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Imunidade Inata: Proteção Contra Infecções

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Mód de Imunologia- Anne Caroline Maltez 
 
 Imunologia 
A IMUNIDADE INATA 
A imunidade diz respeito à capacidade de proteção contra doenças e infecções, 
sendo um processo deflagrado pelo sistema imune, que desencadeia processos 
baseados no contato com a matéria contaminante (composto por células e moléculas 
específicas), e executado por meio de respostas imunológicas, reações deflagradas 
contra macromoléculas e organismos estranhos, não importando as consequências 
fisiológicas ou patológicas desse mecanismo. O papel desse sistema é garantir a 
defesa do corpo humano contra agressões promovidas por microrganismos. 
A imunidade inata ou natural representa a primeira barreira contra esses organismos 
nocivos, sendo formada por defesas celulares e bioquímicas já atuantes mesmo antes 
da infecção ocorrer. A especificidade dos mecanismos adotados por essa modalidade 
de resposta é mais ampla, abrangendo grandes categorias de microrganismos, mas 
incapaz de reconhecer pequenas alterações entre seus componentes. Suas 
principais formas de ação são barreiras físicas (pele, tecidos do trato gastrointestinal 
e respiratório) e químicas (lágrimas e suco gástrico), células fagocíticas e assassinas 
naturais e proteínas sanguíneas. 
As superfícies epiteliais, em seu estado íntegro, formam uma verdadeira barreira 
física entre o meio externo e os tecidos do hospedeiro. Além do fator estrutural, tais 
células produzem e secretam substâncias químicas antimicrobianas que também 
impedem o contato desses organismos com o meio interno. As funções físicas 
desempenhadas pela barreira epitelial são desempenhadas por células epiteliais, que 
são aderidas firmemente umas às outras, pela camada queratinizada externa, e pelo 
muco, secreção viscosa capaz de impedir invasões patogênicas, facilitando sua 
eliminação. As funções químicas dessa camada de proteção é reservada para alguns 
pept[ideos de propriedades antimicrobianas como defensinas e catelicidinas, além de 
algumas formas de linfócitos (linfócitos T intraepiteliais), capazes de responder e 
reconhecer microrganismos comumente encontrados. 
 
 
Mód de Imunologia- Anne Caroline Maltez 
 
 
Fagócitos são tipos celulares de função especializada representados principalmente 
por macrófagos e neutrófilos, primeira linha de defesa após a ultrapassagem da 
barreira epitelial. Essas células são capazes de englobar e matar microrganismos, 
produzindo assim citocinas que aumentam a função antimicrobiana das células no 
sítio de infecção e promovem inflamação. Os macrófagos, além de desempenharem 
essa função, também estão envolvidos no processo de reparo tecidual do hospedeiro. 
As células dendríticas desempenham um papel fundamental no reconhecimento de 
invasores, sendo efetivas também no direcionamento de respostas adaptativas 
mediadas por linfócitos T, uma vez que possuem a capacidade de internalizar 
antígenos proteicos, transportando-os aos gânglios linfáticos e apresentando-os às 
células efetoras linfoides. Estão localizadas em diversos tecidos do corpo, contando 
com processos citoplasmáticos longos semelhantes a dendritos e sendo 
representantes de um conjunto heterogêneo de derivados da medula óssea. 
 
Células Natural Killer (NK) são linfócitos responsáveis por funções importantes na 
defesa contra bactérias intracelulares e vírus, sendo capazes de executar sua morte 
sem necessidade de expansão clonal e diferenciação, o que ocorre para as demais 
células do corpo que realizam apoptose. As células NK conseguem reconhecer 
estruturas em estresse, seja por infecções ou por danos endógenos, tendo sua 
ativação regulada pelo equilíbrio de sinais gerados por receptores de 
ativação/inibição, sendo que os primeiros identificam ligantes presentes em 
compostos danificados (IL-12 enviados por macrófagos), e o último percebe 
marcadores de células normais. A interação de uma NK com outras células tem como 
função a morte dessas ou a ativação de macrófago para destruição microbiana, o que 
se dá pela liberação de grânulos proteicos mediadores da morte celular. 
 
Os linfócitos são, em sua maioria, componentes do sistema imune adaptativo (grande 
repertório de especificidades), porém alguns deles expressam receptores de 
antígenos análogos aos dos linfócitos T e B, mas com menor diferenciação, capazes 
de identificar somente características mais amplas de grupos microbianos. Nesse 
Mód de Imunologia- Anne Caroline Maltez 
 
contexto, é possível destacar as células T NK invariantes (iTNK), células γδ e células 
T intraepiteliais com TCR αβ, células B-1 e células B da zoa marginal. 
Mastócitos são tipos celulares presentes na pele e no epitélio da mucosa capazes de 
secretar de forma rápida citocinas pró-inflamatórias e mediadores lipídicos em reação 
aos estímulos infecciosos. Possuem grânulos abundantes em seu citoplasma que 
protegem mediadores inflamatórios, liberados em caso de ativação celular por 
microrganismos ou em resposta a um anticorpo. Essas reservas contêm compostos 
vasoativos (histamina) e enzimas proteolíticas capazes de matar ou inativar ameaças 
e toxinas. Tais células também podem secretar mediadores lipídicos e citocinas que 
auxiliam os mecanismos de defesa do organismo. Por estarem localizados na 
periferia dos vasos sanguíneos as respostas induzidas por essas células são 
rapidamente disseminadas, promovendo um quadro de inflamação aguda. Os 
mastócitos expressam TLRs, e os ligantes do TLR podem induzir desgranulação da 
célula em questão, além de apresentarem importante papel na proteção do 
hospedeiro contra helmintos e no desenvolvimento de sintomas alérgicos. 
Algumas moléculas capazes de reconhecer ameaças microbianas encontram-se 
dispersas no sangue e fluidos extracelulares, sendo a primeira defesa contra agentes 
patogênicos fora das células do hospedeiro, atuando de duas formas principais: 
• Agem como opsoninas ao ligarem-se aos microrganismos, ampliando a 
habilidade de células fagocíticas em eliminar tais ameaças, uma vez que essas 
apresentam receptores específicos para esse complexo; 
• Promovem, após o contato com o antígeno, respostas inflamatórias 
responsáveis por aumentar a atração de fagócitos para o sítio de infecção, 
podendo participar diretamente da eliminação desses agentes patogênicos. 
Por estarem dispersas pela circulação do hospedeiro, esses mecanismos são 
também chamados de ramo humoral do sistema imune inato, segmento que também 
é composto por sistema complemento, colecitinas, pentaxinas e ficolinas. 
• O sistema complemento é formado por diversas proteínas plasmáticas que 
agem juntas para “opsonizar” microrganismos, recrutar células realizadoras de 
fagocitose para o local de infecção, e até mesmo na morte direta de um 
patógeno. Sua ativação se dá por meio de um sistema em cascata proteolítica 
que depende de seus próprios produtos, gerando assim três vias: 
o Via clássica: emprega a proteína C1q na identificação de anticorpos 
ligados pela porção Fc a um microrganismo ou demais estruturas, 
gerando os compostos C1r e C1s, que criam uma cascata proteolítica, 
participando tanto da imunidade humoral adaptativa quanto da inata 
(eficiente ligação entre anticorpos IgM e C1q); 
o Via alternativa: disparada quando a proteína C3 reconhece estruturas 
da superfície microbiana, com lipopoliproteinas de uma bactéria, 
Mód de Imunologia- Anne Caroline Maltez 
 
distinguindo-a do tecido normal do organismo por meio da ausência de 
enzimas reguladoras; 
o Via da lectina: é deflagrada pela proteína plasmática lectina ligante de 
manose (MBL), capaz de reconhecer resíduos desse composto em 
glicoproteínas e glicolipídios microbianos e receptores de manose em 
membranas de fagócitos. 
 
