sintagma verbal O especialista sintagma nominal não respondeu modificador + verbo todas as perguntas sintagma nominal O especialista det. + núcleo nominal não respondeu advérbio + núcleo verbal todas as perguntas det. + det. + núcleo nominal A combinação das palavras para formarem as frases não é aleatória; existe a necessidade de um conhe- cimento de determinados princípios linguísticos, sem os quais não combinaremos as palavras para lhes dar o sentido necessário a sua compreensão – há, pois, uma ordem, uma sequência e uma lógica às quais chamaremos de SINTAGMA para formar uma unidade maior que é a oração. Segundo AZEREDO (2000, p. 151), para um en- sino produtivo da língua e da literatura, devemos nos ater à (ao): • hierarquia da estrutura oracional, isto é, dos constituintes que a oração apresenta; • estrutura interna própria de cada um desses constituintes; 33Capítulo 3 • os vocábulos formam as orações indiretamente – e os sintagmas são os verdadeiros constituin- tes da oração; • um sintagma pode se constituir por um grupo de vocábulos ou por um simples vocábulo; • os sintagmas assim como os morfemas perten- cem a diferentes classes. 2. a classe dos sintaGMas Um agrupamento intermediário é uma unidade sintagmática e está situado, pois, entre o nível do vocábulo e o da oração. Dessa maneira, um ou mais vocábulos se unem (em sintagma) para for- mar uma unidade maior, que é a oração. Logica- mente, esses vocábulos constitutivos dos sintagmas se organizam em torno de um núcleo. Para desempenhar o papel de sintagma, as palavras pertencem a uma determinada classe gramatical com função distinta. Obedecem a um conjunto de mecanismos formais que, na sua unidade e estrutu- ra gramatical, pode ser assim esquematizado. • período • oração • sintagma • vocábulo • morfemas Para melhor entendimento, vamos nos basear no poema de Cecília Meireles e observar os níveis de estruturação do enunciado, retirado do (In PRO- JETO PEAD) Texto 1 colar de carolina Com seu colar de coral, Carolina corre por entre as colunas da colina. O colar de Carolina colore o colo de cal, torna corada a menina. E o sol, vendo aquela cor do colar de Carolina, põe coroas de coral nas colunas da colina. (Cecília Meireles) Comentário Neste poema, a autora faz um jogo de palavras, ti- rando proveito, principalmente, do aspecto sono- ro. Os diversos níveis a que nos referimos acima podem ser apontados no texto: Nível do período O colar de Carolina colore o colo de cal, torna corada a menina. Nível da oração O colar de Carolina colore o colo de cal, torna corada a menina. Nível do sintagma O colar de Carolina (SN) colore o colo de cal (SV) torna corada a menina (SV) Nível do vocábulo Com/ seu/ colar/ de/ coral / Carolina / corre / por/ entre/ as/ colunas / de/ a /colina. Nível do morfema O / col/ar / de / Carolina / color/e / o / col/o /de/ cal/, torn/a / cor/a/d/a /a/ menin/a. http://Iportuguesa.malha.net/content/view/29/45/ As gramáticas descrevem os níveis da oração e do período no âmbito da sintaxe e os níveis do mor- fema e do vocábulo no âmbito da morfologia. No entanto, geralmente não tomam conhecimento do nível do sintagma - intermediário entre vocábulos e oração. E, como mostra Azeredo: “... os vocábulos não se unem para formar a oração, do mesmo modo
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