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Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação FUNDAMENTAÇÃO DO PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE Olá! Meu nome é Rosângela de Abreu Venancio Tamanini. Sou mestra em Ciências pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde na Comunidade do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), tenho especialização em Terapia Ocupacional Hospitalar pela Universidade de São Paulo (FMRP-USP) e em Saúde Mental pela Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp). Possuo também aperfeiçoamento em Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa pela Fundação Oswaldo Cruz – Escola Nacional de Saúde Pública “Sérgio Arouca” (Fiocruz) e Graduação em Terapia Ocupacional pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp). Claretiano – Centro Universitário Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000 cead@claretiano.edu.br Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006 claretiano.edu.br/batatais Rosângela de Abreu Venancio Tamanini Batatais Claretiano 2019 FUNDAMENTAÇÃO DO PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE © Ação Educacional Claretiana, 2019 – Batatais (SP) Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana. CORPO TÉCNICO EDITORIAL DO MATERIAL DIDÁTICO MEDIACIONAL Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves Preparação: Aline de Fátima Guedes • Camila Maria Nardi Matos • Carolina de Andrade Baviera • Cátia Aparecida Ribeiro • Elaine Aparecida de Lima Moraes • Josiane Marchiori Martins • Lidiane Maria Magalini • Luciana A. Mani Adami • Luciana dos Santos Sançana de Melo • Patrícia Alves Veronez Montera • Simone Rodrigues de Oliveira Revisão: Eduardo Henrique Marinheiro • Filipi Andrade de Deus Silveira • Rafael Antonio Morotti • Rodrigo Ferreira Daverni • Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico, diagramação e capa: Bruno do Carmo Bulgarelli • Joice Cristina Micai • Lúcia Maria de Sousa Ferrão • Luis Antônio Guimarães Toloi • Raphael Fantacini de Oliveira • Tamires Botta Murakami Videoaula: André Luís Menari Pereira • Bruna Giovanaz Bulgarelli • Gustavo Fonseca • Luis Gustavo Millan • Marilene Baviera • Renan de Omote Cardoso Bibliotecária: Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) ISBN INFORMAÇÕES GERAIS Cursos: Graduação Título: Fundamentação do Processo de Cuidar na Saúde Versão: fev./2017 Formato: 20x28 cm Páginas: 66 páginas SUMÁRIO CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................................9 2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS ...........................................................................................................................................10 3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE ..............................................................................................................................11 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................................................12 5. E-REFERÊNCIAS ...............................................................................................................................................................12 UNIDADE 1 – CUIDADO GERONTOLÓGICO HOLÍSTICO: A INFLUÊNCIA DOS ASPECTOS BIOPSICOSSOCIAIS E DO AMBIENTE FÍSICO NO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................................15 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................................................................................15 2.1. CUIDADO GERONTOLÓGICO HOLÍSTICO ..............................................................................................................15 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ...............................................................................................................................22 3.1. CONFIGURAÇÕES FAMILIARES NA SOCIEDADE ATUAL ......................................................................................22 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ......................................................................................................................................22 5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................................................................................24 6. E-REFERÊNCIAS ...............................................................................................................................................................24 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................................................24 UNIDADE 2 – O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO: INFLUÊNCIAS NAS CONFIGURAÇÕES FAMILIARES E NA ESPIRITUALIDADE DO IDOSO 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................................27 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................................................................................27 2.1. CONFIGURAÇÕES FAMILIARES NA SOCIEDADE E SUAS INFLUÊNCIAS NO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA DO IDOSO .........................................................................................................27 2.2. RELIGIOSIDADE X ESPIRITUALIDADE E SUAS INFLUÊNCIAS NO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA DO IDOSO ...................................................................................................................................31 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ...............................................................................................................................34 3.1. CONFIGURAÇÕES FAMILIARES NA SOCIEDADE E SUAS INFLUÊNCIAS NO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA DO IDOSO. .........................................................................................................34 3.2. RELIGIOSIDADE X ESPIRITUALIDADE E SUAS INFLUÊNCIAS NO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA DO IDOSO. ..................................................................................................................................34 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ......................................................................................................................................35 5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................................................................................36 6. E-REFERÊNCIAS ...............................................................................................................................................................36 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................................................37 UNIDADE 3 – O CUIDADO AO IDOSO: REDE DE SUPORTE À SAÚDE E REDE DE SUPORTE SOCIAL 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................................41 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ...........................................................................................................................41 2.1. REDE DE ATENÇÃO AO IDOSO ..............................................................................................................................41 3. CONTEÚDODIGITAL INTEGRADOR ...............................................................................................................................48 3.2. REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE DO IDOSO ...............................................................................................................48 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ......................................................................................................................................48 5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................................................................................50 6. E-REFERÊNCIAS ...............................................................................................................................................................50 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................................................50 UNIDADE 4 – CUIDADORES DE IDOSOS: DA CARACTERIZAÇÃO À IMPORTÂNCIA DA SUA FORMAÇÃO 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................................53 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................................................................................53 2.1. CUIDADOR DOMICILIAR: TIPOS E O PROCESSO DE ESCOLHA ...........................................................................53 2.2. SOBRECARGA DO CUIDADO E ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO JUNTO AO CUIDADOR DOMICILIAR DO IDOSO ................................................................................................................55 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ...............................................................................................................................61 3.1. CUIDADOR DOMICILIAR: TIPOS E O PROCESSO DE ESCOLHA ............................................................................61 3.2. SOBRECARGA DO CUIDADO E ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO JUNTO AO CUIDADOR DOMICILIAR DO IDOSO ................................................................................................................62 3.3. FORMAÇÃO DO CUIDADOR: POR QUE FORMAR E O QUE ENSINAR .................................................................63 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ......................................................................................................................................63 5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................................................................................64 6. E-REFERÊNCIAS ...............................................................................................................................................................64 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................................................65 7 CONTEÚDO INTRODUTÓRIO Conteúdo Esta obra visa contribuir para a formação do Tecnólogo em Gerontologia, de modo a: esclarecer sobre o processo de cuidado do idoso, enfatizando a necessidade de instrumentalizar familiares, cuidadores formais e toda a rede de suporte social do idoso; desenvolver o conceito de cuidado gerontológico holístico, identificando as diferentes configurações familiares e interferências do meio social e do ambiente físico no processo de envelhecimento; e compreender a assistência do idoso, as necessidades biopsicossociais e espirituais, o sistema de encaminhamen- tos para a equipe multidisciplinar e a gestão dos serviços destinados à população idosa. Além disso, visa capacitar o Tecnólogo em Gerontologia na compreensão do cuidado ao idoso pautado na ética e cientificidade. Bibliografia Básica FALCÃO, D. V. S. (Org.). A família e o idoso: desafios da contemporaneidade. Campinas: Papirus, 2015. (Coleção Vivaidade). FREITAS, E. V. (Org.). Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. GROSSI, P. K.; SANTOS, A. M. Envelhecimento e cuidados: relatos de experiências com cuidadores de pessoas idosas. Porto Alegre: EdiPUCRS, 2016. Bibliografia Complementar MORAES, E. N. Princípios básicos de Geriatria e Gerontologia. Belo Horizonte: Coopmed, 2008. NERI, A. L.; YASSUDA, M. S. Velhice bem-sucedida: aspectos afetivos e cognitivos. 4. ed. Campinas: Papirus, 2012. (Coleção Vivaidade). SCHWANKE, C. H. A. et al. Atualizações em Geriatria e Gerontologia II: abordagens multidimensionais e interdisciplinares. Porto Alegre: EdiPUCRS, 2017. TERRA, N. L. Cuidando do seu idoso. Porto Alegre: EdiPUCRS, 2015. TERRA, N. L. (Org.). Aprendendo a cuidar do idoso. Porto Alegre: EdiPUCRS, 2016. 8 © Fundamentação do Processo de Cuidar na Saúde CONTEÚDO INTRODUTÓRIO É importante saber Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes: Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que deverá ser assimilado para aquisição das competências, habilidades e atitudes necessárias à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os principais conceitos, os princípios, os postulados, as teses, as regras, os procedimentos e o fundamento ontológico (o que é?) e etioló- gico (qual sua origem?) referentes a um campo de saber. Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente selecionados nas Bibliotecas Virtuais Univer- sitárias conveniadas ou disponibilizados em sites acadêmicos confiáveis. É chamado "Conteúdo Digital Integrador" porque é imprescindível para o aprofundamento do Conteúdo Básico de Referência. Juntos, não apenas privilegiam a convergência de mídias (vídeos complementares) e a leitura de "navegação" (hipertexto), como também garantem a abrangência, a den- sidade e a profundidade dos temas estudados. Portanto, são conteúdos de estudo obrigatórios, para efeito de avaliação. 9© Fundamentação do Processo de Cuidar na Saúde CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 1. INTRODUÇÃO Prezado aluno, seja bem-vindo! Iniciaremos o estudo de Fundamentação do Processo de Cuidar na Saúde, que tem por objetivo apresentar conteúdos referentes ao envelhecimento da população e que servirão para embasar sua aprendizagem e formação acadêmica e crítica como futuro Tecnólogo em Gerontologia. O conteúdo apresentado foi elaborado de forma a proporcionar um embasamento teó- rico e crítico condizente com um futuro profissional da área de saúde e gestor público, cujo trabalho será voltado para o envelhecimento populacional e as demandas da população idosa. Muitos dos conceitos apresentados ao longo desta obra, já são de seu conhecimento, uma vez que fazem parte das representações sociais que adquirimos ao longo de nossas vidas. Porém, para conseguirmos realizar a análise crítica das situações em que o idoso se apresenta, precisamos nos distanciar das nossas concepções e nos aproximar de visões livres de julga- mento, sentimentos negativos e até mesmo preconceituosos. Esse afastamento dos julgamentos e das visões preconcebidas sobre o envelhecimento se faz necessário ao Tecnólogo em Gerontologia devido ao fato de esse profissional, segundo o Projeto de Lei 6764/2016, em seu artigo 5º, ser responsável por: I – Desenvolver pesquisas na área de envelhecimento humano; II – Participar como técnico de nível superior em grupos de saúde, sanitarismo, nutrição e fisioterapia; III – Integrar equipes profissionais no âmbito da indústria farmacêutica e cosmética; IV – Atuar no recrutamento, administração, e, em parceria multiprofissional, na gestão, lazer e orientação em saúde e prevenção de doenças em adultos idosos (BRASIL, 2016). Ao nos atermos a nossas concepções sobre velhice, podemos restringir nossa compre- ensão sobre fatos importantes e que influenciam a maneira como a população envelhece. Um exemplo dessa restrição é a concepção de saúde e doença, a qual é vistapor muitos como opo- sição e não como um processo integrador. Ou seja, para muitos, a saúde só acontece quando o indivíduo não apresenta nenhum problema de ordem física, esquecendo-se de aspectos emocionais, sociais, culturais e ambientais. Já para outros, ela seria o controle de condições desfavoráveis com manutenção da qualidade de vida do indivíduo (CNDSS, 2008; CRUZ, 2011). Dessa forma, ao nos mantermos focados nas nossas representações sociais, não conseguimos explorar em totalidade as situações vivenciadas pelo idoso, o que afeta direta- mente a formulação de ações e políticas voltadas a essa população e, consequentemente, a atuação do Tecnólogo. Tendo em vista o abandono desses preconceitos, é importante ressaltar que, ao longo da obra, os termos “velhice”, “velho”, “idoso” e “terceira idade” serão utilizados como sinônimos e representativos de um processo natural e decorrente de transformações físicas, mentais, psicológicas e sociais vivenciadas pelo indivíduo ao longo de toda a vida. Sendo assim, não é carregado de cargas sociais e/ou culturais negativas e pejorativas. 10 © Fundamentação do Processo de Cuidar na Saúde CONTEÚDO INTRODUTÓRIO Seguindo essa perspectiva do envelhecimento como um processo natural, a presente obra foi elaborada com base em uma linha de narrativa dividida em quatro unidades que bus- cam apresentar a visão do cuidado integral ao idoso, e também alguns aspectos mais pontuais e ligados a questões familiares, de assistência à saúde, de suporte social e cuidados domicilia- res ao idoso doente ou com incapacidade. Convidamos você a iniciar o aprendizado e a discussão dos temas mencionados, percor- rendo as unidades de estudo. Contudo, não se esqueça da grande responsabilidade que terá de se empenhar nos estudos para garantir uma melhor aprendizagem e maior capacidade de discutir e formular opiniões sobre o envelhecimento e suas diferentes vertentes e políticas. 2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida e precisa das definições con- ceituais, possibilitando um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conhecimento dos temas tratados. 1) Atividades da vida diária (AVD): atividades orientadas ao ato de cuidar de si mes- mo, ou seja, englobam alimentação, banho, vestir-se, higiene pessoal, mover-se funcionalmente (AOTA, 2015). 2) Atividades instrumentais da vida diária (AIVD): atividades realizadas dentro de casa ou na comunidade que requerem ações mais complexas da pessoa. Normalmen- te estão relacionadas às ações de cuidar de outros, gerenciar o lar, comunicar-se, administrar as finanças, preparar refeições, fazer compras, participar de atividades religiosas etc. (AOTA, 2015). 3) Atores sociais: indivíduos e organizações que realizam ou desempenham atividades e participam do jogo social. 4) Classificação Brasileira de Ocupações (CBO): documento que regulas as profissões no mercado de trabalho. Foi instituída pela Portaria nº 397, de 10 de outubro de 2002. 5) Constituição Federal: legislação que determina os direitos e deveres dos cidadãos de determinada nação. A Constituição Federal Brasileira foi instituída em 05 de ou- tubro de 1988, sendo até hoje o principal elemento normativo do país. 6) Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT): termo que engloba patologias como acidente vascular encefálico, câncer, hipertensão arterial, diabetes, entre outras doenças que acometem os idosos. 7) Envelhecimento: processo natural e complexo que compreende o conjunto de al- terações as quais ocorrem com o passar do tempo nas características biológicas, psicológicas e sociais de um ser vivo. 8) Envelhecimento ativo: processo de otimização das oportunidades de saúde, parti- cipação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas se tornam mais velhas (OMS, 2005). 9) Estatuto do Idoso: lei regulamentadora dos direitos da pessoa idosa. 10) Funcionalidade: termo que engloba funções do corpo, atividades e participação do indivíduo na vida familiar e na sociedade. 11© Fundamentação do Processo de Cuidar na Saúde CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 11) Idoso: pessoa com 60 anos ou mais. 12) Políticas públicas: conjunto de ações realizadas pelo Estado para garantir os direitos dos cidadãos. 13) Rede de Atenção à Saúde (RAS): arranjos organizativos de ações e serviços de saú- de, de forma a integrar os sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão com a finalidade de garantir a integralidade do cuidado. 14) SUS: Sistema Único de Saúde, composto por ações e serviços de saúde ofertados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais (BRASIL, 2000). 