• As pentraxinas são proteínas plasmáticas que reconhecem estruturas 
microbianas, representadas por proteína C-reativa (PC-R) e amiloide P sérico 
(SAP), capazes de identificar múltiplas espécies de bactériase fungos, além 
da pentraxina longa (PTX3). Todas essas estruturas ativam a via clássica por 
ligação com a C1q. 
Os níveis de PC-R no sangue são normalmente baixos, porém, em casos de 
inflamação, sua produção hepática é aumentada em mil vezes devido à 
secreção de IL-6 e IL-1, citocinas produzidas por fagócitos como parte da 
resposta inata, sendo, portanto, denominadas reagentes de fase aguda. 
O PTX3 é produzido por vários tipos celulares, incluindo células dendríticas, 
macrófagos e células endoteliais, em resposta aos ligantes TLR e citocinas 
inflamatórias, porém não é considerado reagente de fase aguda, uma vez que 
permanece armazenado nos grânulos de neutrófilos e só são liberados após 
sua morte. Reconhece bactérias Gram-positivas e negativas, fungos, vírus e 
células apoptóticas, contribuindo inclusive para a proteção contra o vírus 
influenza; 
• Colectinas são proteínas pertencentes a uma família em que cada subunidade 
apresenta cauda colágena ligada à região do pescoço por uma cabeça de 
MBL, que serve tanto como receptor de padrões quanto como opsonina, 
ligando-se a microrganismos para aumentar sua fagocitose; 
• Ficolinas são estruturalmente parecidas com as Colectinas, apresentando 
apenas um domínio reconhecedor de fibrinogênio no local de sua região de 
MBL, ainda assim mantendo ação similar ao grupo anteriormente citado. Seus 
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ligantes referem-se a substâncias de paredes celulares de bactérias Gram-
positivo. 
 
Muitos microrganismos patogênicos evoluíram para resistir à imunidade inata e sua 
eliminação necessita dos mecanismos mais potentes da imunidade adaptativa, o que 
evidencia as diversas conexões entre essas formas de defesa do corpo humano. A 
resposta imune inata aos microrganismos estimula as respostas imunes adaptativas 
e influencia a natureza das respostas adaptativas. 
 
As citocinas são um conjunto de proteínas secretadas com múltiplas estruturas e 
funções, responsáveis por regular diversas atividades inerentes a imunidade inata e 
adaptativa. Essas substâncias são secretadas por todas as células do sistema imune, 
sendo que essas também possuem receptores com sinalização específica para tais 
compostos. Essas proteínas têm por função o crescimento e diferenciação das células 
imunológicas, ativação de funções efetoras em linfócitos e fagócitos e o 
direcionamento de células desse sistema do sangue para os tecidos e sua migração 
dentro dessa estrutura, papel esse desempenhado pelas quimiocinas. 
Mód de Imunologia- Anne Caroline Maltez 
 
 
O sistema imune inato desempenha três funções importantes: 
• Primeira resposta aos microrganismos, capaz de eliminar, prevenir ou 
controlar a infecção do hospedeiro por agentes patogênicos: se qualquer uma 
das barreiras inerentes à imunidade inata for inibida ou danificada o corpo se 
torna mais susceptível a processos infecciosos, mesmo que a ação do sistema 
imune adaptativo se mantenha íntegra; 
• Desencadeiam o processo de reparação tecidual ao reconhecer células 
mortas ou danificadas no corpo do hospedeiro; 
• Estimula os processos de resposta imunológica adaptativa, influenciando 
a natureza das respostas específicas, aumentando sua efetividade contra as 
diversas formas patogênicas. 
É de competência do sistema imune inato, como supracitado, identificar estruturas 
moleculares características de patógenos microbianos, o que é realizado por meio da 
análise de padrões moleculares associados aos patógenos (PAMP), estruturas que 
possuem ácidos nucleicos, proteínas, lipídios e carboidratos essenciais à 
sobrevivência de microrganismos. Além dos PAMPS, a imunidade inata atua na 
delimitação de danos ou morte de células endógenas por códigos moleculares 
específicos, denominados padrões moleculares associados a danos (DAMP). 
PAMPs e DAMPs são reconhecidos por diferentes receptores pelo sistema imune 
inato, compondo um grupo denominado receptores de reconhecimento de padrões, 
localizados na membrana plasmática, membrana endossômica e citoplasma de 
células dendríticas, células epiteliais e fagócitos, garantindo respostas efetivas para 
ameaças intra e extracelulares. A junção dos receptores a PAMP e DAMP causa a 
ativação de transdução de sinais que provocam as funções antimicrobianas e pró-
inflamatórias nas células desencadeantes. O sistema imune inato não age contra 
células saudáveis, o que é fundamental para a manutenção da saúde individual. Os 
receptores de reconhecimento de padrões presentes nesse sistema são: 
• Receptores semelhantes a Toll (TLR): localizados nas membranas plasmática 
e endossômica de fagócitos, células dendríticas, linfócitos B, células 
endoteliais e diversas outras. Seus principais ligantes são moléculas 
microbianas, como ácidos nucleicos virais, lipopolipeptídeos bacterianos e 
proteoglicanos. Sua capacidade de reconhecimento é ampla, levando à 
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ativação de vias de sinalização e fatores de transcrição que induzem a 
expressão inflamatória/antiviral; 
 
• Receptores semelhantes a NOD (NLR): presentes no citoplasma de fagócitos, 
células epiteliais e outros tipos de células. Seus ligantes principais são 
peptideoglicanos da parede bacteriana, flagelina, dipeptídeo muramil, 
lipopoliproteínas, cristais de urato e produtos de células danificadas. Alguns de 
seus componentes recrutam outras proteínas ao perceber a ligação com 
PAMPS e DAMPS, iniciando um complexo de reações promotoras de 
inflamação com citocilas IL-1 e IL-18; 
• Receptores semelhantes a RIG (RLR): localizados no citoplasma de fagócitos 
e outras células, tendo por principal ligante o RNA viral. Sua resposta à 
presença de PAMPs é a indução da produção de interferons (interferem no 
processo de replicação de compostos nocivos) antivirais; 
• Receptores similares à lectina de tipo C: presentes na membrana plasmática 
de fagócitos. Seus principais ligantes são carboidratos de superfície 
microbiana presentes em paredes celulares fúngicas. Os receptores facilitam 
a fagocitose desses patógenos, estimulando também o desenvolvimento das 
futuras respostas adaptativas; 
• Receptores Scavenger: presentes na membrana plasmática de fagócitos, 
possuindo diacilglicerídeos microbianos como ligantes; 
• Receptores N-Formil met-leu-phe: presentes em membranas plasmáticas de 
células fagocitárias, seus ligantes principais são peptídeos que contêm N-
formilmetionil. 
As defensinas são peptídeos catiônicos produzidas pelas células epiteliais de áreas 
mucosas e leucócitos contendo grânulos (células T intraepiteliais, células NK e 
neutrófilos) e diferenciadas em α e β. As células de Paneth, no intestino delgado, são 
as principais produtoras de α-defensinas, responsáveis por limitar o número de 
microrganismos na luz do órgão. As ações protetoras das defensinas abrangem a 
Mód de Imunologia- Anne Caroline Maltez 
 
toxicidade direcionada aos microrganismos, incluindo bactérias, fungos e vírus em 
envelope, e a ativação de células envolvidas na resposta inflamatória aos 
microrganismos. As defensinas matam os microrganismos por uma variedade de 
mecanismos, muitos dos quais dependem de suas habilidades em se inserir e romper 
funções das membranas microbianas. 
A catelicidina é produzida pelos neutrófilos e células da barreira epitelial da pele, TGI 
e trato respiratório, sendo um composto de dois domínios que é clivado em duas 
unidades protetoras, processo que, junto à síntese do composto, podem ser 
estimulados por citocinas e produtos microbianos. As catelicidinas ativas protegem 
contra infecções por múltiplos mecanismos, incluindo toxicidade direta a uma grande 
variedade de microrganismos e ativação de várias respostas em leucócitos e outros 
tipos celulares que promovem a erradicação dos microrganismos. 
FATORES DE VIRULÊNCIA E SEUS MECANISMOS: 
Os fatores de virulência são estruturas, estratégias ou produtos empregadospor 
bactérias e vírus para ultrapassar as barreiras de defesa orgânicas e causar uma 
infecção no hospedeiro, podendo tanto estar relacionados à colonização microbiana 
quanto com ferramentas que lesionem o organismo. Todas essas ferramentas, 
expressos em condições especiais, são armazenadas em ilhas patogênicas, regiões 
cromossômicas ou em plasmídeos que codificam genes mediante fatores de 
expressão como a alteração do pH local, permitindo a formação de um complexo 
gênico que pode ser transportado a outros cromossomos ou organismos. 
Para que ocorra uma infecção, é necessário que os microrganismos penetrem as 
barreiras naturais do corpo humano, o que pode ocorrer por meio de cortes na pele 
(cirúrgicos ou não) deixados aberto ou úlceras no epitélio gastrointestinal, permitindo 
assim que produtos da microbiota normal penetrem os tecidos mais internos e 
susceptíveis à ação dessas. 
 
