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Objetivos de aprendizagem: 1- Classifique as bactérias (o que são, sua estrutura, Reprodução, tipos-GRAM negativas e positivas). O QUE SÃO As bactérias são organismos unicelulares, procariontes que medem de 0,5 μm a 1,0 μm de diâmetro e de 2,0 μm a 5,0 μm de comprimento, não são visíveis a olho nu e sua visualização só é possível com auxílio de um microscópico óptico que permite identificá-las e classificá-las com base nas suas características morfológicas. ESTRUTURA Microscopicamente as bactérias são diferenciadas de acordo com suas características morfológicas em cocos, bacilos, espirilos, espiroquetas. Os cocos são esféricos e podem formar diferentes arranjos como cocos em dupla são denominados diplococos; cocos em cadeia passam a ser chamados de estreptococos; quando arranjados em cachos, são conhecidos como estafilococos; agrupados em quatro, formam tétrades; quando em grupo de oito cocos unidos de forma semelhante a um cubo, são denominados sarcina. As bactérias apresentam várias estruturas internas e externas: parede celular, citoplasma, membrana citoplasmática, ribossomos, cápsula, fímbrias e DNA bacteriano. A cápsula, os flagelos e as fímbrias estão presentes em apenas alguns gêneros e espécies REPRODUÇÃO A reprodução das bactérias se dá, principalmente, de forma assexuada, em que novas células iguais a que deu origem são produzidas. As bactérias se reproduzem assexuadamente por fissão binária, na qual uma única célula parental simplesmente se divide em duas células filhas idênticas. Anteriormente à divisão celular, os conteúdos celulares se duplicam e o núcleo é replicado. O tempo de geração, ou seja, o intervalo de tempo requerido para que cada microrganismo se divida ou para que a população de uma cultura duplique em número é diferente para cada espécie e é fortemente influenciado pela composição nutricional do meio em que o microrganismo se encontra. GRAM POSITIVA E GRAM NEGATIVA A parede celular das bactérias Gram-positivas e Gram-negativas apresentam diferenças marcantes em sua estrutura e composição química e, de modo geral, conferem proteção à célula bacteriana. A parede celular das bactérias Gram-positivas é mais espessa, sendo composta por uma camada única quimicamente constituída por proteína denominada peptideoglicano e por ácidos teicoicos. Os ácidos teicoicos são divididos em dois tipos: os ácidos teicoicos de paredes, que estão ligados ao peptideoglicano, e os ácidos lipoteicoicos (LTA), que estão ligados aos lipídeos da membrana plasmática; esses ácidos apresentam diversas funções. Em contraposição, as bactérias Gram-negativas são formadas por duplas camadas, sendo a primeira constituída de lipopolissacarídeos, fosfolipídeos e lipoproteína, e a outra camada fina de peptideoglicano. Entre a membrana externa e o peptideoglicano existe um espaço denominado espaço periplasmático, que contém alta concentração de enzimas degradadoras, além das proteínas de transporte. Quimicamente, a membrana externa é composta por uma dupla camada de lipídeos e lipopolissacarídeos (LPS). O LPS é constituído por um lipídeo A, que está ligado ao antígeno O.Os lipopolissacarídeos são endotoxinas que provocam diversas respostas fisiológicas no ser humano, como febre, isso em virtude de sua toxicidade. As bactérias Gram positivas apresentam coloração roxa e as Gram negativas coloração rosa. As bactérias Gram positivas estão se tornando cada vez mais resistentes aos antibióticos. Exemplos de bactérias Gram positiva: Clostridium tetani – causa tétano; Staphylococcus aureus - provoca infecções nas vias respiratórias; Streptococcus pneumoniae – causa pneumonia, desencadeando uma infecção pulmonar. Exemplos de bactérias Gram negativa: Pseudomonas aeruginosas – provoca infecções urinárias e respiratórias; Escherichia coli – causa infecções urinárias e gastroenterites, agindo sobre o sistema digestório; Vibrio colerae – bactéria que provoca a cólera. 2- Conceitue a resposta imune as bactérias (intra e extracelular e sistema complemento). ENTRADA NO CORPO HUMANO Para uma infecção se estabelecer, a bactéria precisa primeiramente ganhar acesso ao interior do corpo . Os mecanismos de defesa e barreiras naturais (p.ex., pele, mucosa, epitélio ciliar) e secreções contêm substâncias antibacterianas (p.ex., lisozima, defensinas) que tornam difícil a penetração da bactéria no interior do corpo. No entanto, essas barreiras às vezes são quebradas (p.ex., um arranhão na pele, um tumor ou úlcera no intestino), promovendo um portal de entrada para a bactéria, ou ela deve ter os meios para comprometer a barreira e invadir o corpo. Na invasão, a bactéria pode se disseminar através do fluxo sanguíneo para outros locais do corpo. A boca, o nariz, o trato respiratório, os ouvidos, os olhos, o trato urogenital e o ânus são locais através dos quais a bactéria pode entrar no corpo. Essas aberturas naturais da pele e as cavidades corporais associadas são protegidas por defesas naturais, tais como o muco e o epitélio ciliar, que limitam o trato respiratório superior, a lisozima e outras secreções antibacterianas na lágrima e no muco, e o ácido e a bile no trato GI, bem como imunoglobulina (Ig)A secretora. No entanto, muitas bactérias não são afetadas ou têm meios de evasão dessas defesas. Por exemplo, a membrana externa das bactérias Gram-negativas torna essas bactérias mais resistentes a lisozima, ácido e bile. Assim, as enterobactérias são também capazes de colonizar o trato GI. Um rompimento na barreira natural pode permitir a entrada dessas bactérias endógenas em locais do corpo normalmente estéreis, tais como o peritônio e a corrente sanguínea, para causar doença. Um exemplo disso é o paciente cujo tumor de cólon foi diagnosticado após detecção de septicemia (infecção da corrente sanguínea) causada por bactéria entérica. COLONIZAÇÃO, ADESÃO E INVASÃO Bactérias diferentes colonizam partes diferentes do corpo. Essa colonização pode ocorrer na proximidade do local de entrada ou devido à presença de condições ótimas de crescimento do local. Por exemplo, Legionella é inalada e cresce nos pulmões, mas não se dissemina prontamente porque não tolera altas temperaturas (p.ex., 35°C). A colonização de locais que são normalmente estéreis implica a existência de um defeito nos mecanismos naturais de defesa ou uma nova porta de entrada. Pacientes com fibrose cística têm tais defeitos por causa da redução da função ciliar mucoepitelial e secreções mucosas alteradas; como resultado, seus pulmões são colonizados por S. aureus e P. aeruginosa. Em alguns casos, a colonização requer estruturas e funções especiais para permanecer no local, sobreviver e obter alimento. As bactérias podem utilizar mecanismos especiais para aderir e colonizar diferentes superfícies do corpo. Se elas puderem aderir às camadas de células epiteliais e endoteliais da bexiga, intestino e vasos sanguíneos, não poderão ser removidas, e essa aderência as permite colonizar o tecido. Por exemplo, a função natural da bexiga elimina qualquer bactéria não fixada na parede da bexiga. Escherichia coli e outras bactérias possuem adesinas que se ligam a receptores específicos na superfície do tecido e protegem os organismos de serem removidos. Muitas dessas proteínas adesinas estão presentes nas pontas das fímbrias (pili) e ligam-se firmemente a açúcares no tecido-alvo; essa atividade de ligação ao açúcar define essas proteínas como lectinas. Por exemplo, a maioria das cepas de E. coli que causam pielonefrite produzem uma adesina fimbrial denominada fímbria P. Uma adaptação bacteriana especial que facilita a colonização, especialmente em equipamentos cirúrgicos tipo válvulas e cateter intravenosos, é o biofilme. Bactérias em biofilme são unidas por uma rede viscosa de polissacarídeos que conectam as células umas às outras e à superfície. A produção de biofilme requer um número suficiente de bactérias (quorum). Quando P. aeruginosa determina que o tamanho da colônia é grande o suficiente (quorum sensing), ela produz o biofilme. A placa dental é outro exemplo de biofilme.A matriz do biofilme pode também proteger a bactéria de defesas do hospedeiro e antibióticos. Embora as bactérias não tenham mecanismos que permitam atravessar