15) Suas: Sistema Único de Assistência Social, o qual tem como função gerir o conteú- do específico da Assistência Social no campo da proteção social brasileira. Ou seja, tem como objetivo a prevenção de riscos sociais e pessoais por meio de programas, projetos, serviços e benefícios a indivíduos e famílias em situação de vulnerabilidade social, bem como àqueles que já se encontram em situação de risco e que tiveram seus direitos violados pelo abandono, maus-tratos, abuso sexual, uso de drogas e outros (BRASIL, 2012). 3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE O Esquema a seguir possibilita uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo. Papel do Tecnólogo em Gerontologia Estruturas que constituem a Rede de suporte ao idoso Rede de suporte ao idoso AspectosEnvelhecimento Cuidado Gerontológico Holístico Físicos Família Cuidador Programas de Assistência à Saúde Programas de Assistência Social Planejamento e Gestão Assistência à Saúde Assistência Social Biológicos Sociais, políticos e econômicos Culturais Religiosos e espirituais Figura 1 Esquema de conceitos-chave de fundamentação do processo de cuidar na saúde. 12 © Fundamentação do Processo de Cuidar na Saúde CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AOTA – AMERICAN OCCUPATIONAL THERAPY ASSOCIATION et al. Estrutura da prática da Terapia Ocupacional: domínio & processo – traduzida. Rev. de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, v. 26, n. esp., p. 1-49, 2015. CNDSS – COMISSÃO NACIONAL SOBRE DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE. As causas sociais das iniquidades em saúde no Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2008. PAVARINI, S. C. I.; NERI, A. L. Compreendendo dependência, independência e autonomia no contexto domiciliar: conceitos, atitudes e comportamentos. In: DUARTE, Y. A. O.; DIOGO, M. J. D’E. (Orgs.). Atendimento domiciliar: um enfoque gerontológico. São Paulo: Atheneu, 2000, p. 69-82. 5. E-REFERÊNCIAS BERLEZI, E. M. et al. Programa de atenção ao idoso: relato de um modelo assistencial. Texto & Contexto Enfermagem, Florianópolis, n. 20, v. 2, p. 368-375, abr./jun. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/tce/v20n2/a16v20n2.pdf>. Acesso em: 10 maio 2019. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social. Norma Operacional Básica – NOB Suas. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2012. Disponível em: <https://www. mds.gov.br/webarquivos/public/NOBSUAS_2012.pdf>. Acesso em: 15 maio 2019. ______. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei 6.764, de 2016. Dispõe acerca da regulamentação da profissão de gerontólogo e dá outras providências. Disponível em: <https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_ mostrarintegra?codteor=1519182&filename=PL+6764/2016>. Acesso em: 10 maio 2019. ______. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. SUS – princípios e conquistas. Brasília: Ministério da Saúde, 2000. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/sus_principios.pdf>. Acesso em: 15 maio 2019. CRUZ, M. M. Concepção de saúde-doença e o cuidado em saúde. In: GORDIM, R. (Org.). Qualificação de gestores do SUS. Rio de Janeiro: EAD/Ensp., 2011. p. 21-33. Disponível em: <http://www5.ensp.fiocruz.br/biblioteca/dados/txt_14423743.pdf>. Acesso em: 10 maio 2019. GARBOIS, J.A.; SODRÉ, F.; DALBELLO-ARAUJO, M. Da noção de determinação social à de determinantes sociais da saúde. Saúde em Debate, v. 41, n. 112, p. 63-76, jan./mar. 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103- 11042017000100063&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 10 maio 2019. LEITE, M. T. et al. Idosos residentes no meio urbano e sua rede de suporte familiar e social. Texto & Contexto Enfermagem, Florianópolis, v. 17, n. 2, p. 250-257, abr./jun. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/tce/v17n2/05.pdf>. Acesso em: 10 maio 2019. OMS – ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Envelhecimento ativo: uma política de saúde. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2005. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/envelhecimento_ativo.pdf>. Acesso em: 26 jan. 2018. 13 UNIDADE 1 CUIDADO GERONTOLÓGICO HOLÍSTICO: A INFLUÊNCIA DOS ASPECTOS BIOPSICOSSOCIAIS E DO AMBIENTE FÍSICO NO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO Objetivos • Discorrer sobre o que é cuidado gerontológico holístico. • Apresentar as necessidades biopsicossociais do idoso. • Apresentar as influências do meio social e do ambiente físico sobre o envelhecimento humano. Conteúdos • Cuidado gerontológico holístico e os fatores biopsicossociais do idoso. • Interferência do meio social e do ambiente físico no processo de envelhecimento. Orientações para o estudo da unidade Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir: 1) Consulte as obras indicadas no Conteúdo Digital Integrador, elas foram selecionadas com o objetivo de aprofundar os conteúdos apresentados nas unidades e, assim, aumentar e aprofundar seus conhecimentos teóricos. 2) Discuta com o tutor os temas abordados na Unidade, visando solucionar dúvidas, formar conceitos e opiniões e, assim, aprender o conteúdo abordado. 3) Crie um esquema de conceitos ou mapa mental a fim de facilitar a assimilação e associação dos conteúdos. © Fundamentação do Processo de Cuidar na Saúde 15© Fundamentação do Processo de Cuidar na Saúde UNIDADE 1 – Cuidado Gerontológico Holístico: A Influência dos Aspectos Biopsicossociais e do Ambiente Físico no Processo de Envelhecimento 1. INTRODUÇÃO A partir deste momento, iniciaremos a apresentação dos conteúdos que serão trabalha- dos nesta obra. Nesta unidade, iremos apresentar os conteúdos acerca do cuidado geronto- lógico holístico e sobre as interferências do meio social e do ambiente físico no processo de envelhecimento. 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma sucinta, os temas abordados nes- ta unidade. Para sua compreensão integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteúdo Digital Integrador. 2.1. CUIDADO GERONTOLÓGICO HOLÍSTICO Segundo Pavarini et al (2005), a Gerontologia é uma ciência que busca estudar o proces- so de envelhecimento sob seus diferentes aspectos físicos, biológicos, psíquicos, emocionais, sociais, culturais, ambientais, políticos e econômicos, de forma a intervir sobre eles e assim proporcionar melhor assistência e cuidado ao idoso. A partir dessa perspectiva, iniciaremos esta unidade. E, ao abordar o envelhecimento com base nesse ponto de vista multifacetado, estamos abordando-o de acordo com a visão holística de saúde, da qual falaremos a seguir. A abordagem holística em saúde emerge por volta de 1926, quando o filósofo Jan Smuts apresenta o termo “Holismo” à sociedade e o conceitua como a “existência de uma continui- dade evolutiva entre matéria, vida e mente”, propondo, assim, uma visão integral e totalitária, em detrimento da fragmentária (TEIXEIRA, 1996, p. 287). Ao propor essa totalidade, Jan Smuts afirma que as partes (matéria, vida e mente) estão interligadas durante todo o desenvolvimento do homem, não sendo algo separado ou dissoci- ável. Dessa forma, ele vai de encontro ao modelo reducionista e científico que não reconhecia essa inter-relação entre as partes (LIMA, 2008). Portanto, a abordagem holística tem uma visão sistêmica e transdisciplinar, que mostra a necessidade das diferentes áreas de ciências, Filosofia e sabedoria popular, e sua interdepen- dência, pois uma influencia diretamente a outra. E a compreensão dessa relação e do todo só poderia ocorrer sob a união dessas diferentes óticas. Essa visão holística foi adotada na saúde, ao aproximar o saber oficial do popular, ou seja, ao juntar os conceitos advindos da ciência médica aos advindos das crendices populares que não eram validadas, mas sim desprezadas pelos médicos. Ao fazer essa junção, a visão holística promove a fusão entre o modelo xamanístico e o secular (baseado nos sistemas médicos) e, assim, junta a visão de doença como consequência de alguma desarmonia da ordem cósmica e de energias e a visão de um fenômeno natural causado pelas ações do homem. Dessa forma, a saúde passa a ser um fenômeno que envolve os diferentes aspectos físicos, psicológicos, sociais e culturais, ou seja, envolve os diferentes fenômenos multidimensionais que se inter-relacionam e que busca um equilíbrio dinâmico. 16 © Fundamentação do Processo de Cuidar na Saúde UNIDADE 1 – Cuidado Gerontológico Holístico: A Influência dos Aspectos Biopsicossociais e do Ambiente Físico no Processo de Envelhecimento Sendo assim, ao pautar-se pela visão holística, a saúde deixa de lado alguns dos seus marcos e condutas biomédicas e busca assumir uma postura que visa ao equilíbrio com aspec- tos biopsicossociais. Portanto, há um distanciamento do foco na patologia, na terapia e nas ações de diagnóstico e cura, e uma aproximação de ações que visam diagnosticar precoce- mente ou prevenir o aparecimento de doenças, assumindo, assim, condutas mais condizentes com o modelo biopsicossocial. Para entender melhor essa perspectiva, vamos esclarecer o que seriam os modelos bio- médico e biopsicossocial. De acordo com Ceballos (2015), o modelo biomédico é caracteri- zado como individual, centrado na figura do médico, especializado, curativo, fragmentado e hospitalocêntrico. Já o modelo biopsicossocial pauta-se pela interação entre os mecanismos celulares, te- ciduais, interpessoais e ambientais, que se influenciam e promovem um desequilíbrio, o qual gera a doença. Por isso, torna-se imprescindível a adoção de ações de prevenção para impedir essa desarmonia (PEREIRA; BARROS; AUGUSTO, 2011). Segundo Belloch e Olabarria (1993 apud PEREIRA; BARROS; AUGUSTO, 2011, p. 526), o modelo biopsicossocial pauta-se nos seguintes princípios: 1. O corpo humano é um organismo biológico, psicológico e social, ou seja, recebe informa- ções, organiza, armazena, gera, atribui significados e os transmite, os quais produzem, por sua vez, maneiras de se comportar; 2. Saúde e doença são condições que estão em equilíbrio dinâmico; estão codeterminadas por variáveis biológicas, psicológicas e sociais, todas em constante interação; 3. O estudo, diagnóstico, prevenção e tratamento de várias doenças devem considerar as contribuições especiais e diferenciadas dos três conjuntos de variáveis citadas; 4. A etiologia dos estados de doença é sempre multifatorial. Devem-se considerar os vários níveis etiopatogênicos e que todos eles requerem uma investigação adequada; 5. A melhor maneira de cuidar de pessoas que estão doentes se dá por ações integradas, rea- lizadas por uma equipe de saúde, que deve ser composta por profissionais especializados em cada uma das três áreas; 6. Saúde não é patrimônio ou responsabilidade exclusiva de um grupo ou especialidade pro- fissional. A investigação e o tratamento não podem permanecer exclusivamente nas es- pecialidades médicas. Assim, com base no modelo biopsicossocial, verifica-se que as ações do homem e da sociedade produzem a saúde e a doença, ao gerar ações que equilibram ou desequilibram os mecanismos celulares, teciduais, interpessoais e ambientais. (Figura 1). 