Fatores de virulência em bactérias: 
Mód de Imunologia- Anne Caroline Maltez 
 
A colonização bacteriana no corpo do hospedeiro é realizada em locais variados para 
cada espécie, podendo ocorrer tanto em regiões próximas ao local de infecção 
primária quanto em locais com características ótimas de crescimento. Em alguns 
casos o local adequado não é o único pré-requisito de uma colonização eficiente, 
sendo necessárias estruturas e funções que mantenham ideais as condições do sítio. 
 
A presença de adesinas, tipo de lectina que se conectam a açúcares no tecido-alvo, 
em algumas bactérias favorece sua probabilidade de sobrevivência, uma vez que ao 
aderirem aos receptores específicos de uma estrutura sua remoção passa a ser 
inviável. Esses compostos estão presentes nas pontas das fímbrias (pili), mas 
também podem ser empregados de outras formas, como pela ação de ácidos 
lipoproteicos para ligação à fibronectina. 
O biofilme também se enquadra como uma estratégia de colonização favorável, 
principalmente em equipamentos cirúrgicos, pois é composto por uma estrutura 
viscosa que garante não só a coesão entre bactérias, mas entre elas e a superfície, 
podendo inclusive proteger a colônia de ações antibióticas. Sua produção só se dá 
com um quórum mínimo de microrganismos (quorum sensing), momento no qual uma 
camada de polissacarídeos é construída para composição dessa membrana e para 
nutrição do grupo colonizador. 
Bactérias também podem usar de outras ferramentas para penetrar em epitélios, 
como a secreção tipo III, que emite proteínas efetoras que originam poros na estrutura 
epitelial/mucosa do hospedeiro, favorecendo o processo de interiorização bacteriana 
e sua replicação, além de poder induzir a apoptose celular. 
O crescimento das bactérias tem por subprodutos uma coleção de ácidos, gases e 
outras substâncias tóxicas ao tecido, situação que pode ser agravada devido à 
produção natural de enzimas degradantes por diversos microrganismos, promovendo 
assim os nutrientes necessários para sua replicação e disseminação. 
As toxinas são os verdadeiros produtos bacterianos que causam prejuízos diretos ao 
tecido ou às funções biológicas normais do hospedeiro por meio da lise celular ou 
proteica específicas, ligando-se a receptores e desencadeando uma cascata de 
Mód de Imunologia- Anne Caroline Maltez 
 
reações tóxicas. Endotoxinas e proteínas superantígenos promovem a super 
estimulação de respostas inatas e adaptativas, intensificando os quadros 
inflamatórios. Algumas vezes a própria toxina é suficiente para desencadear os 
sintomas característicos da doença, como representado pelas toxinas pré-formadas 
nos alimentos, responsáveis pelas intoxicações alimentares e pela Clostridium tetani, 
bactéria causadora do tétano. 
As proteínas superantígenos são grupos tóxicos especiais que ativam as células de 
forma simultânea ao receptor de célula T e a uma molécula do complexo principal de 
histocompatibilidade classe II (MHC) numa célula apresentadora de antígeno sem 
necessidade desses. A ativação de interleucinas é altamente elevada com a ação 
desse composto (tempestade de citocinas), causando risco de morte por respostas 
autoimunes, que pode também destruir as células T verdadeiramente ativadas, 
eliminando clones para ameaças específicas e enfraquecendo as defesas do 
organismo hospedeiro. 
 
As endotoxinas, descritas pela fração do lipídio A do lipopolissacarídeo (LPS), são 
compostos proteicos produzidos exclusivamente por bactérias Gram-negativas, 
ativando de forma potente a fase aguda e as reações inflamatórias. Sua ligação é 
realizada com receptores exclusivos (CD14 e TLR4) em macrófagos e células B, 
estimulando tanto a produção quanto a liberação de citocinas de fase aguda (IL-1, 
TNF-α, IL-6 e prostaglandinas), promovendo também a replicação mitogênica de 
células B. 
Em baixas quantidades as endotoxinas estimulam o desenvolvimento de respostas 
protetoras como vasodilatação e expressão inflamatória, porém, em doses mais 
elevadas, como em quadros sépticos por bactérias Gram-negativas, a resposta 
orgânica torna-se desmedida ao ativar a via alternativa do sistema complemento, 
produzindo anafilatoxinas (C3a e C5a), favorecendo a dilatação dos vasos e o 
extravasamento capilar, o que combinado às pré-existentes IL-1 e TNF-α culmina em 
hipotensão e choque, que podem levar o hospedeiro a óbito. A coagulação 
Mód de Imunologia- Anne Caroline Maltez 
 
intravascular disseminada (CID) também é um produto da ativação da LPS, uma vez 
que ela também ativa a cascata de coagulação sanguínea. 
 
Exotoxinas são proteínas produzidas tanto por bactérias Gram-positivas quanto 
negativas, contendo enzimas citolíticas e receptores proteicos para alterações 
celulares, sendo armazenada em muitos casos no plasmídeo ou fago lisogênico. As 
toxinas citolíticas podem romper a membrana da célula afetada, criar poros que 
permitam o extravasamento de água e íons ou até mesmo causar lise celular. Essas 
substâncias são, em sua maioria, diméricas, formadas por uma parte A (action) e uma 
B (binding), sendo a última responsável pela ligação com receptores no tecido alvo e 
a primeira pela realização efetiva das ações danosas ao ser transferida para o meio 
intracelular. Os alvos desses compostos são ribossomos, sinalizadores bioquímicos 
(produção de AMPc) e mecanismos de transporte, agindo em tecidos delimitados. 
Mód de Imunologia- Anne Caroline Maltez 
 
 
Em muitos casos de doenças infecciosas os sintomas são causados pelas próprias 
respostas imunológicas do paciente, que geralmente são limitadas e controladas, 
resultando num desfecho antibacteriano protetor. Esse estímulo, no entanto, pode se 
dar de forma exacerbada, culminando em sintomas de sepse e meningite, com 
prognóstico muito pior para o doente. Esses sinais negativos são ativados in loco pela 
presença de neutrófilos e macrófagos, ocorrendo em outras regiões com o 
desencadeamento da tempestade de citocinas ou da ativação do sistema 
complemento, sendo essas ferramentas muito favoráveis à replicação bacteriogênica, 
uma vez que o organismo do hospedeiro está respondendo a estímulos ameaçadores 
de seu próprio sistema de defesa. 
A presença de cápsula é um dos fatores de virulência mais importantes para as 
bactérias, pois as camadas polissacarídicas viscosas de revestimento protegem 
esses seres de retaliações imunológicas e fagocitárias, apresentando baixa 
imunogenicidade (mimetizam tecidos do corpo humano). Além disso, essas cápsulas 
são difíceis de serem capturadas e se rompem facilmente quando retidas por um 
fagócito, protegendo-as inclusive quando já englobadas por macrófagos e leucócitos. 
Essas barreiras são uma estratégia para garantir maior tempo de permanência no 
sistema circulatório (aumento da bacteremia) antes que os microrganismos sejam 
eliminados pelos mecanismos de defesa. 
Variações antigênicas, inativação de anticorpos e crescimento celular são formas 
microbianas de evitar a ação de antibióticos,exigindo assim a atuação de uma célula 
T para ativar macrófagos capazes de destruir ou criar uma parede (granuloma) ao 
redor das células afetadas. A inativação do sistema complemento também pode 
ocorrer por meio da ocultação de seus sítios ligantes. Além disso, bactérias também 
podem tentar combater o mecanismo de fagocitose, seja por meio da lise dos 
fagócitos, da inibição da fagocitose ou do bloqueio da morte celular. 
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Fatores patogênicos em vírus: 
Os vírus, assim como as bactérias, causam doenças ao romper a barreira defensiva 
do corpo do hospedeiro, induzindo respostas imunes e degradando células de algum 
tecido importante. A intensidade do quadro patológico desenvolvido irá ser 
determinada pela carga viral presente no organismo, no estado geral de saúde do 
paciente e a variante viral, sendo que por diversas vezes a resposta imune acaba por 
desencadear diversos dos sintomas vivenciados. Uma doença pode ser causada por 
múltiplos vírus de tropismo semelhante (ex.: gripe – vias aéreas superiores), porem 
um determinado vírus pode causar doenças diversas ou não induzir sintomas 
aparentes. 
A natureza de uma infecção viral depende de características virais e das células-alvo. 
Uma célula não permissiva não apresentará receptores, vias enzimáticas 
importantes, mecanismos de transcrição ou antivirais que não permitirão a replicação 
de determinados vírus, podendo também reduzir sua síntese proteica para evitar a 
produção de novas partículas virais. Uma célula permissiva, por sua vez, possui todo 
o “equipamento” biossintético necessário para completar o ciclo de replicação viral, 
havendo, por fim, a célula semipermissiva, que apresenta elevada ineficácia durante 
o processo replicativo ou permite que apenas alguns tipos virais executem-no. 
Mód de Imunologia- Anne Caroline Maltez 
 