a pele intacta, diversas bactérias podem transpassar a membrana mucosa e outras barreiras dos tecidos para entrar em locais normalmente estéreis e em tecidos mais suscetíveis. Essas bactérias invasivas podem destruir a barreira, induzir a inflamação para permeabilizá-la ou penetrar nas células da barreira. Microrganismos como Salmonella e Yersinia são bactérias entéricas que usam a fímbria para ligar-se às células M (micropregas) do cólon e depois injetam proteínas dentro da célula M que estimula a célula da membrana a circundar e interiorizar a bactéria. Essas bactérias produzem um sistema de secreção tipo III que parece uma seringa molecular, o qual injeta fatores formadores de poros e moléculas efetoras na célula hospedeira. As proteínas efetoras podem facilitar a captura e invasão, e promover sobrevivência intracelular e replicação da bactéria ou morte por apoptose da célula hospedeira. E. coli enteropatogência secreta proteínas dentro da célula hospedeira que cria um sistema de ancoramento portátil para si própria, e a Salmonella usa o dispositivo para promover sua internalização na vesícula, o que a permite viver intracelularmente dentro do macrófago. Muitas das proteínas injetadas nessas células pelo dispositivo de secreção do tipo III, promovem a polimerização da actina. BACTÉRIAS EXTRACELULARES As bactérias extracelulares são capazes de se replicar fora das células hospedeiras, por exemplo, no sangue e nos tecidos conectivos, bem como nos espaços teciduais, como lúmens das vias aéreas e do trato gastrintestinal. Muitas espécies diferentes de bactérias extracelulares são patogênicas, e a doença é causada por meio de dois mecanismos principais. Primeiro, essas bactérias induzem inflamação que resulta em destruição tecidual no sítio de infecção. Em segundo lugar, as bactérias produzem toxinas que produzem diversos efeitos patológicos. Tradicionalmente, as toxinas são classificadas como endotoxinas, que são componentes das paredes celulares bacterianas, e exotoxinas, que são secretadas pelas bactérias. Imunidade Inata a Bactérias Extracelulares Os principais mecanismos de imunidade inata a bactérias extracelulares são a ativação do complemento, a fagocitose e a resposta inflamatória. • Ativação do complemento. Os peptidoglicanos presentes nas paredes celulares de bactérias Gram-positivas e o LPS encontrado em bactérias Gram-negativas ativam o complemento pela via alternativa. As bactérias que expressam manose em sua superfície podem se ligar à lectina ligante de manose, a qual ativa o complemento pela via da lectina. Um resultado da ativação do complemento é a opsonização e a aumentada fagocitose das bactérias. Somando-se a isso, o complexo de ataque à membrana gerado pela ativação do complemento lisa as bactérias, em especial as espécies de Neisseria que são particularmente suscetíveis à lise devido a suas finas paredes celulares; e os subprodutos do complemento estimulam respostas inflamatórias via recrutamento e ativação de leucócitos. • Ativação de fagócitos e inflamação. Os fagócitos (neutrófilos e macrófagos) usam receptores de superfície, incluindo receptores de manose e receptores scavenger, para reconhecer bactérias extracelulares, e receptores Fc e de complemento para reconhecer bactérias opsonizadas com anticorpos e proteínas do complemento, respectivamente. Os produtos microbianos ativam receptores do tipo Toll (TLRs, do inglês, Toll-like receptors), além de diversos sensores presentes em fagócitos e outras células. Alguns destes receptores atuam principalmente promovendo a fagocitose dos microrganismos (p. ex.: receptores de manose, receptores scavenger); outros estimulam as atividades microbicidas dos fagócitos (principalmente TLRs); e ainda outros promovem tanto fagocitose como ativação de fagócitos (receptores Fc e do complemento). Em adição, as células dendríticas e os fagócitos ativados pelos microrganismos secretam citocinas que induzem infiltração de leucócitos em sítios de infecção (inflamação). Os leucócitos recrutados ingerem e destroem as bactérias. A maioria das bactérias extracelulares são suscetíveis ao killing pelos fagócitos, uma vez que os microrganismos não se adaptaram à sobrevivência no interior dessas células. • As células linfoides inatas (ILCs, do inglês, innate lymphoid cells) também podem atuar na defesa inicial contra estes microrganismos. As ILCs do grupo 3 (ILC3s) podem ser ativadas pelas citocinas produzidas em resposta aos microrganismos e ao dano celular, sendo que as ILCs secretam interleucina-17 (IL-17), IL-22 e GM-CSF. Essas citocinas intensificam a função de barreira epitelial e recrutam neutrófilos para os sítios de infecção extracelular, em especial com bactérias e fungos. Imunidade Adaptativa a Bactérias Extracelulares A imunidade humoral constitui uma das principais respostas imunes protetoras contra bactérias extracelulares, e atua bloqueando a infecção, eliminando os microrganismos e neutralizando suas toxinas. As respostas de anticorpo contra bactérias extracelulares são dirigidas contra os antígenos da parede celular e as toxinas, que podem ser polissacarídeos ou proteínas. Os polissacarídeos são antígenos T-independentes que induzem respostas de anticorpo sem, contudo, ativar células T. Dessa forma, a imunidade humoral é o principal mecanismo de defesa contra bactérias encapsuladas ricas em polissacarídeos. Para esses microrganismos, incluindo Streptococcus pneumoniae, espécies de Neisseria e outros, o baço exerce papel importante tanto na produção de anticorpos como na eliminação fagocítica de bactérias opsonizadas. Os antígenos proteicos, presentes ou secretados pela maioria das bactérias, induzem anticorpos mais potentes, bem como imunidade mediada por células. Os mecanismos efetores usados pelos anticorpos para combater as infecções incluem neutralização, opsonização e fagocitose, e ativação do complemento pela via clássica. A neutralização é mediada pelos isotipos de alta afinidade IgG, IgM e IgA, com este último atuando principalmente nos lúmens de órgãos revestidos por mucosa. A opsonização é mediada pelas subclasses IgG1 e IgG3 da IgG, enquanto a ativação do complemento é iniciada pela IgM, IgG1 e IgG3. Os antígenos proteicos de bactérias extracelulares também ativam células T auxiliares CD4+, as quais produzem citocinas e expressam moléculas de superfície celular que induzem inflamação local, intensificam as atividades fagocítica e microbicida de macrófagos e neutrófilos, e estimulam a produção de anticorpo. As respostas Th17 induzidas por esses microrganismos recrutam neutrófilos e monócitos, promovendo assim inflamação local em sítios de infecção bacteriana. BACTÉRIAS INTRACELULARES Uma característica das bactérias intracelulares facultativas é sua habilidade de sobreviver e até replicar dentro dos fagócitos. Como esses microrganismos conseguem encontrar um nicho onde se tornam inacessíveis aos anticorpos circulantes, sua eliminação requer os mecanismos de imunidade mediada por células. Imunidade Inata a Bactérias Intracelulares A resposta imune inata a bactérias intracelulares é mediada principalmente por fagócitos e células natural killer (NK). Os fagócitos — inicialmente neutrófilos e depois macrófagos — ingerem e tentam destruir esses microrganismos, porém as bactérias intracelulares patogênicas são resistentes à degradação no interior dos fagócitos. Os produtos dessas bactérias são reconhecidos por TLRs e proteínas citoplasmáticas da família de receptores do tipo NOD (NLR, do inglês, NOD-like receptor), resultando na ativação dos fagócitos. O DNA bacteriano no citosol estimula respostas de interferon do tipo I através da via STING. As bactérias intracelulares ativam células NK por meio da indução da expressão de ligantes ativadores de células NK nas células infectadas, e também estimulando a produção por células dendríticas e macrófagos de IL-12 e IL-15,que são citocinas ativadoras de células NK. As células NK produzem IFN-γ que, por sua vez, ativa macrófagos e promove o killing das bactérias fagocitadas. Sendo assim, as células NK conferem uma defesa inicial contra esses microrganismos antes do desenvolvimento da imunidade adaptativa. Entretanto, a imunidade inata geralmente falha em erradicar essas infecções, sendo que