17© Fundamentação do Processo de Cuidar na Saúde UNIDADE 1 – Cuidado Gerontológico Holístico: A Influência dos Aspectos Biopsicossociais e do AmbienteFísico no Processo de Envelhecimento Figura 1 Ações do homem e da sociedade no equilíbrio do processo saúde-doença. Para Mandú (2004), o modelo biopsicossocial transpõe o saber científico/tecnológico e pauta-se pela construção e reconstrução de significados a respeito de si, do outro e do mun- do, bem como de saúde, doença, qualidade de vida e autonomia. Segundo o autor, somente a partir do conhecimento de si, do adoecer e da saúde o indivíduo poderá ter uma vida saudável em seus diferentes aspectos. Dessa forma, conforme apresentado por Pereira, Barros e Augusto (2011), ao passar do modelo biomédico para o biopsicossocial, os setores e profissionais de saúde demandaram e ainda demandam uma reconfiguração e ressignificação de conceitos e sentidos sobre saúde- -doença-cura, tratamento-cuidado, saúde coletiva, comunidade, controle social, avaliação, corpo, culturas, saberes populares/especializados, participação, cooperação, entre outros. Segundo Teixeira (1996), o profissional de saúde precisa redimensionar sua prática e suas relações com os pacientes, de forma a educar sobre a enfermidade, as causas da doença e as possibilidades de mudanças do tipo de vida e melhora. Para o autor, há necessidade de rever o papel do paciente, o qual é responsável por sua cura (autocura), visto que ele pode adotar hábitos saudáveis e manter sua saúde (TEIXEIRA, 1996). Sendo assim, esse novo modelo biopsicossocial promove mudança nos setores e nos profissionais de saúde, o que contribuiu para a reorganização dos diferentes níveis de saúde com base nas Redes de Atenção à Saúde (RAS), as quais são baseadas nessa nova visão holísti- ca da saúde e não somente na mudança do perfil epidemiológico da população. Ao ser organizada de forma horizontal, a saúde permite essa articulação intra e inter- disciplinar necessária para uma visão total do ser humano, abordando, assim, todos os seus aspectos físicos, biológicos, psíquicos, emocionais, sociais, culturais, ambientais, políticos e econômicos. 18 © Fundamentação do Processo de Cuidar na Saúde UNIDADE 1 – Cuidado Gerontológico Holístico: A Influência dos Aspectos Biopsicossociais e do Ambiente Físico no Processo de Envelhecimento As RAS, ao serem organizadas para articular as ações e os serviços de saúde de dife- rentes densidades tecnológicas, integram os sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, garantindo integralidade do cuidado, o que nada mais é do que a garantia do modelo biopsi- cossocial e da visão holística do homem e da saúde. De acordo com Mendes (2011, p. 85), as redes de atenção devem realizar: [...] o processo de territorialização; o cadastramento das famílias; a classificação das famílias por riscos sociossanitários; a vinculação das famílias à Unidade de APS/equipe do Programa de Saúde da Família; a identificação de subpopulações com fatores de risco; a identificação das subpopula- ções com condições de saúde estratificadas por graus de risco; e a identificação de subpopulações com condições de saúde muito complexas. Para o autor, somente após essa territorialização e estratificação da população, será pos- sível conhecer os riscos a que os idosos estão submetidos, e só então elaborar os ciclos de atendimento de forma a garantir a continuidade da atenção (primária, secundária e terciária) e a integralidade da atenção à saúde – promoção da saúde, prevenção das condições de saúde e gestão dessas condições por meio de cura, cuidado, reabilitação e paliação (MENDES, 2011). Um ponto importante que passou a ser observado com esse novo modelo biopsicosso- cial e holístico refere-se aos determinantes sociais de saúde, que correspondem às relações advindas das condições sociais e ambientais com o processo saúde-doença. Ao observar o ser humano, sua saúde e doença com base numa visão total, verifica-se a influência de múltiplos fatores no processo de equilíbrio da balança saúde-doença, sendo eles de cunho ambiental, social, econômico, cultural, étnico/racial, psicológico e comportamental (Figura 2). Figura 2 Processo saúde-doença com base na visão holística e biopsicossocial. 19© Fundamentação do Processo de Cuidar na Saúde UNIDADE 1 – Cuidado Gerontológico Holístico: A Influência dos Aspectos Biopsicossociais e do Ambiente Físico no Processo de Envelhecimento O modelo adotado com maior frequência no Brasil é baseado no modelo de determina- ção social da saúde proposto por Dahlgren e Whitehead, que dispõe os determinantes (DSS) em diferentes camadas conforme seu nível de abrangência, perpassando desde os individuais até os macrodeterminantes. De acordo com a Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS) (2008), o modelo de Dahlgren e Whitehead (Figura 3) estrutura-se da seguinte forma: 1) 1ª camada: corresponde aos determinantes proximais, sendo formada pelos indiví- duos e suas características específicas, como idade, sexo, fatores genéticos. 2) 2ª camada: é representada pelos comportamentos e estilos de vida individuais. 3) 3ª camada: refere-se a redes comunitárias e de apoio, que são redes de solidarieda- de expressas conforme o nível de coesão social. 4) 4ª camada: corresponde aos fatores relacionados a condições de vida e de trabalho dos indivíduos, disponibilidade de alimento, acesso a serviços essenciais (saúde e educação), indicando, assim, todos os fatores de vulnerabilidade a que os indivíduos se expõem quando em condições de pobreza. 5) 5ª camada: expressa os macrodeterminantes, relacionados a condições econômi- cas, sociais e ambientais em que vive a sociedade, assim como os determinantes supranacionais, como o processo de globalização. Fonte: Carvalho e Buss (2008). Figura 3 Modelo de determinantes sociais da saúde proposto por Dahlgren e Whitehead. 20 © Fundamentação do Processo de Cuidar na Saúde UNIDADE 1 – Cuidado Gerontológico Holístico: A Influência dos Aspectos Biopsicossociais e do Ambiente Físico no Processo de Envelhecimento Segundo Garbois, Sodré e Dalbello-Araujo (2017), nesse modelo, os macrodeterminan- tes não possuem tanta importância para o processo saúde-doença quanto as camadas proxi- mais e intermediárias. Em contrapartida a esse modelo, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estabeleceu, em 2010, um novo marco conceitual sobre os DSS, no qual os estruturais e intermediários operam em conjunto para moldar os efeitos na saúde (Figura 4). Fonte: Garbois, Sodré e Dalbello-Araujo (2017, p. 68). Figura 4 Modelo dos determinantes sociais da saúde proposto pela OMS com base no modelo de Solar e Irwin. Com base no modelo apresentado, verifica-se que a nova estrutura aponta como os mecanismos sociais, econômicos e políticos dão origem a posições socioeconômicas que divi- dem as populações conforme sua renda, educação, ocupação, gênero, raça/etnia, entre outros fatores (determinantes estruturais). Além disso, mostra como essas posições socioeconômicas determinam vulnerabilidades e exposições a diferentes condições de saúde (determinantes intermediários), bem como refletem o lugar das pessoas dentro das hierarquias sociais (GAR- BOIS; SODRÉ; DALBELLO-ARAUJO, 2017). Esse novo modelo apresenta, ainda, um contexto socioeconômico e político baseado nas estruturas de governança formais e informais; nas políticas macroeconômicas (fiscais, monetárias, de mercado e estruturais do mercado laboral); nas políticas sociais nas áreas de emprego, posse de terra e habitação; nas políticas públicas de educação, saúde, água e sa- neamento; nas políticas redistributivas, de seguridade social e de proteção social; e nos as- pectos relacionados a cultura e valores sociais legitimados pela sociedade (GARBOIS; SODRÉ; DALBELLO-ARAUJO, 2017). O modelo adotado pela OMS também afirma que os determinantes intermediários de saúde são compostos por: 21© Fundamentação do Processo de Cuidar na Saúde UNIDADE 1 – Cuidado Gerontológico Holístico: A Influência dos Aspectos Biopsicossociais e do Ambiente Físico no Processo de Envelhecimento 1) Circunstâncias materiais queabrangem condições de moradia, características da vi- zinhança, condições de trabalho, qualidade do ar, acesso e disponibilidade a alimen- tos e água. 2) Fatores comportamentais, compostos por estilo de vida e comportamentos que ex- pressam os padrões de consumo de tabaco, álcool e a falta de atividade física. 3) Fatores biológicos ou fatores genéticos. 