 
As respostas imunes contra ameaças virais têm por objetivo prevenir a entrada e 
disseminação ou eliminar o conteúdo virótico e as células afetadas, sendo o principal 
mecanismo de tratamento para esse tipo de infecção. Quanto mais tempo passa com 
replicações virais em meio orgânico, maior o potencial de imunopatogênese e maior 
a intensidade necessária para a resposta imune controlar tal quadro, utilizando como 
mecanismos iniciais as células T citotóxicas e o interferon. Certas formas de DNA e 
o RNA de fita simples, além de algumas glicoproteínas virais, ativam a produção de 
interferon do tipo I e respostas celulares inatas por meio da interação com receptores 
citoplásmicos ou os receptores toll‑like (TLR) em endossomos presentes na superfície 
celular. A resposta inata evita que a maioria das infecções virais resulte em doença. 
 
O interferon e as citocinas são estimulantes sistêmicos de sintomas análogos aos da 
grupe, associados a infecções respiratórias e viremias, geralmente precedendo 
(pródromo) os reais sintomas da infecção viral durante o estágio virêmico. Algumas 
formas de infecções desencadeiam respostas amplas para citocinas, desencadeando 
doenças autoimunes em pessoas geneticamente predispostas, o que, junto ao 
posterior processo de ativação do sistema complemento clássico e da 
hipersensibilidade tardia causada por células T, aumenta o potencial de dano tecidual, 
cujo controle é difícil, principalmente em infecções por vírus envelopados. 
Mód de Imunologia- Anne Caroline Maltez 
 
No geral, as crianças apresentam resposta imune celular menos ativa que a dos 
adultos e, portanto, geralmente apresentam sintomas mais leves durante as infecções 
por alguns vírus comuns, como varicela, caxumba e sarampo. 
Fatores patogênicos para fungos: 
A patogênese fúngica ainda não é tão conhecida como os mecanismos bacterianos 
e virais. São poucos os fungos virulentos a ponto de serem classificados como 
patógenos primários, ou seja, capazes de iniciar infecções em indivíduos saudáveis 
e imunocompetentes, podendo penetrar as defesas orgânicas, encontrar um sítio 
adequado com substratos para seu crescimento e desenvolver uma colônia nesse 
microambiente. Em geral, indivíduos saudáveis e imunocompetentes apresentam alta 
resistência inata à infecção fúngica, apesar de serem constantemente expostos às 
formas infecciosas de diversos fungos presentes como parte da microbiota normal 
(endógenos) ou no ambiente (exógenos). 
Os patógenos oportunistas só são infectantes em caso de violação das barreiras de 
proteção de mucosas e epitélios ou quando o sistema imune hospedeiro apresenta 
falhas que permitam tal instalação infecciosa, sendo os fatores que desencadeiam os 
sintomas referentes aos microrganismos, não ao corpo do indivíduo parasitado. 
Fatores patogênicos em parasitas: 
A patogênese de doenças causadas por protozoários e helmintos é muito variável, 
porém eles ou não são muito virulentos, não conseguem se replicar no hospedeiro, 
ou até mesmo uma combinação desses dois fatores, o que explica o fato de que a 
gravidade da doença instalada depende diretamente da dose infectante e do número 
de organismos adquiridos com o tempo, uma vez que quadros parasitários 
apresentam caráter majoritariamente crônico. 
Por serem quase sempre exógenos em relação ao hospedeiro é necessário que os 
parasitas entrem no corpo humano ou pela ingestão ou pelo rompimento de barreiras 
anatômicas. A duração e a forma da exposição aos microrganismos interfere 
fortemente na capacidade patogênica do parasito. Uma vez realizada a invasão, os 
parasitos aderem a células ou órgãos específicos do hospedeiro, evitam a detecção 
imune, replicam‑se, produzem substâncias tóxicas que destroem tecidos e provocam 
doenças secundárias à própria resposta imunológica do hospedeiro, podendo 
também ocasionar obstruções físicas devido a seu tamanho. 
A transmissão de doenças parasitárias é frequentemente facilitada pela 
contaminação ambiental com excrementos humanos e animais. Isso se aplica 
principalmente a doenças transmitidas pela via fecal‑oral, mas também se aplica a 
infecções helmínticas, transmitidas pela penetração da larva na pele. A transmissão 
de doenças parasitárias por meio da picada de artrópodes é extraordinariamente 
eficiente, o que pode ser evidenciado por meio da ampla disseminação de patologias 
como malária, filariose e tripanossomíase. 
 
Mód de Imunologia- Anne Caroline Maltez 
 
 
A manutenção da vida de um parasita no corpo de seu hospedeiro depende do seu 
tropismo tecidual e de sua capacidade de adesão, que pode se desenvolver por meio 
de contato mecânico, com uma “boca” conectando o microrganismo a algum tecido, 
ou pela ação de adesinas, que se ligam a glicoproteínas teciduais e garantem uma 
adesão química. Após esse período, é necessária a replicação parasitária, recorrente 
principalmente entre protozoários, podendo ser tanto ntra quanto extracelular. A 
temperatura também pode desempenhar um papel importante na habilidade dos 
parasitos infectarem um hospedeiro e causarem doenças. 
Protozoários e helmintos não produzem toxinas tão potentes quanto as bacterianas, 
porpem seus processos patológicos podem ser estabelecidos pela elaboração de 
produtos tóxicos, dano tecidual mecânico e processos imunopatológicos. Alguns 
exemplos desses processos são a secreção de proteases e fosfolipases pela 
destruição de microrganismos, sendo essas substâncias potenciais causadoras de 
dano tecidual e processos inflamatórios. As formas mais óbvias de dano direto 
causado por parasitos helmínticos são aquelas que resultam do bloqueio mecânico 
de órgãos internos ou de efeitos da pressão exercida pelos parasitos em crescimento, 
porem a migração parasitária e a hipersensibilidade também possuem elevada 
representatividade. 
 
Parasitas são eficientes no processo de interferir ou evitar as defesas humorais e 
celulares do hospedeiro, o que pode ser expressado pela constante mudança 
antigênica realizada pelo tipanossomos africanos a cada novaresposta humoral do 
paciente, pela mimetização de antígenos naturais, ou pelo mascaramento dos 
antígenos por meio da aquisição de moléculas pertencentes ao microambiente do 
Mód de Imunologia- Anne Caroline Maltez 
 
organismo parasitado. Outro importante mecanismo é a migração para meio 
intracelular, ambiente no qual o patógeno passa a inibir ou dificultar o processo de 
fusão fagocítica, que pode ser associado, em caso de evoluções crônicas, a uma 
imunossupressão do hospedeiro, induzida por sobrecarga antigênica ou degradação 
de imunoglobulinas, por exemplo. 
 