a erradicação exige imunidade adaptativa mediada por células. Imunidade Adaptativa a Bactérias Intracelulares A principal resposta imune protetora contra bactérias intracelulares é o recrutamento e ativação de fagócitos mediados pela célula T (imunidade celular). As células T conferem defesa contra infecções por meio de dois tipos de reações: ativação de fagócitos pelas células T CD4+, por meio das ações do ligante de CD40 e do IFN-γ, resultando no killing de microrganismos ingeridos que sobrevivem dentro dos fagolisossomos dos fagócitos; destruição de células infectadas por linfócitos T citotóxicos (CTLs) CD8+, eliminando os microrganismos que escapam dos mecanismos de killing dos fagócitos. As células T CD4+ se diferenciam em efetores Th1 sob influência de IL-12, produzida por macrófagos e células dendríticas. As células T expressam ligante de CD40 e secretam IFN-γ, e esses dois estímulos ativam macrófagos para a produção de várias substâncias microbicidas, incluindo óxido nítrico, enzimas lisossômicas e espécies reativas do oxigênio. O TNF, produzido por macrófagos ativados e outras células, recrutam e ativam fagócitos mononucleares para combater as micobactérias; As bactérias fagocitadas estimulam respostas de células T CD8+ se antígenos bacterianos forem transportados dos fagossomos para o citosol ou se as bactérias escaparem dos fagossomos e entrarem no citoplasma de células infectadas. No citosol, os microrganismos deixam de ser suscetíveis aos mecanismos microbicidas e, para a erradicação da infecção, as células infectadas devem ser eliminadas pelos CTLs. Assim, os efetores da imunidade mediada por células, a saber as células T CD4+ que ativam macrófagos e os CTLs CD8+, atuam de modo cooperativo na defesa contra bactérias intracelulares. A ativação de macrófagos que ocorre em resposta aos microrganismos intracelulares é capaz de causar lesão tecidual. Essa lesão pode resultar de reações de hipersensibilidade tardia (DTH, do inglês, delayed-type hypersensitivity) a antígenos proteicos microbianos. Como evoluíram para resistir ao killing no interior dos fagócitos, as bactérias intracelulares frequentemente persistem por longos períodos e causam ativação crônica das células T e dos macrófagos, e isso pode resultar na formação de granulomas circundando os microrganismos. A marca histológica da infecção com alguma bactéria intracelular é a inflamação granulomatosa. Esse tipo de reação inflamatória pode servir para localizar e prevenir a disseminação dos microrganismos, mas também está associado a graves comprometimentos funcionais causados por necrose e fibrose tecidual.. As diferenças entre os indivíduos quanto aos padrões de respostas de células T a microrganismos intracelulares são determinantes importantes da progressão da doença e do desfecho clínico. O crescimento bacteriano e a ativação persistente (porém inadequada) dos macrófagos resultam em lesões destrutivas na pele e no tecido subjacente. SISTEMA COMPLEMENTO O sistema complemento é um dos principais mecanismos efetores da imunidade humoral e é também um importante mecanismo efetor da imunidade inata. O sistema complemento consiste em um conjunto de proteínas séricas e de superfície celular que interagem umas com as outras e com outras moléculas do sistema imune de maneira altamente regulada, para gerar produtos que atuam na eliminação dos microrganismos. As proteínas do complemento são proteínas plasmáticas normalmente inativas; elas são ativadas apenas em condições particulares para gerar produtos que medeiam várias funções efetoras. Diversas características de ativação do complemento são essenciais para sua função normal. • O sistema complemento é ativado por microrganismos e por anticorpos que estão ligados aos microrganismos e outros antígenos. Dessa maneira, o complemento direciona o ataque imune às superfícies microbianas. • A ativação do complemento envolve a proteólise sequencial de proteínas para gerar complexos enzimáticos com atividade proteolítica. As proteínas que adquirem atividade enzimática proteolítica pela ação de outras proteases são chamadas zimógenos. O processo de ativação sequencial dos zimógenos, uma característica que define uma cascata enzimática proteolítica, também é característico dos sistemas de coagulação e das cininas. As cascatas proteolíticas permitem enorme e rápida amplificação porque cada molécula de enzima ativada em uma etapa pode gerar múltiplas moléculas de enzima ativada na etapa seguinte. • Muitos produtos de clivagem biologicamente ativos resultantes da ativação do complemento se tornam covalentemente ligados às superfícies celulares microbianas, aos anticorpos ligados a microrganismos e outros antígenos, e aos corpos apoptóticos. As proteínas do complemento são inativas ou apenas transientemente ativas (por segundos) em fase fluida, mas se tornam ativadas de maneira estável uma vez que estejam ligadas a microrganismos, anticorpos ou células em processo de morte. Assim, a ativação completa e, consequentemente, as funções biológicas do sistema complemento, são limitadas às superfícies celulares microbianas ou a sítios dos anticorpos ligados aos antígenos, mas não ocorrem no sangue. • Os subprodutos da ativação do complemento estimulam reações inflamatórias. O recrutamento de neutrófilos e monócitos estabelece um ambiente inflamatório ao redor dos microrganismos que ajuda a eliminar os patógenos. • A ativação do complemento é inibida por proteínas reguladoras que estão presentes em células normais do hospedeiro e ausentes nos microrganismos. As proteínas reguladoras são uma adaptação das células normais que minimizam os danos mediados pelo complemento às células hospedeiras. Como os microrganismos não possuem essas proteínas reguladoras, a ativação do complemento pode ocorrer nas superfícies microbianas. Vias de Ativação do Complemento Há três vias principais de ativação do complemento: a via clássica, ativada por determinados isotipos de anticorpos ligados a antígenos; a via alternativa, ativada na superfície das células microbianas na ausência de anticorpo; e a via das lectinas, ativada por uma proteína ligante de manose que se liga a carboidratos de superfície em microrganismos. Embora as vias de ativação do complemento apresentem diferenças na forma como são iniciadas, todas resultam na clivagem da proteína mais abundante do complemento: C3. As vias alternativa e das lectinas representam mecanismos efetores da imunidade inata, ao passo que a via clássica representa um dos principais mecanismos de imunidade humoral adaptativa. O evento central na ativação do complemento é a proteólise da proteína C3 do complemento, que gera produtos biologicamente ativos, e a subsequente ligação covalente de um produto de C3, denominado C3b, às superfícies celulares microbianas ou ao anticorpo ligado ao antígeno. A ativação do complemento envolve a geração de um complexo proteolítico, a convertase de C3 (ou C3 convertase), que cliva C3 em dois fragmentos denominados C3a e C3b. (Por convenção, os produtos proteolíticos de cada proteína do complemento são identificados por sufixos em letras minúsculas, sendo “a” referente ao produto menor, e “b” ao maior.) O C3b torna-se covalentemente ligado à superfície celular microbiana ou a moléculas de anticorpos ligadas ao antígeno. Todas as funções biológicas do complemento são dependentes da clivagem proteolítica de C3. Por exemplo, a ativação do complemento promove a fagocitose porque o C3b torna-se covalentemente ligado aos microrganismos e os fagócitos (neutrófilos e macrófagos) expressam receptores para C3b. Os peptídeos produzidos por proteólise de C3 (e de outras proteínas do complemento)estimulam a inflamação. Em todas as três vias de ativação do complemento, após a geração de C3b pela C3 convertase, um segundo complexo enzimático chamado convertase de C5 (ou C5 convertase) é montado, o qual cliva C5 em C5a e C5b. A C5 convertase contribui para a inflamação por meio da geração do fragmento C5a e para a formação de poros nas membranas dos alvos microbianos. As vias de ativação do complemento diferem na forma como o C3b é produzido, mas seguem uma sequência comum de reações após a clivagem de C5. A Via Alternativa A via alternativa de ativação do complemento