4) Fatores psicossociais que correspondem aos elementos estressores psicossociais, circunstâncias estressantes, falta de apoio social. 5) Sistema de saúde, composto principalmente pelas barreiras de acesso. 6) Coesão social e o capital social, o qual também permeia os determinantes estruturais. Sendo assim, segundo o modelo adotado pela OMS em 2010, tendo como base o modelo proposto por Solar e Irwin, a saúde é impactada por várias vertentes que se inter-relacionam de forma integral ou parcial. Não há, portanto, algum DSS que se sobressai. Além dos determinantes sociais de saúde, outro ponto que também merece destaque, com a mudança do modelo biomédico para o modelo biopsicossocial e holístico, refere-se ao papel do profissional da saúde, que passa a ser visto como cuidador e não mais como um ser responsável pelo tratamento. De acordo com Mandú (2004), o profissional de saúde passa a assumir um papel de cuidador ao ampliar sua visão do sujeito doente como alguém que possui uma história, uma visão de mundo, uma maneira de entender, sentir, relacionar-se e expressar-se de forma úni- ca. Dessa forma, o contato entre profissional de saúde e sujeito doente envolve uma escuta compartilhada de si mesmo e do outro. Assim, verifica-se a transformação completa das práticas de saúde do saber único, cen- tralizado e frio, para uma prática que integra, acolhe, cuida e humaniza o ser humano doente. Ao focar na assistência à população idosa, o modelo biopsicossocial e holístico se faz de extrema importância, visto que o idoso apresenta doenças crônicas e degenerativas que impactam negativamente os gastos no setor de saúde; assim, garantir a prevenção e o retardo do avanço das suas doenças e fragilidades se faz necessário. Com as leituras propostas no Tópico 3. 1, você aprofun- dará seus conhecimentos com relação aos conteúdos traba- lhados ao longo desta unidade. Antes de prosseguir para o próximo assunto, realize as leituras indicadas, procurando as- similar o conteúdo estudado. Vídeo complementar ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar do ciclo 1. • Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique na aba Videoaula, localizada na barra superior. Em se- guida, busque pelo nome da disciplina para abrir a lista de vídeos. • Caso você adquira o material por meio da loja virtual, receberá também um CD contendo os vídeos comple- mentares, os quais fazem parte integrante do material. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 22 © Fundamentação do Processo de Cuidar na Saúde UNIDADE 1 – Cuidado Gerontológico Holístico: A Influência dos Aspectos Biopsicossociais e do Ambiente Físico no Processo de Envelhecimento 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR O Conteúdo Digital Integrador é uma condição necessária e indispensável para você compreender integralmente os conteúdos apresentados nesta unidade. 3.1. CONFIGURAÇÕES FAMILIARES NA SOCIEDADE ATUAL Os textos a seguir irão auxiliá-lo a aprofundar os conteúdos relacionados à transição demográfica e epidemiológica. • PEREIRA, T. T. S. O.; BARROS, M. N. S.; AUGUSTO, M. C. N. A. O cuidado em saúde: o paradigma biopsicossocial e a subjetividade em foco. Mental, Barbacena, v. 9, n. 17, dez. 2011. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext& pid=S1679-44272011000200002>. Acesso em: 3 maio 2019. • CEBALLOS, A. G. C. Modelos conceituais de saúde, determinação social do processo saúde e doença, promoção da saúde. Recife: [s.n.], 2015. Disponível em: <https:// ares.unasus.gov.br/acervo/handle/ARES/3332>. Acesso em: 3 maio 2019. • TEIXEIRA, E. Reflexões sobre o paradigma holístico e holismo e saúde. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 30, n. 2, p. 289-90, ago. 1996. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v30n2/v30n2a08>. Acesso em: 3 maio 2019. • GARBOIS, J. A.; SODRÉ, F.; DALBELLO-ARAUJO, M. Da noção de determinação social à de determinantes sociais da saúde. Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 41, n. 112, p. 63-76, jan./mar. 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0103-11042017000100063&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 6 maio 2019. • MENDES, E. V. As redes de atenção à saúde. 2. ed. Brasília: Organização Pan-Americana de Saúde, 2011. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/redes_ de_atencao_saude.pdf>. Acesso em: 6 maio 2019. 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desem- penho. Se encontrar dificuldades em responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos estudados para sanar as suas dúvidas. 1) Liste quais são os princípios em que o modelo biopsicossocial se pauta. 2) Julgue a afirmativa a seguir, referente ao conceito de Redes de Atenção à Saúde, como verdadeira (V) ou falsa (F) e justifique-a: ( ) Um dos seis elementos importantes que podem caracterizar as RAS é a composição multiprofissional da equipe, que deve agir de forma interdisciplinar para garantir o compartilhamento e a corresponsabilização da prática de saúde entre os membros da equipe. 3) Correlacione as colunas a seguir conforme o modelo dos determinantes sociais da saúde apresentados pela Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS) (2008), baseado no modelo de Dahlgren e Whitehead. 23© Fundamentação do Processo de Cuidar na Saúde UNIDADE 1 – Cuidado Gerontológico Holístico: A Influência dos Aspectos Biopsicossociais e do Ambiente Físico no Processo de Envelhecimento I - Primeira camada ( ) Expressa os macrodeterminantes relacionados às condições econômicas, sociais e ambientais em que vive a sociedade, assim como os determinantes supranacionais, como o processo de globalização. II - Segunda camada ( ) É representada pelos comportamentos e estilos de vida individuais. III - Terceira camada ( ) Corresponde aos fatores relacionados a condições de vida e de trabalho dos indivíduos, disponibilidade de alimento, acesso a serviços essenciais (saúde e educação), indicando, assim, todos os fatores de vulnerabilidade a que os indivíduos se expõem quando em condições de pobreza. IV - Quarta camada ( ) Corresponde aos determinantes proximais, sendo formada pelos indivíduos e suas características específicas, como idade, sexo, fatores genéticos. V - Quinta camada ( ) Refere-se a redes comunitárias e de apoio, que são as redes de solidarieda-de expressas conforme o nível de coesão social. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta da correlação das colunas: a) I – II – III – IV – V. b) I – V – II – IV – III. c) V – II – IV – I – III. d) IV – I – V – II – III. e) III – II – IV – III – V. Gabarito Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas: 1) Os princípios em que o modelo biopsicossocial se pauta, segundo Belloch e Olabarria, são: 1. O corpo humano é um organismo biológico, psicológico e social, ou seja, recebe informações, organi- za, armazena, gera, atribui significados e os transmite, os quais produzem, por sua vez, maneiras de se comportar; 2. Saúde e doença são condições que estão em equilíbrio dinâmico; estão codeterminadas por variáveis biológicas, psicológicas e sociais, todas em constante interação; 3. O estudo, diagnóstico, prevenção e tratamento de várias doenças devem considerar as contribuições especiais e diferenciadas dos três conjuntos de variáveis citadas; 4. A etiologia dos estados de doença é sempre multifatorial. Devem-se considerar os vários níveis etiopato- gênicos e que todos eles requeremuma investigação adequada; 5. A melhor maneira de cuidar de pessoas que estão doentes se dá por ações integradas, realizadas por uma equipe de saúde, que deve ser composta por profissionais especializados em cada uma das três áreas; 6. Saúde não é patrimônio ou responsabilidade exclusiva de um grupo ou especialidade profissional. A investigação e o tratamento não podem permanecer exclusivamente nas especialidades médicas (BELLO- CH; OLABARRIA, 1993 apud PEREIRA; BARROS; AUGUSTO, 2011, p. 526). 2) Verdadeira. As seis características das RAS são: formar relações horizontais entre diferentes pontos de aten- ção; ter a atenção primária como centro comunicador; definir, planejar e executar ações com base nas ne- cessidades da população assistida; ofertar atenção contínua e integral; oferecer cuidado multiprofissional; alinhar objetivos e resultados a serem alcançados, considerando aspectos sanitários e econômicos. 3) c. 24 © Fundamentação do Processo de Cuidar na Saúde UNIDADE 1 – Cuidado Gerontológico Holístico: A Influência dos Aspectos Biopsicossociais e do Ambiente Físico no Processo de Envelhecimento 5. CONSIDERAÇÕES Chegamos ao final da primeira unidade. Agora você já compreende o que é a visão ho- lística e o fator biopsicossocial, além, é claro, das influências desses conceitos no processo de cuidado ao idoso. Na próxima unidade, vamos estudar sobre as configurações familiares e sobre a espiri- tualidade do idoso. 6. E-REFERÊNCIAS CEBALLOS, A. G. C. Modelos conceituais de saúde, determinação social do processo saúde e doença, promoção da saúde. Recife: [s.n.], 2015. Disponível em: <https://ares.unasus.gov.br/acervo/handle/ARES/3332>. Acesso em: 3 maio 2019. GARBOIS, J. A.; SODRÉ, F.; DALBELLO-ARAUJO, M. Da noção de determinação social à de determinantes sociais da saúde. Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 41, n. 112, p. 63-76, jan./mar. 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0103-11042017000100063&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 6 maio 2019. LIMA, P. V. A. O holismo em Jan Smuts e a Gestalt-terapia. Revista da Abordagem Gestáltica, Goiânia, v. 14, n. 1, jun. 2008. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-68672008000100002>. Acesso em: 3 maio 2019. MANDÚ, E. N. T. Intersubjetividade na qualificação do cuidado em saúde. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeiro Preto, v. 12, n. 4, p. 665-675, jul./ago. 