OBJETIVO 3: 
PRICIPAIS ANTÍGENOS E RESPOSTAS IMUNOLÓGICAS PARA O CENÁRIO DO 
CASO 
Staphylococcus: 
Staphylococcus são um grupo bastante diverso de bactérias, apresentando como 
características comuns sua forma esférica (Cocos), reação positiva à coloração de 
Gram e catalases, e ausência de endósporos. São bactérias imóveis e capazes de se 
desenvolver em condições aeróbias ou não. 
Esse conjunto de bactérias está presente naturalmente na pele e nas mucosas, sendo 
que algumas espécies apresentam nichos específicos de adesão, como narinas (S. 
Aureus), testa e locais de atividade sebácea (S. Capitis), e axilas e locais com 
adensamento de glândulas apócrinas (S. Haemolyticus e S. hominis). Esses 
estafilococos são patógenos importantes para o ser humano, pois desempenham 
papel ifeccioso em doenças de diversas gravidades, atingindo pele, tecidos moles e 
trato geniturinário, além de promover infecções oportunistas. 
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A patologia de infecções estafilocócicas depende da cabacidade bacteriana em 
escapar da fagocitose, expressar proteínas de adesão e gerar dano tecidual ao 
hospedeiro. A expressão gênica de fatores de virulência está sob encargo do sistema 
AGR (acessory gene regulator), de controle via quorum sensing, promovendo 
processos de colonização quando baixo e toxinas quando elevado. 
 
Os estafilococos ligam opsoninas do soro (IcG + C3 do complemento), porém a 
cápsula bacteriana recobre esses ligantes, protegendo o organismo da fagocitose, 
mecanismo que só falha em caso de produção excessiva de linfócitos direcionados a 
esse grupo. A camada mucoide e o biofilme também são mecanismos de proteção 
contra ações fagocíticas, ao passo que a proteína A previne uma remoção total de S. 
aureus por anticorpos ao ligar-se à imunoglobulina. 
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Clostridium tetani: 
As bactérias do gênero Clostridium são Gram-positivas, anaeróbias obrigatórias e 
formadoras de endósporos, presentes no solo, água e esgoto, mas também 
residentes na microbiota gastrointestinal fisiológica humana. Alguns de seus 
representantes são incapazes de causar doenças, mas ouros já apresentam 
históricos patogênicos extensos, como o C. tetani, sendo essa capacidade infecciosa 
atribuída a habilidade de sobreviver a situações adversas com a formação de 
esporos, ao crescimento acelerado em ambientes desprovidos de oxigênio e à 
produção de toxinas. 
 
As células de Clostridium tetani são sensíveis à presença de ar com O2, porém são 
capazes de resistir por mais tempo a meios adversos graças a produção de esporos. 
Duas toxinas também são produzidas por essa bactéria, um hemolisina (tetanolisina) 
sensível a oxigênio e uma neurotoxina codificada por plasmídeos (tetanoespasmina), 
substância que impede a transformação de cepas não tóxicas em toxigênicas. 
A tetanoespasmina, toxina responsável pelas manifestações clínicas num quadro 
tetânico, apresenta forma A-B e é responsável por inativar proteínas que regulam a 
liberação dos neurotransmissoress GABA (inibitórios), o que desregula a atividade 
simpática nos neurônios motores, culminando assim em paralisia espástica. As 
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ligações formadas por esse material são irreversíveis, sendo necessário formar novos 
axônios terminais para a recuperação do movimento. 
Pseudomonas: 
O gênero Pseudomonas corresponde a um conjunto de bacilos não fermentadores 
agrupados conforme suas semelhanças morfológicas e denominadas dessa forma 
devido a estarem frequentemente dispostas em pares que se assemelham a uma 
única célula. A espécie mais relevante é Pseudomonas aeruginosa, Gram-negativas, 
pequenas e aeróbias obrigatórias, possuem cápsula mucoide e múltiplos fatores de 
virulência, como adesinas e toxinas, além de resistência a antibióticos. Doenças 
incluem infecções do trato respiratório, trato urinário, pele e tecidos moles, olhos, 
ouvidos, bem como bacteremia e endocardite, geralmente atuando como infectantes 
oportunistas. 
Essas bactérias são encontradas na microbiota humana normal, mas também podem 
ser observadas por todo o ambiente incluindo hospitais, distribuição essa que é 
favorecida por seus simples requisitos nutricionais e de proliferação. 
A Pseudomonas aeruginosa é responsável por uma sequência de infecções cutâneas 
de caráter primário, principalmente em feridas por queimaduras (colonização seguida 
por dano vascular localizado, necrose de tecidos e, por fim, bacteremia). Além disso, 
a foliculite é um outro quadro patológico de encargo da P. aeruginosa, resultante 
principalmente de imersão em água contaminada, sendo que infecções cutâneas 
secundárias podem atingir pacientes com acne ou que depilam as pernas, e de 
infecções nas unhas de pessoas que estão expostas frequentemente à água e a 
atividades de manicure. 
OBJETIVO 4: 
A AÇÃO INFLAMATÓRIA CELULAR NO CONTEXTO DE IMUNIDADE INATA: 
O sistema imune inato tem como principal forma de lidar com processos infecciosos 
o estímulo a inflamações agudas, que são acúmulos de leucócitos, proteínas 
plasmáticas e fluido oriundo do sangue em meio extracelular, local lesionado ou 
infectado, iniciando o processo de reparo tecidual e eliminação de microrganismos. 
As principais células enviadas para esses sítios são os neutrófilos, porém a população 
de mastócitos (se tornam macrófagos nos tecidos) pode aumentar em algumas 
infecções. 
A inflamação aguda pode se desenvolver em minutos a horas e duram por dias. A 
inflamação crônica é um processo que demora mais do que a inflamação aguda, 
ocorrendo se a infecção não for eliminada ou se a lesão tecidual for prolongada. 
Normalmente, ela envolve o recrutamento e ativação de monócitos e linfócitos. Os 
locais de inflamação crônica também passam por remodelamento tecidual, com 
angiogênese e fibrose. Embora o estímulo imune inato possa contribuir para a 
inflamação crônica, o sistema imune adaptativo também pode estar envolvido porque 
as citocinas produzidas pelas células T são potentes indutores da inflamação. 
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As citocinas são polipeptídeos ou glicoproteínas extracelulares hidrossolúveis e 
secretadas por múltiplas células, capazes de alterar a capacidade efetora de sua 
célula produtora ou de outras adjacentes, mediando respostas tanto da imunidade 
inata quanto da adquirida. Elas são produzidas nas fases de ativação e efetora da 
imunidade como forma de regular a resposta inflamatória e imune, recrutando células 
efetoras para o local de lesão e induzindo a geração e maturação de novas células. 
Além disso, apresentam papel importante no processo de especificação das 
respostas imunológicas com a indução de estruturas efetoras, delimitando, por esse 
motivo o tempo e a intensidade das reações imunes. 
Esses compostos geralmente agem em âmbito local, podendo ser autócrino, quando 
age sobre a célula que a produziu, ou parácrino, se age sobre estruturas vizinhas por 
meio de ligações de elevada afinidade nas células-alvo. Se forem produzidas em 
quantidade suficiente, as citocinas podem ter função endócrina, pois são despejadas 
na corrente sanguínea para agir à distância. 
A ação das citocinas é redundante, uma vez que ações semelhantes podem ser 
desencadeadas por múltiplos tipos de citocinas. Diferentes célulaspodem secretar o 
mesmo produto, e um só tipo de substância pode agir em diversas células, fenômeno 
chamado pleiotropia, responsável por permitir a ação sistêmica dessas citocinas. 
Esses compostos podem apresentar também o sinergismo, que ocorre com a 
potencialização da ação de duas citocinas de mesmo efeito, e o antagonismo, quando 
um dos produtos invalida a ação do outro. 
 