resulta na proteólise de C3 e na fixação estável de seu produto de degradação C3b nas superfícies microbianas, sem a participação de anticorpo. Quando o C3 é clivado, a molécula C3b sofre uma mudança conformacional dramática e o domínio tioéster é exteriorizado (um deslocamento maciço de cerca de 85 Å), expondo a ligação tioéster reativa anteriormente oculta. Uma pequena quantidade de C3b pode se tornar covalentemente ligada às superfícies das células, incluindo microrganismos, por meio do domínio tioéster, o qual reage com os grupos amino ou hidroxila de proteínas da superfície celular ou dos polissacarídeos para formar ligações amida ou éster. Se essas ligações não forem formadas, o C3b permanece na fase fluida e a ligação tioéster reativa exposta é rapidamente hidrolisada, tornando a proteína inativa. Como resultado, a ativação subsequente do complemento não pode continuar. Quando o C3b passa pela mudança conformacional pós-clivagem, é exposto um sítio de ligação para uma proteína plasmática chamada Fator B. O Fator B liga-se, então, à proteína C3b, que fica agora preso de forma covalente à superfície da célula. O Fator B ligado é, por sua vez, clivado por uma serina protease plasmática chamada Fator D, liberando um fragmento pequeno denominado Ba e gerando um fragmento maior chamado Bb que permanece ligado ao C3b. O complexo C3bBb é a C3 convertase da via alternativa e atua clivando mais moléculas de C3, estabelecendo, assim, uma sequência de amplificação. Mesmo quando o C3b é gerado pelas vias clássica ou das lectinas, ele pode formar um complexo com Bb e esse complexo é capaz de clivar mais C3. Assim, a C3 convertase da via alternativa atua para amplificar a ativação do complemento iniciado por qualquer uma das vias: alternativa, clássica ou das lectinas. Quando o C3 é clivado, o C3b permanece ligado às células e o C3a é liberado. Esse fragmento solúvel tem várias atividades biológicas que serão discutidas posteriormente. A ativação da via alternativa ocorre prontamente nas superfícies de células microbianas, mas não em células de mamífero. Se o complexo C3bBb é formado na superfície das células de mamíferos, é rapidamente degradado e a reação finalizada pela ação de diversas proteínas reguladoras presentes nessas células (discutido adiante). A ausência de proteínas reguladoras nas células microbianas permite a ligação e a ativação da C3 convertase da via alternativa. Algumas das moléculas de C3b geradas pela C3 convertase da via alternativa ligam-se à própria convertase. Isso resulta na formação de um complexo contendo uma porção de Bb e duas moléculas de C3b, que funciona como a C5 convertase da via alternativa, a qual cliva C5 e inicia as etapas tardias da ativação do complemento. A Via Clássica A via clássica é iniciada pela ligação da proteína C1 do complemento aos domínios CH2 das moléculas de IgG ou aos domínios CH3 das moléculas de IgM que possuem antígeno ligado a elas. Entre os anticorpos IgG, a IgG1 e a IgG3 (em humanos) são ativadores do complemento mais eficientes do que as outras subclasses. A IgG2 tem alguma capacidade de ativar o complemento, mas IgG4 não. O C1 é um complexo proteico grande e multimérico, composto pelas subunidades C1q, C1r e C1s; C1q liga-se ao anticorpo, enquanto C1r e C1s são proteases. A subunidade C1q é constituída por um arranjo radial de seis cadeias, semelhante a um guarda-chuva, cada uma contendo uma cabeça globular ligada a uma haste central por meio de um braço do tipo colágeno. Esse hexâmero executa a função de reconhecimento da molécula e liga-se especificamente às regiões Fc da cadeia pesada μ e de algumas cadeias pesadas γ. Somente anticorpos ligados a antígenos, e não anticorpos livres circulantes, podem iniciar a ativação da via clássica. A razão para isso é que cada molécula de C1q deve se ligar a pelo menos duas cadeias pesadas de Ig para ser ativada e cada região Fc de Ig tem apenas um único sítio de ligação a C1q. Dessa maneira, duas ou mais regiões Fc precisam estar acessíveis a C1 para que a ativação da via clássica seja iniciada. Como cada molécula de IgG tem apenas uma região Fc, várias moléculas de IgG precisam estar próximas antes que C1q possa se ligar, e múltiplos anticorpos IgG somente são aproximados quando se ligam simultaneamente a epítopos idênticos de um antígeno multivalente ou a várias moléculas antigênicas em um microrganismo, célula ou superfície tecidual. Ainda que a IgM livre (circulante) seja pentamérica, não se liga a C1q porque suas regiões Fc estão em uma configuração inacessível a C1q. A ligação da IgM a um antígeno induz uma alteração conformacional que expõe os sítios de ligação nas regiões Fc, permitindo a ligação de C1q. Em decorrência de sua estrutura pentamérica, uma única molécula de IgM pode se ligar a duas moléculas de C1q, e essa é uma das razões pela qual a IgM é um anticorpo mais eficiente para a ligação ao complemento (também chamada fixação do complemento) do que a IgG. A Via das Lectinas A ativação do complemento pela via das lectinas é desencadeada pela ligação de polissacarídeos microbianos a lectinas circulantes, como a lectina ligante de manose (ou manana) plasmática (MBL, do inglês, mannose-binding lectin) ou a ficolinas. Essas lectinas solúveis são proteínas do tipo colágeno que se assemelham estruturalmente a C1q. MBL, L-ficolina e H-ficolina são proteínas plasmáticas; a M-ficolina é secretada principalmente por macrófagos ativados nos tecidos. Os domínios do tipo colágeno auxiliam na montagem das estruturas básicas em tripla hélice quem podem formar oligômeros de ordem superior. A MBL liga-se a resíduos de manose em polissacarídeos e o domínio do tipo fibrinogênio da ficolina liga-se aos glicanos contendo N-acetilglicosamina. Estes polissacarídeos e glicanos são abundantes em bactérias e fungos. 3- Diferencie e explique as microbiotas e sua importância. A microbiota normal refere-se à população de bactérias que habitam um organismo sem causar prejuízo aparente para o hospedeiro e quando estabelecida de maneira harmônica, impedindo o desenvolvimento de microrganismos potencialmente perigosos e causadores de doenças. Após o nascimento, o simples contato com a mãe propicia que a microbiota materna seja repassada para a criança. As mucosas da boca e da faringe inicialmente são estéreis e, a partir do momento em que ocorre a primeira amamentação, haverá a introdução de bactérias nessas regiões. Micro-organismos não são encontrados no sangue pelo fato de ser um fluido totalmente estéril. A presença de bactérias nesse fluido biológico pode promover infecções graves. Infecções de corrente sanguínea normalmente possuem consequências sistêmicas graves, são chamadas normalmente de bacteremias (infecções por bactérias) ou sepse. Microbiotas da pele A pele - um dos maiores órgãos do nosso organismo - apresenta uma variedade de bactérias, principalmente Gram-positivas, em razão de sua grande exposição ao ambiente e às superfícies. Áreas secas possuem em média 104 bactérias/cm2 e áreas úmidas cerca de 106 bactérias/cm2. As principais bactérias presentes na pele são espécies de Staphylococcus (S.epidermidis, S. aureus), Propionibacterium acnes, Corynebacterium spp., Candida spp., Pityrosporum spp., Streptococcus spp.. As regiões quentes e úmidas, como as axilas e a virilha, contêm uma quantidade maior de bactérias por conta da presença de nutrientes provenientes da descamação de células cutâneas e das secreções produzidas pelasglândulas sudoríparas. A proliferação exacerbada de bactérias Gram-positivas, principalmente de Staphylo- coccus spp., pode originar uma infecção do folículo piloso denominada foliculite. Os Staphylococcus spp. estão presentes na pele de todas as pessoas. Além disso, podemos encontrá-los no intestino e no trato urinário. A pele escoriada pode ser infeccionada pela contaminação por essas bactérias. A acne é um exemplo de patologia de pele decorrente de uma infecção bacteriana na maioria das vezes. Microbiota região oral, trato respiratório A mucosa oral é uma região propícia à colonização de bactérias em virtude da umidade e dos resíduos provenientes da alimentação. A saliva é secretada pelas glândulas salivares, apresentando um pH que varia de 6,0 a 7,0. Na saliva encontramos uma