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v12n4/v12n4a13.pdf>. Acesso em: 3 maio 2019. MENDES, E. V. As redes de atenção à saúde. 2. ed. Brasília: Organização Pan-Americana de Saúde, 2011. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/redes_de_atencao_saude.pdf>. Acesso em: 6 maio 2019. OMS – ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Diminuindo diferenças: a prática das políticas sobre determinantes sociais da saúde – documento de discussão. Rio de Janeiro: OMS, 2011. Disponível em: <https://www.who.int/sdhconference/ discussion_paper/Discussion_Paper_PT.pdf>. Acesso em: 6 maio 2019. PAVARINI, S. C. I. et al. A arte de cuidar do idoso: Gerontologia como profissão? Texto & Contexto – Enfermagem, Florianópolis, v. 14, n. 3, p. 398-402, jul./set. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104- 07072005000300011&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 3 maio 2019. PEREIRA, T. T. S. O.; BARROS, M. N. S.; AUGUSTO, M. C. N. A. O cuidado em saúde: o paradigma biopsicossocial e a subjetividade em foco. Mental, Barbacena, v. 9, n. 17, dez. 2011. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&p id=S1679-44272011000200002>. Acesso em: 3 maio 2019. TEIXEIRA, E. Reflexões sobre o paradigma holístico e holismo e saúde. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 30, n. 2, p. 289-90, ago. 1996. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v30n2/v30n2a08>. Acesso em: 3 maio 2019. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BELLOCH, A.; OLABARRIA, B. El modelo bio-psico-social: un marco de referencia necesario para el psicólogo clínico. Revista Clinica e Salud, v. 4, n. 2, p. 181-190, 1993. CARVALHO, A. I.; BUSS, P. M. Determinantes sociais na saúde, na doença e na intervenção. In: GIOVANELLA, L.; ESCOREL, S.; LOBATO, L. V.; CARVALHO, A. I.; NORONHA, J. C. (Orgs.). Políticas e sistema de saúde no Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2008. p. 141-66. CNDSS – COMISSÃO NACIONAL SOBRE DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE. As causas sociais das iniquidades em saúde no Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2008. SOLAR, O.; IRWIN, A. A conceptual framework for action on the social determinants of health. Discussion paper for the Commission on Social Determinants of Health. Geneva: World Health Organization, 2007. 25 O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO: INFLUÊNCIAS NAS CONFIGURAÇÕES FAMILIARES E NA ESPIRITUALIDADE DO IDOSO Objetivos • Apresentar as principais configurações familiares existentes. • Discutir sobre as interferências do meio social e familiar na vida da pessoa idosa. • Apresentar a diferença entre religiosidade e espiritualidade. • Discutir sobre as interferências de religiosidade e espiritualidade no processo saúde-doença e na quali- dade de vida do idoso. Conteúdos • Configurações familiares e sua influência no processo saúde-doença do idoso. • Religiosidade x espiritualidade e suas influências no processo saúde-doença do idoso. Orientações para o estudo da unidade Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir: 1) Consulte as referências bibliográficas indicadas em cada uma das unidades para que você possa ampliar e aprofundar seus conhecimentos teóricos. Não se limite apenas a este Caderno de Referência de Conteúdo. 2) Busque discutir com seus colegas e tutor os temas abordados em cada unidade, visando assim uma maior aprendizagem, formação de conceitos e opiniões. 3) Busque, ao final de cada unidade, criar um esquema de conceitos a fim de facilitar a assimilação e associação dos conteúdos. UNIDADE 2 © Fundamentação do Processo de Cuidar na Saúde 27© Fundamentação do Processo de Cuidar na Saúde UNIDADE 2 – O Processo de Envelhecimento: Influências nas Configurações Familiares e na Espiritualidade do Idoso 1. INTRODUÇÃO Dando continuidade ao nosso estudo, iniciaremos a discussão de dois temas importan- tes quando falamos do processo saúde-doença: a família e a espiritualidade. Para isso, vamos apresentar uma breve conceituação sobre as diferentes configurações familiares existentes na sociedade atual e sobre a diferença existente entre religiosidade e espiritualidade. Também iremos discutir a relação e a influência desses temas nas condições de envelhecimento, saúde e doença. 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma sucinta, os temas abordados nes- ta unidade. Para sua compreensão integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteúdo Digital Integrador. 2.1. CONFIGURAÇÕES FAMILIARES NA SOCIEDADE E SUAS INFLUÊNCIAS NO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA DO IDOSO A família é considerada a primeira estrutura social do homem, sendo sua configuração, organização e funcionamento alterados conforme o passar dos anos e das necessidades so- ciais. Porém o que não muda é a capacidade da família, enquanto estrutura social e sistêmica, de influenciar os comportamentos de cada um dos seus membros, individualmente ou em grupo. Essa concepção da família como um sistema aparece por volta dos anos de 1950, qualifi- cando-a como um sistema circular, de padrão interativo e com inter-relacionamentos, descre- vendo as interações complexas que acontecem ao longo dos anos. De acordo com Nichols e Schwartz (2007), a família, por ser um sistema complexo, têm capacidade de se auto-organizar e, assim, a ação de um membro gera consequências que influenciarão suas próprias ações futuras e as ações do próprio sistema, de forma a buscar o equilíbrio advindo da homeostase e da capacidade de transformação. Rabelo (2014) afirma que um evento estressantevivenciado dentro da família ou por um de seus membros cria a necessidade de reorganização do sistema e de adaptação devido à perturbação dos padrões habituais. Além disso, quando os padrões habituais não mais fun- cionam, a família enfrenta um período de desequilíbrio que é superado quando os padrões pré-existentes são modificados ou restaurados (RABELO, 2014). Segundo Aun, Vasconcellos e Coelho (2007), o sistema familiar tem uma forma de fun- cionamento apoiada em um conjunto invisível de regras que organizam as interações, sendo cada indivíduo membro de um subsistema e de um sistema, relacionando-se com os outros conforme o grau de reciprocidade, o equilíbrio do poder e a qualidade afetiva dos relaciona- mentos, que variam conforme os papeis ocupados (conjugais, parentais, filiais e fraternos) e auxiliam na regulação do contato, dos limites de interação, dos espaços subjetivos de cada membro, delimitando, assim, seus papéis. 28 © Fundamentação do Processo de Cuidar na Saúde UNIDADE 2 – O Processo de Envelhecimento: Influências nas Configurações Familiares e na Espiritualidade do Idoso Coelho (2007) afirma que, na estrutura familiar, existe uma hierarquia, sendo os níveis de poder diferenciados conforme o subsistema ao qual os membros da família pertencem. Ou seja, para a autora, a liderança é geralmente assumida pelo subsistema parental, que evi- dencia a autoridade e o poder dos pais. Porém, esse padrão precisa ser flexível e adaptável ao processo de desenvolvimento dos seus membros e às situações vivenciadas – por exemplo, a autonomia do filho quando este cresce e quando os pais se tornam dependentes por motivo de doença física ou mental. Assim, a família sofre constantes pressões externas e internas, tais como doenças, mor- te, nascimentos, casamentos e separações, que requerem transformação frequentes nas rela- ções e nas posições dos seus membros dentro do sistema, sendo a rigidez frente a pressões e mudanças de padrões algo extremamente disfuncional para essa organização. Com base nessa organização e hierarquia de relação, o sistema familiar pode ser confi- gurado em diferentes tipos: 1) Família matriarcal: família originida do vínculo sanguíneo, biológico e instintivo en- tre mãe e filho, na qual a mulher é no lar não só a mãe, mas também a figura de autoridade. 2) Família patriarcal: família que tem como característica principal a inquestionável e arbitrária autoridade do pai, que rege e estipula suas regras e normas. 3) Família monoparental: família caracterizada pela presença de um dos genitores (pai ou mãe) e do filho, sendo esse fato decorrente de separação dos cônjuges, morte, abandono, produção independente ou adoção. 4) Família por união estável: família constituída pela união entre homem e mulher duradoura, pública e com fins de constituir uma família, porém sem o compromisso do casamento civil ou religioso. 5) Família substituída: instalação de criança ou adolescente que foi abandonado ou perdeu sua família natural em outro contexto familiar, que se doou para receber um novo membro em seu lar e ficar responsável por fornecer as necessidades básicas de uma pessoa, proporcionando-lhe uma vida modesta. 6) Família alternativa: famílias homossexuais e comunitárias, que têm o papel promo- ver educação e criação de crianças e adolescentes. 7) Família moderna: modelo no qual não há o autoritarismo do pai nem a submissão da mãe aos afazeres domésticos; todos que compõem a família passam a ter influên- cia dentro do lar, expondo suas opiniões, participando efetivamente, com base em respeito, amor, afetividade, carinho e atenção. 