As citocinas da imunidade inata são produzidas principalmente por macrófagos 
teciduais e células dendríticas. A maioria destas citocinas têm ação parácrina, sendo 
que em algumas infecções graves há um aumento toda produção de tal forma que 
elas entram na circulação e passam a ter ação endócrina. Essas substâncias atuam 
em várias frentes, seja na indução de inflamações, restrições na replicação viral ou 
na promoção de respostas de células T e limitando a ação inata. 
O Fator de Necrose Tumoral alfa (TNFα) é um mecanismo mediador da inflamação 
aguda em resposta a bactérias e demais patógenos, sendo produzido por macrófagos 
e células dendríticas. Tem por principal função recrutar fagócitos e ativar neutrófilos 
e macrófagos, estimulando também a secreção de quimiocinas (citocinas de baixo 
peso molecular que agem no processo de resposta inflamatória aguda direcionando 
o movimento dos leucóctos), liberação de IL-1 e opsonização de antígenos. Devido 
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a sua ação pleiotrópica, o TNFα atinge o hipotálamo e induz o aumento da 
temperatura corporal, desencadeando um quadro febril. Sua produção é estimulada 
pelo reconhecimento de PAMPs, principalmente do LPS, componente de membrana 
em bactérias Gram-negativas. Essa categria de citocina é responsável por mediar as 
reações de choque séptico. 
A Interleucina-1 (IL-1) é também uma mediadora das inflamações agudas, agindo de 
forma similar ao TNF. Sua produção se dá primeiramente por macrófagos e 
monócitos, assim como por células não imunológicas (fibroblastos e células epiteliais 
ativadas na lesão). Há um antagonista natural e endógeno para esse composto, a IL-
1Ra, que compete com os mesmos receptores da interleucina-1. 
Existem duas formas de IL-1, a Il-1 β, que produz inflamação sistêmica com quadro 
de febre por meio da ativação da ciclo-oxigenae 2 (COX 2), resultando em formação 
de prostaglandina E2. A IL-1 atua no fígado induzindo a produção de proteínas de 
fase aguda. Além disso, estimula a formação de neutrófilos e plaquetas. 
A IL-6 é outra importante citocina nas respostas inflamatórias que tem efeito local e 
sistêmico. Ela estimula a maturação e ativação dos neutrófilos, a maturação de 
macrófagos e a diferenciação de linfócitos T citotóxicos e células natural killer (NK). 
Essa substância é sintetizada por fagócitos mononucleares, células endoteliais 
vasculares, fibroblastos e outras células em resposta aos PAMPs e em resposta a IL-
1 e TNF. 
A Interleucina-6 se mostra como um fator precoce de controle da síntese e liberação 
proteica de fase aguda pelos hepatócitos em estimulos dolorosos, sendo detectada 
em 60 minutos, com pico em 4 a 6h e persistência por até 10 dias. Devido a essas 
características a IL-6 é utilizada como um preditor de morbidade pós-operatória, pois 
seu aumento excessivo e prolongado indica danos teciduais. 
A IL-10 é a principal citocina anti-inflamatória e atua inibindo as citocinas pró-
inflamatórias e estimulando a produção endógena de antiinflamatórias. Além disso, 
todas as células estimuladas por IL-10, tem uma diminuição na expressão do MHC 
tipo 2, ou seja, a resposta imune entra em declínio. 
A IL-12 é uma citocina secretada pelos linfócitos B, neutrófilos, células dendríticas e 
macrófagos após a ativação por células apresentadoras de antígenos (APC). 
Funciona como uma ponte entre a imunidade inata e a imunidade adquirida, 
estimulando a produção de interferon gama (INF-γ) por células NK e linfócitos T do 
tipo CD4 (auxiliares), aumentando as respostas citotóxicas e agindo de forma 
antagônica à IL-10. 
A ação da IL-18, IL-23 e IL-27 é redundante à IL-12. Elas também atuam aumentando 
as funções das células natural killer. 
Os interferons induzem um estado de resistência antiviral em células teciduais não 
infectadas. O vírus, ao replicar-se, ativa o gene codificante do interferon. A proteína 
sintetizada deixa a célula produtora, liga-se à membrana celular das células 
adjacentes não infectadas e ativa o gene codificante de proteínas antivirais. Estas 
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proteínas antivirais, por sua vez, vão impedir a replicação do vírus, quando este tentar 
replicar-se nessas células. Os IFN são produzidos na fase inicial da infecção e 
constituem a primeira linha de resistência a muitas viroses. Os IFN da imunidade inata 
são os do tipo I, que são divididos em alfa e beta. A forma alfa é produzida por 
leucócitos e a forma beta por fibroblastos. 
OBJETIVO 5: 
MICRORGANISMOS COMENSAIS E SUA INTERAÇÃO PARA MANUTENÇÃO DA 
VIDA HUMANA: 
Os microrganismos desempenham papel crítico para a manutenção da vida humana, 
uma vez que participam do processo de metabolismo de produtos alimentares, 
fornecem fatores essenciais de crescimento, estimulam a resposta imune e protegem 
o organismo de compostos altamente virulentos. 
Há um fluxo contínuo na flora microbiana, sendo ele determinado por fatores variados 
como idade, hábitos alimentares, saúde, higiene pessoal e níveis hormonais, com 
essa exposição iniciada no momento em que o ser humano deixa o útero e passa a 
interagir com o ambiente ao seu redor, havendo uma colonização microbiana gradual 
desde a pele, passando por orofaringe e TGI, até as demais superfícies mucosas, 
disposição que permanece em dinamismo, conforme supracitado. 
Modificações no estado geral de saúde podem alterar o equilíbrio delicado entre a 
combinação microbiana existente no corpo, substituindo um composto não virulento 
presente na orofaringe por alguma bactéria Gram-negativa de maior virulência que 
pode atacar outras estruturas, promovendo assim as doenças. Essa relação 
harmônica pode ser também afetada pelo uso de antibióticos, que eliminam bactérias 
benéficas ao corpo, permitindo assim a proliferação de estruturas antes moderadas. 
Ao ser exposto a um microrganismo, um indivíduo pode enfrentar três possíveis 
consequências: ser colonizado por ele de forma transitória, ser colonizado 
permanentemente, ou produzir uma doença, sendo que os dois primeiros processos 
não interferem nas funções normais do hospedeiro, ao passo que o último representa 
um estado de interação desarmônica entre patógeno e portador, caracterizada por 
danos teciduais no ser humano, sejam elas induzidas diretamente por fatores 
microbianos ou pela própria resposta imune às ameaças. 
Poucos são os patógenos considerados estritos, ou seja, sempre associados a uma 
doença, sendo representantes desse grupo o Mycobacerium tuberculosis 
(tuberculose), Plasmodium spp. (malária), vírus da raiva (raiva), entre outros. A 
maioria das infecções é fruto de patógenos oportunistas, organismos da biota comum 
do paciente e que não geram doenças em seus sítios regulares, mas podem ser 
danosos ao entrarem em contato com regiões desprotegidas, sendo um exemplo a E. 
coli. 
Segmentando a colonização microbiana por sistema/região, temos: 
• Trato respiratório e cabeça: Fungos como Candida e parasitas como 
Trichomonas e Entamoeba também podem ser observados. 
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o Boca, orofaringe e nasofaringe: há uma proporção maior de organismos 
anaeróbios em relação àqueles de caráter aeróbio, sendo que os mais 
comuns são Peptostreptococcus e cocos anaeróbios relacionados, e 
Streptococcus, Haemophilus e Neisseria spp. (aeróbios). A maioria 
deles não é virulenta e raramente relaciona-se com doenças, exceto se 
inseridas em sítios atípicos. Alguns organismos potencialmente 
patogênicos também podem ser encontrados na região,como 
Streptococcus pyogenes, Streptococcus pneumoniae, S. aureus, 
Neisseria meningitidis, Haemophilus influenzae, Moraxella catarrhalis e 
Enterobacteriaceae, porém sua identificação em espécimes clínicos não 
é suficiente para comprovar infecção, sendo necessário excluir 
possíveis causadores. ; 
o Ouvido: em como mecanismo mais encontrado como colonizador do 
ouvido externo o Staphylococcus coagulase-negativo. Alguns 
patógenos potenciais como S. pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa 
e membros da família Enterobacteriaceae também podem ser isolados 
na região; 
o Olho: sua superfície é colonizada por Staphylococci coagulase-
negativos, apresentando também algumas bactérias presentes na 
nasofaringe. A doença é tipicamente associada a S. pneumoniae, S. 
aureus, H. influenzae, N. gonorrhoeae, Chlamydia trachomatis, P. 
aeruginosa e Bacillus cereus. 
• Trato respiratório inferior: essa região é geralmente estéril, podendo haver 
colonizações transitórias causadas por secreções oriundas das vias aéreas 
superiores, sendo que as bactérias mais virulentas para região também estão 
presentes na boca, causando doenças agudas nos pulmões. A aspiração 
crônica pode levar a uma doença polimicrobiana na qual os anaeróbios são os 
patógenos predominantes, principalmente Peptostreptococcus, cocos 
anaeróbios relacionados e bacilos Gram‑negativos anaeróbios 
• Trato gastrointestinal: é colonizado após o nascimento e assim permanece por 
toda a vida. Mesmo com oportunidades contínuas de colonização, os números 
populacionais mantêm-se constantes. 
o Esôfago: ocorrem somente colonizações transitórias de fungos e 
bactérias presentes na orofaringe, com raros casos de bactérias 
causadoras de esofagites, cuja responsável geralmente é a Candida 
spp. Ou vírus, como a herpes e o citomegalovírus; 
o Estômago: seu microambiente ácido permite a sobrevivência de umas 
poucas bactérias acidotolerantes em pequena quantidade, como 
aquelas que produzem ácido lático (Lactobacillus e Streptococus spp.) 
e H. pilori, causador de gastrite e úlceras; 
o ID: essa região é densamente colonizada por múltiplos tipos de 
bactérias, fungos e parasitas, majoritariamente anaeróbios 
(Peptostreptococcus, Porphyromonas e Prevotella). Resíduos 
Mód de Imunologia- Anne Caroline Maltez 
 