enzima denominada lisozima, que atua como bactericida, promovendo a destruição de bactérias nessa região. A saliva contém cerca de 108 bactérias/ml e a placa dentária contém 1011 bactérias/mg. Antes do surgimento dos dentes predominam micro-organismos anaeróbios facultativos ou aeróbios e após a erupção dos dentes o ambiente torna-se favorável aos anaeróbios. Os micro-organismos residentes da região oral compõem uma microbiota mista, representada por diversas espécies de bactérias, incluindo Streptococcus spp., Lactobacillus spp., Actinomyces spp., Fusobacterium spp., Haemophylus spp., Neisseria spp., Treponema spp., Corynebacterium spp. e Candida spp. (fungos, em especial C. albicans). O trato respiratório superior S. epidermidis, S. aureus S. pneumoniae e outros - hemolíticos Corynebacterium spp. Neisseria spp. Haemophilus spp. Micrococcus spp. Nas fossas nasais há predomínio de Staphylococcus spp. e Corynebacterium spp. O Trato Respiratório Inferior possui uma eficiente remoção mecânica dos micro-organismos pelo fluxo muco-ciliar e normalmente possuí quantidade praticamente nula de micro-organismos. Microbiotas do trato urinário. Rins, Ureteres e Bexiga são regiões normalmente livres de micro-organismos. A parte superior da Uretra é normalmente estéril e a parte Inferior pode ser colonizada por Staphylococcus epidermidis; Enterococcus faecalis; Corynebacterium spp.; Neisseria spp. e Bacilos Gram negativos principalmente enterobactérias como a Escherichia coli. Ou seja, os micro-organismos comumente encontradas no trato urinário (terço final da uretra) são da microbiota da pele e da microbiota intestinal, sendo provenientes de contaminação local. A urina é um fluido excretório, ácido e estéril que desenvolve um papel importante no equilíbrio da microbiota dessa região. A proliferação exacerbada de bactérias na uretra pode ascender para a região da bexiga e dos rins, ocasionando infecções do trato urinário. Microbiota vaginal A microbiota vaginal normal é constituída de estreptococos hemolíticos do grupo B - Streptococcus agalactiae e Lactobacillus spp. - que controlam o pH, mantendo-o ácido e impedindo a colonização de bactérias patogênicas e fungos, os quais se desenvolvem com maior facilidade em pH neutro e alcalino. Além disso, o muco cervical contém lisozima, que possui atividade antibacteriana, conferindo proteção a essa região e impedindo a proliferação de patógenos. Microbiotas do olho A microbiota da conjuntiva é controlada pelo fluxo de lágrimas, que também contém lisozima, impedindo a colonização de bactérias. As bactérias frequentemente encontradas na região ocular incluem Staphylococcus spp., principalmente S. epidermidis (pele). Outras bactérias que podem ser encontradas: Moraxella spp., Haemophilus parainfluenzae, Neisseria spp. não patogênicas. Ouvido Externo e médio Ouvido externo é normalmente colonizado pela microbiota da pele (Staphylococcus spp., Corynebacterium spp. e, em menor proporção, Propionibacterium spp.). O ouvido médio e interno normalmente são livres de bactérias. 4- Explique os fatores que predispõem a infecção bacteriana. As bactérias têm uma grande afinidade em colonizar partes quentes e úmidas do nosso organismo. A colonização é associada à oferta de condições que permitam a nutrição da célula bacteriana, além dos fatores físicos e químicos que contribuam para o processo de reprodução. 1- Temperatura As bactérias são seres vivos que se desenvolvem em temperaturas ideais para os seres humanos. Muitas delas são capazes de crescer em temperaturas extremas, nas quais os seres eucariontes não sobreviveriam. Considerando as variações na temperatura de crescimento das células bacterianas, podemos classificá-las em três grupos primários: psicrófilas, que crescem em baixas temperaturas que variam de 0 a 18 °C; mesófilas, que se desenvolvem em temperaturas variando entre 20 e 40 °C; e termófilas, que crescem em altas temperaturas, entre 50 e 80 °C. 2- PH A maioria das bactérias crescem melhor dentro de variações pequenas de pH sempre perto da neutralidade (entre pH 6,5 e 7,5). Poucas bactérias são capazes de crescer em pH ácido (como pH 4,0). O pH 7,0 é o mais adequado para absorção dos nutrientes e o mais recomendado no cultivo de bactérias. 3- Água As bactérias são compostas de 80 a 90% de água no seu meio intracelular, e a sua nutrição ocorre pela passagem de substâncias em solução aquosa por meio da membrana citoplasmática. A água é solvente universal que exerce a função primordial na regulação da pressão osmótica, e a perda de água por osmose causa a plasmólise ou a diminuição da membrana celular. A maioria das bactérias, especialmente as que não esporulam, morre rapidamente pela dessecação. 4- Oxigênio O oxigênio é um receptor final de hidrogênio no processo de respiração aeróbica da bactéria e entra por um processo denominado de difusão. Com isso, de acordo com o comportamento apresentado pela presença ou ausência de oxigênio, as bactérias são classificadas em aeróbias e anaeróbias. As bactérias aeróbias são aquelas que se desenvolvem em ambientes onde há uma disponibilidade de oxigênio. Em contraposição, as bactérias anaeróbias são aquelas que se desenvolvem na presença de gás carbônico. Além disso, as bactérias anaeróbias são divididas em anaeróbias facultativas e anaeróbias estritas. As bactérias anaeróbias estritas são aquelas que necessitam obrigatoriamente de uma atmosfera rica em gás carbônico em razão da toxidade ao oxigênio que a bactéria apresenta; as bactérias anaeróbias facultativas são as que se desenvolvem na presença ou ausência de oxigênio. 5- Diferencie a inflamação da infecção(sinais e sintomas clínicos da infecção). O que é uma infecção? Uma infecção é a invasão de tecidos corporais por parte de organismos microscópicos, como as bactérias, os vírus ou os fungos, por exemplo, ou de dimensões maiores e constituição mais complexa, como os ácaros, pulgas, piolhos, etc. Normalmente, inúmeros agentes infecciosos vivem no corpo de um indivíduo sem causar doenças porque estão contidos pelo sistema imunológico da pessoa. No entanto, se esse equilíbrio for desfeito, sobrevém uma doença infecciosa. O sistema imunológico do hospedeiro reage, mas nem sempre é capaz de vencer os agentes infecciosos sem a ajuda de vacinas e medicações. Há mesmo alguns agentes infecciosos que desempenham papel útil para os seres humanos, como algumas bactérias da flora intestinal, por exemplo. Qual a fisiopatologia da inflamação? Os agentes inflamatórios agridem os tecidos e provocam fenômenos de dilatações e alterações da permeabilidade capilar, com extravasamento de líquido intravascular para fora dos vasos. Como resultado, forma-se de um halo avermelhado em torno da lesão, um aumento de volume (edema) e da temperatura locais. A dor é causada pela estimulação das terminações nervosas pelas substâncias liberadas durante o processo inflamatório e pelas compressões relacionadas ao edema. Qual a fisiopatologia da infecção? Como as infecções sempre levam a uma reação inflamatória, parte da fisiopatologia delas é a mesma das inflamações. Numa infecção, contudo, o organismo é invadido por agentes infecciosos que causam fenômenos próprios. Muitos daqueles agentes atingem somente o homem, mashá os que infectam praticamente todos os mamíferos. Os agentes infecciosos causam danos às células atingidas por vários mecanismos: metabolismo competitivo, proliferação de toxinas, duplicação do material genético e maneira como os antígenos provocarão a formação de anticorpos. Células de defesa (linfócitos, neutrófilos e macrófagos, entre outras) passam a ser acumuladas no foco da lesão e a fagocitar os elementos que estão na origem da inflamação. A luta entre os microrganismos invasores e as células de defesa dá origem ao aparecimento de pus, que pode levar à formação de abscessos e a um processo de supuração. Ocorre uma diapedese dos leucócitos (passagem dos leucócitos do interior dos vasos para os tecidos) e outras células de defesa para que elas possam melhor combater os agentes inflamatórios. No processo, os leucócitos destroem o tecido danificado e enviam sinais aos macrófagos, que ingerem e digerem os antígenos e o tecido morto. Em algumas doenças esse processo pode apresentar caráter