8) Família extensa e ampliada: aquela que se estende para além da unidade de pais e filhos ou da unidade do casal, sendo, portanto, formada por parentes próximos com os quais a criança ou o adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade. 9) Família socioafetiva: segundo Rocha e Oliveira (2008), “um novo elemento no Direi- to Brasileiro contemporâneo, transpondo os limites fixados pela Constituição Fede- ral de 1988, porém incorporados dos seus princípios. Quando declarada a convivên- cia familiar e comunitária, a não discriminação de filhos, a corresponsabilidade dos pais quanto ao exercício do poder familiar e o núcleo monoparental reconhecido 29© Fundamentação do Processo de Cuidar na Saúde UNIDADE 2 – O Processo de Envelhecimento: Influências nas Configurações Familiares e na Espiritualidade do Idoso como entidade familiar, está concretizada a chamada família socioafetiva. Os vín- culos de afeto se sobrepõem à verdade biológica, convocando assim, os pais a uma ‘paternidade responsável’”. Independentemente do tipo de organização e hierarquia dos seus membros, a família tem um papel essencial na formação e nos cuidados do indivíduo, principalmente quando se trata dos seus entes idosos, tendo como objetivo promover o seu envelhecimento bem- -sucedido e com qualidade de vida. A sociedade vê a velhice como o fim de uma vida, ela demarca essa fase como a es- tagnação de desejos, atividades e sentimentos. Porém, para a família, a visão da velhice irá depender dos valores compartilhados entre seus membros, podendo ser negativa e igual à da sociedade, ou positiva, pautada nos conhecimentos e experiências compartilhadas. De acordo com Coelho (2007), as respostas da família, e do sistema como um todo, fren- te às transições de vida dos seus membros variam conforme a história familiar compartilhada, normas sociais, significados atribuídos a eventos, comportamentos e papéis esperados, cren- ças compartilhadas com relação às fases da vida e à duração e sequência dos eventos. Essas respostas também podem ser influenciadas pela quantidade de estresse vivenciado e pelos conflitos intergeracionais existentes por causa dos valores e expectativas de comportamento. Como já dito anteriormente, as trajetórias familiares são compostas por ciclos (casa- mento, nascimento de filhos, envelhecimento) que geram demandas emocionais, sociais e funcionais específicas e que influenciam a organização dessa estrutura. E, ao pensar na velhi- ce, verifica-se que este é um dos ciclos mais complicados para a família, pois serão as relações construídas anteriormente entre os entes e as concepções passadas e vivenciadas que ditarão como será a sua reorganização e convivência com o envelhecimento. Sendo assim, um relacionamento adequado e repleto de afeto proporcionará uma boa relação entre os membros familiares e permitirá que essa organização se reestruture frente ao envelhecimento. Entretanto, se o relacionamento familiar não foi algo construído com base em carinho e afeto, a relação com o envelhecimento será negativa e, em muitos casos, preju- dicial a todos os envolvidos. A família é a principal responsável por oferecer apoio à saúde física e mental do idoso por meio de ações que envolvam companhia, ajuda financeira, informações, auxílio nas ati- vidades básicas da vida diária (AVD) e instrumentais da vida diária (AIVD), na regulação dos hábitos de saúde e no acesso aos serviços de saúde (BARROS; SANTOS; ERDMANN, 2008; LEITE et al., 2008; ALVARENGA et al., 2011). Verifica-se, então, que a família, como principal fonte de cuidado do idoso, irá se depa- rar com situações em que precisará ofertar pequenos auxílios, como nas situações de grande dependência – por exemplo, em casos de acidente vascular encefálico (AVE), demências, entre outras patologias altamente incapacitantes. E, com isso, relações, papéis e funções parentais (chefia e suporte familiar) podem se alterar de forma drástica em alguns casos, surgindo situ- ações de maus-tratos e abusos. O estresse decorrente dos eventos do envelhecimento, ao se juntar com outras situações vivenciadas anteriormente pela família, pode influenciar diretamente a condição de saúde e o apoio social ofertado ao membro que envelheceu. Rabelo (2014) relata que os vínculos emo- 30 © Fundamentação do Processo de Cuidar na Saúde UNIDADE 2 – O Processo de Envelhecimento:Influências nas Configurações Familiares e na Espiritualidade do Idoso cionais existentes dentro do seio familiar são fundamentais para proporcionar um contexto favorável a crescimento, desenvolvimento, segurança e autonomia, demonstrando, assim, que os laços entre pais e filhos envolvem uma grande quantidade de contatos e trocas de apoio, bem como intensa proximidade e emoções positivas e negativas. O autor ainda afirma que a interação entre emoção, relacionamento e saúde desempe- nha um papel fundamental, sendo as emoções positivas centrais à coesão e ao apoio, enquan- to as negativas podem gerar estresse, agressividade e conflitos que contribuem para situações de maus-tratos, abusos e sofrimento para os idosos (RABELO, 2014). Relações de abusos também são apresentadas por Brito e Faleiros (2009), que afirmam que um dos grandes perpetradores de abusos e maus-tratos contra idosos são os familiares que ficaram responsáveis pelos seus cuidados. Para Erbolato (2006, p. 1327), a sociedade impõe, nas relações familiares, “fortes senti- mentos de deveres e obrigações entre os membros”, o que pode despertar (e ocultar) muitos sentimentos negativos e que contribuem para as ações de maus-tratos. No Brasil, o suporte familiar ao idoso, além de ser uma regra social esperada dos filhos, também é regulamentado pela Constituição de 1988, o que acaba por aumentar a responsa- bilidade da família como a principal fonte de cuidado e exclui, em muitos casos, os deveres da sociedade e do Estado. Com base na obrigação advinda da Constituição, nos valores, deveres e papéis sociais impostos aos membros da família, o papel de cuidador segue uma hierarquia dentro do núcleo familiar e, assim, a mulher passa a assumir a função de cuidadora domiciliar do idoso. Entretanto, o cuidado ao idoso também pode ser exercido por outros membros ou até mesmo por uma rede de suporte formal – constituída por hospitais, ambulatórios médicos, casas geriátricas, casas de repouso, asilos, centro-dia e profissionais de saúde – ou informal, formada por amigos e vizinhos. Porém, a família e os amigos constituem as relações primárias, emocionais, íntimas e duradouras e, assim, são elementos importantes no cuidado das pes- soas idosas. No entanto, com as mudanças sociais e familiares, muitos idosos se veem em situações de desamparo e violência, fazendo com que haja um aumento na busca pelo auxílio divino e, consequentemente, pela espiritualidade como fonte de conforto e ajuda para aceitar as im- posições da vida. Com a leitura proposta no Tópico 3. 1, você aprofundará os seus conhecimentos com relação aos diferentes tipos de estrutura familiar e às influências deles no processo saúde- -doença e de envelhecimento. Antes de prosseguir para o pró- ximo assunto, realize a leitura indicada, procurando assimilar o conteúdo estudado. 31© Fundamentação do Processo de Cuidar na Saúde UNIDADE 2 – O Processo de Envelhecimento: Influências nas Configurações Familiares e na Espiritualidade do Idoso Vídeo complementar ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar do ciclo 2. • Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique na aba Videoaula, localizada na barra superior. Em se- guida, busque pelo nome da disciplina para abrir a lista de vídeos. • Caso você adquira o material por meio da loja virtual, receberá também um CD contendo os vídeos comple- mentares, os quais fazem parte integrante do material. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 2.2. RELIGIOSIDADE X ESPIRITUALIDADE E SUAS INFLUÊNCIAS NO PROCESSO SAÚDE-DO- ENÇA DO IDOSO Com o envelhecimento da população e o aparecimento das doenças crônicas, religio- sidade e espiritualidade passam a ser algo presente nas discussões do setor de saúde, tendo sido incorporadas em 1998, pela Organização Mundial da Saúde, como fatores influenciadores do bem-estar e da qualidade de vida. Cauduro et al. (2016) afirmam que “muitos idosos quando sentem a limitação da idade vinculada a um sentimento de finitude começam a se voltar para diferentes religiões, num processo de busca da espiritualidade”. Porém, os termos “religiosidade” e “espiritualidade” não são sinônimos, tendo significa- dos diferentes tanto na sua definição como na vida dos seres humanos. De acordo com Koenig, King e Carson (2012), religião, religiosidade e espiritualidade apresentam conceitos básicos e específicos: • Religião: sistema organizado de crenças, práticas, rituais e símbolos designados para facilitar o acesso ao sagrado, ao transcendente, a Deus como força maior e verdade suprema. • Religiosidade: crença numa religião e seu seguimento prático. Ou seja, é o ato de frequentar a igreja ou templo religioso, rezar, ler livros específicos ou assistir a pro- gramas religiosos. • Espiritualidade: busca pelo entendimento da vida, relação com o sagrado ou trans- cendente e que pode ou não levar a práticas religiosas. Para Goldstein e Sommerhalder (2006), a derivação do termo latino religare confere à religiosidade o sentido de religar, restabelecer a ligação entre homem e Deus, sendo, portanto, relacionada a crenças, rituais, experiências e conhecimentos religiosos passados e atribuídos a um ser superior. Em contrapartida, a espiritualidade, por derivar de spiritus, palavra do latim que significa “sopro”, refere-se à capacidade de encontrar sentidos e respostas aos aspectos fundamentais da vida e permite a compreensão da sua própria existência e das pessoas e, as- sim, transcende rituais, dogmas e instituições (GOLDSTEIN; SOMMERHALDER, 2006). A partir desses conceitos, verifica-se que a espiritualidade e a religiosidade não podem ser utilizadas como sinônimos e que não estão diretamente relacionadas, uma vez que o ho- mem pode não ter nenhuma religião ou crer em um “ser maior”, mas mesmo assim, buscar a espiritualidade para explicar a existência da sua vida naquele determinado momento. 