assintomáticos de bactérias causadoras de gastrite como Salmonella 
spp. Podem estar presentes, geralmente indicando doença. Se o 
intestino delgado for obstruído, como acontece após uma cirurgia 
abdominal, uma condição denominada síndrome da alça cega pode 
ocorrer. Nesse caso, a estase do conteúdo intestinal leva à colonização 
e proliferação dos organismos tipicamente presentes no intestino 
grosso, com o desenvolvimento subsequente de uma síndrome de má 
absorção; 
o IG: é o local com maior adensamento de colônias microbianas em todo 
o corpo, prevalecendo os compostos anaeróbios. A bactéria E. coli está 
virtualmente presente em todos os seres humanos e, mesmo 
representando um número ínfimo na população total, é a forma aeróbia 
mais frequente para infecções intra-abdominais, ao passo que a 
Bacteroides fragilis é o organismo anaeróbio mais comum em casos de 
infecção local, contando com mais fatores de virulência que as bactérias 
mais frequentes. 
• Sistema geniturinário: em geral, a uretra anterior e a vagina são as únicas 
porções anatômicas do sistema geniturinário colonizadas permanentemente 
com micróbios. Embora a bexiga urinária possa ser colonizada 
transitoriamente com bactérias que migram de modo ascendente a partir da 
uretra, esses colonizadores devem ser rapidamente eliminados pela atividade 
antibacteriana das células uroepiteliais e pela ação de lavagem do jato urinário. 
As outras estruturas do sistema urinário devem ser estéreis, assim como o 
útero. 
o Uretra anterior: os principais organismos comensais dessa região são 
caracterizados por lactobacilos, estreptococos e Staphylococci 
coagulase-negativos, os quais raramente estão associados a doenças. 
Por outro lado, a uretra pode ser colonizada transitoriamente por 
organismos fecais, como Enterococcus, Enterobacteriaceae e Candida, 
que podem invadir o trato urinário, multiplicar‑se na urina e causar 
doença significativa. Patógenos como N. gonorrhoeae e C. trachomatis 
são causas comuns de uretrite e podem persistir como colonizadores 
assintomáticos da uretra; 
o Vagina: possui população diversa e facilmente modificável conforme os 
fatores hormonais. A primeira colonização num RN do sexo feminino é 
por lactobacilos, que continua por 6 semanas até a redução dos níveis 
de estrogênio materno, momento no qual começam a se proliferar 
estafilococos, estreptococos e Enterobacteriae. Na puberdade, com a 
retomada dos níveis hormonais, há um ressurgimento da população de 
lactobacilos (população dominante), mas com participação de diversos 
outros tipos celulares, alguns deles ainda remanescentes da infância. A 
N. Gonorrhoeae é uma das princpais causas de vaginite, principalmente 
se algum fator reduz a replicação de lactobacilos em função da 
multiplicação de Mobiluncus e Gardnerella. Embora o vírus herpes 
Mód de Imunologia- Anne Caroline Maltez 
 
simples e o papilomavírus não sejam considerados componentes da 
microbiota do trato geniturinário, esses vírus podem estabelecer 
infecções persistentes 
o Cérvix: Embora a cérvix não seja normalmente colonizada por bactérias, 
N. gonorrhoeae e C. trachomatis são causas importantes de cervicite. 
Actinomyces podem também produzir doença nesse sítio 
• Pele: apesar de este ser o mecanismo com o qual o ser humano mais explora 
o ambiente que o cerca, o ambiente hostil desse epitélio não permite a 
sobrevivência de muitos microrganismos, com maior presença de bactérias 
Gram-positivas como Staphylococci coagulase-negativos e S. aureus. Os 
fungos Candida e Malassezia são também encontrados na superfície da pele, 
principalmente em áreas úmidas. Estreptococos podem colonizar 
transitoriamente a pele; no entanto, os ácidos graxos voláteis produzidos pelo 
anaeróbio Propionibacterium são tóxicos para esses organismos. 
 
OBJETIVO 6: 
O NOVO MODELO DE CASCATA DE COAGULAÇÃO: 
A hemostasia requer que seja constituído um tampão de plaquetas e fibrinas sobre 
uma lesão vascular bem como a manutenção da ativação de procoagulantes nesse 
local. O controle da coagulação do sangue é realizado por meio da execução de tais 
fatores em sítios específicos de modo a evitar coagulações propagadas pelo sistema 
vascular. O novo modelo de coagulação sanguínea, devido a incongruências com a 
fisiologia vascular e a incapacidade de explicar a propensão a sangramentos por parte 
de hemofílicos, delimitou que a coagulação se dá em 4 fases, a saber: 
 