destrutivo, necrótico. As plaquetas e o sistema de coagulação do sangue são ativados e podem, assim, conter possíveis sangramentos. Em geral a infecção se restringe a um único local do organismo, mas pode se espalhar, via sistema linfático ou vascular, ocasionando uma septicemia. Quais são os sinais e sintomas típicos de uma inflamação? Em um processo inflamatório a região atingida fica avermelhada, aumentada de volume e quente, o que explica seu nome. É comum que haja dor local. Isso tudo acontece em razão do aumento do fluxo de sangue e demais líquidos corporais que se dirigem para o local. Um conjunto de cinco sinais (sinais cardinais) e sintomas são classicamente tomados como típicos de inflamação: Calor (aquecimento). Rubor ou hiperemia (vermelhidão). Edema (inchaço). Hiperestesia (dor ao toque). Perda de função. Quais são os sinais e sintomas típicos de uma infecção? Como as infecções podem ocorrer em qualquer órgão ou seguimento corporal, os sintomas que decorrem delas são extremamente variáveis. A febre é um sintoma presente em praticamente toda infecção, uma coisa quase chegando a ser sinônima da outra. Contudo, há infecções que cursam sem febre e isso é um sinal desfavorável porque indica uma pequena ou nula capacidade de reação orgânica. Afinal, a febre resulta da luta das defesas orgânicas contra os agentes infecciosos e dá uma dimensão dessa luta. Há também enfermidades que desde o princípio cursam com febre alta e outras em que a febre é moderada ou baixa, na dependência da natureza do agente infeccioso, e isso é um sinal de que o médico se vale para estabelecer suas hipóteses diagnósticas. Assim, a tuberculose, por exemplo, geralmente cursa com febre baixa e a amigdalite bacteriana com febre alta. Quais são as diferenças entre inflamação e infecção? (Resumido) Das definições conclui-se que em todas as infecções existe uma inflamação, mas que não são em todas as inflamações que há uma infecção. Uma queimadura de sol produz uma inflamação, mas não há, pelo menos em princípio, a presença de agentes infecciosos. Uma amigdalite aguda, por seu turno, apresenta as características de inflamação e a presença de bactérias ou vírus. A infecção pode levar a formação de pus e de abscessos, coisa que nunca ocorre na inflamação. Diferenças entre inflamação e infecção 6- Estude os antibióticos (mecanismo de ação, diferença entre bacteriostático e bactericida). Define-se antibiótico como a substância química produzida por micro-organismos, em geral cogumelos e bactérias‚ com a capacidade de inibir a reprodução ou de destruir outros micro-organismos. Em definição mais ampla, o antibiótico é substância biossintetizada por um ser vivo que pode ser cogumelo, bactérias, plantas e organismos superiores,com a capacidade de inibir micro-organismos e/ou bloquear crescimento e replicação celulares, em concentrações relativamente pequenas. Essa definição exclui outras substâncias naturais que também inibem micro-organismos, mas são produzidas em formas mais diferenciadas (p. ex., os anticorpos) ou mesmo substâncias produzidas por micróbios, mas que necessitam de elevadas concentrações, como, por exemplo, etanol, ácido lático, H2O2. Mecanismo de ação da Amoxicilina Tem em sua estrutura química o grupo amino, ionizável, que faz com que tenha um amplo espectro de atividade antibacteriana contra muitos microrganismos Gram-positivos e Gram-negativos, agindo através da inibição da biossíntese do mucopeptídeo das paredes das células. https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/579197/diferencas+entre+inflamacao+e+infeccao.htm Sua ação depende de sua capacidade em atingir e unir-se às proteínas que ligam penicilinas localizadas nas membranas citoplasmáticas bacterianas. Inibe a divisão celular e o crescimento, produz lise e elongação de bactérias sensíveis, em particular as que se dividem rapidamente, que são, em maior grau, a ação das penicilinas. Tem rápida ação bactericida e perfil de segurança de uma penicilina Mecanismo de ação da Amoxicilina Bacteriostáticos O quimioterápico ou antibiótico bacteriostático inibe a multiplicação da bactéria, mas não a destrói. Com a suspensão desse tipo de droga, a bactéria volta a crescer. Trata-se, portanto, de efeito reversível.Um bacteriostático impede a multiplicação das bactérias, mas não as matam; esses agentes são, em sua maioria, inibidores de síntese proteica e atuam por ligação reversível aos ribossomos. Um exemplo de produto bacteriostático é o álcool etílico que usamos no cotidiano para limpar superfícies e desinfetar as mãos. Bactericidas Os quimioterápicos ou antibióticos bactericidas exercem efeito letal e irreversível sobre as bactérias sensíveis. Com significação semelhante, usam-se os termos fungistático, fungicida, virustático e virucida. Os Bactericidas são substâncias que matam de forma direta os microrganismos, inibindo enzimas que desempenham um papel fundamental para que a célula bacteriana permaneça viva, mas não necessariamente destroem a bactéria. A contagem de bactérias viáveis decresce quando comparado com a contagem de bactérias totais. Bacteriolíticos Os Bacteriolíticos são substâncias que além de matar as bactérias impedindo sua proliferação e crescimento, destroem sua parede celular provocando a perda de material interno. Um exemplo de bacteriolítico é a penicilina, um antibiótico natural produzido pelo fungo Penicillium chrysogenum. Primeiro antibiótico utilizado com sucesso. Bacteriostático e Bactericida 7- Discuta sobre os mecanismos da febre e como agem os antitérmicos. Febre é outra manifestação comum na reação de fase aguda, sobretudo quando o agressor é um agente infeccioso. Trata-se de uma síndrome clínica caracterizada por sensação de frio, tremores, hipertermia e taquicardia, seguidos de sudorese e diurese no período de resolução. No início, aumenta a produção de calor e reduzem-se os mecanismos de perda térmica; o indivíduo apresenta hiperalgesia, excitação, elevação da pressão arterial e insônia. Mais tarde, os mecanismos de adaptação à sensação de frio diminuem, e o organismo passa a perder calor; inicia-se o declínio do processo e o indivíduo apresenta sudorese, hipoalgesia, redução da atividade motora, sonolência e hipotensão. http://www.saudedireta.com.br/catinc/drugs/bulas/amoxicilinagermed.pdf https://tnsolution.com.br/antimicrobianos-quais-as-diferencas/ A febre resulta de modificações nos centros termorreguladores, que ficam com seu termostato (neurônios termossensíveis) regulado para cima. A partir daí, tais neurônios emitem sinais a outros neurônios e ao organismo para que haja maior produção de calor (o indivíduo sente frio), aumento na liberação de tiroxina (que promove desacoplamento da fosforilação na cadeia respiratória) e estímulo à contração muscular (tremores). A temperatura corporal eleva-se e, quando atinge o nível de regulação dos neurônios, estabiliza-se (mantém-se a hipertermia). Cessada a ação do agressor, os neurônios termossensíveis voltam ao estado normal de regulação (para a temperatura corporalnormal em torno de 37°C), e o organismo recebe sinais para reduzir a produção e aumentar a perda de calor – daí a sudorese, sinal de que a febre está em queda. A taquicardia induz aumento transitório da pressão sistólica, o que aumenta a filtração glomerular, motivo do aumento da diurese que o paciente apresenta na fase de resolução da febre. Todas as alterações que ocorrem na febre são mediadas por substâncias denominadas pirógenos, endógenos ou exógenos. Os pirógenos endógenos mais importantes são IL-1, TNF-α, IL-2, IL-6 e IFN-γ. Liberados por macrófagos, IL-1 e outros pirógenos endógenos caem na circulação e atuam no endotélio do órgão vascular circunventricular (OVCV), que libera PGE2(prostaglandinas); esta atua em neurônios termorreguladores, desregulando-os e induzindo-os a emitir sinais para aumentar a produção e para diminuir a perda de calor. Em modelos experimentais, pirógenos exógenos (lipopolissacarídeos e proteoglicanos de bactérias, RNA de dupla fita de vírus, manan e glucan da parede celular de fungos etc.) induzem febre por meio de mecanismos periféricos e centrais. São mecanismos centrais: (1) ação direta de pirógenos exógenos sobre as células endoteliais do OVCV, que liberam citocinas que