32 © Fundamentação do Processo de Cuidar na Saúde UNIDADE 2 – O Processo de Envelhecimento: Influências nas Configurações Familiares e na Espiritualidade do Idoso Para Cauduro et al. (2016), a espiritualidade é utilizada por muitos indivíduos como fon- te de conforto frente ao desconhecido imposto por uma situação de saúde. Nessa mesma perspectiva, Saad (2014) afirma que a espiritualidade mobiliza iniciativas positivas frente aos desafios, proporcionando conforto, segurança, significado, ideal e força ao indivíduo doente. Gutz e Camargo (2013) afirmam que, para os idosos, a espiritualidade está baseada nos valores advindos das suas próprias representações sociais e que perpassam ideias de religiosi- dade, proteção divina diante de situações do cotidiano e transcendência da matéria para um lugar que abrigará o ser humano após sua morte, promovendo um conforto frente à doença e à morte. Seguindo essa mesma perspectiva de conforto, Goldstein e Sommerhalder (2006) apre- sentam que a crença e a devoção têm auxiliado na sobrevida após procedimentos cirúrgicos e que a expressividade desses dados contribuiu para o surgimento da “Epidemiologia da Reli- gião”, área que busca explorar a: • Promoção de comportamentos e estilos de vida relacionados à saúde – por exemplo, religiões que proíbem ou desencorajam o uso de álcool. • Provimento de suporte social por parte das comunidades religiosas que estimulam sentimento de irmandade, auxílio mútuo, amor fraterno e proporcionam o relaciona- mento interpessoal e sentimentos de pertencimento a grupos. • Satisfação da necessidade fundamental de percepção de que a vida significa alguma coisa, encorajando e promovendo a esperança de que, no fim, tudo estará bem. Por meio dos estudos dessa “Epidemiologia da Religião”, evidenciam-se os impactos ad- vindos da espiritualidade e da religiosidade na saúde dos seres humanos, fazendo dessa ver- tente algo a se considerar quando falamos de cuidado. Saad (2014) afirma que o sofrimento espiritual dopaciente pode ser percebido pela presença de alguns sintomas específicos que levam a alterações comportamentais e sentimentos negativos, como apresentado na tabela a seguir. Tabela 1 Sintomas e consequências do sofrimento espiritual. Sintomas possíveis de sofrimento espiritual Consequências do sofrimento espiritual Ansiedade, insônia, medo Perda de significado e de esperança Conflitos com família, amigos ou equipe Perda de identidade (papéis, atividades) Depressão, desesperança Sentimento de abandono por Deus Culpa, sentimento de menos valia Ruptura do seu sistema de crença Sentimento de uma vida fracassada “Por que isso está acontecendo comigo?” Fonte: Saad (2014). Um exemplo do estudo proporcionado pela Epidemiologia da Religião é o trabalho reali- zado por Chaves e Gil (2015), que, ao estudarem a concepção de idosos sobre espiritualidade e sua relação com a qualidade de vida, identificaram que todos os doze idosos pesquisados reconhecem a importância da espiritualidade em suas vidas, sendo um dos principais auxílios para suportar as limitações, perdas e dificuldades inerentes ao processo de envelhecimento e os sofrimentos advindos. 33© Fundamentação do Processo de Cuidar na Saúde UNIDADE 2 – O Processo de Envelhecimento: Influências nas Configurações Familiares e na Espiritualidade do Idoso Os autores também afirmam que, em termos de qualidade de vida, a espiritualidade oferece grande auxílio para o desenvolvimento de pensamentos e sentimentos positivos (CHA- VES; GIL, 2015). Porém, tais pensamentos e sentimentos positivos não são exclusivos dos idosos, sendo também percebidos pelos familiares cuidadores, que, muitas vezes, recorrem à religião e à espiritualidade como fonte de conforto, calma e paciência frente às dificuldades apresentadas e vivenciadas. Sendo assim, verifica-se que o envelhecimento influencia diretamente a vida dos seres humanos nos seus diferentes contextos (familiar, social, emocional, religioso e espiritual – sen- do este último fonte de busca para suportar as adversidades vividas pela velhice). Outros benefícios da busca pela espiritualidade são apresentados por Moriguchi, Cabral e Nascimento (2016). Segundo os autores, a espiritualidade beneficia a funcionalidade e o enfrentamento dos obstáculos e das dificuldades impostos pelas doenças crônicas, fortalecem a resiliência, aumentam o tempo de sobrevida, protegem contra o desespero do fim da vida e auxiliam na cura de doenças neuropsíquicas, como a depressão. Sendo assim, verifica-se a existência da relação intrínseca entre família, religião e espiri- tualidade no processo saúde-doença do idoso, sendo o equilíbrio dessas relações o principal contribuinte para o envelhecimento bem-sucedido apontado e descrito por Crowther et al. (2002) e apresentado na figura a seguir: Fonte: Lucchetti et al. (2011). Figura 1 Modelo de envelhecimento bem-sucedido de Rowe and Kahn adaptado por Crowther et al. (2002). 34 © Fundamentação do Processo de Cuidar na Saúde UNIDADE 2 – O Processo de Envelhecimento: Influências nas Configurações Familiares e na Espiritualidade do Idoso Dessa forma, faz-se necessário desenvolver a sensibilidade e a habilidade para valorizar a dimensão espiritual, visto que a presença do sofrimento espiritual pode influenciar direta- mente a saúde e qualidade de vida do paciente idoso e, por isso, não pode ser ignorada pelos profissionais da saúde (CELICH et al., 2016). Com as leituras propostas no Tópico 3. 2, você aprofun- dará os seus conhecimentos sobre a influência da religião e da espiritualidade na vida do idoso. Antes de prosseguir para o próximo assunto, realize as leituras indicadas, procurando assimilar o conteúdo estudado. 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR O Conteúdo Digital Integrador é uma condição necessária e indispensável para você compreender integralmente os conteúdos apresentados nesta unidade. 3.1. CONFIGURAÇÕES FAMILIARES NA SOCIEDADE E SUAS INFLUÊNCIAS NO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA DO IDOSO. O texto indicado a seguir irá auxiliar você a aprofundar os conteúdos relacionados às configurações familiares e suas influências na sociedade. • RABELO, D. F. Configuração e funcionamento de famílias com idosos que apresentam diferentes condições psicológicas e de saúde. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2014. Disponível em: <http://www.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/254080/1/ Rabelo_DorisFirmino_D.pdf>. Acesso em: 7 maio 2019. 3.2. RELIGIOSIDADE X ESPIRITUALIDADE E SUAS INFLUÊNCIAS NO PROCESSO SAÚDE-DO- ENÇA DO IDOSO. Os textos indicados a seguir apresentam mais detalhadamente os aspectos referentes à religiosidade e à espiritualidade no processo saúde-doença, contribuindo assim para sua aprendizagem e discussão dos temas. • GUTZ, L.; CAMARGO, B. V. Espiritualidade entre idosos mais velhos: um estudo de representações sociais. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Rio de Janeiro, v. 16, n. 4, p. 793-804, 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbgg/ v16n4/1809-9823-rbgg-16-04-00793.pdf>. Acesso em: 7 maio 2019. • CHAVES, L. J.; GIL, C. A. Concepções de idosos sobre espiritualidade relacionada ao envelhecimento e qualidade de vida. Ciência & Saúde Coletiva, v. 20, n. 12, p. 3641-3652, 2015. Disponível em: <https://www.scielosp.org/article/ssm/content/ 35© Fundamentação do Processo de Cuidar na Saúde UNIDADE 2 – O Processo de Envelhecimento: Influências nas Configurações Familiares e na Espiritualidade do Idoso raw/?resource_ssm_path=/media/assets/csc/v20n12/1413-8123-csc-20-12-3641. pdf>. Acesso em: 7 maio 2019. • CAUDURO, A. et al. Religiosidade e espiritualidade. In: TERRA, N. L. et al. (Orgs.). Envelhecimento e suas múltiplas áreas do conhecimento. Porto Alegre: EdiPUCRS, 2016. • SAAD, M. Espiritualidade e saúde em Gerontologia. In: MENDES, T. A. B. (Coord.). Geriatria e Gerontologia. Manuais de Especialização. Barueri: Manole, 2014. • MORIGUCHI, Y.; CABRAL, M. M. S.; NASCIMENTO, N. M. R. Espiritualidade e envelhecimento. In: TERRA, N. L. et al. (Orgs.). Aprendendo a cuidar do idoso. Porto Alegre: EdiPUCRS, 2016. • CELICH, K. L. S. et al. A dimensão espiritual no processo de cuidar. In: SCHWANKE, C. H. A. et al. (Orgs.). Atualizações em geriatria e gerontologia II: abordagens multidimensionais e interdisciplinares. Porto Alegre: EdiPUCRS, 2016. 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desem- penho. Se encontrar dificuldades em responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos estudados para sanar as suas dúvidas. 1) Correlacione as colunas a seguir: I - Família matriarcal II - Família patriarcal III - F a m í l i a monoparental IV - Família por união estável a) a) tem como característica principal a inquestionável e arbitrária autori- dade do pai, que rege e estipula suas regras e normas. b) surgiu do vínculo sanguíneo, biológico e instintivo da mãe e filho; a mu- lher é no lar não só a mãe, mas também a figura de autoridade. c) constitui a união entre homem e mulher duradoura, pública e com fins de constituir uma família, porém sem o compromisso do casamento, civil ou religioso. d) é caracterizada pela presença de um dos genitores (pai ou mãe) e filho, sendo esse fato decorrente de separação dos cônjuges, morte, abando- no, produção independente ou adoção. Assinale a alternativa correta: e) I-a; II-b; III-c; IV-d. f) I-c; II-b; III-a; IV-d. g) I-b; II-a; III-d; IV-c. h) I-b; II-c; III-d; IV-a. i) I-d; II-a; III-b; IV-c. 2) Com base nas afirmações de Gutz e Camargo (2013), julgue cada uma das afirmativas a seguir como verda- deira (V) ou falsa (F). I - A espiritualidade não contribui para o bem-estar na velhice, visto que desestimula o engajamento em comportamentos pouco saudáveis. II - As representações sociais estão diretamente relacionadas a conhecimentos e comunicações que criam um senso comum a todos os indivíduos pertencentes a determinada
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