• Fase de iniciação: 
o O processo de coagulação sanguínea é iniciado pela exposição de fator 
tecidual (FT) na corrente sanguínea, somente presente nesse local em 
caso de lesões, uma vez que faz parte de estruturas na periferia 
vascular, encontrados em anexos como músculo liso e fibroblastos. 
Esse composto será integrado ao fator VII circulante formando o 
complexo FVIIa/FT, responsável por ativar em pequenas quantidades 
os fatores IX e X. O FXa associado com seu cofator, FVa (pode ser 
ativado tanto pelo fator X quanto por proteases não coagulantes), forma 
a prototrombinase na superfície celular que expressou inicialmente o 
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fator tecidual, transformando gradualmente protrombina (fator II) em 
trombina. Essa modificação, no entanto, ainda é insuficiente para 
completar a formação de um coágulo de fibrina, mas apresenta suma 
importância no decorrer do processo de amplificação da coagulação, 
que ocorre somente em casos de dano vascular. 
o Os fatores desencadeantes do processo de coagulação foram 
identificados em meio externo ao vascular, participando da circulação 
linfática entre tecidos, o que evidencia que essa via estásempre ativa 
para potencializar o mecanismo de recuperação do leito vascular, 
criando quantidades ínfimas de fatores ativados em estado basal. 
• Fase de amplificação: 
o Por serem muito grandes, plaquetas e o FVIII ligado ao fator de von 
Willebrand (FvW) só extravasam em caso de danos vasculares, ligando-
se ao colágeno e a outros componentes extracelulares no local 
lesionado, onde são parcialmente ativadas, criando um tamponamento 
plaquetário (branco) para hemostasia primária. Nesse momento, 
pequenas porções de trombina oriundas da célula que expressou o FT 
podem se ligar com plaquetas ou com o complexo FVIIIa/FvW, dando 
início ao processo de formação de fibrina estável, consolidando o 
primeiro tampão e resultando em hemostasia secundária. 
o Essa amostra de trombina tem por finalidade a ativação máxima de 
plaquetas, que alteram a permeabilidade de suas membranas de modo 
a permitir a entrada de íons cálcio e saída de substâncias quimiotáticas 
que agem como atrativo de fatores de coagulação e liberam FV 
parcialmente ativado. A trombina também ativa cofatores V e VIII com a 
dissociação do complexo FVIIIa/FvW, promovendo a migração do último 
para a mediação da adesão e agregação plaquetárias no local 
lesionado. Além disso, os FXI a FXIa na superfície das plaquetas, 
evidenciando assim a não necessidade de fator XII para a hemostasia 
normal. 
o De forma simultânea a todas essas mudanças, todos os fatores são 
atraídos à periferia plaquetária, onde é deflagrada rapidamente a 
próxima fase. 
• Fase de propagação: 
o O FIXa ativado ainda durante a iniciação passa a se ligar com o FVIIIa 
na superfície das plaquetas, compondo assim o complexo tenase. Caso 
necessário, o FXIa ligado na mesma região pode produzir uma 
quantidade extra de fator IXa. 
o Visto que o FXa não pode mover-se das células que expressam fatores 
teciduais para a plaqueta, é preciso que o complexo FIXa/FVIIIa 
produza diretamente o fator Xa, que prontamente se associa ao FVa 
ligado à plaqueta durante a amplificação, resultando assim na formação 
de prototrombinase, convertendo prototrombina em trombina 
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(responsável por clivar o fibrinogênio em fibrina, polimerizado sobre o 
coágulo branco inicial). 
• Fase de finalização: 
o Com a formação do coágulo de fibrina, o processo em andamento deve 
limitar-se somente ao sítio da lesão para evitar oclusões vasculares por 
trombose, situação manejada por 4 anticoagulantes naturais, o inibidor 
da via do fator tecidual (TFPI), a proteína C (PC), a proteína S (OS), e 
a antitrombina (AT). 
o O TFPI é secretado pelo endotélio, formando um complexo quaternário 
FT/FVIIa/FXa/TFPI, inativando os fatores e, portanto, limitando a 
coagulação. 
o As proteínas C e S são responsáveis por inativar os cofatores de 
procoagulação FVa e FVIIIa, sendo que PC é regulada por seu cofator 
PS, ambos dependentes de vitamina K, e ativada pela trombina, ligada 
a proteína transmembrana trombomodulina presente nas células 
sadias. 
o A proteína AT inibe tanto a atividade da trombina quanto de FIXa, FXa, 
FIXa e FXIIa, sendo sua ligação realizada em glicosaminoglicanos de 
alta afinidade com a antitrombina. 
 
Esse novo modo de explicação e esquematização da coagulação sanguínea foi 
fundamental para explicar alguns questionamentos acera das hemofilias, sendo o 
principal deles relacionado ao FXa e sua aparente incapacidade de produção teoria 
essa que foi refutada, uma vez que o FXa produzido pelo complexo FT/FVIIIa está 
retido na célula de demarcação de lesão, o que induz a produção, em menor escala, 
de fator X na superfície plaquetária, local no qual está móvel, mas susceptível à ação 
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de TFPI e AT. A hemofilia passa a ser, portanto, apenas uma deficiência na produção 
desse fator em meio plaquetário. Suas fases de iniciação e ampliação ocorrem de 
forma relativamente normal, havendo a formação de um coágulo branco no local, 
porém são incapazes de gerar trombina suficiente para estabilizar o coágulo de 
fibrina. 
OBJETIVO 7: 
PRINCIPAIS GRUPOS PATOGÊNICOS E SUAS CARACTERÍSTICAS: 
Bactérias: 
Organismos procariontes, possuem somente uma célula, que não apresenta 
membrana nuclear nem organelas citoplasmáticas, apenas um plasmídeo com 
material genético, citoplasma, ribossomos e uma membrana plasmática, 
acompanhada ou não por uma parede celular de proteoglicanos fina ou espessa 
(diferença essa que origina as denominações Gram-negativo e positivo). Os 
organismos desprovidos desse revestimento compensam tal defasagem por 
sobreviverem apenas em meio intracelular ou em meio hipertônico. 
 
O tamanho, forma (esferas, bastões, hélices) e agrupamento espacial são critérios de 
classificação preliminar de tais microrganismos, sendo definitivamente organizados 
segundo suas marcas fenotípicas e genotípicas. Bactérias estão presentes tanto na 
microbiota fisiológica humana quanto no ambiente externo, sendo que ainda que 
muitas delas sejam não virulentas, algumas são capazes de promover processos e 
reações que ameacem a vida, seja por meio de efeitos tóxicos de produtos 
metabólicos ou por seu contato com regiões anteriormente estéreis. 
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Vírus: 
Os vírus são as menores partículas infecciosas, contendo normalmente DNA ou RNA, 
mas nunca os dois simultaneamente. Os materiais necessários à replicação viral 
estão armazenados num envelope proteico que pode ou não ser acompanhado de 
outro, dessa vez com caráter lipídico. 
 
O capsídeo é uma estrutura rígida resistente a intempéries que atua na transmissão 
viral entre hospedeiros ao garantir sua fixação por meio da proteína de fixação viral 
(VAP). É esse componente que permite a preservação de componentes intrínsecos à 
capacidade viral em caso de ressecamento, ácidos e a bile humana. 
O envelope é uma membrana lipídica que se desintegra facilmente em caso de 
ressecamento ou mudança de pH, fazendo com que esses tipos virais tenham que 
ser transmitidos por fluidos, favorecendo assim sua umidificação. 
Esse grupo se configura como sendo de parasitas verdadeiros, uma vez que 
necessitam da célula hospedeira para seu processo de multiplicação. As infecções 
por esses compostos podem resultar numa rápida replicação seguida de degradação 
celular ou num processo crônico de longo prazo que pode contar com a incorporação 
do material genético viral no genoma do portador. 
Fungos: 
Organismos eucariotos de estrutura complexa, possuem mitocôndrias, complexo de 
Golgi, núcleo definido e retículo endoplasmático. Existem tanto em forma unicelular 
(leveduras), de replicação assexuada, ou como fungos filamentosos (presença de 
hifas), podendo se reproduzir de forma sexuada ou não. Ainda existem fungos 
dimórficos, ou seja, que apresentam as duas formas. 
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Parasitas: 
Correspondem a um grupo complexo e variado de microrganismos eucariotos, 
podendo ser uni ou pluricelulares, variando em tamanho desde estruturas 
microscópicas até platelmintos com mais de 10m de comprimento. 
Seus ciclos de vida apresentam diversas complexidades, podendo haver relações 
permanentes com o homem ou mecanismos transitórios de desenvolvimento em 
diferentes organismos. 
Os protozoários são organismos simples com núcleo coberto por membrana e 
presença de diversas organelas, com destaque para os vacúolos digestórios e 
contráteis e os múltiplos grânulos de reserva nutricional. Sua motilidade abrange 
desde pseudópodes (prolongamentos da membrana plasmática) até flagelos e cílios. 
Suas duas principais classificações dentro do reino Animalia dizem respeito a 
Platelmintos, vermes monoicos (presença de gônadas de ambos os sexos) de corpo 
achatado dorsoventralmente que não possuem tubo digestório e dependem do corpo 
hospedeiro para obtenção de nutrientes. Dividem-seainda em trematódeas, com 
aspecto de folha e complexo ciclo de vida, e cestoides, com corpo em fita e ciclos de 
vida variados, sendo um exemplo a Taenia solium, e a Nematelmintos, vermes 
cilíndricos e dioicos (sexos diferentes) com tubo digestório completo, como a Ascaris 
lumbricoides.

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