atuam sobre astrócitos e micróglia, que produzem PGE2, responsável pela desregulação de neurônios termorreguladores; (2) alguns pirógenos exógenos atravessam a barreira hematencefálica no OVCV e induzem células da glia a produzir citocinas e PGE2. São mecanismos periféricos: (1) PGE2 e citocinas liberadas por macrófagos ativados, as quais atuam em terminações aferentes vagais (especialmente no fígado) que estimulam o OVCV, onde neurônios adrenérgicos liberam adrenalina, que atua no endotélio, induzindo liberação de PGE2; (2) citocinas liberadas por células fagocitárias circulantes atuam diretamente no OVCV e induzem a síntese de PGE2. Seja por mecanismos periféricos ou por mecanismos centrais, a febre depende da produção de PGE2, que é o mediador final em neurônios termorreguladores. As ciclo-oxigenases (COX), enzimas-chave na síntese de prostaglandinas, são importantes no processo febril, razão pela qual muitos antitérmicos são inibidores dessas enzimas. Como existem duas isoformas de COX (COX-1, universal, e COX-2, no endotélio do OVCV, há grande interesse por saber qual das isoformas é mais importante na síntese de PGE2 durante a febre. O paracetamol inibe as duas isoformas da enzima, razão do seu potente efeito antitérmico. Os pirógenos estimulam também a liberação de substâncias que desencadeiam efeitos antitérmicos, ou seja, que inibem a febre. Tais substâncias, denominadas criógenos ou antipiréticos endógenos, têm sua existência bem demonstrada: o plasma de animais na fase de resolução da febre inibe a hipertermia produzida pela injeção de pirógeno em outro animal. Algumas substâncias são apontadas como criógenos endógenos: (1) glicocorticoides, que atuam em nível periférico reduzindo a produção de citocinas (pirógenos endógenos); além disso, há evidências experimentais de que atuam também no sistema nervoso central, no OVCV e em neurônios termorreguladores, possivelmente inibindo a síntese de PGE2; (2) arginina-vasopressina, produzida pela neuro-hipófise e cuja liberação aumenta na fase inicial de redução da febre; (3) melanocortinas (ACTH, a e γ-MSH), derivadas da pró-opiomelanocortina, são produzidas na adeno-hipófise e em alguns neurônios do sistema nervoso central. As melanocortinas, especialmente a e γ-MSH, atuam em receptores para opioides em neurônios termorreguladores, facilitando a regulação de sua sensibilidade térmica; (4) algumas citocinas têm efeito antipirético, como a IL-10, que inibe a produção de citocinas inflamatórias, como IL-1 e IFN-γ. Há evidências de ação direta da IL-10 no sistema nervoso, em neurônios termorreguladores; (5) lipocortina 1, proteína anti-inflamatória produzida no tecido mieloide, pulmões e sistema nervoso central. A lipocortina 1 inibe a síntese de PGE2, inclusive por inibição da COX-2; (6) uma proteína isolada da urina de animais na fase pós-febril e da urina de gestantes nas últimas semanas de gravidez (no período periparto, a mulher é refratária à febre); é possível que essas proteínas antitérmicas sejam peptídeos da família de lipocortinas. Como certas agressões induzem hipotermia, é possível que esta seja devida à produção exagerada de criógenos endógenos logo após a agressão. Febre tem papel na defesa contra infecções: temperaturas elevadas impedem o crescimento de muitos microrganismos e induzem aumento na atividade do complemento. Por outro lado, a febre é responsável, em parte, pelo estado hipermetabólico no organismo agredido. Por essa razão, seus efeitos prejudiciais devem ser levados em conta, devendo ela ser combatida em muitas circunstâncias. Pacientes com problemas respiratórios e cardiocirculatórios são particularmente afetados na síndrome febril por causa do estado hipercatabólico e do aumento do tônus simpático que a acompanha. MECANISMO DE AÇÃO DA DIPIRONA O mecanismo de ação da dipirona é via inibição da síntese de prostaglandina. A dipirona tem demonstrado inibir a ciclooxigenase, síntese do tromboxano, a agregação plaquetária induzida pelo ácido araquidônico e a síntese total de prostaglandina E1 e E2. A ação da droga pode ser tanto central como periférica. Há evidências de que a ação central da dipirona no hipotálamo reduz a febre. A dipirona é rápida e totalmente absorvida no trato gastrintestinal. Atinge a concentração máxima em 1 a 2 horas. Tanto o fármaco matriz quanto seus metabólitos ligam-se fracamente às proteínas plasmáticas e difundem-se rápida e uniformemente nos tecidos. A ligação total às proteínas plasmáticas é de cerca de 58%. O volume de distribuição é 40 l. A dipirona é metabolizada no trato intestinal a um metabólito ativo, 4-metilaminoantipirina. No fígado, o 4-metilaminoantipirina é metabolizado a vários outros metabólitos, incluindo o metabólito ativo, 4-aminoantipirina.A meia-vida de eliminação é de cerca de 7 horas. Os metabólitos são totalmente eliminados pelos rins. https://www.farmadelivery.com.br/media/upload/pdf/BULAS/EMS/dipirona-sodica-co mprimidos-ems.pdf 8- Defina os mecanismos de evasão das bactérias e os mecanismos de patogênese. Bactéria são parasitas, e a evasão às respostas protetoras do hospedeiro é uma vantagem seletiva. Logicamente, quanto mais a infecção bacteriana permanece no hospedeiro, mais tempo a bactéria tem para crescer e causar dano. Portanto, bactérias que podem evadir-se ou incapacitar as defesas do hospedeiro têm um potencial maior para causar doença. Bactérias evitam o reconhecimento e morte pelas células fagocíticas, inativam ou evitam o sistema do complemento e anticorpos, e até crescem dentro das células para se protegerem das respostas do hospedeiro. A cápsula é um dos fatores de virulência mais importantes. Essas camadas viscosas funcionam protegendo as bactérias de respostas imunes e fagocitárias. As cápsulas são normalmente constituídas de polissacarídeos, que apresentam baixa imunogenicidade. A cápsula de S. pyogenes, por exemplo, é feita de ácido hialurônico, que mimetiza o tecido conjuntivo humano, portanto mascarando a bactéria e mantendo-a sem que seja reconhecida pelo sistema imune. A cápsula também atua como uma cobertura escorregadia que é difícil de ser agarrada e que se rompe quando é capturada por um fagócito. A cápsula também protege a bactéria da destruição dentro do fagolisossomo de um macrófago ou leucócito. Todas essas propriedades podem estender o tempo da bactéria no sangue (bacteremia) antes de ela ser eliminada pelas respostas do hospedeiro. Cepas mutantes que perdem a capacidade de produzir cápsula, em bactérias que normalmente a apresentam, também perdem sua virulência; exemplos de tais bactérias são o Streptococcus pneumoniae e a N. meningitidis. O biofilme, que é feito de material capsular, pode evitar que o anticorpo e o complemento capturem a bactéria. Bactérias podem evitar a resposta dos antibióticos pela variação antigênica,pela inativação de anticorpos ou pelo crescimento intracelular. N. gonorrhoeae pode variar a estrutura da superfície de antígenos para evitar as respostas de anticorpos e também produz uma protease que degrada IgA. S. aureus produz uma proteína https://www.farmadelivery.com.br/media/upload/pdf/BULAS/EMS/dipirona-sodica-comprimidos-ems.pdf https://www.farmadelivery.com.br/media/upload/pdf/BULAS/EMS/dipirona-sodica-comprimidos-ems.pdf IgG ligante, proteína A, que evita que o anticorpo ative o complemento ou uma opsonina e mascara a bactéria contra detecção. Bactérias que crescem intracelularmente incluem micobactéria, francisellae, brucela, clamídia e riquétsia. Diferentemente de muitas bactérias, o controle dessas infecções requer respostas imunes de células T para ativar macrófagos a fim de destruir ou criar uma parede (granuloma) ao redor das células infectadas (como para M. tuberculosis). Bactérias evitam a ação do complemento prevenindo o acesso de componentes à membrana, mascarando elas mesmas, e inibindo a ativação da cascata. Um espesso peptidoglicano nas bactérias Gram-positivas e o longo antígeno O do LPS da maioria das bactérias Gram-negativas (não Neisseria spp.) limitam o acesso ao complemento e protegem a membrana bacteriana de ser danificada. Pela degradação do componente C5 do complemento, S. pyogenes pode limitar a quimiotaxia de leucócitos no ponto da infecção. Para compensar a falta de antígeno O, N. gonorrhoeae une o ácido siálico ao seu lipo-oligossacarídeo (LOS) para inibir a ativação do complemento. Fagócitos (neutrófilos, macrófagos) são as mais importantes defesas antibacterianas, mas muitas bactérias podem contornar a morte fagocítica de várias maneiras ou matar o fagócito. Elas podem produzir enzimas capazes de promover a lise das células fagocitárias (p.ex., a estreptolisina produzida por S. pyogenes ou a α-toxina produzida pela C. perfringens) e podem inibir a fagocitose (p.ex., os efeitos da cápsula e da proteína M produzidas por S. pyogenes), ou bloquear a morte intracelular. Mecanismos bacterianos para proteção de morte intracelular incluem bloqueio de fusão do lisossomo com o fagossomo para prevenir contato com seus conteúdos bactericidas (Mycobacterium spp.), resistência enzimática ou mediada pela cápsula às enzimas lisossômicas ou substâncias bacterianas e a habilidade de sair do fagossomo dentro do citoplasma do hospedeiro antes de ser exposto às enzimas lisossômicas. A produção de catalase por estafilococos pode quebrar o peróxido de hidrogênio pelo sistema da mieloperoxidase. Muitas bactérias que são internalizadas, mas sobrevivem à fagocitose, podem usar a célula a fim de se abrigar para o crescimento e assim evitar a resposta imune; além disso, a capacidade de internalização permite que as bactérias se disseminem pelo corpo. S. aureus pode escapar das defesas do hospedeiro pelo bloqueio de acesso ao ponto de infecção. S. aureus pode produzir coagulase, uma enzima que promove a conversão de fibrina a fribrinogênio para produzir uma barreira tipo coágulo; esse aspecto distingue S. aureus de S. epidermidis. S. aureus e S. pyogenes, bem como outras bactérias, são piogênicos (formadores de pus), e a formação de pus devido à morte de neutrófilos limita o acesso de anticorpos e antibióticos à bactéria. M. tuberculosis é capaz de sobreviver no hospedeiro promovendo o desenvolvimento de granuloma, dentro do qual bactérias viáveis podem permanecer durante toda a vida da pessoa infectada. A bactéria pode reassumir crescimento se houver um declínio no status imune do indivíduo. AÇÕES PATOGÊNICAS DAS BACTÉRIAS Destruição do Tecido Subprodutos do crescimento bacteriano, especialmente fermentação, incluem ácidos, gás e outras substâncias que são tóxicas ao tecido. Em adição, muitas bactérias liberam enzimas degradativas para romper o tecido, proporcionando nutrientes para o crescimento dos organismos e promovendo também a disseminação da bactéria. Por exemplo, organismos de Clostridium perfrigens são parte da microbiota normal do trato GI, mas também são patógenos oportunistas que podem estabelecer infecção em tecidos desprovidos de oxigênio e causar gangrena gasosa. Essas bactérias anaeróbias produzem enzimas (p.ex., fosfolipase C, colagenase, protease, hialuronidase), diversas toxinas, ácidos e gases provenientes do metabolismo bacteriano, que destroem o tecido. Estafilococos produzem muitas enzimas diferentes que modificam o ambiente do tecido. Essas enzimas incluem hialuronidase, fibrinolisina e lipase. Estreptococos também produzem enzimas, incluindo estreptolisinas S e O, hialuronidase, DNAses e estreptoquinases. Toxinas Toxinas são produtos bacterianos que prejudicam diretamente o tecido ou desencadeiam atividades biológicas destrutivas. Toxinas e substâncias com atividade tipo toxinas são enzimas degradativas que causam a lise celular ou de proteínas específicas que se ligam a receptores, e assim iniciam reações tóxicas em um tecido-alvo específico. Em adição, endotoxinas (porção lipídica A do polissacarídeo) e proteínas superantígenos promovem estimulação excessiva ou inapropriada das respostas inata ou imune. Em muitos casos, a toxina é completamente responsável por causar os sintomas característicos da doença. Por exemplo, a toxina pré-formada presente em alimentos é responsável pela intoxicação alimentar por S. aureus e Bacillus cereus e o botulismo causado por Clostridium botulinum. Os sintomas causados pela toxina pré-formada ocorrem mais cedo que em outras formas de gastroenterites, porque o efeito é como ingerir veneno, e a bactéria não necessita crescer para os sintomas ocorrerem. Devido à toxina poder se disseminar sistematicamente pela corrente sanguínea, sintomas podem aparecer em locais distantes do ponto de infecção, tal como ocorre no tétano que é causado por Clostridium tetani. Exotoxinas Exotoxinas são proteínas que podem ser produzidas por bactérias Gram-positivas e Gram-negativas e incluem enzimas citolíticas e receptores de proteínas que alteram a função ou destroem a célula. Em muitos casos, o gene da toxina é codificado no plasmídeo (toxina tetânica de C. tetani, toxinas termolábeis [TL] ou termorresistentes [TR] de E. coli enterotoxigênica), ou fago lisogênico (Corynebacterium diphteriae e C. botulinum). Toxinas citolíticas incluem enzimas que rompem as membranas, tais como α-toxina (fosfolipase C) produzida por C. perfringens, as quais rompem esfingomielina e outras membranas fosfolipídicas. Hemolisinas se inserem e rompem eritrócitos e outras membranas celulares. Toxinas formadoras de poros, incluindo estreptolisina O, podem promover vazamento de íons e água da célula e alterar as funções celulares ou causar lise da célula. Muitas toxinas são diméricas com subunidades A e B (toxinas A-B). A porção B da toxina A-B liga-se a receptores específicos da superfície celular, e depois a subunidade A é transferida para o interior da célula, onde ela age promovendo danos à célula (B de binding e A de action). Os tecidos-alvo dessas toxinas são bem definidos e limitados. Os alvos bioquímicos para toxinas A-B incluem ribossomos, mecanismos de transporte e sinalizadores intracelulares (produção de monofosfato de adenosina cíclico [AMPc], função de proteína G), com efeitos variando de diarreia até a perda de funções neurológicas e morte. Endotoxina e Outros Componentes da Parede Celular A presença de componentes da parede celular bacteriana age como um sinal de infecção que promove um multialarme poderoso avisando o corpo para ativar os sistemas de proteção do hospedeiro. Os padrões moleculares nessas estruturas (padrões moleculares associados a patógenos [PAMP]) ligam-se a receptores Toll-like (TLR) e a outras moléculas e estimulam a produção de citocinas. Em alguns casos, a resposta hospedeira é excessiva e pode até representar risco à vida. A fração do lipídio A do lipopolissacarídeo (LPS) produzida por bactérias Gram-negativas é um ativador poderoso de fase aguda e reações inflamatórias, sendo denominada de endotoxina. É importante notar queendotoxina não é o mesmo que exotoxina e que apenas bactérias Gram-negativas produzem endotoxina. De forma mais fraca, respostas semelhantes às da endotoxina podem ocorrer devido a estruturas bacterianas de bactérias Gram-positivas, incluindo ácido lipoteicoico. Bactérias Gram-negativas liberam endotoxina durante a infecção. A endotoxina liga-se a receptores específicos (CD14 e TLR4) em macrófagos, células B e outras, e estimula a produção e liberação de citocinas de fase aguda, tais como IL-1, TNF-α, IL-6 e prostaglandinas. A endotoxina também estimula o crescimento (mitogênico) de células B. Imunopatogênese Em muitos casos, os sintomas de infecção bacteriana são produzidos por respostas imune, inata e inflamatória excessivas deflagradas pela infecção. Quando limitada e controlada, a resposta de fase aguda aos componentes da parede celular é uma resposta antibacteriana protetora. No entanto, essas respostas também causam febre e mal-estar, e, quando sistêmicas e fora de controle, a resposta de fase aguda e a inflamação podem causar sintomas associados a sepse e meningite com risco à vida. Neutrófilos ativados, macrófagos e complemento podem causar dano nos locais de infecção. A ativação do complemento também pode causar liberação de anafilatoxinas que iniciam a permeabilidade vascular e o extravasamento capilar. A tempestade de citocinas gerada pelos superantígenos e endotoxina pode causar choque e interrupção da função corpórea. Formação de granuloma induzido por células T CD4 e macrófagos, em resposta a Mycobacterium tuberculosis, também pode levar à destruição do tecido.
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